UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DENSITOMETRIA ÓSSEA RADIOLÓGICA: VIABILIDADE PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO NA UNIDADE DE MIRANDELA FILIPA SUSANA DA SILVA REBELO VILA REAL, 2010 UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GESTÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE DENSITOMETRIA ÓSSEA RADIOLÓGICA: VIABILIDADE PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO NA UNIDADE DE MIRANDELA De: Filipa Susana da Silva Rebelo Orientadores: Professor Doutor João Rebelo Professora Doutora Fernanda Nogueira VILA REAL, 2010 Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Gestão dos Serviços de Saúde, sendo apresentada na Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro. Ao meu filho Rafael, dedico este trabalho, pois foi e é a minha inspiração, para que continue a realizar os meus projectos de vida. AGRADECIMENTOS Na apresentação do presente trabalho exprimo o meu profundo agradecimento à Professora Doutora Fernanda Nogueira pela força, dedicação e orientações dadas ao desenvolvimento deste trabalho e pelo seu contributo no meu enriquecimento científico e profissional. Ao Professor Doutor João Rebelo deixo aqui o meu agradecimento pelo constante apoio e dedicação na orientação deste trabalho, bem como pelos ensinamentos demonstrados ao longo desta etapa. De uma forma muito especial quero apresentar um obrigado muito grande à minha irmã São que muito me apoiou para que este trabalho se tornasse realidade. Ao meu marido Hugo, que teve que” aguentar” os meus lamentos e por vezes a minha falta de atenção à família para me poder dedicar a este projecto. Aos meus colegas de trabalho, que me flexibilizaram o horário de forma a poder deslocar-me à orientação da tese. RESUMO As fracturas osteoporóticas tendem a agravar-se drasticamente em Portugal e neste caso concreto a nível do interior do Nordeste Transmontano, o que levanta problemas, quer em termos sociais quer em termos económicos. Torna-se então urgente reconhecer quais os factores que estão a contribuir para o aumento da incidência destas fracturas de maneira a tomar as medidas preventivas mais apropriadas e, consequentemente, reduzir o impacto negativo desta epidemia, à medida que a idade avança. A densitometria óssea radiológica é um exame vital no diagnóstico precoce, bem como na evolução da osteoporose. De acordo com esta problemática, definimos como objectivo geral da nossa investigação verificar a relevância da instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica (DEXA), no Centro Hospitalar do Nordeste, EPE (CHNE), na Unidade de Mirandela, sem esquecer nesta análise o conforto/qualidade de vida que isso traria para a população. Como objectivos específicos, foram definidos: a caracterização económico-social dos utilizadores do equipamento em causa, bem como tentar calcular o custo – benefício inerente à decisão de investimento. Trata-se de um estudo sócio - económico, essencialmente descritivo e de carácter exploratório, com uma amostra de 616 utentes, a quem foi pedido a realização de uma ou duas densitometrias ósseas nos centros de saúde e centro hospitalar do Nordeste, EPE, no distrito de Bragança, durante o ano de 2007. Foram recolhidos dados secundários a nível de sub – região de saúde de Bragança e a nível do CHNE, acerca das características sócio – demográficas da população alvo, bem como dados económicos acerca dos custos da compra, instalação e funcionamento de um equipamento de DEXA, na Unidade de Mirandela. Os resultados mostram que é viável instalar na unidade de Mirandela o equipamento de densitometria, a partir de 437 pedidos de exame. Os utentes, além de verem o seu bemestar social melhorado, por passarem a dispor de um serviço de proximidade, reduzem, os encargos com as deslocações. Palavras – Chave: osteoporose, população, sócio – economia, custos e qualidade de vida. ABSTRACT Osteoporotic fractures in Portugal have a tendency to aggravate drastically, more specifically in the northeastern part of Portugal. This propensity brings ground for social as well as economic problems. It is then vital to recognize the factors that contribute for the increase of these types of fractures so that preventive measures can be taken and, consequently, one is able to reduce the negative impact of this epidemic as people grow older. Dual energy X-ray Absorptiometry represents therefore a crucial exam for diagnosing osteoporosis at an early stage. According to this problem, it is our research’s main goal to validate the relevancy of an equipment of Dual Energy X-ray Absorptiometry (DEXA), at the Northeast Hospital Centre, EPE (CHNE), at the Mirandela unit, bearing also in mind that this equipment would concur for the well-being of the population. The following specific objectives were also defined: the socio-economic characterization of the equipment users, as well as the calculation of the cost/ benefit of this equipment settlement. Our study is a socio-economic study, mainly descriptive and exploratory, with a sample formed by 616 hospital users, whom it was asked to do one or two bone densitometry exams at the Health centres and at the Northeast Hospital Centre, EPE, in the District of Bragança, during the year of 2007. Secondary data, concerning demography and social characteristics of the population studied in our analysis, as well as information about the cost of purchase, setting up and running of equipment DEXA, at the hospital unit of Mirandela, have been selected in the health sub-region of Bragança and in the Northeast Hospital Centre. Results show that it is realistic to install the densitometry equipment at the hospital unit of Mirandela, having in mind the number of requests for that exam, 437. The hospital users, in addition to the improvement of their social well-being because of the easier and faster access to the service, also reduce the cost of their expenses in transport. Keywords: osteoporosis, population, socio-economic characteristics, costs and life quality. ÍNDICE LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................................... iii LISTA DE QUADROS ............................................................................................................................................. iv LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................................................. v LISTA DE SIGLAS .................................................................................................................................................. vi CAPÍTULO I. Introdução: enquadramento, objectivos e organização do estudo ............................................................................................ 1 1.1. ENQUADRAMENTO ......................................................................................................................................... 1 1.2. OBJECTIVOS E ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO.............................................................................................. 4 CAPÍTULO II. Fundamentação teórica ............................................................... 1 2.1. CONCEITO DE OSTEOPOROSE ..................................................................................................................... 1 2.1.1. Fisiopatologia e Causas da Osteoporose ................................................................................................. 2 2.1.2. Classificação da Osteoporose................................................................................................................... 5 2.1.3. Da Sintomatologia ao Diagnóstico ............................................................................................................ 8 2.1.4. Da Prevenção ao Tratamento ................................................................................................................... 8 2.1.5. Epidemiologia .......................................................................................................................................... 11 2.1.6. A osteoporose no Nordeste Transmontano ............................................................................................ 20 2.2. AS NOVAS TECNOLOGIAS AO SERVIÇO DA SAÚDE ............................................................................... 22 2.2.1. Densitometria Óssea Radiológica ........................................................................................................... 24 2.2.2. Contribuição da Densitometria Óssea Radiológica para a Prevenção e Tratamento da Osteoporose .. 30 2.2.3. Vantagens e Limitações da Densitometria Óssea Radiológica............................................................... 31 2.3. ENQUADRAMENTO DA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA .................................................................................. 34 Listas CAPÍTULO III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela ....................................... 35 3.1. DADOS E METODOLOGIAS DA ANÁLISE ................................................................................................... 35 3.1.1. Tipo de Estudo ........................................................................................................................................ 36 3.1.2. Questões de Investigação ....................................................................................................................... 36 3.1.3. População e Amostra do Estudo ............................................................................................................. 37 3.1.4. Variáveis.................................................................................................................................................. 37 3.1.5. Recolha dos Dados ................................................................................................................................. 39 3.1.6. Procedimentos Éticos.............................................................................................................................. 40 3.17. Tratamento Estatístico dos Dados ........................................................................................................... 41 3.2. CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE DENSITOMETRIA ÓSSEA RADIOLÓGICA......................................................................................................................................... 43 3.2.1. Apresentação dos Resultados ................................................................................................................ 43 3.2.2. Caracterização Geral da Amostra e Factores sócio - demográficos ....................................................... 43 3.2.3. Comparação entre Grupos ...................................................................................................................... 50 3.3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................................................. 53 3.4. VIABILIDADE ECONÓMICA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DE DEXA .......................... 55 3.4.1. Caracterização da Tecnologia................................................................................................................. 56 3.4.2. Custos Inerentes ao Funcionamento do Equipamento ........................................................................... 57 3.4.3. Determinantes do Custo.......................................................................................................................... 59 3.4.4. Cálculo do Ponto Crítico das Vendas...................................................................................................... 60 CAPÍTULO IV. Conclusão e reflexões finais ..................................................... 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 66 ANEXOS ................................................................................................................. 72 ANEXO I. PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DA RECOLHA DE DADOS AO CHNE .............................................. 73 ANEXO II. PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DA RECOLHA DE DADOS À SUB – REGIÃO DE SAÚDE DE BRAGANÇA ....................................................................................................................................... 74 ANEXO III. PROPOSTA ORÇAMENTAL PARA A AQUISIÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DEXA ...................... 75 ANEXO IV. PEDIDO DE UM ORÇAMENTO DE UM TÉCNICO DE RADIOLOGIA NO CHNE ............................ 76 ANEXO V. TABELA DE PREÇOS CONVENCIONADOS PARA EXAMES DE DENSTOMETRIA ÓSSEA RADIOLÓGICA................................................................................................................................... 77 ii Listas LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Esquema da Estrutura da Dissertação de Mestrado .......................................................................... 4 Figura 2 – Constituição do Osso ............................................................................................................................ 3 Figura 3 – Distinção entre o Osso Normal e o Osso Osteoporótico ................................................................... 5 Figura 4 – Tipos de Fracturas Osteoporóticas () ................................................................................................ 12 Figura 5 – Deformação das Vértebras Osteoporóticas() .................................................................................... 14 Figura 6 – Fracturas Osteoporóticas do Colo do Fémur ( ) ............................................................................... 16 Figura 7 – Incidência por 100.000 habitantes, das Fracturas do Colo do Fémur em populações com 50 anos ou mais da Europa Meridional (MEDOS) .................................................................................. 17 Figura 8 – Incidência de Fracturas do Colo do Fémur com a Idade, em ambos os géneros, no centro MEDOS do Porto .................................................................................................................................. 18 Figura 9 – Densidade Demográfica, Índice de Envelhecimento e Índice de Dependência de Idosos, na Região do Nordeste Transmontano ................................................................................................... 21 Figura 10 – Exemplo do funcionamento de um equipamento de DEXA ............................................................. 27 Figura 11 – Estrutura da Investigação Empírica ................................................................................................... 34 iii Listas LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Constituição do Tecido ósseo ........................................................................................................... 3 Quadro 2 – Tipos de Osteoporose Infantil e Juvenil ........................................................................................... 7 Quadro 3 – Prevenção Medicamentosa da Osteoporose.................................................................................. 10 Quadro 4 – Componente Óssea por Estrutura................................................................................................... 29 Quadro 5 – Índices de uma Densitometria Óssea Radiológica ........................................................................ 30 Quadro 6 – Diagnóstico de Osteoporose ........................................................................................................... 30 Quadro 7 – Perfil dos utentes que devem realizar uma DEXA ......................................................................... 33 Quadro 8 – Quadro de Distribuição do Sexo ..................................................................................................... 43 Quadro 9 – Quadro de Caracterização das Idades da Amostra ....................................................................... 44 Quadro 10 – Quadro de Caracterização das Classes Etárias ............................................................................. 44 Quadro 11 – Quadro de Distribuição da Isenção ................................................................................................. 45 Quadro 12 – Quadro de Distribuição da Área de Residência ............................................................................. 45 Quadro 13 – Quadro de Distribuição da Especialidade que requer o exame ................................................... 46 Quadro 14 – Quadro de Distribuição do Nº de Exames Realizados .................................................................. 47 Quadro 15 – Quadro de Distribuição do Mês de Realização dos exames......................................................... 48 Quadro 16 – Quadro de Distribuição da Distância em Km da morada à realização do exame ....................... 49 Quadro 17 – Quadro de Distribuição do Subsídio da deslocação em euros à realização do exame ............. 49 Quadro 18 – Quadro de Relação do Grupo Etário com o Nº de Exames Realizados ....................................... 50 Quadro 19 – Quadro de Relação do Sexo com o Nº de Exames Realizados .................................................... 51 Quadro 20 – Quadro de Relação da Isenção com o Nº de Exames Realizados................................................ 51 Quadro 21 – Quadro de Relação da Área de Residência com o Nº de Exames Realizados ............................ 52 Quadro 22 – Quadro de Relação da Especialidade com o Nº de Exames Realizados ..................................... 53 Quadro 23 – Quadro dos Custos da Implementação de um Equipamento de DEXA ....................................... 58 Quadro 24 – Quadro dos Resultados do Modelo de Regressão Linear (variável dependente = Custo) ........ 60 Quadro 25 – Quadro de Cálculo do Ponto Crítico ............................................................................................... 61 iv Listas LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Gráfico de Caracterização das Classes Etárias ............................................................................. 44 Gráfico 2 – Gráfico de Distribuição da Área de Residência ............................................................................. 46 Gráfico 3 – Gráfico de Distribuição da Especialidade que requer o exame ................................................... 47 Gráfico 4 – Gráfico de Distribuição do Mês de realização dos exames .......................................................... 