Campus Dom Pedrito Graduação em Zootecnia PRODUÇÃO DE PRÓPOLIS Docente: Dra. Lilian Kratz Disciplina: Apicultura Discentes: Adriana Martins Gabriela Klahr Roberta Figueiró Dom Pedrito, Outubro de 2015 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3 2 IMPORTÂNCIA PARA AS ABELHAS................................................................ 3 3 PRODUÇÃO ....................................................................................................... 4 4 COLETA DA PRÓPOLIS .................................................................................... 4 5 EXTRAÇÃO PELO HOMEM ............................................................................... 5 6 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA EXTRAÇÃO DE PRÓPOLIS ............... 5 6.1 Calços de madeira ....................................................................................... 6 6.2 Telas plásticas ............................................................................................. 6 6.3 Coletores inteligentes ................................................................................. 6 6.4 Coletor de janelas móveis ........................................................................... 7 6.5 Janelas Laterais ou Tira e Põe.................................................................... 7 7 CONTROLE DE QUALIDADE ............................................................................ 7 7.1 Fatores que influenciam a produção, qualidade e quantidade da própolis............................................................................................................... 8 7.1.1 Situação e manejo das colmeias ......................................................... 8 7.1.2 Localização do apiário e densidade de colmeias .............................. 8 7.1.3 Linhagem ou raça de abelhas ............................................................. 9 7.1.4 Plantio de espécies vegetais fornecedoras de matéria prima (resinas) de boa qualidade ............................................................................ 9 7.1.5 Época do ano ........................................................................................ 9 7.1.6 Associação de atividades de produção .............................................. 9 7.1.7 Material e ferramentas utilizadas ...................................................... 10 8 CUSTOS ........................................................................................................... 10 ANEXO ................................................................................................................. 11 REFERENCIAS .................................................................................................... 12 1 INTRODUÇÃO A própolis é originada da palavra grega pró (defesa) + polis (cidade) e seus grandes benefícios são conhecidos no mundo todo, a qual vem sendo utilizada pelo homem a mais de 5000 anos como forma de tratamento terapêutico e natural, pois esta apresenta propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antissépticas, anticariogênicos, bactericidas, bacteriostáticas, cicatrizantes entre outras. Por essas razões, a própolis é considerada um dos produtos mais valiosos dentre os produzidos pelas abelhas. A produção não é muito difícil, sabendo interferir corretamente no comportamento das abelhas, é possível manipula-las para produzir maior quantidade de própolis de melhor qualidade. O Brasil é um dos principais produtores mundiais de própolis, com uma produção estimada em torno de 50 a 150 toneladas por ano, sendo que cerca de 75% desse total é exportado, especialmente para o Japão (97% das exportações). No Brasil, já são mais de 10.000 produtores desse produto apícola, sendo mais de 4.000 produtores da própolis verde, exportando anualmente em torno de US$ 30.000.000,00 do produto na forma de extrato alcoólico ou aquoso, encapsulado, associado a outros vegetais também antioxidantes ou simplesmente na forma bruta. (COSTA, 2013). Em julho/2010, por exemplo, as exportações de própolis geraram uma receita de US$ 46.417,00. Do total da própolis produzida no Brasil, 70% é produzida em Minas Gerais (própolis verde). (SEBRAE 2014). 