Jornalismo Português Dificuldades estruturais Gazeta da Restauração (1641-1647) • Com a Restauração, em, D.João IV autoriza a publicação do primeiro jornal português: Gazeta onde se Relatam as Novas Todas que Houve Nesta Corte e que vieram de Várias Partes. • obedece ao modelo francês. • Objectivo: defesa dos interesses da nova dinastia portuguesa. A circulação do jornal é restrita, já que o seu custo era elevado e a população analfabeta. • lido pela aristocracia ilustrada, pelos homens de negócios e os letrados. • obedecia às normas da censura e teve uma curta e atribulada vida. Grandes dificuldades de afirmação • 1643 -1667: novo jornal escrito em francês, Le Mercure Portuguais, o que tornava a sua difusão ainda mais limitada. • seu autor, António de Sousa Macedo foi considerado o primeiro jornalista • 1649 publica-se A Gazeta do Parnaso Prologética (em castelhano) e, no mesmo período O Mercúrio da Europa passa a ser traduzido em português, (1689). • Estes dois títulos de influência linguística estrangeira revelam uma certa falta de identidade cultural que se vive neste período. Melhorias económicas e estabilidade • 1715 – 1833: Gazeta de Lisboa, publicou-se com regularidade. • foi redigida por José Freyre de Monterroyo Mascarenhas, durante 40 anos. Era semanal, saía às 5ªs feiras e detinha privilégio régio, a exemplo dos jornais franceses. • Gradualmente publicaram-se novos títulos, umas vezes impressos, outras manuscritos. Têm maior ou menor duração conforme o poder dos seus redactor. Surgem então 5 novas publicações: -Gazeta de Lisboa Ocidental (1718/1741) - Folheto de Ambas Lisboas (1730/1731) - Expresso da Corte (1740) - Mercúrio de Lisboa(1740/1748) - Zodíaco Lusitano (1749) - 1º jornal de medicina e sai no Porto Período pombalino • Despotismo Esclarecido, o Marquês do Pombal criou a Real Mesa Censória (1768), a quem cabia agora a tarefa de autorizar quais as publicações a serem impressas. • lógica da censura deste período era diferente porque incidia essencialmente sobre possíveis ataques à política do Marquês, mas com igual ou pior violência. • A Gazeta de Lisboa pontificava ainda, agora dirigida por Francisco Bernardo de Lima. Política de D. Maria até à Revolução Francesa • D. Maria (1777-1816): extingue-se a Real Mesa Censória e cria-se a Real Mesa do Desembargo do Paço: procede à vigilância sobre os escritos, durante a regência de D.João e até à Revolução Liberal de 1820. • até às Invasões Francesas, publicaram-se 37 novos títulos -uma melhoria em relação ao anterior • surgiram dois elementos novos. • uma clara afirmação da imprensa especializada: O Correio Mercantil e Economico de Portugal (1790-1810), ligado á actividade comercial e aos negócios • Anno Medico, (1792-96) - medicina; • vários jornais que se auto-denominam como críticos e literários: Jornal de Modinhas (1796), Theatro Estrangeiro (1787-1805); os Annuncios Ruraes (1802) ; Gazeta do Campo (1804-06) fisiocratismo. Imprensa especializada • O outro fenómeno em termos de publicismo tem a ver com as preocupações científicas e radica na influência que as academias e a preocupação de síntese e divulgação do conhecimento assumem nesta altura. Exemplo disso são os jornais Ephemerides Astronomicas (!802-89), mas principalmente o Jornal Encyclopedico (1779-81) e (1788-93). • O Jornal Encyclopedico e A Gazetta de Lisboa são os jornais de referência desta época, porque apesar do sistema apertado de censura, muitas das notícias e das ideias revolucionárias que se difundem na época acabam por estar presentes nos seus escritos. Invasões Francesas • Revolução fez aumentar as restrições da censura • Perseguição e castigos aos simpatizantes pela acção de Pina Manique • Invasões Francesas iniciaram um duplo regime censório • Cidade do Porto: O Leal Português e o Diário do Porto • Os jornais eram usados para fazer propaganda para cada um dos lados e denegrir a imagem dos adversários Jornalismo de emigração – 1ª geração • O Campeão