AU TO RA L UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES TO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PE LA LE I DE DI R EI PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O CASO WALMART FERNANDA FERREIRA ALVES DO CU M EN TO PR OT EG ID O SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: Prof. Orientador: Prof: Mario Luiz Trindade Rocha RIO DE JANEIRO 2013 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL: O CASO WALMART FERNANDA FERREIRA ALVES Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Gestão Estratégica da Qualidade Orientador: Prof. Mario Luiz Trindade Rocha RIO DE JANEIRO 2013 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar à DEUS por ser a base das minhas conquistas; Aos meus pais Edson e Ana Maria, por acreditar e terem interesse em minhas escolhas, apoiando-me e esforçando-se junto a mim, para que eu suprisse todas elas; À professora Glória, pela dedicação em suas orientações prestadas na elaboração deste trabalho, me incentivando e colaborando no desenvolvimento de minhas idéias; DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho à DEUS por ter me acompanhado nesta jornada RESUMO Este trabalho apresenta um estudo sobre o tema da sustentabilidade empresarial, com fundamento na revisão da literatura sobre o tema, do ponto de vida pragmático, comentando sobre ações e práticas existentes e recomendadas. Nesse sentido se examina a norma Iso 14001 que traz importantes recomendações sobre o meio ambiente e sobre o funcionamento empresarial. A partir dessa leitura se examina o caso da Walmart Corporate uma das maiores redes de empresas do mundo, com um contingente de 1,9 milhões de funcionários e 7.200 lojas em todo o mundo. Apresentaram-se dados sobre o projeto grandioso da Walmart e se conclui que esta empresa se encontra na ponta em termos de desempenho sustentável. METODOLOGIA Todo o material com o qual se trabalha está contido em fontes bibliográficas, como livros, revistas especializadas, artigos publicados, trabalhos acadêmicos, e outras fontes da mesma natureza. Utiliza-se para busca de informações seguras o site da própria empresa Walmart. O tipo de pesquisa adotada é descritivo. A pesquisa do tipo descritiva tem como objetivo primordial à descrição das características de determinado fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis (GIL, 1999). O método de análise é fenomenológico, dado que se entende que sustentabilidade se configura como o fenômeno estudado. O método fenomenológico não é dedutivo nem empírico, consiste em mostrar o que é dado e em esclarecê-lo. Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está presente à consciência, o objeto. A fenomenologia ressalta a ideia de que o mundo é criado pela consciência, o que implica no reconhecimento da importância do sujeito em todo o processo da construção do conhecimento (GIL, 1999). SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 7 METODOLOGIA ................................................................................................... 9 CAPÍTULO I. A SUSTENTABILIDADE: CONCEITO E DOCUMENTOS INTERNACIONAIS ............................................................................................... 10 1.1. Documentos Internacionais sobre o desenvolvimento sustentável ....... 11 1.2. Desenvolvimento sustentável e justiça...................................................... 21 CAPÍTULO II. PRINCIPAIS CONCEITOS RELACIONADOS À SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL ............................................................... 27 2.1. Stackholders................................................................................................. 27 2.2. Responsabilidade Social Ambiental ........................................................... 27 CAPÍTULO III. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA EMPRESA WALMART............................................................................................................ 34 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 41 REFERENCIAS .................................................................................................... 42 8 INTRODUÇÃO A experiência empresarial atualmente tem modificado alguns paradigmas que formavam certo modelo de atuação empresarial em relação ao ambiente social e negocial. Empresas que até pouco tempo não conheciam os problemas do meio ambiente tiveram que rever suas próprias posturas e sua posição em relação ao tema para que pudessem continuar a ser competitivas. Governos e empresas privadas vêm se encaminhado desde o inicio dos anos 90 para a mudança paradigmática exigida pela globalização dos mercados mundiais. Os processos envolvidos nessa mudança tentam “modernizar” as referências que se tem do mundo, e o sentido maior da globalização se tornou: mudar o mundo pela estratégia de reuni-lo em torno de si mesmo. Ao mesmo tempo em que a globalização é o mais atual paradigma, esse é também paradoxal, na medida em que os processos que tem origem no seu interior, na sua proposta de inclusão global, são processos de exclusão que atingiram não apenas o remodelamento das empresas - em especial os trabalhadores -, mas promoveram mudanças sociais brutais para as quais a maioria das sociedades não possui meios ou instrumentos de defesa. Sabe-se que a sustentabilidade empresarial é composta de ações que as organizações realizam, tais ações procuram visar à redução de impactos ambientais; a promoção de programas sociais e a permanência de se manter economicamente viável no mercado. Observa-se que há o compromisso com a sustentabilidade quando, concomitantemente, há ações nas dimensões ambientais, sociais e econômicas. Diante deste contexto a organização Walmart tem investido fortemente na sustentabilidade empresarial, quando a partir de 2005 começou a disseminar o conceito e aplicabilidade da sustentabilidade na cultura organizacional da empresa. 9 O tema escolhido está na relação entre a sustentabilidade ambiental e a empresarial. Assim, importa essencialmente destacar o estudo do caso Walmart como meio de compreender a responsabilidade empresarial e sua articulação com a questão do meio ambiente. O objetivo principal deste trabalho é o de estudar o caso Walmart e relacionar as ações desta empresa à questão da sustentabilidade ambiental e da responsabilidade social das empresas. Será realizada uma pesquisa sobre a empresa Walmart, destacando o seu processo de investimento sobre as ações de sustentabilidade da empresa. O primeiro capítulo trata da metodologia do trabalho. O segundo trata dos conceitos que estão relacionados a sustentabilidade empresarial, como o de stackholders e de Responsabilidade Social Ambiental das empresas. No terceiro capitulo estão apresentadas as ações da Walmart em direção a sustentabilidade. 10 CAPÍTULO I. A SUSTENTABILIDADE: CONCEITO E DOCUMENTOS INTERNACIONAIS A Organização das Nações Unidas (ONU) conceitua o termo ao nível dos Estados que a compõem, e para a ONU o termo tem implicações para as gerações futuras, pois o desenvolvimento sustentável seria aquele que visa o bem estar dessas gerações. (COSTA, 2007). O entendimento da ONU supõe que sejam não apenas evitados certos custos sociais e ambientais, como também que sejam investidos esforços financeiros, científicos, políticos, sociais e negociais no trato com os problemas acarretados pelo desenvolvimento industrial, urbano, tecnológico, e outras formas que criam obstáculos ou geram danos ambientais. O conceito, portanto, é um principio essencial à compreensão das ações que são desenvolvidas no âmbito dos programas e projetos de Sustentabilidade. O conceito distingue as teses sobre os problemas gerados pelo desenvolvimento e ainda as práticas que são desenvolvidas. E, nesse sentido, a questão de Klaus é pertinente, pois se observa que há uma espécie de “boom” de práticas para o desenvolvimento sustentável que estão em descompasso com os problemas aos quais se dirigem. Bosselmann (2008) questiona a ideia e a terminologia de ‘desenvolvimento sustentável’ que surgiu a partir de Robert Prescott-Allen e que transforma o termo em uma ‘nova ética’. O conceito cunhado a partir daí informa que o desenvolvimento sustentável deve atender as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem também suas necessidades. 