MARIA DAS DORES DA SILVA FERREIRA INTERVENÇÃO EDUCACIONAL COM CRIANÇA TGD, NA REDE DE ENSINO DO DISTRITO FEDERAL Monografia apresentada ao curso de graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Titulo de Bacharel em Psicologia. Orientadora: Msc. Baquero Carvalho Brasília 2014. Fabíola Gomide Cutter FERREIRA, Maria das Dores da Silva. Titulo do Trabalho de Conclusão de Curso: Intervenção Educacional com Criança TGB, na Rede de Ensino do Distrito Federal. Maria das Dores da Silva Ferreira. Paginação: 42 Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Católica de Brasília, Data Orientação: Carvalho, Fabíola, Gomide, Baquero. CDU Classificação Ficha elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UCB. Monografia de autoria de Maria das Dores da Silva Ferreira, intitulada “Intervençã Educacional com Criança TGD, na Rede de Ensino do Distrito Federal”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia da Universidade Catálica de Brasília, em 26 de Novembro de 2014, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: ______________________________________ Prof. Fabíola Gomide Baquero Carvalho Mestre em Psicologia Psicologia – UCB ______________________________________ Prof. Andrea Garzesi Souza Sobrinho Mestre em Psicologia Psicologia – UCB Brasília 2014 Dedico esse projeto de conclusão de curso a todas as pessoas que são especiais e foram muito importantes nessa caminhada árdua: Em especial ao meu Deus que na sua infinita misericórdia foi minha inspiração diária para continuar sem olhar para as frustrações que encontrei ao longo do processo acadêmico; A minha família querida: meus filhos Luciana Santos Soares, Luana Pereira do Santos e Leandro Fabrício Pereira do Santos; meu netos Luma Eduarda dos Santos, Luan Mateus dos Santos, Nathan Machado dos Santos; em especial meu querido esposo José Maria Ferreira que sempre trazia motivação em seus elogios e palavras de conforto possibilitando um local acolhedor e tranqüilo dentro do nosso contexto familiar sempre acreditando em meu potencial; A minha inigualável e companheira amiga Elislaine Cristina que me incentivou a prosseguir com sua força e determinação e a lutar como uma ninja e que se fez presente como uma musa inspiradora; A minha querida orientadora Fabíola Baquero que foi minha bússola inspiradora sempre direcionando os pontos mais decisivos e essenciais para alcançar o melhor resultado; As colegas de curso que de uma forma ou de outra me acolheram e apoiaram ao longo dos semestres; Professores queridos que tanto contribuíram no processo de ensinoaprendizagem para minha área profissional; A equipe gestora do curso de psicologia prestativa e acolhedora. Referência: FERREIRA, Maria, das Dores, da Silva. Intervenção Educacional com Criança TGD, na Rede de Ensino do Distrito Federal. 2014. 42 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2014. Resumo Esse Trabalho de Conclusão de Curso pretendeu comparar a proposta escolar interventiva com uma criança TGD e a proposta explícita no Currículo em Movimento da Educação Básica – Caderno Número 7º: Educação Especial; da Secretária de Estado de Educação do Distrito Federal, a fim de verificar a distância entre o que está expresso no documento e o que acontece no contexto escolar. Por isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa, González (2005) entende que na sociedade contemporânea é salutar que os pesquisadores superem a visão centrada nos instrumentos de coleta de dados e avancem na perspectiva de reconstruir permanentemente o processo de pesquisa, articulando constantemente a construção teórica com o momento empírico. Neste sentido foi realizada uma pesquisa colaborativa, que segundo Ibiapina (2008) envolve investigadores e professores tanto em processos de produção de conhecimentos quanto de desenvolvimento da própria pesquisa, haja vista que o trabalho colaborativo faz com que professores e pesquisadores produzam saberes compartilhados estratégias que promovem o desenvolvimento profissional. Palavras-chave: Currículo em Movimento, Classe Especial TGD, Autismo. Abstract This Labor Completion of course want to compare the proposed interventional school with a child and the TGD explicitly proposed in the Basic Education Curriculum in Movement Notebook Number 7 : Special Education ; Secretary of State for Education of the Federal District , in order to determine the distance between what is expressed in the document and what happens in the school context . Therefore , a qualitative study was conducted , González (2005 ) believes that in contemporary society is salutary that researchers overcome the focused vision on the instruments for data collection and advance the prospect of permanently reconstruct the research process , constantly articulating the theoretical construction with the empirical time. In this sense we decided to conduct a collaborative research , which according Ibiapina (2008 ) involves both researchers and teachers in the process of production of knowledge and the development of the research itself , given that the collaborative work makes teachers and researchers to produce shared knowledge strategies promote professional development . Keywords : Curriculum in Motion , Special Class PDD , Autism . SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 11 2.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA ............................................................................................ 11 2.2 VARIAÇÕES DO CONCEITO HISTÓRICO DO AUTISMO ..................................... 12 3 METODOLOGIA................................................................................................................ 17 3.1 TIPO DE PESQUISA ..................................................................................................... 17 3.2 O DOCUMENTO: CURRÍCULO EM MOVIMENTO DO DISTRITO FEDERAL .... 18 3.3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAL ........................................................ 19 3.4 EIXOS TRANSVERSAIS .............................................................................................. 20 3.5 EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE ....................................................................... 21 3.6 O CADERNO SETE – EDUCAÇÃO ESPECIAL ......................................................... 22 3.7 METODOLOGIAS E FERRAMENTAS ....................................................................... 22 3.7.1 COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA (CAA) ........................ 22 3.7.2 TRATAMENTO E EDUCAÇÃO PARA AUTISTAS E CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIAS RELACIONADAS À COMUNICAÇÃO (TEACCH) ......................... 23 3.7.3 PROGRAMA PORTAGE ........................................................................................ 23 3.7.4 ANÁLISE COMPORTAMENTAL APLICADA (ABA)........................................ 24 4 PARTICIPANTES .............................................................................................................. 25 5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ENTREVISTAS E OBSERVAÇÃO .. 26 6 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DAS ENTREVISTAS E DA OBSERVAÇÃO ..... 26 7 OUTROS PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .......................................... 27 8 CONHECENDO O CASO .................................................................................................. 27 8.1 DESCRIÇÃO DA HISTÓRIA DO SUJEITO ................................................................ 27 8.2 MATRÍCULA ................................................................................................................. 29 8.3 CLASSE ESPECIAL TGD:............................................................................................ 29 8.4 DA SALA DE AULA ..................................................................................................... 31 8.5 ADEQUAÇÃO CURRICULAR E TEMPORALIDADE .............................................. 32 8.6 RELATO DAS INTERVENÇÕES ................................................................................ 33 9 OBSERVAÇÕES ................................................................................................................. 37 10 DIÁRIO DE BORDO ........................................................................................................ 39 11 RESULTADO/ANÁLISE DOCUMENTAL ................................................................... 41 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 46 10 APÊNDICE ........................................................................................................................ 51 10.1 APÊNDICE I - ROTEIRO DE ENTREVISTA (RESPONSÁVEL LEGAL) ............. 51 10.2 APÊNDICE II - ROTEIRO DE ENTREVISTA (PROFESSORA) ............................ 52 10.4 APÊNDICE III - ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS PAIS ANAMNESE ... 53 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem como objetivo comparar a proposta escolar interventiva com uma criança TGD e a proposta explícita no Currículo em Movimento da Educação Básica – Caderno Número 7º: Educação Especial; da Secretária de Estado de Educação do Distrito Federal, a fim de verificar a distância entre o que está expresso no documento e o que acontece no contexto escolar. Dessa maneira pretende-se investigar se há concretização dos paradigmas educacionais na atualidade; averiguar o dever do Estado na inclusão social de crianças com TGD, analisar a demanda do aluno TGD, entender adequação curricular no desenvolvimento pessoal e avaliar se ocorrem condições para que a aprendizagem aconteça por meio da valorização de diversas formas de aprender. O caderno número 7 foi elaborado para subsidiar a atuação na modalidade de Educação Especial, ofertada às pessoas com deficiência em âmbito Distrital. De acordo com a Constituição Federal de 1988, (Art. 5º), todos são iguais perante a lei; e o (inciso III do artigo 208), diz que a Educação Especial está garantida como dever do Estado. A Educação é um direito de todos; para que esse direito seja assegurado é preciso a elaboração de estratégia para que todos tenham uma educação que consiga suprir suas necessidades especiais educacionais, ou seja, proporcionando equidade em meio às diferenças. Por muito tempo pensou-se que a educação especial deveria ser tratada paralelamente à educação comum. Com o passar dos anos este “mito” vem desaparecendo; conclui-se que esta ideologia preconceituosa, que serviu apenas para criar estereótipos capazes de desvalorizar seres humanos altamente capazes é infundada; é preciso prosseguir com esta reestruturação das escolas, já que este processo está ainda em pleno desenvolvimento. É necessário combater a descrença e o pessimismo para mostrar que a inclusão é uma grande oportunidade para que os alunos, pais e educadores demonstrem as suas competências e responsabilidades educacionais. O Currículo em Movimento – educação especial Número 7º direciona o processo educativo das pessoas com deficiência,transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Essa pesquisa irá priorizar a análise documental especificamente do que trata o Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD), em relação às outras modalidades com foco no autismo. Para este trabalho utilizou a terminologia utilizada na SEE/DF para nomear as pessoas com Transtorno do Espectro Autista – TEA como TGD. 9 Anos atrás a situação do atendimento a essas crianças era muito precária, desconhecida e insuficiente para atender as necessidades dos alunos com diagnóstico de autismo. Atualmente percebe-se um grande avanço em relação à divulgação das informações sobre o direito à inclusão como: o currículo em movimento com o caderno especifico para a educação especial (caderno 7). Vivemos em uma sociedade, onde a inclusão é conceituada como o processo pelo qual todo sistema educacional se adapte, para incluir pessoas com necessidades educacionais especiais. Para que as necessidades especiais sejam supridas faz-se necessário uma adequação institucional, que recursos financeiros sejam destinados para adequação de espaço físico, compra de materiais, equipamentos para salas de aula, para que o ambiente propicie a otimização do processo de ensino-aprendizagem, de forma simultânea com a capacitação dos profissionais responsáveis pela Educação Especial. Quando a criança com diagnóstico de autismo é inserida no contexto escolar, poderá ter dificuldade em interagir socialmente devido às características do transtorno. De acordo com CID-10, Classificação Internacional de Doenças - 10ª Edição, o autismo é classificado como um transtorno global do desenvolvimento e é caracterizado pela presença de um desenvolvimento acentuadamente anormal, ou prejudicado, na interação social e comunicação e um repertório marcantemente restrito de atividades e interesses. Desse modo, o espaço escolar se tornará uma estrutura que possibilite e garanta a liberdade de identificação e acesso do aluno dentro das propostas de inclusão de ensino adequado a sua necessidade educacional e da própria aceitação como indivíduo que faz parte de uma sociedade inclusiva. 