Ed ição especial para o CIAB Febraban 2014 Visões e soluções de tecnologia para os novos desafios de negócio Coletânea de artigos A análise de especialistas do Financial Services Competence Center da Deloitte sobre o ambiente de rupturas e grandes desafios tecnológicos que impactam a indústria financeira Visions and technology solutions for new business challenges Collection of articles Analysis by Financial Services Competence Center of Deloitte´s experts on the environment of disruptions and major technological challenges that impact the financial industry “A nossa indústria financeira alcançou um nível de maturidade que nada deixa a desejar para os mercados mais desenvolvidos do mundo – pujante, moderna, cada vez mais global e com práticas de excelência. Para alcançar esse estágio e continuar a avançar nos próximos anos, a tecnologia foi e sempre será um elemento crucial para as organizações desse setor. É por meio da tecnologia que o caminho da eficiência, da segurança e da inovação será trilhado, posicionando melhor as instituições financeiras no contexto das disrupções naturais que impactarão o ambiente de negócios.” Juarez Lopes de Araújo Presidente da Deloitte “Our financial industry has reached a level of maturity that leaves nothing to be desired in comparison to the more developed markets of the world – it is vibrant, modern, and increasingly global, applying best practices. To reach this stage and continue to move forward in the coming years, technology has been and will always be a crucial factor for this sector. It is through technology that efficiency, security and innovation shall be achieved, better positioning financial institutions in the context of the natural disruptions that will impact the business environment.” Juarez Lopes de Araújo President of Deloitte Sumário Contents 4 Tecnologias para desafios de negócio Por Clodomir Félix Soluções para as novas necessidades estratégicas do setor Technologys for business challenges By Clodomir Félix Solutions for the new strategic needs of the sector 6 Com a casa em ordem 22 A era do banco móvel Por Jefferson Denti Como engajar o cliente na nova realidade do mobile banking The age of mobile banking By Jefferson Denti How to engage the client in the new reality of mobile banking 26 Novas fronteiras da segurança Por Marcello De Francesco Desafios constantes no ambiente regulatório Por Rodney Van Nostrand Os cibercrimes e um novo cenário de riscos ao setor financeiro Having the house in order By Marcello De Francesco Constant challenges in the regulatory environment New frontiers of security By Rodney Van Nostrand Cybercrimes and a new risk scenario for the financial sector 10 Uma visão abrangente 30 Dados inteligentes Por Omer Sohail Apoio de uma abordagem analytics no relacionamento com clientes Por Carlos Rivelle A análise cognitiva de dados no apoio à tomada de decisões A comprehensive view By Omer Sohail An analytical approach to support client relations Inteligent data By Carlos Rivelle Cognitive analysis of data to support decision making 14 Soluções para novos tempos Por Everton Salvo Caminhos ao aprimoramento do desempenho operacional das instituições Solutions for new times By Everton Salvo Paths to improving the operating performance of institutions 18 Depois da integração Por Paschoal Pipolo Baptista A tecnologia no apoio à pós-integração After integration By Paschoal Pipolo Baptista Technology in support of post-integration 34 Nova corrida do ouro? Por Marcia Ogawa O bitcoin e os impactos às indústrias de tecnologia e financeira The new gold rush? By Marcia Ogawa Bitcoin and its impacts on the technology and financial industries 38 Responsabilidade que gera valor Por Anselmo Bonservizzi A tecnologia no apoio às políticas socioambientais no setor Responsability that generates value By Anselmo Bonservizzi Technology to support social of social and environmental policies in the sector 42 O CIO e as rupturas The CIO and disruptions TechInsights • 3 Tecnologias para desafios de negócio A importância de desenvolver soluções que respondam às novas necessidades estratégicas das instituições financeiras E m um setor tão complexo, diversificado e dinâmico como o financeiro, é natural que a tecnologia permeie todas as suas atividades. As instituições da indústria são, então, desafiadas a destinar a esse foco altos recursos financeiros, talentos de ponta e grandes aparatos de infraestrutura. Elas precisam, também, definir prioridades diante de tantas demandas e buscar parceiros adequados para ajudá-las a implementar as grandes transformações que as deixarão conectadas à realidade mutante do mercado. Por Clodomir Félix Líder da Deloitte no Brasil para a indústria financeira By Clodomir Félix Deloitte leader in Brazil for financial industry Nesse contexto de tantas mudanças, no qual a tecnologia é sempre protagonista, a maior das preocupações deve estar na capacidade das instituições financeiras em encontrar soluções que respondam efetivamente às suas estratégias. E, para que a tecnologia esteja realmente a serviço do negócio, é essencial conhecer a fundo o panorama dos desafios que hoje afetam a indústria, no Brasil e no mundo. Foi com esse propósito que a Deloitte decidiu lançar no CIAB Febraban, o maior evento de tecnologia para o setor bancário do País, uma coletânea de artigos escritos por alguns dos especialistas do Financial Services Competence Center da Deloitte para abordar as questões mais prementes hoje nesse ambiente de negócios, a partir da perspectiva dos desafios e oportunidades manifestados no campo da tecnologia. Os artigos que compõem essa publicação especial TechInsights perpassam todas as principais temáticas que impactam o setor: ambiente regulatório, relações com clientes, eficiência, operações de fusão e aquisição, mobilidade, segurança cibernética, disrupção digital, modelos de análise avançada e sustentabilidade. São, todas elas, frentes de abordagem que partem de determinantes-chave de negócio para se converterem em necessidades claras por soluções tecnológicas assertivas, abrangentes e inovadoras. Estes artigos foram criados para proporcionar visões novas e enriquecedoras aos líderes das instituições financeiras, contribuindo para respostas tecnológicas de excelência aos mais diversos desafios estratégicos. 4 • TechInsights Technologies for business challenges The importance of developing solutions that meet the new strategic needs of financial institutions I n a sector as complex, diversified and dynamic as the financial one, it is natural that technology permeates all its activities. Institutions in the industry are thus challenged to devote high financial resources, cutting-edge talent and major infrastructure support to this area. They also need to define priorities among the many demands and seek appropriate partners to help them implement the large transformations that will keep them connected to the changing reality of the market. In this context of so many changes, in which technology always plays an active role, the largest concern should be the ability of financial institutions to find solutions that effectively support their strategies. And for technology to really support the business, it is essential to understand in depth the range of challenges that affect the industry, in Brazil and in the world. It was with this in mind that Deloitte decided to launch, at the CIAB Febraban, the largest technology event in the country for the banking sector, a collection of articles written by some of Deloitte’s Financial Services Center of Competence experts, from the perspective of the challenges and opportunities in the technology field. The articles in this special publication, TechInsights, cover all the main themes that affect the sector: Regulatory environment, client relations, efficiency, merger and acquisition operations, mobility, cybernetic security, digital disruption, advanced analysis models and sustainability. All of them relate to key business determinants and show the clear needs for assertive, comprehensive and innovative technology solutions. These articles have been created to provide new and enriching views to leaders of financial institutions, contributing to excellent technology responses to the most varied strategic challenges. TechInsights • 5 Ambiente regulatório Para garantir mais transparência e segurança aos negócios, o atual ambiente regulatório impõe ao setor financeiro o desafio de adotar processos e sistemas adequados. Quanto mais sofisticada a tecnologia aplicada, menor é o risco de erros operacionais, aumentando a eficiência e a otimização dos recursos. Por Marcello De Francesco Sócio da área de Consultoria em Gestão de Riscos da Deloitte e especialista no atendimento à indústria financeira 6 • TechInsights Com a casa em ordem N os últimos anos, vem sendo publicada uma série de novas regulamentações, que impactam diretamente na forma de atuação das instituições financeiras. Além do volume, chama a atenção a velocidade com a qual os reguladores vêm publicando tais normas. Um exemplo simples: enquanto os bancos ainda trabalham na adaptação à Basileia II, estes já estão suscetíveis às mudanças trazidas por Basileia III. Esse volume de regulamentações não acontece por acaso, sendo consequência direta de lições aprendidas com as recentes crises que afetaram a indústria financeira e a economia global como um todo. Entre os principais objetivos a serem alcançados pelos reguladores do sistema financeiro, podemos citar: •Melhoria na capacidade de solvência, em razão de fatores como a melhor qualidade dos ativos considerados como capital. •Redução do risco sistêmico (por exemplo, com o surgimento de requerimentos adicionais para os bancos considerados sistemicamente relevantes). •Melhor gerenciamento do risco de liquidez, devido, por exemplo, à redução da dependência de captação no mercado de atacado. •Redução da dependência de modelos matemáticos e de dados históricos, com a adoção de testes de estresse com cenários prospectivos. •Revisão dos modelos de provisão para créditos, como a proposta na IFRS 9, que determinará o critério de perdas esperadas, em vez de perdas incorridas. •Maior nível de transparência nos relatórios e nas divulgações ao mercado, com maior detalhamento, por exemplo, nas informações contidas nos relatórios de acesso público que descrevem a composição do capital próprio das instituições. As instituições financeiras atuantes no Brasil, sejam de capital nacional ou estrangeiro, possuem os mesmos desafios e obrigações aplicáveis àquelas que atuam no restante do mundo. Desde 2009, nosso país tem um representante no Comitê de Supervisão Bancária de Basileia, no qual são decididas as mais significativas alterações que impactam os bancos e as demais instituições. A estrutura regulatória brasileira foi avaliada pelo Bank for International Settlements (BIS), que concluiu pela sua aderência aos padrões internacionais. A consequência direta do cenário de renovação regulatória é que as instituições financeiras têm um dever de casa considerável. E isso requer investimentos financeiros e do tempo de recursos internos. Ressalte-se que isso ocorre em paralelo aos desafios do dia a dia, como pressões para melhorar, ou pelo menos manter, a rentabilidade, tendo como focos principais a eficiência operacional e a redução de perdas. Em outras palavras, é cada vez mais difícil justificar aumento de quadros para dar conta do trabalho, mesmo que seja para novas atividades determinadas por obrigações regulatórias. A solução passa pelo melhor aproveitamento dos recursos existentes, por meio de capacitação dos profissionais (maior especialização), melhorias TechInsights • 7 na sinergia entre as áreas com a eliminação de sobreposições, novas metodologias mais otimizadas e uma priorização adequada de projetos e ações a serem executados. Entretanto, um ponto comum para atendimento às normas é a dependência em relação ao ambiente tecnológico, principalmente na integração de dados e informações e na automação de tarefas mediante a adoção de sistemas com funcionalidades mais completas e flexíveis. Ambientes com múltiplas fontes de informações, duplicidade de dados e falta de integração e de padronização requerem grandes esforços para proporcionar dados de forma completa e ágil. Isso sem falar de erros nos relatórios internos para tomada de decisão e nos reportes enviados a reguladores, que prejudicam a imagem e muitas vezes até o rating da instituição. Salvo exceções, situações, como requisição de dados pelo Banco Central do Brasil para exercícios de simulação, por exemplo, testes de estresse e liquidez, consomem muito tempo dentro das instituições. Isso pode ser evitado com ambientes mais estruturados e integrados. Por outro lado, investimentos em projetos de data warehouse e bases de dados corporativas integradas são demorados, mas trazem benefícios que justificam o esforço. Diversas instituições internacionais e algumas no Brasil já definiram a função de Chief Data Officer (CDO), o que indica o reconhecimento da informação como um ativo corporativo crítico de alta importância. Esse profissional, integrante da diretoria, normalmente é responsável pelo desenho e pela implantação de estratégias de dados, padrões, procedimentos e políticas corporativos sobre o tema. Nada mais eficiente do que empregar adequadamente o tempo de profissionais para análise e planejamento, em vez de atividades operacionais, como correção de erros e busca de informações. 