1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ANA KAROLINA FERREIRA NUNES A CULTURA EMPRESARIAL E AS POSSIBILIDADES DE SUCESSÃO NA EMPRESA FAMILIAR SUDIPEL João Pessoa/PB 2008.2 2 ANA KAROLINA FERREIRA NUNES A CULTURA EMPRESARIAL E AS POSSIBILIDADES DE SUCESSÃO NA EMPRESA FAMILIAR SUDIPEL Monografia apresentada ao Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientadora: Ms. Cristine Helena Limeira Pimentel João Pessoa/PB 2008.2 3 N972c Nunes, Ana Karolina Ferreira. A Cultura Empresarial e as Possibilidades de Sucessão na Empresa Familiar Sudipel / Ana Karolina Ferreira Nunes. João Pessoa, 2008. 39p. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) – Centro Universitário de João pessoa/UNIPÊ. 1 Organização – Cultura – Empresa familiar – Sucessão Familiar. CDU: 658 4 ANA KAROLINA FERREIRA NUNES A CULTURA EMPRESARIAL E AS POSSIBILIDADES DE SUCESSÃO NA EMPRESA FAMILIAR SUDIPEL Monografia apresentada ao Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração. Aprovada em ......./......./........ BANCA EXAMINADORA _______________________________________ M.Sc. Cristine Helena Limeira Pimentel Orientadora - UNIPÊ _______________________________________ M.Sc. Cristiana Cartaxo de Mello Lula Examinadora - UNIPÊ _______________________________________ Profº Espec. Samuel von Laer Norat Examinador - UNIPÊ 5 Dedico todo esse trabalho monográfico ao meu pai, William, o fundador da empresa Sudipel, pois foi através dele que a empresa surgiu, com seu espírito de empreendedor, caráter, coragem e dedicação a organização. Dedico também à minha mãe, meus irmãos e a todos aqueles que acompanharam o meu trabalho e esforço durante toda a minha trajetória na faculdade. 6 AGRADECIMENTOS Esta monografia representa o resultado de muito esforço e trabalho pessoal durante esses quatro anos na faculdade. Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pois sem ele não sou nada. Agradeço também aos meus pais, por terem investido na minha educação e incentivado-me na busca da minha profissão, esforçando-se para eu ter tudo do bom e do melhor, na medida do possível. Ao meu namorado Macêdo, pela dedicação, incentivo, paciência, carinho, conselhos, por estar presente nos momentos fáceis e difíceis da minha vida, estando sempre ao meu lado, apoiando-me, dando-me forças para lutar, conquistar os meus sonhos e alcançar meus objetivos. Às minhas amigas da faculdade, Daumara, Candice, Mayara, Juliana, Raquel e Marcela, que sempre estiveram ao meu lado durante quatro anos, presenciando cada momento, do primeiro período ao oitavo, nos quais também passamos por muitas situações juntas, momentos de alegrias e de tristezas, de festas, churrascos, estudos, trabalhos, seminários, casamentos, nascimento de Izadora. Momentos também de vitórias e de dificuldades. Às Professoras Cristine e Nilza que, me acompanharam na orientação da monografia e têm a seu cargo a avaliação final do meu desempenho neste centro universitário. À minha cunhada/madrinha, Ana Maria, que também me ajudou na correção e na preparação da apresentação da monografia, me aconselhando e me dando idéias para que tudo ficasse ainda mais completo. Aos meus professores, do primeiro ao oitavo período, pois foi maravilhoso passar esses quatro anos junto de vocês, que sempre nos passaram de letra os conhecimentos para nós. E por fim, gostaria de agradecer a mim mesma, por estar realizando mais um sonho, e por reconhecer que sou capaz. 7 NUNES, Ana Karolina, A Cultura Empresarial e as Possibilidades de sucessão na empresa familiar Sudipel 2008.2. 39f. Monografia (Graduação em Administração) Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. RESUMO O processo de sucessão apresenta-se como um elemento de importância para a empresa familiar, podendo influenciar todos os indivíduos envolvidos no mesmo, por isso, há necessidade de administrar os conflitos que podem ser causados pela sucessão, pois este período pode representar o sucesso ou a falência da organização. Diante do exposto faz-se necessário estudar a estrutura e cultura da empresa familiar Sudipel de forma a subsidiar a sucessão sem riscos a mesma. Para tanto, analisou-se a cultura organizacional da empresa familiar Sudipel a fim de, identificar o nível de satisfação dos familiares do fundador na empresa, identificando também as possibilidades de sucessão, bem como, as dificuldades, as vantagens e desvantagens na gestão familiar. Para a execução desta pesquisa, foi feito um estudo descritivo com a utilização do método qualitativo, uma entrevista direta com os gestores e os possíveis sucessores da empresa familiar Sudipel. A partir desses dados coletados com a entrevista, pôde-se identificar que o fundador da empresa está seguro ao tratar da sucessão da sua empresa, porém sugere confiança, união, coragem e perseverança no trabalho. Palavras-chave: Organização. Cultura. Empresa familiar. Sucessão familiar. 8 NUNES, Ana Karolina, the Business Culture and the succession Possibilities in the family company Sudipel 2008.2. 39f. Monograph (Graduation in Administration) Center Academical of João Pessoa - UNIPÊ. ABSTRACT The succession process comes as an element of importance for the family company, could influence all of the individuals involved in the same, for that, there is need to administer the conflicts that can be caused by the succession, because this period can represent the success or the bankruptcy of the organization. Before the exposed it is done necessary to study the structure and culture of the family company form Sudipel to subsidize the succession without risks the same. For so much, the organizational culture of the family company Sudipel was analyzed in order to, to identify the level of the relatives' of the founder satisfaction in the company, also identifying the succession possibilities, as well as, the difficulties, the advantages and disadvantages in the family administration. For the execution of this research, it was made a descriptive study with the use of the qualitative method, a direct interview with the managers and the possible successors of the family company Sudipel. To leave of those data collected with the interview, it could identify that the founder of the company is safe when treating of the succession of company, however he suggests trust, union, courage and perseverance in the work. Keyword: Organization. Culture. Family company. Family succession. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Funções ou processo administrativo 11 Figura 2: Três tipos de autoridade segundo Max Weber 15 Figura 3: Principais personagens da escola clássica 15 Figura 4: Organograma atual da empresa 28 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 8 2 A ARTE DE ADMINISTRAR 2.1 A ADMINISTRAÇÃO E SUAS FUNÇÕES 2.1.1 Planejar 2.1.2 Organizar 2.1.3 Dirigir 2.1.4 Controlar 2.2 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO 2.2.1 Princípios de Henri Fayol 2.2.2 Princípios de Frederick Winslow Taylor 2.2.3 Princípios de Henry Ford 2.2.4 Princípios de Max Weber 2.3 HABILIDADES DE ADMINISTRAÇÃO 2.3.1 Habilidade técnica 2.3.2 Habilidade humana 2.3.3 Habilidade conceitual 2.4 CULTURA ORGANIZACIONAL 9 9 10 10 10 10 11 11 12 13 14 16 16 16 17 17 3 A ORGANIZAÇÃO DE UMA EMPRESA FAMILIAR 3.1 CONCEITOS DE EMPRESA FAMILIAR 3.2 TIPOS DE EMPRESA FAMILIAR 3.3 CULTURA ORGANIZACIONAL DE UMA EMPRESA FAMILIAR 3.4 CONFLITOS DENTRO DE UMA EMPRESA FAMILIAR 3.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UMA EMPRESA FAMILIAR 18 18 19 21 22 23 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO 4.2 PROBLEMATIZAÇÃO 4.3 OBJETIVOS 4.3.1 Objetivo geral 4.3.2 Objetivos específicos 4.4 CAMPO EMPÍRICO 4.5 INSTRUMENTO DE COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS 25 25 25 26 26 26 26 27 5 ANÁLISES DOS RESULTADOS 5.1 NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS FAMILIARES DO FUNDADOR DA EMPRESA 5.2 DIFICULDADES EM MANTER UMA EMPRESA FAMILIAR 5.3 POSSIBILIDADES DE SUCESSÃO NA SUDIPEL 5.