48 v Listas LISTA DE SIGLAS BMC Bone Mineral Content BMD Bone Mineral Density CHNE Centro Hospitalar do Nordeste, EPE DEXA Absorciometria de Raios – X de Energia Dupla ou Densitometria Óssea Radiológica DMO Densidade Mineral Óssea DPA Dual Photon Absorciometry EVOS European Prospective Osteoporosis Study FDA Food and Drug Admnistration IMC Índice de Massa Corporal Kg/m2 Quilogramas por metro quadrado Km Quilómetros kV Quilovolts mA Miliamperes MEDOS Mediterrean Osteoporosis Study NDMO Normalizada Densidade Mineral óssea OMS Organização Mundial de Saúde PET/ CT Tomografia por Emissão de Positrões PTH Paratormona QUS Ultra – Sons Quantificados RMN Ressonância Magnética Nuclear RX Raios – X SNS Serviço Nacional de Saúde SPA Single Fhoton Absorciometry SPSS Statistical Package for the Social Sciences TC Tomografia Computorizada TCQ Tomografia Computorizada Quantificada THS Tireotrofina ou Terapêutica Hormonal de Substituição X2 Qui - Quadrado vi CAPÍTULO I. Introdução: enquadramento, objectivos e organização do estudo 1.1. ENQUADRAMENTO É preciso reconhecer que existem problemas que persistem na saúde dos adultos e outros emergentes, resultantes das novas dinâmicas demográficas e sociais. O envelhecimento demográfico e as alterações no padrão epidemiológico e na estrutura social e familiar, verificados em Portugal, determinam novas necessidades para as quais urge encontrar respostas adequadas (Portal do Governo, 2005). A osteoporose foi considerada, durante longos anos, como uma consequência inevitável do envelhecimento. No entanto, com o desenvolvimento da ciência, nomeadamente dos meios complementares de diagnóstico e um melhor conhecimento dos mecanismos que conduzem à mesma, passou a ser considerada por diversos autores como uma doença, possível de evitar ou retardar (Hunter & Sambrook, 2000). Segundo a Conferência Internacional de Consenso, realizada em 1993, cujas ideias ainda se mantêm actuais, a osteoporose é uma doença sistémica do esqueleto caracterizada por uma diminuição da massa óssea e alteração da micro – arquitectura do tecido ósseo, com o consequente aumento da fragilidade do osso e susceptibilidade de fractura (Dennison & Cooper, 2000; Silva, 2003; Johnell & Kanis, 2004). A melhoria das condições de vida do ser humano espelhou-se num aumento da sua longevidade, e com isso, a população de idosos tem aumentado rapidamente, do tipo involucional ou senil, tornando a osteoporose actualmente reconhecida como uma questão importante em termos de saúde pública, em consequência das fracturas a que dá origem (Queiroz, 1998). As fracturas típicas ocorrem no colo do fémur, vértebras e no punho, mas quando o esqueleto sofre de osteoporose outras fracturas também ocorrem mais frequentemente (Kanis et al., 1997). Capítulo I. Introdução: enquadramento, objectivos e organização do estudo O risco de ter uma fractura osteoporótica ao longo da vida é muito alto, varia entre 40% e 50% nas mulheres e é aproximadamente 25% nos homens (Johnell & Kanis, 2004). O risco para mulheres na menopausa, varia entre 30 e 40% (Schutte, 1995). As mulheres têm um risco maior de sofrer fracturas do que os homens e, em alguns países, a incidência nas mulheres chega a ser três vezes superior à incidência nos homens. Possíveis razões para este evento podem ser: um pico de massa óssea mais baixo quando atingida a maturidade, a aceleração da perda de massa óssea após a menopausa, uma maior longevidade que os homens e uma maior possibilidade de quedas entre mulheres idosas (Schutte, 1995). As fracturas osteoporóticas têm elevados custos para a sociedade, quer directos, quer indirectos, uma vez que qualquer uma destas fracturas implica algum tempo de imobilização, perda da qualidade de vida, alguma incapacidade e, no caso das fracturas de colo do fémur, elevada mortalidade nos primeiros três meses após a fractura (Lane, 2006). A epidemiologia da osteoporose levanta questões especiais, uma vez que se pode considerar um problema grave de saúde pública que afecta mais de 10 milhões de pessoas nos Estados Unidos da América (EUA), estando previsto que, aproximadamente 14 milhões de mulheres venham a sofrer osteoporose no ano 2020. Mundialmente, este problema afecta aproximadamente 200 milhões de adultos com mais de 50 anos (Lane, 2006). De acordo com o estudo de Alves (2004), no ano de 2020 em Portugal poder-seá esperar que 10 684 indivíduos sofram fracturas osteoporóticas do colo do fémur e que em 2050 este número tenha aumentado para 11 552. Segundo este mesmo estudo estas fracturas representarão para o país um custo de aproximadamente 55 800 000 euros no ano de 2020, e de 60 300 000 euros no ano de 2050. A nível da região do Nordeste Transmontano foram facultados dados referentes ao ano de 2008, sobre o número de fracturas do fémur, que foram diagnosticadas e operadas no Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE). Verificou-se um total de 287 casos, dos quais 253 do colo do fémur. Com uma média de dias de internamento nos casos de fractura do colo do fémur de 8,39 dias, com um custo médio de 1 126,05 euros por dia de internamento nestes casos, resulta numa média de 9 447,55 euros por caso de fractura, que representa anualmente cerca de 2 390 232,55 euros. Desta forma, os problemas relacionados com as fracturas osteoporóticas tendem a agravar-se drasticamente em Portugal e neste caso concreto a nível do interior do 2 Capítulo I. Introdução: enquadramento, objectivos e organização do estudo Nordeste Transmontano, o que levanta problemas, quer em termos sociais quer em termos económicos. Torna-se então urgente reconhecer quais os factores que estão a contribuir para o aumento da incidência destas fracturas de maneira a tomar as medidas preventivas mais apropriadas e consequentemente reduzir o impacto negativo desta epidemia, à medida que a idade avança. É neste contexto que este estudo se insere. A osteoporose pode ser diagnosticada antes que se verifique uma fractura, por meio de exames que medem a densidade dos ossos. O mais preciso destes exames é a Absorciometria de Raios – X (RX) de Energia Dupla, isto é, a Densitometria Óssea Radiológica (Queiroz, 1998). São portanto muito importantes os exames de rastreio que incluam procedimentos para detecção precoce da Osteroporose, Osteopénia, Osteomalácia, por se tratarem de doenças “silenciosas”, muitas vezes assintomáticas e de difícil tratamento (Silva, 2003). A densitometria óssea radiológica (DEXA) surge como um avanço na medicina na área da radiologia, e, consiste na análise da quantidade de cálcio e outros minerais contidos nos ossos, ou seja, consiste na medição da massa óssea. Este método utiliza a medição da atenuação de uma energia dupla de RX que passa através do corpo. Tem como finalidade principal o diagnóstico da osteoporose podendo ser útil no diagnóstico de outras doenças como a osteopenia e osteomalácia. O método mais utilizado é o método de Absorciometria Bi – fotónica por RX – DEXA (Absorciometria de RX de Energia Dupla) que utiliza uma fonte de RX Duo – energética ou Bi – fotónica para aquisição de medições da coluna lombar, fémur proximal, antebraço distal ou corpo inteiro. Existem outros métodos de medição de massa óssea, no entanto a DEXA é a técnica mais disponível actualmente, apresentando vantagens importantes relativamente a outros métodos como uma maior rapidez (à custa de maior intensidade do feixe), menor dose de radiação (feixe de dimensões reduzidas), melhor qualidade de imagem e permite a medição de todas as regiões do esqueleto (Queiroz, 1998; Silva, 2003). A densitometria óssea radiológica permite identificar três categorias diagnósticas (normal, osteopenia e osteoporose). Confere ainda um valor prognóstico ao avaliar o risco de fractura (para cada desvio - padrão de diminuição, duplica o risco de fractura). Como método que permite quantificar a densidade óssea, a DEXA torna-se extremamente vital no diagnóstico precoce, bem como na evolução da osteoporose (Queiroz, 1998). 3 Capítulo I. Introdução: enquadramento, objectivos e organização do estudo 1.2. OBJECTIVOS E ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO Tendo presente a problemática expressa no ponto anterior, definimos como objectivo geral da nossa investigação verificar a relevância da instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica, no Centro Hospitalar do Nordeste, EPE, na Unidade de Mirandela, sem esquecer nesta análise o conforto/qualidade de vida que isso traria para a população, face à maior proximidade espacial do equipamento. Como objectivos específicos, foram definidos: a caracterização económicosocial dos utilizadores do equipamento em causa; o cálculo do custo – benefício inerente à decisão de investimento, tendo como referência o número de exames pedidos ao exterior, o custo do equipamento de uma DEXA e os custos inerentes à instalação e ao funcionamento do equipamento. Para o alcance dos objectivos propostos utilizou-se como metodologia de trabalho, a consulta bibliográfica, a recolha de dados quantitativos e o respectivo tratamento e análise estatística, especificamente percorreram-se os passos descritos na Figura 1. CAPÍTULO I – Introdução: Enquadramento, Objectivos e Organização do Estudo CAPÍTULO II – Fundamentação Teórica Conceito de Osteoporose As Novas Tecnologias ao Serviço da Saúde Enquadramento da Investigação Empírica CAPÍTULO III – Implementação de um Equipamento de Densitometria Óssea Radiológica na Unidade de Mirandela Dados e Metodologia da Análise Caracterização do Processo de Implementação do equipamento de Densitometria Óssea Radiológica Discussão dos Resultados Viabilidade Económica da Implementação de um Equipamento de DEXA CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO E REFLEXÕES FINAIS Figura 1 – Esquema da Estrutura da Dissertação de Mestrado No capítulo seguinte apresentamos a revisão da literatura, que nos permitiu identificar os principais conceitos, teorias e variáveis inerentes à nossa problemática. 4 CAPÍTULO II. Fundamentação teórica 2.1. CONCEITO DE OSTEOPOROSE Neste capítulo abordamos os estudos existentes sobre a Osteoporose, as suas características e consequências, bem como formas de a prevenir e minimizar. Apresentamos também uma breve abordagem sobre meios complementares de diagnóstico, mais especificamente de radiologia, e o contributo importantíssimo que a Densitometria Óssea Radiológica confere no diagnóstico e tratamento desta doença. Segundo a Conferência Internacional de Consenso, realizada em 1993, e que ainda se mantém actual, a osteoporose é uma doença sistémica do esqueleto caracterizada por uma diminuição da massa óssea e alteração da micro – arquitectura do tecido ósseo, com o consequente aumento da fragilidade do osso e susceptibilidade de fractura (Dennison & Cooper, 2000; Silva, 2003; Johnell & Kanis 2004). A terminologia associada à osteoporose foi desenvolvida no século XIX por patologistas alemães para distinguir osteoporose, osteomalácia e osteíte fibrosa cística. Mais tarde, Fuller (1941) e os seus colegas definiram patologicamente a osteoporose como sendo uma condição em que existe falta de tecido ósseo mas onde o tecido remanescente está completamente saudável. Esta definição permitiu distinguir a osteoporose de osteomalácia, sendo esta última uma condição que envolve “falhas” na mineralização da matriz óssea, devido, frequentemente, à deficiência de vitamina D ou a distúrbios metabólicos. Assim, nem sempre a confirmação do diagnóstico da osteoporose foi evidente, tendo sido considerada durante muito tempo como uma consequência a que o envelhecimento conduzia. Este diagnóstico requeria uma história de, pelo menos, uma fractura de baixo impacto em partes específicas do esqueleto. Foi Capítulo II. Fundamentação teórica com a introdução de medições precisas e não – invasivas da massa óssea que se tornou possível fazer um diagnóstico precoce da osteoporose (Wolf & Dixon, 1988). A melhoria das condições de vida do ser humano espelhou-se num aumento da sua longevidade, e com isso, a população de idosos tem aumentado rapidamente, do tipo involucional ou senil, tornando a osteoporose actualmente reconhecida como uma questão importante em termos de saúde pública, em consequência das fracturas a que dá origem (Queiroz, 1998). É normal existir alguma perda óssea tanto em homens como em mulheres. Uma vez atingido o pico de massa óssea, geralmente entre os 20 e os 30 anos, as mulheres e os homens perdem osso a um ritmo de aproximadamente 0,5% a 1% anualmente, embora isto varie consideravelmente de indivíduo para indivíduo. Sobreposta a esta perda esperada está uma fase de perda óssea mais rápida imediatamente na altura e após a menopausa nas mulheres (Mkgarry & Kiel, 2001;Yoshimura et al., 2005). O pico da massa óssea, é dependente em cerca de 70 a 80% de factores genéticos, mas a perda de massa óssea depende também de factores ambientais e hormonais (Canhão et al., 2005). O risco de fractura do colo do fémur na mulher é superior ao risco da soma das neoplasias do útero, ovários e mama e, no homem, é superior ao risco do cancro da próstata (Queiroz, 1998). 2.1.1. Fisiopatologia e Causas da Osteoporose Os ossos são constituídos por duas camadas de osso (Figura 2). O osso cortical (osso compacto) que constitui a camada externa e o osso trabecular (osso esponjoso) que constitui a camada interna. O osso cortical envolve o trabecular e constitui aproximadamente 80% do esqueleto, sendo o responsável pela resistência às cargas mecânicas a que o esqueleto está sujeito. A quantidade de osso cortical tem relação com a sua função nessa área. O osso cortical é poroso tendo uma composição idêntica ao trabecular, mas muito mais denso. O osso cortical é formado por um conjunto de unidades cilíndricas denominadas Sistemas de Harvesian, estando estes muito concentrados e o osso trabecular é formado por dispersas Camadas de Harvesian rodeados por medula óssea (Marcus et al., 1996; Seeley & Tate, 2006). 2 Capítulo II. Fundamentação teórica Num osso saudável, o osso trabecular esponjoso é constituído por milhares de traves fortemente conectadas entre si. Este tipo de osso está presente principalmente nas vértebras, crânio, pélvis e porção ultradistal do rádio, enquanto que o osso cortical predomina nos ossos longos, colo do fémur e rádio distal (Marcus et al., 1996). Fonte: Adaptado de Seeley & Tate (2006:179 ) Figura 2 – Constituição do Osso O tecido ósseo (Quadro 1) resulta da diferenciação das células pluripotenciais do tecido conjuntivo embrionário ou mesênquima e tem fundamentalmente duas funções: uma função estrutural, de suporte, mecânica e de protecção dos órgãos vitais e também constitui uma importante reserva iónica, pois possui cerca de 1kg de cálcio (Wolf & Dixon, 1988; Queiroz, 1998). Quadro 1 – Constituição do Tecido ósseo Matriz Proteica Ou Substância Osteóide - Células: osteoblastos, osteoclastos, osteócitos - Colagénio - Glicosaminoglicanos - Água Substância Mineral – Hidroxiapatite Fonte: Adaptado de Queiroz (1998: 15) 3 Capítulo II. Fundamentação teórica O tecido ósseo é muito metabólico e encontra-se em constante processo de formação e remodelação. A remodelação óssea é um processo dinâmico, que resulta das actividades acopladas de reabsorção óssea pelos osteoclastos e de formação óssea pelos osteoblastos. O processo de formação óssea ou osteogénese decorre em três etapas: a produção de matriz orgânica extracelular ou osteóide; a mineralização da matriz com formação de osso e a remodelação óssea com reabsorção seguida da formação de um novo osso (Canhão et al., 2005). A actividade celular dos osteoblastos, osteócitos (ou osteoblastos maduros) e osteoclastos é fundamental neste processo. Os osteoblastos sintetizam os precursores do colagéneo I, que constituem 90 a 95% da matriz orgânica do osso e os precursores moleculares da matriz óssea e regulam a sua mineralização. Algumas substâncias como hormonas e factores de crescimento e outros estímulos como a actividade física, exercem efeitos no osso, actuando através dos osteoblastos. À medida que progride o processo de formação óssea, os osteoblastos preenchem as lacunas de reabsorção produzidas pelos osteoclastos, produzem osteóide e passam a denominar-se osteócitos (Canhão et al., 2005). O constituinte mineral mais importante é a hidroxiapatite, um composto formado por cálcio e fosfato, que constitui cerca de ¼ do volume e mais de metade da massa do osso adulto normal. A vitamina D e a paratormona (PTH) são importantes mediadores da regulação de cálcio e a deficiência da primeira ou excesso da segunda podem conduzir à depleção mineral. Idealmente o tecido ósseo deve possuir a rigidez necessária para suportar a carga do corpo, a flexibilidade suficiente para absorver impactos sem fracturar e, a leveza adequada para permitir movimentos rápidos. Em grande parte, estas características são moduladas pela quantidade de cristais de hidroxiapatite. Se o osso sofre uma desmineralização, como em algumas situações em que sofre o aumento da reabsorção óssea, torna-se demasiado flexível e durante a carga pode fracturar, se fica excessivamente mineralizado, fica demasiado rígido, flecte pouco durante a carga e também pode fracturar. Os osteoblastos, células – chave da formação óssea estão directamente relacionados com o sistema hormonal, nomeadamente estrogéneos, bem como factores de crescimento e outros estímulos como a actividade física. Após a degradação do osso 4 Capítulo II. Fundamentação teórica que resulta de uma lacuna de reabsorção, os osteoclastos destacam-se sendo substituídos por osteoblastos, que nos jovens se restauram completamente. No idoso, isso não acontece pelo que o balanço ósseo negativo que se gera progressivamente com o envelhecimento e com a menopausa induz à perda de massa óssea, redução da espessura cortical e diminuição da espessura e conectividade das trabéculas ósseas do osso esponjoso, daí a ocorrência da osteoporose (Canhão et al., 2005). Na osteoporose existe desproporção entre as actividades osteoblástica e osteoclástica, com predomínio da última. Como o osso trabecular apresenta um maior metabolismo é também o mais susceptível a alterações da massa óssea. Sendo assim, na osteoporose o osso cortical afina-se gradualmente e os orifícios do osso trabecular tornam-se cada vez maiores e irregulares (Figura 3). Quando a estrutura interna do osso está comprometida, um traumatismo resultante de uma pequena queda ou mesmo o peso normal do corpo pode causar fracturas (Marcus et al., 1996). Osso Normal Osso osteóporótico Fonte: Adaptado de Seeley & Tate (2006: 182) Figura 3 – Distinção entre o Osso Normal e o Osso Osteoporótico 2.1.2. Classificação da Osteoporose A osteoporose pode classificar-se em primária e secundária. A osteoporose primária, por sua vez subdivide-se em osteoporose pós – menopaúsica ou tipo I, e osteoporose senil ou tipo II, associada ao envelhecimento (Queiroz, 1998). 5 Capítulo II. Fundamentação teórica A Osteoporose pós – menopáusica ou tipo I surge entre os 50 e os 65 anos de idade, é muito mais frequente no sexo feminino e afecta particularmente o osso trabecular ou esponjoso, originando, sobretudo, fracturas vertebrais e do antebraço. Esta surge devido à deficiência de estrogéneos que surge na menopausa e leva a um aumento da reabsorção óssea e, consequentemente, a um balanço de cálcio negativo. A Osteoporose senil ou tipo II aparece depois dos 65 anos de idade, é ligeiramente mais frequente no sexo feminino, atinge, quer o osso esponjoso, quer o osso cortical, e origina fracturas vertebrais e do colo do fémur. Aparece por deficiência de cálcio e vitamina D, alterações na absorção intestinal, diminuição da formação óssea, entre outros (Queiroz, 1998). A Osteoporose secundária tem múltiplas causas, como sejam processos inflamatórios, como a artrite reumatóide, a imobilização, as alterações da nutrição, as doenças endócrinas, as doenças hematológicas, as doenças gastroenterológicas, as doenças neurológicas, as doenças respiratórias crónicas, as doenças reumáticas, as doenças infiltrativas, as doenças hereditárias e as doenças iatrogénicas e uso de drogas (como heparina, álcool, vitamina A e glicocorticóides) ou seja, refere-se à perda óssea resultante de distúrbios clínicos específicos. (Marcus et al., 1996; Feldstein et al., 2005; Lane, 2006). Osteoporose Infantil e Juvenil A osteoporose infantil e juvenil (Quadro 2) pode ser idiopática, associada a doenças hereditárias e secundária. A osteoporose idiopática ocorre em crianças ou adultos jovens de ambos os sexos com função gonadal normal mas com patogenia desconhecida (Queiroz, 1998). 