Universidade Estadual de Maringá Departamento de Zootecnia Maringá (PR) - Brasil Profª Drª Maria Luiza Rodrigues de Souza Zootecnista Tecnologia de produção Produto ao consumidor Tecnologia do processamento de pescado Tecnologia de produção Rendimento Filetagem Características organolépticas Espécie cultivada Qualidades nutricionais Características específicas Presença de espinhas Formato anatômico Fragilidade na textura da carne Diferenças bioquímicas entre os músculos Qualidade da água Desempenho Off flavor Sanidade = desempenho Aspecto microbiológico Manejo alimentar Rendimento Qualidade de carne = aspectos organolépticas Padrão higiênico - sanitário Teor de gordura Rendimento Características da carne Tecnologia de processamento de pescado Manejo de captura ao abatedouro Destino ou finalidade do pescado DIFRENTES TIPOS DE KAMABOKO Sistema de captura ou despesca Transporte de peixes vivos Manejo de abate e processamento inicial Forma de abater Método de filetagem Conservação - embalagem I - Manejo de Pré-processamento 1. Presença de “off-flavor” Off Flavor= presença de sabores ou odores indesejáveis causados por ingredientes dos alimentos, rancidez oxidativa na estocagem ou por absorção de certas substâncias presentes na água de cultivo (Tucker e Martin, 1991). Ocorrência = Cultivos intensivos em viveiros níveis de arraçoamento acúmulo de nutrientes proliferação actinomicetos e algas cianofíceas (Oscillatoria, Anabaena e Simploca) Responsáveis pela produção Geosmina (GEO) - (1,10-dimetil-9-decalol) Metilisoborneol (MIB) 1-R-exo-1,2,7,7-tetrametil-biciclo-[2,2,1]-heptan-2-ol) CONSEQUÊNCIA = gosto e odor de mofo/barro (Gerber et al., 1979) ABSORÇÃO - compostos são rapidamente absorvidos brânquias, pele e epitélio intestinal estocados em tecidos ricos em lipídios; ELIMINAÇÃO - relativamente lenta (Tucker e Martin, 1991) CONCENTRAÇÃO sensorial limitante perceptível Geosmina = 0,6 a 6,5 g/kg (Yurkowski e Tabachek, 1974) Detecção – variável com espécie = mais fácil em peixe de sabor suave 2. Depuração PROCESSO DE DEPURAÇÃO - técnica capaz de eliminar os sabores e odores desagradáveis do peixe realizada em tanques que recebem fluxo contínuo de água limpa. TEMPO DE DEPURAÇÃO: VARIÁVEL (2 a 10 dias) Temperatura da água Teor de gordura muscular – acima 2,5% absorver mais Metilisoborneol (MIB) Intensidade inicial do “off-flavor” Períodos prolongados - perdas de peso DETECÇÃO DA NECESSIDADE DE DEPURAÇÃO Análises sensoriais - degustação prévia peixes 3. Deterioração do pescado PROCESSOS: AUTÓLISE Pele OXIDAÇÃO DE GORDURAS ATIVIDADE DE MICRORGANISMOS Brânquias Intestino AVALIAÇÃO DO FRESCOR MÉTODOS SUBJETIVOS MÉTODOS OBJETIVOS ANÁLISE SENSORIAL TESTES FÍSICOS E QUÍMICOS FATORES QUE AFETAM A REDUÇÃO DO FRESCOR 1 . Espécie Condições anatômicas Tamanho Espessura da pele Condições fisiológicas Enzimas proteolíticas ativas Estados exaurintes 2. Condições da captura e tratamentos posteriores Métodos de captura Habitat Manipulação no processamento 4. Abate 5. Tipos de cortes B A) Inteiro eviscerado B) Tronco C) Postas D) Filé