Mony Elkaim Se você me ama não me ame • Estas interações podem provocar um estado instável e uma bifurcação específica, que separarão as diferentes formas de comportamento (um marido que se afasta é diferente de um marido que é afastado). • A “escolha” do modo de funcionamento, no sentido do qual o sistema evoluirá, depende de seu passado. Mas também, tem que se dar lugar ao tempo, à história e ao acaso. • Essa abordagem dá lugar à evolução do sistema. Está ligada fundamentalmente à intersecção entre o passado e o contexto presente. • É capaz de abranger os elementos aparentemente não significativos, cuja ampliação permite que se modifique a totalidade do sistema. • • • • Estabilidade e mudança O emprego dos sistemas voltados ao equilíbrio, desenvolvido por Bertalanffy, nos permitiu que víssemos a enfermidade do paciente como um mecanismo homeostático que tem como função reconduzir ao equilíbrio um sistema familiar em risco de mudança. Essa idéia conseguia resolver a estabilidade do sistema. Se aplica ao jogo de flutuações que conduz o sistema ao mesmo estado estável dentro de determinadas condições. Para nós terapeutas, o importante é induzir a família a um processo de mudança. A evolução do sistema está ligada aos processos de interação entre seus elementos (leis intrínsecas). • Ouvir a todos abre espaço para novas possibilidades de mudança. • Fazer uma aliança com cada um(vínculo terapêutico) - uma vez que a aliança é feita para que se possa ver o problema – e sair dele. • As variáveis que se ampliam não se constituem de um elemento singular, mas reúnem em si várias singularidades (agrupamentos) que dizem respeito tanto ao terapeuta como aos membros da família em terapia. O PARADOXO AUTO-REFERENCIAL • Refere-se ao sistema definido por aquele “do qual se faz parte”, transformando em trunfo o que era vivenciado como deficiência. Uma abordagem sistêmica das terapias de casal • Esse modelo foi inspirado por aquelas situações em que uma pessoa pede à outra uma coisa qualquer que deseja mas que julga ser impossível obter. • Para que esse tipo de comportamento se mantenha e se amplie, é preciso que possua uma função que se relacione não apenas ao passado de um dos protagonistas, mas também com o conjunto do sistema conjugal, ou de um sistema mais amplo. • Chamamos de Programa Oficial (P.O.) a solicitação explícita do membro do casal. • Construção de Mundo (M.M.) é o mapa que o membro do casal constitui para si no decorrer de seu passado e que tenta utilizar na situação presente (inconsciente). P.O. da mulher Meu marido não se ocupa de mim Eu quero que meu marido se preocupe comigo P.O. do marido Quero que minha mulher fique satisfeita comigo C.M. do marido Não sou capaz de conseguir isso C.M.da mulher Ninguém pode se ocupar de mim Minha mulher faz tudo para impedirme de atendê-la • Não importam os níveis de reação desse casal, as formas de comportamento tanto de um como de outro só podem fazer com que ambos fiquem insatisfeitos. • Cada um parece corroborar a construção de mundo do outro, como prisioneiros, cercados por muralhas edificadas por eles mesmos. • Este esquema explica 2 aspectos importantes: Mostra o duplo vínculo onde está preso cada membro do casal; o que faz com que, qualquer que seja a resposta, ela não considera o outro nível da exigência. • Mostra também que se o comportamento do membro de um casal está ligado ao seu passado, também está ligado à construção de mundo do outro membro que o ajuda a esculpir-se, de modo a proteger as crenças profundas do outro. As ressonâncias • Ressonâncias são agrupamentos particulares, constituídos pelas interseções de elementos comuns a diferentes indivíduos ou diferentes sistemas humanos, que geram as mútuas construções do real dos membros do sistema terapêutico. • Essas ressonâncias incluem desde regras importantes para a história dos diferentes protagonistas até regras de caráter institucional, social ou de outra natureza. • A primeira ferramenta do terapeuta é ele mesmo. Apenas podemos experimentar um sentimento específico, em uma situação específica, nas ocasiões em que uma corda sensível se põe a vibrar em alguma parte de nós. As ressonâncias • Contudo, o sentido e a função da vibração dessa corda não devem ser procurados unicamente na economia pessoal do indivíduo: ambos estão simultaneamente ligados ao sistema, no seio do qual o indivíduo se descobre quando experimenta esse sentimento. • Em outras palavras, os sentimentos que afloram neste ou naquele membro do sistema terapêutico, apresentam um sentido e uma função ligados ao próprio sistema em que emergem. Eles designam um conjunto de zonas e de crenças que merecem ser aprofundadas. Co-construção da ressonância na psicoterapia • A partir do momento em que o terapeuta toma consciência do sentimento ou do tema que mais o atinge em um dado momento, é preciso que se coloque nas seguintes questões: • Conheço já esse afeto ou tema específico? • Quais são os ecos que essa emoção ou leitura do real surgida dentro de mim suscita em meu espírito? • Em que aspecto esse tema, que me parece essencial, é importante para o paciente? • Em que lhe diz respeito? • Que fazer nos casos em que um tema efetivamente importante em relação à minha história pessoal também é para um ou vários membros da família? • Utilizar a vivência da pessoa para o sistema. • Qual é a função do sintoma em relação ao sistema. • Se o paciente reclama que o terapeuta vive com sono: o que vivo quando sinto sono?É o nosso barômetro. • Qual a utilidade para o paciente que o terapeuta durma? • Ela se sente importante para alguém? • O sono não se refere só ao terapeuta mas a ela também – tem uma função. • Nós estamos sempre em ressonância mas existe uma distancia entre nossa história e a dos pacientes.