8 • TechInsights O próprio Comitê de Supervisão Bancária de Basileia determina, por meio do documento “Principles for Effective Risk Data Aggregation and Risk Reporting”, princípios básicos para gestão de dados. Entre os objetivos enumerados no documento, destaca-se a melhora da infraestrutura de dados para reporte das informações-chave, em especial, daquelas utilizadas e reportadas pela administração para identificação, monitoramento e gestão de riscos. A implantação de sistemas reduz atividades manuais, erros operacionais e retrabalhos, além de aumentar a eficiência e a otimização dos recursos envolvidos. Nada mais eficiente do que empregar adequadamente o tempo de profissionais para análise e planejamento, em vez de atividades operacionais, como correção de erros e busca de informações. A pesquisa “Global Management Risk Survey”, publicada em 2013 pela Deloitte e que envolveu 86 instituições financeiras de todo o mundo, apontou que 78% dos respondentes possuíam preocupações relevantes com a capacidade de a infraestrutura de tecnologia proporcionar o atendimento aos novos requerimentos regulatórios. Nessa mesma pesquisa, apenas 31% classificaram como “extremamente efetiva” ou “muito efetiva” a qualidade de dados usada para fins regulatórios. Em resumo, as estruturas atuais de sistemas e informações não serão suficientes para dar conta do volume de trabalho advindo de requerimentos regulatórios. Adicionalmente, os investimentos necessários devem proporcionar valor agregado à gestão das instituições, por meio da disponibilização de informações tempestivas, mais específicas e precisas para o planejamento estratégico, a implantação e o monitoramento. É necessário, como sempre, um trabalho de planejamento e priorização e, como nunca, de organização e integração de dados e sistemas de Tecnologia da Informação que forneçam suporte adequado às áreas-chave das instituições. Regulatory environment Having the house in order In order to ensure more transparency and security for business, the current regulatory environment imposes the challenge of adopting appropriate processes and systems on the financial sector. The more sophisticated the technology applied, the lower the risk of operational errors, increasing efficiency and optimizing resources. By Marcello De Francesco Deloitte Enterprise Risk Services Partner and expert on financial services industry I n recent years, a number of new regulations has been issued, which directly impact the way financial institutions operate. In addition to the number, it is the speed with which regulators have been issuing these rules that stands out. A simple example: while banks are still working to adapt to Basel II, they are already susceptible to the changes caused by Basel III. This high number of regulations has not occurred by chance, it is a direct consequence of lessons learned from the recent crises that have affected the financial industry and the global economy as a whole. Among the main objectives to be achieved by regulators of the financial system are: • Improvement in solvency capacity, due to factors such as the better quality of assets considered as capital; • Reduction of systemic risk (for example, with the appearance of additional requirements for banks considered systemically significant); • Better management of liquidity risk, due, for example, to the reduced dependency on fund-raising in the wholesale market; • Reduction of dependence on mathematical models and historical data, with the adoption of stress tests for prospective scenarios; • Revision of forecasting models for loans, such as the proposal in IFRS 9, which sets criteria for expected losses, instead of losses incurred; • Higher level of transparency in reports and releases to the market, with more detail, for example, of information contained in public access reports that describe the composition of institutions’ equity capital. The financial institutions operating in Brazil, whether of domestic or foreign capital, are subject to the same challenges and obligations as those operating in the rest of the world. Since 2009, Brazil has had a representative on the Basel Committee on Banking Supervision, in which the most significant changes that impact banks and other institutions are decided. The Brazilian regulatory structure was evaluated by the Bank for International Settlements (BIS), which concluded that it adhered to international standards. There is nothing more efficient than appropriately using professionals’ time for analysis and planning, instead of operating activities such as the correction of errors and search for information. The direct consequence of the renewed regulatory scenario is that financial institutions have considerable homework to do. And this requires financial investments and the time of internal staff. It should be emphasized that this is occurring simultaneously with day-to-day challenges, such as pressures to improve, or at least maintain, profitability, with a main focus on operating efficiency and reduction of losses. In other words, it is increasingly difficult to justify increased staff to deal with the work, even for new activities determined by regulatory requirements. The solution includes better use of existing staff, by training professionals (more specialization), improving synergy between departments with the elimination of overlapping positions, new, more optimized methodologies and appropriate prioritization of projects and actions to be executed. However, a common point in complying with rules is the dependency in relation to the technological environment, mainly in the integration of data and information and the automation of tasks by adoption of systems with more complete and flexible features. Environments with multiple sources of information, duplicated data, lack of integration and standardization require major efforts to provide data in a complete and fast way. Not to mention errors in internal reports used for decision-making and reports sent to regulators, which harm the image and often the rating of the institution. Notwithstanding exceptions, situations like requests for data by the Central Bank for simulation exercises, such as stress and liquidity tests, consume much of institutions’ internal time. This can be avoided with more structured and integrated environments. On the other hand, investments in storage projects and integrated corporate databases are slow, but they provide benefits that justify the effort. A variety of international institutions as well as some in Brazil have already adopted the position of Chief Data Officer (CDO), which indicates recognition that information is a critical corporate asset of high importance. This professional, a member of management, is normally responsible for design and implementation of data strategies, standards and corporate procedures and policies on the topic. The Basel Committee itself has provided basic principles for data management in its “Principles for Effective Risk Data Aggregation and Risk Reporting” document. Among the objectives listed in the document, improvement of data infrastructure for reporting key information, especially that used and reported by management to identify, monitor and manage risks, stands out. Implementation of systems reduces manual activities, operating errors and rework, in addition to increasing efficiency and optimizing staff involved. There is nothing more efficient than appropriately using professionals’ time for analysis and planning, instead of operating activities such as the correction of errors and search for information. The “Global Management Risk Survey” published in 2013 by Deloitte, which involved 86 financial institutions around the world, pointed out that 78% of respondents were significantly worried about the ability of technology infrastructure to meet the new regulatory requirements. In this same survey, only 31% ranked the quality of data used for regulatory purposes as “extremely” or “very” effective. In sum, the current structures of systems and information are not sufficient to deal with the volume of work resulting from regulatory requirements. Moreover, the necessary investments should provide added-value to institutions’ management, by making more specific and accurate information available in a timely manner for strategic planning, implementation and monitoring. Planning and prioritization are necessary, as always and more than ever before, for organization and integration of data and information technology systems to provide adequate support for the key areas of institutions. TechInsights • 9 Relacionamento com cliente Uma visão abrangente A partir de percepções geradas por uma abordagem de analytics, as instituições financeiras podem desenvolver a capacidade de integrar o fornecimento de leads em vários canais de distribuição, tornando mais fácil decidir quais clientes atrair, como atendê-los mais eficientemente e que modelo de relacionamento ajudará a mantê-los no longo prazo. Por Omer Sohail Diretor da área de Consultoria da Deloitte nos Estados Unidos O comportamento e as preferências do cliente estão mudando em um ritmo mais rápido do que em qualquer momento na história recente, impulsionados por mudanças na tecnologia e no ambiente econômico. Os bancos que desenvolveram suas organizações com foco voltado para o produto devem pensar em mudar para uma base mais centrada no cliente se quiserem se manter competitivos. Uma forma de fazer essa transição com eficiência é cultivar a mítica visão 360 graus do cliente – que permite uma visão completa do valor atual da relação e de como ela pode se desenvolver ao longo dos próximos anos. Os bancos têm frequentemente percepções profundas de seus clientes – na verdade, em comparação com muitos outros setores, estão em geral à frente da curva. O problema reside no fato de que essas percepções não são sempre 10 • TechInsights compartilhadas por toda a organização. Embora as exigências normativas possam restringir o compartilhamento generalizado de dados do cliente, há ainda muito que pode ser feito para obter informações externas que possibilitem o desenvolvimento de uma visão mais ampla e centralizada do cliente em nível empresarial. Após anos investindo pesadamente em inteligência de negócios (BI, na sigla em inglês), é natural para muitos bancos saber se há realmente uma diferença entre a verdadeira business analytics e os recursos que desenvolveram no contexto dos seus investimentos em BI. A boa notícia é que a BI ainda tem um papel importante e fundamental a desempenhar em analytics – em termos simples, é ótima para segmentar os dados até entender o que aconteceu no passado e monitorar os indicadores-chave de desempenho. Implementações de plataformas centralizadas, consolidações de back-office, avaliações de preços de transação – são exemplos de aplicativos de BI. A limitação é que deixam rapidamente de antecipar o que pode estar logo na esquina. Se BI trata de retrospectiva, analytics cuida de prospectiva – prevendo e melhorando, para gerar resultados futuros mais eficazes. Modelagem preditiva e gestão de desempenho são apenas dois exemplos dos tipos de atividades com as quais as empresas se comprometem em uma abordagem de analytics. Quatro áreas-chave Teoricamente, a abordagem de analytics pode ser aplicada para descobrir percepções mais profundas em qualquer lugar em que um banco tenha coletado dados. Isso não significa descobrir que cada visão analítica é eficiente – na verdade, um dos perigos mais significativos de analytics é gastar tempo e recursos valiosos seguindo as percepções erradas. Em nossa experiência, existem quatro áreas que são os principais alvos de uma abordagem de analytics. Aquisição de clientes: uma coisa é descobrir fatos sobre seus clientes muito tempo depois que eles contrataram seus serviços. Mas pense no poder de desenvolver percepções em tempo real sobre as perspectivas individuais para informar com mais eficácia as interações da organização enquanto estão em um processo de vendas. Melhor ainda, considere o efeito poderoso de usar esses tipo de percepção para gerar interesse em seus produtos e serviços cliente a cliente. Para desenvolver e implementar uma estratégia eficaz de captação de clientes, os bancos devem ter experiência analítica e de dados, bem como recursos de marketing e de medição. Juntos, esses recursos podem ajudar os usuários a conseguir clientes, automatizar o processamento e a tomada de decisões, gerenciar contas e reduzir os custos e riscos de captação de clientes. TechInsights • 11 Serviço: os clientes de hoje estão mais sofisticados do que nunca, forçando os bancos a responder perguntas essenciais, como: qual a frequência em que um banco deve entrar em contato com um determinado cliente e por meio de quais canais deve atender a esse cliente? Para ganhar, os bancos devem repensar como segmentar e direcionar seus clientes a fim de alcançar uma fatia maior da carteira, aproveitando a analytics social e os dados não estruturados para inventar modelos sofisticados de vendas e atendimento. Táticas como janelas pop-up que aparecem quando os clientes concluem uma transação ou campanhas de merchandising oferecendo descontos podem permitir que os bancos adequem suas ofertas às demandas mutantes da base de clientes. Se BI trata de retrospectiva, analytics cuida de prospectiva – prevendo e melhorando para gerar resultados futuros mais eficazes. Modelagem preditiva e gestão de desempenho são apenas dois exemplos dos tipos de atividades com as quais as empresas se comprometem numa abordagem de analytics. 12 • TechInsights Desenvolvimento de relacionamento: desenvolver um profundo relacionamento com os clientes é uma etapa natural – e importante – do ciclo de vida do cliente. É quando as relações casuais começam a se solidificar, transformando seus clientes em fiéis usuários de serviços bancários. Assim como em interações pessoais cotidianas, os bancos começam relacionamentos intensos quando demonstram que conhecem o suficiente sobre uma pessoa para oferecer o que ela quer na hora certa – nesse caso, produtos e serviços. Além disso, saber quando e o que oferecer a um cliente é uma proposta mais barata para os bancos quando comparada com táticas menos direcionadas. Eles podem usar toda redução de custos para financiar ofertas privilegiadas que a concorrência pode não ser capaz de rebater. E mais, os clientes provavelmente mostrarão fidelidade a fatores além do preço se sentirem que estão recebendo atendimento personalizado. Retenção de clientes: criar e implementar estratégias de retenção de clientes devem estar no topo da lista de tarefas para a maioria dos executivos de bancos hoje em dia. Trata-se de compreender as necessidades dos seus clientes e atender ou superar às suas expectativas. Uma estratégia vencedora de retenção de clientes consiste em classificar cada tipo de cliente (desgastado, desejoso e insatisfeito) e criar iniciativas adequadas para alterar seu comportamento. Na prática Indicadores devem ser implantados para medir o impacto das soluções e demonstrar o retorno sobre o investimento. Tudo isso exige capacidade de compreensão do ambiente de negócios em toda a sua complexidade, além de entender como implantar eficazmente a tecnologia necessária. Mas vale a pena. Estes são os resultados que os bancos devem procurar realizar hoje, dado que seus concorrentes já estão procurando ganhar terreno empregando abordagens de analytics. Client relantionship A comprehensive view Using insights generated by analytics, banks can develop the ability to integrate the supply of leads delivery across multiple distribution channels, making it easier to decide which customers to attract, how most effectively to service them, and which relationship model will help confirm that the bank can hold on to customers over the long haul. By Omer Sohail Deloitte Consulting Director in the United States C ustomer behavior and preferences are changing at a more rapid clip than at any moment in recent history propelled by changes in technology and the economic environment. Banks that have built their organizations with a product-oriented focus should consider shifting to a more customer-centric footing in order to stay competitive. One way to effectively make that transition is to cultivate the seemingly mythical 360-degree view of customer – one that accounts for their current value as well as their potential lifetime value. Banks often have deep insights into their customers – in fact, compared with many other industries they are generally ahead of the curve. The issue lies in the fact that these insights are often not shared across the organization. While regulatory requirements can constrain the widespread sharing of customer data, there is still much that can be done to pull customer information up and out of silos, in order to a more broad, centralized, enterprise-level view of customers. If business intelligence is about hindsight, analytics is about foresight – predicting and improving to generate more effective future results. Predictive modeling and performance management are just two examples of the types of activities that companies undertake with an analytics approach. After years of investing heavily in business intelligence, it’s fair for many banks to wonder if there’s really a difference between real business analytics and the capabilities they’ve developed as part of their business intelligence investments. The good news is that business intelligence still has an