E) Borboleta F) Espalmado C A D E F 6. Fluxograma de utilização total do peixe Peixe Inteiro Filés Resíduos da filetagem Carcaça Cabeças e vísceras despolpagem Peles e ossos Polpa de peixe Carne recuperada por processo mecânico Peles Resíduos Curtume Farinha de peixe Silagem Alimentação animal (animais de estimação) 7. Métodos de filetagem Figura 1 - F1: peixe inteiro, retira-se a pele com auxílio de alicate e depois o filé Figura 2 - F2: peixe inteiro, retira-se o filé com pele e depois remove-se a pele do filé Figura 3 - F3: peixe decapitado e eviscerado, retira-se a pele com auxílio de alicate e depois realiza-se a remoção do filé. Figura 4 - F4: peixe decapitado e eviscerado, retira-se o filé com pele e depois remove-se a pele do filé. Figura 5 - F5: peixe decapitado, eviscerado e sem nadadeiras, retira-se a pele com auxílio de alicate e depois remove-se o filé Figura 6– F6: peixe decapitado, eviscerado e sem nadadeiras retira-se o filé com pele e depois remove-se a pele do filé Figura 7– F7: peixe decapitado, eviscerado e retira-se a pele inteira e depois remove o filé B A D G E H C F I Músculo hipaxial profundo A B * C D Figura 1 – (a) Localização do músculo hipaxial profundo (seta); (b) músculo hipaxial profundo retirado (seta); (c) músculo hipaxial (seta) e músculo abdominal ventral (*);(d) porém o procedimento normal é a remoção desse músculo (seta) após a retirada do filé (fonte: Souza, 2001; Souza e Macedo-Viegas, 2000, 2001). Músculo abdominal e aparas A B Figura 2 – (a) Localização do músculo abdominal ventral (seta); (b) aparas da “toilette” final do filé (fonte: Souza, 2001). Máquinas para corte de cabeça Tipos de cortes de cabeça oblíquo contornado reto Tipos de corte de cabeça da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), músculos abdominais (seta) e tronco com pele e nadadeira caudal Fatores que afetam os rendimentos do processamento de peixes Sexo Peso ou tamanho Composição Corporal Espécie Cultivo de Alimentação natural ou ração, níveis de proteína e energia) RENDIMENTO DO PROCESSAMENTO Grau de mecanização - manual - equipamentos Estrutura anatômica Formato do corpo Tamanho da cabeça Vísceras (hábito alimentar – comprimento trato digestório) Resíduos totais Densidade estocagem Método de filetagem Destreza do filetador – remoção do filé e pele Seqüência de retirada da pele e filé Remoção ou não da cabeça (decapitação) Remoção ou não das nadadeiras Tipos de corte de cabeça Tabela 1 - Rendimentos de carcaça de algumas espécies de peixes de água doce Nome Vulgar Peso (g) Inteiro Eviscerado (%) --------89,05 91,31 --------- Tronco Limpo (%) 445 585 250-550 250-450 300-400 Tilápia do Nilo 401-500 500 Oreochromis niloticus Tilápia Vermelha Oreochromis sp Pacu Piaractus mesopotamicus Matrinxã Brycon cephalus Piracanjuba Brycon orbignyanus Truta Arco-íris Oncorhynchus mykiss Curimbatá Prochilodus lineatus Tucunaré Cichia temesis Bagre Africano Clarias gariepinus Bagre Americano Ictalurus punctatus 53,27-56,49 ------------------------- Filé com Pele (%) --------------------------------- Filé