• “Essa foto representa as seguintes formas: pose (a senhora posicionada logo à frente do quadro, com as mãos em posição de oração nos passa a mensagem de uma pessoa devota), objeto (o quadro posicionado atrás da senhora reforça a religiosidade e nossa passa a mensagem de comparação: “a santa do quadro” e a “santa da vida real”), fotogenia (o ângulo escolhido para a foto posiciona a senhora de uma forma elevada, assim como a santa do quadro. A foto tirada de baixo faz com que a pessoa ou o objeto pareça maior, ou mais elevada do que é. Além disso, o quadro foi desfocado, mantendo a atenção na benzedeira), sintaxe (a imagem não dialoga com a legenda, porém é traduzida pelo texto, que conta a história de devoção da benzedeira).” (Camila, Luiza, Maristela e Thamires) • “Nessa imagem, há o processo de conotação ‘objeto’, no caso, a bacia, com roupas sendo carregada por um homem. Caso este objeto não estivesse compondo a imagem, esta teria um outro sentido possível (ou vários). A pose é outro processo de conotação. O ângulo em que foi tirada dá sentido à ideia de despedida, já que a criança, está olhando para o lado contrário à sua caminhada no colo do policial, o que dá a ideia de que está olhando para o lugar que deixa para trás”. (Camila F, Gabriela e Monique). • “Trucagem: alteração das cores, auréola sendo colocada propositalmente, rementendo à ‘santidade’. As estrelas que compõem a auréola, por sua vez, remetem ao símbolo do PT. Esses elementos ironizam o filme que trata da história de Lula. Sintaxe: Há um encadeamento entre as duas fotos que compõe a imagem. Em uma delas, aparece uma das cenas do filme, em que o povo ‘clama’ Lula em um de seus discursos. Abaixo, a outra imagem é composta por Lula já ‘endeusado’. Esse encadeamento de fotos se refere ao texto da legenda” (Laísa, Renata e Samanta). • (...) Sintaxe: “a imagem de Lula dialoga com o texto quando apresenta o endeusamento do político. A pose remete à controvérsia de comportamento: em uma é representado como santo e em outra como um baderneiro”. (Camila, Luiza, Maristela e Thamires) • “(...) Os fotografados foram estrategicamente posicionados (pose e trucagem), para dar espaço ao objeto de fundo que compõe a geração de sentidos. O objeto, por sua vez, demonstra tanto o que liga como o que separa pai e filhos: a política. O objeto que os separa é uma foto da época da ditadura, representando a luta das pessoas, como Cosiuc, comparando com a falta de luta de hoje, em jovens como Ana Maria.” (Amanda, Daniel, Luis Ricardo, Luana e Thiago) • “Os personagens da fato, em cada extremidade (...) demonstram a ideia de distância entre as gerações e oposição de ideias. Como diz o texto, o principal fator de discordância é o envolvimento com questões políticas, representado com o objeto (quadro), ao centro” (Fabiana, Mariana F.; Sofia Fucchi). • “Há pose, pela imagem que remete os seus braços cruzados, que caracteriza, entre outras possibilidades, o símbolo da cruz do veneno, ou até mesmo representando a morte (...)”. (Beatriz, Isabela e Murilo). • “A foto de Cazuza trata-se de uma trucagem, por conta da luz que foi usada no rosto, a mudança na coloração de Cazuza e o foco de profundidade no pescoço bem magro. Também pode ser considerada a pose, pelo fato de ao mesmo tempo que sua posição demonstra fragilidade, defesa e morte”. (Pedro, Mariana Cruz) • “A palavra ‘agoniza’, pela sintaxe com a foto, ajuda a reforçar a ideia de morte próxima já mostrada pela imagem.” (Felipe). Semiótica Russa e Análise do Discurso Mikhail Bakhtin (1895-1975) 1929 – Marxismo e Filosofia da Linguagem Saussure: signo é a união de um significante e de um significado. Fruto de uma construção mental. Bakhtin: signo é espaço de concretização da ideologia. Fruto de uma construção político-cultural. Bakhtin e a análise do discurso de linha francesa (Pêcheux e Foucault) O caminho: • Saussure: Língua / Fala // Sintagma / Paradigma. • Bakhtin: “Os signos emergem e significam no interior das relações sociais; estão entre