important foundational role to play in analytics – in simple terms, it’s great for slicing and dicing data to understand what happened in the past and monitor key performance indicators. Core platform implementations, back-office consolidations, transaction pricing assessments – these are prime examples of business intelligence applications. The limitation is that they stop short of anticipating what may be just around the corner. If business intelligence is about hindsight, analytics is about foresight – predicting and improving to generate more effective future results. Predictive modeling and performance management are just two examples of the types of activities that companies undertake with an analytics approach. Customer analytics: Four key areas Theoretically, analytics can be applied to uncover deeper insights anywhere a bank has been collecting data. This does not mean discovering each analytical insight is efficient – in fact, one of the most significant dangers of analytics is spending valuable time and resources pursuing the wrong insights. In our experience, there are four areas that are prime targets for an analytics approach. Customer acquisition. It’s one thing to uncover facts about your customers long after they’ve already signed up for your services. But think of how powerful it could be to develop real-time insights into individual prospects to more effectively inform the organization’s interactions with them as they make their way through the sales process. Better yet, consider the powerful effect of using these types of insights to generate interest in your products and services on a customer-by-customer basis. To develop and implement an effective customer-acquisition strategy, banks should have data and analytical experience as well as marketing and measurement capabilities. Together, these capabilities can help users acquire customers, automate processing and decision making, manage customer accounts, and reduce customer acquisition costs and risks. Service. Today’s customers are far more sophisticated than ever, forcing banks to answer critical questions such as: how often should a bank contact a particular customer and through which channels should it service this customer? To win, banks should rethink how they segment and target their customers to achieve a bigger share of wallet, leveraging social analytics and unstructured data to come up with sophisticated models for sales and servicing. Tactics like window pop-ups that appear when customers complete a transaction, or merchandise receipt campaigns offering discounts, can allow banks to tailor their offerings to the changing demands of the customer base. Relationship development. Developing an in-depth relationship with customers is a natural – and important– step in the customer lifecycle. That’s when casual relationships begin to solidify, transforming your clients into loyal banking customers. Just as in everyday personal interactions, banks start building in-depth relationships when they demonstrate that they know enough about a person to offer the required things at the desired times – in this case, products and services. Just as important, knowing when and what to offer a customer is a less expensive proposition for banks when compared to less targeted tactics. They can use any cost savings to fund privilege offers that the competition may be unable to match. Plus, customers will likely show loyalty for factors other than price if they feel they’re receiving personalized service. Customer retention. Creating and implementing customer retention strategies should be at or near the top of the to-do list for most bank executives today. It’s about understanding your clients’ needs, and meeting or exceeding their expectations. A leading customer retention strategy is to classify each type of customer (silent attrition, desired and dissatisfied) and create appropriate initiatives to change their behavior. Making it real Just as important, metrics must be put in place for measuring the impact of the solutions and to demonstrate the return on investment. All of which takes an ability to understand the business environment in its full complexity, in addition to understanding how to deploy the required technology effectively. But it’s worth it. These are the outcomes banks should seek to achieve today as your competitors are already looking to gain ground by putting customer analytics to work. TechInsights • 13 Eficiência Soluções para novos tempos A manutenção da competitividade dos bancos tem se tornado desafiadora, devido a diversos fatores gerados pelo mercado e pela economia. O aprimoramento do desempenho operacional será então crucial, demandando novas soluções, que levem em consideração automação, tecnologia e compartilhamento de serviços. Por Everton Salvo Diretor da área de Consultoria da Deloitte e especialista no atendimento à indústria financeira A s mudanças ocorridas nos últimos anos têm imposto uma pressão às instituições financeiras na busca por eficiência operacional. Historicamente, os bancos brasileiros têm apresentado uma rentabilidade superior à de seus concorrentes em outros países. Entretanto, alguns fatores mudaram o cenário de competitividade dos bancos no País, impactando negativamente o retorno sobre o patrimônio e sobre o total de ativos (veja gráfico na pág. 16). Entre esses fatores, podemos destacar as crises globais de 2008 e 2010, a redução de taxas de juros no Brasil e a crescente consolidação do mercado brasileiro, gerando concorrência. Para a melhoria do índice de eficiência dos bancos, um caminho que sempre teve prioridade foi trabalhar pelo aumento de receitas. Entretanto, a já citada forte concorrência entre os principais 14 • TechInsights bancos, aliada a clientes cada vez mais informados e conectados, tem gerado dificuldades no crescimento das receitas. A taxa de crescimento composta das receitas caiu de 38%, entre 2006 e 2008, para 25%, de 2009 a 2012. Ainda assim, as estratégias dos bancos têm sido diversas para incrementar a linha de receitas. São medidas que envolvem ações de fidelização de clientes, soluções analíticas para identificar a propensão ao consumo e atuar no cross-sell e up-sell, desenvolvimento de novos produtos com foco em segmentos subservidos, novos modelos de negócios que possibilitem o atendimento da camada da população que até pouco tempo não era bancarizada e novas linhas de receitas e negócios, como, por exemplo, os acquirers (administradoras que afiliam estabelecimentos ao sistema de cartões de crédito da bandeira à qual são associadas, oferecendo a eles os serviços de gerenciamento, pagamento e manutenção). Mesmo com as mais diversas estratégias de crescimento de receita, a vida para os executivos de instituições financeiras não tem sido fácil. Portanto, se os bancos brasileiros não têm conseguido manter os patamares de crescimento histórico na linha de receita, o caminho tem sido mirar na gestão de despesas. Essa gestão de custos tem sido fortemente debatida nas instituições financeiras de diversos portes e segmentos, sejam elas de capital público, privado, nacional ou estrangeiro. Apesar das diferenças culturais e de porte entre as organizações, várias ações têm sido consistentemente implementadas nos bancos, demonstrando a criação de um padrão na indústria. Algumas das ações frequentemente encontradas nos bancos com a finalidade de controlar custos são: •Centralização e fortalecimento da área de compras; •Estabelecimento de Comitê Corporativo de Eficiência; TechInsights • 15 Taxas de crescimento para os quatro maiores bancos brasileiros (em %) Retorno sobre patrimônio e ativos 19,5% 16,0% 17,1% 16,5% 13,4% 100 80 2,1% 1,7% 60 1,9% 1,7% 40 1,4% 2008 2009 2010 Retorno sobre patrimônio (ROE) Retorno sobre total de ativos (ROA) 2011 52 2012 20 0 18 38 2006/2008 25 2009/2012 Crescimento de ativos Crescimento de receitas Fonte: Global Financial Stability Report – FSIT Table •Implementação de soluções tecnológicas que visam aumentar os níveis de produtividade e automatizar processos manuais; •Terceirização de atividades não estratégicas; •Otimização de portfólio de projetos e processos; •Criação de Centros de Serviços Compartilhados. Enquanto várias dessas ações que visam a uma gestão mais eficiente de custos e, consequentemente, à melhoria da eficiência operacional, já trouxeram resultados significativos para as organizações bancárias, essas mesmas instituições buscam a melhoria contínua e a equiparação de seu índice de eficiência com benchmarkings globais. O caminho a ser trilhado para a liderança em performance e eficiência operacional passará pela ruptura com modelos tradicionais e pela quebra de paradigmas. 16 • TechInsights Fonte: Relatório Falke (dezembro, 2012) Portanto, o caminho a ser trilhado para a liderança em performance e eficiência operacional passará pela ruptura com modelos tradicionais e pela quebra de paradigmas. Dessa forma, ações que, por muitos anos, foram discutidas e rejeitadas pelos executivos bancários passam a ser reavaliadas nesse novo cenário de busca de eficiência. Entre elas, podemos destacar: •Compartilhamento de operações não estratégicas entre bancos; •Abertura de agências sem numerário; •Operação bancária paperless; •Cobrança para transações realizadas nos guichês de caixa; •Cobrança para atendimento de não clientes; •Criação de agências compartilhadas para regiões de baixa densidade demográfica. Enquanto ainda não existe consenso sobre a aplicação dessas e de outras ações que implicam maior eficiência no setor bancário, as diversas instituições financeiras continuam a enfrentar seus desafios com as ações tradicionais que as ajudaram a ser vitoriosas no passado. Resta saber se essas ações serão suficientes para o futuro. Efficiency Solutions for new times It has become challenging for banks to maintain their competitiveness, due to various market and economic factors. Improvement of operating performance will therefore be crucial, demanding new solutions that take automation, technology and shared services into account. By Everton Salvo Deloitte Consulting Director and expert on financial services industry T he changes occurring in recent years have put pressure on financial institutions in their search for operating efficiency. Historically, Brazilian banks have been more profitable than their counterparts in other countries. However, some factors have changed the competitive scenario for banks in the country, negatively impacting their return on equity and return on total assets. Among these factors, the global crises of 2008 and 2010, reduction of interest rates in Brazil and growing consolidation of the Brazilian market, generating competion can be highlighted. To improve the efficiency rate of banks, an option has always been to prioritize increased revenue. However, the aforementioned strong competition among the major banks, together with increasingly well informed and connected clients, have made it difficult to increase revenue. The composite growth rate of revenue fell from 38% from 2006 to 2008, to 25% from 2009 to 2012. “The path to be taken for leadership in operating performance and efficiency will involve breaking traditional models and paradigms.” Even so, there have been different bank strategies to raise the revenue line. These include client fidelization actions, analytics solutions to identify the propensity for consumption and operate in the cross-sell and up-sell, development of new products focused on underserved segments, new business models that allow servicing the population segment that until recently was not bankarized, and new lines of revenue and business, such as acquirers (managers who affiliate establishments to the branded credit card system with which they are associated, offering them management, payment and maintenance services). Even with the most diverse revenue growth strategies, life for financial institution executives has not been easy. And, therefore, if Brazilian banks have not been able to maintain historic growth levels in the revenue line, the path has been to look at management of bank expenses. This cost management has been strongly discussed in financial institutions of various sizes and segments, whether they are of public, private, national or foreign capital. Despite the different cultures and sizes of organizations, several actions have been consistently implemented by banks, demonstrating the creation of a standard in the industry. Some of the actions frequently encountered in banks for the the purpose of controlling costs are: • Centralization and strengthening of the purchasing area; • Establishment of a Corporate Efficiency Committee; • Implementation of technological solutions designed to increase levels of productivity and automate manual processes; • Outsourcing of non-strategic activities; • Optimization of the portfolio of projects and processes; • Creation of Shared Service Centers. While several of these actions designed to more efficiently manage costs and, consequently, improve operating efficiency, have already provided significant results for banking organizations, these same institutions are seeking continuous improvement and are comparing their efficiency rates against global benchmarks. Therefore, the path to be taken for leadership in operating performance and efficiency will involve breaking traditional models and paradigms. Thus, actions that for many years were discussed and rejected by banking executives are being reevaluated in this new scenario of striving for efficiency. Among them can be highlighted: • Sharing of non-strategic operations between banks; • Opening of non-cash branches; • Paperless banking operation; • Fees for transactions made through bank tellers; • Fees for providing services to non-clients; • Creation of shared branches in regions with low demographic density. While there is still no consensus on applying these and other actions that provide more efficiency for the banking sector, different financial institutions continue to deal with their challenges applying traditional actions that have helped them succeed in the past. It remains to be seen whether these actions will be sufficient in the future. TechInsights • 17 Fusões e aquisições Depois da Em um ambiente cada vez mais consolidado para a realização de fusões e aquisições, a inovação e a tecnologia são fatores determinantes. Soluções tecnológicas inovadoras contribuem e fazem parte desse desafio na fase pós-integração. Por Paschoal Pipolo Baptista Diretor da área de Consultoria da Deloitte e especialista no atendimento à indústria financeira 18 • TechInsights A busca por eficiência e o aumento da concorrência no mercado geraram um movimento de consolidação em várias indústrias nos últimos anos. Isso foi particularmente marcante no mercado bancário brasileiro, em que, em um passado recente, assistimos a um forte movimento nesse sentido. Nesse período ocorreram fechamentos de instituições, privatizações de bancos públicos e incorporações de instituições menores por grandes bancos. Para que se tenha uma dimensão desse movimento, vale lembrar que o sistema financeiro nacional em 1994 contava com aproximadamente 250 bancos múltiplos e comerciais. Dez anos depois, esse número já havia caído para apenas 160. Hoje, 20 anos depois, o mercado consolidou-se em 127 bancos. integração Nesse contexto, a inovação tem sido um fator fundamental de diferenciação na indústria financeira. A tecnologia é parte integral do processo