Portuguez; José Liberato F. Carvalho; liberal moderado • O Investigador Portuguez; João Bernardo R. Loureiro; tom muito crítico em relação à figa da côrte para o Brasil e a ocupação inglesa • O Correio Brasiliense; José Hipólito; a favor da independência do Brasil • integram-se claramente no clima que se gerou depois da saída das tropas francesas - gradualmente o descontentamento vai ser direccionado contra ingleses e governantes • clima propício à propaganda do ideal revolucionário e estes jornais contribuíram para a sua instalação. • aumento da repressão - apertada vigilância por parte da censura. Daí que os jornais que se publicaram neste período tenham sido poucos e com uma vertente pouco crítica, de carácter noticioso mas fracos em informação. Jornalismo político português no Séc. XIX • 24 de Agosto de 1820: primeira revolução liberal portuguesa. • liberdade de pensamento e de expressão. • Este conceito opunha-se ao da censura prévia como forma de coarctar a liberdade individual. • revolucionários procuraram facultar à opinião pública informação dos acontecimentos que se viviam no país. • tentaram garantir de imediato facilidades em termos de impressão quer de livros, quer de publicações periódicas. • governo interino: 21 de Setembro de 1820, fez aprovar uma Portaria:permitia a publicação de notícias de uma forma mais rápida, para que os cidadãos estivessem a par dos acontecimentos políticos que se iam desenrolando. • principal objectivo: criar as condições para que se formasse uma opinião pública actuante, elucidada, capaz de discutir os novos assuntos e educada dentro dos princípios da nova liberdade civil. Vintismo • o número de novos jornais aumentou consideravelmente • efectiva evolução no panorama da imprensa portuguesa. novas publicações • novos conteúdos • aumento notável do volume de informação • os jornalistas contribuíram intencionalmente na divulgação do novo ideário • publicitação dos debates entre as diferentes correntes de opinião. • Jornais: debatiam todos os assuntos da actualidade nacional, mas as suas páginas eram igualmente usadas para a defesa ou ataque à liberdade de imprensa. Isto é, os jornalistas tomavam partido nos temas de opinião política e as ideias que defendiam não tinham uma intenção de isenção. Só em 1820, surgiram 19 novos títulos • Muitos defendiam a ideologia liberal, • A defesa não era uniforme, havia vários posicionamentos liberais em relação às diferentes matérias. • Outros jornais que defendiam a ideologia mais conservadora, os absolutistas. • Porto:o Diário Nacional, órgão da Junta Governativa, a Regeneração de Portugal, o Génio Constitucional, que defendiam a causa liberal • Correio do Porto, que defendia os absolutistas. Vintismo: Jornalismo opinativo • artigos a favor ou contra a censura. • os jornalistas escreviam livremente as suas opiniões, por muito diferentes que elas fossem da ordem instituída. • Havia jornais que defendiam uma liberdade de expressão total, sem qualquer tipo de condicionantes. Outros reclamavam a censura prévia tradicional e atacavam violentamente a "perigosa licenciosidade liberal. • O facto de existirem estes ataques sistemáticos à orientação dos liberais é, em si mesmo, prova da existência da liberdade, já que apesar de terem sofrido sanções nunca deixaram de expressar livremente as suas opiniões • Os novos jornais iam, entretanto, fazendo a apologia da nova lei de imprensa e os artigos publicados procuravam realçar as vantagens inerentes à nova ordem Liberdade de expressão • • • • • • • • • Portugal Constitucional 25/set/1820 "Discurso sobre as utilidades e os inconvenientes da liberdade política da imprensa" Mnemosine Constitucional 4/out/1820 "Discurso sobre a liberdade de escrever transcrito no nº. 6 do Diário do Porto, intitulado Regeneração de Portugal" Astro da Lusitânia 29/nov/1820 "Liberdade de Imprensa" Campeão Portuguez em Londres 16/dez/1820 "Quais são os bens e os males que podem resultar da liberdade