Notas etnográficas sobre sociabilidades homossexuais no interior da Paraíba Autoras: Walkiria do Nascimento e Marcela Alves de Lima Silvana de Souza Nascimento (Orientadora) Universidade Federal Da Paraíba – Campus IV/CCAE Apoio: CNPq Objeto e objetivos A partir do mapeamento dos espaços mais frequentados pelo público LGBT da cidade de Rio Tinto, no Estado da Paraíba, propõe-se analisar a sociabilidade desses jovens numa área central da cidade, a Praça Pública João Pessoa, um local de encontros, sociabilidades e lazer. Neste local ocorre semanalmente a “Quinta Universitária”, ocasião de intensa circulação de estudantes e espaços de troca sexuais e simbólicas. Mapa de localização Metodologia Para a realização dessa pesquisa foi necessário fazer um mapeamento dos espaços de sociabilidade LGBT. Um dos espaços identificados foi a Praça João Pessoa, localizada no centro da cidade de Rio Tinto. Posteriormente, recorreu-se as técnicas antropológicas da observação participante que nos permitiu perceber em cada sujeito a diversidade de formas de agir e se comportar (Oliveira, 2006). Foram observados também eventos relativos a essa temática. Dentre esses, uma feira LGBT, e performances durante a “Quinta Universítária”. Resultados A “Quinta Universitária” foi criada por um dos donos dos bares da Praça João Pessoa. Teve como objetivo reunir pessoas para se divertir, como também, uma forma de lazer para os jovens que não tinham outra opção de lazer e diversão na cidade. A partir das 21hs o bar começa a ser povoado, algumas dessas pessoas chegam acompanhadas de amigos ou seus/suas namorad@s. No entanto, a maioria está desacompanhada à procura de alguém para a noite. O comportamento dos jovens gays é compreendido, segundo alguns frequentadores, como “anormal”, visto que eles ficam falando e cantando em voz alta para chamar a atenção. A “Quinta” é tema de discussão entre os moradores conservadores da cidade, pois, julgam que esse evento é libertino e pode corromper a juventude local. Argumentam que a prostituição e o consumo de drogas aumentou devido a vinda de estudantes universitários de outras cidades e estados para residirem e estudarem em Rio Tinto. Dessa forma, a instalação do campus IV da Universidade Federal da Paraíba proporcionou novas dinâmicas a uma população conservadora como a dessa cidade. É notório que a realização de eventos voltados para o público LGBT teve importante contribuição para o enfraquecimento do preconceito, pois, por meio desses, foi possível conscientizar a população Rio Tintense do respeito a cidadania LGBT. Foto 2: Walkiria Nascimento. Toninho Music Bar localizado na Praça João Pessoa. Local onde acontece a “Quinta Universitária”. Referência bibliográfica Foto 1: Thiago Oliveira. Imagem da performance realizada na cidade de Rio Tinto durante a “Quinta Universitária”. MOTT, Luiz. Porque os homossexuais são os mais odiados dentre todas as minorias? Palestra preparada para o Seminário Gênero & Cidadania: Tolerância e Distribuição da Justiça. Campinas (SP): Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu, Unicamp, 2000. P. 6-12 OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O trabalho do antropólogo. 2 ed. São Paulo: Ed. Unesp, 2006. SIMÕES, Júlio Assis; Facchini, Regina. Paradoxos da Identidade. In. Na trilha do arco-íris: do movimento homossexual ao LGBT. São Paulo: Fundação Perseu Abramo. 2009.