A Política de Segurança Pública em Minas Gerais Gerência Geral de Consultoria Temática da Diretoria do Processo Legislativo da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais A questão da segurança pública desperta grande interesse da população, sendo frequentemente apontada por pesquisas de opinião como uma das preocupações centrais dos brasileiros. Dada sua relevância social, vale um olhar detalhado sobre o tema e seus diversos componentes. A repartição de competências para legislar sobre matérias relacionadas à segurança pública pode ser classificada em dois grupos. No primeiro grupo, estão as normas jurídicas que, em seu conjunto, definem a política criminal a ser executada pelos órgãos de segurança pública. No Brasil, os principais aspectos da política criminal são definidos nacionalmente pelo Congresso Nacional. No segundo grupo, estão as normas jurídicas que regulamentam a organização da política de segurança pública, ou seja, os elementos que estruturam a execução da política criminal, mas não adentram na definição dos tipos penais e, tampouco, nas normas de direito processual penal. Quanto a esse segundo grupo, há uma repartição de competências na organização da segurança pública entre a União e os Estados. Já o sistema policial brasileiro rege-se pelo disposto no art. 144 do texto constitucional: “Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e bombeiros militares.”. Com base nesse artigo, conclui-se que o sistema policial brasileiro é formado, basicamente, por entidades federais de competências específicas, e por instituições estaduais de competência geral – judiciária (Polícia Civil) e ostensiva (Polícia Militar). Ao Município, resta a possibilidade de constituir guardas civis, com vistas à proteção de seus próprios bens, serviços e instalações. Percebe-se também que a disposição taxativa constitucional contida no artigo 144 da Constituição Federal limita a capacidade de auto-organização dos Estados e da própria União em matéria de segurança pública, no sentido de não ser possível a criação de órgão policial em desacordo com a relação ali definida. Em consequência, uma eventual alteração do sistema policial brasileiro só pode ser realizada por meio de uma Emenda à Constituição Federal. Em termos da estrutura do setor no país, em 2003, foi lançada pelo Governo Federal a proposta de criação do Sistema Único de Segurança Pública – Susp –, com vistas a se organizar uma política pública de âmbito nacional e unificada para a área de segurança pública, possuindo como eixo a integração e articulação, de forma prática, das ações das polícias federais, estaduais e municipais, preservando, no entanto, a autonomia das instituições envolvidas. Em que pese o Susp não ter sido plenamente estruturado, algumas propostas constantes no seu planejamento e também no âmbito do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania – Pronasci – (Lei Federal nº 11.530, de 25/10/2007), geraram resultados. Nesse sentido, destacam-se: a ampliação de recursos federais para área de segurança pública (a União aumentou em 202% seus gastos com segurança pública, entre 2003 e 2009)1; a execução de um Sistema Penitenciário Federal (voltado, sobretudo, para condenados tidos como de alta periculosidade); e a Campanha do Desarmamento, de 2004, que arrecadou 460 mil armas, 522% a mais do que a meta fixada 2. Segundo a Unesco, a iniciativa evitou a morte de 5.563 pessoas por arma de fogo3. A década de 2000 foi marcada pelas discussões sobre a Reforma do Estado em Minas Gerais, debate que se estendeu à área de Segurança Pública. Além do contexto político favorável a transformações administrativas no aparelho do Estado, tal agenda também foi impulsionada pela necessidade de enfrentamento do inédito crescimento da criminalidade verificado em Minas. Segundo a Fundação João Pinheiro4, de 1995 a 2003 a taxa de homicídios dobrou e a taxa de crimes violentos quadruplicou. Diagnóstico elaborado em 2003 apontava que o padrão da criminalidade violenta em Minas Gerais revelava que tais crimes envolviam, sobretudo, jovens do sexo masculino moradores das periferias dos grandes centros urbanos do Estado. Outros componentes importantes desse quadro de crescimento da violência no Estado eram a violência associada ao tráfico de drogas e a impunidade decorrente da ineficiência das instâncias de segurança e justiça criminal na punição de criminosos, bem como do elevado déficit de vagas no sistema prisional. São várias as interpretações acerca desse fenômeno de crescimento da violência em um Estado outrora pacífico, mas algumas se destacam: 1) ausência de uma transição organizada e planejada dos órgãos de segurança pública durante a mudança para o regime democrático; 2) a falta ou escassez de investimentos públicos em segurança pública; 2) a ausência de reformas nas organizações policiais após a Constituição de 1988, bem como a falta de integração entre as policias ostensiva e judiciária; 3) a sobrecarga da policia civil quanto à atividade de acautelamento de presos, em detrimento da atividade de investigação e repressão criminal; 4) o déficit de vagas no sistema prisional para o acautelamento de presos que, em última instância, representava fator que desestabilizava todo o funcionamento do sistema de segurança pública e favorecia violações de direitos humanos nas prisões superlotadas do Estado. 