Boletim da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL Outubro de 2004 - nº 58 Os novos diretores do INPI Jorge Ávila, vice-presidente, Beatriz Amorim, diretora de articulação e informação tecnológica, e Breno Neves, diretor de transferência de tecnologia, foram os novos diretores nomeados para o INPI e apresentados durante almoço promovido pela ABPI, no dia 16 de setembro, no Rio de Janeiro. Neste primeiro encontro, eles preferiram ouvir os associados da ABPI. Página 4 Nº 58 • Outubro de 2004 ABPI apóia I Prêmio de Criatividade contra a Pirataria A ABPI doou dois microcomputadores para premiar os vencedores do I Prêmio de Criatividade contra a Pirataria, destinado a estudantes da Universidade Estácio de Sá. Página 3 Boletim da ABPI Conclusões da OMPI A OMPI já está divulgando as conclusões e decisões principais da assembléia geral dos Estados-membros que reuniu representantes de 181 membros durante os dias 27 de setembro a 5 de outubro em Genebra. Página 8 1 Editorial Notas Novos associados Sob nova direção... Luiz Leonardos Ex-presidente (1986-1991) e presidente de honra da ABPI O decreto 5.147, publicado em 21 de julho de 2004, onde o Poder Executivo sugere que o INPI deve analisar e decidir os pleitos “de modo alinhado às diretrizes de política industrial e tecnológica aprovadas pelo governo federal”, foi interpretado por muitos como um desprestígio à natureza vinculada das decisões da autarquia. Além disso, o fracassado sistema de aprovação prévia dos contratos de transferência de tecnologia, eliminado expressamente pela atual Lei de Propriedade Industrial, parece ter sido restabelecido pelo Decreto, sujeitando a dedutibilidade fiscal de todos os pagamentos por transferência de tecnologia do país à autarquia. A orientação, tida como inconveniente por muitos de nossos membros, suscitava acalorados debates quando da publicação, em 27 de agosto de 2004, das portarias nomeando Maria Beatriz Amorim Páscoa para exercer o cargo de diretor de articulação e informação tecnológica, Breno Bello de Almeida Neves para exercer o cargo de diretor de contratos de tecnologia e outros registros, Jorge de Paula Costa Ávila para exercer o cargo de vice-presidente e Roberto Jaguaribe Gomes de Mattos para exercer, interinamente, o cargo de presidente. É certo que toda a mudança gera incertezas e receios com o que é novo e desconhecido. Gera também esperança de dias melhores e, no caso, a de que as decisões do INPI continuarão tendo a lei como única diretriz. Entretanto, não se pode falar dos novos tempos sem reconhecer os méritos da gestão de Luiz Otávio Beaklini, tida como relevante na manutenção das atividades do INPI durante períodos muito conturbados. Afinal, todos se lembram que a ABPI, junto com a ABAPI, apresentou, em 15 de março de 2004, uma representação ao Ministério Público Federal sobre fatos que acarretavam a inoperância e insolvência do INPI. Os fatos narrados na representação ocorreram imediatamente antes da interinidade de Luiz Otávio Beaklini. Especialista em patentes, funcionário de carreira com longa experiência e embasamento técnico, Luiz Otávio Beaklini foi capaz de realizar muito com os poucos recursos que era autorizado a gastar. A realização de concurso público, a contratação de examinadores, o acordo com o Escritório Europeu de Patentes e, principalmente, a obtenção de verbas substanciais, ao fim de sua gestão, serão lembrados com gratidão pelos usuários do INPI. Afinal, estas linhas são escritas na semana em que a Revista da Propriedade Industrial não circula pelo terceiro número consecutivo. Temos esperança de que a nova diretoria do INPI manterá uma das características da gestão de Luiz Otávio Beaklini: a transparência e a coerência das decisões do INPI, muitas vezes atacadas pelos que preferem a discricionariedade e a casuística. Como advogado a vida toda, tenho o vício do cumprimento da lei e da Constituição. A história recente de nosso país não faz esquecer as conseqüências de ilegalidades praticadas em