10 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Educação Inclusiva A estrutura institucional estar montada para receber um aluno ideal, com supostos padrões de desenvolvimento emocional e cognitivo, e quando isto não acontece, como no caso dos alunos autistas, a função primordial da escola é questionada, pois este aluno tem uma maneira própria de lidar com o saber que, invariavelmente, não corresponde ao ideal da escola. Na verdade, não corresponder ao esperado pode acontecer com todo e qualquer aluno, mas os alunos com autismo deixam isto evidente. A escola comum ainda não está preparada para receber o aluno com diagnóstico de autismo, pois toca no cerne e no motivo da sua transformação. A atual concepção de inclusão entende-a como desenvolvimento integral da pessoa nos aspectos perceptivos, vivência e pessoais. Isso pressupõe um posicionamento da instituição escolar e formação do professor que deve abrir-se à novas perspectivas e experiências. O professor coloca-se em um plano de igualdade com os alunos e promove o desenvolvimento dos aspectos cognitivos, afetivos e sociais, visando o bem-estar e o desenvolvimento pessoal de cada aluno. Para tanto, são fundamentais a aceitação da diversidade, o trabalho em equipe e a cooperação. Os principais documentos que subsidiam a formulação de políticas públicas de Educação Especial, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Declaração de Salamanca (1994), a Declaração de Guatemala (1991) e a Lei n. 9394 de Diretrizes e Bases da Educação (1996), enfatizam a igualdade e o direito à educação para todo cidadão. No entanto, quando se trata do indivíduo com autismo, é importante analisar alguns aspectos relevantes para o entendimento das suas necessidades educacionais. (ALVES; ET AL, 2010, p. 11). A Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais (GDF, 2003), define inclusão na escola como sendo o processo pelo qual se adapta e se transforma, que inseri em classes do ensino regular crianças e jovens com necessidades educacionais especiais que estão em busca de seu pleno desenvolvimento e do exercício da cidadania. Tal currículo define o aluno com necessidades educacionais como aquele que apresenta, em comparação com a maioria das pessoas, significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais; decorrentes de fatores inatos ou adquiridos; de caráter permanente, que acarretam dificuldades em sua interação com o meio físico e social e que apresentam 11 caráter permanente ou temporário, algum tipo de deficiência física, sensorial, cognitiva, múltiplas, condutas típicas ou altas habilidades necessitando de recursos especializados para desenvolver plenamente o seu potencial e/ou superar ou minimizar suas dificuldades. A Lei 9394/96, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu artigo 58 estabelece que Educação Especial seja preferencialmente oferecida na rede oficial de ensino, preocupando-se em possibilitar ao aluno com necessidades educacionais especiais a oportunidade de convivência normal com os demais alunos, como forma de ampliar suas potencialidades. Dentro desta perspectiva, observa-se que o direito a uma vida plena e ao usufruto da cidadania não lhe pode ser negado. À escola cabe a responsabilidade de fazer valer esse direito e o currículo, enquanto instrumento de construção de competência, deve orquestrar as questões para sua total consecução. Para os demais alunos é também a oportunidade de conviver com as diferenças e aprender a respeitá-las, fortalecendo-lhes os valores humanos com a solidariedade e a cooperação. Esse novo paradigma é estudado, discutido e experimentado em todo o mundo, ganhando cada vez mais força, respaldado por organismos internacionais como: a Organização das Nações Unidas – ONU, uma de suas grandes defensoras. Legislação, tratado e encontros reverberam a construção dessa nova sociedade tão desejada, baseada no respeito às diferenças. Essa nova sociedade deve-se tornar desejada por nós também. Crianças com deficiência sejam elas físicas, sensoriais, cognitivas ou emocionais, têm as mesmas necessidades de afeto, cuidado e proteção, apresentando os mesmos sentimentos e desejos das outras crianças. Quando incluídos elas têm a possibilidade de conviver,interagir, trocar, aprender, brincar e serem felizes, porém, de uma forma diferente. Estas crianças devem ser vistas não com defeito, incompletude, mas como pessoas com possibilidades diferentes, com algumas dificuldades. Segundo a Associação de Amigos do Autista (AMA) o autismo é “um transtorno de desenvolvimento e não pode ser definido como uma forma de retardo mental, embora muitos quadros de autismo apresentem funcionamento intelectual abaixo da média.” (ALVES; ET AL; 2010, p. 4). Os autistas possuem todas as variações possíveis de inteligência, mas nem todos estão aptos à inclusão escolar, que depende de uma série de condições da escola, de seus profissionais e da capacidade da criança. Alguns são muito inteligentes e se dão bem pedagogicamente em escolas regulares, apesar de não conseguirem se socializar, pois não entendem o mundo humano e social. Outros necessitam de outras escolas, e aqueles cuja inteligência é mais comprometida têm mais possibilidades em escolas especiais. (ALVES; ET AL; 2010, p. 4) 2.2 Variações do Conceito Histórico do Autismo 12 Segundo Alves ET AL (2010),o termo autismo foi disseminado por Bleurer (1960) e correlacionando à sintomatologia existente que ele havia instituído para integrar, pelo meio da esquizofrenia, o campo das psicoses. O autismo era chamado de dissociação psíquica, atribuído ao predomínio da emoção sobre a constatação da realidade. Outro autor que conceitua o autismo, como os distúrbios do contato afetivo e como um autismo extremo, tendo como critérios a obsessividade, as estereotipias e a ecolalia foi Leo Kanner, em 1943. O autismo é interligado aos fenômenos esquizofrênicos, demonstrando características de alheamento extremo antes dos três anos de vida, a criança não responde aos estímulos externos, vivendo em seu próprio mundo e cultivar relação inteligente com os objetos, no entanto continua isolado do mundo externo. O autismo tem sido reconhecido como um transtorno precoce do desenvolvimento infantil, que traz prejuízo no avanço das capacidades intelectuais da criança ao longo de sua vida. Prestes (2009), referendando Frith (1996),ressalta que os sintomas sofrem variações no decorrer de toda a vida, sendo que algumas características só aparecem mais tardiamente e outras desaparecem com o tempo. Para classificar o Transtorno do Espectro Autista, o DSM-5 especifica os seguintes critérios: Critérios de Diagnósticos 299. 00 (F84.0) A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos e não exaustivos; ver o texto): 1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido e de interesses emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais. 2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados na interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a normalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal. 3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares. Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões de comportamento restritos e repetitivos. B. Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades conforme manifestada por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos e não exaustivos; ver o texto): 1. 2. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frase idiossincráticas). Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças, 13 dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmo alimentos diariamente). 3. Interesses físicos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns,interesses excessivamente circunscrito ou perseverativos) 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesses incomum por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva fascinação visual por luz ou movimento). Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões restritos ou repetitivos de comportamento. C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas podem não podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida). D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente. E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar a baixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento. Nota: Indivíduos com diagnóstico do DSM-IV bem estabelecido de transtorno autista, transtorno de Asperger ou transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação devem receber o diagnóstico de transtorno do espectro autista. Indivíduos com déficits acentuados na comunicação social, cujo sintomas, porém, não atenda, de outra forma, critérios de transtorno do espectro autista , devem ser avaliados em relação a transtorno da comunicação social (pragmática). Especificar se: Com ou sem comprometimento intelectual concomitante; Com ou sem comprometimento da linguagem concomitante. Associada a alguma condição médica ou genética conhecida ou a fator ambiental (Nota para codificação: Usar código adicional para identificar a condição médica ou genética associada). Associado a outro transtorno do seu neurodesenvolvimento, mental ou comportamental (Nota para codificação: Usar códigos [s] adicional [is] para identificar o [s] transtorno [s] do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental associado [s].) Com catatonia(DSM-5, 2014, p. 50, 51). De acordo com Bosa (2006), as crianças autistas antes dos três anos têm a linguagem, interação e um restrito repertório de interesse de atividades afetadas, o que possibilita a visibilidade dos pais quanto ao aparecimento de restrições durante o seu desenvolvimento, aumentando ainda mais a sua preocupação diante do quadro apresentado. Ficando evidente dessa forma, a observação qualitativa dos problemas apresentados em relação à forma de se expressar e interagir com as demais pessoas do seu convívio, logo nos primeiros momentos de desenvolvimento de sua vida. Bosa (2002a), cita Leo Kanner (1943) e Hans Asperger (1944), como os pioneiros nas revelações sobre autismo,os quais contribuíram com relatos das situações vivenciadas por eles de forma metódica, e suas referentes hipóteses teóricas para esse sintoma que ainda se encontrava em anonimato.Constatou uma inabilidade no relacionamento interpessoal nas crianças que eles atendiam, que as distinguia de outras patologias como a esquizofrenia: “O 14 distúrbio fundamental mais surpreendente, ‘patognômico’, é a incapacidade dessas crianças de estabelecer relações de maneira normal com as pessoas e situações desde o princípio de suas vidas” (BOSA, 2002b,apud, KANNER,1943). Bosa (2010),define o autismo da seguinte maneira: um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento que implica em sérios obstáculos, tanto em capacidade de se relacionar socialmente dentro de suas redes de apoio, e principalmente em sua interação verbal–como também às concedidas ao atraso global do desenvolvimento– bem como a forma de agir de acordo com sua curiosidade restrita e de maneira reprodutiva. “Ambos os enquadramentos diagnósticos mais utilizados (CID-10/WHO e DSM-5/APA) “Disorder Autism” site do DSMV o que no Brasil estamos chamando do Transtorno do Espectro Autista – TEA que se referem as mesmas características: comprometimento na comunicação, na interação social e nos comportamentos estereotipados e repetitivos, com variações em relação ao grau e intensidade exigem a identificação de anormalidades naquelas áreas do desenvolvimento, antes da idade de 36 meses” (BOSA, p.48, 2006). No entanto, são inúmeras as tentativas em prol da definição de autismo ao longo do tempo e, com um repertório diverso em seu diagnóstico na procura de uma conceituação mais refinada e atraída pelo nível de investigação dentro da área em questão. Atualmente o termo autismo costuma ser usado para se referir a um espectro de síndromes com características em comum, sendo designado por várias terminologias: Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, de acordo com o DSM-V (Diagnosticand Statistical Manual of Mental Disorders); ou Transtornos Globais do Desenvolvimento, de acordo com o DSM-5; ou ainda Transtorno do Espectro Autista (PRESTES, 2009, apud LAMPREIRA,2003). Ao longo do tempo o diagnóstico de autismo sofreu significativas mudanças. Surgiu oficialmente, pela primeira vez na CID 9 (Classificação Internacional de Doenças), em 1975, categorizando-se como psicose da infância. Sendo assim, o DSM I e o DSM II, nos anos de 1952 e 1968 se referiam apenas à esquizofrenia do tipo infantil. Através de uma ampla revisão teórica, Prestes (2009),referenciando Rutther e Schopler (1978), se propuseram que o autismo fosse concebido como transtorno do desenvolvimento, diagnosticado através da tríade de prejuízos que permanecem até hoje: interação social, comunicação, padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades. Segundo Assumpção Jr (2000) referenciado por Alves; Et El, (2010), “[...] o diagnóstico diferencial inclui outros distúrbios invasivos do desenvolvimento como o Transtorno de Asperger, a Síndrome de Rett, transtornos desintegrativos e os quadros não 15 especificados. O diagnóstico diferencial é uma das grandes dificuldades encontradas nas avaliações.” Dessa forma, de acordo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1993) e o DSM IV, da Associação Norte-Americana de Psiquiatria (APA, 1995/2004), pode-se fazer um diagnóstico precoce de autismo logo nos primeiros meses de vida, desde que certo número de critérios fenomenológicos seja preenchido. 