1 Anuário do Fórum de Segurança Pública 2010, pág. 7. IN: http://www.observatoriodeseguranca.org/files/anuario2010%20forum %20seguranca.pdf 2 Fonte: Implementação do Estatuto do Desarmamento do Papel para a Prática. Download disponível em http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Integra_Implementa%C3%A7%C3%A3o%20do%20Estatuto%20do %20Desarmamento%20-%20do%20papel%20para%20a%20pr%C3%A1tica.pdf 3 Fonte: Relatório Unesco Vidas Poupadas. Impacto do Desarmamento no Brasil - 2004, pág. 10. Download disponível em http://www.deolhonoestatuto.org.br/downloads/biblioteca/005.pdf 4 Fonte: Anuário de Informações Criminais de Minas Gerais 2005, págs. 4 e 14. Download disponível em http://www.fjp.gov.br/index.php/servicos/82-servicos-cepp/1193-produtos-nesp Tal diagnóstico pautou a elaboração e implementação, em 2003, pelo governo de Minas Gerais, de uma nova política de segurança pública, cujo elemento central foi a criação da Secretaria de Defesa Social – Seds. A Secretaria resultou da fusão de dois órgãos: a Secretaria de Segurança Pública (que antes comandava tão somente a Polícia Civil) e a Secretaria de Justiça e de Direitos Humanos (até então responsável pela administração prisional do Estado). No âmbito da Seds, foi atribuída a coordenação operacional das atividades das Polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros Militar, da Defensoria Pública e da então criada Subsecretaria de Administração Penitenciária. Recentemente, em 2011, a Seds absorveu também a execução da política estadual antidrogas, por meio de uma Subsecretaria específica para a área. A criação da Secretaria de Defesa Social permitiu que fossem reunidos e vinculados à mesma Pasta as ações relacionadas à prevenção à criminalidade, integração operacional dos órgãos de Defesa Social, custódia, educação e reinserção social dos indivíduos privados de liberdade, a defensoria pública dos direitos individuais e coletivos e o enfrentamento de calamidades. Um dos principais instrumentos de reforço da articulação interinstitucional na área de segurança pública é o Colegiado de Integração da Defesa Social, que reúne as seguintes autoridades: Secretário de Estado de Defesa Social, que o preside; Secretário Adjunto de Defesa Social; Subsecretário de Administração Penitenciária; Comandante-Geral da Polícia Militar; Chefe da Polícia Civil; Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar e Defensor Público Geral. Segundo Sapori e Andrade(2008), que analisaram os trabalhos dessa instância de discussão, “(...) o Colegiado de Integração iniciou seus trabalhos em 12 de julho de 2004 e se reuniu mensalmente até abril de 2005. A partir de então, reuniões ordinárias passaram a ocorrer semanalmente, tornando mais ágil a tomada de decisões sobre temas complexos que envolviam as organizações do sistema. Ou seja, o Colegiado passou a ter caráter permanente e não se reunia apenas para solucionar problemas específicos ou para deflagrar forças-tarefas, mas se encontrava sistematicamente para acompanhar, de forma contínua, os trabalhos integrados desenvolvidos pelos órgãos membros. É nessa instância que são discutidos os principais pontos de divergência entre os órgãos do Sistema. A análise das atas das reuniões ocorridas entre 12/07/04 e 19/06/06 revela que das 382 deliberações, 292 se referiam ao processo de integração das organizações policiais, ou seja, 76,4% do total.” 5 A criação da Secretaria de Defesa Social foi especificamente importante para a implementação do projeto estadual de integração das polícias civil e militar, que teve como estratégias principais a integração das informações, das áreas territoriais de atuação e do 5 Sapori, Luis Flávio e Andrade, Sheila. Integração policial em Minas Gerais Civitas , Porto Alegre, v. 8, n. 3, p. 428-453, set.