11 Esta versão para Bosselmann (2008), embora muito popular, estaria errada e não é suficiente para preservar a integridade ecológica da Terra, pois não se deve confundir a integração de politicas econômicas, sociais e ambientais com desenvolvimento sustentável. Embora a integração de políticas seja um passo importante para se alcançar esse desenvolvimento, ela seria apenas o primeiro passo. 1 No limite o desenvolvimento sustentável introduz um novo processo econômico que leva em conta os interesses presentes e os futuros e tenta evitar o esgotamento dos recursos naturais. 1.1. Documentos Internacionais sobre o desenvolvimento sustentável. Em 2002 aconteceu no Rio de Janeiro a denominada ECO-92 (Convenção sobre as Mudanças Climáticas) que foi a Convenção inicial sobre o problema do desenvolvimento sustentável, de onde se retirou um conjunto de propostas para a indústria em relação à emissão de gases de dióxido de carbono. A partir desse ponto surgiram vários documentos internacionais sobre o tema do desenvolvimento sustentável, entre os quais se devem citar o Relatório Brundtland, a Agenda 212, o Protocolo de Montreal e o mais importante deles o Protocolo de Kyoto. 1 This so-called weak version of sustainability is popular among governments and business, but profoundly wrong and not even weak as there is no alternative to preserving the Earth’s ecological integrity. We can accept or dispute this insight, but should not confuse mere integration of economic, social and environmental policies with sustainable development. Integrating policies is an important step towards it, but only the first step. (Klaus, obra cit. p. 3) 2 A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida por ECO-92. Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas. (Retirado de Eco News, Rev Eletrônica, disponível no site:< http://www.ecolnews.com.br/agenda21/index.htm> Acesso em 01 jul. 2013. 12 Publicado em 1987, o Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, é considerado o documento de base que introduziu a ideia de sustentabilidade ligada ao desenvolvimento. A Comissão está inserida nas iniciativas da Agenda 21 Neste documento sustentável se define todo desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades atuais da sociedade que não comprometa a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias. (AGENDA 21, 2013). No entanto, antes mesmo do inicio dos anos 1980 já se desenhava a preocupação de vários países com questões relativas ao ambiente e ao uso dos recursos naturais. Segundo a diretiva adotada na Agenda 21, os países industrializados e as nações em desenvolvimento têm que se voltar para os riscos do uso irresponsável dos recursos naturais, e por uso irresponsável se entende a superação da capacidade dos ecossistemas de suportar a demanda. Na ideia de suportabilidade está contida, então, a demanda por um equilíbrio entre os padrões de produção e consumo e a existência de um limite desse uso e consumo no que respeita aos recursos naturais e ambientais. Consequentemente, diz respeito à questão do desenvolvimento industrial em primeira mão; e a partir daí o conceito migrou para o próprio modo de funcionamento das empresas e para o ambiente interno e externo dessas organizações, como reflexo das novas pautas de conduta empresarial impostas pela legislação e pelas normas existentes em acordos e tratados internacionais de proteção ambiental. A Agenda 21 significa o desejo de se verem implantadas medidas sociais visando primeiramente às minorias (indígenas, ribeirinhos, jovens, mulheres, entre outros). Além disso, também sinaliza a preservação dos oceanos e da atmosfera como imprescindíveis. 13 A Carta da Terra é um documento que sustenta princípios éticos para o desenvolvimento sustentável, visando a paz, segurança, justiça social e ecológica, direitos humanos e por fim a democracia. (BOSSELMANN, 2009). Na Rio+10, realizada em Johannesburgo, se tornou possível o Plano de Implementação da Agenda 21 e ainda se aprovou a Delgaçarão política da Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável, cujo objetivo foi o de anistiar as dívidas dos países pobres em função da desigualdade que provocam os esforços para pagamento das dívidas com bancos estrangeiros e organismos como o Banco Mundial. Esta medida acreditava-se á época que possibilitaria a organização de projetos de desenvolvimento sustentável nos países mais pobres. A Convenção-Quadro é um desdobramento sob a forma de tratado da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em 3-4 de junho de 1992, também conhecida nacionalmente como Eco-92 ou Cimeira da Terra; e cujo objetivo principal foi o de promover um encontro internacional para discutir sobre a coordenação de ações para equilibrar o desenvolvimento com a proteção aos ecossistemas. A CNUMAD consagrou o termo “desenvolvimento sustentável”, criado em 1983 na ONU, como uma chamada para a essencialidade da atenção às possibilidades de preservar, manter e ampliar os recursos naturais que possibilitam a vida na terra. A motivação da Convenção está no reconhecimento de que a mudança do clima produz efeitos negativos que são comuns a toda a humanidade; e sua principal preocupação foi com a ação humana sobre o clima que vêm sistematicamente aumentando as concentrações de gases de efeito estufa que intensificam esse efeito natural e dão origem ao aquecimento da superfície e da atmosfera agindo negativamente em relação aos ecossistemas naturais e aos seres humanos. Segundo a CNUMAD a maior parte das emissões de gases de efeito estufa se origina no desenvolvimento dos países, mas que são “modelos” de 14 desenvolvimento que vem sendo seguido pelos países em desenvolvimento, o que preocupa sobremaneira em relação ao acúmulo de gases na atmosfera. A CNUMAD reconheceu a importância de se respeitarem os princípios de convivência internacional que informam sobre o direito dos Estados soberanos de explorarem seus próprios recursos de acordo com as determinações internas de suas políticas ambientais e de desenvolvimento. No entanto, se tornou ponto pacífico que a falta de controle ou a imprevidência no trato dessas questões são questões que afetam também aos demais países. O Protocolo de Montreal trata-se de um documento, criado em 1985, no contexto da Convenção de Viena para Proteção da Camada de Ozônio, que estabeleceu os princípios de obrigações comuns aos Estados; e no qual se estabeleceu que os países desenvolvidos, que tiveram em sua história maior consumo de Substâncias que destroem a camada de Ozônio – SDO, devem contribuir financeiramente para a implementação de medidas para eliminação dessas substâncias naqueles países em desenvolvimento. As metas estabelecidas pelo Protocolo são as seguintes: Substância CFC Halon CTC Brometo de Metila Meta de redução (%) Ano 50 2005 85 2007 100 2010 50 2005 100 2010 85 2005 100 2010 20 2005 100 2015 Fonte: Brasil/MBA, 2012, Protocolo de Montreal. Até 2010 no Brasil já se cumpriram as metas para os anos de 2005 e 2007, e as demais se encontravam em andamento, fruto do trabalho para eliminação da produção e redução do consumo de SDO’s através da cessação 15 de uso de algumas substâncias e da substituição de outras por tecnologias alternativas. (BRASIL/MMA, 2012). Segundo o MMA em 1990 foi criado o Fundo Multilateral para Implementação do Protocolo de Montreal – FML que é mantido por países desenvolvidos para apoio de projetos que são realizados em colaboração com agências internacionais como a PNUD, PNUMA, Unido, BIRD e GTZ. O Fundo é administrado por um Comitê-Executivo, e abastecido por países desenvolvidos. Os projetos que apoia são implementados em inúmeros países com a colaboração de agências internacionais como PNUD, PNUMA, Unido, BIRD e GTZ. O Brasil recebe aportes do FML desde 1993 para promover mudanças em processos industriais com ênfase no uso de tecnologias livres de SDO’s. Desde então, mais de 200 projetos de conversão industrial foram aprovados para os setores de refrigeração comercial e doméstica, espumas e solventes. (BRASIL/MMA, s.p). Segundo o MMA a estimativa é que em 2075 os níveis de ozônio na Antártica retornem ao mesmo patamar de 1980. Para o Ministério as ações globais representaram o impedimento da destruição da camada de ozônio que teria crescido 50% no Hemisfério Norte e 70% no Hemisfério Sul caso não fossem tomadas as providências que já garantiram esse