sem Pele (%) 31,0-37,64 36,50 36,84 40,0 86,32 --------- --------51,00 39,20 --------- 25,40 ----------------- --------- --------- --------- 38,85 18,14 3.000 --------- --------14,29 13,13 13,00 88,98 90,41-90,84 --------- 51,87 --------- 46,74 38,57-39,99 600-1.600 --------- --------- --------- 40,55 --------- 300-370 371-440 250 83,00 81,24 --------- ----------------69,00 45,29 47,10 59,00 38,03 41,17 50,20 13,27 11,11 13,70 --------- --------- 60,50 --------- --------- --------- 51,70-56,67 55,49 --------41,49 35,17-38,61 35,81 23,62-27,44 53,97 37,91 32,78 24,92 60,60 --------- 30,20 --------- 56,9 46,9 41,8 22,0 525-2.780 91,07-93,78 600-700 93,30 600-700 90,38 250-500 --------- Referências Souza, et al. (1999) Souza e Maranhão (2001) Pereira e Campos (2000) Souza et al. (2001) Novato e Veigas (1997) Gonçalves (1989) Faria et al. (2002) 52,7 1.958 400-700 610 Mandi Pimelodus lineatus Cabeça (%) 16,57 12,36-14,64 Macedo-Viegas et 27,74 al. (2000) Santamaria e Antunes (1998/1999) Souza et al (2000) Contreras-Guzmán (1994) Gurgel e Freitas (1998/1999) Souza et al (1999) Marengoni et al. (1998) Marengoni et al (1998) Clement e Lovell (1994) Contreras-Guzmán. (1994) Tabela 2 - Valores médios de carcaça, músculos, tronco, porcentagem de resíduos do bagre africano (Clarias gariepinus) e bagre americano (Ictalurus punctatus) (fonte: Marengoni et al., 1998). Espécies analisadas Bagre africano Bagre americano Teste F C.V. (%) Rendimento (%) Carcaça com sem (a) cabeça cabeça 93,30 65,56 90,38 12,12 3,27 filé músculos tronco abdominais cabeça resíduos pele outros 35,81 8,12 55,49 27,74 5,68 15,95 32,78 6,71 53,97 24,92 5,13 20,66 0,01ns 11,63 4,72 9,08 9,85 17,99 0,06ns 10,08 21,06 9,09 0,94ns 33,28 13,17 25,41 65,46 a Peso vivo total exceto o peso das vísceras ns não significativo 1% de probabilidade (P<0,01); Tabela 3 - Valores médios de rendimento de carcaça, filé, músculos abdominais, partes comestíveis e as porcentagens de pele bruta, cabeça, gônadas e resíduos do bagre africano (Clarias gariepinus) em função do sexo (fonte: Souza et al., 1998b). Tratamento experimental Macho Fêmea Teste T ns Rendimento de carcaça (%) com cabeça 95,81 85,69 306,23** 2,25 sem cabeça 71,14 64,34 Porcentagem (%) Rendimento (%) filé 39,59 37,80 mús. partes abd.* comest. 7,70 46,65 7,25 45,03 tronco limpo 58,56 55,64 pele bruta 4,46 4,37 cabeça 24,68 21,83 Gônadas resíduos 1,47 12,16 52,90 54,64 57,28 ** 9,08 ** 2,93ns 5,60 * 10,54** 0,51 ns 35,93** 288,00** 5,09 * 4,69 5,44 12,47 5,28 5,59 9,8 7,24 32,70 5,09 - não significativo (P>0,05) * - 5% de probabilidade (P<0,05) ** - 1% de probabilidade (0,01) * - músculos abdominais Tabela 4 - Valores dos rendimentos do processamento da tilápia do Nilo em quatro métodos de filetagem (fonte: Souza e Macedo-Viegas, 2000, 2001). Variáveis analisadas Métodos de filetagem*1 IPF IFP CPF CFP (F1) (F2) (F3) (F4) Peso total (g) Comprimento padrão (cm) Altura (cm) 359,8a 20,74a 8,58a 366,4a 21,13a 8,66a 36,59a 34,58ab 357,8a 20,76a 8,26a 354,3a 20,88a 8,38a Teste F C.V. (%) 0,23ns 0,55ns 