-dez. 2008 Disponível em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/viewFile/4868/3644 planejamento operacional. Foram implementados três projetos: no segmento informacional, foi implementado o Sistema Integrado de Defesa Social – Sids –; no que se refere à integração territorial, foram propostas as Áreas Integradas de Segurança Pública – Aisps –; e, finalmente, para a integração do planejamento operacional foi implementada a Integração da Gestão em Segurança Pública – Igesp. Integração de Informações6 O Sistema Integrado de Defesa Social (SIDS) é um sistema modular, integrado, que reúne os seguintes órgãos da segurança pública em Minas Gerais: a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG). Trata-se de um sistema que permite a gestão das informações de defesa social relacionadas às ocorrências policiais e de bombeiros, à investigação policial, ao processo judicial e à execução penal, respeitadas as atribuições legais e autonomias administrativas dos órgãos que o compõem. O SIDS se constitui como uma importante ferramenta para direcionar a política de integração das organizações de defesa social do Estado de Minas Gerais, na medida em que informatiza as bases de dados e fornece instrumentos para suporte de uma decisão gerencial estratégica. Informatizando processos, o sistema é capaz de agilizar rotinas e acelerar a coleta, disseminação e localização de informações, trazendo para o cotidiano dos trabalhos novos instrumentos tecnológicos e a possibilidade do estabelecimento de metas conjuntas para a redução dos índices de criminalidade em Minas. No bojo do Sids, foi concebido o CIAD, que é o espaço organizacional para o atendimento integrado de emergências policiais e de bombeiros, proporcionando a efetiva coordenação operacional integrada das forças de defesa social no primeiro atendimento ao cidadão. Esse espaço procura dinamizar os esforços das instituições no momento do atendimento às emergências por meio da criação de um ambiente único para o atendimento das ligações destinadas aos tridígitos 190, 193 e 197. Nesse espaço, PMMG, PCMG e CBMMG trocam informações, coordenam e otimizam recursos na busca constante da prestação de um serviço público de qualidade, ágil e tempestivo. Seja em ocorrências simples ou complexas – que demandam esforços das três instituições e até interface com outros órgãos – o CIAD, desde 2005, trabalha sempre pelo melhor emprego do recurso operacional para o atendimento e atuação de PMMG, PCMG e CBMMG. 7 6 7 Disponível em: https://www.sids.mg.gov.br/sids (consulta em 5/6/2012) Disponível em: https://www.sids.mg.gov.br/sistema-integrado-de-defesa-social/ciad (consulta em 5/6/2012) Nos moldes do CIAD foi criado o CINDS com a finalidade de proceder à análise criminal e de sinistro de todo o ciclo de informações produzido pelos módulos do SIDS, desde o registro do fato até a execução da pena ou solução do sinistro. A análise, qualitativa e quantitativa, no tempo e no espaço, das informações produzidas no âmbito do Sistema Integrado de Defesa Social, constitui um fundamento do CINDS.8 Integração Territorial9 As chamadas Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) constituem um dos pressupostos do SIDS e consistem na divisão e mapeamento do território do Estado de Minas Gerais em áreas geográficas comuns de responsabilidade da PMMG e PCMG, visando a gestão integrada e a atuação conjunta e coordenada dessas instituições. A integração das áreas é uma estratégia geotécnica de posicionamento dos órgãos policiais no espaço territorial do Estado, considerando que cada um desses lugares possui sua identidade cultural, suas características econômicas, urbanísticas, rurais, viárias, suas lideranças políticas, trabalhistas, empresariais e, principalmente, seus traços típicos de criminalidade. Seguindo os moldes da tendência de policiamento por região, todo o planejamento e ações policiais do Estado de Minas Gerais são realizados por meio de dezoito Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP), que se subdividem em Áreas de Coordenação Integrada de Segurança Pública (ACISP) e em Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP). As Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP) são formadas pela correspondência de uma Companhia de Polícia Militar com uma Delegacia de Polícia Civil. A gestão integrada por meio de uma AISP parte do pressuposto de que um problema local precisa de uma gestão local para ser melhor solucionado, pois considera as especificidades socioeconômicas e culturais de cada área. Dessa forma, o foco da AISP é a comunidade. Por isso, as ações policiais devem ter cunho participativo, com o objetivo de reduzir o medo do crime e de satisfazer a comunidade local, melhorando a qualidade de vida da região em questão. As Áreas de Coordenação de Segurança Pública (ACISP) compatibilizam um Batalhão da Polícia Militar e uma Delegacia Regional da Polícia Civil. Elas se subdividem em AISPs que, sempre que possível, respeitam eventuais divisões administrativas dos municípios. As Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP) representam o nível mais abrangente do Projeto Áreas Integradas. Nas RISPs há correspondência entre um Comando Regional da Polícia Militar com um Departamento de Polícia Civil. 