seres socialmente organizados; não podem, assim, ser concebidos como resultados de processos apenas fisiológicos e psicológicos de um indivíduo isolado, ou determinados apenas por um sistema formal abstrato. Para estudá-los é indispensável situá-los nos processos sociais globais que lhe dão significação.” Conceitos chaves da semiótica russa: • Ideologia • Dialogismo; • Polifonia. Ideologia (Marx) • “As relações que no nível profundo são relações de exploração (apropriação do valor gerado por um trabalho não pago) aparece como troca; a opressão, como igualdade; a sujeição, como liberdade. As relações que, no nível da superfície, apresentam-se como relações entre os indivíduos são, no nível essência, uma relação entre as classes sociais, uma que se apropria do valor produzido pelo trabalho não pago e outra que vende sua força de trabalho e é espoliada”. (Fiorin, 2001, p. 27) Polifonia • O sentido do texto e a significação das palavras dependem da relação entre sujeitos, ou seja, constroem-se na produção e na interpretação dos textos; • A relação entre os interlocutores não apenas funda a linguagem e dá sentido ao texto, como também constrói os próprios sujeitos produtores de textos. • Pêcheux (1938-1983): “interdiscurso”: todo conjunto de formulações já feitas e já esquecidas que determinam o que dizemos. No que dizemos, “fala uma voz sem nome”. Dialogismo “Viver significa tomar parte do diálogo: fazer perguntas, dar respostas, dar atenção, responder, estar de acordo e assim por diante. Desse diálogo, uma pessoa participa integralmente e no correr de toda a sua vida: com seus olhos, lábios, mãos, alma, espírito, com seu corpo todo e com todos os seus efeitos”. (Faraco, 2006, p.72-3) • “Combinando uma simulação como uma dissimulação, o discurso é uma trapaça: ele simula ser meu para dissimular o que é do outro”. (Edward Lopes) • O homem fala ou é falado? A ilusão da liberdade discursiva. • Pêcheux: esquecimentos – sujeito se coloca como quem diz. Esquece uma “forma” para reafirmar a sua. • Michel Foucault (1926-1984): “Em suas casas brancas, se manifesta em profundidade como já presente, esperando em silêncio o momento de ser enunciada” Análise do Discurso • Marxismo, psicanálise e linguística. • “Visa a compreensão de como um objeto simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por sujeitos”. (Orlandi, 2002, p. 26) O que é analisar um discurso? • “A análise do discurso visa a compreensão de como um objeto simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por sujeitos. Essa compreensão, por sua vez, implica em explicitar como o texto organiza os gestos de interpretação que relacionam sujeito e sentido. Produzem-se assim novas práticas de leitura”. (Orlandi, 2002, p. 26-27). Aspectos para a análise: • • • • • • • • Quem fala para quem? De que lugar fala? O discurso contrário é desqualificado? O que o discurso carrega dos estereótipos sobre o assunto? Contradições? Reafirmações? Palavras em sentido conotativo. Qual a função que elas desempenham? Pressupostos e implícitos? Polissemia? Polifonia? Dialogismo? Rios sem discurso – João Cabral de Mello Neto Quando um rio corta, corta-se de vez o discurso-rio de água que ele fazia; cortado, a água se quebra em pedaços, em poços de água, em água paralítica. Em situação de poço, a água equivale a uma palavra em situação dicionária: isolada, estanque no poço dela mesma, e porque assim estanque, estancada; e mais: porque assim estancada, muda e muda porque com nenhuma comunica, porque cortou-se a sintaxe desse rio, o fio de água por que ele discorria. O curso de um rio, seu discurso-rio, chega raramente a se reatar de vez; um rio precisa de muito fio de água para refazer o fio antigo que o fez. Salvo a grandiloqüência de uma cheia lhe impondo interina outra linguagem, um rio precisa de muita água em fios para que todos os poços se enfrasem: se reatando, de um para outro poço, em frases curtas, então frase e frase, até a sentença-rio do discurso único em que se tem voz a seca ele combate.