de fusões e aquisições, contribuindo para a criação e a sustentação dos produtos e serviços oferecidos aos seus clientes. Os bancos brasileiros sempre tiveram caráter inovador, dando destinação prática às muitas tecnologias que a indústria trazia ao mercado. Foi assim com a facilitação do acesso às informações financeiras e à operação bancária iniciada pelo uso do banco por telefone, seguida por gerações sucessivas de novas tecnologias, como fax, home banking, internet banking e mobile banking. Na perspectiva do cliente, esses recursos trouxeram conveniência ao agilizar o relacionamento e ampliar a oferta de serviços sem a necessidade de ir a uma agência. Na perspectiva dos bancos, foram reduzidos custos e criados novos canais de oferta de produtos, antes limitados às capacidades de uma agência bancária e seus agentes. Nem todas as inovações, no entanto, atingiram o cliente. Muitas delas foram implantadas no âmbito interno das organizações, para aumentar a produtividade e lidar com o volume crescente de transações. Nesse particular, destaca a exploração conjunta de hardwares e softwares aplicativos para fins específicos. Aqui, um bom exemplo é a aplicação pelos bancos de sistemas integrados de gestão empresarial – softwares originários da indústria de manufatura – e a exploração de aplicativos típicos dessa indústria para otimizar as rotas de acesso e o abastecimento de caixas eletrônicos. Fusões das próprias instituições têm sido um desafio adicional nesse cenário, e exemplo prático de inovação aplicada a processos e Tecnologia da Informação. A rapidez e a qualidade na execução do processo de integração permitem que os clientes passem a operar de maneira definitiva com a nova organização resultante da fusão sem os pequenos transtornos dos processos intermediários, naturais do processo de convivência de soluções múltiplas oriundas dos bancos em processo de fusão. A conclusão desse processo é essencial para que as equipes internas possam voltar à prática usual de criar e implantar novos produtos e serviços inovadores, a fim de manterem-se competitivas perante uma concorrência que não teve a necessidade de despender energia adicional para planejar e colocar em prática a integração. TechInsights • 19 Também em linha com o uso da tecnologia aplicada, muitas das inovações, às quais as pessoas tinham acesso nas empresas, eram depois popularizadas – e, com o custo decrescente, passavam a ser adotadas no dia a dia das atividades pessoais. Esse ciclo, no entanto, inverteu-se nos últimos anos. As empresas, em sua busca incessante pela otimização operacional e redução de custo, aliadas à popularização de algumas tecnologias para uso pessoal, deslocaram a vanguarda na adoção desses produtos para o público consumidor. Exemplo ilustrativo dessa situação está no uso de aparelhos celulares, smartphones, tablets e notebooks, cujo interesse das pessoas e cuja redução de custos fizeram com que a velocidade de adoção e a substituição destes deixassem de ser lideradas pelas empresas. Essa “consumerização” trouxe ainda o desejo de utilizar seus próprios aparelhos na empresa, em vez de adotar o que era oferecido, gerando o fenômeno do bring your own device (“traga o seu próprio dispositivo”), que parece evoluir para o wear your own device (“vista o seu próprio dispositivo”), em alusão à tecnologia de wearable computing (computação “vestível”), sendo o Google Glass o atual ícone. A própria adoção de tecnologias em nuvem não pode ser deixada de lado ao se lembrar da vanguarda assumida pelo consumidor na adoção de tecnologias que depois passam a ser utilizadas pelas empresas. No entanto, há quem questione esse caso, ponderando que o mercado corporativo, sobretudo na área financeira, requer soluções mais robustas, seguras e testadas – o que seria um obstáculo à rápida adoção da computação em nuvem. A tecnologia é parte integral do processo de fusões e aquisições, contribuindo para a criação e a sustentação dos produtos e serviços oferecidos aos seus clientes. 20 • TechInsights Os modelos de adoção de novas tecnologias pelo mundo corporativo ou a sua introdução à revelia por usuários cada vez menos dispostos a abrir mão de seus confortos pessoais requerem cada vez mais das áreas de tecnologia, em aspectos relacionados à gestão de infraestrutura e segurança da informação. A velocidade com que essas mudanças e tecnologias são introduzidas não facilita a vida do Chief Information Officer (CIO), que tem a difícil tarefa de tomar decisões em relação à adoção desses recursos. Novos produtos e tecnologias têm o potencial de serem disruptivos para os negócios, sendo sua utilização capaz de alavancar vantagens significativas em seu mercado de atuação. Da mesma forma, a aposta em tecnologias que são descontinuadas ou cujos resultados não se materializam pode ter um impacto financeiro significativo, que afeta os lucros e até a viabilidade do próprio negócio. Para isso, há mitigadores, como bons conhecimentos sobre o próprio negócio e sobre a nova tecnologia. Isso exige dos profissionais envolvidos um conhecimento abrangente do mercado em que atuam as empresas fornecedoras de soluções, para que possam analisar as perspectivas de sucesso ou fracasso e os impactos sobre quem as usa. Não se pode esquecer que, em uma parcela das aquisições, sobretudo quando a empresa adquirente já tem seu próprio produto ou solução, o caminho pode ser não mais investir, ou, até mesmo, descontinuar a solução adquirida. O momento atual é particularmente demandante dos CIOs em relação a esse tema, haja vista as previsões compartilhadas pelo jornal Financial Times sobre uma onda de fusões e aquisições nas empresas do setor de telecomunicações e tecnologia capaz de provocar uma consolidação em torno de empresas-chave. A recente aquisição do WhatsApp pelo Facebook, por US$ 19 bilhões, e do Waze pelo Google parece encaixar-se nessa tendência. Muitas outras empresas, menos conhecidas do grande público, e, em geral, com atuação na internet (mídias sociais, bigdata e segurança da informação), continuam a gerar impactos e oportunidades no mercado financeiro. Merger and acquisitions After integration In an environment increasingly open tor mergers and acquisitions, innovation and technology are determining factors. Innovative technological solutions contribute and are part of this challenge in the post-integration phase. By Paschoal Pipolo Baptista Deloitte Consulting Director and expert on financial services industry T he search for efficiency and increased competition in the market have led to consolidation in several industries in recent years. This is particularly the case in the Brazilian banking market, where, in the recent past, there has been strong movement in this direction. Institutions have closed their doors, public banks have been privatized and large banks have absorbed smaller institutions during this period. To have an idea of the size of this movement, it should be remembered that the Brazilian financial system had approximately 250 multiple and commercial banks in 1994. Ten years later, this number had already fallen to only 160. Today, 20 years later, the market has consolidated into 127 banks. In this context, innovation has been an essential differentiating factor in the financial industry. Technology is an integral part of the mergers and acquisitions process, contributing to the creation and support of the products and services offered to clients. Brazilian banks have always been innovative, applying in practice the many technologies the industry has brought to the market. This was the case with the increased access to financial information and banking operations resulting from the use of banking by telephone, followed by successive generations of new technologies, such as the fax machine, home banking, internet banking and mobile banking. From the client’s point of view, these resources provided convenience by facilitating the relationship and expanding the offer of services without the need to go to a branch. From the banks perspective, costs were reduced and new channels for offering products were created, previously limited to the capacities of a bank branch and its agents. Not all innovations, however, affected the client. Many of them were implemented in the internal environment of companies, to increase productivity and deal with the growing volume of transactions. In this sense, the combined use of hardware and software applications stands out. Here, a good example is the banks’ application of integrated systems of corporate management – software originating in the manufacturing industry –, and the use of applications typical of this industry to optimize the access routes and the servicing of automatic teller machines. Technology is an integral part of the mergers and acquisitions process, contributing to the creation and support of the products and services offered to clients. Speed and quality in execution of the integration process permits clients to begin operating definitively with the new organization resulting from the merger without the small disruptions of intermediate processes, natural to the process of living with multiple solutions that occurs in banks undergoing mergers. The conclusion of this process is essential for internal staff to be able to engage the normal practice of creating and implementing new innovative products and services in order to remain competitive with competition that does not need to spend additional energy to plan integration and put it into practice. Also in line with use of the applied technology, many of the innovations people have access to in companies were later popularized – and, with declining costs, began to be adopted in people’s everyday lives. This cycle, however, has reversed in recent years. Companies, in their unending search for operating optimization and cost reduction, together with the popularization of some technologies for personal use, moved to the forefront in adoption of these products from the consuming public. An illustrative example of this situation is the use of cell phones, smart phones, tablets and notebooks, which due to people’s interest and the reduction of costs were quickly adopted and their use was not led by companies. This “consumerization” also led to people desire to use their own devices in the company instead of adopting what was offered. This generated the phenomenon of ‘bring your own device,’ which seems to be evolving into ‘wear your own device,’ alluding to the ‘wearable computing’ technology, of which Google Glass is the current icon. The very adoption of cloud technologies cannot be ignored when considering how the consumer has assumed the leading role in adopting technologies that later are used by companies. However, there are those who question this, believing that the corporate market, especially in the financial area, requires more robust, safe and tested solutions – which would be an obstacle to quick adoption of cloud computing. The models for adoption of new technologies by the corporate world or, by default, their introduction by users increasingly less willing to give up their personal comforts, require increasingly more from the technology areas, in aspects related to infrastructure management and information security. The speed at which these changes and technologies are introduced does not facilitate the life of the Chief Information Officer (CIO), who has the difficult job of making decisions in relation to the adoption of these resources. New products and technologies have the potential to be disruptive for business, and their use can leverage significant advantages in their market of operation. In the same way, betting on technologies whose results do not materialize or are discontinued can have a significant financial impact that affects profits and even the viability of the business itself. Consequently, there are mitigating factors, such as good knowledge about the business itself and the new technology. This requires the professionals involved to have broad knowledge of the market in which companies supplying the solutions operate, so that they can analyze the chances of success or failure and the impacts on those who use them. One cannot forget that, during acquisitions, particularly when the acquiring company already has its own product or solution, a decision may be made not to invest more, or even discontinue the acquired solution. Current times are very demanding for CIOs with regard to this topic, in light of the forecasts made by the Financial Times about a wave of mergers and acquisitions of companies in the telecommunications and technology sectors capable of causing a consolidation around key companies. The recent acquisitions of Whatsapp by Facebook for US$ 19 billion and of Waze by Google appear to fall within this trend. Many other companies, less known by the general public and, in general, operating on the internet (social media, bigdata and information security), continue to appear, impacting and creating opportunities for the financial market. TechInsights • 21 Mobilidade A era do A evolução digital colocou às instituições financeiras o imperativo de desenvolver estratégias de mobile banking. Os investimentos em plataformas para celular devem levar em conta aspectos como segurança e conteúdo, de forma a engajar os clientes no acesso ao banco pelo celular. Por Jefferson Denti Diretor da área de Consultoria da Deloitte e especialista no atendimento à indústria financeira A crescente adoção da nova geração de smartphones, os incentivos governamentais, os investimentos das instituições financeiras em tecnologia e a proliferação da banda de telefonia, entre outros fatores, proporcionaram uma significativa transformação do mercado, permitindo a massificação de tecnologias anteriormente restritas a uma elite de clientes. Considerando o exemplo de outros países, essa adoção tecnológica poderá funcionar como um propulsor para o desenvolvimento do ecossistema de mobile banking, objetivando bancarização, expansão de serviços bancários e não bancários, retenção e fidelização de clientes, soluções de pagamentos e melhoria da eficiência operacional dos bancos. Segundo estudos realizados recentemente pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), estimase que, em até dez anos, o Brasil poderá atingir 22 • TechInsights banco móvel níveis de penetração de smartphones semelhantes aos verificados em países desenvolvidos, ao redor de 80%. No fim de 2013, a parcela da população com celulares inteligentes foi estimada em 27%, evidenciando o espaço para o aumento da relevância do canal para fins bancários. Entre 2009 e 2013, o número de contas-correntes com mobile banking registrou crescimento médio anual de 134%, atingindo 11,3% da base de contas do ano passado. As instituições financeiras vêm investindo massivamente na construção de plataformas para celular, bem como em questões de segurança e acessibilidade. Isso se traduz em uso efetivo da tecnologia por 6% dos correntistas, segundo estudos da Febraban, principalmente em serviços como consulta de saldo de contas-correntes. A estratégia de mobile banking é uma jornada, e seu sucesso se concretiza com o engajamento de diversos agentes da cadeia de valor na superação de desafios constantes e de naturezas distintas. Uma estratégia de mobile banking de sucesso tem como foco a experiência para cliente, e leva em conta uma série de competências: •Interesse: esclarecer benefícios e formas de uso das novas tecnologias, de maneira simples e abrangente; •Oferta: realizar entregas customizadas e relevantes com uso intensivo de analytics, referência geográfica e alavancagem dos dados disponíveis sobre seus clientes; •Relacionamento e lealdade: aumentar o acesso e, consequentemente, o uso do banco, por meio de um canal altamente disponível, seguro e prático; •Uniformidade do canal: proporcionar ao cliente uma experiência simples, tangível e integrada em todos os demais canais, incluindo mídias sociais; •Comunicação: ampliar a presença nos meios de comunicação, de acordo com as normas de segurança e privacidade do uso do canal; •Aprendizado e educação: ampliar o formato de aprendizado pelo cliente com a utilização desse canal integrado com conceitos de gamificação. TechInsights • 23 Modelo colaborativo para mobile banking Provedores Banco Clientes Conteúdos Financeiros Mídias sociais Pagamentos Telecomunicações* Infraestrutura Empresas de tecnologia e soluções TV e rádio SLA** Acesso/Telefonia Operadoras e MVNOs Bureaus Banco como provedor de serviços Outros parceiros Seguradoras, universidades, empresas aéreas, supermercados, entre outros A criação de aplicações e serviços que interajam em múltiplos sistemas operacionais e aceitem atualizações para suportar novas funcionalidades e avanços também é uma competência esperada para quem quer oferecer uma melhor experiência de mobile banking ao cliente. Essa medida envolve inovação, com o monitoramento e o alinhamento das operações bancárias, a fim de acompanhar a rápida evolução dos aparelhos móveis e das novas tecnologias; integração de plataformas, para promover a compatibilidade entre as complexas plataformas bancárias existentes com as de mobile banking e de telecomunicações; e regulamentação, para garantir que as aplicações estejam em conformidade com os critérios de regulamentação e segurança. A estratégia de mobile banking é uma jornada, e seu sucesso se concretiza com o engajamento de diversos agentes da cadeia de valor na superação de desafios constantes e de naturezas distintas. 