FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA QUE O ADMINISTRADOR ATUE EM CARREIRA DOCENTE Caio Gabriel da Silva Soares (FACEQ)* Giovanni dos Santos (FACEQ)** Sidnei Albino Gregório (/FACEQ)*** Evandro Luiz Soares Bonfim (UNIFESP/FACEQ)**** Cláudio Cordeiro Vasconcelos (FMU/FACEQ) ***** Resumo O Administrador, depois de formado em graduação, encontra um amplo mercado para atuação profissional, pois o curso engloba várias áreas do conhecimento e, portanto, um facilitador na busca por oportunidades no mercado de trabalho. Porém, muitos optam pela carreira docente e, para isso, é necessário que o administrador procure uma especialização pedagógica, a fim de garantir habilidades e competências necessárias para seguir nessa carreira. Nesse sentido, esse artigo irá contribuir com uma nova leitura sobre como se dá a formação do administrador que deseja atuar na carreira docente, a partir de pesquisa bibliográfica e também, por meio da análise documental do PPC (Projeto Pedagógico do Curso) do curso de Graduação em Administração, oferecido pela Faculdade Eça de Queirós, na cidade de Jandira em São Paulo. Palavras-chave: Administrador. Formação docente. Carreira. Especialização. Abstract The after graduating undergraduate Administrator finds a large market for professional work because the course covers various areas of knowledge, and therefore a facilitator in the pursuit of opportunities in the employment market. However many opt for the teaching profession, and it is requires administrator to look for a pedagogical expertise to ensure skills and competencies necessary to pursue this career. Thus, this article will contribute to a new reading on how to give the administrator training that want to work in the teaching * Discente do curso de Administração da Faculdade Eça de Queirós (FACEQ). Discente do curso de Administração da Faculdade Eça de Queirós (FACEQ). *** Docente da Faculdade Eça de Queirós. Especialista em Educação pelo Centro Universitário de Araras Doutor Edmundo Ulson (UNAR). **** Coordenador do curso de Pedagogia da Faculdade Eça de Queirós. Mestre em Educação pela Universidad San Carlos de Asunción e mestrando pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). ***** Coordenador do curso de Administração da Faculdade Eça de Queirós e Mestrando nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). 1 ** E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq profession, from bibliographical research. Also, through documentary analysis of PPC (Education Program Course) the course Undergraduate Management, offered by the College Eça de Queirós in the city of Jandira in São Paulo. Keywords: Administrator. Teacher training. Career. Expertise. Introdução Esta pesquisa teve como objetivo estudar a formação do administrador em nível de graduação e sua preparação para atuar na carreira docente. O curso de graduação em Administração proporciona ao universitário, formação para a busca de oportunidade no mercado de trabalho, e também para a suas relações cotidianas, possibilitando o desenvolvimento de habilidades e competências em diversas áreas do conhecimento, melhorando e/ou aprimorando sua capacidade de tomar decisões, organização, planejamento, iniciativa, autoconfiança, desenvolver seu ‘espírito’ empreendedor, de responsabilidade, e a habilidade para lidar com diversas situações independentes do ambiente. Diversas outras características estão associadas a essa formação como: atuar nas áreas administrativa, financeira, Recursos Humanos, logística e marketing em empresas privadas e publicas, propiciando ao estudante uma melhor preparação para o mercado de trabalho. Outro fator relevante é a inquietação sobre como se dá a preparação desse profissional para que atue na carreira docente, uma vez que se verifica que muitos administradores, apesar do saber ser e saber fazer em sua área do conhecimento, optam pela docência em administração, algo que não é contemplado em sua formação em nível de graduação. Assim, este artigo trará benefícios para todos os profissionais interessados em seguir uma carreira de formação do administrador e não da administração em si mesma. 