nome de entendimentos particulares de soberania, política industrial e da pátria. É a Constituição que determina ser a concessão de direitos de propriedade industrial garantia fundamental, o instrumento para atender ao interesse social e ao desenvolvimento tecnológico do Brasil. Se a Constituição assegura um sistema de propriedade industrial como ferramenta para atingir o desenvolvimento tecnológico, não cabe ao administrador indagar se deve ou não conceder esta ou aquela patente por qualquer outra razão que não seja o que está especificado na lei. Não é o INPI, ou qualquer outro órgão da administração, que vai definir, politicamente, se deve ou não conceder uma patente, substituindo-se ao legislador. A Constituição determina a concessão de patentes, na forma da lei, que no Brasil garante o privilégio para todos os setores da técnica, de acordo com os tratados internacionais pelos quais o país se obrigou. A meu ver, para o sucesso de qualquer administração que passa pelo INPI, deve-se seguir estritamente o que está na lei. Não cabe dizer que, devido ao interesse social ou ao desenvolvimento tecnológico, o INPI não vai conceder determinada patente ou registro de marca. Os atos administrativos praticados pelo INPI são vinculados. Diretores antigos que fazem parte da nova diretoria conhecem bem essa questão. O espírito aberto e a simpatia com que a nova diretoria do INPI recebeu os comentários dos associados da ABPI nos faz augurar o sucesso da nova gestão do Instituto. 2 Boletim da ABPI O Comitê Executivo e o Conselho Diretor da ABPI aprovaram em 16 de setembro as propostas de filiação de: Diamantino Advogados Associados (José Diamantino Alvarez Abelenda), Fabiano Andreatta (Eli Lilly do Brasil Ltda.), Gabriel Salybe de Moura (Moura, Leite, Magalhães e Cobra Advocacia e Assessoria Jurídica), Glenda C. Rocha (Protege Consultoria Ltda.), Juliano Froehner (particular), Kone Prieto Fortunato Cesário (particular), Lilian Moreira Pinho (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro), Lucila Lupo (Lupo Assessoria em Marcas e Patentes Ltda.), Marilisa Catozzo Tinoco Soares (Tinoco Soares & Filho Ltda.) e Roberto Castelo Branco C. de Souza (R. Castelo Branco Assessoria Empresarial). O Controle Aduaneiro no Brasil A presidente do Unafisco, Maria Lucia Fattorelli Carneiro, apresentou uma exposição sobre “O Controle Aduaneiro no Brasil”, durante audiência pública na Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, dia 22 de setembro. Organizada em power point, a apresentação está disponível no sítio: http://www.unafisco.org.br/ estudos_tecnicos/estudos_tecnicos.htm. Depois de entrar no site, selecionar o item: Exposição “O Controle Aduaneiro no Brasil”, apresentada em Audiência Pública da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, 22/9/2004. Cartas para a redação do Boletim da ABPI Envie suas mensagens para a redação do Boletim da ABPI pelo e-mail [email protected] Informações, críticas e sugestões serão avaliadas e respondidas, podendo ser publicadas ou não no Boletim após estudo de cada caso. Outubro de 2004 • Nº 58 Notas Comissão aprova emendas a texto contra pirataria ABPI apóia campanha antipirataria Punição para piratas aumenta de um para dois anos Doa dois microcomputadores ao projeto educacional Em tempo real, a Agência Câmara noticiou no dia 6 de outubro a aprovação pela Comissão de Defesa do Consumidor das emendas oferecidas pelo Senado Federal ao projeto de lei 333/99, que aumenta as penalidades para quem fabricar ou vender produtos piratas. A proposta, de autoria do ex-deputado Antônio Kandir, já havia sido aprovada pela Câmara em 2000. No entanto, os senadores propuseram diversas alterações. Entre elas, o aumento da pena mínima de reclusão, de um para dois anos, prevista no texto dos deputados. Por iniciativa do deputado Júlio Lopes, vice-presidente da CPI da Pirataria, e em parceria com a Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, a ABPI está dando seu apoio ao I Prêmio de Criatividade contra a