resultado. O Protocolo de Quito deve se entendido como um documento onde se registram as decisões tomadas em Assembleia pelos países signatários, ou seja, um conjunto de medidas que visa controlar e reduzir a emissão de gasesestufa. O objetivo é, portanto, o de garantir um acordo internacional que visa a reduzir a emissão de gases na atmosfera por parte dos países signatários, especialmente dos países industrializados; e, além disso, o Protocolo de Quito também criou a ideia de desenvolvimento com menor impacto sobre o planeta e sobre a vida das populações. Logo no primeiro parágrafo da Introdução do Protocolo deixa-se claro que a adoção das decisões sobre a mudança de clima em 1992, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima, se devia à compreensão de que essa mudança poderia ser propulsora de ações mais 16 enérgicas sobre o futuro. As metas para redução de gases foram ali decididas para os anos seguintes, e foi efetivamente implantado o Protocolo em 1997, na cidade de Quioto, no Japão. Nesse primeiro momento participaram das reuniões 84 países, e atualmente já conta o Protocolo de Quioto com 172 países ratificantes, 01 país com intenção de ratificar (Cazaquistão) conforme o Anexo 1. O Protocolo tem 28 artigos. O primeiro artigo define quais descritores se aplicam ao Protocolo e que são originalmente pertencentes à ConvençãoQuadro sobre mudança do clima. No artigo 2º encontram-se as medidas para implementação e complementação da política adotada e das circunstâncias nacionais que devem ser mudadas. Este artigo se refere aos países que são os mais visados pelo Protocolo, que são os países em vias de industrialização. O artigo 3º define os compromissos assumidos em relação a limitação e redução de emissão de gases estufa, devendo assegurar que emissões antrópicas agregadas não excedam sua quantidade que foi atribuída e calculada em razão dos compromissos assumidos.3 O artigo 4º trata da efetivação das decisões tomadas em conjunto. O critério para se saber se a parte cumpriu é avaliar se reduziu a emissão e chegou ao total combinado de emissões antrópicas agregadas, expressas em dióxido de carbono equivalente, dos fases de efeito estufa. O artigo ainda possibilidade a ataca conjunta de países regionalmente ligados por integração econômica que podem alterar a composição, mas somente serão válidos apos o período subsequente ao do cumprimento das metas do artigo 3º. No artigo 5º encontram-se as questões de metodologia para cumprimento do acordo. O primeiro dispositivo indica o período máximo de um ano antes do primeiro período de compromisso para estabelecimento de um sistema nacional de estimativa das emissões antrópicas por fontes e das remoções antrópicas por sumidouros de todos os gases de efeito estufa não 3 Veja-se Anexo II deste trabalho. 17 controlados pelo Protocolo de Montreal. A metodologia propriamente dita foi descrita no item 2, do referido artigo, a saber: Protocolo de Montreal, Art. 5º. 2. As metodologias para a estimativa das emissões antrópicas por fontes e das remoções antrópicas por sumidouros de todos os gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal devem ser as aceitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima e acordadas pela Conferência das Partes em sua terceira sessão. Onde não forem utilizadas tais metodologias, ajustes adequados devem ser feitos de acordo com as metodologias acordadas pela Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo em sua primeira sessão. Com base no trabalho inter alia do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima,; e no assessoramento prestado pelo Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico, a Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo deve rever periodicamente e, conforme o caso, revisar tais metodologias e ajustes, levando plenamente em conta qualquer decisão pertinente da Conferência das Partes. Qualquer revisão das metodologias ou ajustes deve ser utilizada somente com o propósito de garantir o cumprimento dos compromissos previstos no Artigo 3 com relação a qualquer período de compromisso adotado posteriormente a essa revisão. No item 3 encontra-se ainda a metodologia para cálculo da equivalência em dióxido de carbono das emissões antrópicas por fontes e das remoções antrópicas por sumidouros dos gases de efeito estufa que foram listados.4 No artigo 7º se dispõe sobre a comunicação de informações que deve ser incorporada ao inventário anual do país sobre emissões antrópicas por fontes e remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal. As informações submetidas devem ser aquelas já mencionadas, e o primeiro inventário foi apresentado logo no primeiro ano após o inicio da vigência do Protocolo. As preparações desses inventários são também parte dos trabalhos de comissões ligadas ao funcionamento do Protocolo de Quioto. 4 Idem, Anexo A. Veja-se o anexo 3 deste trabalho. 18 A Conferência das Partes deve submeter às Partes os inventários do artigo 7º e relatórios de revisão dos especialistas sobre essas informações e propor questões de implementação fornecidas pelo Secretariado em conformidade com o parágrafo 3º do artigo 8º. O artigo 10º define a promoção da adoção dos compromissos e sua continuidade, prevendo que a política dos países deve ter em consideração: (a) Formular, quando apropriado e na medida do possível, programas nacionais e, conforme o caso, regionais adequados, eficazes em relação aos custos, para melhorar a qualidade dos fatores de emissão, dados de atividade e/ou modelos locais que reflitam as condições socioeconômicas de cada Parte para a preparação e atualização periódica de inventários nacionais de emissões antrópicas por fontes e remoções antrópicas por sumidouros de todos os gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal, empregando metodologias comparáveis a serem acordadas pela Conferência das Partes e consistentes com as diretrizes para a preparação de comunicações nacionais adotadas pela Conferência das Partes; (b) Formular, programar, publicar e atualizar regularmente programas nacionais e, conforme o caso, regionais, que contenham medidas para mitigar a mudança do clima bem como medidas para facilitar uma adaptação adequada à mudança do clima: (i) Tais programas envolveriam, entre outros, os setores de energia, transporte e indústria, bem como os de agricultura, florestas e tratamento de resíduos. Além disso, tecnologias e métodos de adaptação para aperfeiçoar o planejamento espacial melhorariam a adaptação à mudança do clima; e (ii) As Partes incluídas no Anexo I devem submeter informações sobre ações no âmbito deste Protocolo, incluindo programas nacionais, em conformidade com o Artigo 7; e as outras Partes devem buscar incluir em suas comunicações nacionais, conforme o caso, informações sobre programas que contenham medidas que a Parte acredite contribuir para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos adversos, incluindo a redução dos aumentos das emissões de gases de efeito estufa e aumento dos sumidouros e remoções, capacitação e medidas de adaptação; 19 (c) Cooperar na promoção de modalidades efetivas para o desenvolvimento, a aplicação e a difusão, e tomar todas as medidas possíveis para promover, facilitar e financiar, conforme o caso, a transferência ou o acesso a tecnologias, know-how, práticas e processos ambientalmente seguros relativos à mudança do clima, em particular para os países em desenvolvimento, incluindo a formulação de políticas e programas para a transferência efetiva de tecnologias ambientalmente seguras que sejam de propriedade pública ou de domínio público e a criação, no setor privado, de um ambiente propício para promover e melhorar a transferência de tecnologias ambientalmente seguras e o acesso a elas; (d) Cooperar nas pesquisas científicas e técnicas e promover a manutenção e o desenvolvimento de sistemas de observação sistemática e o desenvolvimento de arquivos de dados para reduzir as incertezas relacionadas ao sistema climático, os efeitos adversos da mudança do clima e as consequências econômicas e sociais das várias estratégias de resposta e promover o desenvolvimento e o fortalecimento da capacidade e dos recursos endógenos para participar dos esforços, programas e redes internacionais e intergovernamentais de pesquisa e observação sistemática, levando em conta o Artigo 