1 A ação de administrar A ação de administrar não está ligada somente com o aspecto empresarial, mas também pode nos auxiliar nas ações e atividades cotidianas, dando-nos uma percepção de organização e de como reter e controlar custos. Segundo Chiavenato (2004), a administração ajuda-nos a desenvolver senso crítico para determinadas situações da 2 E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq carreira e muitas outras coisas que podem facilitar nossas vidas, pois essa área está associada a todas as esferas da sociedade, o que favorece auxiliar no controle e ordem nos mais diferentes seguimentos da vida social. Para esclarecer um pouco mais sobre as inspirações na construção deste artigo, apresentamos o universo de nossas pesquisas a partir da análise de grade curricular de Administração Geral que tem como um de seus objetivos, ofertar curso de formação de administradores com sólidos conhecimentos teóricos e das ferramentas gerenciais para atuar em diferentes contextos organizacionais. O curso de Administração está estruturado e planejado da seguinte forma (FACEQ, 2015): Nome do curso: Administração; Regime escolar: Semestral; Duração mínima: oito Semestres; Duração máxima: 12 Semestres; Carga horária: 3000 horas; Titulação: Bacharel em Administração; Atividades complementares: 200 horas; Estágio supervisionado: 300 horas; Conselho profissional: CRA – Conselho Regional de Administração. 2 A relação professor-aluno A relação entre professor e aluno sempre foi uma relação complexa; baseava-se num currículo estruturado em fins econômicos, políticos e sociais, quando se verifica em décadas anteriores que o professor era alvo de temor dos alunos os quais o tinham como uma autoridade. Com o passar do tempo, esse cenário mudou muito e podemos verificar, atualmente, muitos casos de desrespeito dos estudantes em relação aos educadores e, muitas vezes, virando caso de polícia. A importância do papel do professor na sociedade atual é indiscutível. Seja aquele que ensina a ler e a escrever, a cuidar da saúde das pessoas, a organizar uma empresa, a toar um instrumento ou a desenvolver uma fórmula química. Não importa o seu objeto de ensino, o professor é quem organiza um determinado conhecimento e dispõe de certa maneira de propiciar boas condições de aprendizagem. Os professores são peçaschave para que o conhecimento continue a ser construído e desenvolvido no mundo. À medida que as sociedades se modernizam e se 3 E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq complexificam, cresce a demanda por professores das diversas áreas do conhecimento. Esses precisam ser cada vez mais preparados para acompanhar as inúmeras transformações da sociedade contemporânea. (FERREIRA, 2005, p. 8) Essa questão de “autoridade e obediência” entre o educador e o aluno vem diminuindo gradativamente em razão da quebra do paradigma entre autoridade e autoritarismo, e de problemas recentes que a sociedade vem passando, por exemplo: fatores como a desigualdade social, exclusão social, o tráfico de drogas, e também a relação entre as famílias, que vem ficando cada vez mais complicada; podemos usar como exemplo também: a violência doméstica. Fatores sociais e econômicos, e uma desestruturação na relação da vida social e da vida escolar, vêm afetando a história de jovens e crianças, fazendo com que eles não encontrem sentido na escola e não a percebam como meio de ascensão social. Outro fator observado é a questão do crescimento contínuo e acelerado das tecnologias da comunicação e informação que levam jovens ao acúmulo de informações muito mais atrativas do que as passadas no meio educacional, diminuindo o interesse dos estudantes nos conteúdos escolares e afastando os estudantes dos seus educadores. Os métodos utilizados por educadores em sala de aula, muitas vezes são questionados e enfraquecem esse relacionamento educador-aluno, dificultando o processo de ensino-aprendizagem. Quando essa relação é afetada pelos movimentos sociais de todas as ordens ou até mesmo por falta de comprometimento de um dos sujeitos desse processo, chamamos de uma das causas do fracasso escolar (BONFIM, 2015). Muitas vezes, buscamos nos educadores referência de comportamento, valores e atitudes, e quando essa relação se torna positiva, enxergamos o educador como um modelo a ser seguido. Segundo Paulo Freire e Ira Shor (1986), na relação professor-aluno, não é suficiente apenas a excelência na transmissão de informações, mas a socialização de conhecimentos adquiridos durante a vida desse profissional docente, sugerindo como devemos lidar com as mais diversas situações e relacionamentos pessoais e profissionais, despertando sentimento de segurança e de respeito, de ambos os lados. Esse exemplo de relação entre sujeitos no universo da educação deveria ser seguido, porém, o educador não pode perder a sua postura e responsabilidades, mas sim, unir seus comportamentos tradicionais com um modelo