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS NA GESTÃO FAMILIAR SUDIPEL 30 30 31 31 32 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 34 REFERÊNCIAS 35 APÊNDICE 38 8 1 INTRODUÇÃO A empresa familiar tornou-se um foco de estudo específico em muito pouco tempo, pelo fato de ter forte domínio sobre o ambiente econômico na maioria dos países industrializados e emergentes. Ela é considerada complexa, pois muitas vezes o que dificulta sua administração são os laços bastante estreitos entre família/propriedade/gestão. O processo de sucessão apresenta-se como um elemento essencial para a empresa familiar, podendo influenciar todos os indivíduos envolvidos no processo, por isso a necessidade de gerir os conflitos que podem ser causados pela sucessão, pois este período pode representar o sucesso ou a falência da organização. Empresa familiar é aquela em que um ou mais membros de uma família exercem a maior parte do controle administrativo por serem proprietários da maior parte do capital. Os sucessores devem desenvolver o processo sucessório com base na realidade da empresa, isto é, tendo por base seu histórico, diagnóstico e cultura organizacional. O estudo da sucessão na empresa familiar Sudipel, visa analisar quais as formas mais adequadas de “passar o bastão” em todas as circunstâncias profissionais para melhor desempenho, respeitando os membros, e aprendendo a conviver em grupo. Esta pesquisa está distribuída em quatro capítulos. O segundo capítulo traz os fundamentos teóricos sobre a arte de administrar, apresentando as suas funções, princípios, habilidades e cultura organizacional. O terceiro abordará a organização de uma empresa familiar, seus conceitos, tipos de empresas familiares, a importância da estrutura e da cultura organizacional nas empresas familiares, conflitos e as vantagens e desvantagens de uma empresa familiar. O quarto capítulo será o procedimento metodológico, referindo-se às metodologias empregadas para a realização deste estudo, incluindo a característica da pesquisa, a problematização, os objetivos gerais, os objetivos específicos, o campo empírico, e finalmente, o instrumento de coleta de dados. O capitulo quinto traz a análise dos resultados obtidos por meio da pesquisa na empresa familiar Sudipel. E por fim, o sexto capítulo traz as considerações finais, que foi construído mediante a análise dos resultados coletados na entrevista com os gestores e sucessores da empresa Sudipel. 9 2 A ARTE DE ADMINISTRAR O objetivo principal deste capítulo é fornecer uma visão de conjunto da administração e de sua importância para as organizações de todos os tipos. Administrar é o processo de tomar realidade e alcançar ações que utilizam recursos para alcançar objetivos. O desempenho das organizações é importante para clientes e usuários, funcionários, fornecedores e para a comunidade em geral. Administração é a maneira de governar organizações ou parte delas. É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz. Ser eficaz é atingir os objetivos organizacionais. Ser eficiente é atingir os objetivos com um mínimo de perda de recursos, isto é, fazer o melhor uso possível do dinheiro, de tempo, materiais e de pessoas. (BATEMAN; SNELL, 1998) Encontra-se também, neste capítulo, um panorama das teorias da administração que se desenvolveram no século XX. A partir do início do século XX, a organização eficiente do trabalho nas empresas tornou-se a base do desenvolvimento da teoria e da prática da administração. Muitas pessoas e grupos participaram desse processo. Eram estudiosos e pesquisadores, como Frederick Taylor, industriais, como Henry Ford, executivos, como Henri Fayol, cientistas, como Max Weber. Essas pessoas formam a chamada escola clássica da administração. (MAXIMIANO, 2000) Administração é uma arte e toda arte depende de habilidades. Habilidades são conhecimentos específicos que resultam de entendimento, informação, prática e aptidão. (BATEMAN; SNELL, 1998). Não é só de habilidades que uma empresa sobrevive, é de uma boa cultura organizacional também. A cultura de uma organização é um conjunto de valores, suposições e crenças partilhadas a respeito das metas e práticas da organização. 2.1 A ADMINISTRAÇÃO E SUAS FUNÇÕES Os administradores trabalham com pessoas e recursos para atingir objetivos organizacionais. As principais funções da administração são planejar, organizar e controlar. Planejar é analisar a situação, determinar objetivos que serão perseguidos, e decidir antecipadamente as ações necessárias para perseguir esses objetivos. Organizar é reunir os recursos necessários para completar o trabalho, agrupar e coordenar funcionários e tarefas o sucesso máximo. Liderar é motivar pessoas e estimular o alto desempenho. Controlar é 10 monitorar o progresso da organização ou da unidade em direção aos objetivos e depois adotar ações corretivas se for necessário. 2.1.1 Planejar O planejamento fica como a primeira função administrativa, por ser aquela que serve de base para as demais funções. É a função administrativa que determinam antecipadamente quais são os objetivos a serem atingidos e como se deve fazer para alcançá-lo. As atividades de planejamento incluem a analise da situação atual, a antecipação do futuro, a determinação de objetivos, a decisão sobre em que tipo de atividades a organização deverá se engajar, a escolha de estratégicas corporativas e de negócios, e a determinação dos recursos necessários para atingir as metas da organização. (CHIAVENATO, 2003) 2.1.2 Organizar É reunir e coordenar os recursos humanos, financeiros, físicos, de informação e outros necessários ao atingimento dos objetivos. As atividades incluem atrair pessoas para a organização, especificar responsabilidades por tarefas, agrupar tarefas em unidades de trabalho, ordenar e alocar recursos e criar condições tais que as pessoas e as coisas trabalhem juntas para alcançar o máximo sucesso. (BATEMAN; SNELL, 1998) 2.1.3 Dirigir É estimular as pessoas a serem grandes executores. É dirigir, motivar e comunicar-se com os funcionários, individualmente e em grupos. Liderar envolve o contato diário e próximo com as pessoas, ajudando a guiá-las e a inspirá-las em direção ao atingimento dos objetivos de equipe e organizacionais. É a função administrativa que se refere às relações interpessoais dos administradores em todos os níveis da organização e os seus respectivos subordinados. (CHIAVENATO, 2003). 2.1.4 Controlar É assegurar que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido ajustem-se tanto quanto possível aos objetivos previamente estabelecidos. A essência do controle reside 11 na verificação se a atividade controlada está ou não alcançando os objetivos ou resultados desejados. (CHIAVENATO, 2003) Descrevem-se sucintamente os principais processos administrativos: PROCESSO OU DESCRIÇÃO FUNÇÃO Planejamento Planejamento é o processo de definir objetivos, atividades e recursos. Organização Organização é o processo de definir trabalho a ser realizado e as responsabilidades pela realização; é também o processo de distribuir recursos disponíveis, segundo algum critério. Execução é o processo de realizar atividades e utilizar recursos para atingir os objetivos. O processo de execução envolve outros processos, especialmente o processo de direção, para acionar os recursos que realizam as atividades e os objetivos. Controle é o processo de assegurar a realização dos objetivos e de identificar a necessidade de modificá-la. Liderar Controle Figura 1 Funções ou processo administrativo. Fonte: Maximiano; 2000. 