Terapia com Crianças Segundo o Modelo de Terapia por Contingências de Reforçamento Patrícia Piazzon Queiroz Instituto de Análise Aplicada de Comportamento (IAAC) Terapia com Crianças Terapeuta deve identificar e manejar as contingências que instalaram e mantêm os comportamentos e sentimentos considerados problema. Para isso, ele deve atender a criança e as pessoas de sua interação: pais, avós, tios, babás,professores etc. Interação com a Criança O terapeuta deve criar contingências – através de perguntas, atividades lúdicas etc. de maneira verbal vocal e não vocal – que evoquem os comportamentos e sentimentos a serem alterados e, ainda, conseqüenciá-los diferencialmente (aquiagora na sessão). Assim, o terapeuta pode: a. observar diretamente a ocorrência da resposta e os sentimentos envolvidos; b. consequenciar com possível função reforçadora (positiva ou negativa) os comportamentos e sentimentos considerados adequados; e c. consequenciar com possível função aversiva (punição ou extinção) os comportamentos e sentimentos considerados inadequados. O terapeuta também deve descrever para o cliente as contingências que estão controlando seus comportamentos e sentimentos tanto na sessão como fora dela. Tal descrição possibilitará ao cliente ficar sob controle dos eventos antecedentes e consequentes da ação e dos sentimentos. O terapeuta também deve, ao instalar os repertórios de comportamentos e sentimentos na sessão, programar a generalização dos mesmos para fora dela. Tal generalização deve ser gradual para que os comportamentos emitidos e a expressão dos sentimentos produzam conseqüências com função reforçadora (positiva ou negativa) naturais e/ou sociais, mantendo-os O terapeuta também pode dar regras para que a criança atue nos seus ambientes e na sessão. O terapeuta utiliza procedimentos de fading in – aumentando gradualmente a exigência – e fading out – removendo gradualmente a sua ajuda. Orientação de Pais A orientação de pais na maioria das vezes mostra-se insuficiente para alterar os comportamentos e sentimentos da criança e deles próprios. Os pais, ao interagirem com seus filhos, têm déficits e excessos de comportamentos e sentimentos. Tais dificuldades não são alteradas apenas com orientação. O terapeuta precisa instalar novos repertórios de comportamentos e sentimentos nos pais e cuidadores. Assim, o terapeuta deve: a. descrever as contingências que instalaram e mantêm os comportamentos do filho; b. repetir este procedimento com os comportamentos e sentimentos dos próprios pais ou cuidadores; c. descrever as consequências atuais e futuras caso essas contingências se mantenham; d. dar modelos de comportamentos e sentimentos nas diversas situações; e e. dar regras para a emissão de novos comportamentos e sentimentos. Sessão Inicial - - O terapeuta deve: Disponibilizar atividades que já tenham função reforçadora para a criança (questionando os pais etc.); Disponibilizar outras atividades que poderão vir a ter função reforçadora; Observar o comportamento e o sentimento operante livre da criança; Falar sobre assuntos nos quais a criança se mostre interessada. Primeira Sessão – A terapeuta deu algumas instruções, as quais foram ignoradas pela criança; –A terapeuta procurou intervir minimamente. Matheus ficou quase a sessão toda sob controle dos objetos da sala, ignorando a presença da terapeuta. Vínculo Terapêutico É um sentimento produzido na interação entre terapeuta e cliente. Tal sentimento emerge na relação quando as contingências manejadas, tanto pelo terapeuta como pelo cliente na sessão são reforçadoras positivas e, eventualmente, aversivas, porém ambas amenas. “A psicoterapia é, freqüentemente, um esforço para melhorar a auto-observação, para ‘trazer à consciência’ uma parcela maior daquilo que é feito e das razões pelas quais as coisas são feitas” (Skinner, 1991, pp. 46-47). “Ao rejeitar os sentimentos e estados da mente como causas iniciadoras do comportamento e ao se voltarem alternativamente para as condições ambientais responsáveis, tanto pelo que as pessoas fazem, como pelo que sentem enquanto o fazem, os analistas do comportamento, e junto com eles os terapeutas comportamentais, puderam focalizar os problemas mais amplos de comportamento humano de uma forma muito mais eficaz.” (Skinner, 1995 p. 116) “As pessoas usualmente procuram a terapia médica ou comportamental em função daquilo que estão sentindo. O médico muda o que elas sentem de maneiras médicas; os terapeutas comportamentais alteram as contingências das quais os sentimentos são função. A distinção entre terapia médica e a comportamental é parecida com a distinção entre sentir-se bem e estar bem. Uma pessoa sente-se bem quando sente seu corpo saudável, livre de dores e doenças. Uma pessoa está bem consigo mesma quando sente um corpo positivamente reforçado. Os reforçadores positivos dão prazer. Nós os chamamos de agradáveis e o comportamento que eles reforçam de prazer.” Skinner (1995, p. 114). No caso, os pais optaram por não dar a medicação sugerida pelo médico e procuraram a terapia para o filho. Sentimentos “Os terapeutas preocupam-se tanto com o que as pessoas fazem quanto com o que elas sentem. Os terapeutas comportamentais atribuem o que é feito a dois tipos de conseqüências seletivas: comportamento inato à seleção natural e comportamento aprendido ao reforçamento operante”. (Skinner, 1991b, pp.103-104) Auto-Conhecimento “O auto-conhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa que se ‘tornou consciente de si mesma’, por meio de perguntas que lhe foram feitas, está em melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento.” (Skinner, 1993, p.31) Contato • [email protected] • [email protected] • www.iaac.com.br