16 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de Pesquisa Esse Trabalho de Conclusão de Curso pretende comparar a proposta escolar interventiva com uma criança TGD e a proposta explicita no Currículo em Movimento da Educação Básica – Caderno Número 7º: Educação Especial; da Secretária de Estado de Educação do Distrito Federal, a fim de verificar a distância entre o que está expresso no documento e o que acontece no contexto escolar. Por isso, será realizada uma pesquisa qualitativa,González (2005) entende que na sociedade contemporânea é salutar que os pesquisadores superem a visão centrada nos instrumentos de coleta de dados e avancem na perspectiva de reconstruir permanentemente o processo de pesquisa, articulando constantemente a construção teórica com o momento empírico.Nesse sentido, “ a pesquisa qualitativa, que assume os princípios da Epistemologia Qualitativa, se caracteriza pelo seu caráter construtivo-interpretativo, dialógico e pela sua atenção ao estudo de casos singulares.” (Gonzáles, 2005, p.4) Neste sentido foi realizada uma pesquisa colaborativa, que segundo Ibiapina (2008) envolve investigadores e professores tanto em processos de produção de conhecimentos quanto de desenvolvimento da própria pesquisa, haja vista que o trabalho colaborativo faz com que professores e pesquisadores produzam saberes compartilhados se estratégias que promovem o desenvolvimento profissional. Nessa perspectiva é uma atividade de co-produção de conhecimentos e de formação em que os pares colaboram entre si com o objetivo de resolver conjuntamente problemas que afligem a educação, sem perder de vista o contexto sociopolítico mais geral. Por isso da pesquisa documental e leitura crítica do currículo em movimento. O diferencial desta investigação está em dar conta da realidade microssocial sem perder de vista o aspecto histórico e político do macro contexto social, possibilitando aos indivíduos compreenderem a ligação entre o que eles vivem e acreditam e o que lhes é dito ou imposto. Daí a importância de comparar a prática de um atendimento de uma criança TGD na SEEDF com o que está expresso em seus documentos institucionais. Segundo Ibiapina (2008) essa maneira de pesquisa colaborativa se diferencia das outras, sobretudo pela valorização das atitudes de colaboração e reflexão crítica, visto que os pares, calcados em decisões e análises construídas por meio de negociações coletivas, tornamse co-parceiros (no caso eu pesquisadora e a professora regente da classe especial TGD), co17 usuários e co-autores de processos investigativos delineados a partir da participação ativa, consciente e deliberada. O atendimento a crianças diagnosticadas com TGD na rede pública de ensino, tem sempre representado um desafio e uma situação singular aos professores e profissionais que atuam nas equipes especializadas. Ainda não há consenso entre os profissionais da área educacional se o modelo de inclusão escolar, como está previsto na legislação vigente no país, configura-se a melhor maneira de atendimento e desenvolvimento dessas crianças. Por isso, a pesquisa colaborativa se faz tão importante. Por um lado temos uma criança com um transtorno que é tão singular e próprio do sujeito que intervenções generalistas e comuns a todas as crianças não resultariam em aprendizagem, por outro lado a educação pública atende a um número expressivo de alunos que torna-se expendioso e estruturalmente inviável um atendimento tão específico e singular.Segundo Rey (2005): O sujeito é uma unidade essencial para os processos de construção na pesquisa qualitativa, pois a singularidade é a única via que estimula os processos de construção teórica portadores de um valor de generalização perante o estudo da subjetividade. A dimensão de sentido dos processos psíquicos requer chegar ao geral a partir da compreensão dos processos e de formas de organização que apresentem características singulares de expressão. É o estudo da singularidade que nos permite acompanhar um modelo heurístico para chegar a conclusões que são além do singular e que são inexeqüíveis sem o estudo das diferenças que o caracterizam. (GONZÁLEZ REY, 2005, p. 113) 3.2 O Documento: Currículo em Movimento do Distrito Federal O processo de construção do currículo foi realizado gradativamente na rede de ensino do Distrito Federal, no ano de 2010, foi elaborado um currículo em fase experimental; em 2011 iniciou-se um movimento coletivo com a participação de professores, estudantes, coordenadores pedagógicos, comunidade e outros colaboradores, para discutir o currículo apresentado no ano anterior. O espaço destinado para coordenação pedagógica coletivas das escolas foi delineado para estudo de avaliação com a identificação de fragilidades, potencialidade e sugestões para melhoria do currículo, nesse mesmo ano foi realizada sete plenárias sobre o documento. Em 2012 foram feitas discussões com parceria entre as Coordenações Regionais de Ensino (CRE) e as intuições de ensino, para a elaboração de uma minuta, organizada pelo caderno, denominada Currículo em Movimento e em 2013c, teve o processo de validação. 18 A implementação deste currículo requer a constituição de espaço/tempo abertos de discussão e construção na perspectiva da gestão democrática do sistema público de ensino do Distrito Federal (Lei 4.751/2012), envolvendo gestores, professores, estudantes, pai, mãe, responsáveis, organizações sociais, universidades, para que não se transforme em reprodução de decisões superiores e enquadramentos implícitos. Com base nesse documento supracitado, foi elaborada essa pesquisa documental do Currículo em Movimento da Educação, a qual faz parte de uma sequência de7 (Sete) cadernos que compõe o currículo em movimento da Secretária de Estado de Educação – SEEDF: Caderno nº 1(Um) Educação Infantil, nº 2 (Dois) Ensino Fundamental Anos Iniciais, nº 3(Três) Ensino Fundamentais Anos Finais, nº 4 (Quatro) Ensino Médio, nº 5 (Cinco) Educação Profissional a Distância, nº 6 (Seis) Educação de Jovens e Adultos e o nº 7 (Sete) Educação Especial. O currículo em movimento compreende a educação básica como “[...] direito indispensável para o exercício da cidadania em plenitude, da qual depende a possibilidade de conquistar todos os demais direitos, definidos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na legislação ordinária e nas demais disposições que consagram as prerrogativas do cidadão” (DISTRITO FEDERAL, 2013c, apud DCNEB, 2010, p. 2). De acordo com a Secretária de Estado de Educação – SEEDF (2013), a implementação desse currículo integrado abre espaço para grades de interesses sociais que produzem uma dialética entre várias áreas de conhecimento, com o objetivo de ampliar o tempo, espaço e oportunidades educacionais. Valorizando a formação multidimensional, a individualidade e as diversas formas de aprender. Pressupostos teóricos baseassem na Teoria Crítica e Pós-Critica, Concepção de Educação integral: ampliação de tempos, espaços e oportunidades, princípios da Educação Integral, Pedagogia Histórica-Crítica e Psicologia Histórico-Cultural: Base TeóricoMetodológica e Eixos Transversais. 3.3 Parâmetros Curriculares Nacional De acordo com Distrito Federal (2001), os Parâmetros foram elaborados visando o compromisso de desenvolver uma cidadania que necessita de uma prática educacional voltada para a inclusão da realidade social e dos direitos e deveres em relação à vida pessoal, coletiva 19 e ambiental. Os temas transversais foram incorporados nessa perspectiva e trata de questões da Ética, da Pluralidade Cultural, do Meio Ambiente, da Saúde e da Orientação Sexual. Com base no documento supracitado, são discutidas problemáticas sociais dentro do contexto escolar de forma abrangente, esclarecendo a proposta da transversalidade entre temas e áreas curriculares que fazem parte da vivência escolar. Os Parâmetros Curriculares Nacionais incorporam essa tendência e a incluem no currículo de forma a compor um conjunto articulado e aberto a novos temas, buscando um tratamento didático que contemple sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas convencionais. O currículo ganha em flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser priorizados e contextualizados de acordo com as diferentes realidades locais e regionais e outros temas podem ser incluídos. (DISTRITO FERDERAL, 2001, p. 29) O objetivo dos parâmetros é de propor uma educação comprometida com a cidadania, dessa forma elegeram princípios fundamentais, baseados no texto constitucional, tais princípios partem do pressuposto de orientar a educação escolar e são eles: Dignidade da pessoa humana, Igualdade de direitos, Participação e Co-responsabilidade pela vida social. 3.4 Eixos Transversais Ao fazer um levantamento histórico, a escola tem excluído dos currículos narrativas das crianças, mulheres, negros, índios, quilombolas, campesinos, e outras, reforçando a hegemonia de determinados conhecimentos sobre outros construídos pelos sujeitos sociais em diferentes espaços de trabalho e vida. A SEEDF (2001), compreende que Educação tem a ver com questões mais amplas e que a escola é o lugar de encontros de pessoas, origens, crenças, valores diferentes que geram conflitos e oportunidades de criação de identidades. Por serem questões contemporâneas, fundamentais para a consolidação da democracia, do Estado de Direito e da preservação do ambiente em que as pessoas vivem; essas temáticas tratam de processos que estão sendo intensamente vivenciados pela sociedade brasileira de modo geral e pela sociedade do DF de modo específico, assim como pelas comunidades, famílias, estudantes e educadores (as) em seu cotidiano. O currículo foi elaborado para que acontecesse um alinhamento das Diretrizes Distritais, com as Diretrizes Nacionais, possibilitando a atualização histórica, visando um processo de ensino e aprendizagem que possibilite a dialética de quem educa e de quem é 20 educado, esse processo acontece simultaneamente, o currículo serve como parâmetro na modalidade de educação básica. 3.5 Educação para a diversidade De acordo com SEEDF (2013c), desde que o Brasil foi colonizado por Portugal, no ano de 1.500, sua formação aconteceu sob o parâmetro do colonialismo, a escravidão iniciouse com os índios habitantes do país, posteriormente com negros trazidos da África. O período de escravidão durou cerca de quatrocentos anos, nessa época, a educação não era acessível aos escravos, as aspirações estavam relacionadas ao enriquecimento da parcela que explorava. O direito a educação passou a ser associado com condições socioeconômicas, pautados em uma realidade racista e discriminatória. A origem da palavra diversidade pode ser compreendida como a noção evidente da diversidade humana, biopsicossocial e ambiental existente na sociedade. A diversidade é representada por um conjunto de fatores multifacetado e complexo. Epistemologicamente, os conceitos de diversidade consistem na diferença, assimetria, desigualdade e heterogeneidade. A diversidade está relacionada a uma época, padrões, cultura, desigualdade socioeconômica e outros. Na história da escola pública perpassam a desigualdade e a exclusão social não é aleatória, e atinge grupos específicos, não somente os negros, mas outros grupos sociais como: mulheres, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis (LGBT), índios, camponeses sem terras, assim como pessoas com algum tipo de deficiências. A SEEDF (2013c) reestruturou o Currículo de Educação Básica, levando em consideração a diversidades, partindo da definição de diferença de gênero, intelectual, de raça/etnia, pertencimento, de orientação sexual, diferenças cognitivas, econômicas, ou seja, adaptação é vista como uma possibilidade da sobrevivência em espécie na sociedade. A escola é um espaço propício para tratar dessas questões, não impondo sua verdade, mas que permita que os estudantes: “[...] compreendam as implicações éticas e políticas de diferentes posições sobre o tema e construírem sua própria opinião nesse debate. [...] A idéia de que educação não é doutrinação talvez valha aqui mais do que em qualquer outro campo, pois estaremos lidando com valores sociais muito arraigados e fundamentais” (BRASIL, 2009, p. 14 apud SEEDF, 2013c, p. 42). 21 Para a SEEDF (2013c) educação para a diversidade necessita de algumas práticas específicas: entender que a exclusão social existe; refletir sobre a exclusão; repudiar ações preconceituosas; valorizar as diferenças que existem no ambiente escolar e pensar, criar, e executar estratégias que auxilie no trabalho com a diversidade. Quando se trata de diversidade é fundamental levar em consideração as diferenças, os profissionais na área da educação têm que ter um preparo, para conseguir auxiliares seus alunos nas relações entre si, tendo com base o respeito à diferença, para facilitar o processo de ensino-aprendizagem. 3.6 O Caderno Sete – Educação Especial A validação do Currículo em Movimento favorece a reflexão sobre aspecto que são enfrentados no dia-a-dia da escola, o caderno 7, é dividido em 3 capítulos: 1(Um) trata de questões sobre marcos legais da educação inclusiva, 2 (Dois)currículo da educação especial: possibilidades inclusiva, acesso ao currículo para estudantes com deficiência, acesso ao currículo para estudantes com TGD, acesso ao currículo para estudantes com altas habilidades/superdotação, currículo funcional e classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde – em busca do melhor atendimento ao estudante com deficiência e transtorno global de desenvolvimento e 3(Três) avaliação das aprendizagens, na perspectiva de inclusão. Ao tratar de forma minuciosa o caderno 7(Sete), na análise do Estudo de Casa, pois, será realizada uma comparação entre a proposta do caderno, com a prática escolar. 