de imprensa; e qual é a influência que eles podem ter no momento em que os representantes da nação portuguesa se vão congregar?" Estes artigos anteciparam de alguma forma os debates que se seguiram nas Cortes e na sociedade civil. A liberdade de imprensa era um tema polémico mesmo dentro do partido liberal e suscitou uma enorme controvérsia. Os liberais e a imprensa • a grande maioria da população era analfabeta. Isto significa que a tarefa a que se propunham os liberais era colossal. • liberais sabiam que deviam dirigir os seus esforços para as pessoas que tinham acesso aos jornais, a gente culta, alfabetizada e, em regra, originária da burguesia. • Era importante que este público se informasse dentro deste ideário, para permitir aos liberais a construção de uma base política de apoio. Liberdade de expressão • aspecto doutrinário: elemento mais importante da nova ideologia era a liberdade. No plano do indivíduo a sua liberdade pessoal integra a liberdade de pensamento e de expressão são indissociáveis. . • A censura prévia era limitadora dos direitos do cidadão e acabava, graças ao seu aspecto preventivo, por punir sem que o crime tivesse sido cometido. Liberdade de expressão • A liberdade de expressão garante ao indivíduo a possibilidade de se informar sobre o exercício do poder político e ao mesmo tempo, permite-lhe fiscalizar esse exercício e corrigi-lo em caso de abuso de poder. • Esta perspectiva implica uma nova noção de direito e de dever cívico. É igualmente uma necessidade para a vitória da ideologia liberal. Liberdade de expressão Fernandes Tomás: • "Não concebo a possibilidade de existir um governo constitucional ao modo que a nação espera e deseja, sem a liberdade de imprensa." Agostinho José Freire: • "Não é possível haver Constituição sem imprensa livre: quem poderá informar o governo dos perigos que o ameaçam, da má administração dos membros, da prevaricação dos magistrados e de todos os seus deveres, se a imprensa não for livre?" A Constituição de 1822: • "A livre comunicação dos pensamentos é um dos mais preciosos direitos do homem. Todo o Português pode conseguintemente, sem dependência de censura prévia, manifestar as suas opiniões em qualquer matéria, contando que haja de responder pelo abuso desta liberdade nos casos, e pela forma que a lei determinar. (...) As Cortes nomearão um Tribunal Especial para proteger a liberdade de imprensa e coibir os delitos resultantes do seu abuso." Constituição de 1822 • "A livre comunicação dos pensamentos é um dos mais preciosos direitos do homem. Todo o Português pode conseguintemente, sem dependência de censura prévia, manifestar as suas opiniões em qualquer matéria, contando que haja de responder pelo abuso desta liberdade nos casos, e pela forma que a lei determinar. (...) As Cortes nomearão um Tribunal Especial para proteger a liberdade de imprensa e coibir os delitos resultantes do seu abuso." Debates nas Côrtes 3 posições, mais ou menos distintas: 1 - rejeição absoluta de qualquer forma de censura prévia 2 - limitações apenas relativas a questões religiosas 3 - manutenção da censura prévia • primeiro grupo de deputados: imprensa livre era associada à ideia de responsabilidade no sentido da salvaguarda dos interesses civis e políticos dos cidadãos. • No segundo grupo, havia uma posição mais cautelosa: a religião representava o pilar moral da sociedade civil; censura em matérias religiosas contribuía para preservar a moral e os bons costumes. Absolutistas • terceiro grupo, era constituída pelos conservadores: entendiam que o povo português era inculto e como tal não estava preparado para receber as novas ideias e julgá-las correctamente. • Podia agir erradamente porque sem preparação estava mais receptivo às ideias perniciosas e estranhas • defendiam também que o Estado deveria ser o protector da religião, não permitindo a existência de publicações que de alguma forma a atacassem ou contribuíssem para sua destruição. 