5 da Convenção; (e) Cooperar e promover em nível internacional e, conforme o caso, por meio de organismos existentes, a elaboração e a execução de programas de educação e treinamento, incluindo o fortalecimento da capacitação nacional, em particular a capacitação humana e institucional e o intercâmbio ou cessão de pessoal para treinar especialistas nessas áreas, em particular para os países em desenvolvimento, e facilitar em nível nacional a conscientização pública e o acesso público a informações sobre a mudança do clima. Modalidades adequadas devem ser desenvolvidas para implementar essas atividades por meio dos órgãos apropriados da Convenção, levando em conta o Artigo 6 da Convenção; (f) Incluir em suas comunicações nacionais informações sobre programas e atividades empreendidos em conformidade com este Artigo de acordo com as decisões pertinentes da Conferência das Partes; e 20 (g) Levar plenamente em conta, na assunção dos compromissos previstos neste Artigo, o Artigo 4º, parágrafo 6º, da Convenção. (que determina que cada Estado-membro da organização regional de integração econômica individual e conjuntamente quando não atinge o nível de emissões em conformidade deve procurar realizar conjuntamente). No artigo 11º se encontra o mecanismo financeiro por meio da entidade encarregada da operação do mecanismo financeiro deve prover de novos recursos ou adicionais os custos das partes em desenvolvimento acordados para avançar a implementação dos compromissos assumidos. Além de recursos também está prevista também a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento. O artigo 12º define o Mecanismo de desenvolvimento limpo. A este respeito o desenvolvimento significa que as partes não incluídas como países em transição para o mercado irão se beneficiar das reduções certificadas de emissões; e, ainda, que esses países podem utilizar as reduções certificadas de emissões para contribuir com o cumprimento de parte de seus compromissos quantificados de limitação e redução de emissão. determinado pela Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo. O artigo 17º dispõe sobre o comércio de emissões enunciando princípios, regras e diretrizes que devem ser elaboradas pela Conferência das Partes. Em particular para verificação, elaboração de relatórios e prestação de contas do comércio de emissões. Esse comércio, entretanto, deve ser suplementar às ações domésticas para cumprimento do acordo. O artigo 18º indica o dever da Conferência das partes de aprovar os procedimentos e mecanismos adequados e eficazes para determinar e tratar os casos de não cumprimento do Protocolo. Deve ainda ser listada a consequência ou as consequências desse não cumprimento, considerando ainda o grau e a frequência do não cumprimento. O artigo 23º define que o Depositário do Protocolo é o Secretário-Geral das Nações Unidas, e no artigo 24º se define que o Protocolo ficará aberto para assinatura, aceitação ou aprovação dos Estados e organizações regionais 21 de integração econômica até 15 de março de 1999; podendo ser ratificada, aceita, aprovada ou ainda ter a adesão das organizações regionais de integração econômica com declaração do âmbito de suas competências mediante informação ao Depositário de modificações substanciais no âmbito de suas competências. Assim, o Protocolo de Quioto não apenas implantou medidas para redução dos gases-estufa como ainda estabeleceu critérios para substituição de produtos derivados do petróleo por outros que geram menor impacto. Em 2001, entretanto, em função das medidas de contenção do uso do petróleo e seus derivados, os Estados Unidos se desligou do Protocolo em 2001, sob o fundamento de que o desenvolvimento do país restaria prejudicado. 1.2. Desenvolvimento sustentável e justiça A percepção de Bosselmann (2008) indica que ele parte de um principio em que a sustentabilidade está contida em um eixo histórico, conceitual e ético que se fundamenta na lei. Assim, da mesma maneira que o tema dos Direitos Humanos, a Sustentabilidade precisa ser redefinida em termos legais para que ela possa informar um sistema legal e não apenas leis especiais sobre os danos ao meio ambiente no contexto doméstico. A visão de Bosselmann (2008) se coloca em uma perspectiva em que a lei internacional e a lei local não podem ser antagônicas. Embora a separação entre as diferentes esferas de controle seja uma realidade a ser considerada,; o conceito não pode ser tomado de maneira diferente por se aplicar a um contexto local ou a um contexto internacional. 22 Dada a diversidade de tradições culturais e às vezes as rivalidades entre eles, o princípio dos direitos humanos universalmente aceitos é, na melhor das hipóteses, apenas emergente. O meio ambiente, por outro lado, é global por natureza e as funções dos sistemas ecológicos da Terra são sentidos em todos os lugares para além de qualquer identidade cultural. O meio ambiente é o grande unificador da humanidade, pelo menos no sentido de uma preocupação partilhada. Proteção ambiental e, de fato, o princípio da sustentabilidade, são um desafio verdadeiramente global. (Tradução própria). (BOSSELMANN, 2008, p. 3) 5 O termo, segundo Bosselmann (2008) no seu inicio foi um termo legal empregado para definir desenvolvimento sustentável e deve ser considerado para que se possa entender o que atualmente significa. O termo empregado no inicio para se referir a essencialidade de elementos como a água que se utiliza, o ar que se respira, as sementes que alimentam está ligado de forma umbilical à sobrevivência. Trata-se de uma regra básica para suportar as condições da existência. Mas o termo não indicava apenas essa visão simples. Ele também estava ligado a justiça. A justiça refletia então valores e princípios sem os quais a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável careceriam de um discurso que se tivesse como ético. O termo sustentabilidade era então uma resposta para o termo justiça social. Esses termos passaram a invocar situações humanas semelhantes ligadas a carência e a escassez, a desigualdade e a injustiça na distribuição dos bens essenciais. A ausência de justiça, então passou a demandar aspectos da sustentabilidade. (BOSSELMANN, 2008). Mas a justiça é um termo muito apropriado, segundo Bosselmann (2008) para se entender o conceito de sustentabilidade dado que as distâncias estão desaparecendo. No entanto, a sustentabilidade perceber com rapidez semelhante como percebemos a justiça é inteiramente apropriado, precisamente porque as distâncias estão 5 Given the diversity of cultural traditions and sometimes rivalries between them, the principle of universally accepted human rights is, at best, only emerging. The environment, on the other hand, is global by nature and the functions of the Earth’s ecological systems are felt everywhere beyond any cultural identity. The environment is the great unifier of humanity, at least in the sense of a shared concern. Environmental protection and, in fact, the principle of sustainability, are a truly global challenge. To this end, the book makes a contribution to a theory of global law. 23 desaparecendo. O mundo se tornou um lugar pequeno e para o futuro já está aqui. A mudança climática é um exemplo disso. Durante muito tempo, o impacto das mudanças climáticas apareceu como possibilidades distantes. Isto já não é o caso. Agora, a mudança climática faz manchetes em uma base diária. Desde Verdade Inconveniente de Al Gore, o relatório de Nicholas Stern sobre os custos económicos do aquecimento global e aceitação da mudança climática de George W. Bush como um "problema sério" os meios de comunicação têm firmemente abraçado a mudança climática como a questão mais premente do nosso tempo. (BOSSELMANN, 2008, p. 10). 