2.2 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO Como toda ciência, “A administração deve se basear em leis ou princípios”, como afirma Chiavenato (2003, p. 82). 2.2.1 Princípios de Henri Fayol Fayol define os “princípios gerais” de administração, sistematizando-os sem muita originalidade, porquanto os coletou de diversos autores de sua época. Fayol adota a denominação de princípio, afastando dela qualquer idéia de rigidez, pois nada existe de rígido ou absoluto em matéria administrativa. Tudo em administração é questão de medida, ponderação e bom senso. Os princípios são universais e flexíveis e adaptam-se a qualquer tempo ou circunstancias. Os 14 princípios gerais da administração, segundo Fayol, são: 1. Divisão do trabalho: consiste na especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência. 12 2. Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar obediências. A responsabilidade é uma conseqüência natural da autoridade e significa o dever de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas entre si. 3. Disciplina: o respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus agentes. 4. Unidade de comando: cada empregado deve receber ordens apenas de um superior. É o princípio da autoridade única. 5. Unidade de direção: um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. 6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais: os interesses gerais da empresa devem sobrepor-se aos interesses particulares das pessoas. 7. Remuneração do pessoal: deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição. 8. Centralização: refere-se à concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização. 9. Cadeia escalar: é a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando. 10. Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É a ordem material e humana. 11. Eqüidade: o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários. 12. Estabilidade do pessoal: a rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, melhor para a empresa. 13. Iniciativa: a capacidade de visualizar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso. 14. Espírito de equipe: a harmonia e a união entre as pessoas são grandes forças para a organização. (CHIAVENATO, 2003) 2.2.2 Princípios de Frederick Winslow Taylor Frederick Winslow Taylor foi líder de um grupo que promoveu o movimento da administração científica. Em essência, os princípios e as técnicas criadas por esse movimento procuravam aumentar a eficiência dos trabalhadores por meio da racionalização do trabalho. Para Taylor, a gerência deve seguir quatro princípios: 13 1. Princípio de planejamento: substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e a atuação empírico-prática, por métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência através do plano de método de trabalho. 2. Princípio de preparo: selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões, prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado. Preparar máquinas e equipamentos em um arranjo físico e disposição racional. 3. Princípio do controle: controlar o trabalho para se certificar que está sendo executado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar com os trabalhadores para que a execução seja a melhor possível. 4. Princípio da execução: distribuir atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinar. (CHIAVENATO, 2003) Taylor apresenta uma idéia extremamente importante: ele insistiu na distinção entre a filosofia (ou conjunto de princípios) e as técnicas (ou mecanismos) da administração científica. Os mecanismos, ou técnicas são: Estudos de tempos e movimentos; Padronização de ferramentas e instrumentos; Padronização de movimentos; Sistema de pagamento de acordo com o desempenho. Taylor entendia as técnicas da eficiência como forma de colocar em prática os princípios da administração científica, a qual era para ele uma revolução mental, uma revolução na maneira de encarar o trabalho e as responsabilidades em relação à empresa e aos colegas. (MAXIMIANO, 2000). 2.2.3 Princípios de Henry Ford O mais conhecido de todos os precursores da Administração Clássica, Henry Ford, iniciou a sua vida como mecânico. Projetou um modelo de carro e em 1899 fundou sua primeira fábrica de automóveis, que foi fechada. Mas não desanimou, em 1903, fundou a Ford Motor Co. Sua idéia era: popularizar um produto antes artesanal e vender carros a preços populares, com assistência técnica garantida, revolucionando a estratégia comercial da época. (CHIAVENATO, 2003) 14 Ford inovou na organização do trabalho, criando a produção de maior número de produtos acabados com maior garantia e qualidade e pelo menor custo possível, sua estratégia foi um sucesso, passou a fabricar 800 carros por dia, repartiu com seus empregados uma parte do controle acionário da empresa. Estabeleceu o salário mínimo de cinco dólares por dia e jornada de oito horas. (MAXIMIANO, 2000) Ford fez uma das maiores fortunas do mundo graças ao constante aperfeiçoamento de seus métodos e processos de trabalho. Para obter um esquema caracterizado pela aceleração da produção por meio de um trabalho ritmado, coordenado e econômico, Ford adotou três princípios básicos: 1. Princípio de intensificação: diminuir o tempo de duração com a utilização imediata dos equipamentos e matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado. 2. Princípio da economicidade: reproduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria prima em transformação, fazendo com que o automóvel fosse pago à empresa antes do vencimento do prazo de pagamento dos salários e da matéria-prima adquirida. A velocidade de produção deve ser rápida: “o minério sai da mina sábado e é entregue sob a forma de um carro ao consumidor, na terça-feira à tarde”. 3. Princípio da produtividade: aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção. (CHIAVENATO, 2003) Junto com a administração científica, o sistema de organização industrial, criado por Ford espalhou-se rapidamente para outras empresas. Não há empresa industrial que, em algum ponto do processo produtivo, não utilize alguma variante do sistema de montagem por ele criado. Muitos conceitos novos surgiram depois dele. (MAXIMIANO, 2000) 2.2.4 Princípios de Max Weber O quarto integrante da escola clássica é Max Weber, um importante cientista social e jurista que não tentou definir as organizações, nem estabelecer padrões de administração que elas devessem seguir. Weber descreveu as organizações burocráticas como máquinas totalmente impessoais, que funcionam de acordo com regras que ele chamou de racionais – regras que dependem de lógicas e não de interesses pessoais. 15 Weber estudou e procurou descrever o alicerce formal-legal em que as organizações reais se assentam. Sua atenção estava dirigida para o processo de autoridade-obediência (ou processo de dominação) que, no caso das organizações modernas dependem de leis. (MAXIMIANO, 2000) A dominação, segundo a análise de Weber fez a burocracia, começa com a discussão dos processos interligados de dominação (ou autoridade) e obediência. Dominação ou autoridade, segundo Weber, é a probabilidade de haver obediência dentro de um grupo determinado. Há três tipos de autoridade ou dominação legítima, a figura a baixo resume os principais pontos de cada uma dessas três bases da autoridade. AUTORIDADE AUTORIDADE AUTORIDADE TRADICIONAL CARISMÁTICA LEGAL-RACIONAL Baseia-se nos usos e costumes. Passa de geração a geração. Depende da crença na “santidade dos hábitos”. Baseia-se nas qualidades pessoais de um líder. Depende de os seguidores admirarem as qualidades do líder. Baseia-se em normas impessoais e racionais. Criam “figuras de autoridade”. Cria direitos e obrigações. Figura 2 Três tipos de autoridade segundo Max Weber. Fonte: Maximiano, (2000 p. 63). Segue a baixo um quadro resumindo os quatro estudiosos e pesquisadores que formam a chamada escola clássica da administração: FREDERICK TAYLOR Administração científica Aplicação de métodos de pesquisa para identificar a melhor maneira de trabalhar Seleção de treinamentos específicos de trabalhadores. HENRY FORD Linha de Montagem Especialização do trabalhador. Fixação do trabalhador no posto de trabalho. Trabalho (produto em processo de montagem) passa pelo trabalhador. Figura 3 Principais personagens da escola Clássica. Fonte: Maximiano, (2000 p. 55). HENRI FAYOL Processo de administração Administração da empresa é distinta das operações de produção. Administração é processo de planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. MAX WEBER Teoria da burocracia Autoridade tem a contrapartida da obediência. Autoridade baseiase nas tradições, no carisma e em normas racionais. Autoridade burocrática é baseada na organização moderna. 