História do Direito 2º período – Curso Noturno Prof. Guilherme Tomizawa Opet - 2009 Localização da antiga Grécia Cidades-Estado • O Estado Ateniense compreendia todos os indivíduos livres que viviam em Atenas e mais todos aqueles que viviam nos territórios da Ática – região que pertencia Atenas. • Governavam, não os homens, mas as leis (costumes). • Nos séculos VIII e VII a.C as cidades gregas se desenvolveram urbanamente, a população cresceu junto com a evolução tecnológica, artesanal e comercial. Legisladores e Legislações • Tal progresso gerou a queda das monarquias e o início de turbulências sociais que acabaram produzindo legislações e legisladores. • Zaleuco de Locros, Carondas de Catânia, Licurgo de Esparta, Drácon e Sólon de Atenas. Cidades-Estado gregas • São numerosas as Cidades-Estado gregas (associação religiosa e política das famílias e das tribos), bem como seus legisladores que se destacavam em momentos diferentes da história grega. • Duas cidades se apresentam como extremamente relevantes ao estudo do Direito: Esparta e Atenas (sécs. VIII e VII a.C). Esparta • Uma das primeiras Cidades-Estado a surgir na Grécia (séc. IX a.C) por invasores dórios nas margens do Rio Eurotas (Planície da Lacônia). • A partir do séc. VII a.C. Esparta inicia um processo que vai culminar em um quase total refreamento de qualquer tipo de evolução, segundo Licurgo a fim de perpetuar o estado de coisas que mais lhe dava proveitos (hedonismo – prazer acima dos lucros). Sociedade Espartíatas: eram os dórios, guerreiros que recebiam educação militar especial (10 mil guerreiros). Periecos: eram os aqueus, tinham boas condições materiais de vida, mas nenhum direito político. Hilotas: escravos de propriedade do Estado, sem proteção da lei e condições desumanas. Educação Espartana • Primeira Infância: os bebês eram escolhidos por uma comissão de Anciãos (Gerúsia) a fim de saber se eram saudáveis, se fossem enjeitadas ou acabavam morrendo ou acolhidas por algum hilota. • Até os 7 anos: as mães ou amas especiais do governo cuidavam dessas crianças. Após os 7 anos ingressavam em um grupo militar comandados por um espartíata – marchavam, faziam ginástica, e alguma prática de leitura e música. • Dos 12 aos 17 anos: iam para o campo, se auto sustentavam e preparavam suas camas, participando constantemente de competições militares e de ginástica. Eram incitados a roubar e passavam pela Kriptia (degolação de escravos no campo). Homens e mulheres espartíatas • - Quem fosse aprovada na Kriptia, ganhava um lote de terra, ia viver no quartel e recebia uma refeição por dia ao cair da tarde. • - Até os 30 anos os espartíatas não podiam se casar, mas só coabitar. • - Após os 30 podiam participar das Assembléias, se casar e deixar o cabelo crescer. • - Aos 60 anos aposentavam-se do exército e podiam tomar parte do Conselho de Anciãos. • - As mulheres praticamente recebiam o mesmo tratamento físico, para serem boas mães de espartíatas, elas tinham mais liberdade que as outras mulheres de outras Cidades-Estado, podendo receber heranças e se enriquecer com o comércio, atividade totalmente vedada aos homens. Economia • - A economia de Esparta deu um salto no séc. VII a.C, com propriedades divididas em aprox. 9000 lotes, chamadas de cleros, distribuídas aos dórios com mais 6 escravos por lote. • - Tais terras não podiam ser cedidas ou vendidas; O Estado detinha a posse legal e o espartíata o usufruto. • - Os periecos se dedicavam a agricultura, criação de animais, artesanato, mineração de ferro e o comércio. Eles detinham a propriedade de suas terras, mas somente as de periferias e não necessariamente melhores. Política • - A política foi extremamente conservadora, poder como dito, era monopolizado pela Gerúsia (formado por 28 gerontes – cidadãos com mais de 60 anos) com cargo vitalício e escolhidos por aclamação na Assembléia (composta somente por espartíatas) . • A Gerúsia escolhia por ovação da Assembléia (órgão consultivo) o poder Executivo (Éforos) • Éforos – 5 magistrados com mandato de 1 ano que tinham função de educar as crianças espartíatas, fiscalizar a vida pública e julgar processos civis. Cultura e Ideologia • - Do século VIII ao IV a.C, se vislumbraram algumas características marcantes, dentre elas o militarismo exarcebado e a imobilidade (xenofobia, xenelasia e laconismo). • Xenofobia – aversão a pessoas estranhas ou por tudo que venha de outro lugar. • Xenelasia – banimento ou impedimento de estadia de estrangeiros, evitando idéias ao seu meio. • Laconismo – quando se fala somente o mínimo necessário, utilizando-se do menor número possível de palavras. (causando o refreamento de uma sociedade – devido a diminuição da atividade intelectual e criativa) Atenas e Esparta (localização) • - Geografia • Atenas localiza-se na Península