Caros concursandos, É com muita satisfação e felicidade que, a partir de hoje, começo a escrever para o Ponto dos Concursos sobre uma matéria muito temida pela maioria: Contabilidade Geral. Estabeleci, para essa minha nova empreitada, dois desafios pessoais: 1) Mostrá-los que a Contabilidade Geral é uma matéria que pode ser compreendida por qualquer pessoa, independe de sua área de formação (minha esposa, por exemplo, é dentista, detesta Matemática, e estudando da maneira certa, está adorando Contabilidade). Para isso, pretendo fornecer diversas dicas sobre a matéria de forma a tornar o seu aprendizado mais fácil. Além disso, é importante que vocês também se dediquem, estudem, resolvam questões (MUITAS !!!!). Vou repetir uma fórmula de um antigo professor da época que eu fazia curso preparatório para Escola Naval: Resultado = Competência + Trabalho Portanto, não adianta ser competente, entender a matéria ministrada, seja através das aulas ou de cursos, mas não praticar. Para aprender Contabilidade ou qualquer outra matéria, é necessário praticar. E como se pratica? Fazendo muitos, muitos e muitos exercícios. É muito semelhante à preparação para uma competição esportiva. Para alcançar o objetivo, o atleta tem que treinar, treinar, treinar... Vejam o meu exemplo: há sete anos participo de competições master de natação. Atualmente, faço as travessias do lago Paranoá, em Brasília (vocês não precisam se preocupar, pois, até hoje, após um ano e meio de travessias no lago, continuo sem nenhum problema de saúde [risos]. Sempre que saio das provas, vou direto para a farmácia comprar um vermífugo [risos].). Não sou nenhum campeão de natação, mas, conheço minhas limitações (por exemplo, só tenho 1,70 m de altura, enquanto existem nadadores de mais de dois metros) e sei que só vou alcançar melhores resultados se treinar muito. Por isso, treino de segunda a sexta-feira, na hora do almoço (poderia estar em casa, almoçando com a minha família), e consigo, na maioria das vezes, ficar entre os cinco primeiros na minha faixa etária (de 35 a 39 anos). Normalmente, são mais de cinco competidores, portanto, não zombem de mim, achando que chego em quinto e último lugar (risos). É justamente isto que peço a vocês: dedicação e sacrifício, competência e trabalho. 2) Escrever para o Ponto dos Concursos por muito tempo e ajudálos a atingir o tão sonhado objetivo: ser aprovado em um concurso público. Gostaria também de dizer a todos que NUNCA DESISTAM DOS SEUS SONHOS e tenham fé em DEUS. 1 Bom, agora, farei uma breve apresentação para que vocês possam me conhecer melhor. Vejam a minha trajetória: a) Oficial de Marinha do Brasil de 1988 até 2005 – aprovado em 5o lugar no concurso para Escola Naval de 1987 (Fiz turma especial em um curso preparatório no Rio de Janeiro. Assistia aulas de segunda a sábado, das 13h às 20h e fazia provas discursivas todos os domingos – cada domingo, uma matéria. Novamente, dedicação, sacrifício, estudo, estudo, ....). b) Engenheiro Eletrônico, com ênfase em Telecomunicações, pela Escola Politécnica – USP – a Marinha possuía um convênio com a USP e, todo ano, cada turma que se formava na Escola Naval, poderia prestar o concurso interno para a USP (Era uma única chance, pois cada turma poderia tentar apenas uma vez). O concurso era composto por seis provas discursivas da área de Engenharia, com duração de quatro horas (uma por dia). Foram treze meses de preparação e passei em 2o lugar. Novamente, dedicação, sacrifício, estudo, estudo, .... c) Técnico de Desenvolvimento e Administração do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de abr/2005 a jun/2006 (carreira do ciclo de gestão, semelhante ao Analista de Finanças e Controle da Secretaria do Tesouro Nacional) – decidi sair da Marinha por falta de perspectiva e estudei para o primeiro concurso que apareceu. Foram quatro meses de estudo (estudava oito