6 Capítulo II. Fundamentação teórica Quadro 2 – Tipos de Osteoporose Infantil e Juvenil Osteoporose Infantil e Juvenil Idiopática Associada a Doenças Hereditárias: Osteogénese imperfeita; Homocistinúria; Intolerância Proteica; Síndrome de Menkes; Osteoporose com Hipouricemia e Hipercalciúria e Síndrome de Turner. Secundária: Síndrome de Cushing; Diabetes Mellitus; Tireotoxicose; Síndrome de má absorção; Leucemias; Imobilização; Terapêutica com Corticosteroides, Hormonas Tiroideias e Anticonvulsionantes e Outras. Fonte: Adaptado de Queiroz (1998: 111) Osteoporose Masculina Apesar de a osteoporose ser uma doença classicamente associada ao sexo feminino, a verdade é que as fracturas osteoporóticas no homem constituem igualmente um grave problema de saúde pública. Embora a fisiopatologia e clínica da osteoporose do homem seja idêntica à da mulher, há algumas diferenças que interessa analisar. Com efeito, o pico da massa óssea e o volume dos ossos são, no final do crescimento, maiores no sexo masculino e, por outro lado, a perda de massa óssea não se processa do mesmo modo em ambos os sexos. Na mulher é muito mais intensa, sobretudo nos primeiros anos da pós – menopausa. Esta diferença é evidente a nível do osso trabecular, uma vez que nas mulheres as trabéculas se perdem, enquanto que no homem se adelgaçam (Queiroz, 1998). No homem, a maior estatura, o maior peso e a maior força muscular, bem como a actividade física, em regra mais intensa, poderão também contribuir para a sua maior massa óssea. A osteoporose no homem é devida ao facto da formação não compensar a reabsorção óssea. Esta alteração de formação parece ser devida a uma menor actividade proliferativa dos osteoblastos, condicionada pela redução da hormona de crescimento (Queiroz, 1998). A relevância dos estrogéneos no controlo da remodelação óssea, também se pode estender ao homem. A redução da massa óssea no homem é essencialmente associada aos níveis de estrogéneos e não aos de testosterona. Embora, isoladamente a testosterona tenha um efeito anabólico sobre o osso, o efeito combinado dos estrogénios sobre a reabsorção e formação do osso é determinante. Devido a este efeito modesto da 7 Capítulo II. Fundamentação teórica testosterona, a perda de osso trabecular, com a idade, no homem progride de uma forma linear, com o aparecimento de trabéculas mais delgadas. A osteoporose no homem está associada principalmente ao hipogonadismo, bem como hábitos alcoólicos e tabágicos (Queiroz, 1998; Canhão et al., 2005). 2.1.3. Da Sintomatologia ao Diagnóstico A osteoporose não produz sintomas num primeiro momento devido à lenta diminuição da densidade óssea, especialmente entre os afectados pela osteoporose senil. Na maioria dos casos, as pessoas nunca apresentam sintomas, mas quando a redução da densidade do osso atinge níveis críticos, os ossos esmagam aparecendo a dor. A dor crónica de costas pode aparecer devido ao esmagamento das vértebras (Queiroz, 1998). Em caso de fractura, o diagnóstico baseia-se numa combinação de sintomas, exame físico e radiografias dos ossos. A osteoporose pode ser diagnosticada antes que se verifique uma fractura, por meio de exames que medem a densidade dos ossos. Existem vários métodos possíveis para predizer o risco de uma fractura, nomeadamente a Tomografia Computorizada Quantificada (TCQ), Ultra – Sons (QUS), ou até a Ressonância Magnética Nuclear (RMN), mas o mais preciso destes exames é a Absorciometria de RX de Energia Dupla (DEXA), ou Densitometria Óssea Radiológica (Queiroz, 1998). 2.1.4. Da Prevenção ao Tratamento Nos últimos anos, a prevenção e o tratamento da osteoporose têm despertado grande interesse, a que não é alheio o facto da osteoporose e das fracturas osteoporóticas serem uma das principais causas da morbilidade e de mortalidade nos indivíduos idosos, sobretudo nas mulheres. A prevenção da osteoporose passa por um lado pela estabilização ou aumento da massa óssea, melhoria da qualidade do osso e, por outro lado, pela redução do número de quedas (Queiroz, 1998). A massa óssea depende de factores genéticos, os mais importantes, hormonais, nutricionais e ambientais, pelo que a prevenção passa necessariamente pela tentativa de modificar ou corrigir os factores de risco, que se passam a referir: factores de risco da 8 Capítulo II. Fundamentação teórica osteoporose genéticos: raça branca ou asiática; sexo feminino; magreza; história familiar de osteoporose; factores de risco da osteoporose hormonais: hipoestrogenismo devido a menopausa precoce e ooforectomia; nuliparidade; menarca tardia; irregularidades menstruais e ausência de amamentação; factores de risco da osteoporose ambientais: sedentarismo; tabaco e deficiente exposição à luz solar; factores de risco da osteoporose nutricionais: alimentação pobre em cálcio; dieta rica em proteínas, sulfatos de sódio; álcool e café; factores de risco da osteoporose medicamentais: corticoesteróides; anticonvulsionantes; hidróxido de alumínio; hormonas tiroideias; heparina e cumarínico e lítio (Queiroz, 1998; Diamond et al., 2005). Na literatura médica estão descritos vários factores de risco de osteoporose. Alguns como o sexo, a raça e a história familiar são imutáveis, mas outros como a ingestão láctea e a actividade física são modificáveis e podem em alguns casos contribuir para a prevenção da osteoporose (Canhão et al., 2006). O tratamento da Osteoporose pode passar por vários métodos, todos eles válidos, e que se conjugam entre si, dependendo sempre da boa vontade e da colaboração do doente, também em consonância com o método que mais se adequa a cada paciente. O exercício físico: fortalece os ossos e pode reduzir o risco de queda em mulheres mais idosas ao melhorar a força muscular, equilíbrio, mobilidade e capacidade física global (Mkgarry & Kiel, 2001). Especificamente os exercícios aeróbicos demonstram manutenção da massa óssea de mulheres na pós – menopausa tanto na coluna vertebral como na anca, recomendando-se ainda caminhadas de 30 a 45 minutos, 3 a 4 vezes por semana de preferência à luz do dia (Radominski et al., 2002). A prática de exercício físico, sobretudo no sexo feminino, deve ser estimulada na infância e na adolescência, ou seja durante o período de maturação do esqueleto, de modo a atingir-se o maior pico de massa óssea possível (Queiroz, 1998). A ingestão de Cálcio e Vitaminas: a suplementação de cálcio isolada tem mostrado diminuir as fracturas vertebrais novas em mulheres que já tiveram fracturas desse tipo. A ingestão diária de cálcio recomendada actualmente é de 1200 a 1500 mg por dia nas mulheres após a menopausa. Além disso, a combinação de suplementos de 9 Capítulo II. Fundamentação teórica cálcio e vitamina D tem mostrado diminuir o risco de outras fracturas (não vertebrais) e aumentar a densidade de massa óssea corporal, tanto em homens como em mulheres idosos sem osteoporose. A suplementação de cálcio isolada ou em combinação com THS (Tireotrofina ou Terapêutica Hormonal de Substituição), também parece atrasar a perda de osso da cabeça do fémur em mulheres que passaram recentemente para a pós – menopausa. A dieta deve ser pobre em sódio, em álcool, café e tabaco (Mkgarry & Kiel, 2001; Canhão et al., 2006). Opções Farmacológicas: actualmente, estão aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), cinco medicamentos para prevenir ou tratar a osteoporose (Quadro 3), são eles a calcitonina, estrogéneos, alendroato de sódio, risedronato de sódio e raloxifeno (Mkgarry & Kiel, 2001). Quadro 3 – Prevenção Medicamentosa da Osteoporose Fármacos aprovados pela FDA para a prevenção da osteoporose Nome Dose Indicações Efeitos colaterais e riscos Risco calculado de redução de fracturas Estrogénios Depende do preparado de estrogénios (por ex. estrogénios equinos conjugados 0,625 mg/dia) Prevenção Hemorragia vaginal, hipersensibilidade mamária, doença da vesícula; risco de cancro da mama, trombose venosa profunda e embolismo pulmonar Vertebrais, 50% – 80% Não vertebrais, 25% Alendronato 5 mg/dia 10 mg/dia Prevenção Tratamento Perturbações gastrintestinais (dor abdominal, náuseas, dispepsia); úlcera do esófago (raro) Vertebrais, 50% Não vertebrais, 40% Risedronato 5 mg/dia Tratamento As mesmas alendronato Vertebrais, 40% Não vertebrais, 40% Raloxifeno 60 mg/dia 60 mg/dia Prevenção Tratamento Trombose venosa profunda ou embolismo pulmonar, afrontamentos, cãibras nas pernas Vertebrais, 40% Não vertebrais, * Calcitonina 200 UI intranasal/dia (narinas alteradas) Tratamento Irritação nasal, rinite Vertebrais, 40% Não vertebrais, 40% que no Fonte: Adaptado de Mkgarry & Kiel (2001: 59) 10 Capítulo II. Fundamentação teórica A escolha e duração de um Tratamento dependem de cada um. Todas as pessoas, principalmente as mulheres devem ser aconselhadas sobre modificações do estilo de vida que possam diminuir o seu risco de osteoporose e fracturas. Devem ser informadas sobre o valor do exercício físico regular e de uma ingestão adequada de cálcio e vitamina D. Em doentes que determinam a sua densidade mineral óssea e que se verifica que têm osteopenia ou osteoporose, têm de ser tidas em consideração, as características e preferências do doente, assim como a eficácia e os efeitos colaterais da terapêutica farmacológica. Alguns tratamentos têm benefícios ou riscos adicionais que têm de ser considerados (Mkgarry & Kiel, 2001). O tratamento da osteoporose em princípio é de longa duração. A decisão final sobre a duração e o tipo de terapia deve basear-se no julgamento clínico e individualizado do paciente, considerando as suas características, necessidades e possibilidades (Radominski et al., 2002). O mais importante ainda em doentes já com osteoporose é a prevenção de quedas (Silva, 2003). 2.1.5. Epidemiologia A epidemiologia é o estudo de doenças em populações, em oposição ao estudo das doenças nos indivíduos e as suas principais preocupações são relacionadas com a prevalência e incidência das doenças, com a severidade das mesmas (no sentido dos distúrbios causados na comunidade) e com a responsabilidade da comunidade (no sentido da procura de formas de prevenção e tratamento). A epidemiologia da osteoporose levanta questões especiais, uma vez que se pode considerar um problema grave de saúde pública. Por exemplo, nos EUA (Estados Unidos da América) afecta mais de 10 milhões de pessoas, estando previsto que, aproximadamente, 14 milhões de mulheres venham a sofrer osteoporose no ano 2020. Mundialmente, este problema afecta aproximadamente 200 milhões de adultos com mais de 50 anos (Lane, 2006). A prevalência da osteoporose é difícil de calcular em virtude de variar de país para país e, no mesmo país, de região para região, dependendo de factores genéticos e ambientais (Queiroz, 1998). 11 Capítulo II. Fundamentação teórica Nos EUA, a osteoporose surge quatro vezes mais em mulheres do que em homens, frequentemente com consequências devastadoras. Por exemplo, após uma fractura da anca, apenas 50% dos doentes recuperam o mesmo grau de independência que tinham antes da lesão, e 12% a 40% dos doentes com fractura da anca morrem em 6 meses. À medida que a população envelhece, espera-se que o número de fracturas da anca aumente de 1,7 milhões em 1990 para 6,3 milhões em 2050, com um custo calculado de 131 mil milhões de dólares. O impacto económico da osteoporose é enorme. Mais de 1,5 milhões de americanos sofrem fracturas osteoporóticas todos os anos, com um custo anual de 14 biliões de dólares para o sistema de saúde dos EUA (Mkgarry & Kiel, 2001). A osteoporose e as suas complicações são causa de 500 mil hospitalizações e de 4 milhões de dias de internamento para as mulheres com idade superior a 45 anos (Queiroz, 1998). Em Portugal, de acordo com o estudo de Alves (2004), no ano de 2020 em Portugal poder-se-á esperar que 10 684 indivíduos sofram fracturas osteoporóticas do colo do fémur e que em 2050 este número tenha aumentado para 11 552. Segundo este mesmo estudo estas fracturas representarão para o país um custo de, aproximadamente, 55 800 000 euros no ano de 2020 e de 60 300 000 euros no ano de 2050. A consequência clínica da osteoporose são as fracturas. As fracturas típicas ocorrem no colo do fémur, vértebras e no punho (Figura 4), mas quando o esqueleto sofre de osteoporose outras fracturas também ocorrem mais frequentemente (Kanis et al., 1997). Fonte: http://www.imot.com.br/osteoporose.html Figura 4 – Tipos de Fracturas Osteoporóticas (1) 1 Tipos de Fracturas Osteoporóticas: a)Fractura do Colo do Fémur; b) Fractura de uma Vértebra; c)Fractura do Punho. 12 Capítulo II. Fundamentação teórica O risco de ter uma fractura osteoporótica ao longo da vida é muito alto, varia entre 40% e 50% nas mulheres e é aproximadamente 25% nos homens (Johnell & Kanis, 2004). E, segundo Schutte (1995), o risco para mulheres na menopausa, varia entre 30 e 40%. Para além de consequências físicas, como dor, perda de peso, deformidade e mortalidade, as fracturas osteoporóticas têm também consequências psicológicas como depressão, perda de auto – estima, medo, raiva e restrição das relações interpessoais (Lane, 2006). As fracturas osteoporóticas têm elevados custos para a sociedade, quer directos, quer indirectos, uma vez que qualquer uma destas fracturas implica algum tempo de imobilização, perda da qualidade de vida, alguma incapacidade e, no caso das fracturas de colo do fémur, elevada mortalidade nos primeiros três meses após a fractura (Lane, 2006). Sobre a Epidemiologia das Fracturas Vertebrais: são as mais difíceis de identificar e embora sejam as menos estudadas têm consequências graves a nível funcional e estético. Apesar de serem das fracturas osteoporóticas que ocorrem com mais frequência e uma das mais adversas consequências da osteoporose, existem poucos dados relativos à incidência destas fracturas, tanto em homens como em mulheres (Felsenberg, 2002; Finnern & Sykes, 2003). As fracturas vertebrais constituem um dos sinais clássicos da osteoporose e são consideradas cada vez mais um problema de saúde pública por terem como consequências: dores (agudas ou crónicas) nas costas, incapacidade, deformidades, perda de peso, aumento de morbilidade, mortalidade e claras alterações na qualidade de vida. Enquanto que nas fracturas do colo do fémur a mortalidade é particularmente elevada nos primeiros meses após a fractura, nas fracturas das vértebras sintomáticas a mortalidade aumenta progressivamente com o decorrer dos anos (Dias, 2000; Felsenberg, 2002). À medida que a osteoporose se desenvolve, vai existir perda de densidade óssea no centro da vértebra, comparando com o osso cortical que a envolve. Estas vértebras sofrem micro - fracturas e ficam deformadas (Figura 5). Este acontecimento nem sempre envolve dores ou algum tipo de trauma e estas deformidades são detectadas radiologicamente. O problema reside em não existir consenso relativamente à definição radiológica da fractura da vértebra, o que torna difícil a sua caracterização epidemiológica (Wolf & Dixon, 1988; Dias, 2000). 13 Capítulo II. Fundamentação teórica Fonte: Wolf & Dixon (1988: 38) Figura 5 – Deformação das Vértebras Osteoporóticas(2) Em contraste com as fracturas do colo do fémur existem poucos dados relativos à incidência das fracturas das vértebras. Este facto pode ser justificado porque as pessoas afectadas com estas fracturas não recebem tratamento hospitalar e por nem todas estas fracturas serem sintomáticas (Felsenberg, 2002; Finnern & Sykes, 2003). No entanto as fracturas das vértebras são um forte indicador de futuras fracturas noutros locais do esqueleto (Schutte, 1995; Finnern & Sykes, 2003). Como estas deformidades não são diagnosticadas até se tornarem casos clínicos, a exacta dimensão desta epidemia não é conhecida. No entanto, há estimativas que mostram que a incidência em mulheres brancas americanas, com 50 anos ou mais, é de 18/1000 (Schutte, 1995). Na Europa verificou-se que a incidência destas fracturas aumenta com a idade em ambos os géneros, mas que é maior nas mulheres do que nos homens em todas as idades. E tal como em outras fracturas osteoporóticas encontraram uma maior taxa de incidência na Suécia e nos países Escandinavos do que em outras regiões da Europa. Apesar das diferenças geográficas encontradas, estas são menos marcadas do que as encontradas ao nível das fracturas do colo do fémur. Quanto ao futuro, prevêem-se que, devido às mudanças demográficas, ou seja, ao envelhecimento da população, a incidência das fracturas das vértebras vai continuar a aumentar, mantendo-se um importante problema de saúde pública (Felsenberg, 2002). Segundo Dias (2000), na amostra populacional portuguesa do Porto que participou no European Prospective Osteoporosis Study (EVOS) a prevalência das deformações vertebrais mostrou-se ligeiramente acima da média europeia e extrapolando estes valores para a população portuguesa com idade superior a 50 anos, estima-se que pelo menos 360 000 indivíduos apresentem actualmente estas 2 Deformação das Vértebras Osteoporóticas: a) vértebra normal; b)vértebra bicôncava ou em boca de peixe; c) vértebra em cunha e d)vértebra por esmagamento ou em bolacha: 14 Capítulo II. Fundamentação teórica deformações, cuja prevalência de deformações radiológicas vertebrais foi de 13,5% para o sexo feminino e de 16,6% para o sexo masculino. Sobre a Epidemiologia das Fracturas do Punho: este tipo de fracturas (do punho ou da extremidade distal do antebraço, ou do tipo Colles) é normalmente causado por quedas sobre um braço estendido e também se encontram relacionadas com a osteoporose. Tipicamente estas fracturas ocorrem maioritariamente em mulheres sendo, segundo Dias (2000), o rácio homem: mulher igual a 1:4 e, quando comparadas com as fracturas do colo do fémur, ocorrem em indivíduos mais jovens. Apesar de ocorrerem nas mulheres antes e após a menopausa, a densidade mineral óssea (DMO) está habitualmente reduzida nas mulheres pré – menopáusicas, sugerindo a importância do pico de massa óssea na determinação da susceptibilidade para estas fracturas (Dias, 2000; Melton et al., 2002). Apesar das fracturas do punho causarem muito menor morbilidade do que as fracturas do colo do fémur, as suas consequências são muitas vezes subestimadas. Apenas uma pequena percentagem das fracturas do punho requer hospitalizações e como consequência poucos estudos epidemiológicos têm sido feitos sobre a etiologia destas fracturas, principalmente nos homens. Os estudos existentes, no entanto, sugerem que a incidência destas fracturas tem vindo a aumentar progressivamente ao longo do tempo (Dias, 2000; Melton et al., 2002). Sobre a Epidemiologia das Fracturas do Colo do Fémur: as fracturas osteoporóticas que ocorrem nas vértebras e no punho estão associadas a um aumento acentuado da morbilidade, mas as fracturas que conduzem a consequências clínicas mais graves são as fracturas do colo do fémur, que estão associadas a um aumento de mortalidade, particularmente em indivíduos idosos (Kanis et al., 1997). Como já referido, as fracturas do colo do fémur ocorridas em indivíduos com mais de 50 anos e causadas por baixo impacto são, frequentemente, usadas como um indicador de osteoporose (Soveid et al., 2005; Lane, 2006). Segundo Marcus et al. (1996), o risco de sofrer uma fractura osteoporótica do colo do fémur é cerca de 15% para as mulheres caucasianas e cerca de 6% para os homens caucasianos ao longo da vida. O aumento das taxas de incidência das fracturas do colo do fémur com a idade está fortemente associado ao aumento da incidência da osteoporose (Figura 6). 15 Fundamentação teórica Incidência 100000 Pessoas/ano Capítulo II. Mulher Homem Faixa Etária Fonte: Pina et al. (2002: 41) Figura 6 – Fracturas Osteoporóticas do Colo do Fémur (3 ) As fracturas do colo do fémur na população mais envelhecida estão associadas à diminuição da DMO e ao aumento da tendência para quedas, por sua vez relacionadas à pouca força muscular, pior visão, menor equilíbrio, uso de múltiplos medicamentos e psicotrópicos (Kannus et al., 1999). Como Laet e Pols (2000) mencionam, estas fracturas ocorrem em todo o mundo, mas com uma maior taxa de incidência em países ocidentais, nomeadamente na Europa e nos EUA. Foi estimado que o número total de fracturas do colo do fémur a nível mundial, em 1990, era 1,7 milhões, destes 560 000 na Europa e 360 000 na América do Norte. São vários os estudos, como o Mediterranean Osteoporosis Study (MEDOS), que referem a existência de diferenças entre os países do norte e do sul da Europa, em relação às taxas de incidência das fracturas osteoporóticas, tendo a Escandinávia a maior taxa de incidência e os países mediterrânicos as menores taxas. No MEDOS participaram indivíduos com idade igual ou superior a 50 anos de 14 centros de 6 países da Europa Meridional e os resultados relativos à incidência das fracturas do colo do fémur podem ser vistos na (Figura 7). 3 Fracturas Osteoporóticas do Colo do Fémur: acima dos 50 anos de idade, no período de 2000 a 2002, em Portugal. 