16 2.3 HABILIDADES DE ADMINISTRAÇÃO Para executar as funções de administração com sucesso, os administradores necessitam de habilidades e técnicas, de comunicação, habilidades conceituais e decisórias. Os conhecimentos funcionam como pontos de referência para a compreensão da realidade e como base para o desenvolvimento de habilidades. Quanto mais conhecimentos um gestor tem, mais fácil ele consegue interpretar os problemas empresariais. Porém, quanto menos conhecimentos o gestor de uma empresa tiver, mais especializações ele necessita, pois só assim ele conseguirá dominar a empresa. As habilidades são divididas em três: 2.3.1 Habilidade técnica É poder desempenhar uma tarefa especializada que envolve certo método ou processo. (BATEMAN; SNELL, 1998). Consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para realização de tarefas específicas. A habilidade técnica relaciona-se com a atividade específica do gerente. Conhecimentos, métodos e equipamentos necessários para a realização das tarefas que estão dentro do campo de sua especialidade fazem parte de sua habilidade técnica. (MAXIMIANO, 2000). Quando se faz qualquer curso especializado, como por exemplo, o curso de administração, o aluno recebe todas as informações, métodos e técnicas para uma boa administração, cabem a ele então, por em prática os seus conhecimentos. 2.3.2 Habilidade humana A habilidade humana abrange a compreensão das pessoas e suas necessidades, interesses e atitudes. A capacidade de entender, liderar e trabalhar com as pessoas de sua equipe é a expressão da habilidade humana do gerente, (MAXIMIANO, 2000). Pelo fato de administradores estarem sempre lidando com outras pessoas, deve desenvolver as habilidades de trabalhar com pessoas, compreender suas atitudes e motivações e aplicar uma liderança eficaz. Bateman; Snell (1998) confirmam que, a habilidade de se relacionar bem com diversos tipos de pessoas e trocar informações com eles é vital para uma carreira de administração bem-sucedida. 17 2.3.4 Habilidade conceitual A habilidade conceitual auxilia o administrador a reconhecer questões dinâmicas e complexas, a analisar os fatores que influenciam essas questões e problemas a tomar as decisões apropriadas. (BATEMAN; SNELL, 1998). A habilidade conceitual envolve a capacidade de compreender e lidar com complexidade total da organização e de usar o intelecto para formular estratégias, analisar problemas e tomar decisões. (MAXIMIANO, 2000). 2.4 CULTURA ORGANIZACIONAL A cultura de uma organização é um conjunto de valores, suposições e crenças partilhadas a respeito das metas e práticas da organização. É um sistema de valores partilhados a respeito do que é importante e de crenças sobre como o mundo funciona. A cultura de uma empresa fornece um quadro que organiza e dirige o comportamento das pessoas no trabalho. (BATEMAN; SNELL, 1998). Para Daft (1999, p. 244), “a cultura de uma organização geralmente começa com um fundador ou um líder pioneiro que articula e implanta idéias e valores particulares como visão, uma filosofia ou uma estratégia comercial”. Além de expor como surge a cultura, Daft (1999), cita duas funções decisivas da cultura nas organizações: integração interna e adaptação externa. As culturas podem ser fortes ou fracas, podendo ser diagnosticadas por meio da investigação das declarações de missão, das práticas empresariais, dos símbolos, dos ritos, cerimônias e histórias. A cultura forte é aquela em que todos entendem e acreditam nas metas, prioridades e práticas da empresa. Já na cultura fraca, pessoas diferentes têm valores diversos, existe uma confusão a respeito das metas da empresa e não fica claro de um dia para o outro por quais princípios as decisões devem ser guiadas. 18 3 A ORGANIZAÇÃO DE UMA EMPRESA FAMILIAR O termo “empresa familiar” aponta nitidamente para duas combinações: a empresa e a família, e a família e a empresa – dois componentes em que não está claro qual têm maior peso. Desse modo, costuma-se utilizar o termo empresa familiar quando o que se destaca é a empresa, a organização, cuja propriedade está nas mãos de uma família, que determina a orientação estratégica da empresa e pode, inclusive, liderar os proprietários de governança e direção. (CASILLAS; VÁZQUEZ; DIAS, 2007). Do modo inverso, costuma-se utilizar o conceito de família empresária quando o aspecto que se deseja destacar está mais ligado à instituição familiar, ao conjunto de pessoas que, além de compartilhar um parentesco familiar, possui, controla e/ou dirige um determinado negócio, patrimônio ou organização empresarial. (CASILLAS; VÁZQUEZ; DIAS, 2007). 3.1 CONCEITOS DE UMA EMPRESA FAMILIAR Apesar da diversidade de classificações que procuram definir as empresas familiares, considera-se Empresa Familiar como sendo aquela organização empresarial que tem origem e suas histórias vinculadas a uma mesma família há pelo menos duas gerações; ou aquela que mantém membros da mesma família na administração dos negócios, ou seja, empresa que é controlada e/ou administrada por membros de uma família. As empresas familiares nascem de idéias, empenho e investimentos de indivíduos empreendedores e seus parentes, de sonhos de casais, irmãos, para que depois os filhos assumam e levem adiante. O sucesso e a continuidade da empresa é o sonho de todo fundador. Empresa familiar, segundo Bork (1986 apud CASILLAS; VÁZQUEZ; DIAS, 2007, p.4) é aquela que foi fundada por um membro da família e foi transferida, ou espera que se transmita, aos seus descendentes. Os descendentes do fundador ou fundadores originais a propriedade e o controle da empresa. Além disso, membros da família trabalham e participam da empresa e dela se beneficiam. Bernhoeft (1989) afirma que a empresa familiar não é somente aquela que possui membros da família do fundador em sua estrutura. O autor também refere-se como familiar à empresa baseada em relacionamentos que possuem a variável dedicação e tempo de empresa, por exemplo – a chamada “família organizacional”. O autor considera muito simplista conceituar a empresa familiar como sendo “aquela que tem sua origem e sua história 19 vinculada a uma família ou ainda, aquela que mantém membros da família na administração dos negócios”. (BERNHOEFT, 1989). Para ele, a relação de confiança de um funcionário “velho de casa”, independente de vínculos familiares; e se os laços afetivos são fortes e influência a cultura da organização, a empresa pode ser caracterizada como familiar. Bernhoetf (1989) considera que a diferença entre uma empresa profissional e familiar é o estilo como a empresa é administrada, e não no fato de o seu capital pertencer a uma ou mais famílias. Segundo o mesmo, a empresa familiar é um “ideal que deu certo”. A empresa familiar constitui uma realidade básica dos sistemas econômicos de todo o mundo. Embora não haja estatística precisas e semelhantes, todos os dados permitem-nos arriscar dizer que a maioria das empresas existentes em qualquer economia do mundo é controlada e dirigida por núcleos familiares. Os números comprovam também que muitas não conseguem sobreviver a terceira geração ou chegam lá com muita dificuldade. Grande parte das empresas familiares constituídas no Brasil é formada por um indivíduo, por casais que juntam suas economias, por irmãos e irmãs que continuam o negócio dos pais ou por parentes que buscam implantar uma idéia de empresa familiar. Empresa familiar tornou-se há pouco tempo um objeto de estudo específico, pelo fato de ter forte domínio sobre o ambiente econômico na maioria dos países industrializados e emergentes. O planejamento, a organização, a direção e o controle da empresa, são focos básicos e importantíssimos que toda e qualquer empresa, seja ela uma empresa familiar ou uma empresa qualquer subdesenvolvida, tem que seguir. A empresa familiar caracteriza-se pela sucessão do poder decisório de maneira hereditária com um ou mais membros da família. O processo de sucessão requer muita cautela na escolha do sucessor já que constitui como um fator chave para a sua continuidade. 