Título: Espaço como Instrumento de Interlocução no Processo Governança da
Água
O espaço representa uma importante categoria de análise da geografia, ciência
que tem em seu escopo a observação e interpretação da superfície terrestre
nos seus contextos físicos e sociais. Para alguns geógrafos o espaço pode ser
confundido
com
a própria geografia,
do mesmo modo,
que
há o
reconhecimento desses que a noção de espaço está presente nas diferentes
áreas do conhecimento apresentando características próprias em cada um
delas (ANDRADE, 1987). Os desafios ambientais de nossa sociedade tais
como poluição da água, desmatamentos, aquecimento global, perda da
biodiversidade, desertificação, trouxeram para a ciência novos desafios. Diante
da complexidade dessas situações a prática interdisciplinar é fundamental para
tratamento das questões ambientais e da água. No campo da prática
interdisciplinar como a governança da água a noção de espaço aparece como
um dos principais elementos aglutinadores para discussão, elaboração de
propostas e geração de consenso nas diferentes áreas conhecimento científico,
bem como dos diferentes grupos de interesses. Segundo Jacobi (2009) a
governança propõe um caminho teórico e prático alternativo, que busca a
interlocução das demandas sociais, com as políticas governamentais.
Composta por processos formais e informais para a tomada de decisão, a
governança da água envolve atores públicos, sociais e privados que podem
apresentar interesses similares ou opostos (GENTES, 2008). O presente
trabalho tem por objetivo avaliar se o espaço (geográfico) constitui em
instrumento de interlocução entre os diferentes atores envolvidos no processo
de governança da água. O procedimento metodológico para realização da
pesquisa foi composto por três etapas. A primeira constou de revisão da
literatura a partir da leitura de livros, teses, dissertações e artigos científicos
para aprofundamento conceitual dos temas espaço e governança da água. Em
seguida foram elaborados os mapas temáticos a partir da utilização de
geotecnologias, as quais instrumentalizam essa investigação. A terceira etapa
consta da realização de oficinas, que avaliam a efetividade da análise e
reflexão de mapas temáticos verificando a eficácia da utilização do espaço
como instrumento de interlocução no processo de governança da água. Os
resultados preliminares da pesquisa demonstram que a reflexão sobre o
espaço contribui para uma construção coletiva de (re) conhecimento, pelos
diferentes atores envolvidos no processo de governança da água na APA
Embu-Verde, área do estudo de caso dessa pesquisa. Os resultados também
tem demonstrado que esse instrumento é eficaz na ampliação do debate entre
os diferentes atores, bem como na geração de ponto de vistas comuns, o que
pode culminar na geração de políticas públicas pactuadas.
Referências Bibliográficas
ANDRADE, M. C. de. Geografia, ciência da sociedade: uma introdução à
análise do pensamento geográfico. São Paulo: Atlas, 1987
GENTES, I. Gobernanza, governabilidade e institucionalidad para la gestión de
cuencas estado de arte. Seminário Internacional Cogestión de Cuencas
Hidrográficas experiencias y desafíos. Costa Rica, 2008
JACOBI, P. R. Governança da água no Brasil. In: RIBEIRO, W. C. (Org).
Governança da água no Brasil: uma visão interdisciplinar. São Paulo:
Annablume, 2009.
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