1ª Lei de Imprensa 1821 • • • • • • • A nova lei contemplou pela primeira vez restrições e abusos, consignando a liberdade de expressou e em que moldes se exercia. A liberdade não era total, houve inclusivamente muitos abusos e respectivas sanções, geralmente protagonizados pelos jornais mais conservadores que se excediam nos ataques aos liberais e ao governo. Alguns dos abusos de liberdade de imprensa previstos pela lei: Artº.16º e 19º da Lei de Imprensa: "Abusa-se da liberdade de imprensa contra os bons costumes: 1º publicando escritos que ataquem directamente a moral cristã recebida pela igreja universal; 2º publicando escritos ou estampas obscenas" - no que se refere à moral e aos costumes "Abusa-se da liberdade de imprensa contra particulares: imputando a alguma corporação qual facto criminoso que daria lugar a procedimento contra ela; 2º imputando vícios ou defeitos que a exporião ao ódio ou desprezo público; 3º insultando com palavras de desprezo ou ignomínia" Artº.16º e 19º da Lei de Imprensa: • "Abusa-se da liberdade de imprensa contra os bons costumes: 1º publicando escritos que ataquem directamente a moral cristã recebida pela igreja universal; 2º publicando escritos ou estampas obscenas" moral e aos costumes • "Abusa-se da liberdade de imprensa contra particulares: imputando a alguma corporação qual facto criminoso que daria lugar a procedimento contra ela; 2º imputando vícios ou defeitos que a exporião ao ódio ou desprezo público; 3º insultando com palavras de desprezo ou ignomínia" 1ª Lei de Imprensa • - relativo a entidades colectivas ou funcionalismo público vítimas eventuais da calúnia liberdade de imprensa • "Será livre de toda a pena quem provar os crimes imputados, quando forem contra o Estado ou quando consistirem em abuso d autoridade cometidos por algum funcionário público; e nos outros casos, quando o facto imputado estiver julgado em juízo anterior" • - Previsão dos casos em que as penas não seriam aplicadas matéria religiosa, através do artº. 10º: • "Abusa-se de liberdade de imprensa contra a religião: 1º quando se nega a verdade de todos ou de alguns dogmas definidos pela Igreja, 2º quando se estabelecem ou defendem dogmas falsos; 3º quando se blasfema ou se zomba de Deus, dos seus Santos ou do culto religiosos aprovado pela Igreja“ • A Constituição de 1822 ratificou esta legislação e previu o funcionamento de um Tribunal Especial, cuja actividade se fundamentava na avaliação dos crimes de abuso da liberdade de imprensa. Previsão dos casos em que as penas não seriam aplicadas matéria religiosa: artº. 10º: • "Abusa-se de liberdade de imprensa contra a religião: 1º quando se nega a verdade de todos ou de alguns dogmas definidos pela Igreja, 2º quando se estabelecem ou defendem dogmas falsos; 3º quando se blasfema ou se zomba de Deus, dos seus Santos ou do culto religiosos aprovado pela Igreja” • A Constituição de 1822 ratificou esta legislação e previu o funcionamento de um Tribunal Especial, cuja actividade se fundamentava na avaliação dos crimes de abuso da liberdade de imprensa Liberais vs absolutistas • • • • • 1821, publicaram-se 40 novos jornais, 14 dos quais eram independentistas e 4 absolutistas: O Brás Corcunda; O Zurrague Político das Novas Cortes; Navalha de Fígaro (ou a palmatória do padre mestre Ignácio administrada aos seus discípulos); A Malagueta A liberdade de imprensa continuou a favorecer o aparecimento de novas folhas: 1822 e 23, publicaram-se 35 novos títulos. A linha editorial destes jornais manteve-se, acentuando-se os que defendiam a união com Brasil. A periodicidade também se alterou, já que alguns destes jornais eram diários e outros saíam duas ou três vezes por semana. O ano de 1823, foi decisivo em termos de propaganda da imprensa. Os jornais de orientação absolutista aumentaram os seus ataques ao governo e frei Fortunato de S. Boaventura, foi o jornalista que mais se destacou nesta actividade, através do seu jornal, O Punhal dos Corcundas. O