3.2 TIPOS DE EMPRESA FAMILIAR Segundo Gersick et al (1999, p. 142) as empresas familiares podem ser classificadas conforme o ciclo de amadurecimento pelo qual estão passando. Possuem três tipos básicos, que são combinações dos estilos de desenvolvimento de propriedades, de família e de empresa. O primeiro tipo diz respeito à empresa de primeira geração, dirigida pelo fundador, sendo de propriedade de um indivíduo empreendedor. De acordo com os critérios, pode-se dizer que as empresas são menos ou mais familiares, de acordo com o grau de geração da empresa, conforme o porte existe empresas 20 familiares grandes, médias e pequenas. Com relação ao mercado geográfico, há empresas familiares locais, regionais, nacionais e multinacionais. De acordo com o tipo de propriedade jurídica, há empresas familiares que são sociedades e outras não, podendo ser sociedades de responsabilidade limitada, sociedades anônimas e de outros tipos, algumas com cotação em bolsa de valores e outras, não. O principal critério de classificação das empresas familiares consiste da relação com a geração que está na empresa. Assim, costuma-se dizer que uma empresa é de primeira geração quando ela é propriedade da família e dirigida pelo fundador. Diz-se que uma empresa é de segunda geração quando é gerenciada por filhos ou sobrinhos do fundador. Dizse que a empresa é de terceira geração quando ela é controlada pelos netos do fundador, e assim sucessivamente. As empresas familiares apresentam-se de diferentes formas, podendo ser classificadas como: a do proprietário controlador, a da sociedade entre irmãos e a da propriedade de primos. A primeira está no estágio inicial e tem no comando apenas um proprietário que possui todo o controle sobre a empresa. De modo que a experiência do fundador da primeira geração é única, sendo que todos os estágios subseqüentes são afetados por aquilo que acontece durante os primeiros anos de vida da empresa, até que ela se torne uma empresa familiar. As de segunda geração são os que passam do estágio empreendedor para o de expansão, e que transferem o controle acionário de um proprietário controlador para uma segunda forma de empresa familiar, a da sociedade entre irmãos, onde os membros da família estão no estágio de entrada na empresa, época em que os filhos estão entre os 18 e 25 anos de idade e assumem o controle da empresa, e os pais, estão na meia idade ou acabaram de passar por ela. O terceiro tipo de empresa familiar é a de propriedade de primos, a qual já passou por várias gerações e atingiu um estágio de desenvolvimento maduro. São empresas em que os netos são proprietários e diretores. Nesse tipo de empresa, a complexidade existente obriga a se estabelecer sistemas formais de relações entre a empresa e a família. A fase de transição da empresa, quando ocorre a sucessão, é o teste supremo de uma empresa familiar, pois ela passa de um empreendimento individual para um familiar, e sua continuidade torna-se de grande importância para toda a família. Isso porque a atual gestão deve preocupar-se em passar a empresa com lucratividade e em boas condições para uma nova geração de líderes que a administrará. Podendo ocorrer uma forma diferente de sucessão, como ressalta Lansberg (1999, p. 62) ao afirmar que muitas empresas terão uma forma híbrida 21 de gestão entre as três gerações da família, assim, dois irmãos podem deter o controle da maioria do capital, e um conjunto de primos possuírem uma percentagem menor. 3.3 CULTURA ORGANIZACIONAL DE UMA EMPRESA FAMILIAR Na cultura de uma empresa há origens de uma grande valorização da forma de administrar e da continuidade aos costumes organizacionais da empresa, há uma exigência de dedicação, postura de austeridade e expectativa de alta fidelidade em relação à organização. A cultura de uma empresa é formada pela divisão de experiências e pela realização de um aprendizado em comum, principalmente por parte de quem lidera a organização e dos seus colaboradores mais importantes. Esse processo, com o passar do tempo, as pessoas vão desenvolvendo, complementando e compartilhando os seus valores, passando de uma soma de pessoas a um autentico grupo que tem sentimentos e valores em comum. A cultura pode estar inserida em qualquer organização. Ao se observar atitudes, ritos e valores dentro da empresa, observa-se que a cultura está presente e de forma bastante efetiva na instituição. De acordo com Morgan (1996, p. 116), “a cultura refere-se ao padrão de desenvolvimento refletido nos sistemas sociais de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais cotidianos”. A cultura organizacional pode ser também definida, conforme Megginson (1998, p. 428), “conjunto de valores, crenças e padrões de comportamento que forma o núcleo de identidade de uma organização”. A mudança na cultura organizacional, segundo Motta (2002), implica ruptura em valores e formas de comportamento. Muitos resistem em mudar, mas às vezes é necessário haver mudanças para a organização sobreviver. Os indivíduos e as organizações só podem evoluir a partir do que são, mesmo que o aprendizado implique rupturas. Nesse sentido, a gestão de mudança e dos padrões culturais é um dos maiores desafios do grupo organizacional atualmente. 22 3.4 CONFLITOS DENTRO DE UMA EMPRESA FAMILIAR O conflito é inevitável nas organizações, onde quer que as pessoas interajam, sempre haverá alguns resultados negativos. O conflito não é inerentemente negativo ou destrutivo, ao contrário, leva mudanças desejáveis. De fato níveis moderados de conflito em uma organização até podem trazer benefícios, se forem conduzidos adequadamente. Oliveira (2006), Neubauer et al (1999), Werner (2004) concordam e afirmam que na questão da gestão, as características são mais peculiares, confundindo muito os sistemas de família, empresa e sociedade, em que questões e problemas da empresa são discutidos dentro do ambiente familiar e problemas de família são discutidos em ambiente da empresa. Essa confusão ou falta de capacidade de separar seus problemas pessoais para com a empresa é que transformam essas organizações em um ambiente de conflito que apenas seu fundador e empreendedor conseguem gerir adequadamente. No entanto, no momento em que a empresa inicia uma fase de dificuldade ou o comando está sendo disputadas, as questões empresariais discutidas em família tornam-se insustentáveis a esse ambiente, fazendo com que os problemas de relacionamento familiar ocasionados por essas discussões, tornem-se questões empresariais e na seqüência, societários. (CASILLAS; VÁZQUEZ; DIAS, 2007). Enquanto a empresa está com suas operações rentáveis e sob domínio de seu fundador, as questões empresariais discutidas em ambiente familiar referem-se a situações de cotidiano sem maiores conflitos. Os conflitos surgem também quando há uma disputa pelo poder. Os indivíduos não possuem objetivos e interesses necessariamente idêntico, por isso que as situações afloram quando uma das partes tenta alcançar seus próprios interesses em detrimento dos demais. (OLIVEIRA, 2006) Os conflitos surgem comumente em uma organização como resultado de problemas de comunicação, de estrutura organizacional ou de relacionamento pessoal. Um problema decorrente da sucessão familiar são as intrigas que podem provocar verdadeiras fontes de perda no mercado competitivo, devido à pesada imagem que a empresa passa a ter. Segundo Vidigal (1996), quando isso ocorre, o efeito nos negócios pode ser péssimo. Ainda Vidigal (1996) revela que a questão do crescimento familiar pode contribuir com isso. A diferença de idade, a competência de cada herdeiro, a proteção dos pais, as diferentes distribuições de tarefa, como emprego diferenciados, podem trazer ciúmes e rivalidades no seio familiar. 