Ingestão Dietética de Referência (IDR) Dietary Reference Intakes (DRI) Profa.. Natana Sá Mota Profa Necessidade Nutricional “(...) quantidades de nutrientes e de energia disponíveis nos alimentos que um indivíduo deve ingerir para satisfazer suas necessidades fisiológicas normais e prevenir sintomas de deficiências. (...)” Cuppari, 2002. Histórico - Recomendações de Nutrientes 1938 • RNI (Recommended Nutrient Intakes) • Revisões periódicas até 1990 1941 – Food and Nutrition Board/ National Research Council • RDA (Recommended Dietary Allowance) Desde 1974 (8ª edição): “níveis de ingestão de nutrientes essenciais que, com base nos conhecimentos científicos, são julgados pelo Food and Nutrition Board como adequados para cobrir as necessidades de nutrientes específicos de praticamente todos os indivíduos saudáveis” Histórico - Recomendações de Nutrientes 1990 – Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) • Adaptou as recomendações nutricionais vigentes à população brasileira A partir de 1997 - DRIs • Substituiu as RDAs e RNIs Cuppari, 2002; Cozzolino, 2005; Dutra-de-Oliveira, 2008. DRIs São valores de referência para ingestão de nutrientes, quantitativamente estimados, para serem usados no planejamento e na avaliação de dietas individuais ou para grupos de pessoas saudáveis. National Academy Of Sciences, 2001. DRIs DRIs ≠ RDA e RNI Consideram 4 valores de referência para consumo de nutrientes Objetivos incluem: Prevenção de deficiências nutricionais + doenças crônicas não-transmissívei (DCNT) Estabelecimento de limite superior de tolerância (Tolerable Upper Intake Level - UL) Cuppari, 2002; Cozzolino, 2005; Dutra-de-Oliveira, 2008. DRIs – 4 Valores de Referências Estimated Average Requirement (EAR) Necessidade média estimada Recommended Dietary Allowances (RDA) Quota Diária Recomendada Adequate Intake (AI) Ingestão Adequada Tolerable Upper Intake Levels (UL) Nível de Ingestão Máxima Tolerável EAR – Necessidade Média Estimada Valor médio da ingestão de um nutriente estimado para cobrir as necessidades de 50% dos indivíduos saudáveis de determinado estágio de vida, estado fisiológico e gênero. Base para estabelecer a RDA. Não usar como meta de ingestão de indivíduos. Base para avaliar a adequação e o planejamento da ingestão dietética de grupos populacionais. Cuppari, 2002; Cozzolino, 2005; Dutra-de-Oliveira, 2008. RDA – Quota Diária Recomendada Ingestão dietética de nutrientes suficiente para atender a recomendação de quase todos (97 a 98%) indivíduos saudáveis em determinado estágio de vida, estado fisiológico e gênero. Ingestão < RDA: não necessariamente inadequada Ingestão = RDA: baixa probabilidade de inadequação Valor a ser usado como meta de ingestão dietética de indivíduos saudáveis. Não usar para avaliação ou planejamento da dieta de indivíduos ou grupos. AI – Ingestão Adequada Recomendação baseada na média do consumo de nutrientes, observada ou determinada em experimentos, por um grupo (ou grupos) de indivíduos saudáveis. Alcança ou excede as necessidades de quase todos os indivíduos em determinado estágio de vida e gênero. Substitui a RDA na ausência de dados científicos suficientes para determinar a EAR. Usada como meta de ingestão de nutrientes para indivíduos quando não há RDA. Cuppari, 2002; Cozzolino, 2005; Dutra-de-Oliveira, 2008. UL – Nível de Ingestão Máxima Tolerável Valor médio mais alto de ingestão diária de um nutriente que não implica em riscos de efeitos adversos à saúde para quase todos os indivíduos de uma população. Não deve ser usada para estabelecer recomendações, pois os benefícios do consumo de nutrientes acima das RDAs e AIs são incertos. Quando a ingestão encontra-se acima do UL o risco de efeito adverso aumenta. Pode ser usado como parâmetro em alimentos fortificados e para o uso de suplementos alimentares. Cuppari, 2002; Cozzolino, 