6 Segundo Jared Diamond (apud Bosselmann, 2008) haveria cinco fatores responsáveis pelos problemas ambientais: as mudanças climáticas, vizinhos hostis, parceiros comerciais, o próprio ambiente e a resposta da sociedade ao ambiente. Assim, Bosselmann (2008) contradiz a noção de desenvolvimento sustentável enquanto uma ideia de equilíbrio entre presente e futuro, dado que as necessidades das pessoas jamais iriam coincidir. Tampouco se pode fundamentar em um equilíbrio econômico, social ou ambiental. A ideia de desenvolvimento sustentável que se tinha na década de 1980 se assemelhava a ideia de sociedade equilibrada que se tinha antes da industrialização. Foi com o Relatório Brundtland em 1987 que o conceito foi tomado para definir o que os idealizadores do Relatório entendiam ser o desenvolvimento sustentável. Na sua origem se ligava a ideia de sustentabilidade ecológica, ou seja, a aplicação do princípio da sustentabilidade ao meio ambiente, tendo inclusive outras aplicações como ‘sustentabilidade econômica’, ‘sustentabilidade politica’, e outras. O engenheiro alemão Hans Carl von Carlowitz, nascido em 1645, na Saxônia, foi o autor do termo sustentabilidade (Nachhaltigkeit). Ele estudou 6 Yet, perceiving sustainability with a similar immediacy as we perceive justice is entirely appropriate, precisely because the distances are vanishing. The world has become a small place and the future is already here. Climate change is an example in point. For a long time, the impacts of climate change appeared as distant possibilities. This is no longer the case. Now, climate change makes headlines on a daily basis. Since Al Gore’s Inconvenient Truth, Nicholas Stern’s report on the economic costs of global warming and George Bush’s acceptance of climate change as a ‘serious problem’ the media have firmly embraced climate change as the most pressing issue of our time 24 literatura inglesa e francesa e por quarenta anos Carlowitz foi administrador de uma indústria de prata na Saxônia. Em 1714 ele publicou um livro que resumia sua experiência profissional, onde o tema era a o uso sustentável. Esta foi a primeira aparição do termo sustentabilidade /Nachhaltigkeit. Os capítulos anteriores a esta obra contem uma crítica do pequeno ganho florestal orientado para o cultivo cego de paisagens naturais. Carlowitz argumenta que a ignorância e ganância vão "arruinar" a floresta e levar a "um dano irreparável". Ele, portanto, exige a sustentabilidade como uma "coisa indispensável" para garantir a "existência do país continuou. Entre suas recomendações estão "as artes da economia madeireira" por meio da conservação de energia, isolamento, etc replantio sistemático de plantação de 'árvores silvestres”, e a busca de " substitutos "para madeira, como turfa e carvão marrom. (BOSSELMANN, 2008, p. 18). 7. Em essência, o trabalho de Carlowitz introduz o que na base do termo sustentabilidade pode ser compreendido. Mas a questão central continua sendo a relação entre sustentabilidade e justiça, integração da lei e demanda pelo desenvolvimento. Dez anos antes do Protocolo de Quioto, o Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, é considerado o documento de base que introduziu a ideia de sustentabilidade ligada ao desenvolvimento. A Comissão está inserida nas iniciativas da Agenda 21. 8 7 This was the first appearance of the term sustainability/ Nachhaltigkeit. The chapters preceding this appearance contain a critique of short-term gain-oriented forestry and of blind cultivation of natural landscapes. Carlowitz argues the ignorance and greed will “ruin” forestry and lead to “irreparable damage”. He therefore demands sustainability as an “indispensable thing” to ensure the continued ‘existence of the country’. Among his recommendations are ‘the arts of saving wood’ through energy conservation, insulation, etc. systematic regrowing a planting of ‘wild trees’, and the search for ‘surrogates’ for wood such as peat and brown coal. 8 A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro, também conhecida por ECO-92. 25 Neste documento sustentável é todo desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades atuais da sociedade que não comprometa a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias. No entanto, antes mesmo do inicio dos anos 1980 já se desenhava a preocupação de vários países com questões relativas ao ambiente e ao uso dos recursos naturais. Segundo a diretiva adotada na Agenda 21, os países industrializados e as nações em desenvolvimento têm que se voltar para os riscos do uso irresponsável dos recursos naturais, e por uso irresponsável se entende a superação da capacidade dos ecossistemas de suportar a demanda. Na ideia de suportabilidade está contida, então, a demanda por um equilíbrio entre os padrões de produção e consumo e a existência de um limite desse uso e consumo no que respeita aos recursos naturais e ambientais. Consequentemente, diz respeito à questão do desenvolvimento industrial em primeira mão; e a partir daí o conceito migrou para o próprio modo de funcionamento das empresas e para o ambiente interno e externo dessas organizações, como reflexo das novas pautas de conduta empresarial impostas pela legislação e pelas normas existentes em acordos e tratados internacionais de proteção ambiental. De acordo com o Relatório Brundtland várias medidas seriam essenciais para que os países promovessem o desenvolvimento sustentável. Estas medidas teriam que começar pela organização da sociedade e pelo equilíbrio entre população e recursos utilizáveis, conforme o seguinte enquadre: • Crescimento das populações – no âmbito internacional a orientação segue no sentido de limitar o crescimento com a adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento). Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas. (Retirado de EcolNews, Rev. Eletrônica, disponível no site:< http://www.ecolnews.com.br/agenda21/>. Acesso em 03 nov 2012. 26 • Garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo, através de medidas de proteção aos ecossistemas supranacionais como a Antártica, oceanos, etc., pela comunidade internacional. • Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas através do banimento dos conflitos armados. • Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis, através da implantação de programa de desenvolvimento sustentável pela ONU. • Aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas. • Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores. • Atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia). Observa-se que o conceito de sustentabilidade abrange aqui vários aspectos da vida humana, não apenas sua feição biológica. Pode-se assim afirmar então que, Sustentabilidade é um conceito multideterminado, cuja origem está ligada de modo estreito a experiência da vida humana no planeta. Os países em desenvolvimento ao realizarem acordos de cooperação têm uma vantagem a mais, na medida em que podem contar com o auxilio de outros naquilo que ainda está em estagio deficiente ou inicial, sem que, entretanto, tenha ferida ou quebrada sua autonomia estatal. Como a vida no mundo é uma experiência coletiva e organizada, a sociedade está implicada na sustentabilidade desde sua origem, de modo que o arcabouço operacional do conceito é coletivo e está vinculado ao uso racional e a preservação do mundo para as gerações futuras, isto é, à responsabilidade coletiva. O conceito de desenvolvimento sustentável se apresenta para o desenvolvimento social como uma nova forma de crescimento em equilíbrio com o meio ambiente; estendendo essa nova perspectiva a todos os níveis da organização social, para que seja formalizado um processo de identificação do impacto da produção das empresas no meio ambiente e, ainda, para que dessa 27 relação equilibrada resulte a execução de ações de produção e preservação ambiental, com uso de tecnologia adaptada.(MENEZES, 2011). 