16 Capítulo II. Fundamentação teórica Fonte: Dias (2000: 26) Figura 7 – Incidência por 100.000 habitantes, das Fracturas do Colo do Fémur em populações com 50 anos ou mais da Europa Meridional (MEDOS) A Suécia e a Noruega são os países em que são encontradas as mais altas taxas de incidência de fracturas do colo do fémur, tanto para os homens como para as mulheres, sendo respectivamente (por 100 000 habitantes), uma média de 583 para os homens e de 1270 para as mulheres (Billsten et al., 2000; Lodthus, 2001). Na Lituânia, foi encontrada uma elevada taxa de incidência das fracturas de colo do fémur (por 100 000 habitantes) sendo de 470 nos homens, comparativamente a 676 encontrada nas mulheres (Lashas et al., 1996). As taxas mais baixas foram encontradas na Sérvia e Montenegro, respectivamente para homens e mulheres (por 100 000 habitantes) 35,5 e 62,2 (Lesic et al., 2006). Comparando as taxas de vários países da Europa com a taxa dos EUA é possível perceber que, por exemplo, a Suécia tem uma taxa superior aos EUA, a Finlândia tem uma taxa idêntica para as mulheres mas ligeiramente superior para os homens, em países como Reino Unido, Países Baixos e Alemanha as taxas são similares e que nos países do sul, nomeadamente Portugal e Itália, a incidência é inferior quando comparada com a do EUA (Laet & Pols, 2000). Prevê-se que na União Europeia, a incidência anual de fracturas do colo do fémur sofra um aumento de 125 000 para um milhão em 2020 (Canhão et al., 2005). Como a osteoporose está relacionada com o envelhecimento da população e com vários factores de risco, tem-se verificado um aumento nas taxas de incidência e esperase um aumento especialmente acentuado nos países em desenvolvimento à medida que a longevidade da população aumentar (Lane, 2006). Apesar de já existirem referências a estudos recentes que revelam uma redução nas taxas de incidência, nomeadamente no 17 Capítulo II. Fundamentação teórica Canadá e na Suécia, (muito também devido a medidas de prevenção apertadas para tentar minimizar esta patologia) na maioria dos países ocidentais verificou-se durante a segunda metade do século um aumento nas taxas de incidência da osteoporose (Hernández, 2005; Lesic et al., 2006). Dia (2000) chega mesmo a referir que mais importante que as diferenças populacionais encontradas na incidência das fracturas de colo do fémur, será talvez o facto do número de fracturas osteoporóticas do colo do fémur estar a aumentar em praticamente todo o mundo, mais acentuada e rapidamente nos países com um acelerado ritmo de desenvolvimento, sobretudo em países asiáticos e da América Latina. Este aumento varia, por ano, entre 0,5% e 3,3% em países como a Finlândia, Países Baixos, Noruega, Suécia e Reino Unido (Reginster et al., 2001). No entanto, na Espanha, onde as taxas são mais baixas do que as encontradas no Norte da Europa, verificou-se que em 14 anos (entre 1988 e 2002) houve um aumento de 4% ao ano (Hernández, 2005). Sobre a Epidemiologia em Portugal das Fracturas do Colo do Fémur em Portugal: apesar da taxa de incidência de fracturas osteoporóticas do colo do fémur ser menos da metade da taxa de incidência apresentada pelos EUA espera-se um aumento acentuado no futuro (Laet & Pols, 2000). Ainda, segundo Dias (2000), no centro MEDOS do Porto, a incidência das fracturas encontrada foi relativamente elevada e, como seria de esperar, aumentava exponencialmente com a idade (Figura 8). Fonte: Dias (2000: 28) Figura 8 – Incidência de Fracturas do Colo do Fémur com a Idade, em ambos os géneros, no centro MEDOS do Porto 18 Capítulo II. Fundamentação teórica Relativamente à prevalência de fracturas osteoporóticas, os dados portugueses sobre fracturas da coluna vertebral e do punho são escassos, mas dispõe-se de mais alguns dados sobre fracturas da anca, que frequentemente requerem internamento. Em três estudos diferentes, a incidência anual de fracturas da anca, para as mulheres, variava entre 128 e 297/100 000, e para os homens, entre 81 e 136/100 000. O crescimento anual estimado da incidência das fracturas da anca é de 4 a 5%. No ano 2000 registaram-se cerca de 8 500 fracturas, com um custo de tratamento superior a 50 milhões de euros. A ocorrência de uma fractura da anca pode aumentar em 15 a 255 a mortalidade do indivíduo durante o primeiro ano após a fractura, tornando-se a maioria dos doentes dependente de terceiros e muitos, acamados. Ainda que estes estudos permitam compreender a magnitude do problema, tem que se ter sempre em conta as limitações decorrentes das diferentes metodologias utilizadas na selecção e na avaliação (Canhão et al., 2005). Um outro estudo realizado por Alves et al. (2007), refere que após terem sido analisados todos os registos de internamento por fractura do fémur, em hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), durante o período de 2000 a 2002, concluiu-se que num total de 36 846 casos, após a selecção dos registos referentes a indivíduos com mais de 50 anos, com fracturas causadas por baixo impacto, que a maioria dessas fracturas ocorreu no colo do fémur, maioritariamente em mulheres, com cerca de 75,7% dos casos e que crescem exponencialmente com o aumento da idade, o que está de acordo com o esperado e descrito na literatura. Na maioria dos grupos etários a razão mulher: homem é superior a um. Em média, cada internamento por fractura do fémur, quer do colo quer de outras localizações, representa um custo superior a 4 100 euros. Com o aumento previsível do número de indivíduos que irão sofrer de osteoporose e que estarão em risco de contrair uma fractura do fémur, o custo com este tipo de fracturas será ainda mais elevado. Um outro estudo revela que, no que diz respeito à morbilidade das fracturas do colo do fémur, é importante sublinhar que 50% dos doentes que sofreram esta fractura necessitam de ajuda para a marcha, 30% ficam funcionalmente dependentes da ajuda da 3 ª pessoa para a realização de trabalhos domésticos e só 20% recuperam a mobilidade anterior ao acidente fractuário. Por sua vez, a mortalidade resultante destas fracturas expressa em percentagem acrescida em relação à mortalidade da população em geral, 19 Capítulo II. Fundamentação teórica com a mesma idade e sexo, varia entre 10 a 30% e é mais frequente no primeiro ano após a ocorrência de fractura. As principais causas de mortalidade são complicações da cirurgia, as complicações da imobilização a que estes doentes são sujeitos (infecções, tromboembolismo, entre outros) e a co – morbilidade associada à idade avançada destes doentes (Queiroz, 1998). 2.1.6. A osteoporose no Nordeste Transmontano Sobre as Fracturas do Colo do Fémur a nível da região do Nordeste Transmontano: inerente à actividade médica no Nordeste Transmontano, o Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE), é constituído por três unidades, sendo elas a Unidade Hospitalar de Mirandela, Bragança e Macedo de Cavaleiros. A unidade hospitalar de Mirandela, localiza-se na cidade de Mirandela, pertencente ao distrito de Bragança, na região do Nordeste Transmontano e à NUT III Alto Trás-os-Montes. Esta unidade faz parte do CHNE, bem como da Unidade de Saúde da Terra Quente, da qual fazem parte para além da unidade hospitalar de Mirandela e de Macedo de Cavaleiros, os centros de saúde de Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada á Cinta, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor. Este centro hospitalar abrange grande parte da população do distrito de Bragança, população por si só bastante envelhecida e que tem muitas vezes que se deslocar a vários quilómetros da sua área de residência para realizar um exame complementar de diagnóstico, como sendo neste caso uma densitometria óssea radiológica. O prolongamento da vida, associado a uma baixa importante da fecundidade, tem conduzido ao envelhecimento da população. No panorama nacional, a população idosa residente estimada é de 1 810 100 pessoas, que representa cerca de 17% da população, com uma distribuição geográfica caracterizada por um maior envelhecimento do interior face ao litoral, a esperança de vida à nascença, em Portugal, é de 81,3 anos para as mulheres e de 75,2 anos para os homens. É evidente que o Índice de Envelhecimento e o Índice da Dependência de Idosos é cada vez maior (Figura 9), e irá agravar-se, tanto a nível nacional como neste caso mais específico na região do Nordeste Transmontano, também devido a fenómenos migratórios, pelo que os idosos 20 Capítulo II. Fundamentação teórica se tornam cada vez mais isolados e dependentes de terceiros (Instituto Nacional de Estatística, 2006). Através da Figura 9, é possível observar que a nível do Nordeste Transmontano, a maior parte dos concelhos apresenta uma elevada taxa de índice de envelhecimento, bem como de dependência de idosos, e, isto associado ao isolamento espacial por parte de muitos concelhos bem como o facto da maior parte dos idosos residirem sozinhos, torna muito difícil a deslocação dos utentes, neste caso em concreto para a realização de exames de saúde. Densidade Populacional Índice de Envelhecimento Índice de dependência de idosos Portugal 114,8 110,1 25,4 Norte 175,6 90,9 21,4 Alfândega da Fé 17,4 242,9 44,6 Bragança 29,6 156,2 30,4 C. Ansiães 25,5 251,5 45,5 Freixo E. Cinta 16,2 280,7 54 M. Cavaleiros 24,5 191,3 36,4 Miranda do Douro 15,6 284,3 48,2 Mirandela 39 164,2 32,4 Mogadouro 14 253,6 44,3 T. Moncorvo 17,4 290,4 50,2 Vila Flor 28,9 203,2 36,8 Vimioso 10,5 359,6 56,7 Vinhais 14,2 366,6 54,3 Fonte: Anuário do Instituto Nacional de Estatística de 2006 Figura 9 – Densidade Demográfica, Índice de Envelhecimento e Índice de Dependência de Idosos, na Região do Nordeste Transmontano Segundo Alves (2004), obteve resultados em que as taxas mais altas de incidência de fracturas do colo do fémur são no Algarve, Lisboa e arredores, Trás-osMontes e alguns concelhos do Centro. Moreira (2008), no seu trabalho, concluiu que os factores socioeconómicos explicam uma grande parte das diferenças geográficas encontradas na incidência de fracturas do colo do fémur e que nas mulheres as maiores taxas encontradas são encontradas nas maiores áreas urbanas, mas também nas regiões mais desfavorecidas, o que indica que as características associadas aos dois extremos (áreas mais urbanas e, portanto, menor exercício físico e estilos de vida sedentários, e áreas mais rurais, e 21 Capítulo II. Fundamentação teórica portanto, população mais envelhecida, maior taxa de analfabetismo e trabalhos mais pesados) podem justificar as taxas de incidência. Concluiu também que as taxas de incidência das fracturas do colo do fémur, para mulheres com 50 ou mais anos, são mais elevadas no Porto, Lisboa e arredores, Algarve, no baixo Alentejo e em grande parte do interior Norte e Centro. A nível da região do Nordeste Transmontano foram facultados dados, referentes ao ano de 2008, sobre o número de fracturas do fémur, que foram diagnosticadas e operadas no CHNE. Verificou-se um total de 287 casos, dos quais 253 do colo do fémur. Com uma média de dias de internamento nos casos de fractura do colo do fémur de 8,39 dias, com um custo médio de 1 126,05 euros por dia de internamento nestes casos, resulta numa média de 9 447,55 euros por caso de fractura, que representa anualmente cerca de 2 390 232,55 euros. De acordo com estes dados e também devido ao facto desta população estar cada vez mais envelhecida e, a maior parte das vezes, isolada e sem apoio de terceiros é de extrema importância reconhecer quais os factores que estão a contribuir para o aumento da incidência destas fracturas e verificar o impacto social positivo que a eventual instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica traria para a região. Como é natural, as decisões que são tomadas estão interligadas com a evolução das novas tecnologias de saúde. 2.2. AS NOVAS TECNOLOGIAS AO SERVIÇO DA SAÚDE Como marco inicial da era tecnológica podemos considerar a descoberta por Roentgen, dos RX em 1895, que verificou, pela primeira vez, a produção de RX enquanto trabalhava com um tubo de raios catódicos. No seu modesto laboratório de física, Roentgen obteve a primeira radiografia dos ossos da mão da sua esposa em 28.12.1895 e a 23.1.1896 repetia a experiência perante a Sociedade de Física de Würzburg, radiografando a mão do Professor de Anatomia Albert von Kolliker, que estava presente. Kolliker propôs que os raios – X (RX) fossem chamados de raios Roentgen, denominação ainda usada nos países europeus. 22 Capítulo II. Fundamentação teórica A descoberta dos RX causou grande impacto, tanto nos meios científicos como entre os leigos. Sentia-se que algo de extraordinário fora descoberto e previa-se uma nova fase para a medicina, o que efectivamente ocorreu. O diagnóstico por imagem estava apenas no seu início. Nos anos 70 e 80 do séc. XX dá-se o grande “boom” da radiologia devido aos grandes avanços tecnológicos e científicos, que permitiram a obtenção de diagnósticos mais precisos. Desde então a Radiologia tem vindo a obter um grande espaço na prática médica (Almeida et al., 2008). O extraordinário desenvolvimento dos computadores, quanto à sua capacidade e monitorização, permitiu revolucionar o conceito de Radiologia tornando possível o aparecimento da Tomografia Computorizada (TC), que rendeu um Nobel ao inglês Godfrey Hounsfield e ao americano Aflan Cormack, em 1979, e a abertura de toda uma gama de novas possibilidades, com especial ênfase para o uso de energias não ionizantes. O aparecimento de novos métodos de diagnóstico como a Ecografia, a Mamografia, a Densitometria Óssea Radiológica, a Tomografia Computorizada, a Tomografia por Emissão de Positrões (PET/CT), PET/RMN, Ressonância Magnética 3T e a Radiologia Digital fazem surgir uma nova especialidade médica – a Imagiologia, isto é, o conjunto de técnicas de diagnóstico que fornecem ao médico uma imagem de diversas partes do corpo humano, independentemente do tipo de radiação ou ondas utilizadas para a “exploração” do paciente (Almeida et al., 2008). A melhoria da imagem e dos equipamentos, permitiram o desenvolvimento de técnicas e procedimentos guiadas por imagem como foi o caso da Angiografia, levando a um novo universo de técnicas não invasivas ou minimamente invasivas como alternativa a cirurgias, assim como os riscos associados a complicações de pósoperatório. Alguns procedimentos de intervenção (por exemplo as biópsias) são, hoje em dia “guiados “ por TC, Mamografia, Ecografia, entre outros. Os novos equipamentos de TC multi – corte estão cada vez mais evoluídos, pois o extraordinário desenvolvimento dos computadores, permitiu que se ultrapassassem algumas barreiras (por exemplo, o aumento da capacidade de armazenamento de dados), possibilitando que hoje fosse possível efectuar estudos volumétricos, desde a colonoscopia virtual, com possibilidade de visualização endoscópica das estruturas, estudo das coronárias com resoluções impensáveis e estudos de Angio – TC de membros inferiores, entre outras aplicações. Hoje em dia ouve-se falar de equipamentos de TC multi – corte de 23 Capítulo II. Fundamentação teórica 128 cortes, equipamentos de dupla ampola, entre outras novidades, que se têm desenvolvido sobretudo graças à tecnologia subjacente (Almeida et al., 2008). Um método relativamente recente é a Tomografia por Emissão de Positrões (PET-CT), uma técnica que combinada de aquisição de imagens metabólicas/funcionais (PET), com as imagens anatómicas obtidas através de TC. Através da junção destas duas técnicas num só equipamento é possível efectuar dois estudos conjuntos pois em apenas um exame, é realizado um estudo biológico dos tecidos e a manifestação de doença antes de qualquer sinal anatómico, facilitando ao mesmo tempo a localização de lesões. Os equipamentos desenvolveram-se criando sistemas de “back- up” dos diversos estudos feitos a um paciente uma vez que o confronto de imagens é vantajoso para um melhor diagnóstico. Como tal, valoriza-se cada vez mais o arquivo imagiológico, assim como a transmissão de imagens, dentro de um hospital ou a grandes distâncias (telemedicina). Com todos os equipamentos de que se dispõe, pode-se dizer que se está perante uma nova era da radiologia. Uma era em que é possível determinar o estádio de uma doença, monitorizá-la, tendo como resultado uma melhoria do estado da saúde e até mesmo a cura. A descoberta dos RX, teve e continuará a ter um grande impacto na nossa sociedade. Esta descoberta e consequente evolução revolucionou toda uma forma de pensar e agir quer ao nível da medicina, quer ao nível industrial. A Densitometria Óssea Radiológica pode-se considerar assim, um paradigma desta evolução (Almeida et al., 2008). 2.2.1. Densitometria Óssea Radiológica A Densitometria Óssea Radiológica surge como um avanço na medicina, na área da radiologia e consiste na análise da quantidade de cálcio e outros minerais contidos nos ossos, ou seja, consiste na medição da massa óssea. Este método utiliza a medição da atenuação de uma energia dupla de RX que passa através do corpo. Tem como finalidade principal o diagnóstico da osteoporose podendo ser útil no diagnóstico de outras doenças como a osteopenia e osteomalácia. O método mais utilizado é o método de Absorciometria Bi – fotónica por RX – DEXA (Absorciometria de RX de Energia 24 Capítulo II. Fundamentação teórica Dupla) que utiliza uma fonte de RX Duo – energética ou Bi- fotónica para aquisição de medições da coluna lombar, fémur proximal, antebraço distal ou corpo inteiro (Queiroz, 1998). 2.2.1.1. Evolução Histórica A osteoporose era uma doença praticamente desconhecida até aos anos 20, do século passado, quando surgiram os primeiros métodos envolvendo a radiação X, que permitiam a detecção de uma já marcada diminuição da densidade óssea. Os métodos de avaliação óssea, foram sofrendo grandes avanços, não só no que respeita à tecnologia, mas também relativamente ao resultado obtido. Após a descoberta dos RX, foi possível diagnosticar a diminuição da densidade óssea com uma simples radiografia, através da radiotransparência das extremidades dos ossos e da forma bicôncava das vértebras. No entanto, quando isto acontecia já a perda de massa óssea tinha ascendido aos 30 % e não era possível quantificar essa perda, tornando assim, o diagnóstico já bastante tardio. Mesmo assim, para o diagnóstico de fracturas osteoporóticas as radiografias são de grande importância (Serviço de Medicina Nuclear, 2000). A Radiogametria de Metacarpos, surge como o primeiro método para avaliação da densidade óssea, depois da radiologia convencional. Consiste na realização de uma radiografia dos metacarpos e comparada com um fantoma (cunha de alumínio). Em 1930 tentou-se, através de radiografias dentárias e uma estrutura com uma densidade de referência, comparar opticamente densidades o que é obviamente muito pouco fiável e de difícil quantificação (Serviço de Medicina Nuclear, 2000). No final da década de 1970, através da Tomografia Computorizada Quantificada (TQC), efectuando uma aquisição através de cortes de pequena espessura, no meio de um corpo vertebral, era possível avaliar a densidade do osso trabecular e cortical separadamente, excluindo a mineralização não óssea. Contudo é menos precisa que a DEXA, mais limitada nas estruturas acerca das quais se obtêm medições, é mais dispendiosa e a dose de radiação é maior. Mais tarde descobriram-se os Ultra Sons Quantificados (QUS) que através da atenuação da velocidade da transmissão dos mesmos, era possível avaliar a massa óssea e módulo elástico do osso. O seu contributo na avaliação da massa óssea é ainda pouco conhecido, mas pelo facto de não utilizar 25 Capítulo II. Fundamentação teórica radiação ionizante, ser um método barato e de fácil manuseamento, torna-o promissor (Serviço de Medicina Nuclear, 2000). Foi em 1963 que Cameron e Sorensen inventaram a Absorciometria Mono – fotónica – SPA (single photon absorciometry) ou seja um equipamento baseado em fontes radioactivas monoenergéticas, em que regra geral a fonte de radiação era o Iodo 125. No entanto, só permitia estudar o calcâneo e o antebraço, tendo estes que estar mergulhados em água para uniformizar as estruturas. Para além da fiabilidade dos resultados não ser muito alta, a estabilidade do elemento radioactivo era baixa, tendo que ser periodicamente substituído, com os inconvenientes financeiros e organizacionais que acarretava. Em 1970 começaram a utilizar-se elementos com fontes radioactivas Bi – energéticas dando origem aos aparelhos de Absorciometria Bi – fotónica – DPA (dual photon absorciometry), em que o elemento utilizado era normalmente o Gadolineo – 153. Desta forma, era possível estudar estruturas ósseas, tais como a coluna lombar e colo do fémur rodeadas por uma grande espessura de tecidos moles, mas tinha como desvantagem o decaimento de emissão de RX da fonte radioactiva, apesar de ser mais fiável em termos de diagnóstico. É de referir que foi em 1987, o ano em que se substituiu a fonte radioactiva por ampolas de RX nascendo a Absorciometria Bi – fotónica por RX (DEXA), estando então resolvido o problema do decaimento radioactivo. O feixe duplo de energia é conseguido através da alternância consecutiva de emissão de dois feixes com duas energias distintas, ou através de feixe de energia constante com filtragem de forma que se produzam feixes com duas energias diferentes. Inicialmente o feixe de RX era em Lápis para um único detector, mas hoje em dia já existem equipamentos com emissão de feixe em Leque para detectores múltiplos (Serviço de Medicina Nuclear, 2000). Nos aparelhos do tipo DEXA a imagem é de qualidade superior, a dose de radiação é baixa (aproximadamente 40 vezes menos do que um RX do tórax), os tempos de aquisição são curtos, elevados níveis de precisão e exactidão e fonte de emissão de radiação de longa duração. Com estes aparelhos tornaram-se possíveis estudos densitométricos da coluna lombar, colo do fémur, antebraço distal e corpo inteiro, sendo possível tomar medidas de profilaxia e terapêutica para a osteoporose em tempo útil (Cardal, 2002). 