3.7 Metodologias e Ferramentas As metodologias de intervenção com pessoas autistas destacada no caderno 7 e algumas ferramentas pedagógicas que colaboram significativamente são: Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), Integração Social, método TEACCH, Método ABA (Análise Comportamental Aplicada), Instrumentos de Avaliação como o Portage e Sala de aula com rotina estruturada. 3.7.1 Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) 22 O surgimento da CAA aconteceu na década de 70 e tem como parâmetro uma visão social da deficiência em oposição ao modelo biomédico. Esta posição, que destaca a ação social, iniciou o desenvolvimento de pesquisas com o objetivo de suprir as demandas da comunicação para a integração social do indivíduo, não priorizando somente na preocupação oral. (BEZ, 2010 apud VERZONI, 2007) De acordo com Bez (2010), é um sistema de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) que surgiu para apoiar o aprimoramento mais autônomo das pessoas com déficits na comunicação. O CAA não é utilizado somente na intervenção de crianças com diagnóstico de autismos, mas também em pessoas que apresentam dificuldade na comunicação, a literatura relata casos de crianças com paralisia cerebral que o CAA foi utilizado. 3.7.2 Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficiências Relacionadas à Comunicação (TEACCH) De acordo com o Distrito Federal (2011), o Método TEACCH foi desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte (1966), nos Estados Unidos da América, Eric Schopler coordenou a pesquisa que originou o método TEACCH. Atualmente método passou a ser um programa Estadual para todas as escolas da localidade, é, também, utilizado em vários países do mundo como: Europa, no Japão, na Austrália e Israel. A sigla TEACCH significa Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficiências Relacionadas à Comunicação. 3.7.3 Programa Portage Para Oliveira (2011), o Programa Portage foi originado em comunidades rurais do Estado Wisconsin, nos Estados Unidos da América, é um sistema de ajuda à educação precoce, domiciliar e voltado para crianças com necessidades especiais. É um programa dirigido para as crianças desde o nascimento até 6 anos de idade. O Programa Portage de Educação precoce é composto pelos seguintes instrumentos: Lista de Registro de Comportamentos – que contêm 616 comportamentos divididos em seis áreas (estimulação do bebê, socialização, linguagem, autonomia, cognição e desenvolvimento motor), fichas de atividades, é uma ficha que fornece sugestões de pelo menos três atividades, para determinado 23 comportamento, folhas de registro de atividade – são folhas utilizadas de forma conjugada com a Lista de Registro de Comportamentos. Segundo com Capellari (2010), a sala de aula com rotina estruturada precisa ter o ambiente que passe informação clara sobre as demandas do aluno, possibilitando uma melhor mobilidade ao contexto escolar. A forma com que a sala é organizada pode potencializar processo de ensino-aprendizagem, como o aluno autista tem tendência a se apegar a detalhes, deve-se minimizar as distrações visuais e auditivas, favorecendo sua atenção para captar o conceito como um todo. 3.7.4 Análise Comportamental Aplicada (ABA) O método é embasado na teoria comportamental e tem mostrado grande valia nas intervenções com crianças autistas. A Análise Experimental do Comportamento é uma área da psicologia que se insere no campo das ciências naturais, não recorrendo a explicações que não existam nas dimensões espaciais e temporais (Matos &Tomanari, 2002). Assim comportamentos como respirar, digerir, suar, entre outros são processos naturais dos organismos dirigidos pelo ambiente (Matos &Tomanari, 2002). Os comportamentos são aprendidos por consequências, que ocorre através da interação do organismo com o ambiente, independente se o comportamento é operante ou respondente. De acordo com Moreira e Medeiros 2007,o comportamento respondente é aquele que ocorre quando há uma alteração no ambiente e a partir dai, elicia uma resposta no organismo. A criança com autismo muitas vezes apresenta estereotipia e fixação em objetos, o que pode dificultar a aquisição de novos comportamentos, perante um estímulo. O comportamento respondente é o comportamento efetuado pelo organismo em resposta a um estímulo. O processo de condicionamento respondente é uma forma simples de aprendizagem. É um dos processos adotados pelos behavioristas na explicação da formação dos comportamentos. Nesse tipo de condicionamento o processo é organizado de forma a ocorrer: um estímulo neutro; um estímulo incondicionado, ou seja, um estímulo que em circunstâncias normais provocaria uma resposta específica; a resposta específica. A repetição constante do processo condiciona o estímulo neutro, isto é, faz com que o estímulo neutro passe a ser um estímulo condicionado, o que provoca resposta semelhante àquela que o estímulo incondicionado já provocava. (LONGE, 1997, p. ?). 24 Baseado nas pesquisas iniciadas no começo da década de 70, em 1987, Ivar Lovaas publicou um primeiro estudo realizado na Califómia, Estados Unidos, no qual apresentou resultados validando o uso de princípios comportamentais no ensino de crianças diagnosticadas com autismo: 19 crianças que receberam tratamento intensivo baseado na Análise Comportamental Aplicada (ABA) 478% (9 alunos) foram completamente reintegrados na escola regular. Muita controvérsia seguiu esta publicação, mas ao mesmo tempo um número crescente de escolas especializadas em ABA foram criadas. As escolas especializadas que surgiram desde esta época ainda oferecem a ensino com qualidade e estão constantemente tornando público os resultados. (DISTRITO FEDERAL, p. 71, 2011) A rotina estruturada para José pode ser descrita conforme tabela abaixo: Horários Atividades Desenvolvidas Diariamente 07:30 Acolhida. Entrada para sala de aula 08:00 às 08:40 Atividade Pedagógica (vivência em outras salas, tarefas como pinturas, colagem, recorte e outras); 08:50 Higiene pessoal -Lavar as mãos. 09:00 Lanche 09:40 Parque 10:00 às 11:50 Atividade Pedagógica; (Vídeos, filmes, tarefas como pinturas, colagem, recorte e outras); 12:00 Organizar material para ir embora; 12:30 Saída “O autista não se adapta ao mundo externo, é preciso que na escola ele tenha uma rotina estruturada, que faz com que ele situe-se no espaço e tempo. O professor também deve fazer parte dessa rotina, compreendendo que a mesma não é uma restrição a sua criatividade.” (PEREIRAet al., 2013a, p. 75 ) 4 PARTICIPANTES O aluno José de 4 anos; A professora regente; Os pais de José; A psicóloga atual. 25 5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ENTREVISTAS E OBSERVAÇÃO Um dos instrumentos utilizados, foi a entrevista semi-estruturada, com a professora, e responsáveis legais. Cada roteiro foi elaborado, com objetivo de investigar o histórico escolar, relacionamento com a criança, interação social e outro. A entrevista com a professora realizada individualmente, posteriormente foi feita uma entrevista com os pais, ambas as entrevistas foram gravadas e transcritas. “As entrevistas semi-estruturada são assim denominadas porque o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que tipo de informação é necessária atingi-los, de como essa informação deve ser obtida”. (CUNHA, p.49. 2000). Outro instrumento de analise foi a observação, de acordo com Motta (2007), os métodos de observação indireta são privilegiados, baseados no recolhimento e sistematização de dados, abandonar toda forma de especulação e imaginação sobre a realidade. Apreciar a análise científica desprovida de tradições, juízos e baseadas no senso comum. 6 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DAS ENTREVISTAS E DA OBSERVAÇÃO Para a análise da entrevista foi utilizada a análise do conteúdo para a interpretação dos dados, essa análise consiste na leitura detalhada de todo o material, na identificação de palavras e conjuntos de palavras que tenham sentido para a pesquisa, assim como na classificação em categorias ou temas que tenham semelhança quanto ao critério sintático ou semântico (OLIVEIRA et al, 2003 apud BELEI, R. A., GIMENIZ; 2008, p. 190). Após a transcrição das entrevistas, foi realizada uma leitura minuciosa da mesma, com o propósito de entender processos psicológicos de desenvolvimento do olhar das pessoas que interagem com a criança com autismo. A observação da interação da criança foi fundamental para a compreensão do mundo particular da criança com diagnóstico de autismo. Observar é um processo e possui partes para seu desenrolar: o objeto observado, o sujeito, as condições, os meios e o sistema de conhecimentos, a partir dos quais se formula o objetivo da observação (BARTON; ASCIONE, 1984 apud BELEI, R. A., GIMENIZ; 2008, p. 188). Uma observação controlada e sistemática se torna um instrumento fidedigno de investigação científica. Ela se concretiza com um planejamento correto do trabalho e 26 preparação prévia do pesquisador/observador (LÜDKE, 1986 apud BELEI, R. A., GIMENIZ; 2008, p. 191). A análise da observação do contexto escolar contribui juntamente com os outros instrumentos, para melhor compreensão da prática pedagógica e do processo de ensinoaprendizagem no ensino especial. 7 OUTROS PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Foi buscado através do material abaixo explicitado compreender a singularidade dessa criança e do modelo de intervenção educacional oferecido a ela, tomando com a análise dos seguintes documentos: Currículo em Movimento do GDF 2014 – contextualização histórica da inclusão e, especificamente, as orientações sobre ensino especial e metodologias para atendimento de crianças TGDs; Diário de Bordo; Dossiê de atendimento da criança TGD; 8 CONHECENDO O CASO 8.1 Descrição da História do Sujeito José tem quatro anos de idade, cor branca, cabelos lisos e castanhos claros, de corpo franzino e olhos pretos e arredondados, gosta muito de cantarolar e dançar quando assisti aos seus vídeos preferidos em DVD ou no seu tablet de uso pessoal. José é sempre pego cantarolando expressando sons suaves de melodias que são do nosso repertório cotidiano e de conhecimentos de outros e dentre suas preferidas, percebe-se que algumas são gospel e outras são temas de roteiros de musicais como a Galinha Pintadinha e PeppaPig sua porquinha predileta. Conforme informação dos pais, José é filho único, nasceu em Julho de2009, de gravidez e parto cesariana e sem intercorrências no estado de São Paulo nas quarenta semanas gestacional. Segundo a mãe, José era um bebê que apresentou comportamento normal nos primeiros meses de vida, com boa sucção, mamando no seio até 2011. Era uma criança firme 27 e sentou aos 07 meses e posteriormente passou a apresentar pequeno atraso, engatinhando tardiamente. De acordo com a mãe, o diagnóstico ocorreu por volta dos 2 anos de idade, os pais se queixaram da dificuldade médica em estabelecer um diagnóstico. Condição também evidenciada nas leituras realizadas para este trabalho no que se refere ao diagnóstico precoce. Depois da insistência de ambos a procura de atendimento efetivo para o desenvolvimento da criança, foi possível mantê-lo em atendimento em alguns programas do governo do Estado de São Paulo, até o final de 2013: Programa de Estimulação Global e o Centro de Atletas Paraolímpicos (CETEF), bem como sessões de fisioterapia estimulativa e fisioterapia ocupacional. Em 2014 a mãe e a criança mudaram para Brasília, para buscar mais recursos para o desenvolvimento do mesmo, o pai precisou ficar em São Paulo, por causa do seu trabalho e somente o vê a cada seis meses quando ele vem visitá-los e matar a saudades. Quanto ao nascimento e a saúde de José, relatou que a suspeita do quadro de autismo só ocorreu por volta de um ano e meio, quando apareceram os comportamentos estereotipados, não mantinha contato visual, não andava e começou apresentar enorme comprometimento sensorial. E quando procurou ajuda nos hospitais de São Paulo, os médicos pediam para aguardar e dar tempo ao tempo, porque não conseguiam dar um diagnóstico correto. No entanto, depois de idas e vindas aos profissionais da saúde Neuropediatra e Neuropsicóloga, foi então fechado o diagnóstico que relata que José“(...) apresenta antecedentes de atraso global do DNPM, com predomínio nas aquisições da fala, associado ao surgimento de movimentos estereotipados de mãos, com provável espectro de autismo”. A referida criança realizou avaliação neuropsicológica em maio de 2011e logo iniciou o atendimento um Programa de Estimulação Global, o que na ocasião, apresentou ganhos motores significativos e iniciando emissão de palavras e frases com dislalias, porém, mantendo os movimentos estereotipados de mãos, principalmente frente a situações de ansiedade e estresse. E quando perguntado da oralidade do mesmo, a mãe informou que em casa José pronuncia alguns vocábulos: ahh, hum, hemm, êhh, rumm, nãã (não), mamãe (mamãe)e através de um relógio com números em tamanho grande, ele consegue com a ajuda do pai contar os números e por que também se lembra da rotina que tinha quando fazia atendimento no Centro de Treinamento de Atletas Paraolímpicos onde era estimulado a contar quando subia e descia escada para fortalecer a marcha. 