2 IMPORTÂNCIA PARA AS ABELHAS A própolis têm funções muito importantes na colmeia, servindo para vedar o favo de mel e não deixar que o alimento escorra, vedar as rachaduras e aberturas na parede da colmeia, manter a temperatura interna, ajuda a evitar vibrações, provenientes do ambiente externo, considerado prejudiciais a estrutura das colmeias, além de possuir funções antibióticas que também são utilizadas pelas abelhas. Cada uma delas, ao entrar na colmeia, passa pela desinfecção com própolis, mantendo a higiene do local. Além disso, a substância serve como defesa contra predadores e ladrões de comida. Animais estranhos que invadem a colônia são atacados a ferroadas e, se não for possível tirar o cadáver de lá, ele é embalsamado com própolis, para que não fique no local como fonte de infecção. Já foram encontrados corpos de camundongos em perfeito estado depois de anos embalsamados dentro de colmeias. Curiosidade: os antigos egípcios também usavam própolis para embalsamar seus mortos. 3 PRODUÇÃO As abelhas produzem própolis a partir de diversos tipos de resinas, que elas coletam em várias espécies de plantas. Podendo ser obtidos de pontos de exsudação na casca de troncos, galhos e ramos, ou também das brotações das folhas. As abelhas coletoras são geralmente as campeiras mais velhas, em sua ultima fase de vida. A busca pela resina é feita mais intensamente nas horas mais quentes do dia, entre 10 e 16 h. No inverno, a necessidade de própolis aumenta e sua coleta fica mais demorada, por isso o trabalho se intensifica, com mais abelhas envolvidas. Assim que a coletora chega à colmeia, vai ao local onde a própolis esta sendo utilizada, e passa para as operarias construtoras que a misturam com cera, moldam e colocam no local desejado. No geral, a própolis tem a seguinte composição: 50% de resina e bálsamo de vegetais; 30% de cera; 10 % de óleos aromáticos; 5% de pólen; 5% de várias outras substâncias. 4 COLETA DA PRÓPOLIS As abelhas coletam a própolis usando suas mandíbulas e o primeiro par de patas dianteiras. Elas raspam as resinas das plantas com as mandíbulas, manipulando o material raspado com as patas, até fixarem em sua corbícula (é uma reentrância presente no terceiro par de patas, também conhecida como cesta de pólen), após o enchimento é feito o transporte até a colmeia. Já na colmeia, as abelhas propolizadoras, dirigem-se até o local onde se necessita da própolis, e esperam imóveis a presença das operarias construtoras que vão utiliza-las. 5 EXTRAÇÃO PELO HOMEM Para iniciar a extração, o apicultor deve fazer a raspagem de toda a própolis da colmeia. Essa raspagem pode ser feita a cada 15 dias, de preferência na primavera e verão, para que a colônia não fique desprotegida contra o frio no outono e inverno, nas horas menos quentes do dia (antes das 11h ou depois das 16h), porque a temperatura alta compromete a qualidade da própolis, deixando-a pegajosa. Apesar disso, a extração também acontece bastante nos meses de abril e maio porque a florada é mais intensa e, assim, a quantidade e a qualidade da própolis são maiores. Após esta extração direta da colmeia é preciso filtrar e concentrar a própolis para retirar as impurezas (desde pedaços de folhas até mesmo asfalto, já que a matéria-prima da própolis é coletada pelas abelhas nas regiões próximas à colmeia) e potencializar seus benefícios. Para isso, o método mais utilizado é empregar como solvente o álcool etílico hidratado, isso porque a própolis é pouco solúvel em água. Contudo, este álcool tem suas desvantagens, pode deixar sabor residual e causar reações adversas. 6 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA EXTRAÇÃO DE PRÓPOLIS Antigamente a própolis era extraída da colmeia apenas através da raspagem do excesso encontrado nas paredes laterais e entre os quadros, nas revisões rotineiras, não sendo utilizada nenhuma técnica específica. Atualmente são diversas as técnicas e equipamentos (coletores) aplicados com objetivo de potencializar a produção deste produto que vem cada vez mais sendo valorizado e buscado pelo mercado. 