26 Capítulo II. Fundamentação teórica 2.2.1.2. Princípios de Funcionamento e Formação de Imagem Os principais aparelhos usados hoje em dia são do tipo DEXA (Figura 10), cujo princípio fundamental é a medição da transmissão de RX de duas energias fotónicas diferentes através do organismo. Isto permite quantificar as massas de dois tipos de tecido, osso e partes moles (Serviço de Medicina Nuclear, 2000). a) Feixe em Leque b)Feixe em Pincel Fonte: Adaptado do Serviço de Medicina Nuclear (2000: 68) Figura 10 – Exemplo do funcionamento de um equipamento de DEXA Quanto ao Funcionamento dos equipamentos de “Feixe em Lápis”: são os mais antigos do tipo DEXA e os mais largamente utilizados. Nestes aparelhos a emissão de RX é em forma de “Lápis” para um único detector. A emissão de RX comuta entre duas energias distintas (melhorando desta forma a diferenciação do osso e das diferentes densidades de tecidos moles). Dependendo do fabricante, há duas formas possíveis de obter uma emissão de RX Duo – energética. Uma das formas é a alternância consecutiva da emissão de feixes de RX de 70 e 140 KV, mas como existem flutuações de energia devido a esta comutação, é feita uma calibração colocando um disco de calibração no local da emissão de RX. Uma outra forma de obter uma emissão de RX Duo – energética, consiste na emissão constante de RX Mono – energético, procedendose à sua filtragem através de filtros com características específicas de absorção, obtendo-se assim emissão Duo – energética. Nos equipamentos de “Feixe em Lápis” a Ampola de RX, que se situa sob a mesa onde se deita o paciente, e o detector, que se localiza numa coluna que se desloca sobre o paciente, executam movimentos laterais sincronizados perfazendo uma linha de aquisição, movendo-se então longitudinalmente 27 Capítulo II. Fundamentação teórica (1 pixel) para executar outra linha de aquisição anexa à anterior (Serviço de Medicina Nuclear, 2000). Quanto ao Funcionamento dos equipamentos de “Feixe em Leque”: neste tipo de equipamentos existem vários detectores na coluna que recebem a totalidade do feixe. Desta forma, uma linha de aquisição é adquirida de uma só vez sem movimentos laterais, executando o conjunto ampola – detectores apenas movimentos longitudinais. Com este tipo de equipamento a exposição é maior do que nos equipamentos com emissão de RX por “Feixe em Lápis”, mas a qualidade e fiabilidade do exame é superior (Serviço de Medicina Nuclear, 2000). 2.2.1.3. Constituição de um Equipamento de Densitometria Óssea Radiológica Todos os equipamentos de DEXA são constituídos por duas unidades fundamentais: um conjunto formado pela mesa, onde se posiciona o doente e na qual estão incorporadas a fonte de RX e o sistema de detecção que pode ser de um ou mais detectores, conforme se trate de um feixe de RX único ou em leque, que se movem sincronizadamente ao longo do paciente; uma unidade de processamento, arquivo, visualização e impressão de imagens, constituída por um computador, um monitor e uma impressora e existem ainda os acessórios, fantoma e apoios de posicionamento (Manual de Equipamento da Lunar, 2007). 2.2.1.4. Locais a Avaliar Os aparelhos de DEXA permitem avaliar a densidade mineral óssea em vários locais. Esse local a avaliar depende quase completamente do componente ósseo (trabecular, cortical ou ambos), que temos mais interesse a analisar. O (Quadro 4), inclui de uma forma geral, onde cada tipo de osso é predominantemente encontrado. 28 Capítulo II. Fundamentação teórica Quadro 4 – Componente Óssea por Estrutura Proporções de Componentes Ósseos Analisados Local Avaliado Rádio médio Distal Coluna AP Col. Lateral QCT Neck Ward Trocânter Calcâneo % Trabecular % Cortical 0 75 66 100 100 25 100 50 100 100 25 34 0 0 75 0 50 0 Fonte: Adaptado de Queiroz (1998: 53) A escolha do local depende largamente de critérios clínicos. Assim, se o doente em questão, é por exemplo, uma mulher na pós – menopausa recente, onde o osso trabecular é o mais precocemente atingido, tem interesse a análise a nível da coluna lombar. No entanto, se o paciente for mais idoso, ou se existem factores de erro prováveis, na análise da coluna lombar (fracturas ou escoliose), terá mais interesse analisar o osso trabecular a nível do rádio (porção distal). A avaliação do osso cortical, feita a partir do estudo do colo do fémur, tem especial interesse quando: os pacientes são de idade bastante avançada, pois neste caso, o osso cortical também já foi atingido (causas associadas a este processo são o hiperparatiroidismo, a insuficiência renal e a utilização de anticonvulsionantes). Deve-se ter em conta que este exame também fornece um avaliação do risco fractuário do local que se está a avaliar, ou seja, se quiser saber, por exemplo, qual o risco de determinado doente tem de fracturar uma vértebra, então deve-se ter acesso à densidade mineral óssea da coluna lombar. Assim conclui-se, que a escolha do local a avaliar, depende de vários factores, que se interligam, mas que se devem sempre ter em conta (Queiroz, 1998). 2.2.1.5. Interpretação da Densitometria Óssea Radiológica Nos dois tipos de equipamentos o feixe de RX é captado pelo detector ou detectores, e, através das diferentes atenuações o computador efectua cálculos matemáticos, calculando-se assim, automaticamente a: BMC (Bone Mineral Content), o conteúdo mineral ósseo expresso em gramas, da região anatómica avaliada; Área, tem a 29 Capítulo II. Fundamentação teórica ver com as dimensões da referida região e expressa-se em cm2 e a BMD (Bone Mineral Density), a densidade mineral óssea, expressa em gramas/cm2. Resultam da razão entre o BMC e a área. Na verdade, não é uma densidade volumétrica, mas uma densidade extrapolada de uma área. É este o parâmetro que tem mais interesse para a quantificação da osteoporose (Mkgarry & Kiel, 2001). A Densidade Mineral Óssea (DMO) encontrada para esse referido exame é comparada com uma curva de pessoas consideradas normais. Desta comparação resultam dois índices de extrema importância (Quadro 5). Quadro 5 – Índices de uma Densitometria Óssea Radiológica BMC Conteúdo mineral ósseo (g) BMD Densidade Mineral óssea (g/cm2) Índice Z Comparação da BMD do paciente com o valor médio para pessoas da mesma idade e sexo. Índice T Comparação da BMD do paciente com um valor de pico médio para adultos jovens saudáveis do mesmo sexo. Fonte: Adaptado de Mkgarry & Kiel (2001: 55) Em termos de diagnóstico a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a seguinte classificação (Quadro 6): Quadro 6 – Diagnóstico de Osteoporose ÍNDICE T Classificação > -1 Normal Entre -1e -2,5 Osteopenia <-2,5 Osteoporose Fonte: Adaptado de Mkgarry & Kiel (2001: 56) 2.2.2. Contribuição da Densitometria Óssea Radiológica para a Prevenção e Tratamento da Osteoporose Apesar de existirem outros métodos de medição de massa óssea, a DEXA é a técnica mais disponível actualmente, apresentando vantagens importantes relativamente 30 Capítulo II. Fundamentação teórica a outros métodos como maior rapidez (à custa de maior intensidade do feixe), menor dose de radiação (feixe de dimensões reduzidas) e melhor qualidade de imagem, permitindo a medição de todas as regiões do esqueleto (Queiroz, 1998; Silva, 2003). Como método que permite quantificar a densidade óssea, a DEXA torna-se extremamente vital no diagnóstico precoce, bem como na evolução da osteoporose (Queiroz, 1998). Na prática clínica, a DEXA pode ser de maior utilidade, porque mede a densidade mineral óssea na anca, coluna, extremidade distal do antebraço, e tem maior precisão preditiva para fracturas nesses locais. Esta permite distinguir a osteopenia da osteoporose, sendo que na primeira existe uma diminuição da massa óssea sem haver destruição do tecido. Além disso, a DEXA permite aos médicos seguir a resposta do doente à terapêutica, pois são utilizadas baixas doses de radiação (equivalentes a um décimo de uma radiografia de um tórax normal), o que é importante para os doentes, nomeadamente mulheres que repetem pelo menos uma vez o exame para avaliar a eficácia do tratamento (Mkgarry & Kiel, 2001). Tendo em conta que a modificação da massa óssea é um processo lento e que existe uma variabilidade do próprio aparelho (ainda que pequena), não vale a pena repetir a densitometria com intervalo inferior a 12 meses na coluna e a 18 meses no fémur proximal. A única excepção é o doente portador de uma situação biológica que faça prever uma modificação dramática num curto espaço de tempo, como por exemplo, tratamento de osteomalácia, mieloma múltiplo, hipertiroidismo, introdução de corticoterapia, entre outros (Silva, 2003). 2.2.3. Vantagens e Limitações da Densitometria Óssea Radiológica A densitometria óssea radiológica permite identificar três categorias diagnósticas (normal, osteopenia e osteoporose). Confere ainda um valor prognóstico ao avaliar o risco de fractura (para cada desvio - padrão de diminuição, duplica o risco de fractura). No entanto a DEXA, é um método de baixa sensibilidade, pelo que deve ser utilizada para identificar o indivíduo em risco e não para rastreio populacional indiscriminado. A boa utilização e interpretação da DEXA permite aumentar a sua sensibilidade, utilizar adequadamente os recursos disponíveis e identificar os indivíduos que mais beneficiarão de uma intervenção terapêutica (Tavares et al., 2007). 31 Capítulo II. Fundamentação teórica Como qualquer outra técnica apresenta, naturalmente, vantagens e limitações. Como vantagens referem-se: Precisão, consistindo na reprodutibilidade dos valores obtidos quando se mede sucessivamente grandezas com o mesmo valor. Para tal é necessária uma elevada qualificação e rigor de quem realiza o exame, sendo também necessário que se façam ao aparelho as calibrações, através de um fantoma e revisões necessárias. A precisão expressa-se normalmente no quociente de variação, em percentagem, pelo que a mesma é tanto maior quanto menor for o quociente de variação; Exactidão, consistindo na diferença entre o valor obtido e o valor real, devendo a diferença ser mínima; Poder discriminativo de osteoporose; Avaliação do risco fracturário; Variação com a idade/terapêutica e Artefactos e factores de erro (Queiroz, 1998). Como limitações na qualidade da imagem, destacam-se os pacientes que apresentam: Alterações vertebrais [fracturas (colapsos), osteófitos, escoliose e artrose das articulações posteriores]; Alterações extra – vertebrais (calcificações vasculares, cálculos renais, calcificações de tendões e material de osteossíntese); Peso excessivo; Artefactos (próteses); Artefactos de movimento durante o exame; Conteúdo medular em gordura e Alterações do peso (composição corporal, espessura da pele e distância da fonte de RX). Estas alterações estruturais dos pacientes, poderão levar a diagnósticos pouco precisos (Queiroz, 1998). Devido ao facto de ser um exame relativamente caro, tem que haver critérios para o solicitar. A presença de um factor de risco ”maior”, ou de 2 “menores” para a osteoporose, sustenta a indicação para a requisição de uma DEXA. A idade, só por si, é considerada um factor de risco maior, nas mulheres acima dos 65 anos e, nos homens acima dos 70 anos (Tavares et al., 2007; Romeu, 2008). São considerados Riscos “Maiores”: idade superior a 65 anos; fractura vertebral prévia; fractura de fragilidade depois dos 40 anos; história de fractura da anca num dos progenitores; terapêutica corticóide sistémica com mais de 3 anos de duração; menopausa precoce (<40 anos); hipogonadismo; hiperparatiroidismo primário e propensão para quedas aumentada. São considerados Riscos “Menores”: Artrite reumatóide; história de hipertiroidismo clínico; terapêutica crónica com anti – epilépticos; baixo consumo de cálcio; tabagismo; consumo excessivo de cafeína; Índice de massa corporal (IMC) menor do que 19 Kg/m2; perda de peso superior a 10% relativamente ao peso do 32 Capítulo II. Fundamentação teórica indivíduo aos 25 anos; terapêutica crónica com heparina e imobilização prolongada (Tavares et al., 2007). Apesar de se poder considerar como uma doença maioritariamente feminina, existem algumas diferenças entre a osteoporose masculina e feminina, que se devem explicar, nomeadamente a relação entre a densidade mineral óssea que é mais baixa no homem e o risco de fractura é menos evidente e também a prevalência de risco e de causas secundárias é elevada abaixo dos 65 anos de idade, pelo que no homem, o pedido de uma DEXA deve considerar: Idade superior a 70 anos; má nutrição; corticoterapia; história de fractura não traumática depois dos 40 anos; perda de altura e cifose acentuada; hipogonadismo; testosterona; elevado consumo de álcool e osteopenia radiológica (Queiroz, 1998; Tavares et al., 2007). Descritas as condições tecnológicas do equipamento e o grupo típico de potenciais utentes no ponto subsequente faz-se uma apreciação (Quadro 7) do perfil dos utentes a quem deve ser pedido a realização de um exame de densitometria óssea radiológica: Quadro 7 – Perfil dos utentes que devem realizar uma DEXA “RISCOS MAIORES” “RISCOS MENORES” Mulher com idade superior a 65 anos Artrite Reumatóide Homem com idade superior a 70 anos Terapêutica crónica com anti - epiléticos História de fractura de fragilidade depois dos 40 anos Baixo Consumo de Cálcio História de osteoporose num dos progenitores Tabagismo e excesso de álcool e de cafeína Corticoterapia superior a 3 anos Índice de Massa Corporal menor que 19 Kg/m2. Menopausa Precoce Perda de peso superior a 10% relativamente ao peso do indivíduo aos 25 anos Hipogonadismo Terapêutica Crónica com heparina Hiperparatiroidismo Primário Imobilização prolongada Propensão para quedas aumentada A realização de uma densitometria óssea radiológica deve preferencialmente ser feita em utentes que apresentem um “risco maior” ou dois “menores”, no entanto a maior parte destes exames é pedida a mulheres na pós - menopausa, pelo facto da osteoporose ser considerada uma doença potencialmente feminina. 33 Capítulo II. Fundamentação teórica 2.3. ENQUADRAMENTO DA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA Tal como se descreveu anteriormente, a instalação deste tipo de equipamento relaciona-se de forma directa com as características sócio – económicas da população a servir, sempre numa perspectiva de conforto e melhoria da qualidade. Inerente à decisão de instalar o equipamento deve estar uma análise estrutural do tipo descrita na Figura 11. FACTORES SÓCIO-DEMOGRÁFICOS Características da população Idade; Sexo; Isenção; Área de Residência; Especialidade que requer o exame; Rendimento do Agregado; Nº do Agregado Familiar CONFORTO/ QUALIDADE DE VIDA IMPLEMENTAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE DENSITOMETRIA ÓSSEA RADIOLÓGICA FACTORES SOCIOECONÓMICOS Nº de Exames realizados; Mês da realização do exame; Distâncias em Km á realização do exame; Comparticipação à deslocação dos utentes; Custo do Exame. Figura 11 – Estrutura da Investigação Empírica 34 CAPÍTULO III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela 3.1. DADOS E METODOLOGIAS DA ANÁLISE Para uma decisão que envolve custos afundados (irrecuperáveis) e custos fixos é fundamental que haja uma correcta avaliação dos custos e benefícios económicosociais, não apenas financeiros, o que exige um trabalho científico de recolha e análise de dados. O conceito de metodologia é definido como o caminho para atingir um objectivo e compreende um conjunto de actividades sistemáticas e racionais, que permitem economizar recursos humanos e materiais, dando ao mesmo tempo a orientação necessária para percorrer esse caminho e alcançar o objectivo pretendido (Neto, 2003). O método científico “ é um instrumento para a sondagem da realidade, formado por um conjunto de procedimentos, através dos quais os problemas científicos são formulados e as hipóteses científicas examinadas. É uma orientação que facilita ao investigador o planeamento da sua investigação, a formulação de hipóteses, a realização de experiências e a interpretação dos seus resultados, ou seja, representa a estratégia da investigação a adoptar” (Barañano, 2004: 22). Neste capítulo pretendemos descrever a metodologia utilizada ao longo da investigação empírica. Encontraremos, assim, ao longo do mesmo a referência ao tipo de estudo, as questões de investigação, a população e as variáveis em estudo. Segue-se a descrição do método da recolha de dados e os procedimentos éticos. Por fim, descrevese o tratamento estatístico dos dados e a viabilidade económica da implementação do equipamento de DEXA na Unidade de Mirandela. Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela 3.1.1. Tipo de Estudo Como pretendemos descrever as características de uma determinada população (os utentes a quem foi pedido a realização de uma densitometria óssea radiológica) e analisar as relações e a influência destas no impacto social para a saúde da população com a instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica, no CHNE, na Unidade de Mirandela, a decisão foi de enveredar por um estudo descritivo de carácter exploratório (Fortin, 1999). Por outro lado, trata-se também de um estudo com a vertente económica, no sentido de verificar, de forma simples, a viabilidade económica da instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica, no CHNE, na Unidade de Mirandela, com base na rentabilização por exame (custo por exame), o número de exames pedidos ao exterior, o custo do equipamento de densitometria óssea, a distribuição dos exames ao longo do ano, bem como o subsídio da deslocação dos doentes para a realização do mesmo. 3.1.2. Questões de Investigação A elaboração de questões de investigação constitui uma etapa fundamental em qualquer trabalho de investigação, dado que estas direccionam a recolha dos dados e a interpretação dos resultados e devem ser formuladas antes de se iniciar o estudo, objectivando a metodologia científica (Fortin, 1999). No presente estudo, e de acordo com a população alvo, tendo em mente avaliar a viabilidade económica para a instalação do equipamento de densitometria óssea radiológica, no CHNE, na Unidade de Mirandela, formularam-se as seguintes questões de investigação: Será que as características da população alvo (o sexo, a idade, a área de residência e a isenção), o mês da realização do exame, bem como a especialidade que requer o exame têm influência na instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica, no CHNE, na Unidade de Mirandela e no conforto/qualidade de vida que isso traria para a saúde da população? 