2005; Dutra-de-Oliveira, 2008. UL – Nível de Ingestão Máxima Tolerável Refere-se à ingestão do nutriente a partir de: fontes dietéticas; alimentos fortificados; água; e suplementos se o efeito adverso estiver associado à ingestão total. Mas, se os efeitos adversos estiverem associados apenas à ingestão de suplementos ou de alimentos fortificados, o valor do UL será baseado na ingestão do nutriente destas fontes, não na ingestão total. Cuppari, 2002; Cozzolino, 2005; Dutra-de-Oliveira, 2008. Parâmetros para determinar a UL NOAEL (No Observed Adverse Effect Level) Maior nível de ingestão (ou dose experimental) de um nutriente que não resultou em efeito adverso observado nos indivíduos estudados LOAEL (Low Observed Adverse Effect Level) Usado quando o NOAEL não pode ser determinado. Cozzolino, 2005. DRIs 50% 2,5% Cuppari, 2002. INDIVIDUAL GRUPO PLANEJAMENTO de dietas EAR – não usar como meta de ingestão (50% de inadequação). RDA – meta de ingestão. AI – meta de ingestão (RDA ausente). UL – guia para limitar o consumo de nutrientes. Risco de efeitos adversos. EAR – usar em conjunto com a medida de variabilidade da necessidade e da ingestão do grupo p/ estabelecer metas para o consumo. RDA – não usar p/ planejar média de ingestão de grupos. ingestão = : ↑↑ prevalência de inadequação. AI – meta de ingestão / UL – IDEM. AVALIAÇÃO de dietas EAR – usar em conjunto com a medida de variabilidade da necessidade e da ingestão do grupo p/ avaliar possibilidade de inadequação. RDA – ingestão ≥: ↓ probabilidade de inadequação. AI – ingestão ≥: provavelmente adequada; ingestão <: não se pode avaliar. UL – verificar a possibilidade de consumo excessivo; ingestão >: risco efeitos adversos. EAR – estimar a frequência de ingestões inadequadas em determinado grupo (ingestão <EAR). RDA – não usar p/ avaliar ingestão de grupos. AI – ingestão média ≥ : ↓ frequência de inadequação. Ingestão < : não se pode avaliar. UL – IDEM. DRIs Podem ser usadas para: • Avaliação e planejamento de dietas para grupos e indivíduos • Rotulagem de alimentos • Desenvolvimento de novos produtos National Academy Of Sciences, 2001. DRIs Consideram toda informação disponível sobre: • Balanço e metabolismo de nutrientes. • Diminuição do risco de DCNT. • Deficiência de nutrientes. • Biodisponibilidade dos nutrientes e erros associados aos métodos de avaliação do consumo alimentar. National Academy Of Sciences, 2001; Cozzolino, 2005. Aplicação das DRIs no Brasil Requer avaliação crítica considerando as peculiaridades do indivíduo e da população. Quando possível, considerar o perfil nutricional bioquímico e clínico do indivíduo. Enfim, avaliar se o valor da DRI pode ser aplicado para o indivíduo ou grupo em questão. Recomendações nutricionais Exercício de Fixação Com base nas DRIs responda quais são as recomendações e o limite máximo tolerável de ± 5 vitaminas e ± 5 minerais para: Paciente do sexo masculino, 55 anos. Paciente do sexo feminino, 30 anos, gestante. Paciente do sexo feminino, 18 anos. Paciente do sexo masculino, 5 anos. Paciente do sexo feminino, 15 anos, lactante. Biodisponibilidade de Nutrientes Profa. Natana Sá Mota HISTÓRICO Termo proposto pela Food and Droug Administration (FDA-USA) para área de farmacologia para determinar: Proporção em que a substância ativa da droga alcançava a circulação e tornava-se disponível no sítio de ação. Estabelecer a razão em que este mecanismo ocorria Tamanho da partícula Forma química da substância Absorção (adm. via oral) Cozzolino, 2005. HISTÓRICO Década de 1980: termo usado na área de nutrição Noção de que... ...a ingestão do nutriente presente no alimento ou na dieta não garantia sua utilização pelo organismo! Cozzolino, 2005. HISTÓRICO Utilização do nutriente dependeria: forma química (ocorrência natural no alimento) quantidade ingerida presença de fatores anti-nutricionais interação