Estudo do efeito de uma perturbação dependente do tempo numa partícula não-relativista André Henriques nº 62833 Pedro Velez nº 62819 Física Quântica da Matéria Instituto Superior Técnico Maio, 2010 Resumo Neste trabalho calculamos o valor do número quântico n que define a energia da partícula e sua respectiva degenerescência. Calculamos ainda sem aproximações as probabilidades de transição para os diferentes estados com a mesma energia após o sistema sofrer a acção de um campo eléctrico uniforme no espaço mas que varia no tempo. O problema foi analisado recorrendo à teoria das perturbações dependentes do tempo. Os resultados obtidos são n=2 e degenerescência 4. As probabilidades obtidas são dependentes do tempo. Concluímos que apenas são possíveis transições para dois estados (s e p(ml=0)). Introdução Desenvolvimento do Problema Uma partícula não-relativista e sem spin situada num campo de forças central é preparada no estado s degenerado, sendo que os outros estados com a mesma energia são estados p. Esta partícula, no instante t=0, é exposta à acção de um campo eléctrico uniforme no espaço mas que varia no tempo da seguinte forma: A primeira parte do problema consiste em calcular o valor do número quântico n que define a energia e sua respectiva degenerescência. No nosso problema, sabemos que a partícula se encontra no estado s, e que os outros estados possíveis com a mesma energia são estados p. Quer isto dizer que o número quântico l máximo existente no sistema é 1. Como l máximo é dado por l=n-1, vem que o valor do número quântico n é igual a 2. A degenerescência, dado que l pode tomar os valores -1,0,1, é obviamente 4. (|0,0>; |1,0>; |1,-1>; |1,1>). πΈ π‘ = πΈ0 sin π€π‘ (1) Atendendo à teoria das perturbações dependentes no tempo, vem que a função de onda de uma dada partícula pode ser descrita como a combinação linear dos n estados possíveis. π π‘ = π1 π‘ π1 π βππΈ1π‘/Δ§ +. . . +ππ π‘ ππ π βππΈππ‘ /Δ§ (2) Em que |cn|2 é a probabilidade de a partícula se encontrar no estado Οn. Isto é, a probabilidade que uma medição do valor da energia tome o valor de En. Para se achar os valores dos vários cβs, torna-se necessário resolver a equação de Schrödinger: πΏπ π»π = πΔ§ πΏπ‘ , (3) π»β² = em que π» = π»0 + π»β² (π‘). H0 representa o Hamiltoniano não perturbado, ou seja, quando t <0, e Hβ(t) o Hamiltoniano da perturbação. Sabemos também que antes da perturbação do sistema, para os estados próprios do Hamiltoniano vem: π»0 ππ = πΈπ ππ Para calcularmos as probabilidades de transição para cada um dos estados em função do tempo, após a perturbação, tivemos que analisar a matriz do Hamiltoniano da perturbação. Devido à paridade dos estados e também devido às projecções em ml, vemos que as únicas transições possíveis são de |0,0> para |1,0> e a transição contrária. (4) β (πΈ0 < 00 π§ 10 > sin π€π‘) A partir de (5) vemos que após a perturbação apenas os estados |00> e |10> são possíveis. (5) Assim, a função de onda a partir da equação (2) fica: π π‘ = π1 π‘ π1 π βππΈ1π‘/Δ§ + π2 π‘ π2 π βππΈ2π‘/Δ§ para t=0 vem então