24 • TechInsights Possíveis serviços prestados ao cliente Conteúdos Hobbies Ensino à distância Outros * Voz e dados. ** Service Level Agreement Outro ponto fundamental para o desenvolvimento de uma estratégia de mobile banking é o desenvolvimento de parcerias relevantes com fornecedores de telecomunicações, empresas de e-commerce, meios de pagamento, conteúdo e mídias sociais, dada a forte dependência das áreas de cobertura e de acesso a planos de serviços adequados para o cliente. Esse desafio envolve também aspectos de privacidade, credibilidade e segurança. É preciso garantir o cumprimento das leis e normas que regem os direitos do consumidor, no que tange ao compartilhamento de informações entre clientes, empresas e terceiros, bem como implementar políticas e procedimentos de transparência na comunicação entre os clientes e as demais partes interessadas, a fim de garantir a idoneidade da empresa. Uma das formas de monetização é a criação de modelos de negócios estendidos, sendo o banco o principal agente de relacionamento com os clientes, a partir da utilização de novos conceitos, como gamificação e mídias sociais, entre outros. A monetização dos investimentos realizados nas plataformas, a ampliação do uso de mobile banking e as definições regulatórias ainda são desafios para o setor financeiro. Mobility The era of the mobile bank Digital evolution has forced financial institutions to develop mobile banking strategies. Investments in platforms for cell phones should take aspects like security and content into consideration, in order to encourage clients to access the bank through their cell phones. By Jefferson Denti Deloitte Consulting Director and expert on financial services industry G rowing adoption of the new generation of smartphones, government incentives, investments by financial institutions in technology and the proliferation of telephone bands, among other factors, have led to a significant change in the market, allowing the popularization of technologies previously restricted to elite clients. Considering the example of other countries, this technological adoption could function as a driver of development of the mobile banking ecosystem, aiming at bankarization, expansion of banking and non-banking services, retention and fidelization of clients, payment solutions and improved bank operating efficiency. According to studies conducted recently by the Brazilian Federation of Banks (Febraban), it is estimated that within ten years Brazil could reach levels of smartphone penetration similar to those found in developed countries, around 80%. At the end of 2013, the portion of the population with smart cell phones was estimated at 27%, showing how much room there is for an increased importance of the channel for banking purposes. Between 2009 and 2013, the number of checking accounts with mobile banking grew an average of 134%, reaching 11.3% of the last year’s account base. Financial institutions are investing massively in construction of platforms for cell phones, as well as in security and accessibility. This translates into effective use of the technology by 6% of account holders, according to FEBRABAN studies, mainly for services such as checking account balance queries. Mobile banking strategy is a march, and its success is based on the engagement of various agents of the value chain in meeting constant challenges of distinct natures. Mobile banking strategy is a march, and its success is based on the engagement of various agents of the value chain in meeting constant challenges of distinct natures. A successful mobile banking strategy is focused on the client experience and takes a number of factors into account: • Interest: clarify the benefits of and ways to use the new technologies, in a simple and comprehensive manner; • Offer: customized deliveries and important tools like intensive use of analytics, reference geography and leveraging of data available on its clients; • Relationship and loyalty: increase access to and, consequently, use of the bank, by means of a highly available, secure and practical channel; • and an expert: provide the client with a simple, tangible and integrated experience in all other channels, including social media; • Communication: expand presence in the means of communication, in accordance with security and privacy standards for use of the channel; • Learning and education: expand the learning format for the client by using this channel integrated with gamification concepts. The creation of applications and services that interact in multiple operating systems and accept updates to support new features and advances is also a skill expected of anyone wanting to offer a better mobile banking experience to the client. This measure involves innovation, with the monitoring and alignment of banking operations in order to accompany the rapid evolution of mobile devices and new technologies; the integration of platforms to promote compatibility between the existing complex banking platforms and those of mobile banking and telecommunications; and regulation, to ensure that applications are in compliance with security and regulatory requirements. Another essential point for development of a mobile banking strategy is the development of important partnerships with telecommunications providers, e-commerce companies, means of payment, content and social media, given the strong dependence of the coverage and access areas on service plans appropriate for the client. This challenge also involves aspects of privacy, credibility and security. It is necessary to comply with the laws and standards that govern consumer rights, with regard to sharing information between clients, companies and third parties, as well as to implement policies and procedures of transparency in communication with clients and other interested parties, in order to ensure the good standing of the company. One of the means of monetization is creation of extended business models, with the bank being the main liaison agent with the clients, based on application of new concepts such as gamification and social medias, among others. The monetization of investments made in platforms, the expanded use of mobile banking and the regulatory definitions are still challenges for financial sector. TechInsights • 25 Segurança cibernética Novas fronteiras O setor financeiro é o que registra maior perda com crimes cibernéticos. Mais do que prejuízos financeiros, os cibercrimes impactam a confiança e a reputação das empresas do setor. A gestão desse risco deve ser apoiada em um processo ágil, que lide com as novas ameaças que surgem todos os dias, e estar alinhada à estratégia da organização. Por Rodney Van Nostrand Diretor da área de Consultoria em Gestão de Riscos da Deloitte e especialista em segurança cibernética 26 • TechInsights da segurança N ão há dúvida de que o crescimento do cibercrime, no setor de serviços financeiros, se mantém, ou até mesmo se expandiu. Empresas de serviços financeiros dos Estados Unidos sofreram prejuízos de US$ 23 milhões em média, com violações de segurança cibernética em 2013, o que representa a maior perda média de todos os setores. Para destacar a rápida ascensão em ameaças cibernéticas, esse número é 43,9% superior ao de 2012, quando o setor ocupava o terceiro lugar no ranking, depois dos setores de defesa, e de energia e serviços públicos. O maior impacto potencial do cibercrime é na confiança dos clientes e dos investidores, no risco reputacional e no impacto regulatório que, juntos, agregam riscos substanciais às empresas de serviços financeiros. Embora essa tendência não possa ser ignorada, as perdas reais às vezes não são significativas nas demonstrações do resultado das empresas. A interação entre o atacante e a vítima é, de fato, um jogo de gato e rato, em que cada lado continuamente aprende e adapta-se, aproveitando a criatividade e o conhecimento de outros para desenvolver novas táticas ofensivas e posturas defensivas. A conformidade relativamente estática ou as abordagens centradas em política de segurança encontradas em muitas empresas de serviços financeiros podem estar muito desatualizadas. A questão é se o setor de hoje poderia criar uma abordagem dinâmica, orientada para a inteligência de gestão de risco cibernético não só para prevenir, mas também para detectar, reagir e se recuperar dos Uma pesquisa global feita com executivos de nível de diretoria e membros do conselho revelou que o risco cibernético se tornou, em 2013, a terceira prioridade do mundo em risco corporativo. Curiosamente, o mesmo levantamento em 2011 avaliou a segurança cibernética como apenas a décima segunda prioridade; essa rápida ascensão talvez se explique, em parte, pela natureza evolutiva dos próprios riscos. TechInsights • 27 A batalha pesa? Muitas empresas de serviços financeiros estão notando o aumento dos custos devido a crimes cibernéticos Custo anual médio do cibercrime para uma empresa de serviços financeiros (em US$ milhões) 23.6 43,9% 16.4 danos potenciais resultantes desses ataques. Como tal, a transformação em um modelo cibernético seguro, vigilante e resistente terá de ser considerada para gerir eficazmente os riscos e conduzir a inovação no mundo cibernético. Os ciberataques a empresas de serviços financeiros são cada vez mais diversificados – e, portanto, imprevisíveis – e também vieram para ficar. Muitos deles continuam sendo estimulados, como sabemos, pelo ganho financeiro. No entanto, as fileiras de atacantes têm crescido cada vez mais para incluir outros com agendas sociais ou políticas que visam destruir sistemas ou criar o caos no mercado. Ao mesmo tempo, o clima econômico atual leva as empresas de serviços financeiros a continuamente criar vantagem competitiva e gerar rentabilidade aproveitando as novas tecnologias e métodos de negócio. As alterações resultantes podem introduzir novas vulnerabilidades que os hackers podem explorar, o que fazem com agilidade implacável. Tanto os agressores quanto as vítimas se valem de seus pontos fortes e das fraquezas do outro. Quando aumenta a gravidade do ataque, é provavelmente um modelo de segurança cibernética resiliente e flexível que pode preparar as empresas de serviços financeiros para sobreviver aos inevitáveis riscos cibernéticos. Como tal, as empresas de serviços financeiros devem considerar o aumento de seu nível de preparação e evoluir para um novo paradigma de gestão de Para muitas empresas, programas de gestão de riscos podem evoluir para programas de gestão de risco cibernético voltados para executivos que são parte integrante do planejamento estratégico de negócios. 28 • TechInsights 14.7 12.4 #1 #3 #3 #3 2010 2011 2012 2013 (#) Posição em termos de custo médio anualizado dos crimes cibernéticos na indústria Fonte: análise do Ponemon Institute e Deloitte Center for Financial Services risco cibernético que se esforça para atingir três qualidades fundamentais: •Ser seguro contra ameaças conhecidas por meio do investimento orientado ao risco com políticas e controles fundacionais e preventivos; •Ser vigilante, melhorando a capacidade de detectar ameaças emergentes e padrões anômalos em meio a um ambiente altamente complexo e saturado de dados; •Ser resiliente para permitir que a organização se recupere de ataques o mais rapidamente possível e minimize os danos diretos e indiretos. Inteligência acionável contra ameaças derivada de uma vasta gama de fontes e processos de governança bem definidos que incutem a consciência do risco cibernético, responsabilização e adaptação eficaz continuam sendo o combustível essencial na condução dessa mudança de paradigma. Para muitas empresas, os programas de gestão de riscos podem evoluir para programas de gestão de risco cibernético voltados para executivos que são parte integrante do planejamento estratégico de negócios. O imperativo para transformação é uma questão de estratégia de negócios; as empresas de serviços financeiros que dominam essa nova abordagem poderiam provavelmente estar na vanguarda do setor, porque, ao incorporar uma abordagem de gerenciamento de risco cibernético mais ágil, poderiam aproveitar com mais eficiência a revolução digital em curso a seu favor. Cybersecurity New frontiers of security The financial industry currently sustains the largest losses from cybernetic crimes. More than just financial losses, cybercrimes impacts confidence and the reputation of companies in the sector. Management of this risk should be supported by an agile process that deals with the new threats that arise daily and should be integrated into the strategy of the organization. By Rodney Van Nostrand Deloitte Enterprise Risk Services Director and expert on cybersecurity I t is clear that the growth in cybercrime has continued, if not accelerated, in the financial services industry. U.S. financial services companies lost on average US$ 23.6 million from cybersecurity breaches in 2013. This represents the highest average loss across all industries. To underscore the rapid rise in cyber threats, this number is 43.9% higher than in 2012, when the industry was ranked third, after the defense and the utilities and energy industries. While this trend is not to be ignored, these actual losses are sometimes not meaningful to firms’ income statements. The potentially greater impact from cybercrime is on customer and investor confidence, reputational risk, and regulatory impact that together add up to