UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRO REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO CORPORATIVA COM FOCO NOS NEGÓCIOS Por : Carmen da Costa Pina Orientador Prof.: Diva Nereida M. M. Maranhão Rio de Janeiro 2003 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRO REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO CORPORATIVA COM FOCO NOS NEGÓCIOS Trabalho de Monografia para a Universidade Candido Mendes como condição para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” Docência do Ensino Superior. Por Carmen da Costa Pina em AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus mestres pela dedicação durante minha formação e, em especial, a Deus, por estar sempre nos iluminando e nos dando provas do Seu Infinito Amor por nós, seus filhos. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu marido que foi o responsável pelo meu ingresso na Pós- graduação, aos meus filhos, à minha mãe e familiares. Dedico também ao meu amigo, Miguel Neder, profissional e educador na área de Recursos Humanos, por sua grande ajuda neste trabalho. METODOLOGIA Será realizada pesquisa exploratória e descritiva sobre a importância do Treinamento para o crescimento pessoal e profissional do funcionário, bem como para o incremento dos negócios da empresa, servindo-me da experiência de já ter trabalhado na área de treinamento e utilizando os préstimos e o saber de profissionais atuantes na área. A partir de material selecionado via fontes bibliográficas, a pesquisa objetivará colher os melhores subsídios de profissionais, pescando suas principais idéias para enriquecer o trabalho. Acompanhar o dia-a-dia da empresa será parte imprescindível da pesquisa, eis que somente a conscientização plena de que o treinamento poderá ser uma importante ferramenta de auxílio para o sucesso da empresa, é que poderá alavancar o processo levando a uma tomada de decisão mais rápida. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 10 1-Problematização 11 1.1 - Política de educação corporativa 11 1.2 - Levantamento das necessidades de treinamento 12 1.3 - Fatos que podem originar necessidade de treinamento 16 1.4 – Metodologia de levantamento 19 CAPÍTULOII 22 2 - Implementação e Avaliação 23 2.1 - Treinamento e desenvolvimento do empregado 23 2.2 - Tipos de treinamento 24 2.3 - Técnicas 26 2.4 - Avaliação de treinamento e desenvolvimento 28 CAPÍTULOIII 29 3 - Uso da internet 30 CAPITULO IV 36 4 - Incentivos fiscais 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS 39 ÍNDICE 40 ANEXOS 42 ANEXO I Educação corporativa 43 ANEXO 2 Educação Profissional no Século XXI 51 ANEXO III Ingressos 59 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 60 FOLHA DE AVALIAÇÃO 61 INTRODUÇÃO Apesar de viver na era da informação onde todos somos conscientes de que conhecimento é poder, há muitos empresários que ainda consideram treinamento uma despesa ou algo que não exige prioridade dentro de seu planejamento. Quando falo em treinamento estou me referindo a treinamento profissional, ministrado por pessoas habilitadas dentro desse nível. Muitas vezes, dentro das empresas, essa situação se “resolve” quando pessoas, com certa experiência, são remanejadas para determinadas áreas para dar um jeito na situação. É uma alternativa, e talvez uma forma de não se gastar dinheiro em algo sobre cuja eficácia ainda pairam dúvidas. Quando empresas passam a treinar seus funcionários, estes passam a se envolver mais com a empresa, percebendo-a de outra forma, com mais atenção, pois é impossível ignorar que essa empresa está cuidando deles de outra forma. Na verdade, eles passam a vestir a camisa muito mais naturalmente, e todos sabemos que esta é a motivação que mais funciona. Existe também, como benefício, uma maior integração funcionárioempresa, e com isto, sem dúvida, um maior entendimento entre eles, já que todos estão falando o mesmo idioma. Funcionário corretamente treinado, além de várias vantagens, é um funcionário muito mais produtivo, e, nesta era de empresas que distribuem eqüitativamente seus lucros, esse funcionário deverá receber também a compensação financeira desse aumento de produtividade. De uma forma ou de outra, o treinamento profissional sempre acrescenta algo a mais no desenvolvimento pessoal do ser humano. Isso sempre melhora a auto-imagem desse funcionário, incluindo todos os fatores que a compõe: mais autocontrole, melhor auto-estima e uma maior capacidade de comunicação e flexibilidade. Se apenas considerarmos a comunicação dentro da empresa como um grande problema hoje existente, só por esta situação teríamos motivos suficientes para não ter dúvidas na hora de passar a investir nessa área, considerando todos os benefícios apresentados. Sabemos da importância extrema de considerar o fator humano como forma prática de resolver inúmeros entraves nas relações humanas, e nesse aspecto, um treinamento apropriado e competente não encontra concorrente. No que se refere à gerência, ter funcionários que compreendam e apliquem noções básicas de relações humanas, facilita, e muito, o trabalho de chefia e liderança. Se torna muito mais fácil para as gerências criar o tão almejado espírito de equipe, além de outras metas que vão ao encontro dos liderados. O treinamento permite também descobrir e desenvolver habilidades e potenciais ocultos que, de outra forma, não seriam aproveitados nem descobertos. Aqui o fator auto-estima mais uma vez poderá ser estimulado com recursos altamente satisfatórios para ambas as partes. Podemos usar uma expressão para resumir a satisfação de funcionários bem treinados: “crescimento pessoal”. CAPÍTULO I 1- Problematização “Se realmente entendemos o problema, a resposta vira dele, porque a resposta não está separada do problema” Jidu Krishnamurti (1895-1986) 1 - Problematização 1.1 - Política de educação corporativa Todo empreendimento implica em uma finalidade econômico-social. Para cumprir plenamente esta destinação, a empresa define e fixa seus objetivos e estabelece as metas para alcançá-lo. Assim, os programas de treinamento: orientação e acompanhamento visando a corrigir desvios ou a sanar deficiências de desempenho dos executores são encaminhados no sentido de atingirem determinada eficiência eficaz desejável, a qual por sua vez, vai resultar na eficácia da empresa. Tais programas são, portanto, partes do planejamento geral da organização, ao qual não podem faltar a previsão e a indicação dos meios que possibilitem a melhor utilização dos recursos humanos da empresa, bem como os processos de retribuição dos agentes na conformidade da contribuição de cada um. O treinamento, entendido como instrumento de desenvolvimento e formação de pessoal, será sempre, portanto, um meio ou recurso utilizado pela empresa, com vistas à produtividade e o bem-estar social e econômico do elemento humano. Quando a direção da empresa se mantém indiferente ou simplesmente deixa de tomar conhecimento do conteúdo e das necessidades dos Cursos de Treinamento que, com seu referendo, participam os supervisores dos diversos níveis e, ainda quando deixa de considerar ou aceitar os possíveis benefícios (mudanças de atitudes ou de métodos de trabalho) provenientes dos treinamentos, resulta dessa desconsideração um sentimento de frustração geral, às vezes de imprevisíveis conseqüências. 1.2 - Levantamento das necessidades de treinamento O levantamento de necessidades de treinamento é, antes de tudo, um trabalho de pesquisa, que se inicia com a coleta de informações e se completa com a análise das informações. É precisamente nesse momento, o da análise, que se procede à seleção dos informes (dados), separando-se aqueles que correspondem as necessidades mais prementes daqueles cujo atendimento não requeira igual urgência. De um modo geral encontramos em qualquer empresa problemas que a primeira vista demonstrariam uma necessidade de treinamento. Mas, se não for feita uma análise detalhada, não se poderá afirmar que uma intervenção, a nível de treinamento, obteria um resultado positivo. Se pensarmos só no problema e não em sua causa, podemos cometer um grave erro. Porém, se eliminarmos a causa, evidentemente eliminaremos o problema. Através da causa podemos identificar se um determinado problema é ou não tratável por treinamento. O levantamento das necessidades de treinamento pode ser efetuado em diferentes níveis de análise: ao nível da análise da organização total: o sistema organizacional; ao nível da análise dos recursos humanos: o sistema de treinamento; ao nível da análise das operações e tarefas: o sistema de aquisição de habilidades. A Análise Organizacional não só envolve um estudo da empresa como um todo - seus objetivos, seus recursos, a distribuição desses recursos para consecução dos objetivos, como também o ambiente sócio-econômico e tecnológico no qual a organização se insere. Essa análise ajuda a responder a questão sobre o que deve ser ensinado em termos de um plano amplo e estabelece a filosofia de treinamento para toda a empresa. A Análise dos Recursos Humanos procura verificar se estes são suficientes quantitativa e qualitativamente para as atividades atuais e futuras da organização. Trata-se aqui da análise de força de trabalho: o funcionamento organizacional pressupõe que os empregados possuem as habilidades, conhecimentos e atitudes desejadas pela organização. A análise dos recursos humanos é feita ao nível do departamento de treinamento. A Análise das Operações e Tarefas é feita ao nível do cargo tendo como fundamento os requisitos exigidos pelo cargo ao seu ocupante. Além da organização e das pessoas, o treinamento deve também considerar os cargos para os quais as pessoas devem ser treinadas. A análise de operações consiste em estudos definidos para determinar que tipos de comportamentos os empregados devem exibir para desempenhar eficazmente as funções de seus cargos. A análise de operações consiste em: padrões de desempenho para tarefa ou cargo; identificação das tarefas que compõe o cargo; como cada tarefa deverá ser desempenhada para atender aos padrões de desempenho; e as habilidades, conhecimentos e atitudes básicos para o desempenho de cada tarefa da maneira requerida. A análise de operações permite a preparação do treinamento para cada cargo tomado isoladamente, a fim de que o ocupante adquira as habilidades necessárias para o seu desempenho. Operacionalidade do Processo Análise da situação organizacional a nível de departamento. Promove-se através da chefia, em grau imediatamente superior ao seu, um encontro (ou tantos quantos forem necessários) com as demais chefias de nível equivalente. Estabelece-se rigoroso confronto entre os objetivos e metas organizacionais, com os objetivos e metas de cada um dos departamentos representados. Tendo como referência os objetivos e metas organizacionais, identifica-se juntamente com os chefes de departamento, possíveis fatos ou situaçõesproblemas que estejam dificultando ou até mesmo impedindo o bom desempenho da organização, no sentido de se alcançarem eficazmente metas e objetivos. Após esse confronto e análise, relaciona-se, com rigor, problemas