36 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Será que a distância/subsídio da deslocação dos utentes para a realização dos exames de densitometria óssea radiológica, o custo e o número de pedidos de exames que se vão realizar fora da área de residência interferem na viabilidade económica da instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica, no CHNE, na Unidade de Mirandela, bem como no conforto/qualidade de vida que isso traria para a saúde da população? Será que o orçamento do equipamento e os custos inerentes à instalação e funcionamento deste tem influência na instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica, no CHNE, na Unidade de Mirandela? Foram estas, entre outras, algumas das nossas questões de partida para esta investigação. A todas tentaremos responder ao longo do estudo. 3.1.3. População e Amostra do Estudo A população em estudo é um conjunto de sujeitos que partilham características comuns e que satisfazem os critérios de selecção definidos antecipadamente e para os quais se deseja fazer generalizações, a fim de especificar o grupo que serve de base à pesquisa que se pretende efectuar (Polit & Hungler, 1995). Neste estudo a população são todos os indivíduos residentes no distrito de Bragança, e que já tenham realizado, pelo menos um exame de densitometria óssea radiológica. Na impossibilidade de os analisarmos a todos foi constituída uma amostra de todos os utentes que se dirigiram ao CHNE, bem como aos Centros de Saúde do distrito de Bragança, durante o ano de 2007 e a quem foi pedido a realização de uma/duas densitometrias ósseas radiológicas. 3.1.4. Variáveis As variáveis são “…qualidades, propriedades ou características de objectos, de pessoas ou de situações que são estudadas numa investigação…” (Fortin, 1999: 36). Em termos determinísticos quando é de relação causa – efeito surge a variável dependente ou explicada e as variáveis independentes ou explicativas. Estes dois 37 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela conjuntos de variáveis são normalmente utilizados nos chamados modelos de regressão. Se a análise incidir apenas na análise estatística univariada ou multivariada, a separação entre a variável explicada e explicativas é irrelevante. 3.1.4.1. Variável Dependente A variável dependente “…é a que sofre o efeito esperado da variável independente: é o comportamento, a resposta, ou o resultado observado que é devido à presença da variável independente” (Fortin, 1999: 37). A variável dependente mede o fenómeno que se estuda e que se quer explicar. São aquelas cujos efeitos são esperados de acordo com as causas. Situam-se habitualmente no fim do processo causal, e são sempre definidas na hipótese ou na questão de investigação. Por exemplo, este estudo pode considerar como variável dependente ou explicada, o Custo total pago pelo Estado com o exame (custo com exame mais subsídio de transporte, em euros). 3.1.4.2. Variáveis Independentes Para Fortin (1999: 37) “a variável independente é a que o investigador manipula num estudo experimental para medir o seu efeito na variável dependente”. As variáveis independentes são aquelas variáveis candidatas a explicar a (s) variável (eis) dependente (s), cujos efeitos queremos medir. No presente trabalho, a preocupação incide sobretudo, na análise das características sócio – demográficas da população alvo, pelo que podem ser consideradas as seguintes variáveis independentes ou explicativas: Sexo; Idade; Área de Residência; Isenção; Especialidade que requer o exame; 38 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela O n.º do Agregado Familiar; O Rendimento do Agregado Familiar; A distância em Km que os doentes têm que percorrer para a realização do exame; O subsídio ou a comparticipação à deslocação dos doentes para a realização do exame; Mês de realização do exame; O custo do exame; O orçamento do equipamento de uma densitometia óssea radiológica; Os custos inerentes à instalação e funcionamento de uma densitometia óssea radiológica. Por surgirem dificuldades na recolha de informação não foram operacionalizadas as variáveis conforto e qualidade de vida que poderiam ser alcançadas com a não deslocazilação dos utentes para a realização dos exames. Também não foram operacionalizadas as variáveis do rendimento do agregado e do n.º do agregado familiar uma vez que não se encontraram disponíveis nos arquivos dos serviços os elementos necessários à caracterização das mesmas. 3.1.5. Recolha dos Dados Segundo Barañano “os dados a utilizar podem ser obtidos a partir de estatísticas já existentes, dados secundários, ou podem ser criados, serão então os dados primários. Os dados secundários são dados previamente recolhidos por outros investigadores ou instituições e com objectivos diferentes dos dos posteriores utilizadores” (Barañano; 2004: 79). Neste estudo foram recolhidos dados secundários. As informações necessárias para a recolha de dados estatísticos foram facultadas pelos Serviços de Estatística do CHNE, bem como da Sub - Região de Saúde de Bragança, entidade responsável pelos centros de saúde do distrito de Bragança. Estes dados não se encontravam 39 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela informatizados pelo que tiveram que ser recolhidos manualmente através da consulta de caixas arquivadas com os dados em questão. Foram consultados dados (que não se encontravam informatizados), sobre as características da população alvo, tais como o sexo, a idade, a isenção e a área de residência, a distância/subsídio da deslocação dos doentes para a realização do exame, o número de exames pedidos ao exterior, a distribuição dos exames ao longo dos meses do ano e a especialidade que requer o exame. Como já tivemos oportunidade de referir, não foi possível verificar o rendimento nem o número do agregado familiar por falta de dados existentes. Relativamente à Isenção, foram consideradas duas situações: os utentes que por estarem aposentados e /ou de baixo rendimento não pagam a taxa do exame de densitometria óssea e ainda recebem o subsídio da deslocação para a realização do exame e os utentes não isentos, ou seja de classes sociais de maior rendimento, que pagam a taxa do exame, mas também têm direito ao subsídio de deslocação para a realização deste. Foi feito um pedido de uma proposta orçamental para a aquisição de um equipamento de densitometria óssea radiológica, bem como o orçamento de um técnico de radiologia, durante um ano, para a instituição CHNE. A informação sobre o tema em questão, nomeadamente sobre osteoporose, meios complementares de diagnóstico e densitometria óssea radiológica, necessária para a fundamentação teórica foi recolhida de manuais, revistas, artigos científicos, dissertações de mestrado e doutoramento, publicados, quer em suporte papel, quer disponíveis em sites da internet. 3.1.6. Procedimentos Éticos Para proceder à recolha dos dados estatísticos secundários, necessários para a elaboração da dissertação foi feito o pedido de autorização prévia ao Conselho de Administração do CHNE, bem como à directora da Sub – Região de Saúde de Bragança. Os pedidos para a realização do estudo foram aceites e autorizados (Anexos I e II). 40 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Foi ainda pedido o orçamento de aquisição e de manutenção de dois equipamentos de densitometria óssea radiológica à empresa General Electric, uma vez que esta empresa se tem revelado líder do mercado em Portugal, com este tipo de equipamento, nos últimos anos. No entanto, só nos foi enviado uma proposta orçamental (Anexo III). Foram ainda levantados os encargos financeiros para a instituição relativas à contratação de um técnico de radiologia, durante um ano junto da direcção de Recursos Humanos, do CHNE (Anexo IV). 3.17. Tratamento Estatístico dos Dados Após a recolha dos dados, foi necessário proceder ao tratamento e apresentação dos resultados obtidos. A fiabilidade dos dados obtidos poderá ser influenciada directamente pela complexidade dos dados a recolher, pelo que a utilização de métodos e técnicas específicas se torna indispensável. Segundo Pestana & Gageiro “a estatística é um instrumento matemático necessário para recolher, organizar, apresentar e interpretar dados” (Pestana & Gageiro, 2003: 31). O tratamento dos dados obtidos foi efectuado através de métodos informáticos, utilizando o programa SPSS 16.0 (Statistical Package for the Social Sciences), com o qual elaborámos uma matriz de base de dados (Anexo V). A análise estatística compreendeu, numa primeira fase, uma análise descritiva, com valores das frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central (média) e medidas de dispersão (desvio - padrão). Na análise à estatística inferencial utilizada, para verificação das hipóteses em estudo, recorreu-se ao Teste de independência do Qui – Quadrado (X 2) ou de Pearson, ao nível de significância de 5%, valor habitualmente utilizado em estudos semelhantes. Na aplicação do teste Qui – Quadrado, são consideradas duas hipóteses: H0 – Hipótese Nula e H1 – Hipótese Alternativa. O Qui – Quadrado é calculado com base na tabela de distribuição do Qui – Quadrado. A partir desses critérios, aceita-se H1, quando o valor p, nível de significância, (probabilidade associada ao X2 for menor ou igual a 5% (p ≤ 0,05). Aceita-se H0 e rejeita-se H1 quando o valor de p for superior a 5% (p> 0,05), (Maroco, 2007). 41 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Este teste pressupõe que nenhuma célula da tabela tenha frequência esperada inferior a 1 e que não mais que 20% das células tenham frequência esperada inferior a 5 unidades. Em tabelas 2x2 alguns investigadores consideram ainda necessário não existir nenhuma célula com frequência esperada inferior a 5. Se os pressupostos do teste do Qui – Quadrado não forem garantidos, o nível de significância observado pode ser correcto ou enganador, dependendo respectivamente da pequena ou elevada contribuição das células com frequência inferior a 5 para o valor do teste do Qui – Quadrado (Pestana & Gajeiro, 2003). Quando se pede o Teste do Qui – Quadrado de Pearson, o SPSS apresenta simultaneamente outros testes nele baseados: Likelihood Ratio, Linear by Linear Association e o Fisher`s Exacte Test. As hipóteses nula e alternativa de cada um destes testes são as mesmas do teste de Pearson. O Linear by Linear Association é uma função do coeficiente de correlação de Pearson e aplica-se só para variáveis quantitativas (Pestana & Gajeiro, 2003). Para facilitar a interpretação dos resultados obtidos, estes serão apresentados através de gráficos e tabelas e antecedidos de um breve comentário: Os gráficos permitem uma descrição imediata do fenómeno, facilitando a visão do conjunto apenas com uma observação; As tabelas permitem a síntese dos dados observados, tornando-os logicamente mais compreensíveis (Lakatos & Marconi, 1996). O modelo estimado para verificar a influência no custo total suportado pelo Estado para a realização resultante de algumas variáveis sócio - económicas foi o modelo de regressão linear. Para se ter uma ideia da viabilidade económica da instalação do equipamento de densitometria óssea radiológica, na unidade de Mirandela, estimou-se o “Ponto Crítico das Vendas”. 42 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela 3.2. CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE DENSITOMETRIA ÓSSEA RADIOLÓGICA 3.2.1. Apresentação dos Resultados Neste ponto começamos pela caracterização geral da amostra em estudo, com o objectivo de tentar perceber e identificar os factores sócio – demográficos que possam contribuir ou não para a implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela, bem como o conforto/qualidade de vida que isso traria para a população do Nordeste Transmontano. A população alvo deste estudo é constituída pelo número de utentes que se dirigiram ao CHNE, bem como aos Centros de Saúde do distrito de Bragança, durante o ano de 2007 e a quem foi pedido a realização de uma/duas densitometrias ósseas radiológicas. A amostra recolhida foi de 616 utentes no total. 3.2.2. Caracterização Geral da Amostra e Factores sócio - demográficos A) SEXO Dos 616 utentes que constituem a amostra da população em estudo, 604 (98,1%), são do sexo feminino, enquanto que apenas 12 (1,9%), são do sexo masculino. Esta distribuição confirma o expresso em estudos anteriores, sendo dominante o peso das mulheres. Quadro 8 – Quadro de Distribuição do Sexo Sexo Frequência Percentagem(%) % Acumulada Masculino 12 1,9 1,9 Feminino 604 98,1 100 Total 616 100 43 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela B) IDADE No que diz respeito à idade, verificamos que a média de idades da população que constitui a amostra foi de 59 anos, sendo a idade mínima de 26 anos e a idade máxima de 84 anos, com uma elevada concentração á volta da média. Quadro 9 – Quadro de Caracterização das Idades da Amostra Nº Total da Amostra Mínima Máxima Média Desvio Padrão 616 26 84 59,15 9,979 Idade Relativamente às classes etárias da população que constituem a amostra pode-se observar que a classe etária com o maior número de exames realizados foi, de acordo com a expectativa, a classe entre os 55 e os 65 anos de idade com 223 utentes e que a classe que realizou menos exames foi a compreendida entre os 25 e os 35 anos de idade, tal como era previsível, são as classes etárias em que a doença começa a surgir, que mais recorrem ao exame. Quadro 10 – Quadro de Caracterização das Classes Etárias Classes Etárias Frequência Percentagem (%) % Acumulada 25-35 9 1,5 1,5 36-45 31 5,0 6,5 46-55 182 29,5 36,0 56-65 226 36,7 72,7 66-75 134 21,8 94,5 76-85 34 5,5 100 Total 616 100 100 Frequência 250 200 150 100 50 0 226 182 134 Frequência 9 25-35 34 31 36-45 46-55 56-65 66-75 76-85 Gráfico 1 – Gráfico de Caracterização das Classes Etárias 44 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela C) ISENÇÃO Quanto à isenção, constatamos que 294 (47,7%), pessoas da população em estudo são isentas e que 322 (52,3%), não o são, o que revela alguma homogeneidade nos resultados obtidos, ou seja há equilíbrio entre a percentagem da população aposentada e/ou de baixo rendimento e classes sociais de maior rendimento. Quadro 11 – Quadro de Distribuição da Isenção Isenção Sim Não Total Frequência 294 322 Percentagem(%) 47,7 52,3 % Acumulada 47,7 100 616 100 100 D) RESIDÊNCIA Pode-se verificar que da população alvo estudada o maior número de pessoas eram provenientes da área de Mirandela com 226 (36,7%) e o menor proveniente da área de residência de Vimioso com 3 (0,5%), o que também vai de encontro com os dados recolhidos, uma vez que Mirandela é o concelho do distrito de Bragança com maior densidade populacional e o segundo com maior população residente, nomeadamente mulheres entre os 25 e os 64 anos de idade e concelho de Vimioso, o concelho com menor densidade populacional e menor população residente. Quadro 12 – Quadro de Distribuição da Área de Residência Área de Residência Alfandega Bragança Carrazeda Freixo Macedo Miranda Mirandela Mogadouro Moncorvo Vila Flor Vimioso Vinhais Total Densidade Populacional População Residente 17,4 29,6 25,5 16,2 24,5 15,6 39 14 17,4 28,9 10,5 14,2 5611 34712 7134 3960 17117 7611 25724 10677 9272 7688 5065 9896 Mulheres Residentes 25-64 Anos 1355 9619 1701 917 4428 1885 6834 2581 2148 2009 1185 2409 Frequência da Amostra % da Amostra 10 80 60 8 56 10 226 12 47 87 3 17 616 1,6 13,0 9,7 1,3 9,1 1,6 36,7 1,9 7,6 14,1 0,5 2,8 100 % Acumulada da Amostra 1,6 14,6 24,3 25,6 34,7 36,4 73,1 75 82,6 96,8 97,2 100 100 Fonte: Anuário do Instituto Nacional de Estatística de 2006 45 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Gráfico 2 – Gráfico de Distribuição da Área de Residência E) ESPECIALIDADE Quanto à Especialidade que requereu as densitometrias ósseas radiológicas, pode-se observar que o maior número de requisições foram pedidas através da Medicina Familiar, nos centros de saúde, com 523 (84,6%) dos pedidos efectuados, e as restantes são requisitadas ao nível da consulta da especialidade do CHNE, destacando-se a Medicina Interna com o maior número de pedidos 44 (7,1%), dentro das requisições das consultas hospitalares. Quadro 13 – Quadro de Distribuição da Especialidade que requer o exame Especialidade Frequência % % Acumulada Medicina Familiar 523 84,6 84,5 Ortopedia 10 1,6 86,5 Medicina Interna 44 7,1 93,7 Ginecologia 20 3,2 96,9 Cirurgia 18 2,9 99,8 Traumatologia 1 0,2 100 616 100 Total 46 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Gráfico 3 – Gráfico de Distribuição da Especialidade que requer o exame F) N º DE EXAMES REALIZADOS Das 616 pessoas que realizaram o exame, 539 (87,5%), realizaram duas densitometrias ósseas radiológicas (por norma à região da coluna lombar e ao colo femural) enquanto que apenas 77 (12,5%) efectuaram apenas uma densitometria (normalmente apenas à coluna lombar). Quadro 14 – Quadro de Distribuição do Nº de Exames Realizados Nº de Exames Realizados Frequência % % Acumulada 1 77 12,5 12,5 2 539 87,5 100 Total 616 100 G) MÊS DA REALIZAÇÃO DO EXAME Quanto ao mês da realização do exame, pode-se constatar que existe alguma homogeneidade na realização dos exames de densitometria óssea radiológica ao longo do ano, no entanto podem -se salientar o mês de Julho 76 (12,3%), com o maior número de exames realizados e os meses de Fevereiro e Maio com o menor número de exames efectuados 38 (6,2%). 47 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Quadro 15 – Quadro de Distribuição do Mês de Realização dos exames Mês de Realização do Exame Frequência % % Acumulada Janeiro 55 8,9 8,9 Fevereiro 38 6,2 15,1 Março 43 7 22,1 Abril 68 11 33,1 Maio 38 6,2 39,3 Junho 39 6,3 45,6 Julho 76 12,3 58 Agosto 39 6,3 64,3 Setembro 57 9,3 73,5 Outubro 58 9,4 83 Novembro 58 9,4 92,4 Dezembro 47 7,6 100 Total 616 100 Gráfico 4 – Gráfico de Distribuição do Mês de realização dos exames H) DESLOCAÇÃO Relativamente à distância que os utentes tiveram que se deslocar para realizar as densitometrias ósseas radiológicas foi possível verificar que a distância máxima percorrida foi de 264 km enquanto que a menor foi de 62 km, com uma média de 135,99 km e um desvio padrão de 60,75 Km. Esta distância percorrida corresponde à distância da área de residência do utente até à clínica onde este realizou o exame, que varia de acordo com o local com os quais os centros de saúde do distrito de Bragança e o CHNE têm acordos, ou para onde 48 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela costumam enviar ou sugerir aos utentes que realizem a/as densitometrias ósseas radiológicas. O CHNE por norma envia os pedidos de densitometria óssea radiológica para a clínica Clipóvoa, em Amarante. Os centros de saúde enviam para diversos locais dependendo do acordo existente: Mirandela, Freixo de Espada à Cinta – Dr. Massa, em Vila Real; Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro, Miranda do Douro, Bragança – Clipóvoa, em Amarante; Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vinhais e Vimioso – para a GAER, ou para a clínica Pinto Leite, para o Porto. Claro está que existe livre arbítrio do utente realizar o exame onde desejar, mas por norma seguem o conselho do médico prescritor. Quadro 16 – Quadro de Distribuição da Distância em Km da morada à realização do exame Nº Total da Amostra Distância em Km da morada ao exame 616 Mínima Máxima Média Desvio Padrão 62 264 135,99 60,75 I) SUBSÍDIO DE DESLOCAÇÃO Relativamente ao subsídio da deslocação do utente em euros à realização do exame, suportado pela instituição, este valor é proporcional e está directamente relacionado com a distância percorrida pelo utente da sua área de residência até ao local da realização do exame, pelo que pode-se verificar que o custo máximo foi de 30,73 €, e mínimo de 6,3 €, com uma média de 15,48 € e um desvio padrão de 7,68. Este subsídio é calculado de acordo com a tabela de preços dos transportes públicos, ou seja, é suportado apenas o custo de um bilhete de autocarro, da área de residência até ao local de realização do exame. A nível do centro hospitalar, por vezes os doentes são transportados, apenas por indicação médica, por transporte hospitalar ou pelas ambulâncias. Quadro 17 – Quadro de Distribuição do Subsídio da deslocação em euros à realização do exame Nº Total da Amostra Custo da deslocação realização do exame em € à 616 Mínima Máxima Média Desvio Padrão 6,3 30,73 15,48 7,68 49 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela 3.2.3. Comparação entre Grupos O conteúdo do Quadro 18, permite detectar diferenças significativas (p=0,01), pois os grupos etários a quem foram pedidos mais exames de densitometria óssea radiológica, nomeadamente 1/ 2 exames, foram os grupos etários compreendidos entre os 56 – 65 anos de idade com 36,7% dos pedidos e o grupo etário dos 46 – 55 anos de idade com 29, 5% dos pedidos efectuados. Quadro 18 – Quadro de Relação do Grupo Etário com o Nº de Exames Realizados Número de Exames Realizados 25-35 Grupo Etário 36-45 46-55 56-65 66-75 76-85 Total 1 2 Total Nº 0 9 9 Total 0% 1,5% 1,5% Nº 4 27 31 Total 0,6% 4,4% 5% Nº 10 172 182 Total 1,6% 27,9% 29,5% Nº 34 192 226 Total 5,5% 31,2% 36,7% Nº 23 111 134 Total 3,7% 18% 21,8% Nº 6 28 34 Total 1% 4,5% 5,5% Nº 77 539 616 Total 12,5% 87,5% 100% Relativamente ao Sexo (Quadro 19) verifica-se ausência de relação entre esta variável e o nº de exames pedidos (p = 0,186). Apesar de se observar que o maior número de pedidos de exames é feito ao Sexo Feminino, e a amostra do Sexo Masculino ser relativamente pequena, na realidade o número de pedidos de um ou dois exames de densitometrias ósseas radiológicas são feitos de forma semelhante. 