substantial risks for financial services companies. A global survey with corporate C-level executives and board members revealed that cyber risk became the world’s third corporate-risk priority overall in 2013. Interestingly, the same survey from 2011 ranked cybersecurity as only the twelfth highest priority; a rapid rise explained perhaps in part by the evolving nature of the risks themselves. What are now typically called Information Technology risk management programs can evolve into executivedriven cyber risk management programs that are an integral part of strategic business planning. The interplay between attacker and victim is, indeed, a cat-andmouse game in which each side perpetually learns and adapts, leveraging creativity and knowledge of the other’s motives to develop new offensive tactics and defensive postures. The relatively static compliance or policy-centric approaches to security found in many financial services companies may be long outdated. The question is whether today’s industry can create a dynamic, intelligence-driven approach to cyber risk management not only to prevent, but also detect, respond to, and recover from the potential damage that results from these attacks. As such, transformation to a secure, vigilant, and resilient cyber model will have to be considered to effectively manage risks and drive innovation in the cyber world. Both the attackers and the victims play to their strengths and the other’s weakness. When the attack severity increases, it may likely be a resilient and flexible cybersecurity model that can prepare financial services companies to survive the inevitable cyber risks. Consequently, financial services firms should consider raising their level of preparedness and evolve towards new cyber risk management paradigm that strives to achieve three fundamental qualities: • Being secured against known threats through risk-driven investment in foundational preventive controls and policies; • Being vigilant by improving the ability to detect emerging threats and anomalous patterns amidst the highly complex and data-saturated environment; • Being resilient to enable the organization to recover from attacks as quickly as possible and minimize both direct and indirect damages. Actionable threat intelligence derived from a wide range of sources and well-defined governance processes, which instill cyber risk awareness, accountability, and effective continuous adaptation, can be critical in driving this paradigm shift. For many firms, what are now typically called information technology risk management programs can evolve into executive-driven cyber risk management programs that are an integral part of strategic business planning. The imperative to transform is a strategic business issue; the financial services companies that master this new approach could likely be at the forefront of the industry because, by incorporating a more agile cyber risk management approach, they may be able to more effectively harness the ongoing digital revolution to their advantage. Cyber-attacks on financial services companies are both increasingly diverse and therefore unpredictable and are also here to stay. Many of these continue to be driven, as we know, by financial gain. However, the ranks of attackers have increasingly grown to include others with social or political agendas that seek to destroy systems or create market havoc. At the same time, the current economic climate drives financial services firms to continually to create competitive advantage and drive profitability by leveraging new technologies and business methods. The resulting changes can introduce new vulnerabilities that hackers can and do exploit with unrelenting agility. TechInsights • 29 Disrupção digital Por Carlos Rivelle Sócio da área de Consultoria da Deloitte 30 • TechInsights Dados A análise cognitiva de dados não estruturados é um fator de disrupção para a indústria financeira. O processamento de um grande volume de informações é realizado em tempo real e de forma a gerar hipóteses que apoiarão a tomada de decisões para as organizações. inteligentes O Chief Information Officer (CIO), sobretudo da indústria financeira, busca imprimir em sua estrutura uma nova mentalidade e novos recursos para contribuir com o crescimento e a inovação dos negócios. Como um investidor de risco, o CIO da indústria financeira está gerindo ativamente o seu portfólio de Tecnologia da Informação (TI), de forma a gerar valor e avaliar o desempenho da carteira. O CIO que tiver habilidade para combinar isso com a agilidade e os talentos desejados, pode remodelar os negócios com TI. Entre as tendências em tecnologia que podem fazer a diferença no setor financeiro, destaco as análises cognitivas. Para as organizações que querem melhorar a sua capacidade de detectar e responder, as análises cognitivas (Cognitive Analytics) tornaram-se uma maneira poderosa de tomada de decisão, por meio da capacidade de analisar grandes massas de dados não estruturados, conhecidas como big data. A análise cognitiva oferece uma maneira de preencher as lacunas entre o big data e a realidade da tomada de decisão. Nova abordagem Pela primeira vez na história da computação, é possível que máquinas aprendam com a experiência e penetrem na complexidade de dados para identificar associações. A análise cognitiva é inspirada em como o cérebro humano processa informações, tira conclusões, e codifica instintos e experiências em aprendizado. Em vez de regras pré-definidas e consultas estruturadas para descobrir respostas, a análise cognitiva baseia-se em sistemas de tecnologia para gerar hipóteses, desenhadas a partir de uma grande variedade de informações e conexões potencialmente relevantes. TechInsights • 31 Análises cognitivas podem ultrapassar os limites da cognição humana, o que nos permite processar e entender grandes massas de dados não estruturados em tempo real. No mundo do consumo, peças de análises cognitivas formam o núcleo de assistentes pessoais artificiais, como o Siri, da Apple, e o serviço Google Now, bem como a espinha dorsal para a interface de comando de voz do sistema de videogame Xbox em Kinect. Análise cognitiva para o setor financeiro Casos ainda mais interessantes de análises cognitivas podem ser encontrados na área da saúde, onde os sistemas estão sendo usados para melhorar a qualidade dos resultados dos pacientes. Uma vasta gama de insumos estruturados, tais como registros de reclamações, arquivos de pacientes e estatísticas de surto é acoplada com entradas de dados não estruturadas, como revistas e livros médicos, notas clínicas e informações de mídias sociais. Diagnósticos dos pacientes podem incorporar novas evidências médicas e históricos individuais de pacientes. Isso pode suportar informações relevantes para o conhecimento médico para a aprovação de subscrição de apólices e para os reembolsos médicos dos seguros-saúde. Nos serviços financeiros, análises cognitivas estão sendo usadas para assessorar e executar transações, bem como para a detecção de fraude avançada e subscrição de riscos. Isso se aplica também para segurança cibernética. Nos serviços financeiros, análises cognitivas estão sendo usadas para assessorar e executar transações, bem como para a detecção de fraude avançada e subscrição de riscos. 32 • TechInsights Se a computação cognitiva mudou a forma como a informação é processada, a análise cognitiva está mudando a forma como a informação é aplicada. Dados financeiros e transacionais altamente estruturados permanecem na vanguarda de muitas aplicações de negócios. No entanto, o aumento de informações não estruturadas em voz, imagens, canais sociais e vídeo criou novas oportunidades para que as empresas possam compreender o mundo à sua volta. Habilitadores A computação cognitiva depende do aumento da capacidade de processamento e rede de armazenamento oferecidas a baixo custo. Isso porque requer processamento paralelo, o que permite a exploração de diferentes conjuntos de dados provenientes de fontes diversas ao mesmo tempo. Exige também lugares em que as enormes quantidades de dados podem ser continuamente coletadas e analisadas. As opções incluem a computação em nuvem, aparelhos de grandes dimensões e servidores high-end e arquiteturas distribuídas, que permitem que o trabalho seja reduzido e mapeado para um grande contingente de hardware low-end. Para as empresas que querem usar essa informação para a tomada de decisões em tempo real, a análise cognitiva está se movendo para o centro do palco, acelerada por internet, escalabilidade em nuvem e domínio de adaptação de processos de negócios para impulsionar ideias que auxiliam a tomada de decisão e a efetivação de transações em tempo real. A demanda por análise cognitiva está avançando de forma acelerada nos setores de alto investimento/ risco: seguradoras, cuidados com a saúde e serviços financeiros, e em funções de gestão de relacionamento com o cliente, segurança cibernética e cadeia de suprimentos, bem como nos setores de telecomunicações. Em algumas áreas desses setores, o tempo de resposta em atraso pode ser uma questão de vida ou morte – um fator de disrupção. Em outros, ele simplesmente representa oportunidades perdidas. Digital disruption Intelligent data The cognitive analysis of non-structured data is a major disruptive factor for the financial industry. The processing of a large volume of information takes place in real time and in a way that generates hypotheses that will support companies’ decision making. By Carlos Rivelle Deloitte Consulting Partner T he Chief Information Officer (CIO), particularly in the financial industry, seeks to imprint a new mentality on and provide new resources for the structure to contribute to the business’s growth and innovation. As a risk investor, the CIO in the financial industry is actively managing the Information Technology (IT) portfolio in order to generate value and evaluate its performance. The CIO who is able to combine this with flexibility and desired talents can remodel business with IT. Among the technology trends that can make a difference in the financial sector, cognitive analytics stands out. For companies that want to improve their ability to detect and respond, cognitive analytics has become a powerful way to make decisions, due to its ability to analyze large masses of non-structured data, known as big data. Cognitive analytics offers a way to fill in the gaps between big data and the reality of decision making. A new approach For the first time in the history of computing, it is possible for machines to learn from experience and penetrate the complexity of data to identify associations. Cognitive analytics is inspired by the way the human brain processes information, arrives at conclusions and codifies instincts and experience in learning. Instead of pre-defined rules and structured queries to discover answers, cognitive analytics is based on technology systems to generate hypotheses, designed based on a large variety of information and potentially significant connections. In financial services, cognitive analytics is being used to support and execute transactions, as well as for detection of advanced fraud and risk underwriting. Cognitive analytics can overcome the limits of human cognition, allowing the processing and understanding of large masses of non-structured data in real time. In the consumer world, pieces of cognitive analytics form the cores of artificial personal assistants like Siri, from Apple, and the Google Now service, as well as the backbone of the voice command interface of the Xbox video game system in Kinect. In financial services, cognitive analytics is being used to support and execute transactions, as well as for detection of advanced fraud and risk underwriting. This also applies to cybernetic security. If cognitive computing has changed the way information is processed, cognitive analytics is changing the way information is applied. Financial data and highly-structured transactions remain in the vanguard of many business applications. However, the increase in non-structured information in voice, images, social media channels and video has created new opportunities for companies to understand the world around them. Facilitators Cognitive computing depends on increased processing capacity and an expanded storage network offered at low cost. This is because it requires simultaneous processing that allows exploration of different sets of data coming from different sources at the same time. It also requires places where the enormous amount of data can be continually collected and analyzed. The options include cloud computing, large-scale devices and high-end servers, and distributed architecture, which allow the work to be reduced and mapped for a large contingent of low-end hardware. For companies that want to use this information for decision making in real time, cognitive analytics is moving to the center stage, accelerated by the internet, cloud scalability and adaption of business processes to drive ideas that help decision making and transacting in real time. The demand for cognitive analytics is advancing at an accelerated pace in high investment/risk sectors: insurance, health care and financial services, and in client relationship management, cybernetic security and supply chains, as well as in the telecommunications sector. In some parts of these sectors, delayed response time can be a matter of life or death – a disruptive factor. In others, it simply represents lost opportunities. Cognitive analytics for the financial sector Even more interesting cases of cognitive analytics can be found in the health area, where systems are being used to improve the quality of patients’ results. A vast array of structured inputs, such as registered complaints, patient files, and outbreak statistics are combined with the entry of non-structured data, such as medical magazines and books, clinical notes and social media information. Patient diagnosis can incorporate new medical evidence and patients’ personal histories. This can provide relevant information to add medical insight for approval of policy underwriting and health insurance medical reimbursements. TechInsights • 33 Dinheiro virtual Nova corrida do ouro? O aumento da adesão ao bitcoin pode provocar um impacto tanto para a indústria de tecnologia quanto para a financeira e a de varejo. A inovação para se adequar a novas formas de pagamento e novos serviços deve estar na perspectiva das empresas desses setores, para evitarem ser vítimas de uma disrupção. Por Marcia Ogawa Sócia da área de Consultoria da Deloitte, líder das soluções em Analytics no Brasil e especialista no setor financeiro O frenesi do bitcoin parece ter atingido novas alturas ultimamente, estimulado por uma base crescente de usuários, pela volatilidade dos preços e pela rápida evolução das redes de empresas ligadas ao bitcoin. Notícias de grandes investimentos em equipamentos de “mineração” e a expansão do ecossistema de apoio ao protocolo nos fazem lembrar, em muitos aspectos, uma corrida do ouro – uma analogia facilitada pelas outras semelhanças do bitcoin com o metal precioso. É difícil dizer se essa empolgação se justifica, mas também não se pode negar a crescente importância do bitcoin para as empresas e para a economia em geral. O bitcoin, juntamente com outras criptomoedas, pode ter implicações não só para o setor de tecnologia, em que se concentra grande parte da ação, mas também para outros setores, desde o varejo até os serviços financeiros. 