28 Segundo a mãe, o referido aluno não gosta de doces e nem de suco, mas gosta muito de pão francês e água e até que consegue introduzir em sua alimentação alguns legumes, mas sempre em pequenas porções, José sempre separa os seus alimentos preferidos como biscoitos e guarda no armário, quando faz compras. Relatou de que José sofre muito com a ausência do pai que precisou ficar em São Paulo por causa do trabalho, mas que vem ficar com eles a cada seis meses e quando isso acontece, a criança quebra toda a rotina por que sente muito a falta do mesmo que é muito presente apesar da distância atualmente. A mãe informou que mora na casa do pai e que o espaço é inadequado para o seu desenvolvimento e que às vezes ele fica irritado e acredita ser por falta de mais espaço para que possa brincar e trabalhar algumas atividades com ele. 8.2 Matrícula No ano letivo de 2013, a criança ainda era oriunda do lar, e foi matriculada pela mãe através do Centro de Ensino Especial – Programa de Educação Precoce recurso que possibilita acesso a diversos serviços do GDF sem precisar sair de casa, no número156. Durante a matricula a mãe informou que a criança havia sido diagnosticada com autismo em outro estado, em função dessa informação, José passou por uma triagem com os profissionais da rede (psicólogos e pedagogos), que são convocados para avaliação de alunos com suspeitas de serem Alunos com Necessidades Especiais Educacionais (ANEE’s). Mesmo morando em São Paulo, um parente próximo que reside em Brasília, pleiteava uma vaga na estimulação precoce, no Centro de Ensino Especial de Ceilândia, sendo assim, somente em meados de Outubro de 2011, surgiu uma oportunidade de matriculá-la no Centro, dessa forma, a família aproveitou a oportunidade tão esperada e para Brasília. Uma vez matriculada na estimulação precoce, a criança permaneceu na instituição até o final de 2013. A mesma, viabilizou através da Estratégia de Matricula de 2013, a abertura da Classe Especial – TGD, próxima a residência de José, ou seja, já havia previsão de vaga para a criança. 8.3 Classe Especial TGD: José1 iniciou o ano de 2014 matriculado numa classe especial TGD, numa Escola Classe da Cidade de Ceilândia do Distrito Federal. A implementação dessa Classe, na referida escola, ocorreu no primeiro semestre de 2014, em meados de março. Importante relatar que a criança veio oriunda de outra escola classe, da qual não se adaptou, segundo relatos da mãe: 11 D.* será preservada a identidade da criança por isso trataremos com o nome fictício de JOSÉ. 29 “José demonstrava aversão à escola, pois logo que avistava o muro da mesma já iniciava um choro e em seguida começava a gritar e puxá-la na direção contrária à instituição e quando eu persistia em conduzi-lo, ele se debatia e se segurava nos umbrais do portão principal, evitando adentrar dentro do contexto escolar.” Sic. A classe de TGD é caracterizada por prestar atendimento educacional especializado a alunos diagnosticados com TGD, constituída por dois alunos, do sexo masculino e com idades diferenciadas (4 e 6 anos). A professora regente é capacitada pelo curso de Atendimento ao Aluno com Transtorno Global do Desenvolvimento – TGD,sendo essa é a primeira atuação da docente com Classe Especial, incluindo de TGD. De acordo com o Distrito Federal (2014), a estratégia de matrícula é fundamental para a constituição das Classes, nas diversas Etapas e Modalidades de Ensino, com o objetivo de adequar o atendimento as necessidades dos estudantes e das Unidades Escolares. A Estratégia de Matrícula compreende as peculiaridades das Classes Especiais, que é composta exclusivamente por estudantes com Deficiência Intelectual (DI), Deficiência Múltipla (DMU), Deficiência Visual (DV) ou Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), com modulação específica. No caso dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), deverá ser respeitado o quantitativo de um a dois estudantes por turma, observando a modalidade de atendimento. A Estratégia de Matrícula utiliza como instrumento de levantamento de dados a ficha de captação de estudantes com deficiência, TGD e Transtorno Funcional, essa ficha é importante, pois coleta dados de alunos que foram avaliados/diagnosticados no decorrer do ano letivo. Realizado esse levantamento a Estratégia de Matricula irá definir a quantidade de turmas de acordo com a demanda encaminhada e o tipo de atendimento necessário, sendo essas turmas: Centro de Ensino Especial (substituirão as Unidades Escolares da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal ofertando o atendimento educacional especializado aos estudantes que necessitam do Currículo Funcional); Classe Especial (Classe constituída exclusivamente por estudantes com Deficiência Intelectual (DI), Deficiência Múltipla (DMU), Deficiência Visual (DV) ou Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), com modulação específica); Unidade Especial/DA (Classe constituída por estudantes Surdos/DA e/ou Surdocegos cuja Língua Brasileira de Sinais é a língua de instrução); 30 Integração Inversa (Classe constituída por estudantes com Deficiências e/ou Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD)); Classe de Educação Bilíngue (Classe constituída por estudantes ouvintes e estudantes Surdos e/ou Surdocegos, com modulação diferenciada); Educação Precoce (O atendimento na Educação Precoce será realizado preferencialmente nos Centros de Ensino Especial (CEE's), considerando-se a infra-estrutura e os recursos materiais. Com idade inferior a seis meses poderão ser atendidos nas áreas de Atividades e Educação Física, mediante liberação médica e indicação do coordenador do referido Programa). Isso ocorre uma vez ao ano, no período da Estratégia de matrícula, no segundo semestre do ano letivo. Enquanto o aluno está matriculado nessa classe, o mesmo deverá participar de atividades conjuntas com os outros alunos das classes regulares, essas atividades devem estar previstas na adequação curricular. Sua reavaliação ocorrerá no decorrer do ano, de acordo com a demanda e conta com a participação dos docentes regente e dos serviços de apoio (EEAA, SOE e AEE), sendo analisada a sua permanência na classe citada. A abertura de Classe Especial para estudantes com Deficiência Intelectual (DI), com Deficiência Múltipla (DMU) e com Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) somente será permitida, em casos excepcionais, com a devida autorização da SUBEB/COEDIN. Nessas classes, deverá ser desenvolvido o currículo funcional ou adaptado de acordo com a especificidade de cada estudante com modulação prevista na Estratégia de Matrícula. (DISTRITO FEDERAL, 2014, p. 41) 8.4 Da sala de aula O espaço físico da sala de aula é pequeno com pequena janela no teto e uma porta. Os recursos disponíveis na sala de aula: Suporte de gaiola com uma televisão, Um armário de duas portas, A mesinha de quatro cadeiras da educação infantil A mesa da professora de frente da porta. Tapete emborrachado colorido Alfabeto em alto relevo e fácil de ser removido (vazado). Materiais pedagógicos como: blocos lógicos, blocos de montar, jogo da memória dos animais, quebra cabeça, dominó de animais, livros de historinha, papeis coloridos, tesoura, fantoches, figuras geométricas, tinta guache, giz de cera, cola colorida, lápis, lápis de cor, papel A4 e outros. 31 Existe uma Rotina Estruturada: criação de portfólio, atividades estruturadas (estabelecida previamente), lavar as mãos, lanche, brincadeira e atividade não estruturada;Esta rotina é o que a metodologia ABA orienta ao trabalhar com a criança TGD, para melhor organizá-la faz-se necessário observação do comportamento da criança e definição de uma rotina organizada. Vivência nas turmas de primeiro período A (4 anos); Outros recursos como: tablet, celular e recursos audiovisuais. 8.5 Adequação Curricular e Temporalidade Ao José é garantido a adaptação curricular e o modelo interventivo por isso não há seriação e os conteúdos escolares das crianças são trabalhados de acordo com o que é proposto pelo Acompanhamento Educacional e Especializado- AEE da escola (sala de recurso). Apesar do Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008 no documento “ Marcos Político-Legais da Educação Especial – 2010, na Perspectiva da Educação Especial (registrado em 30/08/2014), assegura que as crianças de classe TGD também deverão ser assistida pela AEE (Sala de Recurso), a criança não usufruí do suporte da Classe conforme o Decreto prevê. Os documentos normativos que regem a Educação Especial no Brasil, garantem ao aluno TGD o direito ao Atendimento Educacional Especializado pela sala de recurso. Porém, neste caso em particular a sala de recurso da escola em questão não prestava auxilio e nem apoio às demandas da criança e da professora. Ao José é garantido aulas de segunda à sexta no período das 07h30min às 12h30min, no entanto, no período de adaptação da criança, foi acordado com os pais que o mesmo entraria meia hora após o horário previsto no regimento interno das escolas para cumprimento da carga horária exigida pela SEE/GDF, prevista também na Estratégia de Matricula. Foi acordado primeiro com a Regional de Ensino sob solicitação dos responsáveis, a possibilidade em reduzir o horário de maneira provisória, somente no período de acolhimento da criança que já veio comum histórico de inadequação com escola anterior e por que estudante estava se adaptando a nova medicação e não estava conseguindo dormir à noite e nem se alimentava também. Quando conseguia ficar na escola, não permanecia por mais de três horas em sala e logo começava a gritar e correr pelo ambiente escolar e às vezes, por volta das 10:30 da manhã se deitava no tapete emborrachado demonstrando enorme sonolência sem apresentar nenhuma reação. A iniciativa de diminuição do tempo de aula está prevista na Lei 4.317 de 2009 no Art. 37. IV - Adequação curricular, quando necessária, em 32 relação a conteúdos, métodos, técnicas, organização, recursos educativos, temporalidade e processos de avaliação. 8.6 Relato das Intervenções Em abril de 2014 foi construído um cronograma de trabalho interventivo que se caracterizou como: CRONOGRAMA DOS ENCONTROS DURANTE A PESQUISA INTERVENÇÕES REALIZADAS NÚMERO DE ENCONTROS Coordenações com a Professora: As sessões foram realizadas com o 18 Encontros objetivo de definir e estabelecer metas que foram aplicadas no decorrer da pesquisa; Obs. Algumas orientações eram dadas à professora regente, quando a pesquisadora fazia intervenções na sala de aula. Encontros com os responsáveis: O objetivo desses encontros era de colher 09 Encontros. dados para análise posterior. Os encontros com a criança: foram realizados diariamente com o objetivo 22 Encontros. de estabelecer o vínculo, e colher dados para serem analisados. Porém, as intervenções estão agendadas para segunda e terça, mas quando necessário as intervenções são realizadas; Obs. Do dia 14 a 18 de Julho o aluno faltou. Visita a Atual Psicóloga do José: Essa visita teve o objetivo de levantar 01 Encontro. informações sobre a criança e para analisar posteriormente. Visita à Escola de Origem da Criança: foi com o intuito de trocar experiência 01 Encontro. em relação a classe especial TGD e levantar informações sobre a rotina de José nessa instituição. A Pesquisa não tinha como objetivo a realização de intervenções, porém, como a pesquisadora é psicopedagoga da instituição de ensino, foi complicado manter um distanciamento da pesquisa, a escola não tinha em seu quadro de servidores, uma pessoa para auxiliar a professora regente no manejo da turma, dessa forma foi atribuída essa função a psicopedagoga/pesquisadora, pela diretora da escola. Posteriormente foi elaborado um Plano de intervenção com a criança que previa algumas ações pedagógicas, que serão descritas no quadro abaixo: Objetivo INTERVENÇÕES E OBJETIVOS Descrição do comportamento da Recortes da entrevista com a criança e pesquisadora professora O primeiro contato que tive com a criança, foi no primeiro dia de aula, no mês de março, quando José saia de sala, quando a porta foi aberta, ele olhou para mim e sorriu no mesmo dia demonstrou vínculo comigo, pois, aceitou que eu o pegasse no colo, recostou a cabeça no Quando a criança entrou na classe especial TGD, a acolhida já havia sido realizada pela professora com o outro aluno da turma. A mãe não havia informado que levaria a criança naquele dia, mas como a José estava matriculado já sabia 33 meu ombro, sorriu, manteve contato físico e sentou no meu colo. Nesse momento comecei cantar para ele, a música do David Quinlan - (Filho de Davi), a criança começou a emitir sons acompanhando a música. Mantive o contato visual em todo o momento, tratei com carinho em busca de estabelecer o vínculo. que a criança chegaria a qualquer momento, dessa forma foi ofertado a ele a atividade preparada para o outro aluno (assistir vídeo). No primeiro Acolhida – Promover um contato com a mãe, a docente foi acolhimento prazeroso e muito cordial, tentando passar agradável, apresentando a segurança, então a genitora se escola como um ambiente despediu, e deixou o menino com seguro e acolhedor. a professora, o garoto demonstrou insegurança, medo, a docente tentou manter contato visual com a criança, no entanto o garoto continuou com medo, chorando muito, a professora fechou a porta na tentativa de conte-lo, e quando a mesma foi aberta José que fugiu da sala. A professora regente solicitou auxilio para acolher a criança. “[...]Contribui e tive muita contribuição, através dessa pesquisa, da escolha do método pela pesquisadora, eu aprendi muita coisa. E a gente ver que realmente na prática é bem, bem diferente.”