CIRCUITOMATOGROSSO
CULTURA EM CIRCUITO PG 6
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CUIABÁ, 18 DE DEZEMBRO DE 2014 A JANEIRO DE 2015
E parece que passou voando
este ano. Nem bem desejei Feliz
Ano Novo e já terei que dizer
novamente. É, meus queridos –
mais um ano se foi! Um turbilhão
de coisas aconteceu na vida de cada
um de nós. O Brasil reelegeu a
presidente Dilma, o escândalo da
Petrobras, a Aids avançou sobre os
jovens e adolescentes.
Fatos importantes para cada
cidadão, mas atenho-me a um
momento importante na minha vida
que afetou e marcou uma geração
LGBT de Cuiabá, Mato Grosso e,
sem receio de dizer: do Brasil
também – o encerramento da
Zumzum Bar Disco depois de dez
anos de atividades.
A decisão de fechar a Zumzum
foi bem madura. Cumprimos um
estágio fundamental ao longo dessa
década. Combatemos de forma
dura a homofobia e estivemos à
frente da maior celebração dessa
luta – a Parada da Diversidade que
trouxe um novo olhar para a
comunidade LGBT nesses dez anos
de atividades e parcerias.
Construímos juntos a carreira
de artistas que hoje sobrevivem
também de sua arte como DJ
Charles Piter, Sarah Mitchigan,
Leila Veronick, Petilaine Queen, Elza
Brasil, Nathalia Dumont, entre
tantos outros.
Tivemos noites memoráveis
com festas como a Studio 54,
Halloween, concurso Drag
Zumzum, Miss Gay Mato Grosso e
promovemos bandas, DJs, artistas
nacionais. Criamos a cultura dos
promoters e colaboradores que
tanto se fortaleceram nessa nova
metodologia de trabalho sempre sob
a condução perfeita de Valeria
Griggi e Claudio Martins, braços
direito e esquerdo de uma vida
inteira.
Marcamos um território
político e bem amarrado com a
parceria das ONGs LIVREMENTE,
LIBLES e ASTRAMT e devemos
agradecer a uma pessoa em especial
e fundamental: meu mestre que
ensinou muito sobre movimento
LGBT – Clovis Arantes.
Não fiquei triste com o
encerramento da Casa, estava
muito feliz na festa de
encerramento. Um momento único
e que estará marcado para sempre
na memória de cada um que esteve
lá e servirá como fonte de
pesquisas acadêmicas que virão
mais tarde com a abordagem da
comunidade gay.
Mas era hora de reciclar
depois de 20 anos na noite, sendo
10 fazendo inúmeras e
maravilhosas festas na Oficina 300,
Baratos e Afins, Casarão da
Joaquim Murtinho, Galeria do
Pádua e outros 10 com a Zumzum.
Agora, morando no Rio de
Janeiro, terei um tempo para
estudar, pensar e continuar, mesmo
de longe, contribuindo para uma
nova geração que começa a
escrever a sua história na cena
LGBT de Mato Grosso.
Contem comigo. Estou sempre
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
BOA NOITE ZUMZUM – BOM DIA 2015!
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
[email protected]
pronto para a LUTA.
E como diria Elza Brasil no seu
mais famoso bordão: Boa Noite
Zumzum e Feliz 2015.
NÃO SEI O QUE O AMANHÃ TRARÁ
dentro do ano
que está indo
embora,
projetamos
nossos sonhos
ao ano vindouro.
Sonhos são
lançados e se
nada do que foi
será de novo do
jeito que já foi
um dia, chega a
hora de
passarmos a
limpo o que
esperamos do
ano que está pertinho de
chegar. E mesmo não sabendo
o que ele trará, projeções são
possíveis.
No calendário indígena
Nambiquara, flores amarelas
desabrocham no cerrado, a
indicar a chegada de um novo
ciclo. O ciclo da colheita e do
novo plantio que será regado
pelas chuvas. Será o ano novo
Nambiquara? Sabe-se lá... Nesta
época, identificada pela
civilização ocidental como
Primavera, a renovação é
anunciada pela natureza e neste
cenário renovado, nascido das
cinzas, os índios renovam suas
esperanças, seus
sonhos. Como
escreveu LéviStrauss, é
possível perceber
nessa época uma
euforia no ânimo
Nambiquara. O
que se sabe é que
as sociedades
têm em seus
ciclos ou
impingidos pela
mão da natureza
ou pela mão
humana.
Não sei o que o amanhã
trará, profetizou Fernando
Pessoa. O melhor seria seguir a
filosofia dos índios e viver um
dia de cada vez. E, em cada dia,
cultivar a felicidade, a
solidariedade, a alegria. Flores
amarelas ou árvores de Natal,
pouco importam os signos. Sem
TERRA BRASILIS
Por Anna Maria Ribeiro Costa
A frase é do poeta
português Fernando Pessoa
(1888-1835), escrita na cama
de um hospital, considerada seu
último escrito. Fernando
Pessoa, que foi Álvaro de
Campos, Ricardo Reis, Alberto
Caeiro e Bernardo Soares (este
sim o próprio poeta). O grande
criador de personagens com
vidas próprias e estilos literários
diferentes: Álvaro, um
engenheiro, é considerado o
mestre do simbolismo e
futurismo; Ricardo, um médico,
defensor da monarquia e ávido
pela cultura latina; Alberto, com
pouca educação escolar, é tido
como um mestre.
Mas, voltemos à frase de
Fernando Pessoa: Não sei o que
o amanhã trará. Final de ano
leva grande parte das pessoas à
reflexão. Além de fazemos uma
retrospectiva de nossas vidas
Anna é doutora em
História, etnógrafa e filatelista.
[email protected]
dúvida o que vale é intensidade
da boa intensão: um bom
começo de ano.
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não sei o que o amanhã trará boa noite zumzum – bom dia 2015!