34 • TechInsights Neste artigo, discutimos o bitcoin no contexto do setor de serviços financeiros, particularmente as redes de pagamento e os bancos. O que é essa criptomoeda que está chamando tanta atenção, e qual pode ser o futuro das criptomoedas para os serviços financeiros tradicionais? Os princípios do bitcoin O bitcoin é uma criptomoeda, uma alternativa digital ao dinheiro tradicional, que depende de criptografia para funcionar. O protocolo bitcoin, um sistema de processos de código aberto, rege a moeda e é fundamentalmente respaldado por uma rede peer-to-peer. Esse projeto também faz do bitcoin uma rede de pagamentos que existe fora do sistema de pagamento tradicional. Ao contrário das moedas mais tradicionais, não há nenhuma autoridade principal por trás do bitcoin. A Fundação Bitcoin, um grupo de defesa, ajuda a respaldar o uso da moeda. Os primeiros bitcoins chegaram ao mercado em 2009, com valor de praticamente nada em termos de dólares. A complexidade do protocolo limitava o uso a quem tinha experiência com software e um interesse específico em moedas digitais alternativas. Assim que a moeda amadureceu, um ecossistema de provedores de serviço foi desenvolvido a fim de facilitar as transações para que qualquer pessoa pudesse participar, mesmo quem não tinha conhecimento técnico da moeda. Este ecossistema global ainda em crescimento inclui estabelecimentos, processadores de pagamento, soluções bancárias e de carteira digital e plataformas de comércio e câmbio. O desenvolvimento do ecossistema e a crescente atenção da mídia têm aumentado o interesse geral no bitcoin, estimulando nova demanda (de certo modo especulativa) e elevando o preço de um único bitcoin para mais de mil dólares em dezembro de 2013. Mais recentemente, o preço caiu em resposta à evolução normativa e a problemas operacionais em vários grandes operadores de troca de bitcoins. Como reserva de valor, uma das principais finalidades do dinheiro, a utilidade do bitcoin é atualmente limitada. A alta volatilidade e um clima normativo incerto impedemno de ter os benefícios de uma moeda como o O bitcoin na balança Prós Contras • Baixos custos de transação; • Transferibilidade e conversibilidade internaciona; • Proteção contra certos riscos políticos e inflação (se não houver rápidas mudanças de preço). • Menos problemas do que outras moedas alternativas para atender ao aumento da demanda e questões relacionadas a verificação e duplicidade de pagamentos; • A operação fica fora do sistema bancário – imune a falhas de banco, mas sem proteção de seguro de depósito. • Valor atual volátil; • Adesão pelos varejistas limitada; • A questão do anonimato pode ser usado para fins ilegais; • Falta de intermediários confiáveis para enfrentar transações não autorizadas e fraudes; • Potencial para expor a público o histórico de transações do usuário; • Incerteza sobre a segurança da criptomoeda e resiliência operacional; • Compreensão inadequada do mercado de massa. Fonte: estudo “Bitcoin, the new gold rush?” (Deloitte, 2014) TechInsights • 35 dólar, o iene ou o euro. Além disso, quase a metade dos bitcoins é declaradamente detida por menos de mil indivíduos, uma concentração de poder de mercado que lança dúvidas sobre a robustez dos preços do bitcoin. Mas o bitcoin pode ter uma utilidade mais clara pela forma como difere do ouro: o uso como meio de troca direto. Para certos tipos de pagamentos, tais como transferências internacionais de pessoa a pessoa, os baixos custos de transação do bitcoin, seu alcance internacional, a velocidade de transferência e a facilidade de uso, podem torná-lo uma alternativa popular entre alguns segmentos. O impacto potencial do bitcoin é significativo, apesar de uma aceitação generalizada ainda ser um cenário improvável. Para que o bitcoin entre para valer, pelo menos três condições devem ser atendidas: estabilidade, aceitação e confiança. Uma das principais incertezas enfrentadas pelo bitcoin e por outras moedas digitais alternativas é o ambiente normativo. Normas claras, especialmente em áreas como impostos, contabilidade e lavagem de dinheiro, podem aumentar a aceitação do bitcoin e fornecer uma medida de estabilidade e confiança. Implicações para os serviços financeiros Independentemente de essas condições serem atendidas, o bitcoin pode potencialmente permear inovação para uma ampla gama de instituições, inclusive no setor bancário tradicional. Para certos tipos de pagamentos, tais como transferências internacionais de pessoa a pessoa, os baixos custos de transação do bitcoin, seu alcance internacional, a velocidade de transferência e a facilidade de uso, podem torná-lo uma alternativa popular entre alguns segmentos. 36 • TechInsights Implicações comerciais •Pagamentos: transferências entre indivíduos por meio do bitcoin são mais rápidas, mais simples e menos caras do que as oferecidas por muitas empresas de serviços financeiros. As empresas podem precisar inovar para manter sua hegemonia nesse espaço. •Varejo e bancos de investimento: essas empresas podem começar a considerar a aceitação de bitcoins como depósitos, o uso de bitcoins como garantia, a busca de negócios com empresas de bitcoin conexas, e a comercialização de bitcoins. •Serviços de hedging e de investimento: as empresas podem considerar a criação de novas ofertas de investimento focadas em bitcoin, tais como fundos indexados e fundos negociados em bolsa. Implicações institucionais •Fiscal e contábil: a adoção do bitcoin pode acarretar inúmeras implicações fiscais e contábeis, entre elas a liquidação diária de perdas e ganhos, a caracterização de lucros e perdas para efeitos fiscais, a aplicabilidade das regras de transação de troca direta, o acompanhamento de base e compensações de hedge. •Riscos e conformidade: O Bitcoin levanta muitas questões do ponto de vista de risco e conformidade. A governança de risco e os controles internos podem precisar ser desenvolvidos ou atualizados para levar em conta o bitcoin e outras criptomoedas. •Operações e tecnologia: podem ser necessários investimentos em software e outros itens de Tecnologia da Informação para integrar plataformas de moeda digital alternativa em ofertas de infraestrutura e produtos. Estabelecer uma marca forte nas etapas iniciais da tendência de moeda digital alternativa pode trazer vantagem competitiva substancial nos próximos anos, mas as empresas precisam considerar cuidadosamente o leque de resultados. Mudar muito rapidamente pode resultar em excesso de exposição – e constrangimento – se o bitcoin for aceito na cultura predominante. Virtual money The new gold rush? The increased adoption of the bitcoin may have an impact both on the technology industry and the financial and retail industries. Innovation in adapting to new forms of payment and new services should be on the radar of companies in these sectors, to avoid becoming victims of disruptions. By Marcia Ogawa Deloitte Consulting Partner, leader of Analytics solutions in Brazil and expert on financial services industry T he bitcoin frenzy seems to have reached new heights lately, spurred by a growing user base, price volatility, and the rapidly evolving network of bitcoin-related companies. Reports of big investments in “mining” equipment and the expanding ecosystem supporting the protocol remind us in many ways of a gold rush – an analogy made easier by bitcoin’s other similarities to the precious metal. It’s hard to say whether this excitement is warranted, but it’s equally hard to deny bitcoin’s increasing relevance to businesses and the broader economy. Bitcoin, along with other cryptocurrencies, may have implications not only for the technology industry, where much of the current action is concentrated, but also other industries from retail businesses to financial services. In this article, we discuss bitcoin in the context of the financial services industry, particularly, payment networks and banks. What is it about this cryptocurrency that is inspiring such attention, and what might the future of cryptocurrencies mean for traditional financial services? Bitcoin fundamentals Bitcoin is a cryptocurrency, a digital alternative to traditional money relying on cryptography for its operation. The bitcoin protocol, a system of open source processes, governs the currency and is primarily supported by a peer-to-peer network. This design also makes bitcoin a payment network, one that exists outside the traditional payments system. Unlike more traditional currencies, there is no principal authority backing bitcoin. The Bitcoin Foundation, an advocacy group, does help support the use of the currency. For certain types of payments, such as international person-to-person transfers, bitcoin’s low transaction costs, international reach, speedof-transfer, and ease-of-use, could make it a popular alternative in some segments. The first bitcoins entered the market in 2009, valued at next to nothing in dollar terms. The protocol’s complexity limited use to those with software expertise and a special interest in alternative digital currencies. Yet as the currency has matured, an ecosystem of service providers has developed to facilitate transactions so that anyone can participate, even those without a technical understanding of the currency. This still-growing global ecosystem includes merchants, payment processors, banking and e-wallet solutions, trading platforms, and currency exchanges. The developing ecosystem and growing media attention have increased general interest in bitcoin, spurring new demand (some of it speculative) and driving up the price of a single bitcoin to more than $1,000 by December 2013. More recently, the price has moderated in response to regulatory developments and operational issues at several leading bitcoin exchanges. As a store of value, one of the primary purposes of money, bitcoin’s utility is currently limited. High volatility and an uncertain regulatory climate keep it from having the benefits of a currency like the dollar, yen, or euro. Moreover, almost half of bitcoins are reportedly held by fewer than 1,000 individuals, a market power concentration that casts doubt on the robustness of bitcoin pricing. But bitcoin may have clearer utility in the way it differs from gold: use as a direct means of exchange. For certain types of payments, such as international person-to-person transfers, bitcoin’s low transaction costs, international reach, speed-of-transfer, and ease-of-use could make it a popular alternative among some segments. Bitcoin’s potential impact is significant though widespread acceptance may seem an unlikely scenario. For bitcoin to enter the mainstream, at least three conditions would have to be met: stability, acceptance and trust. One of the major uncertainties facing bitcoin and other alternative digital currencies is the regulatory environment. Clear regulations, especially in areas such as taxes, accounting, and anti-money laundering, may increase bitcoin’s acceptance and provide a measure of stability and trust. Implications for financial services Regardless of whether these conditions are met, bitcoin could potentially inform innovation for a wide range of institutions, including those in the traditional banking sector. Business implications • Payments: transfers between individuals via bitcoin are faster, simpler, and less expensive than those offered by many financial services companies. Companies may need to innovate to retain their dominance in this space. • Retail and investment banking: these firms may begin looking at the acceptance of bitcoins as deposits, the use of bitcoins as collateral, the pursuit of business with bitcoin-related companies, and bitcoin trading. • Hedging and investment services: firms may consider creating new investment offerings focused on bitcoin, such as index funds and exchange-traded funds. Institutional implications • Tax and accounting: the adoption of bitcoin may carry numerous tax and accounting implications, among them revenue recognition, mark-to-market valuation, the characterization of profits and losses for tax purposes, the applicability of barter transaction rules, basis tracking, and hedging considerations. • Risk and compliance: bitcoin raises many concerns from a compliance and risk perspective. Risk governance and internal controls may need to be developed or updated to account for bitcoin and other cryptocurrencies. • Operations and technology: software and other IT investments may be needed to integrate alternative digital currency platforms into infrastructure and product offerings. Establishing a strong brand in the early stages of the alternative digital currency trend may bring substantial competitive advantage in years ahead, but firms may need to carefully consider the range of outcomes. Moving too fast may result in over-exposure – and embarrassment – if bitcoin does not enter the mainstream. TechInsights • 37 Sustentabilidade Responsabilidade que gera valor A construção de políticas socioambientais em instituições financeiras envolve desde soluções operacionais de simples implementação até práticas sofisticadas de governança e gestão de riscos. A tecnologia é uma aliada nesse desafio, à medida que aprimora os processos e a análise para a tomada de decisões. Por Anselmo Bonservizzi* Sócio da área de Consultoria da Deloitte e líder das soluções de Strategy & Operations * Com apoio de Camila Araújo, sócia da área de Consultoria em Gestão de Riscos da Deloitte e líder das soluções de Sustentabilidade 38 • TechInsights C erto dia, me deparei com uma oferta bastante tentadora e – por que não dizer – animadora. Uma instituição financeira da qual sou cliente ofereceu um desconto se eu aceitasse receber todos os extratos de forma eletrônica. Ao receber tal desconto (claro que aceitei), me dei conta de que o caminho para a sustentabilidade passa pela óbvia percepção de que todos saem lucrando com a economia de recursos. É consenso que o caminho para a sustentabilidade ocorre, de fato, quando as inovações nesse sentido são patrocinadas pela alta administração das organizações e envolvem todos os pilares dos organogramas das instituições financeiras, especialmente quando ocorrem de forma integrada e com métricas estabelecidas. O caso ilustrado acima, de tecnologia em si, mas em todos os públicos que ela afeta, com ações que possam trazer mais materialidade à sustentabilidade e de forma que os frutos sejam percebidos por todos. O alinhamento de tais iniciativas às estratégias de negócios torna-se evidente e crítico para o sucesso da missão, independentemente do grau de maturidade da instituição financeira. A avaliação conjunta das ações propostas, o esforço necessário e o retorno gerado tornam-se um instrumento fundamental para que o assunto possa ser devidamente discutido e comunicado aos diversos públicos interessados. o chamado paperless, é aparentemente um dos mais fáceis de serem implementados. Com um pequeno incentivo, pode ser rapidamente colocado em prática. Outro setor, o dos supermercados, enfrenta situação semelhante com as sacolas plásticas, mas o simples chamado à consciência da sociedade aparentemente não atingiu plenamente os seus objetivos. Uma rápida reflexão nos casos acima mostra que os desafios de sustentabilidade corporativa acontecem tanto no ambiente interno quanto no externo. No caso específico de tecnologia, os desafios internos à área são bem conhecidos, como a necessidade de redução do consumo do