28 CAPÍTULO II. PRINCIPAIS CONCEITOS RELACIONADOS À SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL 2.1. Stackholders Diante da importância da sustentabilidade, uma empresa vista como responsável, é hoje fator de diferenciação competitiva, intuindo as organizações a avaliar os impactos culturais, sociais e ambientais de suas ações, e a disseminar valores éticos nos mercados onde atua e nos seus públicos ou stakeholders. Cabe ressaltar que stakeholders em uma organização é, por definição, qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela realização dos objetivos dessa empresa. Stakeholders inclui aqueles indivíduos, grupos e outras organizações que têm interesse nas ações de uma empresa e que têm habilidade para influenciá-la. 2.2. Responsabilidade Social Ambiental Diante da importância da sustentabilidade, uma empresa vista como responsável, é hoje fator de diferenciação competitiva, intuindo as organizações a avaliar os impactos culturais, sociais e ambientais de suas ações, e a disseminar valores éticos nos mercados onde atua e nos seus públicos ou stakeholders. Cabe ressaltar que stakeholders em uma organização é, por definição, qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela realização dos objetivos dessa empresa. Stakeholders inclui aqueles indivíduos, grupos e outras organizações que têm interesse nas ações de uma empresa e que têm habilidade para influenciá-la. 29 Os principais indicadores do nível de Responsabilidade Social assumida por uma empresa são os que se podem tomar como medida do cumprimento de posturas assumidas ou firmadas com outras organizações. O indicador do Instituto Ethos (ETHOS, 2004) vem medindo desde 2004 os temas relativos à Responsabilidade Social das empresas, priorizando os seguintes descritores: 1. Valores, Transparência e governança; 2. Público interno; 3. Meio ambiente; 4. Fornecedores; 5. Consumidores e clientes; 6. Comunidade; 7. Governo e Sociedade. Cada um dos descritos contém uma definição do que significam e os itens relativos ao conjunto de suas relações. Assim, o descritor “público interno”, por exemplo, inclui as seguintes relações: Quadro 1. Descritor do tema público interno (Ethos, 2004). Descritor Diálogo e participação Respeito ao indivíduo Trabalho decente Especificação do descritor Relações com sindicatos e gestão participativa Compromisso com o futuro das crianças e valorização da diversidade Política de remuneração, benefícios e carreira, cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho, compromisso com o desenvolvimento profissional e empregabilidade, comportamento frente a demissões e preparação para a aposentadoria. Fonte: Instituto Ethos, 2004. Quadro 2. Gerenciamento do Impacto Ambiental. Gerenciamento dos Impactos no Meio Ambiente e do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços. (Ethos, 2013). Descritor Compromisso com a melhoria da qualidade ambiental Educação e conscientização ambiental Gerenciamento do impacto no meio ambiente e no ciclo de vida dos produtos Sustentabilidade da Economia Exemplo de ação para o descritor Produz estudos de impacto ambiental segundo exigências da legislação e foca sua ação preventiva nos processos que oferecem dano potencial à saúde e risco à segurança de seus empregados. Desenvolve sistematicamente atividades de educação ambiental focadas no público interno, disponibilizando informações e promovendo discussões. Além de possuir sistema de gestão ambiental, produz estudos de impacto em toda a cadeia produtiva; desenvolve parceria com fornecedores visando a melhoria de seus processos de gestão ambiental e participa da destinação final dos produtos e processos pós-consumo. Os insumos madeireiros e florestais utilizados na operação 30 Florestal Minimização das entradas e saídas de materiais diária e/ou processo produtivo possuem certificação de origem e da cadeia de custódia Tem investido na atualização do seu padrão tecnológico, visando a redução e/ou a substituição de recursos de entrada e a reutilização de resíduos (pela própria empresa ou por terceiros). Fonte: Instituto Ethos, 2013. Assim, se consideram os impactos ambientais causados pelos processos de trabalho, fabricação ou comercialização de produtos e serviços, entrada e saída de materiais, utilização de matéria prima, trato com resíduos, trato com lixo, com sobras, entre outros processos. A sustentabilidade se define, segundo Costa (COSTA, 2007) principalmente em referencia ao que estabeleceu a Organização das Nações Unidas – ONU, que a conceitua como sendo o “desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras atenderem suas necessidades.” (COSTA, 1007, p. 69), implicando efeitos financeiros, sociais e ambientais dos negócios. Trata-se, conforme o autor, de um princípio essencial. Quanto à sustentabilidade social o conceito amplo que o distingue envolve teorias e práticas relativas à capacidade de cada país de promover o desenvolvimento econômico e social com distribuição equitativa de benefícios, manutenção de recursos e gestão pública participativa democrática. Segundo Costa (2007) “É pensar em uma região em longo prazo.”. (COSTA, 2007, p. 69). Sustentabilidade social corporativa pode ser utilizada para diferentes finalidades, mas se resume a uma licença social de operação, a uma “forma de internalizar positivamente as 'externalidades' (as pressões dos grupos sociais do ambiente no qual ela atua) [...]”. (COSTA, 2007, p. 70). No limite o desenvolvimento harmônico sustentável trata do processo econômico que, levando em conta os interesses das próximas gerações, procura preservar o planeta do esgotamento dos recursos necessários a sobrevivência de todos. 31 A legislação que se desenvolveu em torno da proteção ao meio ambiente tem crescido muito nos últimos anos. Essas leis têm repercussão na esfera da região em que são aplicáveis, mas já existem projetos no Congresso Nacional que alcançariam se aprovados uma legislação mais homogênea para o país. Além dessa legislação se conta hoje com vários acordos internacionais em relação ao meio ambiente, ao clima, aos recursos hídricos, as florestas, entre outros. Internamente as empresas e organizações também têm desenvolvido mecanismos como o ISO 14000 e sistemas de gestão ambiental. Um sistema de gestão ambiental é uma estrutura desenvolvida para que uma organização controle as consequências de suas atividades sobre o meio ambiente, de modo a desenvolver suas operações e negócios, com um mínimo de impacto negativo e o máximo de impacto positivo sobre o ambiente, ou seja, a busca do desenvolvimento harmônico sustentável. [6] Para que seja possível minimizar os aspectos negativos faz-se necessário a gestão do impacto, entendida como o conjunto de estratégias de longa duração cujos efeitos das operações de negócios possam atuar do modo mais benéfico possível ao meio ambiente. O Certificado ISSO 14000 (CERTI BRASIL, 2004) de um certificado que impõe requisitos para que as empresas gerenciem seus produtos e processos de modo harmônico para a sustentabilidade ambiental. Sua característica básica é impedir que a comunidade sofra com os resíduos gerados, e visa oferecer à sociedade seja benefícios em ampla escala. Assim, para que a empresa obtenha um certificado ISO 14000, ou melhor, certificado ISO 14001 é necessário que atenda as seguintes exigências: 1. Política ambiental - a empresa deve adotar uma política ambiental que represente seus produtos e serviços, divulgando-a ao publico interno e externo, além de práticas que reflitam o cumprimento das leis e o respeito ao continuo desempenho ambiental da empresa. 32 2. Aspectos ambientais - adotar procedimentos de identificação e administração e controle de resíduos decorrentes do fabrico ou processamento dos produtos, como emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos sólidos. 3. Exigências legais - empenhar-se em garantir a legislação pertinente a sua atividade, tê-las à disposição da direção da empresa e dar conhecimento aos funcionários para providenciar a documentação exigida para o cumprimento das determinações legais. 4. Objetivos e metas - estes precisam ser criados pela empresa de modo a estar adequada ao cumprimento da correta política ambiental. Apresentam-se como objetivos e metas alinhados aos aspectos exigidos, tanto ambientais, como de impacto no meio ambiente. 5. Programa de gestão ambiental - A organização deve ter um programa estruturado com responsáveis pela coordenação e implementação de ações que cumpram o que foi estabelecido na política ambiental e as exigências legais, que atinjam os objetivos e metas e que contemplem o desenvolvimento de novos produtos e novos processos. Este programa deve, inclusive, prever ações contingenciais, associadas aos riscos envolvidos e aos respectivos planos emergenciais. 6. Estrutura organizacional e responsabilidade - deve envolver todos os participantes da empresa, internos e externos, e integrar as funções através da descrição de cargos. A empresa deve possuir um organograma que demonstre que suas inter-relações estão bem definidas e comunicadas em toda a empresa. É fundamental que a direção mantenha um gerente à frente da Gestão Ambiental. 7. Conscientização e treinamento - Os participantes devem receber orientação e treinamento adequados às suas atribuições dentro da Gestão Ambiental. Uma boa política de conscientização adota parâmetros claros e meios de promover a reflexão sobre as tarefas pertinentes. O treinamento também deve levar em consideração todos os impactos ambientais reais ou potenciais associados as suas atividades de trabalho. 