horas por dia) e fui aprovado em 7o lugar. Novamente, dedicação, sacrifício, estudo, estudo, .... d) Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil desde jun/2006 (já estou considerando o novo nome, após a Fusão dos Fiscos): estudei durante um ano e meio para o concurso e fui aprovado em 5o lugar para as Unidades Centrais no último concurso. Novamente, dedicação, sacrifício, estudo, estudo, .... Poderia resumir a minha trajetória por meio do seguinte incentivo para vocês: NUNCA DESISTAM DOS SEUS SONHOS, lutem por eles com dedicação, disciplina, perseverança e fé em DEUS. Atualmente, sou Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e ministro aulas de Contabilidade Geral em um curso preparatório. Além disso, escrevi um livro com 300 questões comentadas de Inglês (ESAF), publicado pela Editora Maximus. Comecei a comentar as questões para que minha esposa entendesse os textos de economia, finanças, tributação, dentre outros, e acabou virando um livro. Espero que gostem das aulas. Desde já, deixo meu e-mail para críticas, sugestões, dúvidas etc.: [email protected] (também me disponho a tirar 2 dúvidas, além de Contabilidade Geral, de Contabilidade Pública, Contabilidade de Custos, Matemática Financeira, Estatística e Raciocínio Lógico). Deus abençoe a todos e muito sucesso. Moraes Junior Como falava na Escola Naval quando era aspirante, vou passar para vocês o primeiro “BOI” da prova (risos). É isso mesmo, “BOI”, na Escola Naval, significa aquele assunto que é certo que caia na prova. Vamos ao “BOI”!!!! É uma questão sobre Reserva de Reavaliação com tributação, que ainda não caiu em nenhum concurso (não que eu saiba), mas que considero como uma questão com grande potencial de aparecer no próximo concurso para Auditor-Fiscal (ESAF). Questão: Suponha que um bem do ativo imobilizado, cujo custo de aquisição tenha sido R$ 4.500,00, foi reavaliado, mediante laudo técnico elaborado por três peritos, por R$ 5.000,00, no dia 02/01/2005. Considere ainda os seguintes dados: - Depreciação Acumulada na data da reavaliação = R$ 3.000,00 - Imposto de Renda e Contribuição Social = 40% - Restante da vida útil do bem na data da reavaliação é de 10 (dez) anos e a depreciação é feita em cotas constantes. Qual será o saldo da conta “Tributos a Pagar”, do passivo circulante, no balanço patrimonial de 31/12/2005? I – Cálculo do Valor Contábil do Bem: Bom, para resolver esta questão, devemos inicialmente, calcular o valor contábil do bem que foi reavaliado. Valor Contábil do Bem = Valor de Aquisição – Depreciação Acumulada Valor Contábil do Bem = 4.500 – 3.000 = 1.500 Para melhor fixação da matéria, vamos efetuar o lançamento contábil referente a tal operação (também para fixação da matéria, colocarei, após o nome de cada conta, o nome do grupo a qual ela pertence): Depreciação Acumulada (Ativo Permanente - Retificadora) a Bem (Ativo Permanente) 3.000 (I) Em forma de razonetes, teríamos, inicialmente: Bem 4.500 Depreciação Acumulada 3.000 3 Após o lançamento acima, teríamos: Bem 4.500 3.000 (I) 1.500 Depreciação Acumulada 3.000 (I) 3.000 II – Reserva de Reavaliação: Primeiramente, é importante relembrar o conceito de Reavaliação, que pode ser extraído da NBC T 19.6 – Reavaliação de Ativos: O valor da reavaliação do ativo imobilizado é a diferença entre o valor líquido contábil do bem e o valor de mercado, com base em laudo técnico elaborado por três peritos ou entidade especializada. Por esta razão é que o valor contábil do bem foi calculado no item anterior. Bom, vamos à resolução: O bem do ativo permanente foi reavaliado pelo valor de R$ 5.000,00. Logo, neste caso, deverá ser constituída uma Reserva de Reavaliação no valor de: Reserva de Reavaliação = Valor do Bem Reavaliado – Valor Contábil do Bem Reserva de Reavaliação = 5.000 – 1.500 = 3.500 Neste caso, o lançamento seria: Bem (Ativo Permanente) a Reserva de Reavaliação (Patrimônio Líquido) 3.500 (II) Visto em forma de razonete: Bem 4.500 3.000 (I) 1.500 3.500 (II) 5.000 Reserva de Reavaliação 3.500 (II) III – Tributação sobre a Reserva de Reavaliação: ATENÇÃO, meus amigos, pois aqui é que está o “detalhe” da questão. A questão fala em imposto de renda e contribuição social com uma alíquota de 40%, que também devem ser considerados sobre a Reserva de Reavaliação. 