23 Ao falar-se a respeito de interesses, Morgan (1996, p.153) o conceitua como “conjunto complexo de predisposições que envolvem objetivos, valores, desejos, expectativas e outras orientações e inclinações que levam a pessoa a agir em uma e não outra direção”. Os administradores, segundo Megginson (1998), passam grande parte do tempo lidando com conflitos. Há vários métodos para administrar conflitos, e dois dos mais conhecidos são a força e a resolução dos problemas. A resolução de problemas é mais eficaz ao lidar com conflitos causados por dificuldades de comunicação, enquanto que a força é necessária para lidar com conflitos de valores pessoais e de personalidade. As maiorias das empresas familiares encerram as atividades com o falecimento do seu fundador, há também a falta de planejamento estratégico, falta de organização após o falecimento do fundador, despreparo e mau treinamento, e por fim, brigas familiares dentro da organização. 3.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UMA EMPRESA FAMILIAR O fundador da empresa fica muito entusiasmado ao ver que seus sucessores estão dando continuidade no seu empreendimento, afinal, a empresa é sua vida. Os sucessores sentem que têm responsabilidade familiar de se esforçarem juntos e, desde que não haja conflitos, todos se dedicam e empenham-se para um propósito em comum: o sucesso da empresa. A empresa familiar apresenta algumas vantagens e desvantagens. Segundo Oliveira (2006), as vantagens seriam que o comando familiar teria continuidade, haveria um processo decisório ágil com elevado grau de flexibilidade para implementação das ações, os resultados atuais e futuros da empresa seriam otimizados havendo uma pessoa com interesse societário, o treinamento teria mais possibilidade de ser mais intenso e extenso além de ter um maior espírito de família. As desvantagens seriam uma possível disputa de poder entre membros da família e a existência de dificuldades em desempenhar diferentes papéis. Já a sucessão profissional pode apresentar dois cenários: a empresa, com administração familiar, passa a ser administrada por profissionais contratados ou a empresa, já profissionalizada, troca um ou mais executivos (OLIVEIRA, 2006). Como a sucessão familiar, a sucessão profissional apresenta vantagens e desvantagens: as vantagens seriam que a empresa tem maior facilidade de recrutamento e seleção de um executivo com perfil desejado além de ter uma maior flexibilidade para a alteração de 24 executivos. O sucessor pode receber, de maneira mais rápida e efetiva, as experiências e os conhecimentos de um executivo profissional e ainda a empresa recebe novos estilos e filosofias de administração. As desvantagens seriam: a empresa receber e incorporar estilos e filosofias de administração que foge da maneira de ser da empresa familiar além da maior possibilidade de perder o executivo (OLIVEIRA, 2006). 25 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa será realizada na empresa SUDIPEL na qual os entrevistados serão os membros da família que trabalham dentro da organização, a pesquisa terá os seguintes procedimentos, primeiramente uma introdução à administração, e finalizando com uma noção à empresa familiar em si e sua organização, após o resultado obtido podemos concluir que não há empresas familiares e não-familiares, há empresas menos ou mais familiares. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA O campo do conhecimento que um trabalho de pesquisa científico demonstra está embasado na qualidade dos métodos e técnicas empregados no levantamento sistemático do conhecimento. Segundo Richardson (1999, p.78), o método de uma pesquisa é visto como “um conjunto de regras e procedimentos que orienta o trabalho de um pesquisador e confere aos seus resultados e a confiabilidade ou credibilidade científica”. Toda pesquisa tem um método que nos traz os caminhos para um bom resultado. Na presente pesquisa, utilizou-se a pesquisa qualitativa e descritiva. Richardson (1999, p. 80) menciona que os estudos que empregam uma metodologia qualitativa “podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. Ressalta também que podem “contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos”. Caracteriza-se esta pesquisa por uma abordagem descritiva, com base num estudo teórico relacionado ao tema em questão, onde se recolhem informações oriundas de diversos autores. Durante este estudo, elaborou-se um levantamento dos principais pontos e de suas principais características. Segundo Triviños (1995, p. 110), o estudo descritivo pretende descrever com “exatidão os pontos e fenômenos de determinada realidade”. 4.2 PROBLEMATIZAÇÃO Ao tentar definir a expressão empresa familiar, constatam-se contradições até mesmo entre os dirigentes empresariais. Nem tudo, porém, é desvantagem. A relação empresa/família carrega consigo lealdade, dedicação, integridade de diretrizes 26 administrativas, sacrifícios feitos pela família, entre ajuda, orgulho familiar, concepção da continuidade e uma consciência profunda dos objetivos da empresa. É possível afirmar que empresa familiar só nasce com a segunda geração de dirigentes. Na gestão do fundador, é apenas uma “empresa pessoal” onde há um arranjo de relações muito pessoal entre este e seus colaboradores (empregados e membros da família). Nesse sentido, surge a seguinte questão de pesquisa: “Como se dá a cultura organizacional da empresa familiar SUDIPEL?” 4.3 OBJETIVOS 4.3.1 Objetivo Geral Analisar a cultura organizacional da empresa familiar Sudipel. 4.3.2 Objetivos Específicos Verificar o nível de satisfação dos familiares do fundador na empresa. Identificar as possibilidades de sucessão na Sudipel. Detectar as dificuldades existentes em se manter uma empresa familiar. Verificar as vantagens e desvantagens na gestão familiar Sudipel. 