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VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA E RESPOSTA DA PRESSÃO
ARTERIAL PÓS-EXERCÍCIO EM ATLETAS E NÃO-ATLETAS
Rodrigo Batista Maia – UFPI
Cláudio Henrique Lima Rocha – UFPI
Irapuá Ferreira Ricarte – UFPI
Vitor Brito da Silva – UFPI
INTRODUÇÃO
O sedentarismo é um mal cada vez mais presente na sociedade moderna. Quer por falta
de tempo, por alimentação inadequada, por inatividade física ou mesmo por opção, o homem
moderno tem se mostrado mais propenso ao desenvolvimento de problemas cardiovasculares
decorrentes de um excesso de gordura corporal. Soma-se a esse fato os maus hábitos alimentares
do homem do século XXI, consumidores vorazes de comidas do tipo “fast-food” ou de porções
maiores que as usualmente utilizadas há duas gerações, por exemplo (KATCH & MCARDLE,
1996).
Alguns dos problemas oriundos do sedentarismo incluem a elevação da pressão arterial
sistêmica e da freqüência cardíaca em repouso, causando maior atividade e mais estresse ao
músculo cardíaco, além de maior elevação desses parâmetros após prática de exercício físico,
relativamente a pessoas saudáveis, aumento este devido à elevação da descarga simpática
(GUYTON & HALL, 2002) e diminuição da descarga parassimpática (ALONSO & Cols.,
1998). Além disso, é aceito que atletas ou pessoas bem treinadas tenham sua freqüência cardíaca
máxima também reduzida (de cerca de 200 para 185 a 190 batimentos por minuto). Este fato é
importante, pois evidencia o bom funcionamento do coração como bomba propulsora. Isto é, o
coração não precisa bater tão freqüentemente para fazer o sangue circular pelo corpo em
determinado tempo (BOWERS, FOSS & FOX, 1991).
Paralelamente, no tocante à pressão arterial, é estabelecido que a pressão sistólica pode
ser reduzida em até 6 mmHg e a diastólica, em 10 mmHg, em indivíduos sedentários que passam
a realizar atividade física regular. Eleva-se a importância deste achado ao se destacar que esses
valores podem ser observados tanto em indivíduos normotensos como em hipertensos. O
exercício físico regular, portanto, apresenta-se como uma arma útil no combate à hipertensão
arterial, patologia esta que permanece, em muitos casos, de etiologia desconhecida, o que
dificulta seu controle (KATCH, KATCH & MCARDLE, 1998).
A composição corporal relaciona-se significativamente com a atividade física. Sua falta
constitui a causa primária de obesidade em todos os grupos etários. A utilização do índice de
massa corpórea (IMC) é bastante prática para avaliar a normalidade do peso do indivíduo. Para
tal fim, divide-se a massa (em Kg) do indivíduo por sua estatura (em m) elevada ao quadrado.
Tal método possui uma associação bem mais fidedigna com a quantidade de gordura corporal
que as tabelas de peso/altura antigamente utilizadas. No entanto, ainda incorre em um erro
bastante comum: deixa de levar em conta a composição proporcional do organismo. Para ilustrar
tal situação, lembramos que um lutador profissional de boxe da categoria peso pesado
certamente apresentaria grande quantidade de gordura corporal se analisado apenas seu IMC,
haja visto que este índice desconsidera a grande quantidade de massa muscular apresentada por
esse indivíduo (KATCH & MCARDLE, 1996).
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A alternativa é separar o peso corporal em diferentes compartimentos: peso corporal livre
de gordura e peso corporal representado por gordura. Desta forma, consegue-se uma idéia mais
aproximada da relação massa gorda/massa magra e afugenta-se o risco de classificar como obeso
o indivíduo com abundância de tecido muscular. De forma simples, a composição corporal pode
ser avaliada pela mensuração das dobras cutâneas no nível tricipital, subescapular, supra-ilíaco,
abdominal, superior da coxa, peitoral e axilar média, todas realizadas no lado direito do corpo e
com o indivíduo de pé, já que existe uma relação entre a gordura armazenada no sítio subcutâneo
e aquela armazenada internamente (KATCH, KATCH & MCARDLE, 1998).
De forma semelhante, procede-se a análise da gordura corporal a partir da medida das
circunferências da cintura e do quadril. Esta parece ser uma forma interessante para se avaliar o
nível de adiposidade dentro de um grupo, além de se avaliar os padrões de distribuição da
gordura no organismo (KATCH, KATCH & MCARDLE, 1998).