Pirataria, por se tratar de um projeto educacional, sem fins lucrativos, e porque a ABPI deve contribuir com a educação e agir para a difusão da propriedade intelectual. Inseridas nesse trabalho, foram proferidas duas palestras sobre “Pirataria e Informalidade no Brasil”, nos dias 20 e 23 de setembro, com a participação do deputado Júlio Lopes, com Rodrigo Affonso de Ouro Preto Santos e Eduardo Paranhos. A ABPI está doando dois microcomputadores para premiação dos dois melhores trabalhos nas categorias de mídia impressa e mídia eletrônica. O prêmio é aberto a todos os estudantes da Universidade Estácio de Sá de qualquer curso e as inscrições devem ser feitas no site (www.juliolopes.com.br) até o dia 16 de novembro de 2004. Os trabalhos classificados serão anunciados no dia 25 de novembro e os trabalhos vencedores serão expostos na Universidade Estácio de Sá campus Barra de 25 de novembro a 1º de dezembro. Desenhos e brasões O Senado também ampliou a punição para quem falsifica desenhos industriais registrados e para quem vende esses produtos pirateados. A punição estende-se ainda aos que fabricam produto com imitação de desenho patenteado que possa induzir o consumidor ao erro, fazendo com que ele compre uma mercadoria falsificada pensando que está adquirindo um produto original. Outra mudança aprovada pelos senadores foi o aumento das penas para quem falsifica brasões e distintivos oficiais. As emendas dos senadores ainda serão analisadas pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, e de Constituição e Justiça e de Cidadania, além do Plenário da Câmara. Fonte: http://www.camara.gov.br/internet/ agencia/materias.asp?pk=56210 Visite no sítio da ABPI a página de acompanhamento legislativo Comentários e sugestões são bem-vindos Já visitou no sítio da ABPI (www.abpi.org.br - Biblioteca - Projetos de Leis) a página de acompanhamento de projetos de lei em discussão no Congresso Nacional e que são do interesse da propriedade intelectual? A ABPI espera comentários e sugestões para melhorar mais este serviço aos associados. Para acessar qualquer dos projetos de leis disponíveis, clique no número do PL que deseja visualizar. Nº 58 • Outubro de 2004 Boletim da ABPI Cresce tendência ao uso da certificação digital nos tribunais O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anunciou (23/9) a adoção do uso de certificação digital nas procurações emitidas pelos cartórios extrajudiciais. A certificação começou a ser utilizada em 2004. O primeiro contrato de licitação, feito de forma totalmente virtual, foi apresentado no Fórum Certificação Digital no Poder Judiciário, promovido pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação - ITI, em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil. O 2º Fórum de Certificação Digital será realizado no período de 23 a 25 de novembro, em Brasília, para debater as grandes questões que envolvem a implementação, a regulação e a disseminação da certificação digital no Brasil. Informações no sítio do Comitê, http://www.cg.org.br/. O Fórum Virtual permite a você participar antecipadamente dos debates que também irão acontecer no Fórum Presencial. Escreva a sua opinião, envie seu texto e participe dos grupos de discussão. Para participar, é preciso que você se cadastre. A seguir, acesse o fórum e escolha o eixo temático de sua preferência. As contribuições podem ser feitas até 17 de novembro. A assinatura digital é uma modalidade de assinatura eletrônica que utiliza algoritmos de criptografia assimétrica e permite aferir, com segurança, a origem e a integridade do documento. A assinatura digital fica de tal modo vinculada ao documento eletrônico “subscrito”, que, ante a menor alteração neste, ela se torna inválida. A técnica permite não só verificar a autoria do documento, como estabelece também uma “imutabilidade lógica” de seu conteúdo, pois qualquer alteração do documento, como, por exemplo, a inserção de mais um espaço entre duas palavras, invalida a assinatura. O tema encontra repercussão no Conselho de Justiça Federal, presidido pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça, Edison Vidigal, que criou um grupo de trabalho para organizar o uso da tecnologia da informação e comunicações no Judiciário, em forma de sistema, e a adoção da certificação digital, conforme resolução 380, de 5 de julho de 2004. 