ou situações que vêm interferindo na sua maneira de agir, fazer e até mesmo de pensar, com evidente prejuízo para o seu desempenho funcional. Se esses fatores puderem ser eliminados ou atenuados “via treinamento”, relaciona-se com os necessários detalhes. Observa-se, contudo, que apreciável número desses males diagnosticados não terá no treinamento seu remédio. Análise da situação organizacional com foco na divisão Reúne-se com os subordinados (chefes de divisão ou órgãos de nível equivalente) e estabelecem-se confrontos entre os objetivos e as metas do Departamento. Identificam-se, juntamente com as chefias representadas, possíveis fatores ou situações-problema que estejam dificultando ou impedindo o bom desempenho de cada área, no sentido de se alcançarem eficazmente suas metas e seus objetivos. Relaciona os estabelecimentos por meio do treinamento. Considera-se a constatação de cursos (administrativos e técnicos) constantes do catálogo ou prospectos e, com base nos objetivos e conteúdos programáticos dos mesmos, seleciona-se aqueles que respondam pela solução (no todo ou, pelo menos, em parte) dos problemas levantados. Análise da situação com foco individual Reúnem-se os membros da equipe da Divisão (ou órgão de nível equivalente), faz-se uma análise da situação geral do setor, em função de seus objetivos e metas. Identificam-se, mencionando as causas, os problemas que estejam prejudicando o desempenho eficiente do setor. Por consenso, relacionamse esses fatos como problemas da equipe. Identificam-se os pontos fortes e fracos da equipe, diagnosticando as respectivas causas. Separa-se do conjunto de problemas levantados, aqueles que realmente possam ser resolvidos pelo treinamento. Obtém-se, a nível individual (de cada membro da equipe), o relacionamento de “seus” problemas e dificuldades, com o enunciado das respectivas dificuldades ou deficiências de desempenho (áreas comportamental, cognitiva e operacional). Examina-se o Catálogo de Cursos (ou os prospectos de treinamento) e assinala-se, tendo em vista os correspondentes objetivos e conteúdos programáticos, aqueles que possam contribuir para a solução total, ou mesmo parcial, dos problemas diagnosticados. Ao final dessas sucessivas etapas de encontros e reuniões, estabelece-se uma “compreensão mútua” entre os membros da equipe sobre seus problemas e dificuldades de desempenho de papéis ou funções, bem como sobre os possíveis meios (via de regra o treinamento) para solucioná-los. Importante também ressaltar que é através da observação direta e das entrevistas, cuidadosamente realizadas com a equipe, que se obtém informações para diagnosticar necessidades de treinamento e catalogar sugestões para o atendimento das mesmas. 1.3 - Fatos que podem originar necessidade de treinamento 1.3.1 - Admissão de Novos Empregados Neste caso há sempre a necessidade de um treinamento introdutório acompanhado, provavelmente, de um treinamento no trabalho, seja ele imediato ou não. 1.3.2 - Redução do número de Empregados Em geral origina a necessidade de treinamento que aumente a versatilidade dos funcionários da empresa, uma vez que um número menor de pessoas deverá executar maior número de tarefas. Além disso, esses trabalhos deverão ser executados em menor tempo com a mesma qualidade, ou até melhor. 1.3.3 - Mudança na rotina de serviço Requerem sempre treinamento imediato, embora tal necessidade deva sempre ser verificada através da análise de como e quanto estas mudanças afetam a “força de trabalho”. 1.3.4 - Existência de práticas conservadoras nos grupos de trabalho Em geral tais práticas decorrem de uma certa “preguiça inconsciente” e foram originadas da experiência do pessoal, apoiada na tomada de decisões semelhantes, quando os mesmos problemas foram encontrados no passado. A avaliação daquelas decisões poderá indicar a necessidade de revisão nos processos antigos e, das mudanças decorrentes, surgirá a necessidade de treinamento. 1.3.5 - Substituição no grupo de trabalho É necessário observar como e o quanto as substituições afetarão o grupo para avaliar a necessidade de treinamento, avaliando qual classe de empregados é a mais afetada, se as mais especializadas (exigindo treinamento especial) ou se aquelas onde não se requer grande experiência. 1.3.6 - Substituições eventuais Por motivo de faltas, férias ou licenças. É preciso oferecer ao grupo, treinamento que lhe dê flexibilidade. 1.3.7- Expansão dos Serviços A expansão poderá trazer a necessidade de admissões de novos empregados, aumento de serviço, ou atividades novas que devem exigir treinamento para o pessoal. 1.3.8 - Utilização de técnicas e equipamentos novos Novos equipamentos ou novas técnicas, sempre requerem treinamento do pessoal. Fatos que indicam necessidade de treinamento 1.3.9 - Baixa Produção Desde que evidenciada que a causa é falta de conhecimento do trabalho pelo pessoal, nas formas de supervisão ou nas atitudes do pessoal, o treinamento deverá ser providenciado, embora não necessariamente para o pessoal de produção. Avarias freqüentes em equipamentos cuja qualidade não permita dúvida, indicará operação e/ou manutenção deficiente. Atraso nas informações e erros freqüentes no cumprimento das ordens, demonstram que, em princípio, há falhas no processo de comunicações, rotinas de serviço mal feitas, etc. 1.3. 10 - Tempo de aprendizado longo Exige sempre uma “aceleração” ao assumir o aprendiz uma função específica. O treinamento resolverá isso, dirigido em geral para quem orienta o novo empregado ou aprendiz. 1.3.11 - Gastos excessivos em manutenção e/ou reparo de equipamentos A ocorrência de desperdício, freqüência anormal de acidentes, empregados pouco versáteis e mau aproveitamento de espaço, são problemas de serviço que treinamentos adequados poderão resolver. Problemas de pessoal, como deficientes ou más relações humanas no trabalho, grande número de queixas do pessoal, pouco interesse e insatisfação no trabalho, falta de cooperação entre departamentos ou seções, dificuldades em conseguir bons elementos e excesso de faltas ou licenças, são fatos que devem ser analisados visando identificar o que se poderá ou deverá fazer antes de se pensar em treinamento, a fim de resolver o problema específico. 1.4 Metodologia de levantamento Há vários métodos utilizados para o levantamento de necessidades de treinamento. Método de Discussão: quando os problemas de pessoal e suas causas são levantados por meio de pesquisas que se projetam por todos os setores da organização, oportunidade em que os especialistas em treinamento consideram e analisam, juntamente com os interessados, os fatos que se caracterizam em necessidades que realmente possam ou devam ser atendidas pelo treinamento. Método de Avaliação Individual: quando as informações são simplesmente aduzidas das avaliações de desempenho dos empregados, realizadas pelos respectivos chefes, ou mesmo por uma junta, caracterizando a chamada Avaliação Múltipla. Antes de se formalizarem quaisquer pesquisas sobre necessidade de treinamento, deve-se levar em conta o ponto de vista da direção da empresa nesse sentido. Justifica-se a importância desse cuidado assinalando as seguintes razões: • A opinião dos dirigentes poderá ser útil na definição dos objetivos a serem alcançados, porém, nem sempre, chega a ser verdadeiramente valiosa, porque esses altos executivos, via de regra, acham-se muito afastados dos problemas que afligem os escalões mais baixos de execução. • Qualquer iniciativa de treinamento estará fadada ao insucesso se não houver conhecimento e apoio da alta direção; • É importante o encarregado da elaboração do programa de treinamento, em definir em linhas gerais e básicas o que se pretende de acordo com o que pensa a alta cúpula da empresa a respeito dos problemas, bem como do que pensam os outros supervisores. Meios de Levantamento de Necessidades de Treinamento O levantamento de necessidades de treinamento é uma forma de diagnóstico, assim, deve basear-se em informações relevantes. Os principais meios utilizados para o levantamento de necessidades de treinamento são: • Avaliação do desempenho: através da avaliação de desempenho é possível descobrir não apenas os empregados que vêm executando suas tarefas abaixo de um nível satisfatório, mas também averiguar os setores da empresa que reclamam uma atenção imediata dos responsáveis pelo treinamento; • Observação: verificar onde haja evidência de trabalho ineficiente, perdas de equipamento, atraso em relação ao cronograma, excesso de matéria-prima, problemas disciplinares, “turn-over” elevado, etc.; • Questionários: pesquisas através de questionários e listas de verificação (“check lists”) que coloquem em evidência as necessidades de treinamento; • Solicitação de supervisores e gerentes: quando a necessidade de treinamento atinge um nível muito alto, os próprios gerentes e supervisores tornam-se propensos a solicitar treinamento para o seu pessoal; • Entrevistas com supervisores e gerentes: contatos diretos visando a solução de possíveis problemas através de treinamento; • Reuniões interdepartamentais: discussões interdepartamentais acerca de assuntos concernentes aos objetivos organizacionais, problemas operacionais, planos para determinados objetivos e outros assuntos administrativos; • Exame de empregados: testes sobre o conhecimento do trabalho de empregados que executam determinadas funções ou tarefas; • Entrevista de saída: quando o empregado está deixando a empresa, é o momento mais apropriado para conhecer não apenas sua opinião sincera sobre a organização, mas também as razões que motivaram sua saída. É possível que várias deficiências da organização sejam identificadas e passíveis de correção; • Análise de cargos: relatórios periódicos da empresa ou de produção. Programação de Treinamento Efetuado o levantamento e determinadas as necessidades de treinamento, passa-se então à sua programação. A programação de treinamento é sistematizada e fundamentada sobre os seguintes aspectos que devem ser analisados durante o levantamento. - Qual a necessidade? - Onde foi assinalada em primeiro lugar? - Ocorre em outra área ou setor? - Qual a sua causa? - É parte de uma necessidade maior? - Como resolvê-la: em separado ou combinada com outra(s)? - É preciso alguma providência inicial, antes de resolvê-la? - A necessidade é imediata? Qual a sua prioridade em relação às demais? - Quantas pessoas e quantos serviços serão atingidos? - Qual o tempo disponível para o treinamento? - Qual o custo provável do treinamento? - Quem irá executar o treinamento? O levantamento de necessidades de treinamento deve fornecer as seguintes informações para que se possa trocar a programação de treinamento. - O que deve ser ensinado? - Quem deve aprender? - Quando deve ser ensinado? - Onde deve ser ensinado? - Como se deve ensinar? - Quem deve ensinar? CAPÍTULO II 2 - Implementação e Avaliação “ Motivação é o empenho de aumentar ou manter tão alto quanto possível a capacidade de um indivíduo, a fim de que este possa alcançar excelência na execução das atividades das quais dependam o sucesso ou o fracasso da organização a que pertence ” (Heckhausen, 1967, p.32). 