um pouco mais flexível e próximo da realidade dos estudantes, na busca de entendimento de suas necessidades e ajudando 4 E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq cada vez mais no seu desenvolvimento, com fins à formação plena do ser, mas também não esquecendo de que o papel do aluno é respeitar o professor como pessoa e profissional, e se dedicar autonomamente. Os professores têm poucas oportunidades de ver salas de aula libertadoras. Os programas de formação de professores são quase sempre tradicionais e as escolas que eles frequentam não estimulam a experimentação. Assim, o problema dos modelos é a primeira questão que os professores levantam. Parte desse problema envolve outras questões: Como a educação libertadora se diferencia da educação tradicional? Como se relaciona com a mudança social? (FREIRE; SHOR, 1986, p. 18) O aluno não pode mais esperar que o professor detenha todo saber, e não pode resumir seu aprendizado a abordagens realizadas apenas na sala de aula; do mesmo modo, o professor deve sempre esclarecer a diferença que existe entre autoridade e autoritarismo. O professor sempre terá a sua autoridade respeitada, quando não utilizá-la com autoritarismo. Não podemos deixar de refletir sobre o aspecto da formação docente para atuar no processo formativo de graduandos de Administração. Um aspecto deve ser diferenciado. Nem sempre a formação em nível de graduação garante o exercício docente. O administrador, ao concluir graduação nessa área do conhecimento, não pode ser considerado docente. Ele não é docente, ele é antes de tudo administrador. Do mesmo modo, acontece com outras profissões e em outras áreas do conhecimento. Freire e Shor ao relatarem suas experiências como docentes em um tempo de mudanças na estrutura social, esclarecem a intencionalidade abordada nesse momento: Nos anos 60, muita gente começou a discutir um tipo diferente de educação. Novas formas de ensino emergiram, como o movimento de escolas alternativas, as escolas livres, experimentas de ensino radical, seminários de professores, seminários informais vinculados a um ou outro movimento. Fiz algumas experiências, no ensino superior. como professor de pós-graduação. Devo confessar que aprendi muito sobre política, Vietnã, racismo, sexismo e capitalismo, mas muito pouco sobre pedagogia, e muito pouco sobre cultura de massa e conscientização. Mais tarde, em 1971, quando fui para uma faculdade operária em Nova Iorque, os movimentos dos anos 60 estavam em declínio, enquanto que as classes de minha faculdade permaneciam abertas à experimentação. Comecei minhas experiências pedagógicas no meio da nova luta em defesa do “livre ingresso”, uma política recente da City University de Nova Iorque que admitia estudantes que não fossem da elite, apesar de um mau desempenho no segundo grau. Com essa abertura histórica da universidade a estudantes trabalhadores, não tinha ideia de como ensinar. (FREIRE; SHOR, 1986, p. 19) 5 E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq Observamos que na área da saúde, por exemplo, os médicos após concluírem sua formação em medicina, imediatamente passam a lecionar em cursos de medicina formando outros médicos. Ao se investigar sobre a formação em medicina, observamos que na grade curricular não há nenhuma contemplação em formação docente para médicos. Essa formação docente se dará, caso o médico tenha a consciência de que é médico, e não professor. Médico é uma coisa e professor de medicina é outra coisa (BONFIM, 2015). Esse fenômeno ocorre em todas as áreas do conhecimento e, dada a falta de professores em determinadas áreas, autoriza o exercício do magistério para áreas correlatas. Queremos dizer que é comum verificar advogados ministrando aulas de língua portuguesa em escolas de Ensino Médio, administradores ministrando aulas de matemática, enfermeiros ministrando aulas de biologia e ciências em escolas de Ensino Fundamental ou Médio, e por esse viés todas as profissões inseridas no contexto educacional. Estamos certos de que todos esses profissionais entram em sala de aula acreditando que podem contribuir à formação dos alunos, independente da área de conhecimento. Freire e Shor (1986) esclarecem por experiência: Levei vários anos para descobrir os verdadeiros obstáculos à aprendizagem crítica, entre os quais minha ignorância, assim como a imersão deles numa cultura de massa que os incapacitava. Mas no começo, devido a minha inexperiência, pensava que já que eu engolira as regras da gramática, eles também deveriam engoli-ias. claro, Paulo, que