2,58ns 13,06 5,19 5,90 3,79* 2,22ns 13,79** 5,45** 8,18 31,59 29,34 8,07 0,26ns 3,11* 3,49* 5,33** 16,85 19,42 17,59 5,30 Rendimento (%) Filé Músculo abdom. ventral Músculo hipaxial prof. Partes comestíveis totais a a 1,33 4,23a 1,68 3,05bc 42,15a 39,31b 7,48a 3,99ab 46,12ab 57,99b 7,43a 3,46b 53,17a 60,69a 34,54ab 33,66b a 1,55 2,32c a 1,67 3,31b 38,41b 38,64b Porcentagens (%) Pele bruta Pele limpa Descarne Resíduo 7,67a 4,14a 45,52a 61,59a 7,73a 3,82ab 49,95ab 61,36a a,b – em cada linha, médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P>0,05) ns – não significativo (P>0,05) *1 – ver descrição no texto * - 5% de probabilidade (P<0,05) ** - 1% de probabilidade (P<0,01) II. MÉTODOS DE PROCESSAMENTO E CONSERVAÇÃO PESCADOS SÃO ALIMENTOS MUITO PERECÍVEIS pH ATIVIDADE DE ÁGUA COMPOSIÇÃO QUÍMICA AÇÃO MICROBIANA PESCADO FRESCO – pescado dado ao consumo sem ter sofrido qualquer processo de conservação a não ser a ação do gelo PESCADO RESFRIADO – pescado devidamente acondicionado em gelo e mantido em temperatura entre - 0,50C a – 20C PESCADO CONGELADO – pescado tratado por processos adequados de conservação em temperaturas inferiores a – 250C PESCADO CURADO SALGADO DEFUMADO PRENSADO DESSECADO FLUXOGRAMA PARA PROCEDIMENTO A SER REALIZADO APÓS CAPTURA DO PEIXE BOAS PRÁTICAS DE MANUSEIO APÓS CAPTURA BOA HIGIENE REMOÇÃO DE VÍSCERAS E GUELRAS LAVAGEM E LIMPEZA COM ÁGUA DE BOA QUALIDADE APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE CONSERVAÇÃO REDUÇÃO DA UMIDADE REDUÇÃO DA TEMPERATURA EM GELO SECAGEM DIMINUIÇÃO DO pH PICLES SALGA CONGELAMENTO DEFUMAÇÃO BOA EMBALAGEM TRANSPORTE 1- INTRODUÇÃO Técnicas mais antigas de preservação; 14% das capturas mundiais - salgados, defumados e desidratados (SHENDERYUK e BYLOWSKI, 1990) Brasil – pescado destinado à salga - 29% (TAVARES, 1995); Consumo médio per capita São Paulo - 15,3Kg/habitante/ano Rio de Janeiro - 16,4 Kg/habitante/ano Brasília - 12,8 Kg/habitante/ano Média nacional - 5,8Kg/habitante/ano (GIULLIETI, et al., 1996) (JABLONSKI, et al.,1997) (RUIVO e POLLONIO, 1998) (TEIXEIRA e MADRI, 1998) 2 - Princípios da salga Consiste na remoção de parte da umidade dos tecidos, paralelamente à entrada de sal. 3 - Fatores que interferem na salga Teor de gordura Temperatura Tamanho ou espessura dos files pureza química do sal pré elaboração do pescado (BURGESS et al., 1967; SHENDERYUK e BYLOWSKI, 1990; LEITÃO, 1995) 4 - Métodos de salga salga seca salga úmida salga em salmoura (“pickling”) salga mista (Lessi, 1995) 5 - Tempo de processo de salga - varia de 3 a 15 dias, Fluxograma das etapas da salga de peixes Lavagem Retirada da cabaça filetagem Em água corrente para retirada de muco e impurezas Descamação e Evisceração Lavagem Cortes SALGA Salga seca Retirada das escamas (faca ou colher) corte ventral e retirada das vísceras Salga úmida Tanques de cura Pilhas Prensagem Embalagem em caixas de madeira e estocagem refrigerada Secagem Estocagem Embalagem Embalagem em caixas de madeira e estocagem à temperatura ambiente Embalagem direta am salmoura (20%) [email protected]