6.1 Calços de madeira Estes são utilizados para aumentar a produção de própolis, medindo 1,5 cm de altura cada um, sendo colocados nas quatro extremidades da colmeia, entre a tampa e a melgueira. A abertura feita será, gradativamente, preenchida com própolis pelas abelhas, para isolar o ambiente interno da colmeia. A própolis é, então, cortada e recolhida, reabrindo-se a fresta para um novo ciclo de produção. 6.2 Telas plásticas As telas plásticas apresentam, normalmente, uma malha medindo entre 2 e 4 mm, e espessura de 2mm, possuem as mesmas dimensões da melgueira, 50,5 cm de comprimento, por 41 cm de largura e deve ocupar toda a área abaixo da tampa. Este equipamento é isolado como um corpo estranho dentro da colmeia, por este motivo é propolizada, dependendo das condições climáticas, são necessários aproximadamente 60 dias para que a tela fique totalmente recoberta. A produção esperada em cada tela,é bastante variável: pelo menos 50g nas condições médias brasileiras, sendo observados em muitos apiários produção média de 100g ou até mais. Ao longo de um ano é possível de se obter até 3 coletas, o que permite produções variando entre 150 e 300g por colmeia ao ano. 6.3 Coletores inteligentes Este é constituído por uma caixa de ninho, no qual a lateral é totalmente constituída de ripas móveis que são encaixadas lado a lado na estrutura principal, comumente chamadas de taliscas, é um dos modelos mais antigos de coletores. Quando da instalação do apiário, retira-se uma vareta de cada lado dessa parede, após o fechamento total dessa abertura pelas abelhas, com própolis, corta-se a própolis produzida e retira-se uma segunda vareta, e assim sucessivamente. Ao final de todo processo formam placas de própolis, bastante homogêneas e que são facilmente retiradas. Sua produção pode chegar a 400g mensais em famílias muito propolisadoras. A checagem do coletor é feita semanalmente até que o apicultor perceba o tempo necessário para propolisação em seu apiário, que irá depender da vegetação, tamanho da população e das condições climáticas. Dentre os coletores, há também o coletor de Pirassununga, que seria uma melgueira de laterais móveis, em forma de gavetas, que se afasta até formar uma placa contínua. 6.4 Coletor de janelas móveis Este permite a coleta direta da própolis no apiário, não sendo necessário do transporte dos coletores para a sala de processamento de produtos apícolas, esse sistema é também conhecido de Entre Rios, o qual utiliza o mesmo princípio do coletor de própolis Pirassununga, em que se tem abertura gradual de espaços para propolisação. São utilizadas placas de PVC móveis no formato de cortinas, instalados nas laterais da melgueira e que vão sendo abertas periodicamente, Cada placa mede 9,5 cm de largura e 24 cm de comprimento. A medida que se retira essas placas, formam neste local placas contínuas de própolis de boa qualidade e quantidade. Esse método é ideal em condições de enxames fortes e agressivos, este modelo se apresenta como uma síntese de todos os outros coletores em termos de praticidades, baixo custo e produtividade. 6.5 Janelas Laterais ou Tira e Põe As janelas laterais são aberturas deixadas na paredes das melgueiras de 5 a 7 cm de altura e 20 a 30 cm de comprimento próximas à base, sendo recolhida a própolis toda vez que o local é fechado. A produção mensal obtida por este sistema pode chegar a 300g de própolis em famílias muito propolisadoras. 7 CONTROLE DE QUALIDADE Um estudo desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas classificou a própolis brasileira em 13 tipos, passando assim por um controle de qualidade que analisa alguns aspectos, como o tipo de própolis, propriedades químicas como aparência, viscosidade, teor de cera, umidade, entre outras, e as propriedades microbiológicas como a capacidade bactericida da própolis, que pode variar muito de um lote para outro. Tabela 1. Agrupamento da própolis brasileira quanto à cor. Grupos Cor Origem da Própolis 1 Amarelo Região Sul - RS 2 Castanho Claro Região Sul - RS 3 Castanho Escuro Região Sul - PR 4 Castanho Claro Região Sul - PR 5 Marrom Esverdeado Região Sul - PR 6 Marrom Avermelhado Região Nordeste - BA 7 Marrom Esverdeado Região Nordeste - BA 8 Castanho Escuro Região Nordeste - PE 9 Amarelo Região Nordeste - PE 10 Amarelo Escuro Região Nordeste - CE 11 Amarelo Região Nordeste - PI 12 Verde ou Marrom Esverdeado Região Sudeste - SP 13 Vermelha Região Nordeste Fonte: Adaptado de Costa, 2013. Portanto, para ter certeza que está comprando própolis de boa qualidade, assim como qualquer produto de origem animal, procure sempre o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) na embalagem. 