2 - Implementação Avaliação e 2.1 - Treinamento e desenvolvimento do empregado Mesmo depois de uma orientação global, raramente os empregados se desempenham satisfatoriamente. Precisam ser treinados nas obrigações que devem cumprir e os empregados experientes talvez necessitem de treinamento para melhorar fracos hábitos de trabalho ou aprender novas aptidões que elevem seu desempenho. Conquanto o treinamento procure ajudar os empregados em seu cargo atual, os seus benefícios podem estender-se através de toda a carreira, ajudando-os a desenvolver responsabilidades futuras. Em consequência, a distinção entre treinamento e desenvolvimento muitas vezes não é clara. O que começa como simples treinamento, comumente resulta no desenvolvimento de melhores trabalhadores ou gerentes. Já que a distinção entre treinamento e desenvolvimento é principalmente de intenção, ambos são discutidos em conjunto ao longo do capítulo, sendo notadas as diferenças significantes quando elas são importantes. A fim de ilustrar o impacto do treinamento no desenvolvimento, consideremos as observações de um diretor de pessoal. Talvez a maneira mais fácil de resumir os benefícios do treinamento seja considerá-lo como um investimento que a organização faz nos empregados. Esse investimento resulta em dividendos para o empregado, para a organização e para os outros trabalhadores. Como parte do treinamento ou do processo de desenvolvimento, os especialistas de pessoal e os administradores precisam avaliar as necessidades, objetivos, conteúdos e princípios de aprendizagem. 2.2 - Tipos de treinamento Como já vimos antes, as técnicas de treinamento podem ser classificadas quanto ao local de aplicação, em treinamento no local de trabalho (on the job) e fora do local de trabalho. O primeiro refere-se ao treinamento que se desenvolve enquanto o treinando executa tarefas envolvidas na produção, ou seja, no próprio local de trabalho, enquanto o segundo tem lugar numa sala de aulas ou local especialmente preparado para essa atividade. Treinamento Interno Treinamento no local de trabalho: pode ser ministrado tanto a empregados como a supervisores, através de funcionários, supervisores ou especialistas do staff. Não requer acomodações ou equipamentos necessários aos empregados. Encontra grande acolhida, principalmente em razão de sua praticabilidade, pois o empregado aprende enquanto trabalha. Dificilmente uma empresa de pequeno e médio portes considera possível investir em treinamento, a não ser dessa maneira. Além disso, esse procedimento encontra suporte nas próprias leis de aprendizagem, uma vez que o problema de transferência de aprendizagem inexiste nessa situação. O treinamento no trabalho apresenta várias modalidades: a) admissão de aprendizes a serem treinados em certos cargos; b) rodízio de cargos; c) treinamento em tarefas; d) enriquecimento do cargo, etc. Treinamento Externo Treinamento fora do local de trabalho. A maioria dos programas de treinamento, processados fora do serviço, não é tão diretamente relacionada ao trabalho, sendo, geralmente, suplementar ao treinamento em serviço. A principal vantagem que oferece é possibilitar ao treinando a dedicação e toda atenção ao treinamento, o que não é possível quando no trabalho. Compõe-se, basicamente, de: a) aulas expositivas; b) filmes, dispositivos (slides), vídeo-teipes (televisão); c) método do caso (estudos de casos); d) discussão em grupo, painéis, debates; e) dramatização (role-playing); f) simulação e jogos; g) instrução programada, etc. 2.3 - Técnicas No exame das TÉCNICAS PARA EDUCAÇÃO, APRENDIZADO E DESNVOLVIMENTO HUMANO, é importante lembrar que se pode aplicar qualquer método, tanto a um como a outro. Por exemplo, uma aula em técnicas de administração pode ser freqüentada por supervisores e trabalhadores que tenham probabilidade de serem promovidos para essas posições. Para supervisores, a aula é treinamento sobre como executarem melhor seu trabalho. Para trabalhadores sem responsabilidade de administração, as aulas visam capacitá-los a se tornarem supervisores. A instrução na sala de aula deve ser idêntica para ambos os grupos, mas com duas premissas diferentes: treinamento para supervisores e desenvolvimento para trabalhadores. A seleção da melhor técnica para ser usada em treinamento ou desenvolvimento deverá sempre levar em conta determinadas circunstâncias, individual ou conjuntamente: • Efetividade em termos de custo; • Conteúdo desejado do programa; • Adequação das instalações; • Preferências e capacidades do treinando; • Preferências e capacidades do treinador; • Princípios de aprendizagem. Por exemplo: no treinamento de um piloto de linha aérea em manobras de emergências, que exige perfeita efetividade, o custo poderá ser um fator de menor importância. Qualquer que seja, todavia, o método selecionado, ele deverá estar sempre associado a certos princípios de aprendizagem. Treinamento por Instrução no Próprio Cargo O treinamento por instrução no próprio cargo é recebido diretamente no cargo e é usado principalmente para ensinar os trabalhadores como fazerem seu atual trabalho. Rotação de Cargo Para fazer o treinamento cruzado dos empregados em uma variedade de cargos, alguns treinadores passarão o treinando de um cargo para outro. Normalmente, cada mudança é precedida de treinamento por instrução no próprio cargo. Aprendizados e preparação Os aprendizados visam a adquirir conhecimentos através de empregados mais experientes. Esta abordagem ao treinamento pode se suplementada com treinamento em sala de aula, fora do cargo. A preparação é semelhante ao aprendizado porque o preparador procura proporcionar um modelo para o treinando copiar. Preleção e Apresentação de Vídeo A preleção e outras técnicas fora do cargo tendem a confiar mais em comunicações do que em modelagem, a qual é usada em programas no cargo. Estas abordagens são aplicadas tanto em treinamento como em desenvolvimento. A preleção é uma abordagem popular porque oferece economia relativa e uma organização significativa da matéria. Contudo, a participação, retroinformação e possibilidade de transferência e repetição frequentemente são baixas. A retroinformação e a participação podem melhorar quando se permite debate juntamente com o processo de preleção. 2.4 - Avaliação de treinamento e desenvolvimento A implantação de treinamento e desenvolvimento serve como um processo de transformação. Os empregados treinados são transformados em trabalhadores capazes, e os trabalhadores atuais podem ser desenvolvidos para assumir novas responsabilidades. A falta de avaliação pode ser a falta mais grave na maioria dos esforços de treinamento e desenvolvimento. Dito de maneira simples, os profissionais de pessoal raramente se questionam se o programa alcançou os objetivos estabelecidos. Via de regra, supõem que o programa teve valor porque o conteúdo pareceu ser importante, ou, são levados a confiar nas avaliações dos treinandos, quando estes demonstram ter passado por experiências agradáveis, sem, entretanto, entrar no mérito do conteúdo. Devem ser estabelecidos critérios de avaliação, antes que comece o treinamento, com os participantes sendo submetidos a um pré-teste para estabelecer seu nível de conhecimento. Algumas vezes os testes de seleção atendem a este propósito. Depois de completo o treinamento, um pós-teste deve revelar qualquer melhoria que possa ter resultado do programa. Mede-se de melhor forma a transferência pela melhoria no desempenho do cargo. Os estudos de acompanhamento podem ser efetuados durante meses, ou até mais, a fim de verificar a retenção da aprendizagem. CAPITULO III 3 - Uso da internet “A educação é um processo de aperfeiçoamento do homem, um refinamento de sua essência e um fenômeno do contexto, cujas formas variam no tempo e no espaço.” (Maia , 1998: 1) CAPITULO III 3 - Uso da internet O uso da Internet como meio de instrução pode ser inapropriado em função de características da instituição interessada. Se, p. ex., tiver apenas uns poucos inscritos e que estejam geograficamente dispersos, não haverá quase nenhuma necessidade de conectividade e de redução de distâncias, principais vantagens da Internet. A exceção ficaria por conta de cursos de treinamento fornecidos por terceiros que a empresa pode eventualmente utilizar via aquela rede. Contudo, se a instituição ou a empresa tiver um grande número de estudantes ou trainees que estejam geograficamente espalhados, a Internet pode ser o meio ideal. Além do mais, quando a disponibilidade de tempo for exígua, instruções simples baseadas na Internet podem ser preparadas rapidamente. Por exemplo, conferências online, em tempo real, podem ser preparadas facilmente, como uma conferência por telefone, e o e-mail pode ser distribuído virtualmente ao mesmo tempo. Documentos podem ser criados rapidamente como páginas Web. A rede combina vídeo e som melhor que um livro, é mais interativa que um videoteipe, e, diferentemente do CD-ROM, pode conectar pessoas em todos os lugares do mundo, com custos baixíssimos. Pode ainda ser um fornecedor de conteúdo. A Internet é a mais ampla e diversa fonte de informação hoje existente no mundo. De fato, essa riqueza de informação não é encontrada em nenhum outro meio e os Instrutores podem aproveitar a vantagem dessa fartura de informação e amarrá-la ao processo de aprendizado, criando conexões com fontes externas dentro da própria página de instrução da Web. Treinamento via Internet pode ser mais barato ou mais caro do que outros métodos de instrução. O custo pode ser quase zero no caso da utilização de recursos pré-existentes, como e-mail e sistemas de conferência. Pode também ficar caro, caso se escolha a busca de várias páginas Web de longo alcance, com um bem conectado servidor, ou o desenvolvimento de páginas Web, com requintados e caros gráficos ou características que despendem muito trabalho de desenvolvimento, como a elaboração de tutoriais ou módulos de testes online. Métodos de Treinamento Instruções via Internet podem tomar forma de várias maneiras. Aprender pode tornar-se um encanto solitário, onde o aprendiz pode não se comunicar com outras pessoas durante o treinamento. Se alguém estiver numa ponta receptora do e-mail, o correio eletrônico, ou descarregar (download) um programa tutorial (instrutivo) de um site da Internet, o auto-aprendizado já estará ocorrendo através da Internet. Por outro lado, com as discussões em grupo, possíveis pela Internet, e as conferências em tempo real, a experiência instrutiva pode tornar-se tão interativa quanto as discussões em sala de aula. Os cinco próximos modos de entrega de informação na Internet são utilizados individualmente ou combinados com outros métodos de treinamento. • E-mail Os estudantes recebem o conteúdo da aula pelo correio eletrônico e se comunicam, em grupo, com o instrutor ou com estudantes individuais. O instrutor pode ainda criar um endereço de grupo (listserv) para discussão e distribuição de informação. Comentários e questões enviadas para o endereço eletrônico da “listagem” serão redistribuídos automaticamente para o