OBJETIVOS E METAS
- Avaliar a elevação da pressão arterial e da freqüência cardíaca comparativamente ao
grau de atividade física usualmente exercida.
- Avaliar o nível de atividade física associada às variáveis: alcoolismo, tabagismo,
quantidade de horas gasta por dia ao assistir televisão ou usar computador, circunferências da
cintura e do quadril.
- Avaliar a composição corporal comparativamente entre atletas e não-atletas
- Repasse de resultados obtidos à comunidade para permitir o planejamento de medidas
de promoção da saúde através do conhecimento do que pode ser feito pelos indivíduos
sedentários, além do estudo da saúde pública.
METODOLOGIA
Tipo de Pesquisa
O estudo a ser realizado será do tipo epidemiológico descritivo, através da aplicação de
um questionário sobre qualidade e hábitos de vida e prática de exercícios físicos, com uma
amostragem representativa de atletas e de não-atletas, com a finalidade de identificar o nível de
atividade física e a composição corporal, de modo a obter dados sobre os pesquisados e
contribuir com medidas preventivas para melhorar sua qualidade de vida.
População e Amostra
Pretende-se usar cerca de 40 indivíduos, dentre os quais 20 sendo considerados atletas e
20 sendo escolhidos ao acaso na população, desde que não pratiquem exercícios físicos
regulares. Entende-se por atletas neste estudo os indivíduos que praticam um mesmo tipo de
atividade física regularmente no mínimo 3 vezes por semana a pelo menos 2 anos. Os indivíduos
serão distribuídos em 2 grupos, sendo o primeiro grupo composto por 10 atletas e 10 não-atletas
na faixa etária de 17 a 24 anos, e o segundo composto por 10 atletas e 10 não atletas na faixa
etária de 27 a 34 anos.
Instrumento de Coleta de Dados
O instrumento utilizado para a coleta de dados será um questionário com 27 perguntas,
divididas em 6 (seis) subtítulos: dados pessoais, dados sobre hábitos de vida, dados sobre prática
de atividade física, dados sobre alimentação, dados sobre antropometria e composição corporal e
dados sobre fatores de risco. O questionário apresenta 20 questões fechadas, de assinalar, e 7
(sete) questões abertas.
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As perguntas do questionário foram elaboradas com base em revisão bibliográfica e
seguindo os objetivos da pesquisa, com base em alguns instrumentos validados em estudos que
avaliaram parcialmente alguns dos aspectos aqui previstos.
O índice de massa corporal – IMC, ou Índice de Quetelet, foi calculado pela divisão da
massa corporal, em quilogramas, pelo quadrado da estatura, em metros (IMC =kg/m²), sendo que
peso e altura eram aferidos pelo pesquisador. O uso do IMC como indicador do estado
nutricional de adultos é devido à facilidade de sua mensuração e a disponibilidade dos dados
para o seu cálculo, que são motivos suficientes para sua utilização em estudos epidemiológicos,
apesar de não representar a composição corporal. Esta também foi estudada, como método de
aprofundamento da pesquisa e na intenção de se obterem os melhores resultados possíveis.
Coleta de Dados
A orientação para o preenchimento do questionário será dada pelos pesquisadores.
A escolha dos pesquisados se dará de forma aleatória, delimitando-se uma idade para que
haja isolamento desta variável. Os atletas serão escolhidos de uma mesma modalidade esportiva
e serão assim considerados aqueles que praticarem determinada modalidade esportiva há 2 anos
ou mais. Todos os indivíduos serão submetidos ao Teste de Cooper, que consiste em uma
caminhada com marcha moderada durante 12 minutos, a ser realizada na pista de atletismo do
setor de esportes da UFPI, com aferição da pressão arterial e freqüência cardíaca antes e após o
teste (no 1º, 5º e 10º minutos).
Análise dos dados:
Os dados serão processados através do programa SPSS for Windows versão 11.0. A análise
estatística incluirá a descrição das variáveis com freqüência absoluta e relativa, média, desvio
padrão e intervalo de confiança. A associação entre variáveis será verificada através da aplicação
do teste do Qui-quadrado para proporções ou do teste t de Student para comparação entre
médias, e na análise dos fatores de risco será utilizada a razão de Odds.