(Professora) Reflexão crítica - Uma das características das crianças com autismo é a dificuldade em estabelecer contato visual e aceitar contato com físico, apesar de ser nosso primeiro encontro, José conseguiu manter contato físico e afetivo. O caderno 7 do currículo em movimento (2013),fala sobre a importância da vinculação com a criança, diz que o é necessário priorizar formas de vínculo pessoal que favoreçam suas ações pedagógicas, o vínculo é o elemento que impulsiona a aprendizagem e abrange todas as dimensões de desenvolvimento humano. Isso demonstra a dificuldade no trabalho com o TGD, visto que cada um responde de uma determinada maneira.“A qualidade do acolhimento garante o êxito da adaptação. E, para que isso ocorra, fundamental se faz empreender esforços no sentido de compreender que o processo de adaptação exigirá tanto da criança que busca adequar-se a essa nova realidade social e de seus pais, quanto do educador e da instituição que precisa preparar-se para recebê-la. Em suma, o estabelecimento de vínculos positivos depende fundamentalmente da forma como a criança e sua família são acolhidas na escola.”(Distrito Federal, currículo em movimento da educação infantil, p. 51) Objetivo Descrição do comportamento da criança e pesquisadora Descrição do comportamento criança e professora da Porta aberta:ministrar Estava em sala, mas com a porta Diante do comportamento de aula sem a necessidade fechada. Ao me adentrar a sala, o aluno choro e recusa em permanecer aproveitou a oportunidade e saiu na sala, a professora preferiu de fechar a porta correndo em direção ao jardim, e ficou fechar a porta. correndo no espaço em frente a sala da equipe de atendimento, com movimentos estereotipados, emitindo gritos e choro. Não forcei o menino a voltar para a sala, foi empática e fiquei ao seu lado, tentando me aproximar, cheguei mais 34 perto, tentei segurar sua mão, ele deixou, posteriormente ele soltou minha mão, após uns 20 minutos, como ele demonstrou que estava mais calmo, me aproximei e expliquei que o pegaria no colo e levaria para a sala. Já na sala de aula, o aluno tentou resistir ao ambiente novamente me posicionei na porta e de joelhos com o intuito de conter e adaptar o mesmo em sala e com a porta aberta (reforçando a rotina), a criança recostou no meu ombro e logo comecei a cantar, na mesma hora, José cantarolou música, então solicitei que a professora colocasse uma cadeira para me sentar e quando sentei José imediatamente sentou no meu colo. Reflexão crítica– Devido a inexperiência da professora em estratégias de contenção da criança e o espaço físico ser pequeno e fechado, pode ter estressado ainda mais a criança nesse primeiro momento na escola. Sua inabilidade em reconhecer a fuga como uma característica própria do sujeito diante de uma nova rotina, fez com que a não soubesse conduzir a situação. De acordo com Klin (2006), é recorrente que as crianças com autismo possuem dificuldade em tolerar alterações e variações na rotina. Dessa maneira ao fechar a porta, a docente agravou ainda mais o comportamento de José (chorar e fugir), pois ele estava em um ambiente novo, não estava perto da mãe, naquele momento a professora poderia ter previsto que o menino iria demonstrar resistência em permanecer na sala, poderia ter solicitado que a mãe ficasse na sala por alguns minutos, de acordo com que ele fosse se adaptando se retirasse da sala, mas que continuasse na escola, cogitando a possibilidade de uma adequação curricular de temporalidade. O caderno 7 do Currículo em Movimento fala sobre as característica necessárias para o professor, diz que é imprescindível um olhar atento, observador e ter criatividade na estratégias respeitando as limitações do aluno, entendendo o processo educativo como flexível e dinâmico. Desse modo, a professora teve dificuldade nesse primeiro contanto, caso ela compreendesse as necessidades do aluno e sua especificidade, a fuga não teria ocorrido. Objetivo Descrição do comportamento da criança e pesquisadora Sentar - Foram realizadas A primeira intervenção foi realizada duas semanas de intervenções com o objetivo que José ficasse sentado para realizar as atividades propostas pela professora. quando José estava na instituição há um mês, solicitei que a criança ficasse na cadeira, segurei suavemente seus ombros, e quando ele permanecia sentado reforçava positivamente com carinho e aplausos, quando ele permanecia mais tempo, reforçava com o tabler. Outra estratégia utilizada foi posicionar a cadeira de José em um canto da sala, colocava a mesa na frente para que ele não conseguisse sair quando quisesse, de acordo com que José não tentava sair, recebias reforço positivo: elogios, ouvir música no celular e aplausos. No começo José ficava somente algum segundo sentado, como o tempo foi Recortes da entrevista com a professora “Mais ai depois o aluno conseguiu ficar no ambiente da sala, já com o tempo conseguimos que ele sentasse que era uma coisa bem difícil, tudo que ele ia fazer com ele era em pé, do jeitinho dela, na hora dele, mais ele conseguiu ter uma rotina, já conseguia sentar pra fazer algum tipo de atividade.”(Professora) 35 condicionado e no final da pesquisa permanecia sentado para finalizar as tarefas. Reflexão crítica– O sentar é fundamental no contexto escolar, foi treinado comportamento de sentar para que outros pudessem ser adquiridos. “A perspectiva funcional deverá privilegiar o desenvolvimento de competências essenciais numa diversidade de contextos vivenciados pelo estudante, de modo que ele possa ser mais autônomo e integrado corresponder a demandas cotidianas quanto a aspectos pessoais e laborais, em uma perspectiva temporal atual e futura.” (DISTRITO FEDERAL,2013a, p . 38, 39) Objetivo Descrição do comportamento da criança e pesquisadora Recortes da entrevista com a professora [...] Hoje, quando toca o sinal para voltar, ele não dá mais trabalho pra voltar, ele volta. Antes ele tinha uma recusa muito grande pra votar, hoje ele já volta. E depois do parquinho, do recreio, ele aceita um lanche, antes também nós tínhamos um problema, principalmente nesse período de adaptação, ele não conseguia ficar na sala, ele sempre quis sair, chorava muito, ficava muito nervoso., precisei muito da intervenção da pesquisadora. E hoje a gente deixa a porta aberta porque ele fica até mais calmo, não tem a necessidade de fechar a porta e ele fica sentado inclusive, que foi muito difícil essa adaptação pra ele sentar na mesa pra fazer uma atividade e hoje ele faz, com a porta aberta o dia inteiro.”(Professora) Reflexão crítica -Quando José foi inserido na classe especial TGD, foi elaborada uma rotina para que a criança conseguisse se adaptar a escola, com esse objetivo foi realizada coordenação entre a pesquisadora e pedagoga para planejar quais atividades seriam realizadas semanalmente. A importância da rotina não é somente estabelecida para alunos especiais, mas também para aluno regular. O Caderno 01(Educação Infantil) do Currículo em movimento, compreende que“ao planejar a rotina de sua sala de aula, o professor deve considerar os elementos: materiais, espaço e tempo, bem como os sujeitos que estarão envolvidos nas atividades, pois esta deve adequar-se à realidade das crianças. No caso do José, foram utilizados os brinquedos de sua preferência em favor do processo de ensino-aprendizagem, possibilitando a evolução. Adaptação a Rotina José perdeu o medo dos brinquedos; já consegue lanchar sozinho e sentado à mesa, interage com a outra criança autista e permite aproximação do outro, no entanto, ainda não compartilha os seus brinquedos com o colega o que faz virando as costas para que o mesmo não pegue o seu tablet ou algum objeto que esteja na mão. Ultimamente. José tem tentado conversar com o colega e tenta emitir alguns vocábulos num tentativa de diálogo. Quase sempre mesmo quando está jogando no tablet ou vendo seus vídeos, José cantarola através de sons com a boca (hum, hum, hum). Interesse do aluno: tablet: Jogos (da memória e com labirintos)e vídeos (galinha pintadinha, Ana Paula Valadão e outros), lego, blocos lógicos e pinceis com tinta guache. 36 9 OBSERVAÇÕES A observação da interação da criança é fundamental para a compreensão do mundo particular da criança com diagnóstico de autismo. Uma observação controlada e sistemática se torna um instrumento fidedigno de investigação científica. Ela se concretiza com um planejamento correto do trabalho e preparação prévia do pesquisador/observador.A analise da observação do contexto escolar, irá contribuir juntamente com os outros instrumentos, para melhor compreensão da prática pedagógica e do processo de ensino-aprendizagem no ensino especial. Foram feitas 24 observações da criança em interação com a professora até o dia 26/08/2014, cada observação foi seguida de intervenções tanto para mediar à atuação da professora regente quanto às atividades desenvolvidas nas áreas de coordenação motora ampla e fina, discriminação de sons, sociabilidade em atividades grupais junto a outras criança se de linguagem. Foi observado que José utiliza outros recursos para se comunicar com a família e com a escola. A professora faz uso de uma Comunicação Aumentativa Alternativa – CAA,mesmo que ainda ele não tenha a oralidade desenvolvida. Embora a docente desconheça a metodologia, fica perceptível que ela faz o uso intuitivo dos recursos, para maximizar a comunicação, através do uso de recursos que prevê a metodologia. No primeiro contato com a Instituição de Ensino, a criança chorou bastante, ficou diante da porta, tentando abri-la, a professora utilizou recursos audiovisuais como os vídeos da Galinha Pintadinha e PeppaPig, na tentativa que o aluno permanecesse na sala, mas os recursos utilizados pela professora não tiveram muito efeito, então a docente se utilizou da estratégia de trancar a porta para que a criança não fugisse do ambiente de sala de aula. Forma de Comunicação que José utiliza: Materiais utilizados pela professora: Choro; Tablet; Gestos; Jogos; Risos; Músicas; Ruídos; DVDs 37 Dança Celular; Não foi observado durante os 5 meses, estratégias de comunicação estritamente na metodologia TEACCH, programa Portage e do método ABA. Como foi citado no item anterior, a professora utiliza-se daqueles recursos para se comunicar com a criança, mais sem uma metodologia orientadora, como se experimentasse alternativas de comunicação, numa tentativa de ensaio e erro. 38 10 DIÁRIO DE BORDO Apesar do cotidiano da escola às vezes ser bem movimentado, a rotina de José dentro do contexto escolar ocorre de acordo com o que é esperado de uma criança autista, em que há ocasião em que se predispõe a realizar as tarefas propostas e em outras situações se torna mais difícil de ser executada toda e qualquer atividade com o mesmo. Tudo é muito moroso e requer além de habilidades para trabalhar com classe TGD, muito disposição e paciente para aguardar o momento em que a criança se dispõe para interagir mesmo que seja por curtos períodos de atuação. José sempre vem à escola com exceção nos dias em que precisa ir ao médico ou quando está doente, normalmente, vem na companhia da mãe com quem passa a maior parte do tempo. A cada dia que José vem à escola uma nova descoberta acontece, tudo é muito intenso e ao mesmo tempo parece que não vai ocorrer nada de novo naquele dia, mas sempre ficamos na expectativa de que algo vai mudar até mesmo para quebrar a rotina estruturada (flexível). No início, como veio de outra instituição que segundo a mãe, não conseguiu estabelecer vínculo e ter uma rotina estruturada devido à ausência recorrente da professora regente na ocasião, pensamos de como seria difícil começar do zero, pois para a criança, era como se fosse a primeira vez que estava indo a escola. Mas, tudo foi se moldando a cada dia e José foi se adaptando a cada dia ao contexto escolar e hoje já consegue desenvolver atividades que não eram inerentes ao seu cotidiano como lavar as mãos, ir ao parquinho, sentar em rodinhas para ouvir histórias contadas e até mesmo interagir com demais crianças da turminha da educação infantil de quatro anos para assistir vídeos ou participar de datas comemorativas, claro que sempre no tempo dele e do jeito dele sem grandes períodos executando as mesmas funções. Sempre que José chega à escola, ele sinaliza com alguns gestos e sons do que deseja fazer, no entanto, aplicamos as regras da rotina que foi criada para ambos, tanto pra ele como para outra criança de seis anos que já é bem mais evoluída do que José, tanto na linguagem quanto nas atividades que envolvem a aquisição da alfabetização. José tenta quase sempre driblar as regras quando solicitamos sua atenção para determinada atividade ele tentar levar a nossa mão para colocar um vídeo ou ir até a porta do armário para pegar o tablet que guardamos logo que chega à sala. Então negociamos em poucas palavras de que deve realizar primeira a atividade proposta e que o vídeo será em 39 outro momento, José demonstra, mas com certa resistência, entender o comando de voz e sinais para a efetivação da tarefa em questão. Como à hora do parquinho da educação infantil não é acionado o sinal da escola, José percebe que está na hora de ir ao parquinho através do movimento das crianças descendo a rampa e nesse momento, o mesmo se dirige à porta da sala e permanece lá até a professora levá-lo até ao pátio e acompanhar a turminha dos coleguinhas da educação infantil. Às vezes, logo no início da aula ele não consegue atender a alguns comandos que já fazem parte de sua rotina, e para que isso ocorra o levo primeiro ao pátio nas mesinhas de totó e ficamos lá por alguns minutos até perder o interesse por aquela atividade, em seguida faz um movimento puxando o meu braço para conduzi-lo à sala de aula novamente. E somente dessa forma, foi introduzida a rotina das atividades estruturadas para aquele dia. Quanto às atividades estruturadas para cada dia, foram trabalhadas com aquelas que possibilitaram a sua mobilidade e autonomia para desenvolvê-las embora seja uma das inabilidades do autismo a autonomia para solucionar toda e qualquer situação problema. 