Entrevista Especial INFARTO DO MIOCÁRDIO com a Profa. Dra. Marisa Campos Moraes Amato e o Cirurgião Cardiovascular Dr. Fábio Antônio Gaiotto 1- O que é o infarto do miocárdio? Como se manifesta e como prevenir? Dra. Marisa - É a morte de uma região do músculo cardíaco causada pela falta de chegada de sangue para irrigá-la. Pode manifestar-se, mais frequentemente com dor no peito, muito intensa, com ou sem irradiação para membros, pescoço ou região epigástrica, com ou sem outros sintomas como sudorese, náusea, palpitação, tontura, sensação de morte eminente e perda dos sentidos. Dr. Fábio - O infarto do miocárdio pode ser prevenido através de um estilo de vida saudável. Práticas esportivas, hábito alimentar adequado, controle do peso corporal, não fumar, evitar bebidas alcoólicas, vigilância rigorosa da pressão arterial, dislipidemias e do diabete mélito. A boa prática cardiológica, com check-ups regulares, é fundamental na sua prevenção. 2 - Qual a idade mais propícia para sofrer um infarto? Dra. Marisa - Quanto maior a idade, maior é o risco de um infarto, porém quanto mais jovem o paciente, mais chance de ser fatal. O idoso no decorrer da vida estimula o aparecimento de circulação colateral, que é uma adaptação para proteger o coração, quando existe lento e progressivo crescimento da aterosclerose. Essa circulação pode suprir a irrigação de uma artéria comprometida, não deixando que o tecido do coração sofra tanto, na eventualidade de uma obstrução ou espasmo de uma artéria importante. 3- Quais doenças/dependências podem levar ao infarto? Dra. Marisa - Os fatores de risco para o infarto podem ser classificados em três grupos: irremovíveis, controláveis e removíveis. Irremovíveis - são aqueles que não podem ser retirados. São fatores inerentes ao indivíduo como idade, sexo, antecedentes familiares, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e alterações já existentes. Controláveis - são fatores que podem ser controlados, seja com medicamentos, ou com mudança do estilo de vida. É o caso da hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes, estresse, obesidade e outros. Removíveis - estes fatores, como o nome sugere, dependem da vontade do indivíduo e somente dele para que sejam definitivamente afastados. É o caso do tabagismo, do sedentarismo e dos maus hábitos alimentares (qualidade, quantidade e frequência de ingestão). 4 - Pode-se confundir dor torácica com o infarto? Dr. Fábio - Sim. O capítulo da medicina que discute o diagnóstico diferencial de dor torácica é extenso e são frequentes as confusões. Dores oriundas da aorta (dissecção da aorta) e dos sistemas gastrintestinal, osteomuscular e respiratório devem sempre ser consideradas. A dor tem caráter de durabilidade variável e depende da área acometida podendo até não existir, como mencionei. Entretanto, pode-se considerar 15 a 30 minutos, um tempo médio razoável para os quadros anginosos mais comuns. 10 5 - A vida moderna contribui para o aparecimento do infarto? Dra. Marisa - Sim. Tanto pela longevidade, quanto mais uma pessoa vive, maior a chance de desenvolver aterosclerose, quanto pelo estilo de vida moderno, que na conquista do conforto, acaba tornando os indivíduos mais sedentários, comendo mais e de maneira errada e levando à diabetes, hipertensão e dislipidemias. 6 - Os homens são mais propensos ao infarto do que as mulheres, esta situação pode reverter-se com as mudanças de atividade da mulher moderna? Dr. Fábio - Sim. Nos dias de hoje, as mulheres assumem papéis semelhantes ao dos homens na sociedade e no lar. Estão expostas aos mesmos estímulos ambientais aos quais os homens historicamente eram mais expostos. 7- Infarto agudo do miocárdio e parada cardíaca tem o mesmo significado? Dr. Fábio - Não. Podemos encontrar infarto do miocárdio tendo a parada cardíaca (morte súbita) como sintoma, porém temos muitas etiologias de parada cardíaca que não são relacionadas ao infarto do miocárdio. Não são sinônimos. 8 - Exercícios físicos podem ser praticados por pessoas cardíacas ou que sofreram infarto? Dra. Marisa - Sim e são muito benéficos se forem feitos com orientação médica e supervisão de profissionais capacitados. Dr. Fábio - Sim. Isto se chama reabilitação cardíaca. Evidentemente, uma boa avaliação cardiológica é imprescindível e a atividade física deve ser bem orientada e, por vezes, supervisionada. Ainda, são muitas as situações onde a liberação para atividade física é plena. Para exemplificar: um paciente cujo infarto foi pronta e adequadamente tratado e o seu coração está plenamente revascularizado através de uma cirurgia cardíaca bem sucedida, terá exames de isquemia cardíaca, negativos pode fazer atividade física sem restrição.