grupo. • Boletins e Fóruns Eletrônicos Estudantes já se comunicam enviando comentários e questões para boletins, fóruns de debate ou newsletters - pequenos jornais eletrônicos. Usuários devem se dirigir para o site para ler as mensagens, correspondências e notícias. Esses sites permitem uma conversação mais organizada do que o endereço de listagem porque o leitor pode escolher quais tópicos ele deve responder. Vários softwares de boletins eletrônicos permitem uma costura através de tais tópicos, enquanto na listserv os participantes recebem todas as correspondências na ordem de postagem, o que torna a conversação mais desconectada e ao acaso. • Downloading (Transferência) Estudantes retiram documentos, tutoriais ou softwares utilizando o File Transfer Protocol (Protocolo de Transferência de Arquivos) através do downloading (descarregamento-transferência) de itens de um boletim eletrônico ou utilizando o dispositivo de transferência (downloading) disponível na Word Wide Web. Os tutoriais podem ser trazidos para o computador do estudante para simples leitura ou para impressão. Esse é o menos interativo, mas provavelmente o mais utilizado tipo de treinamento via Internet. A diferença entre esse método e o e-mail (correio eletrônico) é que os estudantes não recebem automaticamente os materiais para efetuar o descarregamento: eles têm de abrir o site da Internet onde os materiais estão disponíveis e então descarregá-los (download). • Tutoriais Interativos Estudantes se dirigem a um site da Internet (geralmente na World Wide Web) e pegam um tutorial - programa de instrução - enquanto estão na linha (online). O tutorial pode envolver leitura, conexão com outros sites da WWW, respostas a questões e testes. Alguns tutoriais permitem um andamento do curso de acordo com o passo do usuário. Depois de se registrar no tutorial e designar a senha, o usuário pode parar e se conectar mais tarde para continuar a lição exatamente onde parou. • Conferências em Tempo Real Enquanto os boletins eletrônicos e o e-mail são por vezes considerados pela literatura do aprendizado a longa distância como comunicação assincrônica, a comunicação em tempo real (ao vivo) é denominada comunicação sincrônica. Essa é a forma mais avançada que a Internet pode chegar para se igualar e até superar os recursos de sala de aula. Nesse caso, o debate pode ser moderado para ser melhor estruturado. Isso é possível em um ambiente “MOO” = Multi-User Object Oriented (Objeto Orientado para Multiusuários), um sistema interativo acessível a vários usuários ao mesmo tempo. Os MOOs são baseados no conceito MUD - Multi-User Dungeon, no qual os participantes assumem diferentes papéis e podem interagir dentro de um ambiente simulado. Essa ferramenta da Internet, juntamente com outros sistemas de conferência em tempo real, como o IRC Internet Relay Chat, apresentam muitas possibilidades para o aprendizado de longa distância. Vantagens • Independência em relação a tempo e lugar Economia de custos com viagens e com afastamentos do escritório. Com exceção das conferências sincrônicas, usuários podem se conectar onde e quando quiserem. Grupos de aprendizes ou treinandos de todas as partes do globo podem juntos participar. Proporciona ainda novas oportunidades de aprendizado e instrução participativa entre vários grupos de pessoas. Treinadores, instrutores, podem coordenar instruções com outros colegas de outros lugares e organizações que eles certamente jamais ouviram falar. • Desenvolvimento rápido Se comparado com outros produtos de treinamento baseado em computador, um produto acabado de treinamento baseado na Web pode ser desenvolvido rapidamente. • Variedade de recursos Vários utilitários da Internet estão disponíveis para específicas aplicações. Podem ser usados o e-mail, o boletim eletrônico, conferência em tempo real, tutoriais interativos e outros. • Fácil atualização de conteúdo Comparado com a atualização de um produto de treinamento em CDROM, é mais fácil e rápido a atualização de conteúdo numa página Web. Some-se a isso, capacidade única de arquivamento para discussões em grupo (via criação de endereços-páginas) e armazenamento tópico via boletins eletrônicos ou fóruns. Isso proporciona uma rica fonte para todos os participantes e elimina praticamente a necessidade de estudantes ou usuários tomarem notas. • Aprendiz/usuário no controle Participantes têm mais controle sobre o andamento dos cursos e também mais oportunidade para se concentrar no conteúdo que mais lhe interessam. Além disso, eles podem aplicar o que estão aprendendo durante o curso e voltar a qualquer hora para esclarecer dúvidas ou avançar. • Oportunidade de interação Instrutores de cursos baseados na Internet descobriram que as discussões estudante-estudante ou estudante-instrutor são, substancialmente, intensificadas via online, mais do que na tradicional sala de aula. Participantes do ambiente de aprendizado da Internet não são afetados por diferenças de gênero, raça e idade. Além disso, podem, na comunicação assincrônica, ler e refletir o quanto quiserem antes de responder a lição. Desvantagens • Conexões não confiáveis da Internet Se a página Web tem conexões com sites externos, o usuário deve checá-las rotineiramente porque os endereços da Internet podem ser trocados ou simplesmente desaparecerem de um dia para outro. Essa síndrome da pane ou das conexões mortas é um problema que parece estar piorando cada vez mais devido ao crescimento exponencial da Internet e também porque muitos sites inativos fornecem conexões falsas para sites já deletados (desativados) ou outros inativos. É como se a Internet se tornasse cada vez mais cheia de cruzamentos e entroncamentos, com mais lugares a serem visitados, e com maior possibilidade de panes ou conexões mortas. • Falta de familiaridade e habilidade com a Internet Funcionários podem não ter conhecimento dos recursos da Internet, o que pode impedir o treinamento. Em muitos casos, um treinamento sobre a Internet tem de ser feito. • Dependência da iniciativa do estudante/usuário Diferente dos cursos tradicionais, onde os estudantes sabem onde e quando devem chegar para o treinamento, recebem livros ou textos e fazem anotações durante a aula, na Internet eles têm opções mais flexíveis. O usuário/aprendiz tem maior responsabilidade não apenas na escolha, mas também na intensidade de participação, na manutenção e organização do material do curso, os quais, acessados eletronicamente, podem ou não ser selecionados pelo aprendiz para posterior leitura e reflexão. CAPITULO IV 4 - Incentivos fiscais 4 - Incentivos fiscais Os incentivos fiscais foram introduzidos através da Lei nº 6.297 de 15 de dezembro de 1975 (vide abaixo), tendo a Constituição Federal de 1988 estabelecido no § 3º do Art. 41, dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias: “Considerar-se-ão revogados após dois anos, a partir da data de promulgação da Constituição, os incentivos que não forem confirmados por lei”. LEI N. 6.297 - DE 15 DE DEZEMBRO DE 1975 Dispõe sobre a dedução do lucro tributável, para fins de Imposto sobre a Renda das pessoas jurídicas, do dobro das despesas realizadas em projetos de formação profissional, e dá outras providências. O Presidente da República. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º As pessoas jurídicas poderão deduzir do lucro tributável, para fins do Imposto sobre a Renda, o dobro das despesas comprovadamente realizadas, no período-base, em projetos de formação profissional, previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho. Parágrafo único. A dedução a que se refere o “caput” deste artigo não deverá exceder, em cada exercício financeiro, a 10% (dez por cento) do lucro tributável, podendo as despesas não deduzidas no exercício financeiro correspondente serem transferidas para dedução nos três exercícios financeiros subseqüentes. Art. 2º Considera-se formação profissional, para os efeitos desta Lei, as atividades realizadas, em território nacional, pelas pessoas jurídicas beneficiárias da dedução estabelecida no artigo 1º que objetivam a preparação imediata para o trabalho de indivíduos, menores ou maiores, através da aprendizagem metódica, da qualificação profissional e do aperfeiçoamento e especialização técnica, em todos os níveis. § 1º As despesas realizadas na construção ou instalação de centros de formação profissional, inclusive a aquisição de equipamentos, bem como as de custeio do ensino de 1º Grau para fins de aprendizagem e de formação supletiva, do 2º Grau e de nível superior, poderão, desde que constantes dos programas de formação profissional das pessoas jurídicas beneficiárias, ser consideradas para efeitos de dedução. § 2º As despesas efetuadas, pelas pessoas jurídicas beneficiárias, com os aprendizes matriculados nos recursos de aprendizagem a que se referem o artigo 429, da Consolidação das Leis do Trabalho, e o Decreto-Lei n. 8.622 (*), de 10 de janeiro de 1946, poderão também ser consideradas para efeitos de dedução. Art. 3º As isenções da contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, previstas no artigo 5º do Decreto-Lei n. 4.048 (*), de 22 de janeiro de 1942; artigo 5º do Decreto-Lei n. 4.936 (*), de 7 de novembro de 1942 e artigo 4º do Decreto-Lei n. 6.246 (*), de 5 de fevereiro de 1944, bem como as isenções da contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC, previstas no artigo 6º do Decreto-Lei n. 8.621 (*), de 10 de janeiro de 1946, não poderão ser concedidas cumulativamente com a dedução de que trata o artigo 1º desta Lei. Art. 4º O Poder Executivo estabelecerá as condições que deverão ser observadas pelas entidades gestoras de contribuições de natureza parafiscal, compulsoriamente arrecadadas, nos termos da legislação vigente, para fins de formação profissional. Art. 5º O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no prazo de 60 (sessenta) dias, contados a partir da data de sua publicação. Art. 6º Esta Lei entrará em vigor a 1º de janeiro de 1976, revogadas as disposições em contrário. Ernesto Geisel - Presidente da República Mário Henrique Simonsen. Armando Prieto. João Paulo dos Reis Velloso. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pensando-se só no problema e não em sua causa, pode-se cometer um grave erro. Porém eliminando-se a causa, evidentemente elimina-se o problema. Através da causa pode-se identificar se um determinado problema é ou não tratável por treinamento. Sendo o treinamento uma atividade especificamente destinada a atender às necessidades da organização, poderá ser a solução adequada para inúmeros e importantes problemas da empresa, mas não para todos, alertando para o fato de que nenhuma reforma se poderá fazer com sucesso sem se cuidar também da reforma do homem. A chave do êxito na programação de treinamento está na identificação real das necessidades. Qualquer esforço que for empreendido no sentido de limitar e dirigir a ação, para as verdadeiras causas deverá ser feito e provavelmente será recompensado. Não bastam bons negócios de trabalho, uma boa organização, boas normas que regulem sua estrutura e funcionamento, sendo preciso também que se cuide da preparação dos homens primeiro para que compreendam e alcancem o sentido das providências e reformas pretendidas depois para aceitá-las. Condição que os leva a participarem ativamente dos processos que se implantarão, porque quaisquer esquemas ou modelos que se pretendam pôr em prática na administração terão sempre no homem o seu meio e o seu fim. ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 METODOLOGIA 5 SUMÁRIO 6 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 10 1-Problematização 11 1.1 - Política de educação corporativa 11 1.2 - Levantamento das necessidades de treinamento 12 1.3 - Fatos que podem originar necessidade de treinamento 16 1.4 – Metodologia de levantamento 19 CAPÍTULOII 22 2 - Implementação e Avaliação 23 2.1 - Treinamento e desenvolvimento do empregado 23 2.2 - Tipos de treinamento 24 2.3 - Técnicas 26 2.4 - Avaliação de treinamento e desenvolvimento 28 CAPÍTULOIII 29 3 - Uso da internet 30 CAPITULO IV 36 4 - Incentivos fiscais 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS 39 ÍNDICE 40 ANEXOS 42 ANEXO I Educação corporativa 43 ANEXO 2 Educação Profissional no Século XXI 51 ANEXO III Ingressos 59 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 60 FOLHA DE AVALIAÇÃO 61 ANEXOS Índice de anexos Anexo I Educação corporativa - Internet site ttp://www.aprendervirtual.com/secao.php?codigo=8 Anexo II educação Profissional no Século XXI - http://www.senac.br/informativo/bts/283/boltec283b.htm Anexo III Ingressos ANEXO I Aprendendo a aprender O conceito de educação corporativa já está consolidado, mas é fundamental conduzir esse processo com muito critério para que as ações realmente dêem resultados A educação corporativa começa este milênio como um conceito consolidado e, sobretudo, como uma insofismável necessidade. Para o profissional, os quatro ou cinco anos que rendiam o diploma – que era uma espécie de passaporte para os próximos 35 anos –, ficaram insuficientes para assegurar permanência no mercado de trabalho. Para as empresas, a educação passou a ser encarada como um investimento para aumentar a possibilidade de futuro. “O diferencial competitivo de uma empresa reside no fato de ela ter boas pessoas. Isso para nós é muito claro. Por isso, sempre tentamos recrutar, formar e manter os melhores profissionais”, afirma Ricardo Khauaja, gerente de treinamento e desenvolvimento da indústria de bebidas Ambev. Na Siemens, segundo o diretor de RH Petros Katalifos, o conceito de educação faz parte da essência da organização: “É a característica mais significativa da empresa. Um dos sete princípios da organização diz que o aprendizado é a chave da melhoria contínua.” O princípio de ter profissionais qualificados, de uma certa forma, sempre esteve presente na vida das empresas. Quando, por exemplo, a Rhodia chegou ao Brasil, em 1919, não havia uma operação química industrial no país. Capacitar a mão-de-obra era fundamental para viabilizar a presença da marca no mapa empresarial brasileiro. “A empresa tirou as pessoas do zero e as transformou em operários de elite dos ramos químico e têxtil”, conta Emídio Teixeira, diretor de educação e relações sociais. Atualmente, a tarefa de formar e aperfeiçoar quadros ficou mais complexa, por uma série de fatores que vieram a reboque da globalização, como um ambiente de competição mais acirrado e a necessidade de prontidão diante das mudanças. Na Ambev, empresa resultante da fusão entre Brahma e Antártica, por exemplo, as novas tecnologias demandaram uma grande mobilização. “De oito anos para cá, houve um alto nível de automação nas fábricas, o que exigiu um intenso trabalho de treinamento, a ponto de mudar o perfil do público. Não haverá o retorno esperado se você der uma Ferrari para quem está capacitado a dirigir um trator”, comenta Khauaja. Todas essas condicionantes fazem com que as empresas se preocupem não só com a educação, mas também com a aceleração do aprendizado. “Antes, quando se entrava numa empresa solidamente estruturada, com políticas vigorando por décadas, havia tempo para o aprendizado. Tendo uma boa formação, isso acontecia quase naturalmente”, relata Emídio. “Hoje”, continua, “as estruturas, os objetivos e até os valores mudam. Não existe mais aquele tempo de maturação, a ponto de deixar que a estrutura e a força cultural da empresa eduquem o profissional. Antigamente, um seminário durava cinco dias, era aquela ‘hotelada’. Agora, só um caso muito excepcional tira o funcionário do escritório por cinco dias e ainda assim ele leva celular e laptop”, compara o diretor. Sentido de urgência Essa rapidez provoca uma sensação de que quem não se movimentar na mesma velocidade acabará parando no acostamento. Tal sentido de urgência também parece ter gerado um campo fértil para uma série de comportamentos e discursos que têm sido alvos de críticas de especialistas da área. Movimentar-se é uma necessidade e é louvável que haja uma preocupação nesse sentido, porém, mais do que sair do lugar, é preciso saber para onde se vai e de que maneira. É aí que começa a encrenca. Junto com o conceito de educação corporativa, veio uma enxurrada de produtos, tecnologias, ferramentas, termos técnicos que transformaram o tema em um verdadeiro armazém de secos e molhados da pedagogia empresarial. Para o consultor Eduardo Najjar, o próprio conceito de educação corporativa ainda não foi bem absorvido. “Tem gente que pensa que educação corporativa é elearning ou qualquer atividade que seja apenas treinamento. Como a língua portuguesa é muito rica e pode-se atribuir vários sentidos a uma expressão, há essa confusão, assim como aconteceu com qualidade total e reengenharia e outros tantos exemplos. Depois, ainda apareceu o conceito de gestão do conhecimento e, na cola, o pessoal do software para faturar em cima, e aumentou a confusão.” Para desfazer o nó, Najjar parte do cerne da questão. “Educação corporativa não é um outro tipo de educação. O princípio é aprender e aplicar. E, principalmente, atentar para o fato de que as empresas devem conscientizar as pessoas para a necessidade de estar aprendendo sempre. É investir na formação das pessoas e não apenas soterrá-las de informações.” Hugo Nisembaum foi um dos primeiros consultores a lidar com o tema no Brasil. Ele considera que muitas empresas vêm se valendo do velho paradigma do treinamento, travestido com a roupa nova da educação corporativa. “Em muitos casos, são realizados programas para desenvolver competências prioritariamente comportamentais. Entretanto, a atuação diferenciada de uma organização se dá pela integração dos conhecimentos, habilidades e comportamentos, e não só pela melhoria de um aspecto específico”, analisa. O simples fato de ministrar alguma atividade pedagógica não significa que ela irá necessariamente produzir resultados para a organização. “Para se estabelecer um processo de educação sustentável, o requisito básico é que as diversas ações de aprendizagem estejam ligadas à estratégia organizacional. A ponte para isso se faz por meio das competências organizacionais, que devem se manifestar no desempenho da empresa”, explica Nisembaum. No BankBoston, a criação da universidade corporativa, em 1998, se deu justamente para evidenciar que o conhecimento seria tratado de maneira diferente dali em diante. “Antes, havia o centro de treinamento e a Boston School surgiu com a visão de ser um centro de excelência educacional. A diferença é que o treinamento tem uma visão reativa, detecta-se a habilidade necessária, verifica-se o gap e promove-se o treinamento. A universidade corporativa promove o desenvolvimento pessoal e profissional, o que confere uma idéia de longo prazo ao processo de educação. O trabalho é baseado em competências, com análise e busca do autodesenvolvimento”, explica Liliane Veinert, diretora de RH do banco. No contexto do BankBoston, existem as competências institucionais que, independentemente da área, devem existir na empresa. Por exemplo: foco nos resultados, iniciativa e capacidade de trabalhar em equipe são características que devem estar presentes na atitude tanto do técnico quanto na do alto diretor. Na universidade, são trabalhadas as competências que contribuirão para o desenvolvimento das pessoas. As competências são mapeadas, a performance é avaliada e o acompanhamento da carreira é feito com base no feedback do gestor. “Nós não fazemos a carreira, nós damos os instrumentos e as condições para o funcionário se desenvolver”, conta Liliane. Se um técnico da área de tecnologia quiser, por exemplo, trabalhar na mesa de trade, ele terá de percorrer um caminho para adquirir as competências necessárias. Eventualmente, o gestor pode desaconselhá-lo ou dar-lhe outra orientação, mas se o profissional desejar seguir em frente, pode, por si só, se inscrever nos cursos que são os pré-requisitos para ingressar na área. Apesar dessa autonomia, existem determinados programas em que o banco convoca os funcionários. Geralmente são cursos voltados para as necessidades do negócio, como mudanças da legislação, lançamento ou alteração de produtos. Em termos gerais, a Boston School oferece quatro programas: 1) Formação básica – É o nível que oferece a base para evoluir em qualquer instituição financeira. Nele, a pessoa aprende o que é banco. Tem aulas sobre contabilidade, matemática financeira, microinformática etc. O familiar do funcionário pode freqüentar esse programa, com 50% de desconto sobre o preço de custo do curso. 2) Aperfeiçoamento funcional – São cursos de atualização e reciclagem também voltados para o negócio. São direcionados às áreas, como grupo de staff, segurança etc. 3)Educação executiva – Destinado aos níveis gerenciais mais altos, tem ênfase em gestão. 