eu tinha racionalizações maravilhosas para justificar o que estava fazendo! Eu me considerava um “gramático criativo”. Ensinaria a gramática de forma tão emocionante que todo mundo iria adorar a gramática! (rindo) Que equívoco! (FREIRE; SHOR, 1986, p. 19) Apenas no Ensino Superior, se exige que o profissional tenha outra formação, normalmente em nível de Pós-graduação, contemplando disciplinas pedagógicas para, a partir dessa formação, exercer a profissão docente em sua área do conhecimento. Nem sempre o que está preconizado de que a educação deve ser sempre em caráter contínuo e/ou permanente, é praticado por todos os docentes do Ensino Superior, e a formação dos futuros profissionais fica restrita em especializações e mais especializações, em que o trato pedagógico nas diferentes áreas do conhecimento deixa a desejar. Essa falta de habilidade e competência no trato pedagógico nas diferentes áreas do conhecimento demonstram as fragilidades que os professores encontram quando há necessidade de flexibilização no planejamento e avaliação das aprendizagens. Se o 6 E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq professor foi formado notando a mesma brecha em seu processo formativo, lhe restará reproduzir modos, métodos e técnicas de ensino-aprendizagem também insuficientes. A partir do momento em que todas as áreas do conhecimento reconhecerem que há necessidade de investir em formação pedagógica desde a graduação, não somente como meio para que o graduando tenha mais opções de profissão, teremos nessas mesmas áreas relações mais harmoniosas entre professores e alunos, bem como maior entendimento sobre todos os processos que norteiam o planejamento dessas aprendizagens. A formação docente nunca foi privilégio da Pedagogia (BONFIM, 2015). Quando comecei como jovem professor, recém-saído de pós-graduação, eu programava meus cursos hora por hora. Eu tinha um roteiro preciso do que seria a segunda-feira ou a quarta-feira. Estudava muito sobre como apresentar as regras da gramática, as formas corretas, e a arte de escrever. Os resultados não eram muito inspiradores, e então eu me perguntava o que estava errado, poucos resultados para tanto esforço. Reunia-me, quase que semanalmente, com outros jovens professores, para discutir nossas aulas, num programa experimental. Juntos, como uma equipe, ajudávamos uns aos outros, ensinávamos uns aos outros, nos reeducávamos no próprio local de trabalho, ano após ano. Os professores que querem transformar sua prática podem se beneficiar imensamente do apoio de um grupo como esse. Enquanto procurava me reciclar como professor, pelo menos eu enfrentava menor hostilidade por parte dos estudantes. Muitas vezes me perguntei por que os estudantes eram tão tolerantes, apesar dos meus tropeços e de lhes apresentar um cardápio de gramática e de retórica cuja maior parte eles já tinham visto antes. Acho que meu entusiasmo lhes mostrava minhas boas intenções, mesmo que eu não soubesse o que estava fazendo. Eles toleravam minha confusão de forma muito generosa! Eu me sentia agradecido por eles me permitirem aprender a suas custas. Estava contente de estar na sala com eles, portanto, não os desprezava por serem alunos universitários que não pertenciam à elite, e não desprezava a mim mesmo, por ser um professordoutor que lecionava numa faculdade marginal, de massa. Eu queria estar exatamente onde estava. Numa sala de aula, dando aula para estudantes trabalhadores entre os quais eu cresci. As agitações dos anos 60 me fizeram desejar a mudança social, e eu optei por trabalhar numa faculdade de gente comum. Pelo menos tive o bom senso de não falar sobre política com os alunos. Eu estava à esquerda deles, mas não lhes fazia preleções sobre capitalismo, guerra, e assim por diante – intuitivamente, sabia que isso exigia discussão, e que estudaríamos redação escrevendo sobre temas que fossem relevantes para eles. (FREIRE; SHOR, 1986, p. 20) Nota-se na citação que quando o docente reconhece que se aprende coletivamente, com “espírito” de equipe, muito já pode mudar na qualidade que envolve o processo ensino e aprendizagem, minimizando conflitos e trazendo sentidos para a educação em qualquer área do conhecimento. 