33 8. Comunicação - todos os meios e instrumentos que a empresa dispõe em termos de comunicação podem ser utilizados para manter atualizado um sistema de informações e conhecimento de fácil acesso. 9. Documentação do Sistema de Gestão Ambiental - É necessário que seja elaborado um Manual do Sistema de Gerenciamento Ambiental, onde se disponham sobre as exigências ambientais da empresa. 10. Controle de documentos - Recomenda a ISO 9000 que existam procedimentos para controle de todos os documentos, que devem ser assinados pelos responsáveis, e facilitado o acesso a este para todos os interessados. Da mesma forma os documentos devem ser atualizados, identificados, legíveis e adequadamente armazenados. Os documentos obsoletos não devem ser mantidos para evitar dúvidas em relação aos procedimentos. 11. Controle operacional - A organização precisa ter procedimentos para fazer inspeções e o controle dos aspectos ambientais, inclusive procedimentos para a manutenção e calibração dos equipamentos que fazem esse controle. 12. Situações de emergência - A empresa deve possuir procedimentos para prevenir, investigar e responder a situações de emergência. Também devem ter planos e funcionários treinados para atuar em situações de emergência. 13. Monitoramento e avaliação - A organização deve ter um programa para medir o desempenho ambiental através da inspeção das características de controle ambiental e calibração dos instrumentos de medição para que atendam aos objetivos e metas estabelecidos. 14. Não conformidade, ações corretivas e ações preventivas - A empresa deve definir responsáveis com autoridade para investigar as causas das não conformidades ambientais e tomar as devidas ações corretivas e preventivas. 15. Registros - A organização precisa arquivar todos os resultados de auditorias, análises críticas relativas às questões ambientais. O objetivo de ter esses registros é mostrar e provar, a quem quer que seja que a empresa possui um Sistema conforme o que é exigido pela norma. 34 16. Auditoria do Sistema da Gestão Ambiental - A organização precisa ter um programa de auditoria ambiental periódica e os resultados das auditorias devem ser documentados e apresentados à alta administração da empresa. 17. Análise crítica do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - Baseado nos resultados da auditoria do SGA, a organização deve fazer uma análise crítica do Sistema de Gestão Ambiental e as devidas alterações, para que atenda as exigências do mercado, clientes, fornecedores e aspectos legais, na busca da melhoria contínua. A manutenção do Certificado ISSO 14001 impõe à organização auditorias periódicas da autoridade certificadora, credenciada e reconhecida pelos organismos nacionais e internacionais. Seguir as regras e implantar os processos recomendados tem como primeiro efeito valorização dos produtos e serviços. O Certificado atesta que a empresa possui responsabilidade ambiental. É, portanto, exigível seguir as leis ambientais, treinar e qualificar os participantes da empresa para seguirem essas regras, serem capazes de avaliar impactos ambientais e o que os está causando e realizar diagnostico atualizado dos aspectos relacionados aos impactos de cada atividade desenvolvida na empresa. Deve-se fazer menção, ainda a Ecoeficiência que surge da necessidade de apresentar condições competitivas aos clientes, satisfazendo necessidades humanas e contribuindo com a qualidade de vida. (VINHA, 2003). 35 CAPÍTULO III. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA EMPRESA WALMART A ecologia do planeta não tem como responder à exaustão a que vem sendo exposta. O desmatamento descontrolado de vastas áreas verdes, a invasão da biosfera, o remanejamento indiscriminado de animais e plantas, a emissão de gases poluentes em quantidades nunca imaginadas, a caça e a pesca predatória, são alguns exemplos da ação do homem sobre o mundo. Como controlar a “destruição global” e ao mesmo tempo manter o ritmo do desenvolvimento? Esta é a questão de base para toda pesquisa que busca agora compreender Especificamente se o problema pretende da responder sustentabilidade a pergunta: O empresarial. que é o desenvolvimento sustentável para a empresa Walmart? A Walmart existe desde o inicio da década de 1960 nos Estados Unidos, e sua proposta já era a de oferecer preços mais vantajosos aos consumidores. [8] Tornou-se a maior rede de varejo do mundo, faturando mais de US$ 450 bilhões/ano, possui 7.200 lojas em quinze países e é o maior empregador do plante com 1,9 milhões de funcionários. (CARVALHO, s.d.). A proposta da rede Walmart (WALMART DO BRASIL, 2013) é grandiosa. A empresa tem desenvolvido, desde 2009, alguns sistemas internos de mediação e relatórios de sustentabilidade dos seus produtos com a finalidade de estabelecer um padrão de varejo global. A expectativa da empresa é que possa melhorar a sustentabilidade dos produtos, integrar a sustentabilidade ao negocio principal, reduzir custos, melhorar a qualidade do produto, criar uma cadeia de suprimentos mais eficiente, fortalecer a confiança do cliente na Walmart e as suas marcas com elevado padrão de qualidade e transparências nos seus negócios. (WALMART CORPORATE, 2013). 36 A Walmart já atuou até mesmo ao lado de concorrentes no The Sustainability Consortium (TSC) para estabelecer uma linguagem comum que pudesse envolver todos os varejistas, universidades e agências governamentais do mundo. Nessa mesma linha de raciocínio o trabalho conjunto com TSC poderá permitir aos clientes da rede uma maior transparência dos produtos que são comercializados e espera-se que essa clientela possa reunir também conhecimento sobre esses produtos que poderão ajudar a empresa a apurar seus mecanismos e instrumentos de qualidade. Na busca de sustentabilidade em parceria com outras empresas do ramo, a Walmart já empreendeu ações em todo o mundo, das quais se podem citar algumas. (WALMART CORPORATE, 2013). A fundação Walmart tornou-se parceira da Feeding America para doação de US$ 1 bilhão para organizações de apoio que trabalham a questão ambiental com comunidades locais ao redor do mundo. Além disso, se tornou o primeiro parceiro da Feeding America para doação de 1 bilhão de refeições, desde 2005. O Walmart optou por uma alimentação de energia renovável que responde atualmente por 21% da eletricidade utilizada em sua rede em todo o mundo. Essa ação fez do Walmart o maior gerador de energia verde dos Estados Unidos. A Fundação Walmart e a rede de hipermercados aumentou a área de treinamento, deu acesso ao mercado de trabalho e criou oportunidades de carreira para mais de 1 milhão de mulheres no mundo. Desde o ano passado as funcionárias têm direito a seis meses de licença-maternidade. Outro programa da área de Recursos Humanos é a contratação imediata de veteranos dispensados nos Estados Unidos, no seu primeiro ano fora da vida militar. Aumento da meta de fornecimento de frutas e vegetais frescos com incentivos de mais de US$ 2.300. 37 Criou ainda o Programa Pessoal de Sustentabilidade (PPS) que incentiva a implementação de ações individuais dos seus funcionários, que criam projetos pessoais temáticos, em relação ao ambiente social ou natural e trabalha com ele. Alguns funcionários têm projetos em relação ao uso da água. (CARVALHO, s.d.). Por fim se deve mencionar que no Brasil, o Walmart construiu em 1995 a sua primeira loja ecoeficiente (ou “loja verde”) no Rio de Janeiro, e a segunda em São Paulo. A loja de São Paulo possui 63 iniciativas sustentáveis como lâmpadas fluorescentes mais econômicas, ar condicionado inteligente, claraboias que aproveitam a luz para iluminação do ambiente, redução do consumo de água, com armazenamento da água da chuva, que inclusive irriga jardins, as descargas sanitárias são à vácuo e utilizam apenas 1,5 litro de água por uso, os mictórios são a seco, o material da construção foi planejado para várias reduções, como os vidros que refletem o calor do sol, chão de concreto e calçada de pneus recicláveis. (CAMPOS, 2009). Em 2009 a Walmart Brasil e seus fornecedores assumiram um pacto que está relacionado ao futuro. São vários compromissos que norteiam a sustentabilidade na cadeia alimentar e de suprimentos que tem relação direta com a Responsabilidade socioambiental da Amazônia. O Pacto pela Sustentabilidade como é conhecido ficou em debates durante seis meses e deu origem a três formas de diálogo: com os fornecedores, como os pesquisadores e com representantes de ONG’s e governo. A Walmart considera que a Amazônia seja um dos grandes protagonistas globais na regulação climática da terra, com um grande potencial para uma economia da floresta, baseada em biotecnologia e biomassas. Essa condição da Amazônia brasileira a torna um dos grandes desafios para preservação e para o uso racional e responsável de seus imensos recursos. A importância estratégica da Amazônia estimulou a Walmart a investir em seu conhecimento. Conhecendo melhor a possibilidade de pensar e utilizar os recursos de modo responsável também aumenta. 