50 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Quadro 19 – Quadro de Relação do Sexo com o Nº de Exames Realizados N.º de Exames Realizados Sexo Masculino Feminino Total 1 2 Total N.º 3 9 12 % 0,5% 1,5% 1,9% N.º 74 530 604 % 12% 86% 98,1% N.º 77 539 616 % 12,5% 87,5% 100% Quanto à Isenção (Quadro 20) observaram-se valores muito semelhantes relativamente aos pedidos de exames, pelo que também não se registaram diferenças significativas (p = 0,76). Quadro 20 – Quadro de Relação da Isenção com o Nº de Exames Realizados N.º de Exames Realizados Sim Isenção Não Total 1 2 Total N. º 38 256 294 % 6,2% 1,5% 47,7% N.º 39 283 322 % 6,3% 86% 52,3% N.º 77 539 616 % 12,5% 87,5% 100% O Quadro 21 mostrou que existem diferenças notáveis entre a área de residência e o nº de exames pedidos (p = 0,00). Ao analisar os dados verificou-se que o maior número de pedidos na totalidade foi feito na área de residência de Mirandela com 36,7% dos pedidos, observando-se também que as únicas áreas de residência em que se pediu um exame foram nas áreas de residência de Macedo de Cavaleiros, Bragança e Mirandela, ou seja onde existe o Centro Hospitalar. 51 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Quadro 21 – Quadro de Relação da Área de Residência com o Nº de Exames Realizados N.º de Exames Realizados Alfândega da Fé Área de Residência 1 2 Total N.º 0 10 10 % 0% 1,6% 1,6% N.º 23 57 80 Bragança % 3,7% 9,3% 13% Carrazeda de Ansiães N.º 0 60 60 % 0% 9,7% 9,7% Freixo E. Cinta N.º 0 8 8 % 0% 1,3% 1,3% Macedo Cavaleiros N.º 30 26 56 % 4,9% 4,2% 9,1% Miranda Douro N.º 0 10 10 % 0% 1,6% 1,6% Mirandela N.º 24 202 226 % 3,9% 32,8% 36,7% N.º 0 12 12 % 0% 1,9% 1,9% N.º 0 47 47 % 0% 7,6% 7,6% N.º 0 87 87 % 0% 14,1% 14,1% N.º 0 3 3 % 0% 0,5% 0,5% N.º 0 17 17 % 0% 2,8% 2,8% N.º 77 539 616 % 12,5% 87,5% 100% Mogadouro Moncorvo Vila Flor Vimioso Vinhais Total Podemos constatar através do Quadro 22 que foi a especialidade de Medicina Familiar que pediu o maior número de exames com 85,1% dos pedidos, mas também que foram as especialidades existentes a nível do Centro Hospitalar que pediram apenas um exame de densitometria óssea radiológica com 12,5% dos pedidos. Devido à discrepância destes valores pode-se afirmar que foram encontradas diferenças significativas (p = 0,00). 52 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Quadro 22 – Quadro de Relação da Especialidade com o Nº de Exames Realizados N.º de Exames Realizados Cirurgia Ginecologia Medicina Familiar Especialidade Medicina Interna Ortopedia Traumatologia Total 1 2 Total N.º 16 0 16 % 2,6% 0% 2,6% N.º 8 15 23 % 1,3% 2,4% 3,7% N.º 0 524 524 % 0% 85,1% 85,1% N.º 41 0 41 % 6,7% 0% 6,7% N.º 11 0 11 % 1,8% 0% 1,8 % N.º 1 0 1 % 0,2% 0% 0,2% N.º 77 539 616 % 12,5% 87,5% 100% 3.3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A discussão dos resultados é parte fundamental do relatório de pesquisa, referente à análise dos dados obtidos. Como tal, neste ponto, procuraremos confrontar os resultados mais significativos, por nós obtidos, com as ideias de alguns autores, bem como, com resultados de outros estudos já efectuados. Os resultados obtidos permitiram constatar que as Classes Etárias com o maior número de pedidos de exames de densitometrias ósseas radiológicas foram as compreendidas entre os 46 – 55 anos de idade e os 56 – 65 anos de idade, onde foram encontradas diferenças significativas (p = 0,01), ou seja existe relação entre estas duas variáveis. Relativamente ao Sexo, apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas (p = 0,186), ou seja como o valor de p≥0,05 aceita-se a hipótese nula, pelo que parece não existir relação entre o Sexo e a forma de pedir 1/ 2 densitometrias ósseas radiológicas. É de salientar o elevado nº de pedidos de exames ao sexo feminino com 98,1% dos pedidos comparativamente ao sexo masculino com apenas 1,9% dos pedidos, 53 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela e que, devido a uma amostra tão reduzida do sexo masculino, não se podem excluir factores de erro que interferem nos resultados obtidos. Estes resultados vão de encontro com a literatura existente acerca da osteoporose, que diz que esta pode ser primária ( pós – menopaúsica ou senil e associada ao envelhecimento). Neste caso a osteoporose pós – menopaúsica surge entre os 50 e os 65 anos de idade e é mais frequente no sexo feminino (Queiroz, 1998). Por sua vez Moreira (2008), no seu estudo acerca de fracturas osteoporóticas do colo de fémur afirma que as taxas de incidência deste tipo de fracturas, para mulheres com 50 ou mais anos de idade, são mais elevadas nas regiões do Porto, Lisboa, Algarve, baixo Alentejo e grande parte do interior Norte e Centro. Alves (2004), no seu estudo também acerca de fracturas do colo do fémur vai mais longe e afirma que onde as taxas de incidência destas fracturas em mulheres são mais altas são o Algarve, os arredores de Lisboa e a região de Trás – os – Montes. Quanto à Isenção, observaram-se valores muito semelhante nos pedidos de exames pelo que não se registaram diferenças significativas (p = 0,76), ou seja como o valor de p é ≥0,05, aceita-se a hipótese nula, não existindo portanto relação entre a Isenção e o nº de pedidos de exames. Foi possível observar que existe relação entre a Área de Residência e o nº de pedidos de exames (p =0,00). Ao analisar os dados verificou-se o maior nº de pedidos na área de residência de Mirandela (36,7% da totalidade), enquanto as únicas áreas de residência em que se pediu um exame foram nas áreas de residência de Macedo de Cavaleiros, Bragança e Mirandela, ou seja onde existe o Centro Hospitalar. Por sua vez também é possível observar que existe uma relação entre o nº de pedidos de exame e a especialidade que requer o exame (p =0,00). O maior nº de pedidos de exames é feito ao nível da Medicina Familiar com 85,1% dos pedidos. Estes resultados vão de acordo novamente com a literatura, pois de acordo o Anuário do Instituto Nacional de Estatística de 2006, a área de Mirandela apresenta uma Densidade Populacional superior às outras áreas de residência com uma densidade populacional de 39, seguida de Bragança com 29 e Macedo de Cavaleiros com 24, e também o facto de a totalidade dos pedidos de um exame ser pedido a nível das consultas de especialidade, ou seja, onde existe o centro hospitalar, pois tornam os seus pedidos mais específicos. 54 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Ainda de acordo com Diniz & Mourão (2001), no seu estudo feito sobre as implicações da ponderação da densidade populacional para as NUTE Alto Trás – os – Montes e Douro, verificaram através da densidade populacional ponderada, que é uma medida que consagra as proporções respectivas entre as áreas rurais, semi – urbanas e urbanas e as populações rurais, semi – urbanas e urbanas, que existe uma concentração crescente da população nos lugares centrais dos concelhos, visíveis pelo peso considerável que a população semi-urbana e urbana vai tendo em cada caso. Os concelhos de Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança são um caso desses e detêm a população localizada em freguesias urbanas. Por outro lado, também afirmam que devido à praticamente inexistência de população semi – urbana também se deveria conciliar as dinâmicas inerentes às áreas urbanas com as superfícies rurais. De acordo com estes dados é possível perceber o porquê do maior número de pedidos de exames ser feito a nível da área de Mirandela e também entender o porquê da maioria dos pedidos ser feito a nível de Medicina Familiar, pois existe uma dificuldade de acesso aos grandes centros e pelo facto da medicina familiar ser o meio de maior proximidade para o doente se deslocar em caso de doença. Concluindo, parece haver um conjunto de variáveis sócio – económicas que permitem tipificar o utente que recorre a este tipo de exame: maioritariamente mulheres, com idade normalmente compreendida entre os 45 e os 65 anos de idade que se deslocam com frequência ao centro de saúde em caso de doença ou para pedir a realização de exames de saúde, e que, caso este equipamento existisse na unidade de Mirandela, no Nordeste Transmontano, recorreria ao mesmo. Neste contexto, faz todo o sentido fazer-se uma análise sintética da viabilidade económica de instalação deste equipamento. 3.4. VIABILIDADE ECONÓMICA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DE DEXA No sentido de se apurar a viabilidade económica da instalação do equipamento de densitometria óssea radiológica e tendo por base todas as análises realizadas anteriormente, fomos levados a realizar uma análise das determinantes do custo suportado pelo Estado com o exame (análise de regressão) e calcular o chamado “Ponto 55 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Crítico das Vendas”, isto é, o número de exames que cobre a totalidade dos custos fixos e variáveis. O cálculo deste indicador implica a percepção da tecnologia e o conhecimento do preço de venda e dos custos. 3.4.1. Caracterização da Tecnologia Foi proposto a aquisição de um Osteodensitómetro GE LUNAR DPX NT Pro, Modelo FULL. Este Densitómetro Ósseo, tem tecnologia de feixe em “pencil beam” de 4ª geração. A mesa de exame é fixa e ampla, proporcionando uma área de aquisição de 195x60 cm. A Fonte de RX é de potencial constante e ultra – estável (76 kV/ 3mA). Possui um filtro de “K-edge” para obtenção de duas energias e um detector Nal de dupla energia. O posicionamento do paciente é feito com acessórios de posicionamento e pelo indicador laser. A aplicação enCORE é executada sobre o Windows XP e tem uma interface gráfica e intuitiva de fácil utilização. A aquisição é feita de modo inteligente, através do “SmartScan, com óptima resolução de imagem permitindo a fácil distinção do osso, tecido e artefactos. A análise é automática. Permite também a análise escoliótica da coluna e dos corpos vertebrais, a criação de zonas exclusivas para estudos complementares e a supressão de vértebras hiperdensas. Possui excelente precisão (<1%). Dá os resultados de DMO (Densidade Mineral Óssea), ou Ndmo (Normalizada DMO), com base de dados de referência Lunar, a maior do mercado (> 12 000 indivíduos), base de referência NHANES, com valores T e Z, ajustamentos para a idade, sexo, peso e origem étnica. Resultados cronológicos do paciente. Diagnóstico do risco de fractura da OMS. A qualidade dos valores obtidos é garantida pelo teste de qualidade diário. É composto por uma mesa da paciente fixa, gerador de RX de potencial constante, tubo de RX, detector de dupla energia, luz de posicionamento laser e acessórios de posicionamento para o paciente. As aplicações “Standard” são para a coluna lombar, o colo do fémur e de corpo inteiro com composição corporal. 56 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Permite ligação DICOM 3.0 para outros equipamentos de outros fabricantes, e é possível o envio de imagens para estações de trabalho e impressoras. O sistema informático vem equipado com a impressora de jacto de tinta a cores HP, com cabos de ligação, necessária para imprimir os relatórios. Para este tipo de equipamento não é necessária uma sala com características específicas, pois o tipo de energia utilizada é a energia corrente nas residências, e devido ao equipamento não ser muito grande, não é necessária uma sala de grandes dimensões. Quanto ao pessoal técnico e de apoio é necessário um técnico de Radiologia para executar o exame, pois o resultado é facultado automaticamente pelo equipamento, sendo apenas preciso a rubrica do médico radiologista para dar o resultado ao utente, que o pode levar de imediato. A limpeza da sala é assegurada pela equipa de limpeza que a Unidade Hospitalar tem contrato. A manutenção do equipamento, não existindo nenhuma avaria extra, basta ser feita uma vez por ano por um engenheiro da empresa do equipamento, para calibrações do mesmo. 3.4.2. Custos Inerentes ao Funcionamento do Equipamento Relativamente aos custos com o funcionamento de um equipamento de densitometria mineral óssea, podem-se considerar os custos variáveis e os custos fixos. Dentro dos custos variáveis, podemos incluir a manutenção do equipamento, os encargos com o pessoal de apoio, os materiais consumidos com o equipamento e ainda a deslocação dos utentes. Dentro dos custos fixos, podemos incluir as amortizações com o equipamento, o encargo financeiro de funcionamento, a energia consumida pelo equipamento e pela luminosidade da sala e as despesas de obra permanente. Para termos a visão correcta dos custos, foi – nos enviada uma proposta orçamental de equipamento no valor de 53 800 euros, aberta ainda a negociações, podendo ainda ser de um valor inferior, com uma manutenção anual que não excede por norma um valor superior a 500 €. Considerando os recursos humanos disponíveis na unidade é perfeitamente possível imputar 25% do tempo de um deles ao funcionamento do equipamento, com um encargo fixo de 5 413 €. 57 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Quanto ao custo da energia, depois de contactado o engenheiro da marca do equipamento, disse não exceder o custo de uma sala de ecografia, pelo que o cálculo, remeteu para um valor aproximado de 295 € anual. O cálculo foi efectuado com base no aparelho de ecografia existente na Unidade de Mirandela, que de acordo com a tensão de corrente utilizada, multiplicada por 5 dias de semana, e pelas 52 semanas anuais, multiplicando ainda o custo pelo preço dos KW, cerca de 0,11€, dá um valor médio de 255 € anuais, que acrescentando 4 lâmpadas ligadas durante um ano, dá cerca de mais 40 € anuais, o total de 295 euros. Deste valor 50 % pode ser considerado como custo fixo. Quanto aos materiais consumidos, nomeadamente, lâmpadas (cerca de 5 € cada), o caixilho das lâmpadas cerca de 180 €, papel para imprimir relatórios (1,98€, uma caixa de 5 resmas) e tinteiros para a impressora (cerca de 25 € cada), e ainda os envelopes necessários para a entrega dos relatórios que custam cerca de 0,05 € cada, andam a rondar os 370 € anuais. Em termos de custo fixo, há ainda a considerar o valor da amortização anual. Para uma vida útil de 10 anos tem-se um custo de 5 380 €. Segundo o preço unitário relativamente ao custo do exame, ou seja o preço por exame, a tabela de preços convencionados com a sub – região de saúde de Bragança, com actualização do dia 23 de Outubro de 2009, indica que uma osteodensitometria da coluna lombar custa cerca de 50,18 €, assim como uma osteodensitometria da coluna lombar mais colo femural, normalmente o pedido mais comum, ou seja este é o custo suportado pelo Estado/ Sub – Região na totalidade neste tipo de exames, (Anexo VI). No Quadro 23 fez - se uma síntese dos custos anuais inerentes à instalação do equipamento. Quadro 23 – Quadro dos Custos da Implementação de um Equipamento de DEXA Custo em euros Implementação do Equipamento DEXA Custos Fixos Custos Variáveis Equipamento (custo total) 53 800 Custo Anual Amortização = 1/10 5380/ano Mão-de-obra Permanente 5413/ano Energia 295/ano Custo Total do Exame 50,18 Manutenção 500/ano Material Consumido 370/ano 58 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela 3.4.3. Determinantes do Custo Tendo em vista uma análise prospectiva das determinantes do custo com o exame, partindo da informação recolhida e referida em pontos anteriores, estimou-se um modelo de regressão linear, a partir dos dados recolhidos, em que a variável dependente ou explicada é o Custo total pago pelo Estado com o exame (custo com exame mais subsídio de transporte, em euros) e as variáveis explicativas são: as quantitativas, idade, número anual de exames e a distância percorrida em quilómetros e as qualitativas, género/sexo (=1 se mulher e 0 se homem), isenção (= 1 se não isento e 0 se isento), especialidade (=1 se o exame foi requerido médico de família/ medicina interna e 0 se foi requerido por outras especialidades. No Quadro 24 apresentam-se os resultados do modelo de regressão linear. Face ao valor da estatística F a regressão é globalmente significativa, com um grau de confiança de 99%, No seu conjunto e simultaneamente, as variações nas variáveis explicativas explicam em quase 100% (R2 = 99,96%) a variação da variável dependente Custo com o exame. Quando analisadas individualmente, verifica-se que as variáveis exame (um exame adicional provoca um acréscimo de custo de 50,50 euros) e distância (por cada quilómetro adicional há acréscimo de custo de 0,114 euros) são estatisticamente significativas a 1% e a variável binária isenção a 10%, com as restantes variáveis a não serem estatisticamente não significativas, com os respectivos parâmetros a poderem ser assumidos como iguais a zero. Estes resultados estão em concordância com o esperado, pois o custo total (com um valor fixo por exame) é fundamentalmente determinado pelo número de exames e pelo custo com a distância percorrida. Por outro lado, as pessoas não isentas, quando comparadas com as isentas, para tudo o resto constante, têm um custo inferior em 0,08 euros. 59 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Quadro 24 – Quadro dos Resultados do Modelo de Regressão Linear (variável dependente = Custo) Variáveis Parâmetros Estatística t Constante -1,303* -5.782 Idade (Em anos) -0.001 - 0.442 Exames (número) 50.501* 541,400 Distância (km) 0,114* 124,500 Género/sexo (=0 se mulher; =1 se homem) -0,141 -0,363 Isenção (=0 se isento; =1 se não isento) -0,084** -1,864 Especialidade (=1 se medicina interna; =0 se não 0,014 0.157 Número de observações Outros 616 2 Coeficiente de determinação (R ) 99,96% Estatística F (6,609) 229661,4* *, ** Significativo a 1% e 10% de nível de significância, respectivamente Em síntese, os resultados do modelo de regressão linear indicam que se o objectivo for reduzir o custo público com os exames, devem diminuir-se o número de exames (o que não é social e eticamente aceitável), o custo unitário dos mesmos e a distância percorrida. O alcance deste objectivo implica, além de um serviço de proximidade, o funcionamento de uma unidade com baixos custos unitários. Para se ter uma ideia do “break – even”, isto é, do número de exames para o qual há equilíbrio entre os proveitos e os custos no ponto seguinte apresentam-se os cálculos inerentes ao “ponto crítico das vendas”. 3.4.4. Cálculo do Ponto Crítico das Vendas O Ponto Crítico das vendas (PC) é dado pelo rácio Encargos Fixos Anuais (EF) / [Preço de venda (PV) – Encargo Variável Unitário (EVU)]. Este valor é calculado, omitindo o subsídio público de transporte, que necessariamente dado o encurtar das distâncias é inferior ao resultante da feitura de exames noutras localidades fora da região, nem a poupança económica e bem-estar do utente. Por outro lado, também se assume que o equipamento é comprado sem recurso a financiamento externo, não havendo lugar a encargos financeiros. No Quadro 25 apresenta-se, o valor dos encargos fixos e variáveis, a margem unitária, assim como o ponto crítico. 