4) Educação geral – Faz parte da formação complementar do indivíduo, mas pode ser estendido à família do funcionário. São cursos genéricos mas, segundo Liliane, tem havido uma predominância de temas ligados à responsabilidade social e cidadania. Dentre esses programas, o que tem recebido maior ênfase este ano é o de educação executiva, por lidar mais diretamente com a gestão da empresa. “O objetivo é fazer com que os valores da organização entrem na corrente sangüínea”, diz Liliane, e explica a razão: “Existe uma crítica ao setor financeiro, de ele ser historicamente muito imediatista, e que as pessoas são valorizadas pelo dinheiro que trazem. Não há uma preocupação com o trabalho em equipe, o desenvolvimento das pessoas, o feedback. Então, a ênfase está em fazer os valores serem percebidos pela gestão. O indivíduo enxerga a organização, em boa parte, pela relação que tem com o gestor, e isso é um dos fatores que retêm as pessoas na empresa.” O produto mais sofisticado da universidade é o MBA interno, feito em associação com USP, FGV e Ibmec. O curso tem dois anos de duração e está na segunda turma, que tem 20 alunos. É feito no Brasil, mas com um estágio de três semanas na Columbia University. Em caráter de treinamento, o BankBoston tem ainda 24 centros de autodesenvolvimento, que são estações multimídia com CD-ROM, internet, além de biblioteca. A tecnologia ainda não chegou à esfera do badalado e-learning. “Eu sei que o futuro é esse, mas o investimento é alto e ainda não encontramos uma solução que nos garantisse o atendimento pleno das nossas necessidades. A relação custo/benefício ainda não nos convenceu, principalmente no que diz respeito à absorção do conteúdo”, explica a diretora. Em 1998, quando a universidade foi criada, os investimentos eram de 3,2 milhões de reais. Este ano, serão gastos 4,5 milhões de reais em educação. O número de participações em atividades de aprendizagem foi de 5.790 há quatro anos. Este ano a previsão é de 20 mil, 5 mil a mais do que no ano passado. Impacto no dia-a-dia A Ambev tem uma visão mais pragmática da educação corporativa. “O objetivo da nossa universidade é integrar todos os programas de treinamento da companhia. São programas que exercem impacto no dia-a-dia da empresa, o chamado conhecimento aplicado à função”, conta Ricardo Khauaja. No MBA interno, as aulas, sempre que possível, são adaptadas ao universo da empresa. “Se a economia projeta para aquele ano um crescimento do mercado de cervejas, analisamos como aquela informação se encaixa na operação da companhia”, diz. O MBA da Ambev, feito em parceria com o Ibmec, dura um ano e está na quinta turma, que tem 50 alunos, sendo 44 funcionários e seis revendedores convidados. Por lidar com um público heterogêneo e espalhado por todo o país, existe um predomínio do treinamento a distância. Além de intranet e internet, existe a TV Ambev, canal fechado com transmissão via satélite, criado em 1999. “É produzido um programa semanal que abrange prioritariamente a força-de-vendas. Nele são veiculados conteúdos referentes à política de preços, promoções, por exemplo”, explica. Esse aparato é utilizado para auxiliar os líderes para que atuem como multiplicadores, devido ao tamanho do público da empresa. Incluindo a rede de revendas, são cerca de 20 mil pessoas. A empresa também investe na escolarização dos colaboradores, concedendo bolsas de estudo para aqueles que ainda não concluíram o ensino médio. “Hoje, 92% dos funcionários têm segundo grau e 40% cursaram ou estão cursando o ensino superior”, afirma. Na Rhodia, a educação sempre esteve associada às inovações na gestão de recursos humanos. “Desde a década de 70, a Rhodia foi uma das primeiras empresas a estimular a participação dos trabalhadores nas mudanças na organização do trabalho, dar mais autonomia e independência aos funcionários. É claro que ainda existem nichos tayloristas, como em todas as empresas. Cada vez que esses assuntos eram tratados, eram sustentados por um forte conjunto de treinamentos, e isso criou uma tradição de RH em treinar para lidar com o novo nos aspectos técnicos e administrativos”, relata Emídio Teixeira. Em meados da década de 80, aconteceu uma mudança significativa nas relações com os trabalhadores e com os sindicatos. “Houve uma preparação dos gerentes das grandes unidades industriais e do RH para um mundo com mais pressão, mais negociação e isso requereu mais treinamento”, diz Emídio. Nos anos 90, a ênfase foi em programas para preparar o pessoal para as mudanças. Um deles foi o de formar chefias enfatizando o trabalho em equipe. “Foi feita uma preparação para um mundo empresarial diferente e os aspectos de marketing e comercial ganharam uma importância grande.” Em 1994, com a Medida Provisória que estipulava a participação nos resultados, mais de 200 gerentes foram treinados para lidar com este novo fato. “O modelo de negociação ficou diferente, menos com o sindicato e mais com os empregados”, lembra o diretor. Nesse mesmo ano, teve início o projeto de empregabilidade. “A empresa entendeu que deveria dar aos empregados a opção de participar de sua própria formação. Parte caberia à empresa, mas parte deveria resultar da iniciativa do funcionário”, diz. No final de 1999, foram definidas nove competências, lastreadas nos valores da organização. A partir delas, as pessoas são avaliadas por resultados e pelas competências comportamentais. “Na visão do RH, não basta obter os resultados, é preciso atingir determinados padrões de comportamento. A partir de 2000, cerca de 500 pessoas da gerência média para cima estão sendo treinadas.” Neste ano, a ênfase está em preparar todos os gerentes para que eles avaliem melhor por competências e dêem feedback. O acompanhamento do gestor no desenvolvimento da carreira dos subordinados parece indicar uma tendência nas grandes empresas. Na Siemens, desde os anos 90, a avaliação de desempenho foi trocada pelo que a companhia chama de diálogo de desenvolvimento, entabulado entre gestor e funcionário. “O gestor, dando o feedback, atua muito mais como um coach. Isso dá uma perspectiva mais desenvolvimentista para o profissional”, explica o diretor de RH, Petros Katalifos. Atualmente, a empresa tem enfatizado as competências comportamentais, principalmente nas lideranças. O princípio é de que somente com lideranças excelentes se produzem resultados excelentes. O acompanhamento do clima é o que dá a informação na outra ponta do processo. “Se a equipe de um líder consegue resultados expressivos, mas o clima está baixo, ele não vai repetir o resultado”, comenta. Com 6 mil funcionários, a média é de 40 a 50 horas anuais em programas de treinamento. Existem quatro MBAs internos, de um ano de duração, para as gerências. Segundo o diretor, atualmente 200 funcionários fazem estágios no exterior para o domínio de novas tecnologias. No Brasil, existe um centro de desenvolvimento em telecomunicações, com 300 pessoas, em Curitiba. Essas ações fazem parte de um desafio que começou no ano passado e que se estenderá até 2004, que é transformar a Siemens em uma e-company. “O objetivo é tornar a empresa mais acessível aos clientes e proporcionar soluções mais rápidas e econômicas. E-business, e-procurement, eRH, e-tudo”, explica. Cultura empresarial Outro caso em que o processo de educação foi concebido para reforçar a cultura empresarial é o do ABN Amro Bank, após a aquisição do Banco Real. A compra mudou o perfil do ABN no Brasil, que passou a ser um banco voltado prioritariamente para o varejo. Até 1998, o ABN era focado em pessoa jurídica. A estrutura que veio com a compra do Real fez com que a direção mundial do banco reestruturasse o negócio no Brasil. “No começo de 2000, o ABN mundial começou a repensar a sua estratégia de negócios, dentro de um modelo de segmentação. Atuar em mercados que realmente fossem importantes para obter rentabilidade e lucratividade. O Brasil, dentro dessa estratégia, ficou bastante focado no varejo”, lembra Helena Pessin, diretora da Academia ABN Amro. Em 1999, houve o processo de integração e em 2000 foi concebida a idéia da universidade corporativa para dar suporte à consolidação. “A missão da academia é oferecer experiências de aprendizagem para alavancar o desempenho das pessoas para que os objetivos do negócio possam ser alcançados. A academia está atrelada à estratégia da empresa, que definiu um modelo de competências”, explica Helena. A definição desse modelo começou anteriormente com a difusão dos quatro valores da organização: integridade, resultado, trabalho em equipe e profissionalismo. A partir daí, foram listadas quatro competências empresariais: ser um banco de relacionamento, que prima pelo high touch; ter a cultura do resultado ético; oferecer soluções adequadas e integradas; e ter excelência em liderança de talentos. Como desdobramento, foram definidas as competências gerais, gerenciais e funcionais. A viabilização da academia se deu porque, na nova configuração mundial do banco, o Brasil passou a representar o terceiro maior mercado de varejo. “Dentre as iniciativas para garantir o crescimento nesse mercado, uma delas foi investir na educação das pessoas”, conta Helena. A academia passou a ser a terceira da organização no mundo, depois de Amsterdã, na Holanda, e Chicago, nos EUA. “Ficamos de abril a dezembro de 2000 desenvolvendo o modelo conceitual da academia. Em dezembro foi aprovada a idéia de termos um centro de treinamento em São Paulo, inaugurado em abril de 2001. Em maio, surgiu o segundo centro, no Rio de Janeiro, e, este ano, abrimos o terceiro, em Belo Horizonte”, conta a diretora. A previsão do banco é criar mais dois centros, para abranger o Norte-Nordeste e o Sul do país. Como demonstrativo da importância que o banco está dando no desenvolvimento de seus profissionais, o extrato mostra que, em 2000, ano da consolidação, foram investidos 14 milhões de reais em treinamento. Em 2001, o valor pulou para 20,3 milhões e, neste ano, estão destinados 26 milhões de reais para essa finalidade. ANEXO 2 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO SÉCULO XXI José Eustáquio Romão* Abstract The Professional education along 21st Century rather than keeping the main purpose in competence, should think about learning process as something that can’t deny the news and the modern, it dependes on four basic pillars that support the human being’s construction: learn to know, learn to do, learn to enjoy together and learn to be. Key-words: Professional Education; 21 st Century; Learning; Pedagogy; Society INTRODUÇÃO Re-aprenderes Necessários O denominado “Relatório Jacques Delors”– RJD – resultou dos trabalhos desenvolvidos, de 1993 a 1996, pela Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), com a qual colaboraram educadores do mundo inteiro. Publicado no Brasil sob o título de Educação – um tesouro a descobrir (2000)1, representa a síntese do pensamento pedagógico oficial da humanidade, neste final de milênio, já que foi formulado e lançado sob a chancela do órgão máximo responsável pelo setor educacional no planeta. Por isso, não há como considerar os “Re-aprenderes Necessários”2 aos homens e mulheres do século XXI, desconhecendo esse Relatório.3 De acordo com o Delors, a educação necessária ao século que se inicia poderia ser sintetizada em um de seus parágrafos: Para poder dar respostas ao conjunto de suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de permuta. (DRJ).4 Destaquemos da citação o trecho “... quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida...” Esse documento base do pensamento pedagógico contemporâneo considera que os homens e as mulheres do século XXI terão necessidade de quatro “aprendizagens” essenciais para sua realização pessoal e coletiva e que perpassarão toda a sua existência. Em outras palavras, essas aprendizagens inserem-se na perspectiva da “educação permanente”, da “educação continuada” ou da “Andragogia”5 que, segundo Bárcia6, a partir da concepção de Pierre Furter, deve ser entendida como o processo educacional que, “ao contrário da pedagogia, não se preocupa apenas com a ‘formação da criança e do adolescente, mas do homem, durante toda a sua vida’.” Mais do que “pilares do conhecimento” – como as denominam o RJD? – as quatro aprendizagens tornam-se verdadeiros pilares da própria vida e, dessa forma, passam a constituir a perspectiva mais interessante da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na medida em que carregam em si todas as dimensões da realização humana. De fato, num viés