EDUCAÇÃO CONTEPORÂNIA E FRACASSO ESCOLAR: POR UMA APRENDIZAGEM EFETIVA GT1 Educação de Crianças, Jovens e Adultos Ana Beatriz Garcia Costa Rodrigues1 Leonardo Leite de Andrade2 Lucas Gomes de Souza3 Resumo: O Presente artigo propõe-se a refletir a respeito do fracasso escolar nos Sistema Escolar Brasileiro a partir, também, de um viés sociopolítico e demarcando as facetas da desigualdade social vista em realidade, a partir disso, vemos que o problema talvez não seja apenas o aluno, mas também a educação institucionalizada e programada. Refletimos a partir de pesquisa bibliográficas, pensando numa suposta e efetiva mudança nas salas de aula transformando-a num lugar onde o aluno possa de fato aprender, a fim de diminuir os altos índices de repetências, violência, e muitos outros fatores que são produto, também, dessa educação. Concluindo assim que há muito ainda que deva ser desenvolvimento, principalmente uma conscientização de todos os envolvidos com a causa. Palavras Chaves: Fracasso Escolar, Educação, Educação Brasileira, Educação Básica. Abstract: This article aims to reflect on school failure in Brazilian School System from also a sociopolitical bias and demarcating facets of social inequality seen in reality, from this we see that the problem may not be just the student, but also institutionalized education and programmed failure, reflected from the research literature in this ideology, especially psychology, thinking and a supposed effective change in classrooms making it a place where students can learn factor in order to arm themselves against the high rates of grade repetition, violence, and many other factors that are product, too, that our education, thus concluding that there is much yet to be developing, especially an awareness of everyone involved with the cause. Key Words: School Failure, Education, Brazilian Education, Basic Education 1 Doutoranda em Educação pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Profa. Ms. da Universidade Tiradentes (UNIT). [email protected] 2 Graduando em Psicologia na Universidade Tiradentes (UNIT). Pesquisador PROVIC-UNIT e participa do Grupo de Pesquisa em Educação, Cultura e Subjetividade (GPECS). [email protected] 3 Graduando em Psicologia pela Universidade Tiradentes (UNIT). [email protected] Perder a si mesmo é querer Se encontrar em lugares mais amplos (é como se eu me tivesse quando não tivesse também) Viviane Mosé, in Pensamento Chão. Muito embora o fracasso escolar não seja um fato novo, somente nos últimos vinte anos é que nos preocupamos de forma considerável a respeito deste tema, apesar ainda das inúmeras pesquisas feitas a respeito do assunto, o fracasso escolar é uma realidade que se impõe e nos escapa. Ainda hoje, o sistema educacional brasileiro, da educação infantil até o ensino superior, tem se mostrado com inúmeros problemas além de graves consequências sociais isto é: aumento crescente de alunos com problemas de aprendizagem, formação precária dos que conseguem concluir o ensino fundamental, desinteresse geral pelo trabalho escolar, etc. A fim, de vencer esses problemas crônicos e cruciais de nosso sistema escolar, Perrenoud comenta um pouco sobre uma possível atuação: “[...] temos de enfrentar a complexidade dos processos mentais e sociais, a ambivalência ou a incoerência dos atores e das instituições, as flutuações da vontade política, a renovação dos currículos e das didáticas, as rupturas teóricas e ideológicas ao longo das décadas.” (PERRENOUD, Philippe. 2001 p. 15). A realidade brasileira deixa a vista a pouca ou quase nenhuma preocupação que o Brasil teve com o principio de Educação Básica; Campos, Dimenstein e Francischini (2001) nos dizem que o regime estabelecido no Projeto Principal de Educação para América Latina e Caribe, a partir da Conferência Regional de Ministro da Educação dos Países que compõe essa região (1979) está longe de ser alcançado, o objetivo era de conseguir, antes de 1999, a escolarização de todas as crianças em idade escolar, oferecendo-lhes uma educação geral mínima com duração de 8 a 10 anos, o que de fato não pode ser alcançado. O Brasil tem uma das legislações mais avançadas do mundo porém pelo ponto de vista do fracasso escolar, é uma das mais sombrias. É sabido que existe um país descrito em relatórios que vem progredindo bastante a respeito do tema: Educação; e esta conta com a participação de diferentes vertentes sociais, isto é, trabalha num contexto multidisciplinar, porém é difícil vermos tais realizações na prática, os objetivos propostos pressupõe uma escola democrática, o que, infelizmente, não acontece. A participação das crianças, no processo de escolarização se reduz a simplesmente o cumprimento de regras prontas e acabadas. A escola hoje não permite uma formação cidadã, reproduzindo simplesmente a violência e o autoritarismo nas celas escolares, deixando pouco ou quase nenhum espaço para o pensamento crítico e criativo da criança. Nossa escola contemporânea surgiu com o objetivo de promover o “desenvolvimento das potencialidades e capacidades dos educandos” como dito pela UNESCO, e acaba por produzir na contemporaneidade a marginalização e o insucesso escolar. Uma escola, por assim dizer, que então estaria comprometida com a educação básica e digna, (isto é compreendemos educação básica como um ato de conscientização que possibilita a construção da dignidade a um individuo) e com a formação de jovens com a capacidade critica de analisar a realidade está contribuindo para perpetuar injustiças sociais que fazem e fizeram parte da história do nosso país, “os homens não são puros espectadores da história, mas seus atores” (Freire, 2000), mudar essa realidade é difícil, mas possível. Esta discussão caminha ligada ao fracasso escolar sob o ponto de vista de que este tem suas repercussões importantes para a sociedade. Pensar sobre o fracasso escolar gera discussões sobre a educação que é praticada e como esta é vivenciada dentro das celas escolares. A discussão se torna ainda mais pertinente de acordo com o os resultados do IBGE (2011) em seu livro Estatísticas para o Século XX, onde apresenta que o número de alunos repetentes que chegou a 13,1%, matriculados em algum ano do ensino médio, isto é no ano de 2011 de todos os alunos matriculados no ensino médio, 13,1% destes eram repetentes; Este foi o pior índice desde 1999 a partir daí nota-se o estado alarmante de nosso sistema de educação, confirmando as nossas afirmativas anteriores; Dentro da ciência psicológica vemos que existes várias formas de olhar e tratar esse tema e todas estão tendendo a olhar por uma visão sistema do fracasso escolar. Vê-se ultimamente que o número de pesquisas feitas sobre educação tem crescido consideravelmente causando diversas mudanças no que compete ao que é previsto para a escola, porém a prática ainda se distancia da teoria. Um projeto educacional montado fora do contexto sócio-educativo do discente, dificilmente obterá sucesso, no que diz respeito à aprendizagem efetiva do educando. É de suma importância que a política educacional seja gerada no seio da própria escola, com a participação de educadores, educando e pais. Em seguida deve-se parar de procurar um culpado pelo fracasso escola, em contexto. A educação de qualidade é uma das prerrogativas constitucional da criança, por esta razão, governo, escola, e sociedade civil tem que somar esforços e tornar tal realidade a vários meninos e meninas brasileiras. Que fazem então esses projeto e programas tão distantes da realidade da escola? Repetem o erro. Precisamos abrir espaço para o novo, para os encontros, para os movimentos, para as danças, para o devir. CAMINHOS OUTROS DO FRACASSO ESCOLAR: É PRECISO INCOMODAR! Primeiramente o que chamamos de fracasso escolar? Segundo Charlot (2000) o fracasso escolar não existe (estritamente falando) quanto um objeto de pesquisa o que há sãos alguns fenômenos sob essa denominação que normalmente são entendidos como uma categoria genérica, isto é, que comporta tanto outros fatores como a repetências, problemas de aprendizagem, enfim, tudo que compõe um desempenho insatisfatório daquele esperado pelas cabeças bem-pensantes do Sistema Educacional. Já Isambert-Jamati (1985) 4 afirma que o fracasso escolar é uma ideia moderna, que data de meados do século XX. Na frança, o fracasso escolar maciço surgiu apenas quando foi implementado uma prova para o ingresso no ensino secundário, onde todas as crianças tinham de ser fazer tal prova, seja eles filhos de burgueses ou camponeses, porém como é notável os filhos dos burgueses não competiam com os outro já que os mesmos ainda sim não frequentavam os mesmo bancos escolares. Porém ainda sim, era algo “normal” era muito pouco para ser, efetivamente um problema, arrastados ainda pelo pensamento de que havia crianças “nascidas para estudar” e outras “nascidas para o trabalho árduo”. Isso não significa que antigamente todas as crianças aprendiam efetivamente na escola, porém encobriam o fracasso já existente naquela época. Antes, era comum separar os alunos por suas classes sociais, desde os seu ingresso na escola, os mais favorecidos estudavam nas pequenas classes dos liceus, enquanto as outras iam á escola primária. Por muito tempo, acreditou-se que não tinham importância para as crianças destinadas a trabalhar no campo ou nas fábricas uma escola primária, até por que educação poderia incitar o senso crítico das crianças sobre sua condição social. A partir do século XX, a escola básica tornou algo, para um livre acesso da população em geral. Era o que se esperava para cada classe. Era a “ordem natural das coisas”. 4 Citado por: Perrenoud, Philipe, em seu livro A Pedagogia na Escola das Diferenças: Fragmentos de uma sociologia do fracasso. Perrenoud (2001) nos diz que ainda sobrevive hoje uma espécie de legião formada por geneticistas que acredita numa ideologia do dom onde existem crianças que dotadas, que terão sucesso escolar, e outras menos dotadas, que sucessivamente devem-se resignar-se. É muito fácil pensar dessa maneira para resolver todos os problemas educacionais. Por outro lado, Collares (1989) coloca a respeito do mesmo problema que o fracasso escolar é um problema social e politicamente produzido. Segundo a autora é necessário desmistificar as famosas causas externas do fracasso escolar, pela articulação destas àquelas existentes no próprio recinto escolar; relativizando e até mesmo invertendo as várias formas de compreendê-lo, a exemplo a atual caracterização do fracasso escolar como problemas de aprendizagem; que dessa perspectiva seria pensado como problema de ensinagem, que não são produzidos exclusivamente no lócus da sala de aula. Para Cunha (2001), a educação escolar do Brasil, recebeu uma herança direta do sistema discriminatório da clamada sociedade escravagista sobre a égide do regime imperial. Cunha nos diz que mesmo com a extinção da referida sociedade, o escravagismo deixou sinais persistentes na escola contemporânea, apesar do avanço do capitalismo no Brasil e de alguns tempos percorrido e de maior abertura do sistema político. Já no ideário de Bossa (2002), o fracasso escolar tomou proporções de sintoma social da modernidade, onde transcende as instituições particulares no âmbito das quais foi edificada a singularidade do sujeito psíquico, que nos levará a questionar pela localização inconsciente de nossa época, subjacente e fundante de um modo, de ser que atravessa a História, todo tecido social e todas as instituições. De repente a escola está sendo questionada e é ela que tem que mudar! Não adianta instituir programas alterando os meios para reparar o erro. O fracasso escolar não é um fatalismo, pelo contrário, o fracasso escolar é o fracasso escolar! Não faz sentido um ensino que é igual para todos, isso corta todas as discussões possíveis, além de não dar importância para as diferenças individuais, semelhantes a injeções e remédios, há pessoas que tem predisposições a favor e contra o determinado remédio, solução, porém não significa que o mesmo não tenha uma cura, há apenas meios diferentes. A partir desse momento torna-se importante comentar sobre um assunto que não nos escapa, sobre algo que foge aos alunos que se adéquam a esse sistema e aos que não se encaixam, está num meio termo, os que sofrem por não se encaixar por estar dentro da abordagem biológica digamos, como dito mais acima, patologias cercam, também o alunos, e interferem igualmente em seu processo de escolarização e aprendizagem, como já utilizamos esse exemplo, no caso então de uma criança de que dispõe de carência de uma série de nutrientes básicos para a saúde pode apresentar um diagnóstico de desnutrição, no que isso reflete para a sala de aula? Ora, é sabido que uma boa alimentação, tal como uma saúde estável é importante também, para os processos cognitivos, tal como nos diz Mansur “A nutrição tem sido aceita como um pré-requisito para o crescimento e desenvolvimento adequado, a desnutrição gera um atraso do desenvolvimento psicomotor e intelectual”. Esse dentre outros exemplos podem ser citados, no caso, por exemplo, no caso de uma disfunção na aquisição de linguagem, ou até mesmo uma hiperatividade, o que seria uma imprevição para o contexto escolar. Isso mostra mais uma vez, sobre o despreparamento que a escola tem para com as experiências que são correntes a prática escolar. A atuação nesse caso seria puramente multidisciplinar, isto é, teria um acompanhamento de vários profissionais em conjunto, assim como também uma adequação da escola para atender a necessidade do aluno, já há programas no contexto das escolas públicas que surgem como contramedidas, para algum desses problemas, porém sabemos que nem sempre o mesmo “tapam” necessariamente o buraco, seria importante ratificar a eficácia intervenção que um psicólogo escolar, por exemplo, poderia promover para o desenvolvimento da criança em situação da escolarização, isto fica cada vez mais evidente, porém vemos que não há quase ou nenhum espaço para a prática deste profissional, o lugar onde o professor e o psicólogo trabalha parece ser muito distante do ideal buscado para a escola fica a reflexão para pesquisas outras. “Que diríamos de uma medicina que explicasse tudo pelas predisposições individuais, sem levar em contra o tratamento e seus eventuais insucessos?” (Perrenoud, 2001, p. 19). Essa metáfora de Perrenoud, onde ele se utiliza do termo “clinica, medicina” para tratar da escola, como lugar mesmo, de aplicação de injeções, muitas vezes ineficazes, isso só é levado em consideração por que até mesmo os pesquisadores em educação em geral concordam que o maior problema do ensino brasileiro é a repetência o que podemos fazer para mudar o rosto da educação brasileira? Perrenoud se utiliza, também, de outra citação para trabalhar esse exemplo metafórico onde ele relaciona a escola com uma clinica militarizada, vejamos o que ele tem a falar sobre o grito de um dos clínicos, leia-se professores, nessas instituições: “Se ao menos, pudéssemos modular o tratamento e individualizá-lo [...] Mas isto é impossível. [...] devemos obedecer a um plano de tratamento muito limitado, que deve ser respeito até o final do ano” 5, a partir desse metáfora podemos ver suas relações com a realidade, por vezes vemos claramente essas queixas pelos professores no que compete a sua prática, ele diz ser afligido por uma “obediência” que deve ser seguida, ele continua dizendo ainda que esse sistema individualizado, prestando pelas individuações presentes em sala, é impossível pois a demanda é grande, as crianças já passam pode média umas cinco a seis horas por dias dentro da escola e numa sala com trinta crianças dariam no máximo doze minutos para cada criança, o que de fato seria ainda mais prejudicial. Vemos o quão forte é o grito deste professor, digamos, e percebemos que na prática essa metáfora veste bem a realidade. A individuação da educação, o que seria a maneira mais eficaz existente, porém de certa forma impossível, por até mesmo questão de tempo, ele comenta sobre a pouca ou nenhuma importância e fomento que se dá do governo sobre o caso. Há muito que ser pensado e conscientizado, porém uma coisa até aqui em nossa caminhada ficou clara, esse sistema educacional que percorreu o século XX e obteve tais resultados, dificilmente se valorizará no âmbito do século XXI. UMA CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA PARA UMA APRENDIZAGEM EFETIVA Começamos lançar aqui nossas máquinas de guerras, a fim de promover uma consciência para uma aprendizagem que seja efetiva, contrariando as estatísticas correntes. Pensamos numa educação onde a multiplicidade esteja presente, e que seja um lugar de bons encontros, que aumentem do pensar e agir como nos fala Gallo: “A educação é, necessariamente, um empreendimento coletivo. Para educar – e para ser educado – é necessário que haja ao menos duas singularidades em contato. Educação é encontro de singularidades. Se quisermos falar espinosanamente, há os bons encontros, que aumentam minha potência de pensar e agir – o que o filósofo chama de alegria – e há os maus encontros, que diminuem minha potência de pensar e agir – o que ele chama de tristeza. A educação pode promover encontros alegres e encontros tristes, mas sempre encontros.” (GALLO, 2000). 5 Extraído de Perrenoud, Ph. (2001), A Pedagogia na Escola das Diferenças: Fragmentos de uma Sociologia do Fracasso; trad. Cláudia Schilling,Porto Alegre, Artmed Editora, 2ª Edição, p. 11-12. Afinal, “Que é um pensamento que não faz mal a ninguém, nem aquele que pensa nem aos outros?” (DELEUZE, Gilles, 1988, p. 225), o pensamento antes de tudo precisa aumentar sua potência, violentar, para dirigir-se a um encontro que force a reflexão. A educação pode tomar alienante ou libertadora, o que determinará será os caminhos que a levamos, nos pegando a outras palavras, por exemplo, a de Gallo, a educação vista como um encontro de singularidades pode tornar-se um bom ou mau encontro, a partir de qual maneira iremos conduzi-las. Os objetivos propostos pela UNESCO (1998), para uma educação do novo século, pressupõe uma escola democrática, isto é, uma educação onde aluno e professor interagem de forma igualitária, se abrindo a criatividade, o que infelizmente ela não é. A participação da criança em sala de aula limita-se apenas ao cumprimento de regras, onde se resume apenas em sentar e consumir todo o conteúdo programado para aquelas próximas horas. “Os olhos comem coisas. Que a boca cospe como sílabas” 6 Não há tempo, nem mais, de cuspir, quem dirá digerir as silabas, em nossas celas. O que estão fazendo os professores? O que eles estão fazendo aos nossos alunos? Devemos fundamentar nossas salas de aulas num lugar de bons encontros regido por uma ética da experimentação7 que faça da repetição algo novo, algo que diferencie. Porém o questionamento principal insiste como fazer da escola um lugar de bons encontros? Como ultrapassar o termo já tão surrado, ensino-aprendizagem que até nos parece um tanto quanto clichê, após tanto comodismo? Tomemos como referencial aqui, o filósofo francês pósestruturalista Gilles Deleuze e sua filosofia de bons encontros, dele pegamos o conceito de uma literatura menor: “Uma literatura menor não é a de uma língua menor, mas antes a que uma minoria faz em uma língua” (DELEUZE; GUATTARRI. apud. GALLO, Silvio. 2003). Isto é, uma minoria que faz uso de sua língua, mas não um uso qualquer um uso, que force a reflexão, um uso que leve a palavra ao seu limite, e faça não só um mero uso, e sim toda a experimentação possível. Trazemos esse conceito para a educação, como Gallo. Este conceito nos conserva a espreita de uma Educação menor, não menor por estar num sentido desfavorecido, mas que encontra de igual modo, o limite da educação e faça o aluno seguir seu fluxo forçando o pensamento, esticando ao seu limite, sacudindo as teias de aranha 6 Poema extraído do livro Pensamento Chão de Viviane Mosé. p. 65 Ética de experimentação seria uma extensão do conceito ritornelo criado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, seu maior trunfo, regido por essa ética é onde eles elevam o pensamento ao seu limite de tensionamento, é comum, em seu livro Mille Plateux slogans afirmativo do tipo: “faça rizoma, não faça raiz, nunca plante! Não semeie, pique! Faça linha e nunca o ponto!” Neste ética, o ritornelo leva o possuidor desse conceito há uma improvisação continua. Onde se está sempre sujeito a uma fuga, visando-se sempre uma possibilidade da fuga, inventando e colocando em risco os limites.. 7 da estabilidade e quietude, sua força criadora e que não se instabilize com vulnerabilidade, mas que o tire para dançar. Que nos pegue pela cintura, e o eleve para o alto! Ao mais alto de nós! Propomos refletir então sobre a formação de professores militantes, que estejam dispostos a fazer da escola, da sala de aula, um lugar de contemplação do saber, fazer de nossos professores emissores de signos e significantes capazes de afetar seus alunos, é disso que somos feitos, é disso que podemos significar a aprendizagem, um encontro, um encontro de signos que me passam que capturo, não no plano intelectual, mas nos planos dos afetos. Um professor pode ensinar natação a um aluno, porém esse somente saberá á nadar efetivamente quando o seu corpo se encontra com a água da piscina. A aprendizagem é um bom encontro! O que fazem então nossos professores? “O corpo do aprendiz está imerso em práticas historicamente determinadas, por isso aprender significa não apenas deixar-se docilizar pelas práticas que atravessam na Escola ou na relação pedagógica, como também, e necessariamente, “sondar e viabilizar resistências e saídas no próprio campo dos condicionantes, das múltiplas conexões que nos enredam.” (Orlandi, 2002.) A educação deve-se estar ligada a um plano de afetos e que se subverta a educação maior, isto é, a da escola onde o sistema é feito por aquelas cabeças bem-pensantes a serviço do poder. A educação menor surge nesse contexto então como uma resistência, uma linha de fuga, que perpassa o muro das celas educacionais, em virtude de uma educação que nos escapa e está sempre regido por uma multiplicidade. Se a vida é isso que sempre nos escapa, que é sempre transbordante, porque a educação, o pensamento e a escrita acadêmica teimam em confabular com coisas apequenadas e apequenantes. Com o previsto, com o mesmo. Não há lugar para o diferente na educação. Muito pelo contrário, O processo de educação vigente, exibe suas disciplinas, controles e técnicas imóveis, estáticas, monocromáticas. Máquina de captura. Aprendamos a domar a si e ao outro, e nesta “colonização aprendemos a morrer e nos matar.” (Feldens, 2008, pág.65). Enquanto educa-se, salvo raras exceções, ignoram-se as cores do mundo, as músicas do corpo e rejeitando assim o diferente o que fazemos com esses alunos? Assim a escola de hoje não permite a formação cidadã, mas sim a reprodução da violência e o autoritarismo, além de tornar o espaço pouco motivador, e facilitador de movimentos de risco. Estes estão a enferrujar os nossos alunos. Gallo (2003) nos apresenta então mais um conceito interessante em seu livro Deleuze & a Educação, porém este descrito por Antonio Negri; por excelência, o professormilitante, onde em síntese podemos esclarecer como “aquele que procura viver as situação e dentro dessa situação vivida produzir a possibilidade do novo” (GALLO. 2003. p. 61); Imaginemos então este professor-militante em nossas escolas, aquele professor que com os alunos dançam e faz da sala de aula um movimento. Usando a definição de Levy (1999), o professor atuaria não mais como “mestre”, mas sim como participante do processo colaborativo de aprendizagem. E que saiba dar aos alunos o acesso à transversalidade entre os conhecimentos. Que abram todas as gavetas do conhecimento! Para Gallo (2000), a educação é um empreendimento coletivo, que suscita encontros, de singularidades, alegres e tristes mais sempre encontros. Com isso ainda o Brasil convive, hoje, paradoxalmente, com uma legislação das mais avançadas do mundo, que dispõe de vários programas de incentivo a escolarização de nossos estudantes. Como apontado por Azevedo (1994), - O Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8069, 13/07/90) é igualmente rico que confere em direito que todos os estudante tem, e que infelizmente não gozam, desse beneficio, porém é bem sabido também que até mesmo funcionários públicos e responsável pelo seguimento da lei não a segue corretamente boa parte dela – e com uma realidade educacional que vista do ângulo do fracasso escolar, é das mais sombrias. Assim concluímos que, no que compete aos fatores do fracasso escolar não só é um sintoma do governo, e sim até mesmo da própria escola, o fracasso escolar é uma causa do próprio fracasso escolar, a escola está sendo questionada por suas ações e ela tem de admitir isso. É visto que muitos dos professores não seguem, tampouco tem motivação para o ensino. Há ai um sintoma sistêmico e biopsicossocial nessa intersessão na qual se insere piso salarial dos professores, falha ética profissional, a fraca fiscalização do programa propostos entre outros. Continuamos refletindo agora a partir dessas premissas onde vemos uma escola como um lugar onde subvertermos os valores de uma educação maior, por uma educação menor onde há em si a o gosto pela coletividade, construção de elos e afetos próprios, em oposição à educação institucionalizada padrão, demarcando desigualdades; Somos opositores do aparelho de estado em prol da nossa máquina de guerra lançada. Um jogar sementes, onde infelizmente não podemos prescrever onde estas germinaram. A aula em sim não se trata de transmitir uma informação, mas de trabalhar uma matéria que está em movimento, porém nem sempre conseguimos atingir a todos, principalmente em nossas salas superlotada, já comum em nossa cultura, sendo que a mesma de forma alguma chega a atrapalhar aquele aluno afetado, mas ainda queremos afetar mais! Dito isso, pensamos agora o fracasso escolar, como um sintoma social, e que a partir disso, que reflexões outras surjam para reordenar e preencher o ideário da prática pedagógica com soluções efetivas para esta marginalização e autoritarismo produzido no âmbito escolar. É pensar educação além da escola, permitindo que a mesma cumpra sua importantíssima função de dar dignidade de cidadão para cada individuo. Para isso, necessita-se de que todos assumam sua cota de responsabilidade formulando uma escola pós-moderna. REFERÊNCIAS BOSSA, Nadia A. Fracasso Escolar: um olhar psicopedagógico. Porto Alegre: Artmed, 2002. CARVALHO, José Sérgio F. de. 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