60 Capítulo III. Implementação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na unidade de Mirandela Quadro 25 – Quadro de Cálculo do Ponto Crítico Encargos Fixos (euros) Amortização Anual 5 380,00 Pessoal permanente (parte imputada) 5 413,00 Outros custos fixos (referentes a instalações e outros recursos) (1) Total (2) Encargos variáveis/por exame Consumíveis (energia, papel, material, etc) Mão-de-obra de apoio (1 hora/trabalho) Outros Total dos encargos variáveis unitários (3) Preço do exame (4) Margem bruta unitária = (2) - (3) (5) Ponto Crítico das Vendas (1) / (4) Valores Unitários (euros) e Ponto Crítico 200,00 10 993,00 5,00 15,00 5,00 25,00 50,18 25,18 437 Em síntese, face à estrutura de custos considerada, a partir de 437 exames, é viável instalar na unidade de Mirandela o equipamento de Densitometria, ou seja, o Estado pouparia recursos públicos, a que deve adicionar a redução com o subsídio das deslocações. Perante esta decisão os utentes, além de verem o seu bem-estar social melhorado, por passarem a dispor de um serviço de proximidade, reduziriam, igualmente, os encargos com as deslocações. No caso de aumento de 20% dos encargos variáveis unitários (30 €/ exame), o Ponto Crítico passa para 545 exames por ano, número ainda inferior ao observado. 61 CAPÍTULO IV. Conclusão e reflexões finais Conhecendo a intensidade real dos problemas relacionados com as fracturas osteoporóticas, que tendem a agravar-se drasticamente em Portugal e neste caso concreto a nível do interior do Nordeste Transmontano, levantando problemas, quer em termos sociais quer em termos económicos, tornava-se então urgente reconhecer quais os factores que contribuem para o aumento da incidência destas fracturas de maneira a tomar as medidas preventivas mais apropriadas e consequentemente reduzir o impacto negativo desta epidemia, à medida que a idade avança. A osteoporose pode ser diagnosticada antes que se verifique uma fractura através de exames que medem a densidade dos ossos. O mais preciso destes exames é a DEXA, tornando -se extremamente vital no diagnóstico precoce, bem como na evolução da doença. Tendo presente toda esta problemática, foi definido como objectivo geral da nossa investigação verificar a relevância que a instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica, no Centro Hospitalar do Nordeste, EPE, na Unidade de Mirandela, sem esquecer nesta análise o conforto/qualidade de vida que isso traria para a população, face à maior proximidade espacial do equipamento. Como objectivos específicos, foram definidos: a caracterização económico – social dos utilizadores do equipamento em causa, tentar calcular o custo – benefício inerente à decisão de investimento, tendo como referência o número de exames pedidos ao exterior, o custo do equipamento de uma densitometria óssea, os custos inerentes à instalação e ao funcionamento do equipamento, a distribuição dos exames ao longo dos meses do ano, bem como a distância/ subsídio da deslocação dos doentes para a realização do exame e o conforto/qualidade de vida que isso traria para a população tendo por base a análise das características da população alvo. Foi feita uma revisão da literatura, que nos permitiu identificar os principais conceitos, teorias e variáveis inerentes à nossa problemática, foram analisados dados Capítulo IV. Conclusão e reflexões finais referentes à população a quem foi pedido a realização de uma ou duas densitometrias ósseas radiológicas durante o ano de 2007, bem como dados sobre a viabilidade económica da implementação de um equipamento de DEXA na Unidade de Mirandela. Com base nos resultados obtidos conclui-se que as classes etárias com o maior número de pedidos de exames de densitometrias ósseas radiológicas foram as compreendidas entre os 46 – 55 anos de idade e os 56 – 65 anos de idade, e de salientar o elevado nº de pedidos de exames ao sexo feminino (98,1% do total). Estes resultados vão de encontro com a literatura existente acerca da osteoporose, pois neste caso a osteoporose pós – menopaúsica surge entre os 50 e os 65 anos de idade e é mais frequente no sexo feminino. Alves (2004), no seu estudo também acerca de fracturas do colo do fémur afirma que onde as taxas de incidência destas fracturas em mulheres são mais altas são o Algarve, os arredores de Lisboa e a região de Trás – os – Montes. Quanto à Isenção, observaram-se valores muito semelhante nos pedidos de exames pelo que se pode afirmar que não existe relação entre a Isenção e o nº de pedidos de exames. Ao analisar os dados verificou-se que o maior nº de pedidos de exame é feito na área de residência de Mirandela com 36,7% dos pedidos na totalidade, e ao nível da Medicina Familiar com 85,1% dos pedidos, enquanto que por outro lado, as únicas áreas de residência em que se pediram apenas um exame foram nas áreas de residência de Macedo de Cavaleiros, Bragança e Mirandela, ou seja onde existe o Centro Hospitalar. A área de Mirandela apresenta uma Densidade Populacional superior às outras áreas de residência com uma densidade populacional de 39 e a maioria dos pedidos é feito a nível de Medicina Familiar, pois existe uma dificuldade de acesso aos grandes centros e pelo facto da medicina familiar ser o meio de maior proximidade para o doente se deslocar em caso de doença. Por sua vez, a totalidade dos pedidos de apenas um exame é feito a nível das consultas de especialidade, ou seja, onde existe o centro hospitalar, tornando os seus pedidos mais específicos. Quanto ao mês da realização do exame, pode-se constatar que existe alguma homogeneidade na realização dos exames de densitometria óssea radiológica ao longo do ano. Relativamente à distância que os utentes tiveram que se deslocar para realizar as densitometrias ósseas radiológicas foi possível verificar que a distância máxima 63 Capítulo IV. Conclusão e reflexões finais percorrida foi de 264 km enquanto que a menor foi de 62 km, com uma média de 135,99 km. Esta distância percorrida corresponde à distância da área de residência do utente até à clínica onde este realizou o exame, que varia de acordo com o local com os quais os centros de saúde do distrito de Bragança e o CHNE têm acordos, ou para onde costumam enviar ou sugerir aos utentes que realizem a/as densitometrias ósseas radiológicas. Relativamente ao subsídio da deslocação do utente em euros à realização do exame, suportado pela instituição, este valor é proporcional e está directamente relacionado com a distância percorrida pelo utente da sua área de residência até ao local da realização do exame, pelo que se pode verificar que o custo máximo foi de 30,73 €, e mínimo de 6,3 €, com uma média de 15,48 €. Quanto ao estudo de viabilidade económica da implementação de um equipamento DEXA, na Unidade de Mirandela, conclui-se recorrendo ao “Ponto Crítico das Vendas”, que a partir de cerca de 437 exames de densitometria óssea radiológica, é viável instalar na unidade de Mirandela o equipamento de densitometria óssea radiológica, ou seja, o Estado pouparia recursos públicos, a que deve adicionar a redução com o subsídio das deslocações. Os utentes, além de verem o seu bem-estar social melhorado, por passarem a dispor de um serviço de proximidade, reduziriam, igualmente, os encargos com as deslocações. Isto é, a partir daquele número de exames haveria um ganho duplo, quer para os utentes quer para o Estado. Como é natural, a robustez deste estudo depende da qualidade das variáveis disponíveis para o realizar e da qualidade das bases de dados disponíveis. O trabalho debateu-se com algumas limitações como a dificuldade de recolher informação, uma vez que a relativa às características da população alvo não se encontrava informatizada. Não foram operacionalizadas as variáveis conforto e qualidade de vida que poderiam ser alcançadas com a não deslocazitação dos utentes para a realização dos exames. Também não foram operacionalizadas as variáveis do rendimento do agregado e do n.º do agregado familiar por falta de existir de forma sistémica essa informação. Conclui-se assim, que é viável a instalação de um equipamento de densitometria óssea radiológica na Unidade de Mirandela, que isso traria vantagens para a instituição em termos de recursos públicos e, no caso dos utentes, além de verificarem o seu conforto/ qualidade de vida melhorado face à proximidade espacial do equipamento, também reduziriam os encargos das deslocações. A nível da região do Nordeste 64 Capítulo IV. Conclusão e reflexões finais Transmontano espera – se assim, com a instalação do equipamento DEXA, uma redução a nível do nº de casos de fracturas osteoporóticas e das consequências destas. A nível pessoal, sendo profissional de Radiologia, esperamos contribuir para uma adequada implementação de uma tecnologia na prática de radiologia de forma a servir melhor os interesses da população e da instituição onde exerce. Futuramente, é necessário continuar a investigar a população, de uma forma mais abrangente, de modo a compreender a melhor maneira de conter este e outros problemas relacionados com o envelhecimento e o próprio abandono da região de Trás – os – Montes, nomeadamente a nível do Nordeste Transmontano, de forma a ver melhorada a Saúde a nível desta região. Em termos científicos, a realização de um estudo mais amplo e profundo que inclua, necessariamente, utentes que recorreram ao exame de densitometria óssea e outros que não recorreram, podem levar – nos a conclusões mais vastas sobre esta realidade. Informações deste tipo levarnos – i – ão a poder efectuar modelos econométricos de escolha discreta que permitiam inferir das determinantes da realização ou não do exame. 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, C., Arede, E. & Vieira, S. (2008). A Descoberta e a Evolução do RX [On Line]. Disponível: www.imagiologia.com/imagiologia-radiologia-3.html (consultado em 26.03.2009). Alves, S. (2004). Epidemiological Descriptive Study of Osteoporosis in Portugal, Using Geographical Information System, [dissertação de mestrado] Mestrado de Engenharia Biomédica – Universidade do Porto. Alves, S. F., Pina, M. & Barbosa, M. (2007). Epidemiologia das Fracturas do Fémur em Portugal – Fracturas do Colo do Fémur versus Fracturas de outras localizações Não Especificadas do Fémur. Artigos de medicina – Arquimed, 21, (3/ 4), 77 -81. Arden, N. K., Spector & Timothy, D. (1999). Osteoporose Ilustrada: Editora Novartis Medical Education. Barañano, A. M. (2004). Métodos e Técnicas de Investigação em Gestão: Manual de apoio à realização de trabalhos de investigação. Lisboa: Edições Sílabo. Billsten, M., Sernbo, I., Ornstein, E., Rogmark, C. & Johnell, O. (2000). The incidence and mortality of hip fractures in two regions of southern Sweden 1992-1997, Current Orthopedics, 14, (3): 182 - 188. Canhão, H., Fonseca, J. E. & Queiroz, M. V. (2005). Epidemiologia da Osteoporose, Mecanismos de Remodelação óssea e Factores Protectores do Osso. Acta de Reumatologia Portuguesa, Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, (30), 225 – 240. Canhão, H., Fonseca, J. E. & Queiroz, M. V. (2006). Avaliação de Hábitos Alimentares e Estilos de Vida numa População Portuguesa – Factores de Risco e de Protecção para a Referências bibliográficas Osteoporose, Acta de Reumatologia Portuguesa, Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, (31), 331 – 339. Carbonell, C. (2003). Actualização no tratamento da osteoporose para o médico de família. Postgraduate Medicine Editorial – Edição Portuguesa, Novembro, 20, (4), 49 – 66. Cardal, A. (2002). Dossier clínico. Edição 2002. Dennison, E. & Cooper, C. (2000). Epidemiology of osteoporotic fractures, Hormone Research, 54, (1): 58 - 63. Diamond, T. et al. (2005). Vitamin D and adult bone health in Australia and New Zealand: a position statemen, The Medical journal of Australia, 183, (1), 52 - 53. Dias, A. (2000). Epidemiologia da osteoporose em Portugal: Análise comparativa com outros países, Acta Reumatológica Portuguesa, 97, 21 – 31. Diniz, F. & Mourão, P. (2001). As implicações da ponderação da densidade populacional para as NUTE Alto Trás – os – Montes e Douro, IX Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional. Farias, M. L. (2005). Fractura Osteoporótica do Fémur: Um desafio para a saúde e a sociedade em geral, Arquivo Brasileiro de Endocrinologia Metabólica, 49, (6), 865 – 866. Feldstein, A. C. et al (2005). The near absence of ostoporosis treatment in older men with fractures, Osteoporosis International, 16, 953 - 962. Felsenberg, D. (2002). Incidence of vertebral fracture in Europe: Results from the European Prospective Osteoporosis Study (EPOS), Journal of Bone and Mineral Research, 17, (4), 716 - 724. Finnern, H. & Sykes, D. (2003). The hospital cost of vertebral fractures in the EU: estimates using national datasets, Osteoporosis International, 14, (5), 429 - 436. Fortin, M. (1999). O Processo de Investigação: da Concepção à Realização. (2ª Ed.), Loures: Lusociência, Lda. 67 Referências bibliográficas Hernández, J. L. (2005). Trend in hip fracture epidemiology over a 14-year period in a Spanish population, Osteoporosis International, 17, (3), 464 - 470. Hunter, D. & Sambrook, P. (2000). Bone loss, Epidemiology of bone loss, Arthritis Research and Therapy, 2, (6), 441 – 445. Instituto Nacional de Estatística, Câmara Municipal de Mirandela (2006). Rede Social de Mirandela- Actualização de Dados [On - line]. Disponível: http://www.cmmirandela.pt/files/65/6537.pdf (Consultado em 30-01-2009). Johnell, O. & Kanis, J. (2004). An estimate of the worldwide prevalence, mortality and disability associated with hip fracture, Osteoporosis International, 15, 897 - 902. Kanis, J., Delmas, P., Burckhardt, P., Cooper, C, & Torgerson, D. (1997). Guidelines for diagnosis and management of osteoporosis, Osteoporosis International, 7, 390 406. Kannus, P., Niemi, S., Parkkari, J., Palvanen, M., Vuor, I. & Jarvinen, M. (1999). Hip fractures in Finland Between 1970 and 1997 and predictions for the future, The Lancet, 353, 802 - 805. Laet, C. & Pols, H. (2000). Fracture in the Elderly: epidemiology and demography, Bailliàre’s Clinical Endocrinology and Metabolism, 14, (2), 171 - 179. Lakatos, E. & Marconi, M. (1996). Técnicas de pesquisa (3.ª ed.) São Paulo: Editora Atlas. Lane, N. (2006). Epidemiology, etiology, and diagnosis of osteoporosis, American Journal of Obstetrics and Gynaecology, 194, (2), 3 - 11. Lashas, L., Masanauskaite, D., Lashene, D. & Masanauskiene, E. (1996). Rate of characteristics for osteoporotic fractures in the elderly population of Kaunas Region, Lithuania, Scandinavian Journal of Rheumatology, 103, 16 - 20. Lesic, A., Jarebinski, M., Pekmezovic, T., Bumbasirevic, M., Spasovski, D. & Atkinson H.D. (2006). Epidemiology of hip fractures in Belgrade, Serbia Montenegro, 19902000, Archives of Orthopaedic and Trauma Surgery, 127, (3), 179 - 183. 68 Referências bibliográficas Lodthus, C. (2001). Epidemiology of hip fractures in Oslo, Norway, Bone, 29, (5), 413 418. Machado, P. & Silva, J. A. P. (2008). Performance of Decision Algorithms for the identification of low Bone Mineral Density in Portuguese Postmenopausal Women, Acta de Reumatologia Portuguesa, Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, (33), 314 – 328. Manual do Equipamento da “LUNAR”. (2007), General Electric. Marcus, R., Feldman, D. & Kelsey, J. (1996). Osteoporosis. Academic Press. Marouco, J. (2007). Análise Estatística – Com a utilização do SPSS. Lisboa: Edições Sílabo. Mcgarry, M. D. & Kiel, M. D. (2001). Osteoporose após a menopausa – Estratégias para prevenir a perda de osso e evitar fracturas. Postgraduate Medicine Editorial, Novembro, 16, (4), 53 – 64. Melton, L. J., Achenbach, S. J., O'fallon, W. M. & Khosla, S. (2002). Secondary osteoporosis and the risk of distal forearm fractures in men and women, Bone, 31, (1), 119 - 125. Moreira, J. (2008). Fracturas Osteoporóticas do Colo do Fémur em Portugal e seus Determinantes Socioeconómicos [dissertação de mestrado]. Mestrado de Engenharia da Universidade do Porto. Neto, A. J. S. (2003). Grau de satisfação do utente relativamente ao acolhimento proporcionado pelo enfermeiro no serviço de urgência. Servir, 51 (5), 214-227. Patel, S., Tweed, K. & Chinappen, U. (2004). Fall- related risk factors and osteoporosis in older women referred to an open acess bone densitometry service, British Geriatrics Society, 34, (1), 67 - 71. Pereira, A. & Poupa, C. (2004). Como escrever uma tese, monografia ou livro científico usando o Word (3.ª ed.). Lisboa: Edições Sílabo. Pestana, M. & Gajeiro, J. (2003). Análise de Dados para Ciências Sociais - A complementaridade do SPSS (3ª ed.). Lisboa: Edições Sílabo. 69 Referências bibliográficas Polit, D. F. & Hungler, B. P. (1995). Fundamentos de pesquisa em enfermagem (3.ª ed.). Porto Alegre: Artes Médicas. Portal do Governo (2005), Os desafios de Portugal no âmbito da política de saúde e da reforma do sistema de saúde – Discurso do Ministro da Saúde na 58ª Assembleia Mundial da Saúde. [On Line]. Disponível em http://www.portugal.gov.pt/Portal/Print.aspx?guid=%7B8D6B7600-5A37-45ED-881CC8521D09A99E%7D (Consultado em 30.08.2007). Pretorius, E. S. & Solomon, J. A. (2008). Segredos em Radiologia. (2ª Ed.). Porto Alegre: Edições Artmed. Queiroz, M. (1998). Osteoporose. Lisboa: Lidel, edições técnicas. Radominski S. C., Pinto – Neto A. M., Marinho R. M., Costa L. H. S., Pereira A. S., Urbanetz A. A., Ferrari A. E. M. & Baracat E. C. (2002). Osteoporose em Mulheres na Pós – Menopausa. Projecto Directrizes. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Reginster, J. Y., Gillet, P. & Gosset, C. (2001). Secular increase in the incidence of hip fractures in Belgium between 1984 and 1996: need for a concerted public health strategy, Bulletin of the World Health Organization, 79, (10), 942 - 946. Rogers, L. F. (1987). Interpretação Radiológica – o sistema ósseo. (5ª Ed.). Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan. Romeu, J. C. (2008). Dexar ou não Dexar? – Eis a Questão. Acta de Reumatologia Portuguesa, Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, (33), 261 – 264. Roux, C. (1997). Densitométrie du tissu osseux. Encyclopedic Médicine Chiururgic Radiodiagnostic - Squellete normal. Paris. Schutte, H. (1995). Socioeconomic impact of osteoporosis. A review of the literature, European Journal of Radiology, 20, 165 - 169. Seeley, R. & Tate, P. (2006). Anatomia & Fisiologia. (5ª Ed). Lisboa: Editora Lusodidacta. 70 Referências bibliográficas Serviço de Medicina Nuclear. (2000). Curso de Densitometria óssea. Coimbra: Hospitais da Universidade de Coimbra. Silva, J. A. (2003). Osteoporose – A ciência na prática: Edição Merck Sharp Dohme. Silva, L. K. (2003). Avaliação tecnológica em saúde: densitometria óssea e terapêuticas alternativas na osteoporose pós – menopausa. Caderno de Saúde Pública, JulhoAgosto, 19, (4), 987 - 1003. Soveid, M., Serat, A. R. & Massompoor, M. (2005). Incidence of hip fracture in Shiraz, Iran, Osteoporosis International, 16, (11), 1412 - 1416. Tavares, V. et al. (2007). Recomendações para o Diagnóstico e Terapêutica da Osteoporose, Acta de Reumatologia Portuguesa, Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, (32), 44 - 59. Williams, F. MK & Spector, T. (2007). The Genetics of Osteoporosis, Acta de Reumatologia Portuguesa, Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Reumatologia , (32), 231 - 240. Wolf, A. & Dixon, A. (1988). Osteoporosis – A clinical guide. Lippincott Williams & Wilkins. Yoshimura, T., Tohya, T., Onoda, C. & Okamura, H. (2005). Poor nutrition in prepubertal Japanese children at the end of World War II suppressed bone development, Maturitas, 52, (1), 32 - 34. 71 ANEXOS Anexos ANEXO I. PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DA RECOLHA DE DADOS AO CHNE 73 Anexos ANEXO II. PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DA RECOLHA DE DADOS À SUB – REGIÃO DE SAÚDE DE BRAGANÇA 74 Anexos ANEXO III. PROPOSTA ORÇAMENTAL PARA A AQUISIÇÃO DE UM EQUIPAMENTO DEXA 75 Anexos ANEXO IV. PEDIDO DE UM ORÇAMENTO DE UM TÉCNICO DE RADIOLOGIA NO CHNE 76 Anexos ANEXO V. TABELA DE PREÇOS CONVENCIONADOS PARA EXAMES DE DENSTOMETRIA ÓSSEA RADIOLÓGICA 77