entre nutrientes No caso dos micronutrientes, acresce-se: mecanismos homeostáticos (regulação da absorção prevenindo toxicidade) Cozzolino, 2005. DEFINIÇÃO – histórico INÍCIO.... “proporção do nutriente que é digerido, absorvido e metabolizado pelo organismo, capaz de estar disponível para uso ou armazenamento”. Falhas: alguns nutrientes não precisam ser digeridos p/ serem absorvidos; alguns nutrientes digeridos podem não ser absorvidos; algumas substâncias podem ser absorvidas, mas não metabolizadas excreção. Cozzolino, 2005. DEFINIÇÃO – histórico Novos termos! Absorvíveis Metabolizáveis Logo, “proporção doo nutriente que realmente é utilizada pelo organismo”. Cozzolino, 2005. DEFINIÇÃO – histórico 1984: O’Dell – bioquímico da Universidade de Missouri (Colômbia) “proporção do nutriente nos alimentos que é absorvida e utilizada nos processos de transporte, assimilação e conversão à forma biologicamente ativa”. Absorção verdadeira: proporção dos nutrientes nos alimentos que se move do lúmen intestinal através da mucosa. Absorção aparente: diferença entre o conteúdo de nutriente dos alimentos ingeridos e das fezes. Cozzolino, 2005. DEFINIÇÃO – histórico Até 1997: idéia de utilização da fração do nutriente absorvido para funções fisiológicas ou de armazenamento. 1997: Conferência Internacional de Biodisponibilidade (Holanda) “fração de qualquer nutriente ingerido que tem o potencial para suprir demandas fisiológicas em tecidos-alvos”. Cozzolino, 2005. DEFINIÇÃO – histórico 2001: Congresso de Biodisponibilidade (Suíça) Estudos sobre biodisponibilidade devem considerar 3 aspectos: Bioconversão: proporção do nutriente ingerido que estará biodisponível p/ conversão em sua forma ativa (ex.: quanto de betacaroteno vit. A?) Bioeficácia: eficiência com a qual os nutrientes ingeridos são absorvidos e convertidos à sua forma ativa (ex.: quanto de betacaroteno absorvido vit. A?) Bioeficiência: proporção da forma ativa que atingirá o tecido-alvo. Cozzolino, 2005. DEFINIÇÃO Ainda complexa, principalmente para micronutrientes... “acessibilidade para processos metabólicos e fisiológicos normais. Ou seja, a eficiência com que um componente da dieta é utilizado sistematicamente através de vias metabólicas normais”. Enfim, a alimentação adequada que permite a ingestão de todos os nutrientes que o organismo precisa em quantidade e qualidade é um dos principais fatores para a promoção da boa saúde (excessos e carências)! Cozzolino, 2005; 2009. Considerações Estudos de biodisponibilidade referem-se à: Biodisponibilidade quantitativa: utilização do nutriente pelo teor da fonte na dieta. Biodisponibilidade qualitativa: extensão de utilização do nutriente em função da capacidade bioquímica e estrutural do organismo. O suprimento das necessidades nutricionais depende da ingestão, logo, a biodisponibilidade de nutrientes depende do estado nutricional e, este, da dieta. Cozzolino, 2005. Considerações A biodisponibilidade de nutrientes também depende dos hábitos alimentares e culturas de cada país. A manutenção da saúde depende de fatores ambientais e individuais (hormônios, genética), logo, dificulta os estudos de disponibilidade Cozzolino, 2005. Considerações Nutrientes mais estudados: Proteínas Minerais e Vitaminas A e C Maior avanço: Minerais (desde 1970) Atualmente: Carboidratos (inclui fibras), Lipídeos e demais Vitaminas, Compostos Bioativos Cozzolino, 2005. Considerações Finalidade primordial dos estudos de biodisponibilidade é correlacionar a quantidade dos nutrientes e/ou nãonutrientes com o estado de saúde do indivíduo. A determinação da biodisponibilidade depende da: precisão da coleta e cálculo de dados do consumo alimentar; avaliação da biodisponibilidade do nutriente específico; utilização de biomarcadores sensíveis para avaliação do estado nutricional de indivíduos e grupos. Cozzolino, 2005.