que: π Ξ¨= = π , (6) em que o estado 1 é o estado s e o estado 2 é o estado p com número quântico ml de valor 0. Resolvendo agora a equação (3) com apenas estes dois estados vem: ππΈ1π‘ ππΈ2π‘ π1 π»0 π1 π β Δ§ + π2 π»0 π2 π β Δ§ + ππΈ1π‘ ππΈ2π‘ + π1 π»β² π 1 π β Δ§ + π2 π»β²π2 π β Δ§ = devido à equação (4), a equação simplifica uma vez que os dois primeiros termos do lado esquerdo cancelam os dois últimos do lado direito e assim fica: ππΈ2π‘ π1 π»β² π 1 π β Δ§ + π2 π»β² π 2 π β Δ§ = ππΈ1π‘ ππΈ2π‘ πΏπ1 πΏπ2 = πΔ§[ π πβ Δ§ + π πβ Δ§ ] πΏπ‘ 1 πΏπ‘ 2 πΔ§ ππ‘ 1 0 (10) π₯1 Ξ¨= π₯ = 2 1 2 π+π πβπ (11) π₯1 = π₯2 = 1 ππ ππ π πΔ§(1βcos ππ‘ ) + π βπΔ§(1βcos ππ‘ ) 2 1π 2 ππ π πΔ§(1βcos ππ‘ ) 2 β ππ π βπΔ§(1βcos ππ‘ ) (12) 2π Sabendo que: cos π = Para resolver esta equação, pode-se simplificar assumindo que π₯1 = π1 π1 π βππΈ1π‘/Δ§ e que π₯2 = = π2 π2 π βππΈ2π‘/Δ§ . A equação de Shrödinger fica então: π₯1 0 π₯2 = βΞ»sin π€π‘ 1 ππ π βπ Δ§(1βcos ππ‘ ) Logo, ππΈ1π‘ ππΈ2π‘ πΏπ1 πΏπ2 π1 π β Δ§ + π2 π β Δ§ + πΏπ‘ πΏπ‘ ππΈ1 βππΈ1π‘ ππΈ2 βππΈ2π‘ + π1 π1 β π Δ§ + π2 π2 β π Δ§ ] Δ§ Δ§ π 2 Para se obter a função de onda nos vectores próprios dos estados originais x1 e x2 temos: = πΔ§[ ππΈ1π‘ ππ π π Δ§(1βcos ππ‘ ) 1 π₯1 π₯2 (7) π ππ + π βππ 2 π ππ β π βππ sen π = 2π (13) Obtemos os seguintes resultados, que serão úteis no cálculo das probabilidades: π (1 β cos ππ‘) πΔ§ em que Ξ»= E0<00|z|10> é um número real. π₯1 = cos Para resolver a relação anterior é necessário diagonalizar a matriz: π π₯2 = isen (1 β cos ππ‘) πΔ§ (14) Ξ» 1 = 0 β Ξ»2 β 1 = 0 β Ξ» = ±1 1 Ξ» fazendo uma mudança de variável e normalizando, temos que π 1 π₯ +π₯ Ξ¨ = 2 π₯1 β π₯2 β‘ (8) π 1 2 substituindo na Equação de Shrödinger (matriz valor próprios da mudança de variável): πΔ§ π π 1 = βΞ»sin π€π‘ 0 ππ‘ π 0 β1 π π da condição inicial, de estado s, sabemos que π₯1 = 1 e π₯2 = 0 , pelo que: π π π‘=0 = 1 2 1 1 (9) A probabilidade de a partícula se encontrar no estado π₯1 ou π₯2 é dado pelo quadrado do seu módulo. Resultados: A probabilidade de a partícula se encontrar no estado π₯1 (estado de orbital s) é: π Ξ¨1 = π₯1 |π1 2 = π₯1 π = cos 2 (1 β cos ππ‘) 2 (15) πΔ§ A probabilidade de a partícula se encontrar no estado π₯2 (estados de orbital p e ml=0) é: π Ξ¨2 = π₯2 |π2 2 = π₯2 π = sen2 πΔ§ (1 β cos ππ‘) 2 (16) Como sabemos das relações trigonométricas, cos 2 + sen2 = 1 (17) Pelo que π Ξ¨1 + π Ξ¨2 = cos 2 π π (1 β cos ππ‘) + sen2 (1 β cos ππ‘) πΔ§ πΔ§ =1 Conclusões: O resultado permite-nos concluir que: [1] Estes estados são os únicos possíveis (probabilidade total 1); [2] Que o método utilizado para resolver o problema não recorreu a qualquer aproximação, pois nesse caso não teríamos uma probabilidade total 1, mas ligeiramente inferior. Referências: [1]Quantum Physics, Stephen Gasiorowicz, 3rd Edition, 2003,editor or John Wiley & Sons. [2]Introduction to Quantum Mechanics, 2nd Edition, David Griffiths, 2005, Pearson International Edition, Pearson Prentice Hall. [3]Problems and Solutions of Quantum Mechanics, 1998, Singapore: World Scientific Pub. Co., Ed. Yung-Kuo Lim.