redobrar de esforços do jornalismo absolutista contribuía e anunciava de alguma forma o golpe de estado que se seguiu. Liberais vs absolutistas • O ano de 1823, foi decisivo em termos de propaganda da imprensa. Os jornais de orientação absolutista aumentaram os seus ataques ao governo • frei Fortunato de S. Boaventura, foi o jornalista que mais se destacou nesta actividade, através do seu jornal, O Punhal dos Corcundas. • O redobrar de esforços do jornalismo absolutista contribuía e anunciava de alguma forma o golpe de estado que se seguiu. D. João VI • regresso das condições de repressão e censura e reinstaurado o regime de privilégio régio. • Diploma Real de 6 de Março de 1824: determinava que todos os escritos a imprimir careciam da autorização prévia da Mesa do Desembargo do Paço. • jornais liberais tenham desapareceram e que o fluxo de novas impressões foi interrompido. • 1823, publicaram-se apenas 6 novos jornais. D. João VI • surto repressivo: novo surto de emigração política. • apoiantes do regime liberal foram obrigados a deixar o país devido à repressão e às perseguições de que foram vítimas. • 2ª vaga de jornalismo de emigração: os partidários do liberalismo retomaram as suas actividades de conspiração contra o regime absolutista • a imprensa teve um papel determinante. • jornais contribuíram em grande parte para congregar as forças liberais Liberdade e repressão 1826: cartismo; instauração de nova legislação liberal Instruções - legislação excepcional criada por Francisco Aragão Morato; mantinham o privilégio régio: época de grande indefinição política. • 44 novas publicações, de orientação cartista ou absolutista, os dois partidos que na altura lutavam pelo poder. 1828: triunfo pleno de D. Miguel e as condições de repressão aumentam terrivelmente. Inicia-se uma época negra de perseguições, prisões, tortura e morte. Os miguelistas não perdoaram a quem de alguma forma tinha estado ligado ao regime liberal ou era suspeito de pertencer à maçonaria. D. Miguel • tipografias, várias vezes assaltadas e destruídas por uma violência cega. • Censura exercida pela Mesa do Desembargo do Paço. Exigia-se que os seus membros fossem "censores probos e que unam à sua literatura a melhor Moral e Religião". • publicaram-se apenas 6 novos jornais, que eram ou de orientação absolutista ou especializados. Estas folhas tinham grande dificuldade em sobreviver, já que os censores limitavam as suas actividades ao máximo. Imprensa de emigração A alternativa à ordem estabelecida foi a imprensa de emigração que entrava clandestinamente no país e que era lida com todas as cautelas. Surgiram em Inglaterra: • O Censor • O Português Emigrado • O Padre Malagrida ou A Tesoira • O Fulminante • A Aurora, etc.. • Nas ilhas, onde as forças liberais não desapareceram por completo, a imprensa apoiava a reunião das forças liberais: • O Defensor da Liberdade • A Flor do Oceano • O Regedor Filho • A Crónica • Este último jornal continuou a ser publicado aqui no Porto depois do desembarque das tropas de D. Pedro e funcionou como um jornal do governo, publicando a legislação cartista que ia saindo. Durante a guerra civil, a situação de indefinição fez-se sentir também na imprensa. Vitória liberal • As zonas dominadas por D. Miguel mantinham o regime de censura instituído. Nas zonas dominadas por D. Pedro aboliu-se a Mesa de Desembargo do Paço, mas devido à precariedade da situação criou-se, em 1833, uma comissão especial de 9 censores responsáveis pelo que se publicava e adiando o problema para mais tarde. • 1834 . Vitória liberal • A imprensa não ficou reflectiu as divergências entre os liberais • 22 de Dezembro de 1834: uma nova legislação que garantia a liberdade de imprensa. • A partir deste período, finalmente, os jornais podiam assumir o papel que os vintistas lhes tinham reservado, isto é, serem o instrumento primordial de formação da opinião pública. Pensavase que também os jornais de carácter literário deviam