Considerações Éticas
Os princípios éticos serão observados, conforme as normas e diretrizes regulamentadoras
de pesquisas envolvendo seres humanos. A inclusão no estudo será realizada mediante a
assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido, de acordo com diretrizes da resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O protocolo do estudo será submetido ao Comitê de
Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Piauí.
RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se poder argumentar de forma satisfatória com os não-atletas pesquisados e com a
própria comunidade acerca dos benefícios que a prática regular de exercícios físicos pode trazer
para a saúde.
Como impactos espera-se uma maior informação sobre medidas de promoção da saúde e
qualidade de vida, incentivando a prática de medidas comportamentais de proteção, como o
controle do peso corporal e a prática regular de exercício físico.
De outra forma, a presente pesquisa científica também tem por finalidade estimular e abrir
as portas para estudos futuros acerca do tema proposto.
Riscos e Dificuldades
O grupo envolvido com o projeto possui as condições necessárias para o
desenvolvimento da pesquisa proposta.
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Entre as eventuais dificuldades, está a possibilidade de recusa da pessoa abordada em
participar do mesmo, o que não constituirá entrave para a obtenção dos dados, considerando a
experiência do grupo com trabalhos de pesquisa em populações. No caso de recusa, novas
tentativas serão realizadas com pesquisadores diferentes, até um número de três.
Uma outra dificuldade diz respeito a possíveis falhas na aplicação dos questionários e
obtenção de medidas antropométricas fidedignas. Para contornar tais riscos, os alunos
pesquisadores serão submetidos a treinamento para abordagem dos sujeitos da pesquisa,
aplicação dos questionários e padronização de medidas antropométricas.
Considera-se que o projeto tem todas as chances de ser desenvolvido, respeitando os
prazos previstos para sua realização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da comparação da variabilidade da freqüência cardíaca e resposta da pressão
arterial pós-exercício em atletas e não-atletas, avaliou-se o nível de atividade física associada às
variáveis: alcoolismo, tabagismo, quantidade de horas gasta por dia ao assistir televisão ou usar
computador, circunferências da cintura e do quadril.
Desta forma, os resultados obtidos foram repassados à comunidade para permitir o
planejamento de medidas de promoção da saúde através do conhecimento do que pode ser feito
pelos indivíduos sedentários, além do estudo da saúde pública. Analisou-se os dados relativos a
pessoas sedentárias, bem como conscientizá-los e a toda a sociedade da importância da prática
regular de atividade física para a promoção da saúde
Palavras-chave: freqüência cardíaca, pressão arterial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALONSO, D. O. et al. Comportamento da Freqüência Cardíaca e da Sua Variabilidade
Durante as Diferentes Fases do Exercício Físico Progressivo Máximo. Arquivo Brasileiro de
Cardiologia, v. 71, nº 6, p. 787-792, 1998.
BOWERS, R. W., FOSS, M. L. & FOX, E. L. Bases Fisiológicas da Educação Física e dos
Desportos. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. Seção 3, Cap. 10, p. 173-189; Seção
7, Cap. 23, p. 446-459.
GUYTON, A. C. & HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 10 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002. Unidade IV, Cap. 21, p. 211-221.
KATCH, F. I., KATCH, V. L. & MCARDLE, W. D. Fisiologia do exercício. 4 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. Parte 1, Seção 3, Cap. 15, p. 255-270; Parte 2, Seção 6, Cap.
27, p. 513-548; Cap. 30, p. 605-636.
KATCH, F. I. & MCARDLE, W. D. Nutrição, Exercício e Saúde. 4 ed. Rio de Janeiro: Médica
e Científica LTDA, 1996. Parte II, Cap. 15, p. 363-390.
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PHILIPPI, J. M. DE S. O Uso de Suplementos Alimentares e Hábitos de Vida de
Universitários: O Caso da UFSC. 2004, 211 p. Doutorado (Engenharia de Produção) –
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
SICHIERI, R., SIQUEIRA, S. K. & GOMES, V. B. Atividade física em uma amostra
probabilística da população do Município do Rio de Janeiro. Cad. Saúde pública, Rio de
Janeiro, 17(4), p. 969-976, jul./ago. 2001.
* Aluno do curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí [email protected]
** Aluno do curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí [email protected]
*** Aluno do curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí [email protected]
**** Aluno do curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí [email protected]
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