4.4 CAMPO EMPÍRICO O estudo foi realizado na empresa SUDIPEL para analisar o estilo e a forma que se trabalha na empresa, caracterizada pela sucessão do poder decisório de maneira hereditária a partir de um ou mais membro da família, com vista à identificação de um estilo de sucessão mais apropriado às situações vivenciadas pela empresa. A Sudipel – Suzete Distribuidora de Papéis Ltda - atende atacado e varejo, com seu foco voltado para gráficas. Encontrada estrategicamente na Rua Joaquim Nabuco, nº63 no bairro do Roger, onde se concentra a maioria das gráficas da capital do estado. É administrada pelo Sr. William, junto com sua sócia, Suzete que é a sua esposa, trabalha com papéis de marca, de tipos especiais e importados, para suprir as necessidades da sua clientela. Tem 27 preços competitivos e atendimento personalizado. Distribui para todo o Brasil. Funciona desde 1993 e é pioneira no mercado de João Pessoa por dispor de todo o material necessário para o bom desempenho gráfico concentrado num só lugar. Nasceu da idéia de se abrir uma distribuidora com tudo que um gráfico necessitasse, pois a cidade não possuía empresa com esse perfil. O Sr. William, proprietário, procurou aprender tudo sobre esse universo com os gráficos e a mesma começou a funcionar fazendo parcerias com distribuidoras de Recife. A clientela de João Pessoa passou a fazer suas compras na Sudipel, não sendo mais necessário deslocar-se até a capital de Pernambuco. Como a intenção era trabalhar com papéis de qualidade, em pouco tempo, tornou-se o único distribuidor de papéis especiais da região. Passou a trabalhar também com papéis importados e tornou-se referência. Consolidou-se no mercado de tal forma que, hoje, distribui para todo o país, e, principalmente, para Estados circunvizinhos como Rio Grande do Norte e Pernambuco. A Sudipel dispõe mais de 500 tipos de papel, de gramaturas e de marcas diferentes, como: RIPASA, VOTORANTIN, IBEMA, METALGAMICA, ARJOWIGGINS, GRAFIARA, VMP, CHAMEX, SUZANO, SCRITY, STORAENSO, SANTA MARIA, CHAMBRIL PREMIER, GORDINHO BRAUNE, NOBRECEL, PAPÉIS E SAFRA, PELKOTE, SANZANA, dentre outros. Os papéis vêm todos em tamanho industrial (66x96), a empresa também fornece o serviço de corte, no qual o papel é cortado no formato em que o cliente desejar, sendo os mais procurados: A- 4, ofício 2, A-3, A-2. Existem outros tamanhos que não são tabelados, como 10 x 10 cm, 16 x 22 cm, entre outros. Atendendo então, as necessidades de cada cliente nos tipos de papel e no tamanho desejado. Na distribuidora você também encontra material gráfico, como tintas para máquinas off-set e tipográficas, cola, chapas para diversas máquinas, blanquetas, moletons, produtos químicos como: restaurador de blanqueta, solução de fonte, retocador de chapa, solvente ecológico, solvente secagem rápida, goma sintética, ácido fosfórico, álcool isopropílico, benzina, desoxidador de chapas, desengraxante, enegrecedor, esponja litográfica, pasta antitac, algodão hidrófilo, entre outros diversos produtos. 4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Para a execução desta pesquisa, foi feito um estudo descritivo com a utilização do método qualitativo, uma entrevista direta com os gestores e os possíveis sucessores da empresa familiar Sudipel. 28 Organograma: Proprietário Diretoria Proprietária Sub-diretora Gerente financeiro e contábil Gerente de produção Financeiro Gerente comercial e departamento pessoal Cortador Supervisor do deposito Embaladora e entrega Almoxarifado e estoque Motorista Figura 4 Organograma atual da empresa Fonte: Dados da Pesquisa: SUDIPEL- Novembro/2008 Proprietário/Diretoria: Administra a empresa e faz cobranças sob os diretores do cumprimento dos objetivos firmados no planejamento estratégico. Gerente Financeiro e Contábil: É responsável pelo controle das despesas e receitas, controle das declarações fiscais, elaboração de relatórios e análises financeiras e ajuda nas tomadas de decisões referentes às finanças da empresa. Gerente de Produção: Planejar, organizar e supervisionar as atividades de produção, dentro das especificações e padrões de qualidade estabelecidos, visando a assegurar o cumprimento dos objetivos da empresa na área comercial. Gerente Comercial: Coordena e Lidera uma equipe de vendedores responsáveis por vender os produtos da empresa. No coordenar e liderar inclui função de controle de vendas, custos, promoções e negociações com clientes em potencial etc. Cortador: Corta o papel do cliente no tamanho em que ele deseja. Embalador e entrega: Embala o papel após ele ser cortado e entrega ao cliente. Motorista: Faz as entregas nas gráficas e nas transportadoras para ser entregue em outras áreas geográficas. Supervisor do Depósito: Organiza o depósito, separa por tipo e por gramatura do papel. Almoxarifado e Estoque: Cuida do um deposito ou almoxarifado. 29 A entrevista é uma técnica de pesquisa e coleta de dados extremamente importante, que deve ser bem planejada. É um diálogo estruturado, em que o entrevistador ou pesquisador deve anotar as respostas para que futuramente possa analisar e estruturar em sua pesquisa. (OLIVEIRA, 2003) Para Beuren (2004), entrevista é a técnica de obtenção de informações em que o investigador apresenta-se pessoalmente à população selecionada e formula perguntas, com o objetivo de obter dados necessários para responder à questão estudada. Utilizou-se neste estudo a entrevista estruturada, em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido, com perguntas predeterminadas. Para Beuren (2004), a consecução entrevista estruturada, utiliza-se um formulário elaborado para esse fim, e é aplicado preferencialmente, às pessoas selecionadas de acordo com o plano. 30 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS Analisando a cultura organizacional da empresa familiar Sudipel, pode-se observar que a mesma é bastante conservadora. Vem de uma grande dedicação pela empresa com princípios antigos e bastante controlados. Os cinco membros da família participam ativamente da empresa, onde cada um tem a sua função atribuída pelo o líder, o qual transmite também as funções e os costumes organizacionais que cada membro terá de seguir. Com o passar tempo, um transmite para o outro a sua função na empresa, para suprir a necessidade na organização, caso seja necessário. O resultado é sempre positivo. Até então, a Sudipel está a quinze anos no mercado, cada vez mais evoluindo e crescendo na medida do possível, os tópicos a seguir apresentam os resultados da análise. 5.1 NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS FAMILIARES DO FUNDADOR NA EMPRESA Com base na pesquisa realizada com os membros da família do fundador, verificou-se um nível satisfatório e motivador no que diz respeito ao ambiente organizacional, tendo em vista a grande perspectiva de crescimento dos mesmos. Com isso, torna-se possível o processo de sucessão na empresa Sudipel. Os possíveis sucessores da organização têm a perspectiva de crescimento no empreendimento e afirmam que existem áreas em que a empresa ainda não atua, e aplicando um pouco mais do seu conhecimento administrativo, a empresa poderá expandir mais aumentando assim a lucratividade. Os entrevistados afirmam também que se houver sempre um diálogo, união, compreensão, dedicação à empresa, a mesma só terá a crescer após a sucessão. Em relação a ser capaz de dar a continuidade na empresa, Paula Maria afirma o seu interesse, já William Júnior diz que está estudando para melhor administrar e saber qual decisão deverá ser tomada em uma determinada circunstância, a fim de orientar a empresa para o rumo da prosperidade. Diante dessas colocações, percebe-se o interesse dos entrevistados no que refere a agregar valores à empresa. A distinção na forma de tratamento entre funcionários e os que fazem parte da família, não existe, afirma Paula Maria, já William Jr., diz que embora procura tratar igualmente a todos os integrantes da equipe, existe sempre a questão da confiança que tende a ser maior em um componente da família. 