3 Matéria de capa Viemos para ouvir Os novos vice-presidente e diretores do INPI, no primeiro encontro realizado durante almoço no Rio de Janeiro, preferiram ouvir os associados da ABPI a falar e expor seus planos. Garantiram, porém, que o diálogo será permanente e todas as decisões do Instituto serão tomadas sob a égide da lei. A mesa dos trabalhos da reunião mensal da ABPI realizada no Rio de Janeiro e onde foram apresentados o novo vice-presidente e diretores do INPI. O novo vice-presidente do INPI, Jorge de Paula Costa Ávila, disse que, junto com o presidente Roberto Jaguaribe, ele, Breno Bello de Almeida Neves, diretor de transferência de tecnologia, e Maria Beatriz Amorim Páscoa, diretora de articulação e informação tecnológica, tiveram uma trajetória bastante grande ligada ao desenvolvimento industrial. “A Beatriz e o Breno, com uma passagem forte no Instituto, e temos, assim, uma visão sobre os problemas que o Instituto atravessa.” “A gente sabe que o INPI tem mantido com a ABPI uma relação bastante proveitosa ao longo dos anos”, afirmou Jorge Ávila. “Eu tenho a certeza de que isso vai continuar sendo assim. E, se possível, nos aprofundar nessa relação. Acho muito mais importante do que a gente apresentar um conjunto de idéias de uma maneira pouco estruturada, como seria possível fazer hoje, seria 4 melhor que a gente invertesse a seta”, mas garantiu ser “absolutamente necessário, num campo sofisticado, difícil e em mutação muito rápida no mundo e no país, em particular, que a gente mantenha um canal aberto permanente para aferir que expectativas são essas.” Ressalvou que a diretoria do Instituto se encontra em processo de montagem, e por isso não está completa ainda, mas disse esperar que esse quadro tenha se completado nos próximos poucos dias. Falou que o quadro que se pintava do INPI era muito assustador, mas as discussões internas o levaram a se surpreender favoravelmente. “Encontrei o Instituto com uma série de deficiências, problemas que são reconhecidos. Me parece que não é tarefa em nada impossível reorganizar e corrigir pequenas distorções, botar o Instituto no prumo e fazê-lo funcionar melhor.” Afirmou também esperar ser aquela a primeiBoletim da ABPI ra “de uma série de encontros onde a gente não só fale, mas principalmente escute o que vocês esperam do INPI, as apreensões que têm sobre o assunto”. Ao apresentar os novos diretores do INPI, o presidente da ABPI, Gustavo S. Leonardos, esclareceu que os convidados pediram que a ABPI se pronunciasse, e que, portanto, os presentes se manifestassem sobre sua visão do INPI, o que esperam do Instituto. Todos os que se manifestaram deram as boas-vindas, cumprimentaram pela presteza no atendimento ao convite da ABPI, agradeceram a oportunidade do diálogo e desejaram uma gestão plena de sucesso. Quanto aos pedidos, as maiores reivindicações foram a aplicação da lei como critério de decisão para concessão de registro de marcas ou patentes e maior agilidade no processamento, que atualmente está variando de quatro a dez anos. Outubro de 2004 • Nº 58 Matéria de capa A primeira observação de Luiz Leonardos decorre, segundo manifestou, dos próprios discursos proferidos na sessão de posse, na sede do INPI, no prédio histórico de A Noite, no Rio de Janeiro. “As pessoas que ali falaram”, comentou, “salientaram que o INPI deveria ter uma função que eles chamavam de não cartorária e que deviam cuidar principalmente de certos aspectos políticos. Como advogado a vida toda, tomamos o vício de procurar seguir a lei e a Constituição. Fomos incentivados a obedecer à Constituição, seguindo o que determina a lei. Então, o que se procura? Procura-se, como diz