contribuir para a criação de uma mentalidade constitucionalista. A razão de ser desta ideia tem a ver com o facto de autores portugueses de renome, colaborarem em diferentes jornais. Aumento das publicações • aumento das publicações: 6 ainda em 1834 e 54 até 1836, mantendo-se a tendência nos anos seguintes. • A tiragem não era elevada, sendo de 1000 a 2000 para os maiores jornais. Manteve-se também a precariedade de permanência dos jornais, isto é, o período de impressão era pequeno. • Em termos de divulgação, continuou a funcionar o mesmo esquema, sendo os jornais lidos ou divulgados nos espaços públicos. • Burguesia: principal público dos jornais, fazendo as suas escolhas de acordo com as divisões e os diferentes estratos existentes. • tiveram de incluir notícias facilmente assimiláveis, de percepção imediata, ou seja, de senso comum. Coisas do dia-a-dia das pessoas, da política, temas que realmente lhes interessavam. • Nova imprensa: agregadora destes diferentes factores, perdendo gradualmente a vertente elitista. Isto não significa que tenha perdido a qualidade, os intelectuais mantiveram a sua colaboração nos jornais, num período em que o romantismo se impunha como corrente cultural dominante. Costa Cabral e a Guerra civil • Costa Cabral: jornalistas foram perseguidos, as tipografias saqueadas, os jornais destruídos. As acções judiciais contra a imprensa da oposição sucediam-se e cometiam-se vandalismos de todo o tipo. O único jornal favorecido era O Diário do Governo, por razões óbvias. • 1846: guerra civil, Maria da Fonte e a Patuleia. • O governo, face à expansão da revolta, fez sair um decreto de excepção que permitia a suspensão dos jornais que promoviam a anarquia. Estas suspensões eram renovadas sempre que as autoridades entendessem necessário. • Uma vez mais, o jornalismo português teve de recorrer à impressão clandestina, para poder fazer oposição ao governo. A par destes jornais ilegais circulavam inúmeros panfletos, que apelavam directamente à insurreição. • A situação política que se vivia no país era tão exaltada, que apesar das proibições, se assistiu realmente a um aumento em termos de novas publicações. Guerra civil e imprensa • • • • • • • • • • 1838/9 - O Azorrague 1839/40 - O Democrata !840/49 - A Revolução de Setembro !843 - O Trabalho 1843/53 - O Patriota 1844 - O Tribunal Secreto 1846 - A Fome - A Revolução do Minho, etc. 1847:muitos jornais impressos clandestinamente apelavam à revolta popular e outros defendiam o ideal republicano ou o socialismo; maioria tinha uma difusão muito limitada. Os jornais de maior importância eram de orientação setembrista e eram os que chegavam a um público mais amplo. Alguns jornais das folhas que se publicaram neste período assumiram-se como os agentes noticiosos do movimento popular, dando notícia das acções levadas a cabo e orientações, sem qualquer participação dos setembristas. “Lei das Rolhas” • regresso de Costa Cabral: 1850.- 1851; censura à imprensa: "Lei da Rolhas". Previa entre outras medidas: • - penas que iam de 1 a 4 meses, até 1 a 3 anos de prisão, agravadas por multas em dinheiro • - não havia separação entre os poderes judicial e legislativo, uma vez que o parlamento tinha o poder de julgar jornais; • - o governo tinha o poder de proibir a publicação e circulação de impressos; restringia também a actividade dos ardinas: • "Os pregoeiros, vendedores e distribuidores poderão apregoar, vender ou distribuir qualquer impresso não proibido; e nunca apregoarão de noite, nem outra coisa mais do que o título do impresso. O Governo quando assim exigir a segurança pública, poderá proibir o pregão ou publicação pelas ruas de todo e qualquer impresso." • Tribunal Especial de Imprensa, formado por juízes de inteira confiança do governo. Teve vantagens e desvantagens: se por um lado limitou ao máximo a actividade jornalística, por outro criou uma onda de protestos que, em última análise se traduziram no derrube do cabralismo.