38 Um dos principais problemas da Amazônia é sua taxa anual de desmatamento – de 2000 para cá, os índices de desmatamento têm se mantido entre 10 e 20 mil km2 anuais, devido principalmente ao avanço da pecuária e da soja sobre a região. Nos anos 1990, as taxas chegaram a 27 mil km2 desmatados. Assim, a busca por um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia deve combinar responsabilidade social e proteção ambiental, permitindo a exploração não predatória dos recursos da floresta. É por meio de políticas governamentais eficientes, de controle e fiscalização, e do incentivo à produção florestal com origem ecologicamente certificada, que a sociedade – e os consumidores – poderá ver em seus produtos uma saída para a Amazônia, e para o País. (WALMART, RELATORIO DE SUSTENTABILIDADE, 2009, p. 18). A Walmart entende que a fragmentação do território na Amazônia se dá em parte por ocupações irregulares, que tendem a ser predatórias e tem origem em fatores regionais de colonização. Estas ocupações alimentam o ciclo de desmatamento que segue a ordem da exploração ilegal de madeira, de gado e soja. A madeira é empregada para construção civil, mobiliários e outras necessidades, sendo os primeiros centros consumidores o Brasil, Europa, Ásia e Estados Unidos, que preferem menos de 30 espécies, que são as que figuram no mercado madeireiro e representam cerca de 80% do total negociado. A maior parte da madeira amazônica acaba sendo negociada no país. (...) em 2001, o Brasil ficou com 86% das toras comercializadas. São Paulo demanda entre 20% e 25% desse montante nacional. Em 2001, o Estado comprou 6,1 milhões de m3 em tora. Números mais recentes mostram que, em 2004, foram comercializados 24,5 milhões de m2 de toras (ou 6,2 milhões de árvores). Desse volume, 64% foi para o consumo nacional; 36% é exportado. Nesse mesmo ano, a exportação gerou US$ 943 milhões (em 1998 trouxe US$ 381 milhões) e apenas 379 mil empregos (contra 359 mil em 1998), ocupando 5% da população economicamente ativa. (WALMART, RELATORIO DE SUSTENTABILIDADE, 2009, p. 20). 39 Outro programa de interesse para a sustentabilidade é o Cadeias Produtivas, que lida com vários produtos que são comercializados na rede Walmart. Do computador até o tênis as tecnologias interessam de perto a Walmart que tem estudado ainda o que e como se produzem os bens que comercializa. A utilização de mão-de-obra infantil e equiparada ao escravo vem sendo um problema na Ásia. Esta foi uma situação que em 1998 fez com que várias ações de companhias despencassem. Para a Walmart se trata de pensar quem são os seus parceiros e entender que as empresas são co-responsáveis pelos impactos sociais e ambientais que provocam. Combater o trabalho degradante e desumano é um dos maiores desafios do comércio globalizado, em que as empresas, para se tornarem competitivas, transferem suas linhas de produção para países sem legislação trabalhista adequada ou com mecanismos falhos de fiscalização. Embora uma empresa não seja legalmente responsável por seus fornecedores, é co-responsável pelos impactos sociais e ambientais causados por sua cadeia de valor. Com a crescente conscientização da sociedade, o aumento de normas e exigências legais a cumprir e a maior clareza do consumidor sobre seu poder de decisão de compra, as empresas devem estar atentas aos seus fornecedores. Não apenas para evitar problemas, mas também para identificar oportunidades. (WALMART, RELATORIO CADEIAS PRODUTIVAS, 2009, p. 83). Assim, para a Walmart a cadeia produtiva se define como sendo o conjunto de toda sas etapas, processos produtivos e relações indispensáveis para a produção de um produto ou formatação de um serviço que será entregue ao cliente ou consumidor final. Enquanto a cadeia produtiva sustentável se preocupa além disso com medidas sustentáveis em todas as suas fases, incluindo as relações sociais importantes para cumprimento do trajeto básico de uma cadeia produtiva, incluindo ai pessoas e ambientes onde esta cadeia se insere. Estudos relacionados às embalagens são outra das preocupações da Walmart. O impacto ambiental da produção de latas de alumínio é uma das 40 questões, pois são necessárias mais de cinco toneladas de bauxita para produzir uma tonelada de alumínio primário e sua extração ocorre em minas abertas, que supõem a remoção completa da camada vegtal e da camada superior do solo. (WALMART, RELATORIO. EMBALAGENS, 2009, p. 56). Por fim, deve ser dito que não se esgotou aqui a quantidade de projetos e programas de sustentabilidade que a Walmart impulsiona. Mas é preciso dizer, ao cabo, que o Walmart investe em treinamento de todos os seus funcionários sobre a sustentabilidade e desenvolveu também o Projeto Pessoal para a Sustentabilidade (PPS) do qual já se falou linhas acima. Em linhas gerais o que ressalta é a preocupação com a questão da sustentabilidade a um nível amplo e global. O tamanho da rede Walmart é uma das maiores vantagens da empresa, que pode examinar questões relativas ao meio ambiente natural e social, produção, problemas sociais e de preservação, entre muitos outro em quase todo o mundo. 41 CONCLUSÃO O desenvolvimento sustentável foi um tema que ganhou projeção entre os desafios do milênio nas várias conferencias e debates mundiais em torno do tema do meio ambiente e sua proteção. Esse conceito se tornou um paradigma das novas gerações de empresas em todo o mundo, que entenderam que os abusos contra o meio ambiente natural e social na verdade são causas de aumento de despesas. As práticas “verdes” ou medidas de sustentabilidade se apresentam atualmente como um excelente custo-benefício para as empresas, como foi descrito neste trabalho em relação a Walmart. O conceito de desenvolvimento sustentável veio a se tornar o apelo para uma nova ordem global e para lidar com os problemas ambientais, como o efeito estufa, a poluição, a destruição dos sistemas energéticos e produtivos, o uso predatório dos recursos, o consumismo desenfreado, o crescimento exagerado de grandes centros urbanos, enfim reivindica um novo pacto global, que satisfaça as necessidades humanas, mas que também trabalhe para a existência melhorada para as gerações futuras. A sustentabilidade se traduz, assim, pelo asseguramento do sucesso do negócio em longo prazo e contribui, ainda, para o desenvolvimento econômico-social da comunidade. O conceito pressupõe o crescimento empresarial, a rentabilidade e resultados econômicos imediatos. No entanto, a tônica está nas ações em prol do desenvolvimento social, ambiental, da proteção aos recursos naturais e ao aproveitamento de energia eólica. O desenvolvimento sustentável é ainda uma prática que conduz à Responsabilidade Social das empresas com seus públicos. Ações que buscam melhorar a vida dos funcionários, com medidas de qualidade e treinamento favorável ao desenvolvimento pessoal e á relação das pessoas com o conhecimento que se deriva de sua prática cotidiana de vida. 42 REFERENCIAS ALMEIDA, Luciene Nascimento de. Sustentabilidade ambiental como estratégia empresarial na rede Walmart. VII SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. 2010. Disponível em: http://www.aedb.br/seget/ artigos10/235_Sustentabilidade%20Ambiental%20e%20Estrategia%20Empres arial%20na%20Rede%20Walmart.pdf. Acesso em 30 mai. 2013. ASHLEY, Patrícia e outros. (Coord.). Ética e Responsabilidade Social nos negócios, 2ª edição. São Paulo: Saraiva 2005. BARBIERI J.C. 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