a Constituição, atender ao interesse social e ao desenvolvimento tecnológico através da concessão de patentes na área tecnológica. “ Dirigindo-se à nova diretoria, observou que “não cabe ao administrador indagar se deve ou não conceder esta ou aquela patente por qualquer outra razão que não seja o que está especificado na lei. O que está feito em matéria de opção para o desenvolvimento está fixado na lei. O INPI é um órgão para executar a lei. Não é um órgão que vai definir politicamente se deve ou não conceder uma patente, porque se está nesta ou naquela área tecnológica. A lei diz que se tem de conceder patente em todos os setores da técnica, de acordo com os tratados internacionais pelos quais o Brasil se obrigou”. Disse ainda que, para o sucesso de qualquer administração que pas- Breno Bello de Almeida Neves, diretor de transferência de tecnologia. Nº 58 • Outubro de 2004 Jorge de Paula Costa Ávila, vice-presidente do INPI. sa pelo INPI, “a primeira opção, a meu ver, é que se siga estritamente o que está na lei. É tranqüila a orientação na nossa área, que os atos administrativos praticados pelo INPI são o que chamamos de ato vinculado. O INPI é obrigado prestar o ato de concessão de uma patente ou de um registro de marca, estritamente em termos legais. Como também é obrigado a negar, se os requisitos da lei não são preenchidos, mas, estando presentes, não cabe dizer que, devido ao interesse social ou ao desenvolvimento tecnológico, seja lá o que for, não se vai conceder essa patente ou um registro de marca. Diretores antigos que fazem parte da nova diretoria conhecem bem essa questão. Aliás, é bom ressaltar que o senhor vai encontrar no INPI, apesar de todas as dificuldades que tem, um quadro com alguns funcionários de altíssimo nível, muito bem preparados pelo precursor. Não conseguem melhor resultado porque sem meio, sem recursos seria impossível”. A concluir, Luiz Leonardos solicitou solução imediata para a regulamentação baixada pelo INPI, com respeito às guias de recolhimento das taxas do INPI, através dos meios eletrônicos. Elias Marcos Guerra, presidente da ABAPI, justificou sua manifestação com o pronunciamento da entidade, por ocasião do XXIV Seminário Nacional de Propriedade Intelectual, realizado em Brasília, e com Boletim da ABPI a reunião para apresentar suas credenciais e conversar sobre o futuro INPI com a nova administração. Do encontro com Roberto Jaguaribe, Jorge Ávila, Breno e Beatriz, garantiu que saiu feliz, “bastante contente, por sentir no Jorge Ávila a disposição daqueles executivos que querem resolver os problemas e as ansiedades dos usuários do INPI. Também o Jaguaribe mostrou a necessidade que teria a casa de disseminar a propriedade industrial e que vem exatamente ao encontro dos interesses e objetivos da ABAPI. Estou bastante convicto de que a nova administração e os novos diretores aqui presentes não só vão trazer benefícios, mas vão melhorar as condições do INPI”. Manifestaram-se ainda Luiz Armando Lippel Braga, em nome da ASPI, e os associados Custódio Afonso Torres de Almeida, que assinalou a importância de dotar de meios o INPI para que desempenhe seu papel de forma eficaz, para garantir a proteção forte dos direitos da propriedade industrial, essencial para fortalecer a indústria nacional e garantir os superávits da balança comercial com o incremento das exportações; Hélio Fabbri Junior, Luiz Edgard Montaury Pimenta, David Merrylees, Henry Knox Sherrill, Mauro J. G. Arruda, que pediu para reavaliar as alocações dos processos em novas áreas, e Herlon Monteiro Fontes levantaram a questão da preferência e prioridade nas avaliações de pedidos. Maria Beatriz Amorim Páscoa, diretora de articulação e informação tecnológica. 