31 5.2 DIFICULDADES EM MANTER UMA EMPRESA FAMILIAR Uma das dificuldades em se manter uma empresa familiar são os conflitos que ocorrem dentro da mesma o que faz parte da vida das organizações sociais. Os conflitos surgem quando os interesses colidem, quando há uma disputa pelo poder. (CASILLAS; VÁZQUEZ; DIAS, 2007). De acordo com o gestor da empresa Sudipel, Sr. William Nunes, os possíveis sucessores deverão saber a diferença entre o tratamento afetivo do tratamento profissional, o tratamento cordial e o respeito vindo de cima para baixo é mais importante, pois eleva a moral dos sucessores, fazendo-o gostar do que faz e por conseqüência, amará a empresa. Relata também que, em alguns casos, os sucessores devem entender que as despesas com investimento devem ser sempre menores que a lucratividade, tornando-se assim uma dificuldade na empresa familiar. O Sr. William Nunes afirma que percebe o interesse na parte dos herdeiros ao se tratar da sucessão na empresa. Comenta que na sua empresa, há três sucessores, cada um com suas idéias e formas diferentes de melhorar o empreendimento, porém muito pouco, em relação às idéias, é posto em prática, pelo motivo de existir uma forte resistência de sua parte. Percebe assim que a cultura organizacional da empresa familiar Sudipel, é bastante conservadora. Vem de uma grande dedicação pela empresa com princípios antigos e bastante controlados. Para que a empresa familiar Sudipel tenha sucesso, Sr. William Nunes sugere: União – Unificar as idéias, participar com mais vigor dos problemas da empresa; Confiança – Nunca existi benefícios maiores só para um, entender situações oscilantes, ou não tirar proveito de uma situação boa da firma para dividir a lucratividade, esquecendo-se de investir em mercadorias; Coragem – Investir em novos produtos e métodos, visando sempre acompanhar a evolução no mercado; Perseverança – Insistir nos seus sonhos, e nunca desistir tão fácil. 5.3 POSSIBILIDADES DE SUCESSÃO NA SUDIPEL Um dos períodos mais perigosos que uma empresa enfrenta é a sucessão, quando a propriedade e a autoridade passam de uma pessoa para outra. Em uma empresa familiar, principalmente se estiver passando da primeira para a segunda geração, geralmente há 32 mudanças de uma ou várias pessoas, o que é um desafio tanto para a empresa como para a família. (CASILLAS; VÁZQUEZ; DIAS, 2007). O gestor da empresa aconselha ter paciência, ser confiante, ter o espírito empreendedor, ao chegar o momento certo da sucessão. O Sr. William Nunes afirma que confia plenamente nos seus sucessores, porém, o que está faltando são apenas detalhes de funções a serem corrigidas em cada um, mas ressalta que a sua sucessão, só deverá ocorrer em sua aposentadoria. O Sr. William diz que em sua opinião, a empresa familiar crescerá após a sucessão, pois aposta na capacidade nos possíveis sucessores. Afirma que já há uma preparação para a sucessão, pois os possíveis sucessores convivem dentro da organização, como funcionários e todos tomam decisões, logicamente com a sua supervisão. 5.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS NA GESTÃO FAMILIAR SUDIPEL A empresa familiar apresenta algumas vantagens e desvantagens. Segundo Oliveira (2006), as vantagens seriam que o comando familiar teria continuidade, haveria um processo decisório ágil com elevado grau de flexibilidade para implementação das ações, os resultados atuais e futuros da empresa seriam otimizados havendo uma pessoa com interesse societário, o treinamento teria mais possibilidade de ser mais intenso e extenso além de ter um maior espírito de família. As desvantagens seriam uma possível disputa de poder entre membros da família e a existência de dificuldades em desempenhar diferentes papéis. Já a sucessão profissional pode apresentar dois cenários: a empresa, com administração familiar, passa a ser administrada por profissionais contratados ou a empresa, já profissionalizada, troca um ou mais executivos (OLIVEIRA, 2006). Finalizando a entrevista, o gestor da empresa familiar Sudipel, o Sr.William Nunes faz um breve comentário entre as vantagens e desvantagem em de administrar uma empresa familiar: Vantagens: a confiança, a compreensão, a dedicação, as participações nas dificuldades são mais efetivas. O custo funcional, que poderá ser controlado, no caso de alguma dificuldade financeira, e por estarem sempre juntos, e sempre se orgulhando quando algum cliente não cadastrado pergunta: “É seu filho?” e ele dizer: “É sim, e todos trabalham aqui.”. 33 Desvantagens: Auto confiança em achar que nada poderá atingi-lo por trabalho mal executado, pelas falhas nas execuções de tarefas, o respeito profissional, a comunicação liberada clientes/funcionários. com relação aos cumprimentos na frente dos 34 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta monografia permitiu compreender melhor a cultura e a estrutura da empresa familiar Sudipel, sua organização e seus princípios. A família e empresa unidas podem permanecer por longos períodos no mercado competitivo, basta só ter sempre união, compreensão e companheirismo da parte dos sucessores. A sucessão, como foi demonstrada no decorrer deste trabalho, é uma tarefa complexa, pois envolve a transferência de poder e de capital para as novas gerações onde requer muita cautela na passagem do bastão. É muito importante que todos os componentes da família empresária participem do processo sucessório, a harmonia entre eles é essencial para que haja a empresa familiar no futuro. Toda empresa que é familiar, tende a passar pelo processo sucessório, o qual deve ser bem planejado para evitar conflitos que podem vir a prejudicar a imagem e a integridade da empresa. A empresa familiar é um campo onde a cultura organizacional torna-se mais visível, pois a cultura organizacional da empresa é o espelho da cultura do fundador e a sucessão representa um novo ciclo da família empresária. Por meio da entrevista pôde-se verificar o nível de satisfação dos familiares da empresa Sudipel, as possibilidades de sucessão, suas dificuldades em de se manter uma empresa familiar, verificando suas vantagens e desvantagens na gestão, analisando a cultura organizacional da empresa familiar Sudipel. O sucessor deve estar ciente que os valores e costumes da gestão anterior não podem ser descartados, pois faz parte da identidade da empresa, logo, todo processo de sucessão precisa levar em consideração o impacto dessa mudança e o que se precisa trabalhar nos possíveis sucessores durante essa fase, para a obtenção da legitimação e fidelidade por parte dos parceiros internos e externos da companhia, pois isso ajuda a minimizar as incertezas por parte dos mesmos. A sucessão ocorre em todas as empresas familiares, pois chegará o dia em que alguém terá que substituir o fundador. Uma sucessão mal resolvida pode acabar com o patrimônio de anos. 35 REFERENCIAS BATEMAN, Thomas S.; SNELL, Scott A. Administração: Construindo Vantagem Competitiva. Tradução Celso A. Rimoli: revisão técnica José Ernesto Lima Gonsalves; Patrícia da Cunha Tavares. São Paulo: Editora Atlas. 1998. BEUREN, Ilse Maria (org). Como elaborar trabalhos monográficos: teoria e prática. 2.ed., São Paulo: Atlas, 2004. BERNHOEFT, R. Empresa familiar: sucessão profissionalizada ou sobrevivência comprometida. São Paulo. Nobel, 1991. BERNHOEFT, R. & GALLO, M. Governança na empresa familiar – poder – gestão e sucessão. Editora Campus. 4 ed. São Paulo, 2003. CASILAS, José Carlos; VÁZQUEZ, Adolfo; DÍAZ, Carmen. Gestão da empresa familiar, conceitos, casos e soluções. Tradução Vértice Translate; revisão técnica Antônio Vico Mañas. São Paulo: Thomson Learning, 2007. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 7. ed., revista e atualizada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 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Você vê interesse em alguns dos herdeiros ao tratar da sucessão familiar da empresa Sudipel? O que você sugere para que a sucessão na empresa familiar tenha sucesso? “Identificar as possibilidades de sucessão na Sudipel” Existe na empresa algum tipo de preparação para a sucessão familiar? Quais as características que seu sucessor deverá ter para substituí-lo para que a empresa mantenha a qualidade? Você saberá o momento certo da sucessão? Em sua opinião a Sudipel ainda crescerá após a sucessão? “Verificar as vantagens e desvantagens na gestão familiar” Quais são as principais vantagens e desvantagens de uma empresa familiar?