40 11 RESULTADO/ANÁLISE DOCUMENTAL Alguns teóricos defendem que quanto mais cedo for realizado o diagnóstico melhor, no caso de José, os pais começaram a perceber os primeiros sinais conforme a fala baixo: “Ele tava com um aninho, então assim, a nossa vida era tranquila, mas era só a nossa família, só nós. Então, eu achava muito que era por isso, por José ter só a mãe e o pai o tempo todo. Ai ta, então com um ano e meio eu comecei a perceber algo errado no desenvolvimento, ele ainda não andava, não falava, então a gente começou nossa correria com médico.”(Mãe). Durante a entrevista, ficou evidente que os pais têm uma capacidade de resiliência, diante do diagnóstico do filho, foram em busca de melhor qualidade de vida para a criança e em busca de uma educação adequada. O Diagnóstico foi realizado em São Paulo, os genitores foram em busca de um atendimento especifico e direcionado para o desenvolvimento de José, encontraram dificuldades pela frente, Escolas que não tinham experiência em autismos, quando encontravam profissionais qualificados esses cobravam valores que os pais não tinha condições financeira para arcar.“Vimos algumas particulares, algumas que não sabia nem o que era autismo, mas estavam de portas a receber o José, mas a gente não, eu não queria que o meu filho ficasse num cantinho, eu queria uma certa experiência pra que pudesse estimular esse tempo na escola, e as escolas de São Paulo que eu achei especiais, muito caras, a mensalidade por mês era uns dois mil reais.”(Mãe) Os pais não desistiram em meio às dificuldades, continuaram em busca de atendimento, mobilizaram parentes em outro estado, quando surgiu a oportunidade tão esperada da estimulação precoce, não hesitaram e vieram para Brasília, sendo que o pai continua com o emprego em São Paulo e vem a Brasília quando possível.“Lá em São Paulo não tem esse programa “Precoce”, então ai nós descobrimos que aqui em Brasília é pioneira da educação especial e minha cunhada, foi atrás e conseguiu uma vaga.[...]São Paulo o custo é muito alto, lá tem ótimos profissionais, mas o custo é muito alto.”(Pai) Os pais de José não conheciam o currículo em movimento e não sabiam que ele prever que “a educação especial tem como público alvo estudantes com deficiências intelectuais/mentais, sensoriais (auditiva, visual, surdocegueira), deficiências múltiplas e físicas, transtornos globais de desenvolvimento (autismo, autismo atípico, transtorno derett, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de asperger) e estudante com altas habilidades/superdotação”. Dessa 41 maneira o currículo em movimento assegura inclusão e acessibilidade a uma escola que atenda as especificidades da criança. O currículo em movimento lista uma série de instrumentos pedagógicos para auxiliar no desenvolvimento da criança autista e são elas: Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA); Integração Social, Método TEACCH; Método ABA; Instrumentos de Avaliação, como Portage; e a Sala de Aula com Rotina Estruturada. A professora de José relata durante a entrevista que desconhece todos os métodos, porém o método ABA, foi apresentado pela pesquisadora. E fala das dificuldades que encontrou em sua atuação ao longo do semestre. “Meu primeiro ano com ensino especial, com TGD, esse método (ABA) me ajudou de mais, mais eu acho que com certeza precisa ser melhorado [...], a gente começa com o método, utiliza o método pra ver a resposta da criança mais quando ele vai pra casa a gente também precisa dessa continuidade. [...]” (Professora) A professora também conta sobre suas dificuldades encontradas ao desenvolver sua pratica pedagógica, quando ela descreve o comportamento de José no seguinte trecho da entrevista: “Não verbaliza, [...]ele se mostrou nervoso, ele chorou, ele quis ir pra casa, então foi muito difícil os primeiros dias em convívio, essa fase de adaptação foi bem difícil assim.[...] o aluno quando chegou, eu não conhecia nada de verbalização dele a não ser, é, ele emitia som.[...] no inicio era bem difícil. Inclusive em relação ao parquinho, ele ficava muito só, muito distante.[...]Com o parquinho ele não aceitou muito bem, ele até chorou nos primeiros dias, ele não queria muito o ambiente com tumulto, com crianças, com pouco mais de barulho. Ficava nervoso[...]”.(Professora) O DSM-V descreve esses comportamentos como um dos critérios para diagnóstico de autismo, no entanto, a professora teve dificuldade para compreender as especificidades do transtorno. A durante a visita com a psicóloga a mesma relatou as dificuldades encontrada em trabalhar com José destacando o aspecto de ser um autista bem regressivo, e que devido a ausência da linguagem oral, dificulta muito o desenvolvimento. No laudo enviado pela psicóloga ela destacou que a criança tem: “[...] resistência no contato de olhar e no comando de levantar. Nesse seguimento de instruções a criança precisa de ajuda total da psicóloga, mas no comando de sentar apresenta uma menor resistência. [...] Ele ainda tem dificuldades como o programa de imitação, não conseguindo imitar o comportamento da psicóloga.” (Psicóloga) A rotina escolar faz parte do dia-a-dia de cada estudante, dessa forma, faz-se necessário a elaboração de uma rotina estrutura em uma Classe Especial de TGD, com o 42 objetivo de otimizar o processo de ensino-aprendizagem da criança, levando em consideração a importância da rotina para o desenvolvimento e permanência do aluno na escola. Schwartzman (1995), os objetivos de intervenções educacionais para pessoas autistas serão diferentes, dependendo do grau de comprometimento em diversas áreas de atuação. Trabalhando com prejuízos cognitivos importantes,o investimento do profissional deverá ser direcionado mais especificamente,para o aumento da comunicação e interações sociais, diminuição de alterações comportamentais (estereotipias, hiperatividade, etc.), maximização de aprendizado e independência em atividades de vida diária.(Apud, DISTRITO FEDERAL, 2013a, p. 31) No decorrer da pesquisa ação, a pesquisadora realizou 18 encontros destinados a coordenação com a professora regente. Um dos objetivos dos encontros, era conscientizara docente em relação a importância da vinculação com a criança, esses encontros foram de grande valia no processo. Como pode ser observado no trecho da entrevista com a docente: “[..] não resta dúvida que essa pesquisa colaborou muito com meu aprendizado como professora de educação especial, foi uma experiência muito, muito rica e eu realmente só tive a ganhar.”(Professora). A partir desse momento a criança foi se adaptando a rotina criada, e com isso foi possível verificar evoluções no desenvolvimento. “Assim, o professor deve tornar-se significativo para seu aluno com transtorno, pois, com a vinculação, ampliam-se possibilidades de aprendizagem, como acontece com qualquer estudante.”(DISTRITO FEDERAL, 2013a, P. 32). Isso fica evidente na narração da professora: “[...]o aluno já conseguiu ficar no ambiente da sala, já com o tempo conseguimos que ele sentasse que era uma coisa bem difícil, tudo que ele ia fazer com ele era em pé, do jeitinho dele na hora dele, mais ele conseguiu ter uma rotina, já conseguia sentar pra fazer algum tipo de atividade.[...] com o tempo ele veio falando algumas palavras, no caso, no ambiente escolar, ele fala ainda umas 4 palavrinhas, do jeito dele. [...]Ai hoje como ele conhece o sinal e que já pode ir, ele vai e interage com as crianças. Ele já brinca nos mesmos brinquedos, inclusive já conduz os professores pro brinquedo que ele quer. Isso demonstra a importância o estabelecimento do vínculo para o desenvolvimento da criança,“O vínculo é o elemento dinamizador da aprendizagem e abrange todas as dimensões de desenvolvimento humano. O vínculo positivo é essencial, porque faculta ao educador manter um elo afetivo com educandos, aproximandose deles até chegarem a um verdadeiro entendimento educacional” (BOSA, 2006, p. 47). Essas evoluções não foram notadas somente no contexto escolar, o pai relata o avanço do filho: “[...] o José tem agora uma semana de aula, uma semana de atividades, ele entrou numa rotina. [...] Tem professor, tem outro amiguinho, outro amiguinho, vai ao parquinho 43 com outra turma, então mudou muito. Agora ele ta, mostrando o que ele pode fazer. [...] Ele tenta cantar a música, não fala as palavras certas, corretas, mas ele murmura o som, o ritmo da música perfeitamente e fala silabas, “quico”, “saco”, “da”, “vi”. Tem vezes que até parece que vai falar uma palavra, fala mais de uma silaba mas aprender a falar “que saco”, agora ele fala “quico”, “quato”, “tes”, “dois”, “um”.”(Pai). No relatório da psicóloga também é confirmado o avanço da criança: “José vem obedecendo melhor os comandos da psicóloga.” (Psicóloga). A professora atribui os avanços da criança ao método (ABA): “[...] realmente pode constatar que esse era o método (ABA) que ia surgir efeito no caso dele, tanto é que as evoluções foram realmente notórias a gente teve muitos aspectos positivos, e a criança realmente tem evoluído bastante tanto no ambiente escolar quanto no ambiente familiar, é foi constatado pela família também que houve uma melhora nos contatos visuais, nos contatos físicos, a criança já responde a estímulos, que antes não conseguia e a utilização do método foi muito positiva.” (Professora). No entanto, o método ABA foi estudado pela pesquisadora e professora no período da pesquisa colaborativa, no momento de coordenação. Como o método é complexo e demanda muito tempo para o seu domínio, desse modo, não foi possível a sua aplicação na integra, aconteceram falhas e não houve uma periodicidade na aplicação. Dessa maneira, não se atribui os avanços somente ao ABA e sim a vários recursos como: rotina estruturada, vinculação com a comunidade escolar, vivência em sala de educação infantil, interação coletiva e outros. Quando foi solicitado que a professora fizesse uma auto avaliação em relação à prática pedagógica, fica nítido na fala da professora algo que está presente no cotidiano escolar, a docente compreende que o seu desafio estava relacionada a necessidade especial da criança, fala sobre a falta de ferramentas para a prática pedagógica, podemos visualizar isso no trecho: “[...]o desafio foi enorme, não resta duvida que eu precisei muito de colaboração em função da necessidade especial do aluno que ta sendo pesquisado. Mas assim, o que eu posso dizer, fui vitima da falta de experiência, mas não do esforço, da força de vontade. [...] O sistema não no está muitas ferramentas, ai o que precisa, a gente precisa buscar mais ainda pra atender a necessidade do aluno, da sala em questão.”(Professora). O currículo em movimento entende que “a escola regular, historicamente, não foi concebida sob o paradigmada diversidade de indivíduos, mas ao contrário, para a padronização, visando atingir objetivos educativos de pessoas que já estão, de certo modo, protegidas por padrões de “normalidade” (IMBERNÓN, 2000 APUD DISTRITO FEDERAL, 2013, P. 20). “Neste 44 sentido, a instituição escolar vem sendo desafiada a conseguir uma forma equilibrada e harmônica que resulte em uma proposta educativa comum e diversificada, capaz de proporcionar uma cultura comum a todos os estudantes e ao mesmo tempo garantir-lhes o respeito a suas especificidades e necessidades individuais para além de suas limitações e potencialidades.( DISTRITO FEDERAL, 2013a, P. 20). Mesmo com a insegurança, despreparo e falta de experiência da professora em classe especial TGD. Foi possível verificar que através das intervenções realizadas no projeto e a disponibilidade da professora, foram aspectos importantes para que ocorressem avanços no desenvolvimento da criança. A mãe avalia a prática pedagógica da professora regente no trecho: “[...] posso dizer que o José está bem, agora está bem, eu sinto ele inserido, sinto ele uma criança diferente que ele era, ele gosta da escola agora, não tem mais uma resistência de ficar longe de mim, de ficar numa escola, o José achou uma professora, uma escola que entenda ele, que respeita e dentro das limitações dele, posso dizer que depois nesses anos que o José ta outra criança. [...] eu queria frisar essa evolução do José dentro da escola mesmo de está incluso, de estar brincando, parte social para mim também está ok, eu estou muito satisfeita mesmo, chega a me emocionar porque a gente sabe o quanto é difícil.”