5 Matéria de capa David Merrylees Luiz Leonardos Elias Marcos Guerra Quanto a isso, Gustavo S. Leonardos ressaltou que, “se quisermos voltar ao processamento ótimo, não haveria mais a necessidade desse pedido de preferência, quando ocorria esse processamento ótimo num prazo de cerca de nove meses ou até um ano. Não sei nem como se pedir uma prioridade, pois aqueles prazos correriam obrigatoriamente. Não tem como se decidir um pedido de marca antes de dez meses ou um ano, porque você tem que cumprir os prazos legais. Esses pedidos de preferência que são necessários devido ao acúmulo e às necessidades reais dos usuários, quando há uma infração, deixariam de existir”. O presidente da ABPI aproveitou o momento para apontar as dificuldades no registro público até para obter fotocópias ou vistas dos autos, como de saber se uma petição foi interposta no INPI ou não. “A lei atual de propriedade industrial diz que os contratos serão registrados ou averbados para ter validade contra terceiros. O decreto regulamentador da lei dá o poder de decidir conforme a política industrial. Acho que isso assustou todos. Está sendo objeto de análise da nossa comissão de transferência de tecnologia, para saber como vamos reagir a esse ponto.” Ele concluiu destacando que o INPI tem uma função como fomentador da transferência de tecnologia que deve ser exercida “e pode trazer realmente a informação tecnológica para as empresas, ajudar a interação universidade-empresa, trazendo resultado dessa interação para o INPI na forma de pedidos de patentes. Desejamos colaborar com o INPI, especialmente nesse ponto, porque acho que todos aqui desejam aumentar o pedido de patentes nacionais. Seria importante utilizarmos o conhecimento científico para transformar o que existe no Brasil em tecnologia que possa ser patenteada“. Alertou que, “quanto à representação de nacionais e estrangeiros, os nacionais podem se auto-representar no INPI, mas existe a exigência legal de que os estrangeiros sejam representados. Portanto, o INPI só pode aceitar qualquer petição nos autos de quem tem procuração nos autos, em se tratando de estrangeiros. Os naturais podem se auto-representar. Isso é uma exceção prevista expressamente na Convenção de Paris e está refletida no artigo 217 da nossa lei”. Henry Knox Sherrill destacou que “deve ser meta do INPI criar consciência entre o empresariado nacional de que a propriedade intelectual, como bem intangível de valor quantificável, apto a gerar receita atual e futura, presta-se a permitir a capitalização de empresas ou linhas de produto por meio da obtenção de empréstimos ou investimentos de risco lastreados por tais bens. Acrescentaríamos que o uso do valor representado pela PI para fins de obtenção de financiamentos, até mesmo com a securitização destes valores, é instrumento amplamente usado no mercado internacional e existem consultorias especializadas em determinar os valores de bens Herlon Monteiro Fontes Custódio Afonso Torres de Almeida Luiz Armando Lippel Braga 6 Boletim da ABPI Outubro de 2004 • Nº 58 Matéria de capa “Tudo o que foi falado aqui me parece absolutamente legítimo”, afirmou Jorge Ávila. “São demandas que a gente precisa tratar. Eu pediria que a ABPI fizesse um documento para a gente, apontando essas questões comentadas aqui, para facilitar o acompanhamento do que foi discutido. Quero tranqüilizar o dr. Leonardos. A gente, sem dúvida nenhuma, vai cumprir a lei no seu total. Não há nenhuma intenção de substituir o fiel cumprimento da lei pela atenção a qualquer tipo de iniciativa infra-legal, qualquer políti- tá construindo também uma justificativa para ter uma estrutura pública nacional de propriedade intelectual. Se fosse um sistema inteiramente definível, de forma atemporal e ageográfica, ou seja, o melhor sistema de propriedade intelectual fosse uma coisa muito bem definida e valesse tanto para Zâmbia como para os Estados Unidos, a gente não precisaria de escritórios nacionais. Bastaria ter um escritório em Genebra que concederia patentes para todos. É nesse equilíbrio que a gente tem que tentar trabalhar.” Gustavo S. Leonardos complementou, informando que transmitiu por e-mail, aos associados da ABPI, a cópia dos documentos submetidos à OMPI pelos EUA, Japão e Europa, teira. Minha formação na