mais restritivo, a EJA tem sido encarada como educação compensatória para os que foram marginalizados da escola na idade própria da escolarização regular. Num sentido mais restritivo ainda, ela é concebida como alfabetização de adultos, ou, finalmente, como treinamento e “reciclagem” ocupacional. Retornando à citação que selecionamos do RJD e examinando-a com mais cuidado, os quatro pilares – “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser” – reduzem-se, na verdade, a três. De fato, o quarto – aprender a ser – é apenas o resultado da feliz integração e interação dos três primeiros. Aliás, o próprio documento registra esta constatação quando, mais adiante, afirma que o quarto pilar “integra os três precedentes”. Entendemos, porém, que, numa perspectiva dialética, “aprender a ser” é a condição e a síntese dos demais “aprenderes”. Em outras palavras, não há como aprender a conhecer, a fazer e a conviver se não se aprende a ser. Da mesma forma, não se pode ser se não se aprende a conhecer, a fazer e a conviver. Queremos chamar a atenção ainda para o fato de que o RJD não se refere a “saberes”, “conhecimentos”, nem, muito menos, a “competências” – como está na moda do discurso pedagógico neoliberal. Propõe, reitera e ratifica “aprenderes”. E qual a diferença mais significativa entre uma concepção pedagógica que defende os conhecimentos, as competências e as habilidades, de uma outra que tenha por centralidade os “aprenderes”? Não será mero jogo de palavras? Ou será apenas mais um modismo sancionado no universo acadêmico? Penso que não. A defesa de conhecimentos, habilidades e competências, além de potencializar a discriminação, pela diferenciação entre os que os possuem e os que deles são destituídos, denuncia uma posição estática, estrutural. De fato, “conhecimento”, “competência” e “habilidade” definem faculdades constituídas e instituídas, enquanto “aprender” denota uma dinâmica, um processo, faculdades em constituição e instituintes. Encarar o ato de aprender como mais importante do que o de ensinar; considerar a aprendizagem mais relevante do que o conhecimento; tomar o “aprender a fazer” como prioritário em relação às competências e às habilidades adquiridas e consolidadas; enfim, proclamar o processo como mais significativo do que as estruturas constitui uma grande novidade, principalmente em se tratando de um pronunciamento oficial da UNESCO. A maioria dos documentos de organismos internacionais, especialmente os da Organização das Nações Unidas (ONU), busca manter uma eqüidistância – para não dizer “neutralidade” (impossível) – em relação às diversas posições a respeito de uma questão polêmica ou sobre a qual não haja unanimidade. O RJDs é um dos poucos documentos de uma agência das Nações Unidas que não traz o clássico aviso: “as opiniões do(s) autor(es) não são, obrigatoriamente, as desta organização”. Ainda que o Relatório seja considerado generalista, é, no mínimo, curioso que um documento dessa natureza tenha explicitado a opção por uma concepção pedagógica que foge ao padrão hegemônico da razão cartesiana, estrutural ou positivista, sugerindo mesmo o movimento dialético da historicidade, a partir da transformação dos educandos em sujeitos de seu próprio processo educativo e de seu devir. Para efeito do raciocínio que queremos desenvolver agora, substantivemos o verbo aprender, admitindo, inclusive, o plural “aprenderes”. Já afirmei, anteriormente7, que o RJD insiste em conjugar – em todos os sentidos da palavra – dois verbos em cada um dos “pilares”, sendo que o primeiro, “aprender”, se repete em todos eles. Ele não propõe “aprender o conhecimento”, “aprender o feito”, nem “aprender a convivência”. Ao contrário, apresenta o segundo termo também no infinitivo, conferindo-lhe um dinamismo, um caráter processual não suportado por vocábulos estáticos, estruturais e estruturados como “conhecimento”, “feito” e “convivência”. “Aprender o conhecimento” é “aprender o conhecido”, enquanto “aprender a conhecer” é participar da pesquisa e do processo de construção do conhecimento. “Aprender a fazer” é muito mais do que aprender como é feito. É também construir os modos e os instrumentos da “feitura”. Finalmente, “aprender a conviver” não se reduz ao conhecimento das convivências – geralmente marcadas pela competição e pelos conflitos – mas se estende à busca do conhecimento das diversidades étnicas, econômicas, políticas, sociais, religiosas e culturais e participa das estratégias de reconstrução da convivência na diferença (ROMÃO).8 “Aprender a conviver” conota um movimento e, simultaneamente, uma busca de reconhecimento da própria identidade e um esforço de aceitação das diferenças. “Não é mais possível ficar indiferente às diferenças”, já afirmava a Professora Luíza Cortesão, no Círculo de Cultura que coordenamos na Universidade de Coimbra, em março de 2001, citando Boaventura de Sousa Santos (1995: passim)9. Inspirado nesta assertiva escrevi: A luta contra a desigualdade entre as pessoas não quer o combate pela eliminação das diferenças. Igualdade não é sinônimo de homogeneidade. Aprender a reconhecer as diferenças ou a enxergá-las como legítimas manifestações do outro é o primeiro passo para a eliminação dos conflitos. Além disso, perceber uniformidade e o dogmatismo como empobrecimento da trajetória humana e recuperar a capacidade de enxergar a multiculturalidade como uma riqueza, é outro significativo passo para a aprendizagem e aceitação do conviver, a trabalhar na diversidade. Estes dois passos são fundamentais para a eliminação da competição e dos conflitos tão típicos de nossa sociedade. (ROMÃO).10 No limite, levando-se o raciocínio às suas últimas conseqüências, os quatro pilares se reduzem apenas a um, e podem ser traduzidos como “aprender a aprender”. Ainda que o RJD considere-o como tradução somente do primeiro pilar, aprender a conhecer11, entendo que aprender a aprender traduz todos os aprenderes propostos, porque o verbo “aprender” repete-se na primeira parte dos demais pilares, como motor da dinâmica contida no segundo verbo de cada proposição: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver e aprender a ser. Ora, se aprendo a conhecer, a fazer, a conviver e a ser, apreendo o modo de aprender a realizar estes processos. Não se trata de um círculo vicioso que nos distancia cada vez mais do objetivo final: “aprender a aprender a aprender...” sem chegar ao conhecer, ao fazer, ao conviver e ao ser. Trata-se, pelo contrário, de desenvolver os procedimentos da aprendizagem para fazer qualquer outra coisa. Vejamos agora a razão pela qual usamos os vocábulos “reaprender” e “reaprendizagem”, isto é, o porquê da insistência no que parece ser um mero jogo de palavras, com o simples acréscimo do prefixo “re”. É que, inspirados no referencial freiriano, não podemos nos esquecer de um princípio reiteradamente proclamado pelo próprio Paulo Freire: “Já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo” (FREIRE,).12 Ele explicita que o processo educacional é, substancialmente, auto-educação, tendo, portanto, como centralidade o aprender, não o ensinar. Por aí, constatamos uma convergência entre o pensamento freiriano e a proposta da UNESCO para a educação do futuro. E foi na linha do legado de Paulo Freire que afirmamos em Joinville, no Congresso já mencionado: No processo educacional, homens e mulheres são irredutíveis a objetos do educador, isto é, não são informados nem formados por outrem, mas autoinformados e formados. Neste sentido, nem mesmo a motivação pode ser desencadeada em alguém a partir de seu exterior. Ela também é sempre um processo endógeno, interno. Mas, então, se isso tudo é verdade, qual é a razão de ser e qual é o papel do educador? Como se depreende da citação anterior, o educador tem razão de ser e, mais do que isto, ele é fundamental ao processo, embora seu trabalho, numa educação libertadora, seja o de “criar as possibilidades” e a ambiência adequada para a construção do conhecimento pelos educandos. E, neste sentido, no que diz respeito à motivação, sua função é a de descobrir e explicitar as que já existem nos educandos, trabalhando por sua explicitação e aguçamento. (ROMÃO).13 Porém, estas citações e explicações não são suficientes para esclarecer as razões da preferência pelos termos e conceitos prefixados por “re”. Por que “reaprender” em lugar de “aprender”, se este verbo já está carregado de potencialidades dinâmicas e construtivas? Porque, exatamente segundo a concepção que nos convence, todo mundo é capaz de aprender e, mais do que isso, é capaz de ensinar. Ninguém é nulo em tudo; como ninguém sabe tudo de tudo. Ninguém é onisciente, como ninguém é “niiciente”. As pessoas, mesmo que equivocadamente, têm um conceito, uma explicação, uma concepção a respeito dos entes, dos fenômenos e dos problemas. Por isso, no processo de aprendizagem, elas não constroem saberes totalmente singulares, originais e inéditos; na verdade, quando aprendem algo novo, as pessoas estão é alterando o pré-conceito que tinham a respeito de algo por um novo conceito, por um “reconceito”; estão substituindo o conhecimento que possuíam por um outro “re- conhecimento”. Desse modo, ninguém aprende, mas “re-aprende”. Assim como “a sociedade nova nasce no ventre da antiga”, como dizia Marx em vários de seus escritos, o novo conhecimento, o novo saber nasce nas entranhas das convicções e equívocos passados. Só mais recentemente as correntes da denominada “Pedagogia Crítica” constataram que a possibilidade de se apreender conteúdos, desenvolver competências, implementar habilidades e incorporar princípios e atitudes só surge quando a pessoa aprende a pensar certo. “E uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas”, já dizia Paulo Freire14. A dúvida sobre as próprias convicções é que permite a re-aprendizagem, ou seja, a substituição de pré-conceitos, pré-saberes, pré-competências, préhabilidades e pré-atitudes por novos conceitos, competências, habilidades e atitudes. A pedagogia freiriana sempre luta pela substituição do “pré”, no sentido de instituído, pelo “re”, na linha do instituinte. 2. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Em um país como o Brasil, onde é alto o número de analfabetos15 e o número de jovens que são marginalizados da escola na idade própria da escolarização regular, sem a conclusão da educação básica, a “Educação de Adultos” acabou se transformando em “Educação de Jovens e Adultos” (EJA). Além dessa dimensão compensatória, a EJA vem incorporando outras, decorrentes da reconversão tecnológica, das transformações na matriz estrutural do sistema produtivo e dos desafios econômicos, políticos e sociais interpostos pela nova ordem internacional. Em outras palavras, a EJA incorpora progressivamente as categorias e ideais da educação permanente, projetando-se mais como educação continuada do que como “recuperação do atraso escolar”. Contudo, se a educação continuada traz em si a perspectiva da auto-realização pessoal e coletiva, as novas dimensões incorporadas na EJA estão ainda carregadas de uma teleologia profissionalizante, ou seja, voltadas apenas para a potencialização da produtividade da força de trabalho. Como afirmar que a EJA ainda está carregada de conotações profissionalizantes, que ainda predomina este viés da razão instrumental, se a maioria dos donos do capital já incorporou, em seu ideário e em seus programas de formação, reciclagem e atualização da mão-de-obra, os componentes curriculares da educação geral? Como, se até mesmo os capitães da indústria não mais falam em “treinamento especializado” e já compreenderam e vêm investindo em planos e programas de educação básica?16 Teriam percebido o equívoco dos “adestramentos técnicos” que transformavam o trabalhador num robô especializado num determinado ponto da linha de produção na matriz taylorista/fordista? Ou teriam ficado mais humanos e, em nome da solidariedade para com seus semelhantes, estariam favorecendo a realização pessoal de seus empregados? Parece-me que se trata apenas da descoberta de que o sistema produtivo, tecnológica e formalmente reconvertido, juntamente com as novas exigências da concorrência mundial, está impondo um padrão de comportamento produtivo flexível e uma combinação da razão instrumental com a razão comunicativa, desenvolvida por Habermas17 (1990),18 no qual as potencialidades do aprender e da comunicação são mais importantes do que a acumulação de conhecimento e habilidades especializadas. Retornemos, porém, ao Relatório Jacques Delors, de modo particular ao segundo “pilar” da educação necessária ao século XXI. Relativamente ao segundo pilar, “aprender a fazer”, a proposta da UNESCO vincula-o ao mundo do trabalho: Mas a segunda aprendizagem está mais estreitamente ligada à questão da formação profissional: como ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos e, também, como adaptar a educação ao trabalho futuro quando não se pode prever qual será a sua evolução? (DELORS).19 Ora, fica cada vez mais claro que, em um sistema produtivo reformatado pela automação, que tem na microeletrônica sua base material, não há lugar para os pacotes de conhecimento, mas para a capacidade de aprender e de apreender a inovação. Mais importante do que o conhecimento sobre um processo de produção, uma seção na linha de montagem – existirá no futuro? – uma máquina ou uma operação é a capacidade de ler um manual, de se comunicar com os parceiros de trabalho, de ter iniciativa, de criar processos produtivos inéditos. Portanto, o que mais se demanda de um profissional do futuro é a capacidade de “aprender a aprender fazer”. Há um relativo empobrecimento da Educação, mesmo que considerada na sua dimensão instrumental, quando voltada apenas para os objetivos do sistema ocupacional, qualquer que seja a sociedade, das mais simples às mais complexas. É que os homens e as mulheres de qualquer época não se reduzem a simples agentes do trabalho.20 Mesmo a politecnia tem um significado mais amplo do que a mera flexibilidade do comportamento produtivo dos trabalhadores. Originalmente, o conceito foi mais bem explicitado por Kruspkaja – esposa de Lênin – que inspirara-se no conceito de omnilateralidade formulado e desenvolvido por Marx e que correspondia à concepção de que o ser humano deve ser integralmente desenvolvido em suas potencialidades, através de um processo educacional que levasse em consideração a formação científica, a política e a estética, com vista à libertação das pessoas, seja da ignomínia da pobreza, seja da estupidez da dominação. O conceito de politecnia de Kruspkaja21 tem a ver, nitidamente, com o quarto pilar, “aprender a ser”, do Relatório Jacques Delors. Vejamos como este documento explicita este pilar e se aproxima da “omnilateralidade” do ser humano e sua necessidade de uma educação integral: Mais do que preparar crianças para uma dada sociedade, o problema será, então fornecer-lhes constantemente forças e referências intelectuais que lhes permitam compreender o mundo que as rodeia e comportar-se nele como atores responsáveis e justos (RJD).22 Mesmo que consideremos a educação apenas em sua perspectiva de preparação ocupacional, não há consenso quanto ao impacto da qualificação na produtividade do sistema econômico, nem na realização econômico-social das pessoas qualificadas. Vanilda Paiva já demonstrou em dois trabalhos (198523 e 199024) que, nas relações entre educação e trabalho, entre sistema educacional e sistema ocupacional, não há consenso entre os pesquisadores do tema sobre a necessidade de qualificação crescente para o melhor desempenho no sistema produtivo do capitalismo de nossos dias. Na verdade, quatro “teses” diferentes têm sido defendidas sobre a relação educação/trabalho: 1. Desqualificação – O sistema produtivo do Capitalismo Organizado estaria produzindo uma desqualificação absoluta e relativa. Portanto, ao invés de estarmos caminhando para o fim do “mandarinato”, ao invés de estar ocorrendo uma socialização das informações e competências, estaria se verificando o contrário, uma verdadeira substituição do trabalho vivo pelo da maquinaria automática, exigindo da força de trabalho operações mecânicas e repetitivas, completamente destituídas de qualquer racionalização e, no limite, obsoletizando a própria força de trabalho. 2. Requalificação – Os nexos entre educação e produção, no contexto da terceira “revolução tecnológica”, estariam provocando a elevação da taxa média de qualificação da força de trabalho. 3. Polarização das Qualificações – Na medida em que o trabalho vivo é substituído pelo trabalho mecatrônico, a necessidade de qualificação polariza-se nas tarefas de criação, manutenção, direção e vigilância, concentrando-se, portanto, num pequeno número de trabalhadores. 4. Qualificação Absoluta e Desqualificação Relativa – A taxa média de qualificação da força de trabalho estaria se elevando absolutamente, mas a qualificação relativa – considerado o nível de conhecimentos disponíveis na sociedade – estaria se rebaixando. A estas teses, referenciadas no legado analítico marxista, penso que devemos acrescentar aquela tão cara ao próprio pensamento burguês: a de que a produtividade da força de trabalho no novo sistema produtivo e no novo concerto econômico mundial exige a educação geral básica do trabalhador, conciliando e coincidindo, portanto, os interesses do capital com os direitos e interesses do trabalho. Em outras palavras, embora com finalidades diferentes, os interesses dos patrões e dos empregados estariam em convergência. Se os produtores diretos sempre se interessaram pela formação geral, porque esta é a tendência de todo ser humano, dada sua aspiração à atualização de sua potencial “omnilateralidade”, para os detentores dos meios de produção, no novo sistema produtivo, a formação geral é exigência da produtividade e, conseqüentemente, da extração da mais-valia e da acumulação. Em suma, os trabalhadores aspiram à politecnia no sentido que lhe conferiu Kruspkaja; os capitalistas a tomam na linha tecnocrática da educação politécnica. Esta não pode ser atingida sem provocar a outra. Ou seja, ao estimularem a formação geral, com vista ao aumento da lucratividade, os detentores do capital acabam por potencializar a recuperação da categoria de totalidade pelos trabalhadores, incentivando, mesmo que involuntariamente, as condições para o processo de conscientização e de libertação. “Aprender a ser”, quarto e último pilar necessário ao processo educacional do século XXI, segundo o Relatório Jacques Delors, é a politecnia em seu sentido mais amplo e progressista, pois se volta para o desenvolvimento do homem integral: “espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade” (DELORS,).25 Mas, este pilar, segundo Delors; este saber, de acordo com Morin26 e este “re-aprender”, na perspectiva freiriana27, sintetizam-se, integram-se, unificam-se no “aprender a aprender. Aí, Paulo Freire introduz os importantes conceitos de inacabamento ou inconclusão e de incerteza, que nos identificam com os demais seres do cosmo, mas, ao mesmo tempo, deles nos distinguem, por nossa consciência dessas limitações: Aqui chegamos ao ponto de que talvez devêssemos ter partido. O do inacabamento do ser humano. Na verdade, o inacabamento do ser ou sua inconclusão é próprio da experiência vital. Onde há vida, há inacabamento. Mas só entre mulheres e homens o inacabamento se tornou consciente. (FREIRE).28 O que parece ser um limite maior da espécie constitui sua riqueza, em relação aos demais seres da natureza: a de ser ontologicamente esperançoso, utópico e, por isso, pedagógico, educacional. Os homens e as mulheres, na sua trajetória neste mundo, não alcançam a plenitude embora a procurem indefinidamente. A busca incessante de atualização de todas as próprias potencialidades dá-se na dimensão dessa procura de superação da inconclusão, já que ela se inscreve no inesgotável universo dessas potencialidades não atualizadas. É nesta perspectiva que o ser humano torna-se essencialmente utópico, dotado de esperança, pedagógico. Assim, a educação torna-se um processo imprescindível à humanidade e ao processo civilizatório, mais do que um instrumento da realização ocupacional e do capital. Ao falar de processo civilizatório, gostaria de concluir com uma reflexão sobre nossa posição nele. Ou seja, como ficará a América Latina, e o Brasil, de modo especial, na evolução humana que se processará no século XXI? Temos sido relegados a um plano inferior, por nosso atraso científico, tecnológico, econômico e social. Aliás, este último, por força da terrível distribuição de renda, é que nos empurra para o Terceiro Mundo. Contudo, sem qualquer nacionalismo, mesmo porque trata-se de uma impressão, sem comprovação cientificamente consolidada, penso que chegou nossa oportunidade histórica. É claro que as oportunidades têm de ser aproveitadas, pois em si mesmas não são suficientes para inserir qualquer formação social na vanguarda do processo civilizatório. Também não são os recursos econômicos, científicos e tecnológicos que garantem a uma nação esta posição no universo das lideranças na trajetória da humanidade. Observando a História, percebemos que os povos que conseguiram fazer a humanidade saltar de um patamar para outro mais elevado foram aqueles que, independentemente de suas riquezas materiais, não perderam a emoção, a alegria e o élan de viver. E isso, a despeito dos problemas pelos quais temos passado, não nos falta. Paulo Freire deu-nos essa lição. Longe de envergonhar-se de sua “brasilidade”, de sua “nordestinidade”, afirmando-as tornou-se um cidadão de vanguarda do mundo no final do século XX. ANEXO III Ingressos REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999. LEX, Coletânea da Legislação e Jurisprudência. 4º trimestre de 1975, São Paulo. Lex editora S.A., 1975. WERTHER, William B. Administração de pessoal e Recursos Humanos. 7 ed. São Paulo. McGraw-Hil do Brasil, 1998. INTERNET Internet site ttp://www.aprendervirtual.com/secao.php?codigo=8 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “Lato Sensu” Monografia: EDUCAÇÃO CORPORATIVA COM FOCO NEGÓCIOS Autora: Carmen da Costa Pina Auto Avaliação: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: NOS