7 E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq 3 O administrador atuando como docente O profissional de administração para estar apto a lecionar no Ensino Médio e/ou Técnico, deve ser graduado, ou seja, ter o título de bacharel, licenciatura ou tecnólogo. Para ser professor no Ensino Superior é necessário, além da própria graduação, o título de Pós-graduação, MBA, Mestrado ou Doutorado. Dependendo da universidade, se pública ou particular, o administrador pode concorrer a uma vaga como professor substituto, ou seja, uma função dentro da educação. É necessário que o docente, além do conhecimento prático e teórico da administração e de suas práticas envolvidas, tenha domínio dos conteúdos curriculares das disciplinas; é preciso ter também consciência das características de desenvolvimentos dos alunos, estabelecer um clima favorável para a aprendizagem demonstrando e promovendo atitudes positivas, pois o administrador deve estar ciente do fato de que ele deve dominar uma grande parte do conhecimento. Ter experiências profissionais é considerável, porém, não é tudo. É necessário saber lidar com todas as situações dentro da sala de aula, o que requer domínio da didática, processos de ensino e aprendizagem e avaliação. Nesse sentido, Paulo Freire e Ira Shor (1986, p. 38) nos esclarecem que: Antes de mais nada, devo dizer que ser um professor tornou-se uma realidade, para mim, depois que comecei a lecionar. Tornou-se uma vocação, para mim, depois que comecei a fazê-la. Comecei a dar aulas muito jovem, é claro, para conseguir dinheiro, um meio de vida, mas quando comecei a lecionar, criei dentro de mim a vocação para ser um professor. Eu ensinava gramática portuguesa, mas comecei a amar a beleza da linguagem. Nunca perdi essa vocação pelo ensino. Não posso dizer que aos 6 ou 7 anos tinha em mente vir a ser professor. Isto acontece, é claro. Mas senti que ensinar era bom quando pela primeira vez ensinei a alguém que sabia menos do que eu. Tinha 18 anos, talvez, dava aulas particulares a estudantes do segundo grau, ou a jovens que trabalhavam nas lojas. Eles queriam aprender gramática. Outrossim, o primeiro compromisso da atividade profissional (o trabalho docente) é certamente de preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e participantes na família, no trabalho e na vida cultural e política. O trabalho docente visa também a mediação entre a sociedade e os alunos. José Carlos Libâneo (1994) afirma que, como toda profissão, o magistério é um ato político porque se realiza no contexto das relações sociais. 8 E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq Considerações finais Em virtude do que foi mencionado no presente artigo, concluímos que a administração e o processo de docência, são de extrema importância para o desenvolvimento e progresso da sociedade, pois o entendimento da administração e de seus processos nos auxilia em todos os segmentos sociais e também sobre a questão central do artigo que relata a necessidade de uma graduação na área de Administração, como também uma especialização na área pedagógica. Administração e Educação são fundamentais para o desenvolvimento e aprimoramento docente, ou seja, a aquisição da competência na transmissão de informações, que culminarão na construção de saberes e também no relacionamento com os estudantes. Mesmo na Administração, é preciso abandonar o desenvolvimento de práticas tecnicistas na educação, buscando os fins últimos de toda e qualquer área do conhecimento, que é a formação plena do ser para ser e não somente para ter. Inspiramos-nos a concluir este artigo com uma mensagem do grande educador brasileiro Paulo Freire, que escreve juntamente com Ira Shor (1986, p. 38): “Ensinando, descobri que era capaz de ensinar e que gostava muito disso. Comecei a sonhar cada vez mais em ser um professor. Aprendi como ensinar, na medida em que mais amava ensinar e mais estudava a respeito”. Referências bibliográficas BONFIM, Evandro Luiz Soares. Palestra sobre Empowerment realizada na Faculdade Eça de Queirós na Semana Acadêmica do primeiro semestre de 2015. CHIAVENATO, I. Administração dos novos tempos. Rio de Janeiro: Campus, 2004. FERREIRA, Andrea. T. B. Formação de Professores: princípios e estratégias formativas. Caderno de Educação. Ministério da Educação e Cultura MEC, 2005. FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e Ousadia, o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. FACEQ. Faculdade Eça de Queirós. Institucional. Disponível <http://www.faceq.edu.br/cursosAdministracao.asp> Acessado em maio de 2015. em 9 E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. SENGE, Peter M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. Rio de Janeiro: Campus, 2008. 10 E-FACEQ: revista dos discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 4, número 5, maio de 2015. http://www.faceq.edu.br/e-faceq