área jurídica não foi só como advogado, mas também como professor. Então, sou legalista e respeito também a expressão maior da autonomia da vontade de contraste e a evidência da norma de ordem pública. Então, vamos manter a nossa orientação e já tem até um documento escrito da ABPI. Já estou com a resposta pronta, no bolso. E uma nota técnica (já foi passada para a presidência ) onde colocamos os dispositivos legais que são afeitos à área de transferência de tecnologia não são partidos separados, como da Lei de Propriedade Intelectual, mas também as indicações cambiais e tributárias, e vamos colocar esses dispositivos legais no exame de contrato de trans- Helio Fabbri Jr. Luiz Edgard Montaury Pimenta Mauro J. G. Arruda ca, qualquer coisa dessa ordem. O que eu conclamaria os senhores a pensarem é nas razões que levam o país a ter um Instituto de Propriedade Industrial. Porque a gente precisa de um INPI nacional. Há proposta circulando da patente mundial. Cabe uma reflexão de quem ganha, o que, quando se abre mão de ter um escritório nacional. Ter um escritório nacional tem que estar justificado em algum conjunto de fatores objetivos. Seguramente, um deles é maior facilidade de acesso aos nacionais a um sistema de propriedade intelectual. Então, quando se fala de um objetivo de fazer um sistema de propriedade intelectual chegar a um número maior de empresas brasileiras, à pequena empresa, ao cidadão brasileiro de maneira mais próxima, se es- “onde se nota claramente a vontade de instituir com os governos centrais a área de patentes em nível internacional. Somos claramente contrários a essa iniciativa. Um país com a dimensão do Brasil precisa ter um exame soberano para a concessão dos direitos de patente, de marcas ou quaisquer direitos. Não podemos abrir mão de nossa soberania. Desejamos ter uma posição autônoma e independente junto aos países mais desenvolvidos. Isso, certamente, deve fazer parte da política industrial de capacitação tecnológica do país”. Breno Neves , o novo diretor de transferência de tecnologia, comentou que percebe uma certa preocupação a respeito das interpretações da diretoria agora de contratos de tecnologia. “Eu advoguei a vida in- ferência de tecnologia. Ressalvamos que ainda temos que discutir isso numa reunião da diretoria com a presidência, mas a nossa diretoria é uma diretoria sempre aberta ao diálogo, para conversar e estamos aí para ouvir. No momento, todas as discussões só têm a engrandecer e aperfeiçoar os serviços da diretoria de transferência de tecnologia do INPI como um todo.” O presidente da ABPI agradeceu a participação de todos, especialmente a forma democrática e clara com que a nova diretoria, especialmente Jorge Ávila, concordou em participar desse almoço com extrema boa vontade e encerrou o encontro na expectativa de continuar esse diálogo durante toda a nova administração. imateriais e o seu potencial em termos de geração de receitas futuras ou atuais”. Absolutamente legítimo Nº 58 • Outubro de 2004 Boletim da ABPI 7 Notas Conclusões da Assembléia da OMPI Evento que teve participação de 181 Estados-membros acatou proposta brasileira e argentina que obteve apoio de outros países da América Latina, África e Ásia: incluirá em sua agenda a discussão sobre patentes. Propriedade intelectual fez parte da agenda da Plenária do CEBEU O presidente Gustavo S. Leonardos proferiu palestra sobre a propriedade intelectual durante sessão sobre “Perspectivas do Setor Privado sobre o Caminho à Frente nas Negociações Comerciais”, que abordou aspectos também de agricultura, produtos não-agrícolas e serviços. A sessão fez parte do primeiro dia da XXIII Reunião Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos CEBEU-CNI, que teve como tema geral “Perspectivas de uma Agenda de Comércio e Investimentos entre Brasil e EUA: O Caminho para a Parceria e o Crescimento”. O evento realizou-se no J.W. Marriott Hotel, em Copacabana, no Rio de Janeiro, nos dias 14 e 15 de outubro. As outras sessões do evento abordaram “Relações Bilaterais Brasil-Estados Unidos: Estágio Atual e Cenários Pós-eleitorais”, “Perspectivas de Comércio e Investimento entre Brasil e EUA”, “Alianças BemSucedidas entre Brasil e EUA”, “A Rodada Doha da OMC: Consolidando o Quadro Estabelecido em Genebra”, “Acelerando o Crescimento no Brasil: Foco em uma Micro Agenda e Desafios Regulatórios”, e “Perspectivas de o Novo Modelo Energético Fazer face aos Requisitos Brasileiros em Termos de Crescimento”. Realizadas no período de 28 de setembro a 5 de outubro em Genebra, as assembléias gerais da OMPI avaliaram as atividades da organização em 2003 e estabeleceram acordos sobre a agenda em 2005. O evento reuniu 181 Estados-membros e foi presidido pelo embaixador Bernard Kessedjian, representante permanente da França nas Nações Unidas e outras organizações internacionais em Genebra. No encerramento, ele afirmou que a propriedade intelectual não é do interesse de poucas pessoas, mas de todas. Ela é um poderoso motor de crescimento e progresso. É parte integrante do desenvolvimento sustentável e seus benefícios devem ser distribuídos imparcialmente. O press release 397, contendo os destaques e os principais resultados e conclusões do evento, está disponível, basta solicitar pelo e-mail [email protected] . A Assembléia Geral da Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI decidiu analisar medidas para que as patentes e os direitos autorais beneficiem mais os países em desenvolvimento, seguindo a proposta apresentada por Brasil e Argentina e apoiada por diversos países da América Latina, África e Ásia, em favor de mudanças no sistema de patentes. Com isso, a OMPI deverá promover reuniões abertas aos Estados-membros, a organizações intergovernamentais e não-governamentais, com o objetivo de analisar propostas até julho de 2005. A OMPI está comprometida também com o projeto de realização de um seminário, ao lado de outras organizações especializadas do sistema das Nações Unidas e da Organização Mundial do Comércio (OMC), para aprofundar o conhecimento em questões relativas à propriedade intelectual relacionadas ao desenvolvimento. Serão convidados representantes da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de representantes de ONGs, da sociedade civil e do meio acadêmico. Boletim da ABPI - Associação Brasileira da Propriedade Intelectual - Av. Rio Branco, 277 - 5º andar Conj. 506 - Centro - Cep 20047-900 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil - Tel.: 21 2532-5655 Fax: 21 2532-5866 - Web Site: http://www.abpi.org.br - E-mail: [email protected] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL Informativo mensal dirigido aos associados da ABPI. Visite a versão on-line deste Boletim no sítio da Associação. Reforma Constitucional do Judiciário Controle Externo O ministro Sydney Sanches, expresidente do Supremo Tribunal Federal, foi o palestrante da reunião mensal da ABPI, no dia 21 de outubro no Centro de Convenções América Business Park, em São Paulo, onde enfrentou o polêmico tema da “Reforma Constitucional do Judiciário - Controle Externo”. Comitê Executivo: Gustavo Starling Leonardos - Presidente; Sueli Burger - 1º Vice-Presidente; Rodrigo Sérgio Bonan de Aguiar - 2° Vice-Presidente; Helio Fabbri Junior - 3° Vice-Presidente; Manoel J. Pereira dos Santos - 4º Vice-Presidente; Cláudio Roberto Barbosa - Diretor Relator; Lilian de Melo Silveira - Diretora Editora; Paulo Parente Marques Mendes - Diretor Secretário; Herlon Monteiro Fontes - Diretor Tesoureiro. Conselho Editorial: Gabriel F. Leonardos, José Roberto d’Affonseca Gusmão, Juliana L. B. Viegas, Manoel J. Pereira dos Santos e Rodolfo H. Martinez y Pell Jr. Boletim da ABPI: Editora - Lilian de Melo Silveira; Jornalista Responsável - João Yuasa (MTb: 8.492); Produção Gráfica - PW Gráficos e Editores Associados Ltda; Fotos - Wladimir Wong; Revisão - Mauro Feliciano; Impressão e Acabamento - Bureau Bandeirante. © ABPI 2004 - Todos os direitos reservados. 8 Boletim da ABPI Outubro de 2004 • Nº 58