(Mãe). O Caderno 7 do Currículo em Movimento tem como pressuposto a avaliação para a aprendizagem, durante a avaliação do contexto escolar, abarca o projeto político pedagógico da escola, condições físicas e materiais da instituição, atuação dos servidores, tática de gestão, avaliação de rendimento do discente e currículo proposto. O currículo avalia o contexto da aula (estratégias didáticas e metodológicas, organização, relações interpessoais, prática pedagógica do docente). O processo de ensino-aprendizagem é de responsabilidade de todos os atores do processo inclusivo (agentes de mudança). A escola é percebida em seus vários aspectos: teóricos e pedagógicos,políticos, na própria filosofia de inclusão praticada,o fracasso na aprendizagem não é compreendido como culpa do aluno que aprende de modo distinto, tirando o foco de uma cultura de fracasso no processo de ensino-aprendizagem. (DISTRITO FEDERAL, 2013a, P 41) 45 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa pesquisa possibilitou a comparação da proposta prevista pelo currículo em movimento e atuação da prática pedagógica na classe especial - TGD foi constatado que existe certo distanciamento entre a proposta e a realidade escolar. No entanto, devemos considerar também, que mesmo com esse distanciamento ganhos comportamentais e de aprendizagem foram adquiridos pela criança, fazendo-nos refletir sobre a importância de um referencial teórico norteador para uma melhor qualidade da prática pedagógica. Outro ponto evidenciado nesta pesquisa colaborativa diz respeito à qualificação do professor em sala de TGD, notou-s que embora a professora tivesse formação educacional (cursos, diplomas em ensino especial) não tinha prática com alunos TGDs o que de certa forma dificultou o avanço na aprendizagem da criança, porém facilitou a minha intervenção enquanto profissional mais experiente e de outra área de formação – psicologia. Tal evidência nos faz refletir sobre o processo de seleção deste profissional para assumir uma turma de TGD bem como evidencia a necessidade de suporte psicopedagógico constante para este professor. Garantindo espaços de discussão, estudo e planejamento de ações. Em relação ao José e sua família percebeu-se que a vinda de São Paulo à Brasília, valeu a pena! A criança apresentou ganhos em seu desenvolvimento, a rotina estruturada ajudou a criança a estabelecer relações de tempo, de brincar, de estudar, de ir embora, entre outros. José ficou condicionado pela rotina da escola, percebemos isso quando corria ao ouvir o sinal, ou quando notava certa movimentação nos corredores da escola. Mesmo que a escola não se utilizou de uma metodologia, prevista no caderno da educação especial de forma sistemática e fiel, esta pesquisa evidenciou ganhos significativos na aprendizagem de José, da sua família e da professora. Como pesquisadora colaborativa percebi que a psicologia tem muito a contribuir com a formação e intervenção inclusiva na escola, seja com o professor através de formação continuada, coordenação coletiva e até diretamente com a criança e seus familiares, oferecendo-lhes segurança e alternativas de enfrentamento a situação. Destaco que esta pesquisa colaborativa desenvolvida na escola onde atuo, permitiu apresentar a comunidade escolar um trabalho diversificado, demonstrando que é possível implementar o currículo em movimento dentro de uma classe especial, trazendo ganhos notórios ao processo de ensino46 aprendizagem do aluno, valorizando a inclusão e interação da criança, desmitificando a visão do autista. A pesquisa em questão trás um olhar diferenciado para novos questionamentos e sensibilização de que será possível dar continuidade ao trabalho desenvolvido, caso haja abertura para novas pesquisas de implementação dentro das classes especiais de TGD, partindo do princípio de que o currículo em movimento possibilita um espaço facilitador para uma nova percepção do corpo docente tornando visível algumas potencialidades dos nossos discentes com algumas limitações acadêmicas. 47 13 REFERÊNCIA Alves, M. M. C; LISBOA, D. O; LISBOA, D. O. Autismo e Inclusão Escolar. IV Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade ISSN 1982-3657. Disponível em: <http://www.educonufs.com.br/ivcoloquio/cdcoloquio/eixo_11/e11-25a.pdf> Acesso em Jun. de 2013. ASSUMPÇÃO JRA. F. B; Pimentel,A. C. M. Autismo infantil. RevBrasPsiquiatr2000;22(Supl II):37-9. Acesso em Nov. de 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v22s2/3795.pdf BELEI, R. A., GIMENIZ-PASCHOAL, S. R., NASCIMENTO, E. N. & MATSUMOTO, P. 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DISTRITO FEDERAL. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Currículo em Movimento da Educação Básica – Educação Infantil. Secretária de Estado de Educação do Distrito Federal. – 1. Ed. – Brasília: A Secretária, 2013b. DISTRITO FEDERAL. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL. Currículo em Movimento da Educação Básica – Pressupostos Teóricos. Secretária de Estado de Educação do Distrito Federal. – 1. Ed. – Brasília: A Secretária, 2013c. DSM-V: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5.ed Porto Alegre: Artmed, Médicas, 2013. Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais / coordenação geral: SEESP/MEC ; organização: Maria Salete Fábio Aranha. - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educaçãoo Especial, 2003. GONZALEZ. R.F.L. Pesquisa qualitativa e subjetividade: Os processos de construção da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learnig, 2005. IBIAPINA, I.M.L.M. 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Qual analise que você faz em relação a trajetória escolar do José? Qual a atitude você tomou ao perceber a diferença no desenvolvimento psicomotor do seu filho? 5- Como é a fluência verbal do seu filho? 6- Como é o relacionamento de José com a família? 7- Como você se comunica com ele? 8- Como é relacionamento com outras crianças? 9- Fale um pouco sobre as preferências do seu filho. 10- Ele apresenta algum movimento repetitivo? 11- Comente sobre a rotina do seu filho. 12- Como você o define? 13- Faz uma avaliação da prática pedagógica da professora regente e da escola? 51 10.2 Apêndice II - Roteiro de entrevista (professora) 1- Quais os motivos que levaram você fazer o curso de Transtorno Global de Desenvolvimento? 2- Você já teve acesso ao currículo em movimento? Participou do curso disponibilizado pela Secretária de Educação? 3- Você conhece algumas dessas ferramentas pedagógicas: Comunicação Aumentativa Alternativa; Integração social; Método TEACCH; Método ABA; Instrumentos de Avaliação; Como o Portage ou a Sala de Aula com Rotina Estruturada. 4- Qual o seu conceito sobre autismo? 5- Fale a respeito do seu primeiro contado com seu aluno e desde quando ele foi inserido na turma. 6- Como é a fluência verbal da criança? 7- Como vocês se comunicavam com ele? 8- Há interação com outras crianças? 9- Fale um pouco sobre as preferências do menino. 10- Ele apresenta algum movimento repetitivo? 11- Comente sobre a rotina do aluno. 12- Como você define seu aluno. 13- Faz uma auto-avaliação da sua prática pedagógica nesse novo contexto. 52 10.4 Apêndice III - ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS PAIS ANAMNESE GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL SUBSECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA COORDENAÇÃO DE ENSINO FUNDAMENTAL COORDENAÇÃO REGIONAL DE ENSINO DE CEILÂNDIA GERÊNCIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA ESCOLA CLASSE 56 ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS PAIS ANAMNESE DADOS PESSOAIS DO ALUNO: Escola: Escola Classe 56 de Ceilândia Aluno (a): David Carneiro Mendes Data de Nascimento: 18/07/2009 Idade: 04 anos Naturalidade: São Paulo Série: Turma TGD Turno: Matutino Professor (a): Lariane Pai: FernandoCarneiro da Silva Idade: 38 anos Profissão:Administrador Escolaridade: Superior completo Local de trabalho: São Paulo Fone: Mãe:Denyse de Carvalho Menes Idade: 33 anos Profissão: do lar Escolaridade: Superior incomp. Local de trabalho:___ Fone: 30 48 21 58/ 81741289 Endereço: QNO 11 CONJUNTO L CASA 44 Fones: CONSTELAÇÃO FAMILIAR Com quem a criança mora? Com os pais Números de irmãos: meninas __ meninos __ Os irmãos estudam na mesma escola: (citar professor e série) __ Posição da criança na família: ( ) mais velho ( ) do meio ( ) caçula ( x ) único Há parentesco entre os pais? ( ) sim ( x ) não . Qual? Pais casados:(x ) Separados ( ) Pai ausente: ( x ) sim ( ) não . Qual motivo? Devido a distância do trabalho Mãe ausente: ( ) sim ( x ) não . Qual motivo? Fale um pouco sobre seu filho(a): David é uma criança muito carinhosa e receptiva permite se acariciada quando já tem vínculo com a pessoa de sua confiança. Gosta muito de vídeos diversos, mas a galinha pintadinha e a PeppaPig são uns dos seus preferidos, o tablet pra ele já faz parte de sua vida, ele consegue jogar e assistir seus vídeos preferidos sem a interferência de ninguém. O que o (a) preocupa com relação à criança? (Queixa principal) A inserção do mesmo dentro do contexto escolar e social. GRAVIDEZ E PARTO 53 Ficou grávida com quantos anos? Cm 27 anos Gravidez planejada: SIM ( x ) NÃO ( ) Gravidez bem aceita: SIM ( x ) NÃO ( ) Ameaças de Aborto espontâneo -SIM ( ) NÃO ( x )com quantos meses? Alguma doença na gravidez. Sim ( ) Não( x ) Qual? Uso de medicamentos. SIM ( x ) NÃO ( )Qual? Remédio para pressão entre 8º/9º Fez pré - natal SIM ( x ) NÃO ( ) As consultas aconteceram no intervalo de quanto tempo? Mensal e/ou 02 vezes ao mês Que tipo de parto? ( ) A termo (normal) ( x ) Cesárea ( ) Fórceps A criança nasceu prematura ou normal? Normal Ao nascer, a criança chorou logo? Sim. Ao nascer, a criança teve alguma doença ou ficou internada? Não DOS ADJETIVOS ABAIXO, QUAIS OS QUE APLICAM MELHOR EM SEU (SUA)FILHO (A)? (x) Atento –quando é do (x) Sociável - familiares ( ) Cauteloso interesse.(tablet) ( ) Observador ( ) Indiferente ( ) Lento ( x )Descuidado - depende ( )Preocupado ( x ) Cruel (auto - multilação) ( ) Persistente ( ) Rápido ( x ) Sensível -muito ( ) Crítico ( ) Desinteressado (x) Ativo - muito ( ) Curioso ( ) Inquieto ( x )Participativo -depende ( ) Teimoso ( ) Tímido ( x ) Interessado - música ( )Submisso ( ) Mandão ( ) Esperto ( ) Criativo ( ) Chorão ( x ) Inseguro - ansiedade ( ) Agressivo ( ) Mimado ( x ) Carinhoso (x) Independente DESENVOLVIMENTO Mamou até que idade? Até 01 e 10 m. Firmou a cabeça com que idade? Com 03 m. Sentou-se com que idade?Com 06 m. Engatinhou com que idade? Com 01 ano e 03 m. (ficou em pé primeiro) Andou com que idade? Com 01 ano e 09 m. Falou com que idade? Ainda não fala Controle das fezes com que idade? Ainda não consegue fazer o controle e quando retirada as fraudas, acaba travando o processo biológico. Controle da urina com que idade? Com o1 anos 09 m. Tem enurese noturna? SIM ( ) NÃO ( x ) Quando? Como é o sono da criança? ( ) Tranqüilo ( ) Difícil ( x ) Com interrupções ( ) Agitado ( ) Fala / grita (x) Mexe muito ( ) Ri ( ) Chora ( ) Range os dentes ( ) dorme bem ( ) Tem pesadelos constantes ( ) Tem Sonambulismo Tem cama individual SIM ( ) NÃO ( x ) pó falta de espaço físico, dorme cm a mãe Horário em que costuma deitar-se? 20:00hs Horário em que costuma acordar? 6:00hs pela manhã. SAÚDE FÍSICA A criança tem problema de saúde? Qual?TGD 54 A criança toma algum medicamento controlado? Qual? Não Há casos na família de doenças como: ( ) Alguém excepcional (síndrome de Down) Quem?____________________________ ( ) Epilepsia Quem?______________________________________________________ ( ) Deficiência mental Quem?______________________________________________ ( ) Deficiência auditiva Quem?_____________________________________________ ( X ) Alcoolismo Quem? Tio paterno do pai ( x ) Alergias Quem? David (dermatite, renite e outros) ( ) Alguma doença incurável Quem? Apresenta algum problema quanto:( ) audição ( x ) fala ( ) visão ( x ) má alimentação ( restrita), não gosta de doces e suco e quase não aceita muito a alimentação. RELACIONAMENTO Com quem a criança é mais unida dentro da família? Com a mãe Como é o relacionamento da criança em casa? Tranquilo A criança costuma demonstrar afeto? De que forma? Sim. Beija muito. Gosta de passear com a família? Sim.Desde que não entre em lojas Quantas pessoas moram no mesmo lote com a criança? 05 pessoas Quantas pessoas moram na mesma casa com a criança? 02 pessoas É cuidadoso (a) com os seus pertences SIM ( x ) NÃO ( ) às vezes e depende do brinquedo (tablet). Prefere brincar sozinho (a)? SIM ( x ) NÃO ( ) Socializa seus brinquedos ? SIM ( x ) NÃO ( )Somente com os adultos. Adapta-se facilmente ao meio e com outras crianças? SIM ( ) NÃO ( x ) Faz amigos facilmente? SIM ( ) NÃO ( x ) Tem amigos? SIM ( ) NÃO ( x ) Conserva as amizades? SIM ( ) NÃO ( x ) Como reage quando é contrariado? Demonstra ansiedade e auto-mutilação,,ex: beliscões VIDA ESCOLAR Freqüentou creches? Por quê? Não. Somente estimulação precoce ( quase 03 anos) no período de 02 anos. Freqüentou o maternal? Qual? Freqüentou Pré-escola? ( ) sim ( x ) não Por quê? Mudou muito de escola? ( ) sim ( x ) não Por quê? Recebe ajuda para fazer as tarefas ? De quem? Não leva tarefas de casa Gosta do(s) professor (as)? ( ) sim ( ) não Por quê? Ainda não expressa Há quanto tempo estuda nessa escola? Desde o início de 2014. OUTRAS INFORMAÇÕES: A suspeita do quadro ocorreu por volta de um ano e meio foi descoberto os comportamentos esteriotipados e mantinha o contato visual, os médicos sempre pedia para aguardar e dar tempo ao tempo. Segundo a mãe ele apresentava enorme comprometimento sensorial. Daí foi encaminhamento para fisioterapia estimulativa, fisioterapia ocupacional. Fez um CETEF (Centro de treinamento de atletas parolímpicos.) Ex;: treina a estimulação sensorial como subir e descer escada Segundo a mãe, a criança supracitada freqüentou a Escola Classe 31 de Ceilândia no período de 01mês, e devido a licença da professora na ocasião foi orientada a levá-lo para outra escola, no caso a E.C. 56de Ceilândia. RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES:_____________________________________ GRAU DE PARENTESCO: __________________________________________________ 55 Ceilândia, 22 de abril e 2014 RESPONSÁVEL PELA ENTREVISTA/ FUNCAO _______________________________ 56