7.1 Fatores que influenciam a produção, qualidade e quantidade da própolis 7.1.1 Situação e manejo das colmeias Colmeias populosas, bem alimentadas e ocupando bem os espaços, propolizam com maior intensidade. 7.1.2 Localização do apiário e densidade de colmeias A flora disponível, sua densidade e diversidade influenciam diretamente no tipo e quantidade da própolis obtida. A quantidade de colmeias em determinada área (saturação) pode motivar as abelhas a utilizar materiais de recheio para conseguir fechar aberturas indesejáveis. Já foram observadas abelhas colhendo tinta de alambrados, betume asfáltico e outros materiais estranhos. 7.1.3 Linhagem ou raça de abelhas É fácil observar num apiário de produção, onde colmeias aparentemente iguais (população, espaço disponível, reserva de alimento, etc.), apresentam resultados significativamente diferentes. Pesquisas têm indicado que fatores genéticos podem influenciar tanto na quantidade, como tipificação da própolis. 7.1.4 Plantio de espécies vegetais fornecedoras de matéria prima (resinas) de boa qualidade A identificação da origem botânica da matéria prima (própolis) deveria ser preocupação de todo apicultor envolvido nesta atividade. 7.1.5 Época do ano O apicultor deve observar em qual período do ano a atividade propolizadora se intensifica, para executar melhor manejo da colmeia na colheita. Existem períodos do ano onde a propolização é drasticamente reduzida ou postergada pelas abelhas, salvo se o processo de estímulo colocar a sobrevivência da colmeia em risco. Na região sul do país o período mais produtivo é de janeiro a abril, considerando regiões de flora silvestre. Em épocas de grande fluxo de néctar e pólen a atividade propolizadora é diminuída. 7.1.6 Associação de atividades de produção A produção de própolis não é compatível com a produção de pólen e geleia real. As colmeias preparadas para produção de mel são as mais indicadas. 7.1.7 Material e ferramentas utilizadas O material utilizado na fabricação das colmeias (tipo de madeira, cimento, poliuretano, etc.) não deve conter substâncias tóxicas, que possam contaminar a própolis. O uso de qualquer tipo de pintura não é recomendado, em face de presença de metais pesados na composição das tintas. Recomenda-se proteger as caixas de madeira fazendo sua imersão numa mistura de querosene (70%) e cera e/ou parafina (30%) pré-aquecida (tomar cuidado para evitar incêndio, já que o material é inflamável). As ferramentas utilizadas na colheita da própolis devem ser de inox sanitário ou plástico neutro. 8 CUSTOS A venda da própolis varia de acordo com sua variedade e região. O valor pago ao produtor de própolis marrom é aproximadamente 80,00 reais/Kg e para a própolis vermelha, pode alcançar 500,00 reais/Kg. A própolis verde é vendida por aproximadamente 150,00 reais/Kg. A raspagem de própolis é menos valorizada, sendo pago aproximadamente 50,00 reais/Kg ao produtor. ANEXO REFERENCIAS ALVES, H. C. Antimicrobial Activity of Propolis Nanoparticles Against Some Common Meat Contamination Bacteria. Food Microbiology & Biotechnology. COSTA, A. S., MACHADO, B. A. S., GUEZ, M. A. U., CIRQUEIRA, M. G., NUNES, S. B., PADILHA, F. F. Levantamento dos Estudos com a Própolis Produzida no Estado da Bahia. Sitientibus série Ciências Biológicas. 2013. COSTA, P. S. C. Produção e Processamento de Própolis e Cera. Viçosa: CPT, 2007. 217p. COSTA, P. S. C.; OLIVEIRA, J. S. Manual Prático de Criação de Abelhas. Viçosa: Aprenda Fácil, 2005. 424p. EMBRAPA. Produção de Própolis. Teresina, PI, 2010. SEBRAE. Boletim Mercado www.sebrae2014.com.br da Própolis. 2014. Disponível em: