ERGONOMIA E LER/DORT Docente Milton Carlos Martins Médico do Trabalho Doutor em Ergonomia Monitores Carlos Alberto Diniz Silva Médico do Trabalho Mestre em Ergonomia Leila Nadin Zidan Engenheira Mestre em Ergonomia Novembro 2002 ROTEIRO .Conceito. Histórico. .Componentes da Ergonomia Americana e Francesa. .Análise do Trabalho nos Diversos Métodos. .Campos. Bases da Prática Ergonômica. .Fatores que Influenciam na Carga de Trabalho .Modelo Metodológico de Investigação Ergonômica .Estudo de Caso. .Conceitos. Tarefa. Atividade .Características do Ser Humano .Condições de Trabalho/População/ Conseqüências Gerais e Particulares ( Absenteísmo/Presenteísmo/ Acidentes do Trabalho/Morbidade ERGONOMIA É o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para conceber instrumentos, máquinas e dispositivos técnicos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia. Wisner, 1987 É a arte na qual são utilizados o saber tecnocientífico e o saber dos trabalhadores sobre sua própria situação de trabalho. Wisner, 1994 Histórico da Ergonomia O termo ergonomia é utilizado pela primeira vez em 1857 por Jastrzebowki, nominando-a de Ciência do Trabalho para Verificação das Verdades das Situações Laborativas. O termo ressurge em 1949 por Murrel para reunir conhecimentos, psicológicos e fisiológicos, úteis para a concepção dos meios de trabalho. Assim, bem antes do nascimento oficial da ergonomia, havia os que estavam preocupados em adaptar o trabalho ao HOMEM: os utilizadores, médicos e higienistas, engenheiros e organizadores do trabalho e pesquisadores de laboratório. A ergonomia é resultado de duas correntes: uma produtivista e uma higienista. Principais Características da Ergonomia do Componente Humano (ECH) e da Ergonomia da Atividade Humana (EAH) ECH EAH Aspectos do Trabalhador Aspectos da Tarefa Métodos de aquisição de dados Objetivos Principais Principais meios de ação Observação Características anatômicas, fisiológicas, psicológicas gerais independentes do trabalho Ambiente físico(ruído, calor, etc), Características físicas da interface H/M Sobretudo experiência de laboratório, raramente os locais de trabalho. MEDIDAS QUANTITATIVAS Adaptação da máquina ao homem. Melhoria de condições de trabalho. Concepção de dispositivos técnicos Sobretudo metodologia americana Atividade dos trabalhadores. Comportamentos físicos ( gestos posturas, traços) e mentais (raciocínio, estratégias no trabalho) Os mesmos acima, mais os procedimentos e objetivos prescritos, assim como, condições sociais do trabalho. Análise do trabalho no terreno. Excepcionalmente em laboratório. Observação e registros de comportamento e verbalizações. DADOS MAIS QUALITATIVOS QUE QUANTITATIVOS Melhoria de condições de trabalho (tarefa e atividade) Idem. Organização do trabalho e formação/ treinamento Sobretudo metodologia francesa. Montmollin, M 1986. Principais Características da Ergonomia do Componente Humano (ECH) e da Ergonomia da Atividade Humana (EAH) Aspectos do Trabalhador ECH Características anatômicas, fisiológicas, psicológicas gerais independentes do trabalho. EAH Atividade dos trabalhadores. Comportamentos físicos (gestos posturas, traços) e mentais (raciocínio, estratégias no trabalho) Principais Características da Ergonomia do Componente Humano (ECH) e da Ergonomia da Atividade Humana (EAH) Aspectos da Tarefa Ambiente físico( ruído, calor, etc), ECH Características físicas da interface H/M Os mesmos acima, mais os procedimentos e EAH objetivos prescritos, assim como, condições sociais do trabalho. Principais Características da Ergonomia do Componente Humano (ECH) e da Ergonomia da Atividade Humana (EAH) Métodos de aquisição de dados ECH Sobretudo experiência de laboratório, raramente os locais de trabalho. MEDIDAS QUANTITATIVAS Análise do trabalho no terreno. EAH Excepcionalmente em laboratório. Observação e registros de comportamento e verbalizações. DADOS MAIS QUALITATIVOS QUE QUANTITATIVOS Principais Características da Ergonomia do Componente Humano (ECH) e da Ergonomia da Atividade Humana (EAH) Objetivos Principais ECH EAH Adaptação da máquina ao homem. Melhoria de condições de trabalho Melhoria de condições de trabalho. (TAREFA E ATIVIDADE) Principais Características da Ergonomia do Componente Humano (ECH) e da Ergonomia da Atividade Humana (EAH) Principais meios de ação ECH Metodologia Concepção de dispositivos técnicos. Americana EAH Idem. Organização do trabalho e Metodologia formação/ treinamento. Européia A ANÁLISE DO TRABALHO NOS DIVERSOS MÉTODOS FUNÇÃO OBJETIVO MÉTODO QUESTÕES ENGENHEIRO ORGANIZAÇÃO E MÉTODOS RECRUTAMENTO PSICOLOGIA MÉDICO DO TRABALHO ERGONOMISTA Determinar a parte humana do processo de produção, segundo uma lógica técnica Elaborar diretrizes: - ordem cronológica - tempos - instruções Elaborar: - critérios de seleção - plano de treinamento Determinar as causas dos problemas observados Diagnosticar os fatores críticos do trabalho Descrição da tarefa em termos de compatibilidade entre o desempenho humano e o dispositivo técnico. Descrição da atividade de trabalho visível (gestual)em termos de operações elementares Descrição da tarefa em termos de aptidões necessárias a sua execução: - destreza - memória requerida - etc Descrição em termos de causas ou riscos físicos e/ou mentais. Individuais ou coletivos (Epidemiologia) Descrição em termos de - estratégias do trabalhador - tempos e regulação - traços - comunicações POR CAUSA DE QUE ? E SE ? PORQUE ? COM O QUE ? MONTMOULIN M. 1986 COMO ? QUEM ? A ANÁLISE DO TRABALHO NOS DIVERSOS MÉTODOS FUNÇÃO OBJETIVO MÉTODO QUESTÃO ENGENHEIRO Determinar a parte humana do processo de produção, segundo uma lógica técnica Descrição da tarefa em termos de compatibilidade entre o desempenho humano e o dispositivo técnico. COM O QUE ? A ANÁLISE DO TRABALHO NOS DIVERSOS MÉTODOS FUNÇÃO OBJETIVO MÉTODO QUESTÃO ORGANIZAÇÃO E MÉTODOS Elaborar diretrizes: - ordem cronológica - tempos - instruções Descrição da atividade de trabalho visível (gestual) em termos de operações elementares COMO ? A ANÁLISE DO TRABALHO NOS DIVERSOS MÉTODOS FUNÇÃO OBJETIVO MÉTODO QUESTÃO RECRUTAMENTO PSICOLOGIA Elaborar: - critérios de seleção - plano de treinamento Descrição da tarefa em termos de aptidões necessárias a sua execução: - destreza - memória requerida etc. QUEM ? A ANÁLISE DO TRABALHO NOS DIVERSOS MÉTODOS FUNÇÃO OBJETIVO MÉTODO QUESTÕES MÉDICO DO TRABALHO Determinar as causas dos problemas observados Descrição em termos de causas ou riscos físicos e/ou mentais. individuais ou coletivos (Epidemiologia) POR CAUSA DE QUE ? E SE ? A ANÁLISE DO TRABALHO NOS DIVERSOS MÉTODOS FUNÇÃO ERGONOMISTA OBJETIVO Diagnosticar os fatores críticos do trabalho MÉTODO QUESTÃO Descrição em termos de - estratégias do trabalhador - tempos e regulação - traços - comunicações PORQUE ? CAMPOS DA ERGONOMIA ERGONOMIA DO PRODUTO ERGONOMIA DA PRODUÇÃO ERGONOMIA DE CONCEPÇÃO ERGONOMIA DE CORREÇÃO BASES DA PRÁTICA ERGONÔMICA . Utilização de dados científicos sobre o homem; . Origem multidisciplinar; . Aplicação sobre o dispositivo técnico e sobre a organização do trabalho e a formação; . Perspectiva de uso desse dispositivo pela população normal de trabalhadores FATORES QUE INFLUENCIAM NA CARGA DE TRABALHO TRABALHADOR contrato Características Pessoais: Idade e sexo Características físicas, intelectuais e psíquicas: Formação Experiência Aprendizagem ATIVIDADE DE TRABALHO CARGA DE TRABALHO SAÚDE/ MORBIDADE/ ACIDENTE PRODUÇÃO QUANTIDADE/ QUALIDADE EMPRESA Organização do Trabalho Máquinas e Ferramentas Segurança Espaço Mobiliário Ambiente: Físico, Químico e Biológico Cassou e col. (1985) Guérin e col. 1991 MODELO METODOLÓGICO DE INVESTIGAÇÃO ERGONÔMICA Análise da Demanda Relato de queixas Revisão bibliográfica Leitura Observações gerais e globais Levantamento do funcionamento da empresa Levantamento de características da população Indicadores relativos à saúde e à eficácia Características técnicas da atividade Observações globais e gerais Análise da documentação Entrevista/questionário Pré-diagnóstico Definição de um plano de observação sistemática Definição de uma ferramenta para coleta de dados Coleta de dados : Análise da atividade Observações sistemáticas Entrevistas Tratamento dos dados Validação Diagnóstico Pontual e Global Guérin e col., 1997 (modificado) MODELO METODOLÓGICO DE INVESTIGAÇÃO ERGONÔMICA Análise Relato de queixas da Revisão bibliográfica Demanda . Representatividade Leitura Observações gerais e globais do autor da demanda . Posição da direção geral : ergonomia do produto ou da produção? Análise da demanda (cont.) . Interlocutor na empresa: Gerência de produto ou de produção? Trabalhador como sujeito e não objeto da intervenção. ANÁLISE DA DEMANDA (cont.) SERVIÇOS DE PESSOAL: Idade, tempo de serviço, proveniência, sexo, instrução, qualificação, rotatividade e absenteísmo. SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO: Relatórios Médicos e Relatórios de Segurança PRODUÇÃO: Relatórios sobre quantidade e qualidade. ANÁLISE DA DEMANDA (cont.) Custo Humano do Trabalho . DOENÇAS PROFISSIONAIS E DO TRABALHO: Histórico. Relações causais. Fadiga, sofrimento e desinteresse. . ACIDENTES DO TRABALHO: Conflitos entre a exigência de produção e recomendações de segurança. (E.P.I.) E.P.I. Protege eficazmente? Não cria um perigo novo? É compatível com a tarefa prescrita? È confortável? Por quanto tempo? MODELO METODOLÓGICO DE INVESTIGAÇÃO ERGONÔMICA Análise da demanda Levantamento do funcionamento da empresa Levantamento de características da população Indicadores relativos à saúde e à eficácia Características técnicas da atividade Observações Globais e Gerais Análise da documentação Entrevista/questionário PRÉ-DIAGNÓSTICO Pré-diagnóstico Definição de um plano de observação sistemática Definição de uma ferramenta para coleta de dados Coleta de dados: análise da atividade OB. Sist. Entrev. Tratamento dos dados Validação Diagnóstico Pontual e Global Guérin e col., 1997 (modificado) Vídeo: Corte de fitas Conceitos Operações Ciclo de Trabalho Tempo Estratégias VARIABILIDADE DO CICLO Incidentes TAREFA È o objetivo a se atingir com os meios determinados anteriormente. È caracterizada por: Um objetivo: fazer tal peça, cortar tal fita de aço. Meios técnicos: com tal máquina, com tal tesoura. Meios organizacionais: segundo tal divisão de trabalho. Normas: de qualidade, quantidade por unidade, de duração do trabalho. A tarefa corresponde ao trabalho teórico ou prescrito ATIVIDADE Corresponde a maneira pela qual o homem coloca seu corpo( todos seus sistemas), sua personalidade(caráter, história) e suas competências( formação, aprendizagem, experiência) em contribuição para realizar um trabalho. È caracterizada por: . A maneira pela qual ele utiliza seus próprios meios: (físicos, sensoriais, mentais) em relação ao seu estado (idade, competência). . A maneira pela qual ele utiliza os meios exteriores: instrumentos, ferramentas, informações... . A maneira pela qual ele age em relação as exigências que lhe são impostas: tempo, espaço, quantidade, qualidade... A atividade corresponde ao trabalho real COMPONENTES DA ATIVIDADE Componentes Físicos: Atividade Muscular Estática Atividade Muscular Dinâmica Componentes Sensoriais: Órgãos do sentido Componentes cognitivos: Tratamento da Informação Resolução de Problemas Tomada de Decisão Componentes relacionais COM QUEM ? ONDE? QUEM ? O QUE ? ATIVIDADE DE TRABALHO QUANDO ? COM QUE? COMO ? EM QUANTO TEMPO? PORQUE? ELEMENTOS OBSERVÁVEIS GESTOS DE AÇÃO GESTOS DE OBSERVAÇÃO GESTOS DE COMUNICAÇÃO MODELO DA ATIVIDADE DE TRABALHO ELEMENTOS MATERIAIS: MÁQUINAS FERRAMENTAS MATÉRIA PRIMA S I N A I S EXPERIÊNCIA RECEPÇÃO PERCEPÇÃO VISÃO AUDIÇÃO OLFATO TATO GOSTO SISTEMA NERVOSO DETECÇÃO IDENTIFICAÇÃO INTERPRETAÇÃO DECISÃO COMANDO AÇÃO MOTORA ATIVIDADE APARENTE VIAS MÚSCULOS NERVOSAS ATIVIDADE NÃO OBSERVÁVEL CARACTERÍSTICAS DO SER HUMANO Sócio-profissionais: idade, sexo,antigüidade, escolaridade. Proposição: conhecer a população trabalhadora. Antropométricas: estatura, peso, comprimento dos diferentes segmentos corporais. Proposição: conceber espaços de trabalho e mobiliário. Ligadas ao esforço físico. Proposição: conceber instrumentos e máquinas. Ligadas ao ambiente físico: calor, frio, poeiras, ruído, vibração e agentes tóxicos. Proposição: diminuir as conseqüências negativas desses agentes sobre a saúde. (continua) Sensoriais: visão, audição, tato, olfação e gosto. Proposição: conceber instrumentos de medição, alarmes visuais e sonoros, leitura sobre tela, discriminação de símbolos pictográficos Psicológicas Proposição: Entender para solucionar a detecção e tratamento de informações e a resolução de problemas. Ligadas aos ritmos circadianos. Proposição: conhecer a influência sobre o sono/ saúde. Ligadas às condições de vida. Proposição: Conhecer a influência sobre o trabalho. CARACTERÍSTICAS CONDIÇÕES DE TRABALHO: DA FATORES TÉCNICOS E ORGANIZACIONAIS POPULAÇÃO DIFERENÇAS OBSERVADAS: ERGONOMIA CONSEQÜÊNCIAS GERAIS E PARTICULARES: DEMOGRÁFICAS, ABSENTEÍSMO E PRESENTEÍSMO, ACIDENTES DO TRABALHO E MORBIDADE ABSENTEÍSMO TAXA DE ABSENTEÍSMO: número de horas ausentes no trabalho X 100 número de horas teoricamente trabalhadas Quem falta no trabalho? O absenteísmo é maior entre operários que entre executivos. O absenteísmo é maior entre empregados não qualificados que entre não qualificados. Os jovens e os com mais de 40 anos são os que mais faltam no trabalho. As mulheres faltam mais que os homens. O absenteísmo aumenta com o tamanho do estabelecimento onde a proteção social e as condições de pagamento dos dias faltados é melhor. Linhart, 1992 PRESENTEÍSMO Pressão disciplinar levando ao presenteísmo.(Roche, 1987) Recessão econômica levando ao presenteísmo. Presença de empreiteiras na empresa ( medo do local ser terceirizado). Trabalho ultraespecializado que a curto prazo obriga a presença. Vontade própria de não faltar – Numerosos são os casos de indivíduos, ditos hiperativos, presenteístas, Mesmo quando a razão. (Dessors, 1990 e Dejours, 1983) ACIDENTES DO TRABALHO A freqüência dos acidentes do trabalho( AT ) varia com o ramo de atividade, a Construção Civil é aquele onde a freqüência é maior. A freqüência dos AT diminue com a idade. ( papel da experiência profissional). A freqüência dos AT depende da qualificação. A gravidade dos AT aumenta com a idade (seqüelas freqüentes). As seqüelas dos AT são sobretudo nas mãos e aparelho locomotor. ACIDENTES DO TRABALHO Tabela 1 – Número de Acidentes e Doenças do Trabalho no Brasil, de 1970 a 1996 Ano Massa Segurada ACIDENTES Doenças Típicos Trajeto TOTAL Total de óbitos 1970 7.284.022 1.199.672 14.502 5.937 1.220.111 2.232 1975 12.996.796 1.869.689 44.307 2.191 1.916.187 4.001 1980 18.686.355 1.404.531 55.967 3.713 1.444.627 4.824 1985 20.106.390 1.010.340 63.515 4.006 1.077.861 4.384 1990 22.755.875 632.012 56.343 5.217 693.572 5.355 1995 23.614.200 374.700 28.791 20.646 424.137 3.967 1996 24.311.448 325.870 34.696 34.889 395.455 5.538 Tabela 2 – Acidentes Registrados – 1996 Acidentes de trabalho urbanos registrados REGIÕES TOTAL TÍPICO TRAJETO DOENÇA NORTE 5.775 4.841 288 108 NORDESTE 25.258 20.203 2.067 2.988 SUDESTE 258.208 209.518 26.295 22.398 SUL 92.295 80.245 5.204 6.846 CENTRO OESTE 13.921 11.065 845 2.011 Roteiro Relatório Ergonômico Indicações para uma investigação ergonômica Estudos de casos NR-17 de Ergonomia RELATÓRIO ERGONÔMICO Introdução: Descrição da empresa Análise da demanda Análise da população trabalhadora Método empregado Análise da tarefa e da atividade Avaliação ambiental do local/setor de trabalho Características da organização do trabalho Relações entre condições de trabalho e condições de vida Análise da relação saúde/trabalho Recomendações/ Sugestões INDICAÇÕES PARA UM ESTUDO ERGONÔMICO a) Trabalho exigindo grande esforço físico ou posturas rígidas/fixas b) Rotatividade elevada c) Taxa de absenteísmo elevada d) Freqüência e gravidade de acidentes elevadas e) Pagamento de prêmio de produtividade f) Trabalho exigindo movimentos repetitivos/estático g) Trabalho em turnos h) Trabalho exigindo grande precisão, qualidade ou quantidade i) Presença de doenças profissionais ou do trabalho j) Introdução de novas tecnologias ou mudanças do processo de produção k) Outras situações detectadas pelo SESMT da empresa. Análise da Demanda Diferentes Dados da Empresa Pré-diagnóstico Levantamento de Dados TAREFA Análise da Atividade Observação Sistemática Entrevista LEVANTAMENTO DE DADOS hora tarefa Freqüência Meios e Maneira como condições da o operador para realizar tarefa realiza a a tarefa tarefa CORTAR FITAS . Entrevistas com chefes e cortadores . Espaço de trabalho e material utilizado . Tempo do ciclo de trabalho . Posturas e tempo das operações de cortar fita . Número e tempo de incidentes na tarefa . Freqüência cardíaca máxima e freqüência cardíaca de recuperação da tarefa nas indústrias A, B, C Corte de fitas Entrevistas com os Chefes “O trabalho é cortar fitas no tamanho certo. As bobinas têm certas medidas a serem obedecidas. È um trabalho que se abaixa muito e se tem dor nas costas.” “O trabalho tem jeito de melhorar. È só encaixar o rolo em pé, parece que existe isto em outras empresas.” “È uma das piores áreas da empresa. Há muito afastamento de problemas de coluna e alergia a óleo.” “A produtividade depende da habilidade do operador de ponte rolante em deslocar as bobinas embaladas.” “A noite produz-se mais, o trabalho é mais descontraído. Durante o dia tem mais correria.” Entrevista com os cortadores de fita “A fita preta é mais fácil de se cortar pois é mais fina e mais leve. “A fita branca é mais pesada para se jogar na bancada.” “A tração é maior no meio do rolo de fita, por isso neste momento é mais difícil de se cortar.” “Difícil no trabalho é a busca dos rolos de fita a longa distância. Seria resolvido se o chefe de turno pedisse ao operador de ponte rolante para fazer isto.” “A noite se produz mais principalmente quando falta o chefe de turno.” “Cortar fita que está embalada torta é perigoso pois a gente pode se cortar.” “O trabalho é duro, pode dar problema nas mãos e nas costas.” “Já fui afastado duas vezes com problema de coluna.” Espaço de trabalho e material utilizado Diâmetro dos rolos: fita branca: 0,83cm fita preta: 0,63cm Peso dos rolos: fita branca: 120kg fita preta: 80kg Bancada: largura: 3m. comprimento: 2,18cm, 3,20cm, 3,42cm, 3,74cm a 4,15cm Tesoura: Aberta: 0,57cm Fechada: 0,16cm Tempo em segundos gasto pelos trabalhadores na tarefa de cortar fitas Trabalhador Antigüidade (função) Tempo de corte 1 1 mês 16 segundos 2 5 meses 18 segundos 3 9 meses 14,4 segundos 4 11 meses 8,9 segundos 5 20 meses 15 segundos 6 24 meses 17,3 segundos 7 6 meses 14,1 segundos Postura e tempo das operações de cortar fitas realizada por um operador novato em um ciclo de trabalho de 15 segundos Posturas Em pé ereto Em pé Inclinado para a frente E m pé muito inclinado para A frente Operações 10,1 s. Desenrolar 3,5 s. Colocar 1,4s Cortar Número de incidentes na tarefa de cortar fitas em 1 hora e 15 minutos de observação Emprestar tesoura : 2 vezes Tesoura falhando: 8 vezes Tempo em segundos gastos por incidentes na tarefa de cortar fitas em 1 hora e 15 minutos de observação Emprestar tesoura : 46 segundos Tesoura falhando: 2 a 3 segundos Freqüência Cardíaca Máxima e Freqüência Cardíaca de Recuperação no Corte de Fita F.C. 150 FCM Limite de segurança 100 50 1m 2m 3m 1m 2m 3m 1m 2m Freqüência Cardíaca de recuperação FCM e FCR após a tarefa de cortar fitas em 3 trabalhadores Idade: 25a 25a 36a Antigüidade: 3m 3m 20m (Dados da eletrocardiografia dinâmica) 3m * Freqüência Cardíaca de Recuperação Após a Tarefa de Cortar Fitas F.C. 150 Limite de segurança 100 50 1m 2m 3m 1m 2m 3m 1m 2m Freqüência Cardíaca de recuperação FCM e FCR após a tarefa de cortar fitas em 3 trabalhadores com idade variando de 20 a 25anos nas siderúrgicas A, B e C (Dados de estetoscópio)) 3m Vídeo Estudo de caso: Empresa de Fibras Ópticas A Demanda . Exigência legal determinada por inspetor médico do Mtb. . Operadores com queixas de distúrbios osteomusculares e de perda auditiva induzida por ruido. . Mudança da área física do setor a ser estudado . Interesse da empresa em manter sua mão-de-obra especializada. . Ingresso de concorrentes no mercado. Posto de Trabalho: OTDR Tarefa prescrita: medir o parâmetro atenuação por meio da análise óptica das pontas da fibra de uma bobina. Equipamento: OTDR( Radar Óptico por Domínio de Tempo), computador, acoplador e calculadora. Material: bobinas de fibras ópticas e acetona. Ferramentas: extrato cerâmico e microstrip. Mobiliário: Bancada fixa, cadeira co mecanismo de regulagem danificado. Ambiente físico: salão amplo com ar condicionado. Ruidoso. Vários postos de trabalho no local. Equipamento: OTDR 2 categorias de botões e 3 categorias de teclas 4 botões: 2 para ligar/desligar 2 cursores(A e B) para se fazer a varredura da fibra 10 teclas: 2 para expandir( escala vertical e horizontal) 2 para diminuir( escala vertical e horizontal) 1 sem significado 1 para movimentar cursores 1 para mudança de pulso 1 para selecionar a atenuação 1 para mudar comprimento de onda 1 para desligar laser 6 teclas do menu: 2 mais usadas, uma para filtrar o sinal e a outra para se mexer no menu. O Trabalho Real - Inspecionar visualmente a bobina( tensionada, trançada ou com defeitos de revestimentos) - Determinar a atenuação propriamente dita - Conseguir código de barra para as bobinas - Calcular metragem de fibra aproveitável - Escolher cliente - Levar bobina para o outro posto de trabalho Ciclo de Trabalho A variabilidade do ciclo de trabalho depende do número de incidentes e estratégias. Ciclo mínimo observado: 2 minutos Ciclo máximo observado: 3 minutos e 35 segundos Se a fibra está “boa”, o número mínimo de manuseio de teclas e botões será de 7. No caso do ciclo máximo foi observado 52 manuseios de teclas e botões. Incidentes . Não se conseguir acoplagem. . Bobina com ponta início pequena ou sem ponta. . Não se conseguir tirar o revestimento da fibra em primeira tentativa. Bobinas filhas de mães diferentes( misturadas) ao se fazer a identificação. . Falta de bobinas Estratégias RELATIVA AO TRABALHO MUSCULAR ESTÁTICO: Apóia 4 dedos sobre a parte superior do equipamento realizando movimentos de toque no equipamento com o polegar, retira a mão quando precisa movimentar os botões mais distantes. RELATIVA AO PRODUTO: Aproveitamento máximo da fibra para que esteja acima da especificação mínima de corte. Pontos Críticos Mobiliário inadequado: bancada fixa, cadeira sem mecanismo de regulação. Equipamento: Botões e teclas na face anterior. Tela pequena. Acoplador com haste de 7cm impedindo apoio da mão sobre a bancada. Dificuldade de visualização da operação. Transporte manual das bobinas. Ambiente ruidoso com baixa temperatura. Pontos Críticos Cont. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO: Alternância parcial dos postos de trabalho Horas extras obrigatórias Equipes incompletas Controle do supervisor: competição entre equipes. Pressão para se produzir. Treinamento deficiente Trabalho noturno ATIVIDADE Posturas inadequadas devido mobiliário inadequado. Braço suspenso ao acoplar, dedos com pega em pinça. Atividade em postura estática com braços levantados devido ao equipamento inadequado. Atividade com movimentos repetitivos, pega em pinça e punhos em flexão/extensão. Atividade com utilização acentuada da visão em tela pequena com sinais muito concentrados. Atividade com transporte manual das bobinas. Atividade de longo aprendizado. Atividade sujeita a fatores organizacionais e psicossociais Possíveis conseqüências negativas do trabalho Trabalho Muscular Repetitivo e Estático: Probabilidade de LER/DORT. Tela pequena com sinais muito concentrado: Probabilidade de distúrbios visuais. Ambiente Ruidoso - Probabilidade de PAIRO e dificuldade de concentração na realização da tarefa. Temperatura baixa - Probabilidade de LER/DORT. Fatores Organizacionais/ Psicossociais - Probabilidade de LER/DORT, fadiga e distúrbios inerentes ao trabalho noturno. Conseqüências negativas do trabalho Prontuários Médicos Fase inicial de PAIRO ou fadiga auditiva? Em 12 exames periódicos: 5 casos de gota acústica na banda de freqüência de 4000 e 6000 hertz. Lombalgia: 2 casos. Problemas visuais: 3 casos. Questionário( Morbidade Sentida/Referida ) Os operadores referiram dor no braço, nas costas e no ombro e problemas visuais. Dor de cabeça, irritação, tensão ou “nervosismo”. * Os escarfadores O contexto técnico-organizacional: - nível de pressão sonora elevada - temperatura elevada( devido chama do maçarico e, as vezes, placas que chegam quentes no setor. - fumaça proveniente da escarfagem - EPI pesados e desconfortáveis - máquinas em mau estado de funcionamento (tendo de assegurar a produção) - risco de explosão do maçarico Continuação - competição entre equipes incitadas pelos chefes - hierarquia rígida - informações que podem chegar após o momento desejado - normas de produção que não podem ser respeitadas quando aumenta a produção - falta de efetivos(aumento das jornadas de trabalho e diminuição das pausas) - trabalho em turnos - responsabilidade pelo produto final Escarfador: A atividade - manipular maçarico - observar defeitos das placas - escarfar - limpar placas - enxugar placas - trocar haste do maçarico - trocar maçarico - arrumar tubos do maçarico - verificar pressão do gás - limpar o solo - comunicar-se (inspetor de qualidade, com o controlador da cabine e com o controlador de produção) Após análise da atividade constata-se que os escarfadores realizam seu trabalho com grande esforço físico, durante aproximadamente, 52 minutos por cada hora trabalhada. A variabilidade do ciclo de trabalho Incidentes - máquina vira-placas parada com defeito - máquina mesa transportadora da saída da escarfagem parada com defeito - transportador automático após máquina vira-placas funcionado com solavancos - aumento do calor porque as placas chegavam ainda quentes no setor - a não percepção imediata por parte do operador de cabine dos sinais de um escarfador para que ele parasse o transportador automático Conseqüências - 4 AT no setor, 2 em 4 aconteceram com os trabalhadores sobre o transportador automático - a taxa de absenteísmo é elevada - Morbidade Afastamento do Trabalho/ 1000 Dia perdidos por afastamento/1000 Fonte: SESMET Empresa Seção Setor Escarfadores 1,4 1,4 1,8 2,1 4,0 5,5 6,9 8,0 Morbidade dos Escarfadores em 1989 Fonte: Prontuário médicos 25 trabalhadores 78 consultas 53 consultas com afastamento 25 consultas sem afastamento 3 consultas não identificados os diagnósticos 3,1 consultas trabalhador/ano 200 dias de afastamento 8dias de afastamento trabalhador/ano 3,7 dias perdidos/afastamento (Cont.) 15 afastamentos – Aparelho Respiratório com 27 dias perdidos Dias perdidos/afastamento = 1,8 6 afastamentos – Aparelho Osteomuscular com 43 dias perdidos Dias perdidos/afastamento = 7,1 9 afastamentos – Lesões e Envenenamento com 82 dias perdidos Dias perdidos/afastamento = 9,1 18 afastamentos com 48 dias perdidos por outras patologias 11 escarfadores com perda auditiva em graus variáveis 2 escarfadores com tempo de serviço, respectivamente, 16 e 17 anos 9 escarfadores com tempo de serviço inferior a 3 anos Patologias em relação com as condições de trabalho dos escarfadores, 1989 Patologias Condições de Trabalho Ap. respiratório Poeiras e fumaças Ap. osteomuscular Trabalho muscular importante Posturas desequilibradas Lesões Trabalho com maçarico, placas com rebarbas e máquinas com funcionamento degradado Órgãos do sentido: Surdez e fadiga auditiva Ruido Conjuntivite Fumaças e poeiras Pele Produtos químicos Sinais e Sintomas Mal-definidos Fatores organizacionais* Conjunção de fatores técnicos levando à fadiga • Fatores organizacionais: trabalho em turno, pressão da hierarquia, competição entre equipes e falta de efetivos Norma Regulamentadora - 17 Portaria 3.751 de 26 de Novembro de 1990 . Histórico . Interpretação . Discussão Histórico 1986 - Demanda do SINDPD/SP Constituição de equipe na DRT/SP 1987/88 - Fiscalização em empresas de processamento de dados 1988/89 - Reuniões APPD, representantes da SSMT, da Fundacentro e da DRT.Convocação da sociedade civil. Manual : O trabalho com terminais de vídeo. Nova redação da NR-17 1990 - março - Assinatura da portaria que alterava a NR-17. Junho - Publicação – revogação Novembro - Nova publicação com alterações Roteiro de Pesquisa Duração: março de 1987 a abril de 1988 - Número de funcionários em cada função - Afastamentos do trabalho por acidentes e doenças - SESMET - CIPA - Riscos ambientais - Instalações elétricas - Mobiliário - Organização do Trabalho - *Proteção contra incêndio - Instalações sanitárias e refeitórios METODOLOGIA . Entrevistas com digitadores – idade, sexo e antigüidade e com supervisores . Observação direta EMPRESAS Tipo: 6 empresas estatais e 11 particulares Número de funcionários: 10.500 Número de digitadores: 2500 ( variando de 5 a 428 por empresa ) Organização do Trabalho - Duração da jornada de trabalho - Horas extras - Pausas - Exigência de toques/horas - Classificação de documentos - Rendimento/Forma de controle - Existência de beneficio por produção - Contratação de serviços de terceiros para a digitação RESULTADOS QUEIXAS MAIS FREQÜENTES RELACIONADAS A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO . Baixo número de pausas . Diferenças salariais entre maior e menor número de toques . Desconhecimento da finalidade do documento . Protecionismo das chefias . Falta de perspectiva de ascensão profissional RESULTADOS Controle de Rendimentos 2 empresas = programa específico de controle 2 empresas = rendimento avaliado pelos digitadores 13 empresas = relatórios, gráficos individuais e coletivos Prêmios de Produtividade 4 empresas = modo de premiação: 3 = $ 1 = folgas RESULTADOS Exigência de número mínimo de toque 3 empresas = sem exigências 3 empresas = 6.000 a 13.000 toques/hora em função da antigüidade 11 empresas = 10.000 a 12.000 toques/hora Em 7 empresas o número de toques executados era ponderado em função do grau de dificuldade do documento Índice de dificuldade/ fator de correção/ X toques reais = número de toques corrigidos toque equivalente Exemplo: Fator de correção 0,65 obriga a 15385 toques/hora reais a fim de cumprir a cota mínima de 10.000 toques/hora NR -17 17.6 - Organização do Trabalho 17.6.1 – A organização do trabalho deve ser adequada as características psico-fisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.6.2 – A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração, no mínimo: a) as normas de produção; b) o modo operatório; c) a exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo do tempo; e) o ritmo de trabalho; f) o conteúdo das tarefas NR -17 17.6.4 – (...) a) (...) b) O número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior a 8.000 por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado; A NR-17 compreende os seguintes aspectos: levantamento, transporte, descarga de peso, mobiliário, equipamento, condições ambientais do posto de trabalho e organização do trabalho. Foi regulamentado para o trabalho em processamento de dados: Assentos reguláveis Suporte para pés e documentos Temperatura efetiva entre 20 e 23 graus C Umidade relativa não superior a 40% Nível de pressão sonora não superior a 65 decibéis Nível de iluminamento compatível com a natureza da tarefa Quanto a organização do trabalho Número de toques hora/hora não superior a 8.000 toques reais Pausas de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados Jornada efetiva de trabalho de 5 horas Proibição de prêmio de produtividade baseado em número de toques e, necessidade de alternância de tarefa Avaliação da NR- 17 (1994) 15 empresas 2 desativadas com 917 digitadores (43,9% do total encontrado em 1987) Extinção da digitação: terceirização, descentralização, avanços tecnológicos. Mobiliário . Todas com assentos ajustáveis . Todas com teclados móveis . 4 sem apoios para pés . 2 sem suportes para documentos . 5 com telas sem mobilidade e/ou com reflexos incômodos Ambiente: só uma sem condições térmicas, acústicas e de iluminação boas. Porcentagem de empresas inspecionadas que estavam de acordo com o estabelecido na NR17 relativos aos itens pausas, número de toques/hora e prêmio de produtividade nos anos de 1987, 1992 e 1994 100% 75% 50% Toques/hora Pausas 25% Prêmio de produtividade 1987 1992 1994 INCIDÊNCIA DE LER/DORT (nos últimos 6 meses) 1987 = 8,2 1994 = 1,8 Vídeo