- Minuta Pesquisa CREPOP Atuação das(os) psicólogas(os) nas Políticas de Promoção da Cidadania LGBTT – SE Em 2010, foi realizada a pesquisa CREPOP com psicólogas(os) nas Políticas Públicas de Promoção da Cidadania LGBTT. Por se tratar de uma política ainda recente no país, com poucos serviços e, consequentemente, poucas(os) profissionais contratadas(os), adotou-se uma nova metodologia, sob orientação da Coordenação Nacional do CREPOP. Foram realizadas entrevistas com gestoras(es) e psicólogas(os) que atuam nesta política, identificados durante o processo de georreferenciamento. Portanto, a apresentação dos resultados locais desta pesquisa será realizada em formato diferente das demais, de modo a garantir o anonimato dos informantes, conforme nos comprometemos no Termo de Compromisso Livre e Esclarecido. *** 1. Situação Atual da Política Durante o georreferenciamento foram encontradas 18 instituições que atuavam/pesquisavam sobre o tema, sendo: 02 grupos de pesquisa de Instituições de Ensino Superior, 01 Centro de Referência de Prevenção e Combate à Homofobia, além de Grupos e Associações na capital (11) e no interior (04). Em Sergipe, a secretaria responsável por implementar a política é a Secretaria de Segurança Pública. Foram realizadas entrevistas com uma representante indicada pelo gestor da política no estado, e com parte da equipe do Centro de Referência de Prevenção e Combate à Homofobia. 1.1 Desenvolvimento da Política 1998: em resposta à solicitação do movimento social LGBT, o secretário determinou que a Delegacia da Mulher realizasse atendimento especializado também ao público LGBT vítima de violência. Em 2004, foi criada outra unidade policial que tratasse especificamente da violência contra este público. Então, foi criado o Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), um complexo de três unidades: a Delegacia da Mulher, a Delegacia da Criança e Adolescente, e para o segmento LGBT, como não justificava uma delegacia só para esse segmento, porque a demanda é pequena, foi criada uma delegacia para os demais grupos. Em 2006, o Ministério da Justiça enviou aos estados e municípios o projeto que contemplava a implementação dos Centros de Referência. Em 2007, foram feitas algumas alterações no projeto inicial do estado e, em 2008, foi a inauguração do Centro. Hoje, os recursos financeiros são do governo federal e estadual. O Centro de Referência organizou a primeira Conferência LGBT no estado, e dentro dessa Conferência foram retirados delegados pra participar da primeira Conferência Nacional LGBT. 2. Dificuldades e Limitações do Campo Foram apontadas as seguintes dificuldades e limitações do campo: É uma política nova, pouco estruturada, com um público invisível. Há a necessidade de trabalhar a prevenção da violência, inclusive institucional, contra o público LGBT. A Secretaria de Segurança Pública tem uma demanda ampliada de ações, algumas emergenciais e, portanto, prioritárias. Durante muito tempo, a política ficou ligada às organizações não governamentais. Por outro lado, as secretarias estaduais tratavam a política como apêndice, uma política do Governo Federal a ser executada pelo Governo Estadual. O movimento social, tendo suas ações financiadas pelo Governo, deixou de atuar como controle social, de se auto-financiar, e de conscientizar a sociedade dos seus direitos. Há uma dificuldade de aceitar a diferença, porque as pessoas convivem apenas com os iguais. 3. Potencialidades do Campo Dentre as potencialidades do campo, destaca-se: Desde a formação do centro, foram desenvolvidas algumas capacitações: para o corpo de bombeiros, estagiários da Secretaria de Segurança Pública, policiais, escolas, e para outras instituições. Foram realizadas algumas articulações: com a Defensoria Pública, os serviços do SUAS, as universidades que possuem o curso de psicologia; as Secretarias de Saúde e de Educação. Registra-se que as escolas têm procurado o Centro para desenvolver atividades. Uma conquista apontada foi a capacitação e fortalecimento de lideranças. Para isto, realizou-se um mapeamento estadual das lideranças LGBT de cada município. Neste trabalho foram estruturadas sete ONG’s. Além disso, este estudo resultou na publicação do trabalho em um fórum voltado para o público da área de Segurança Pública. As lideranças identificadas participaram do Primeiro Seminário Estadual LGBT e da Conferência Nacional LGBT. Existe uma perspectiva de fazer um mapeamento sobre os pontos de prostituição das travestis, grupo mais vulnerável atendido pela política. 4. Atuação profissional no campo Sobre a atuação das(os) psicólogas(os) apontou-se: A principal demanda é relativa aos conflitos relacionais: com a identidade de gênero, com ela(e) mesma(o), a(o) parceira(o), a família e o trabalho. Outras demandas que exigem um acompanhamento psicológico são: a troca de nome e a preparação para a cirurgia de mudança de sexo. O atendimento clínico envolve o atendimento individual e da família, seja no Centro ou em outros espaços, como o domicílio, e o trabalho de grupo. Outra atuação é na área acadêmica, junto às(aos) estudantes da graduação, uma vez que esta ainda apresenta poucas discussões sobre gênero e sexualidade no currículo. A(o) profissional de psicologia é contratada(o) para o quadro da saúde e cedido para outras secretarias, o que dificulta o acesso a esse atendimento. 5. Considerações Finais As Políticas de Promoção da Cidadania da população LGBT ainda estão em fase de formulação e estruturação dos serviços. Neste sentido, há poucas(os) profissionais trabalhando com a temática. Em Sergipe, a construção desta política envolve tanto as ações do Centro de Referência e Combate à Homofobia, como o atendimento especializado no Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV). Em ambos, há uma preocupação para os aspectos relativos à prevenção da violência contra o público LGBT, ao enfrentamento do preconceito e da indiferença social em relação aos direitos desta população. O fortalecimento do movimento social é percebido pelas(os) entrevistas(os) como ampliação das potencialidades de mudança deste cenário. Equipe CREPOP03 - BA/SE Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas – CRP- 03