da Ática, e estende-se pelo mar do Leste. Separada do resto da Grécia por montanhas altas. • Sua situação protegeu-a das invasões, principalmente dos Dórios, facilitando a vida política. • Uma só unidade geográfica da qual a saída mais conveniente para o mar é formada pelos dois portos de Atenas. Economia • No século VIII a.C. a economia de Atenas era basicamente rural, apesar das atividades artesanais e comerciais já cresciam e ultrapassavam os limites da região. • Com o desenvolvimento comercial os agricultores (georgoi) que possuíam terras pouco férteis nas montanhas, se viram cada vez mais, em situação difícil, por causa da concorrência e importação dos cereais e crises climáticas geravam um endividamento aos eupátridas. • Eupátridas = aqueles considerados bem nascidos (eu = Bom, pátrida = parido) filhos da elite. Formavam a aristocracia governante da cidade. Monopolizavam o poder através das melhores terras e escravos. • Originando as oligarquias, no período do Rei Basileu. • Todavia a situação de empobrecimento dos georgoi aumentou, somando à insatisfação de comerciantes e artesãos cada vez mais ricos e numerosos, desejando participar da vida política. Partido popular X partido Aristocrático A Oligarquia teve que enfrentar 2 problemas: - Novos ricos desejosos de participar do governo (que era vedado) e pobres exigindo o fim da escravidão por dívida e a repartição das propriedades. - Originou-se daí o Partido Popular e o governo oligárquico o Partido Aristocrático. - No embate entre os 2 partidos, um aristocrata (Cílon – 623 a.C.) tentou tomar o poder à força e como a resposta do Partido Popular foi imediata, a oligarquia se viu obrigada a lhes oferecer reformas. Drácon • Em 621 a.C. surge um dos primeiros legisladores de nome Drácon (eupátrida). Drácon elaborou um rígido código de leis baseado nas normas tradicionais arbitradas pelos juízes. Ora o furto como o assassinato recebiam a mesma punição: a morte. Daí a sinonímia da palavra draconiano (draconien) que originou do francês como desumano. • Conservou todos os sentimentos da sua casta e foi instruído pelo direito religioso implacável (que via em todo erro uma ofensa à divindades um crime odioso). Não inovou, somente repassou os escritos dos antigos costumes sem alterá-los. • 1a. Lei draconiana: “devemos honrar os deuses e os heróis e oferecerlhes sacrifícios anuais, sem nos afastarmos dos ritos seguidos pelos antepassados”. Sólon • Em 594 a.C foi indicado um novo legislador diante das novas exigências do Partido Popular, nominado Sólon, aristocrata de nascimento e comerciante de profissão. Era como comerciante que Sólon pensava e foi assim que legislou. • Pode-se afirmar que as leis de Sólon correspondem uma verdadeira revolução social. A eunemia – igualdade de todos perante a lei – está presente em todos os artigos que escreveu; assim não há distinção entre eupátridas e não-eupátridas. Sua reforma atingiu toda a estrutura da sociedade do Estado Ateniense, no que diz respeito à economia, sociedade e política. Economia • Sólon preparou Atenas para ser a principal e mais poderosa Cidade-estado da região, alavancando o desenvolvimento comercial e industrial dos atenienses. • Ele cria a eclésia (assembléia popular). Participante da eclésia - homem maior de 30 anos, livre (não era escravo), de pais atenienses. • Para ajudar a produção interna e o comércio, Sólon incentivou a ida de estrangeiros para Atenas. Desta forma a produção se tornava local, barateando o custo dos produtos, inaugurando Atenas como uma cidade exportadora. • A fim de melhorar as transações comerciais, fixou um padrão monetário fixo e incentivou a exploração de prata que resultou numa melhor circulação monetária; e por fim instituiu um sistema de pesos e medidas único. Sociedade • - Sólon concedeu anistia geral, perdoando todos que tivessem cometidos crimes políticos, amenizando os efeitos da crise política instaurada e da lei draconiana, a fim de apaziguar os ânimos exaltados da cidade. • - Limitou o direito de herança dos primogênitos, que antes eram herdeiros universais. Apesar que as mulheres não podiam receber herança e sim um parente próximo, mesmo tendo somente uma mulher. O testamento também foi introduzido, sendo também proibido às mulheres. • - Atingiu o maior problema que assolava o povo na época, a “seisachtéia” que consistia na proibição de hipoteca das terras, na devolução das mesmas aos antigos proprietários, e principalmente, acabou com a escravidão por dívidas em Atenas. • Política • Sólon pensava através da economia e não poderia ser diferente quando fez as leis relativas ao comando do Estado ateniense. • No comando efetivo aqueles com mais riqueza, e abaixo deles, com menos poder e sucessivamente, os que tivessem menos dinheiro. FIM • Alguma dúvida? • Muito obrigado!