uso de energia, água, ar condicionado, reciclagem de equipamentos, instalações com certificações ambientais e assim por diante. Ocorre que a área de Tecnologia da Informação (TI) é pervasiva e avança em velocidade muito alta, sendo que o crescimento das operações e suas próprias decisões afetam todo o ambiente. Assim, é preciso manter o foco não apenas na área As metas definidas e o progresso alcançado podem ser acompanhados por índices que não são complexos de calcular. Uma pesquisa rápida em algumas instituições financeiras internacionais demonstra a preocupação em mensurar o custo de energia por funcionário, a quantidade de impressões realizadas, o uso de água em data centers, e assim por diante. Soma-se a esse cenário um ambiente regulatório em constante transformação. O Banco Central do Brasil estabeleceu a regulamentação para o estabelecimento e a implementação de políticas de responsabilidade socioambiental pelas instituições financeiras. Trata-se de um grande avanço para o setor, que irá se alinhar a práticas já realizadas em outros países. Segundo a resolução, para desenvolver suas políticas de responsabilidade socioambiental, as instituições devem observar o grau de exposição ao risco socioambiental de suas atividades e operações, bem como a compatibilidade com a sua natureza e com a complexidade de suas atividades e dos produtos e serviços que oferecem. TechInsights • 39 Alto O gráfico ao lado ilustra o impacto de algumas ações que podem ser debatidas entre a área de Tecnologia e a Aalta administração. Algumas iniciativas, como se percebe, são impulsionadas por tecnologia, mas não dependem exclusivamente da área de TI. Muitas ainda passam por mudanças em hábitos sociais e protocolos de segurança, como casos de home office e políticas de viagem. Outras, tais como a automação de pagamentos de contas atualmente efetuados em agência, são grandes sonhos de consumo em termos de redução de curso. mas que também têm apelo de sustentabilidade. A avaliação realizada por gráfico similar a este pode auxiliar na identificação das iniciativas que possuem mais valor agregado e definição de objetivos. Circulação de ar do centro de dados Baixo Promoção da cultura de sustentabilidade Gestão de ciclo de vida Educar e treinar equipes Trabalho em casa Painel de controle sustentável de TI Aumento da virtualização Esforço necessário Alto Implementação de autosserviços Médio Consolidação de terceirização Baixo Otimização de periféricos Revisão de custos de telecomunicações Baixo Alto Redução nas emissões Para que possam atender à nova regulamentação, as instituições financeiras devem estruturar um programa robusto de governança, gestão de riscos, comunicação com as partes interessadas e gestão de portfólio. Dessa maneira, poderão aprimorar seus processos internos e fornecer produtos e serviços que fortaleçam a sustentabilidade das às áreas de atuação também de seus clientes. Este será um desafio tanto para as instituições de pequeno e médio portes – que ainda não contam Para que possam atender à nova regulamentação, as instituições financeiras devem estruturar um programa robusto de governança, gestão de riscos, comunicação com as partes interessadas e gestão de portfólio. 40 • TechInsights Implementação de VOIP Automatização de processos Revisão de estações de trabalho Aumento da eficiência do centro de dados Revisão das políticas de viagens Estabelecimento de serviços compartilhados Impressão frente e verso Valor de sustentabilidade O mapa da sustentabilidade com esses programas de sustentabilidade e terão de desenvolvê-los desde o início – quanto para as organizações de grande porte, que terão de promover suas ações já existentes como diferencial competitivo. A jornada de sustentabilidade na área de Tecnologia da Informação e em seu entorno corporativo tem muito espaço para avançar e promete ainda muito mais. Maior uso de tecnologias existentes – como energia solar em data centers e equipamentos portáteis – ou inovações advindas da ampla difusão de tecnologias móveis para ampliar os atuais meios de pagamento são alguns movimentos esperados. Por ser uma jornada, este é um movimento que não tem fim e deve estar incorporado às práticas gerenciais de TI, que, mais uma vez, colocam a tecnologia em seu ponto mais nobre, auxiliando a instituição financeira a gerir seus negócios de forma eficiente e sustentável. Sustainability Responsibility that generates value The process of developing social and environmental policies in financial institutions ranges from easy to implement operating solutions to sophisticated practices of risk management governance. Technology is an ally in this challenge, to the extent that it can improve processes and analysis for strategic decision making. By Anselmo Bonservizzi* Deloitte Consulting Partner and leader for Strategy & Operation solutions * With support from Camila Araújo, Deloitte Enterprise Risk Services Partner and leader for Sustainability solutions In order to comply with the new regulations, financial institutions must structure a robust program of governance, risk management, communication with interested parties and portfolio management. T he other day I came across a quite tempting, not to mention exciting offer. The financial institution of which I am a client offered a financial discount if I would agree to receive all my statements electronically. In receiving this discount (of course I accepted), I realized that the path of sustainability leads to the obvious realization that we come out ahead by saving resources. There is a consensus that the path to sustainability occurs in fact when innovations in this sense are sponsored by upper management and involve all levels of financial institutions’ organization charts, especially when they occur in an integrated manner with established metrics. The case illustrated above, the so-called paperless option, is apparently one of the easiest to be implemented and, with a small incentive, it can be quickly put into practice. Another sector, that of supermarkets, faces a similar situation with plastic sacks, but simply relying on society’s awareness has apparently not fully met its objectives. A quick look at the cases above shows that the challenges of corporate sustainability occur both in the internal and external environments. In the specific case of technology, the internal challenges in this area are well-known – the reduction of energy use, water, and air conditioning, equipment recycling, facilities with environmental certifications, and so forth, are examples. It so happens that the Information Technology (IT) area is pervasive and is advancing at a very high speed, with the growth of operations and their very decisions affecting the entire environment. Thus, it is necessary to keep focused not only on the technology area itself, but on all the publics it affects, with actions that can provide more materiality to sustainability and in a way that the benefits are perceived by all. Alignment of these initiatives with business strategies becomes evident and critical for the success of the mission, regardless of the degree of maturity of the financial institution. A combined evaluation of these proposals, the effort necessary and the return generated becomes an essential tool for proper discussion of the subject and communication with the various interested parties. Add to this scenario a regulatory environment in constant transformation. The Brazilian Central Bank has established regulations for the establishment and implementation of policies of social and environmental responsibility by financial institutions. This is a major advance for the sector, that will align with practices already common in other countries. According to the resolutions, to develop policies of social and environmental responsibility, institutions should observe the degree of social and environmental risk exposure of their activities and operations and the compatibility with the nature of the institution and with the complexity of its activities and the products and services it offers. In order to comply with the new regulations, financial institutions must structure a robust program of governance, risk management, communication with interested parties and portfolio management. In this way, they can improve their internal processes and provide products and services that strengthen sustainability within the operating areas of their clients. This will be the challenge for both small and medium-size institutions – that still do not have these sustainability programs and will have to develop them from scratch – and for large-scale organizations that will have to promote their already existing actions as a competitive difference. The march of sustainability into the Information Technology area and in its corporate environment has much room for improvement and still promises even more. Greater use of existing technologies – like solar energy in data centers and portable equipment – or innovations coming from wide diffusion of mobile technologies to expand current means of payment are some of the expected movements. Being a march, this is a movement that has no end and must be incorporated into IT management practices, once more placing technology at its noblest point, supporting the financial institution in managing its business in an efficient and sustainable way. The goals set and the progress in achieving them can be monitored by indexes that are not difficult to calculate. A quick survey of some international financial institutions shows their concern with measuring the cost of energy per employee, the number of copies printed, water use in data centers, and so forth. TechInsights • 41 O CIO e as rupturas “O líder de tecnologia será cada vez mais exigido como um parceiro de diversas outras iniciativas fundamentais ao desempenho de qualquer negócio.” Ricardo Correa é líder de soluções de Tecnologia da área de Consultoria da Deloitte no Brasil An essential business partner Parceiro fundamental dos negócios T O Chief Information Officer (CIO), responsável por liderar o ambiente de tecnologia nas organizações, está cada vez mais inserido nas decisões estratégicas e operacionais dos negócios. A última edição de uma de nossas pesquisas globais mais importantes para os líderes da área, a CIO Survey, mostra que a grande maioria dos 700 CIOs entrevistados em todo o mundo acredita que a função pode fazer grande diferença nas operações a partir da sustentação das estratégias de negócios. Da mesma forma, eles reconhecem que há uma clara necessidade em avançar no papel de colaboração com outras áreas da organização, assim como assumir novas funções e habilidades além das exigidas pela aplicação das tecnologias. Mais do que dominar as regras do ambiente cibernético, o líder de tecnologia será cada vez mais exigido – principalmente pela massificação das tecnologias no cotidiano – como um parceiro de diversas outras iniciativas fundamentais ao desempenho de qualquer negócio. he Chief Information Officer (CIO), responsible for managing the technology area in organizations, is increasingly involved in the strategic and operational decisions of business. The most recent edition of one of our most important global research studies for leaders in the area, the CIO Survey, shows that the vast majority of the 700 CIOs interviewed around the world believe that the position can make a major difference in operations by supporting business strategies. In the same way, they recognize that there is a clear need to cooperate more with other parts of the organization, taking on new functions and skills in addition to those required by application of technology. More than just mastering the rules of the cybernetic environment, the technology leader will increasingly be required – mainly by the massification of technology in daily life – to be a partner of other diverse initiatives essential to the performance of any business. “The technology leader will increasingly be required to be a partner of other diverse initiatives essential to the performance of any business.” Ricardo Correa is Deloitte Consulting Partner and leader for Technology solutions Apoio às decisões estratégicas de tecnologia e de negócios A Deloitte compartilha pesquisas e publicações que direcionam os desafios da tecnologia aplicada aos negócios. Confira as nossas edições mais recentes e que inspiram os líderes de tecnologia na tomada de decisão. Ao lado do TechInsights, contamos com mais conteúdos que focam as tendências na indústria financeira no Brasil e ao redor do mundo. Tech Trends Como as tecnologias vão impactar a gestão das empresas Versões completas dos estudos e mais informações: www.deloitte.com.br ou [email protected] CIO Survey Oportunidades e desafios aos líderes de tecnologia “O CIO deve gerir e integrar o portfólio tecnológico da organização com o objetivo de impulsionar a geração de valor ao negócio.” Greg Kelly é líder da área de Consultoria da Deloitte para o setor financeiro na região de Américas Informação estratégica Strategic information A T tecnologia tornou-se agora um ambiente de altas apostas, podendo-se ganhar ou perder muito. Para impulsionar o crescimento das vendas e a inovação, os CIOs deverão ser ágeis, mantendo a mente em seus portfólios, como um empreendedor. Nessas condições, os CIOs precisarão assumir riscos, tornar o valor transparente e realizar mudanças no portfólio de produtos e serviços que fornecem à empresa e às linhas de negócios. O CIO como empreendedor é uma das principais tendências trazidas pelo estudo “Tech Trends 2014”, realizado pela Deloitte. O levantamento destaca as tendências em tecnologia que deverão influir na gestão das empresas em curto prazo. Investimentos e parcerias Avaliação de ativos Gestão de talentos Mapeamento de mercado Agilidade e atualização CIO as a Venture Capitalist is one of the new trends presented in the “Tech Trends 2014” study produced by Deloitte. The survey highlights the technology trends that should influence company management in the short term. “The CIO should integrate and manage the organization’s technology portfolio in order to drive the generation of value for the business.” A nova pauta do CIO Gerenciamento de portfólio echnology is now a high-stakes environment with ability to win big or lose big. In order to drive business growth and innovation CIOs will need to operate with agility and think with a portfolio mindset. Like venture capitalists, CIOs will need to take risks, make value transparent and make tradeoffs across the portfolio of products/services that they provide to the enterprise and lines of business. Greg Kelly is Deloitte Consulting Leader and the Americas Banking & Securities Leader Fone: estudo “Tech Trends 2014” (Deloitte) TechInsights Direção geral do projeto: Clodomir Félix Apoio à produção: Nilsomara Silva Coordenação editorial: Renato Souza, Mtb 26.563 Produção gráfica e pesquisa de imagem: Bruna Lemes Elisa Paulillo Otavio Sarsano Edição: Evelyn Carvalho, Mtb 47.952 Julio Meneghini, Mtb 52.308 Produção editorial: Anna Paula Martins Garcia Revisão: Miriam M. Soares Sonia Hagemann Versão em inglês: Unitrad – Profissionais em tradução Contato para leitores: [email protected] Arte: Mare Magnum Estão reservados à Deloitte todos os direitos autorais desta publicação. A reprodução de informações nela contidas está sujeita à autorização prévia, mediante consulta formal e citação de fonte. 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