O terapeuta deve planejar contingências que fortaleçam a correspondência entre dizer, isto é, “relatar”ou “descrever”comportamentos na sessão, fazer, ou “emitir”outras categorias de comportamento em ambiente natural, e voltar a dizer, ou seja, “relatar”novamente para o terapeuta, o qual por sua vez deve investigar se esta correspondência existe. Como na situação de terapia de grupo os clientes fazem parte das contingências o terapeuta deverá estar muito atento para que esta correspondência ocorra evitando possíveis respostas de esquiva ou de agressividade entre os clientes. T: Olá pessoal, como foi a semana de vocês? D: (mulher, 58 anos): Eu pensei muito no que a gente conversou aqui, sobre eu colocar limites para o meu filho e… S: (homem de 54 anos): (interrompendo D. e falando alto) Já sei, já sei, mais uma vez você ficou só pensando e não fez nada e, como sempre, depois ficou p… com você mesmo. D: Não, dessa vez foi diferente, mas não quero falar mais nada… Fale você V. (virando para outra cliente), como foi sua semana? T: Espere um pouquinho D. Quero saber o que foi diferente dessa vez. Parece-me que você ia falar sobre algo… quando S. a interrompeu e eu estou interessada em ouvir você. Neste trecho da sessão observa-se que quando D. começa a fazer a descrição de uma contingência de sua relação com o filho, o outro cliente S. parece punir sua verbalização, o que se observa por sua resposta de esquiva. O terapeuta procura impedir que a cliente se esquive demonstrando seu interesse. A história de aprendizagem que ocorre nessa interação é uma variável de mudança. Em outras palavras, quando os clientes identificam o grupo terapêutico como uma situação em que são cuidados e apoiados, eles começam a revelar informações, sentem-se protegidos, confiam no terapeuta e nos outros participantes e identificam este relacionamento como especial, diferente do que tem com outras pessoas. As respostas adquiridas e reforçadas nessa interação freqüentemente se generalizam para outros ambientes ficando sob controle de contingências naturais. Em resumo, pode-se entender a coesão do grupo como resultado da densidade de reforçamento ou o valor reforçador de um membro para o outro, dos terapeutas e das atividades do grupo para os participantes. A transcrição abaixo descreve um trecho da primeira sessão de um grupo de terapia durante a apresentação dos clientes: M. (Mulher, 63 anos) relata: “Sou M. Tenho 63 anos e meu problema é com minhas filhas. Fico extremamente nervosa com o egoísmo delas, que só me procuram quando querem alguma coisa.” T: “Acho que você é corajosa, pois foi a primeira a falar e relatou sua dificuldade.”T mostra empatia e reforça a revelação. F: (Homem, 26 anos): “Eu já fiz terapia individual e agora quero me organizar em relação ao trabalho e quero também falar do meu casamento que vai acontecer daqui há 6 meses e eu acho que teremos problemas conjugais.” T: “Oba, temos um noivo aqui… Em que você trabalha mesmo? Eu já sei, porque já nos falamos, mas conte para os outros.” (Terapeuta dá atenção e solicita informação para o grupo) F: “Informática, mas como lhe falei quero mudar de área…” T: “O F. quer se organizar pois acha que perde tempo em seu trabalho e que poderia render mais” (T explica.) T: “E você G., não quer se apresentar?” (dirigindo-se à outra cliente que estava se mechendo muito na cadeira). G: (Mulher, 24 anos): “Como já lhe falei, tenho um namorado com quem vivo brigando, mas não posso viver sem ele… Sou filha única de pais bem velhos e caretas… eles implicam comigo…” T: “É, a gente já conversou mesmo. Não pode viver sem o namorado , mas também não pode ficar sem brigar, não é G? Não sei se você concorda, mas parece que você se esforça para se dar bem com ele, mas parece também que há algo que sempre atrapalha vocês. Vamos descobrir o que é para poder mudar… Quero, agora, chamar a atenção de vocês para o fato de termos aqui alguém que fala de como é ser uma filha, a G. e também uma mãe, a M. Vai ser bom podermos observar os 2 pontos de vista.”(O terapeuta reforça a verbalização e traça uma relação entre as 2 clientes). A forma com que o terapeuta verbaliza suas análises pode ter um efeito importante. Ao usar comportamento verbal do tipo autoclítico, por exemplo, ao empregar expressões como: “Não sei se você concorda com o que eu penso.”ou “Parece que você está me falando que…”o terapeuta pode diminuir possíveis impactos aversivos de sua verbalização e aumentar a receptividade do cliente, dando condições para que ele concorde ou não. Modelação e Ensaio Comportamental O trecho abaixo, transcrito de uma sessão de grupo, pode ser tomado como um exemplo de aprendizagem por observação de modelo. J: (entregando uma pasta para o T) “Trouxe uns textos que escrevi e que gostaria de transformar em um livro algum dia.” T: “Que legal! Você quer que eu leia aqui ou prefere que eu leia sozinha depois? (T dá atenção e investiga, respeitando o direito do cliente à privacidade). J: “Não, pode ler para todo mundo.” O terapeuta lê o texto para o grupo e em seguida diz: T: “Gostei de você ter trazido. Gostei também de ler, porque assim conheci melhor você.Percebo que você é muito sensível, entretanto acho que é hora de parar de pensar no passado onde ocorreram muitas coisas ruins, e pensar nas suas conquistas pessoais e nas coisas que você quer conseguir daqui para frente.” Na sessão seguinte, uma outra cliente, R diz ao terapeuta: R: “Eu trouxe um CD que tem uma música que é muito importante para mim e expressa o que eu realmente gostaria de conseguir…” T: “Ótimo… então eu vou pegar o aparelho de som para nós ouvirmos”. Essa interação parece indicar que a cliente R imitou o comportamento que observou ser reforçado no cliente J, isto é, trazer algo da sua vida para o grupo. Além disso, ela parece ter aprendido a instrução do terapeuta: “olhar daqui para frente.”