4 O valor do imposto de renda e contribuição social sobre a Reserva de Reavaliação seria: Tributos sobre a Reserva de Reavaliação = 40% x Reserva de Reavaliação Tributos sobre a Reserva de Reavaliação = 40% x 3.500 = 1.400 Entretanto, a Reserva de Reavaliação ainda não foi realizada (na data da reavaliação), visto que ainda não houve, por exemplo, depreciação do bem reavaliado. Logo, o lançamento a ser efetuado na data da reavaliação, em relação aos tributos incidentes sobre a referida reserva, seria: Tributos sobre a Reserva de Reavaliação (Patrimônio Líquido Retificadora) a Tributos Diferidos (Passivo Exigível a Longo Prazo) 1.400 (III) – ATENÇÃO !!!!! A conta “Tributos sobre a Reserva de Reavaliação é uma conta retificadora da conta “Reserva de Reavaliação”. A contrapartida dessa conta é a conta “Tributos Diferidos”, do Passivo Exigível a Longo Prazo (estão no PELP, pois, como a reserva ainda não foi realizada, não há previsão de pagamento). Guardem estas informações, pois pode cair no próximo concurso de AuditorFiscal. Os razonetes ficariam da seguinte maneira: Tributos sobre a Reserva de Reavaliação 1.400 (III) Tributos Diferidos 1.400 (III) III – Balanço Patrimonial em 31/12/2005: finalmente, no balanço patrimonial realizado em no encerramento do exercício, haveria a realização de parte da Reserva de Reavaliação em virtude da depreciação do bem reavaliado. Os cálculos seriam os seguintes: Despesas com Depreciação em 2005 = Valor do Bem Reavaliado x 1/Vida Útil do Bem Despesas com Depreciação em 2005 = 5.000 x 1/10 = 5000 x 0,1 = 500 O lançamento a ser efetuado seria: 5 Despesas com Depreciação (Conta de Resultado – Despesa) a Depreciação Acumulada (Ativo Permanente – Retificadora) 500 (IV) No razonetes, teríamos: Despesas com Depreciação 500 (IV) Depreciação Acumulada 500 (IV) Como houve a depreciação do bem a uma taxa de 10% (1/Vida Útil do Bem = 1/10 = 0,1 = 10%), a “Reserva de Reavaliação” também será realizada na mesma proporção. Os cálculos seriam os seguintes: Realização da Reserva de Reavaliação = 10% x 3.500 = 350 Além disso, os “Tributos sobre a Reserva de Reavaliação” também seriam “realizados” na mesma proporção: “Realização” dos Tributos sobre a Reserva de Reavaliação = 10% x 1.400 = 140 O lançamento, neste caso, ficaria da conforme abaixo: Reserva de Reavaliação (Patrimônio Líquido) a Diversos a Lucros Acumulados (Patrimônio Líquido) a Tributos s/ Res. Reavaliação (PL – Retificadora) 350 (V) 210 140 ATENÇÃO !!!!! A contrapartida da realização das reservas é a conta “Lucros ou Prejuízos Acumulados”. Nos razonetes, teríamos: Reserva de Reavaliação 350 (V) 3.500 (II) 3.150 Lucros Acumulados 210 (V) Tributos sobre a Reserva de Reavaliação 1.400 (III) 140 (V) 1.260 6 Finalmente, como houve realização a “Reserva de Reavaliação” em virtude da depreciação do bem reavaliado, uma parte do “Tributos Diferidos” deverá ser transferida para a conta “Tributos a Pagar” (proporcionalmente ao valor realizado da reserva). Logo, o saldo da conta “Tributos a Pagar”, do Passivo Circulante, seria: Tributos a Pagar = 10% x Tributos Diferidos = 140 O lançamento e os razonetes ficariam da seguinte forma: Tributos Diferidos (PELP) a Tributos a Pagar (Passivo Circulante) Tributos a Pagar 140 (VI) 140 (VI) Tributos Diferidos 140 (VI) 1.400 (III) 1.260 Logo, a resposta da questão seria R$ 140,00 (Saldo da conta “Tributos a Pagar”, do Passivo Circulante). Até a próxima aula. Deus abençoe a todos e bons estudos. Moraes Junior 7