8 Disponível em: https://www.sids.mg.gov.br/sistema-integrado-de-defesa-social/cinds (consulta em 5/6/2012) Disponível em https://www.sids.mg.gov.br/sistema-integrado-de-defesa-social/areas-integradas-de-seguranca-publica (consulta em 5/6/2012) 9 O Estado de Minas Gerais está completamente formatado, apresentando 18 RISP, 71 ACISP E 429 AISP. As RISPs têm sede (nem sempre física) nos seguintes municípios: Integração do planejamento operacional10 A Integração da Gestão em Segurança Pública (IGESP) é um modelo de organização e gestão do trabalho policial, elaborado sob a consultoria do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (CRISP -UFMG), que integra ações e informações de segurança inspirado em dois modelos de Segurança Pública: o COMPSTAT adotado na década de 1990 pela prefeitura de Nova Iorque nos Estados Unidos; e a experiência da cidade de Bogotá na Colômbia. O IGESP gera e dissemina, de forma continuada, atualizada e precisa, informações de inteligência através de reuniões de apresentação regulares, com a participação de representantes de todas as seções, unidades e departamentos das Polícias Militar e Civil, dos demais órgãos dos Sistemas de Defesa Social e de Justiça Criminal e com o apoio do Governo Municipal, representantes do Ministério Público e do Poder Judiciário. Nesses encontros periódicos, os principais problemas de crime, as soluções e os resultados são expostos, discutidos e avaliados de forma clara e direta entre todos os participantes. Como efeito, metas futuras e novas estratégias são traçadas e 10 Disponível em https://www.sids.mg.gov.br/igesp (consulta em 5/6/212) responsabilidades são compartilhadas entre os vários integrantes, para prevenção e controle de problemas de crime ainda não solucionados. Um dos princípios básicos do IGESP é a gestão integrada orientada para a solução de problemas. Isso significa mudar o foco da gestão policial de controle de incidentes para o gerenciamento de problemas de segurança e criminalidade que sejam recorrentes e causem prejuízos à comunidade. Resultados da política de segurança pública Entre 2011 e 2004 – ano em que começou a ser implantado o atual modelo de segurança pública de Minas gerais – a taxa de crimes violentos 11 no Estado caiu 48,80%. Naquele ano (2004), foram registradas 102.513 ocorrências de crimes violentos, equivalentes a uma taxa de 539,15 para cada grupo de 100 mil habitantes.12 Em 2011 houve um princípio de inversão dessa tendência de queda da criminalidade, cujos motivos estão sendo estudados A taxa de crimes violentos em Minas Gerais aumentou 10,80% em 2011, em comparação com 2010. No ano passado, a taxa por grupo de 100 mil habitantes, que leva em conta o crescimento populacional, foi de 277,78, contra 250,52 em 2010. Os dados foram levantados pelo Centro Integrado de Informações de Defesa Social (Cinds), órgão colegiado da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), com base nas ocorrências registradas no Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), no banco de dados da Polícia Militar (SM-20) e na Delegacia de Crimes Contra a Vida. Em números absolutos, as ocorrências aumentaram de 50.625 para 56.593. 11 São definidos como crimes violentos: homicídios, homicídios tentados, estupros, roubos e roubos a mão armada. Fonte: http://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticias/secretaria-de-defesa-social-divulga-indices-de-criminalidade-de2011-em-minas-gerais/ 12 A criação do Sistema de Defesa Social denotou a ampliação de quadros de pessoal, estruturas e investimentos na função segurança pública no Estado. Dados de 2009, do Anuário do Fórum de Segurança Pública 201013, indicam que Minas Gerais é hoje um dos Estados que mais aloca recursos do seu orçamento na função segurança pública. A despesa do Estado com essa função (cerca de 5,6 bilhões de reais) equivale a 14% do seu orçamento total em 2009. A título de comparação, São Paulo e Rio de Janeiro apresentaram, no mesmo período, despesa com a função segurança pública em relação ao orçamento total de 7,7% e 8,6%, respectivamente14. Na mesma pesquisa evidenciou-se que o gasto “per capita” de Minas Gerais com segurança pública (280,51) é maior que o do Rio de Janeiro (231,78) e o de São Paulo (244,47)15. O gráfico a seguir apresenta outro resultado da política de segurança, inerente ao crescimento da população carcerária no Estado. 13 Disponível em http://www.observatoriodeseguranca.org/files/anuario2010%20forum%20seguranca.pdf Anuário do Fórum de Segurança Pública 2010, pág. 50. IN: http://www.observatoriodeseguranca.org/files/anuario2010%20forum %20seguranca.pdf 15 Anuário do Fórum de Segurança Pública 2010, pág. 51. IN: http://www.observatoriodeseguranca.org/files/anuario2010%20forum %20seguranca.pdf 14 Estruturas institucionais: - dimensão Federal - Secretaria Especial dos Direitos Humanos - SEDH - Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente - SPDCA -Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo Sinase - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda Medidas Socioeducativas - Advertência - Obrigação de reparar o dano - Prestação de serviço à comunidade - Liberdade assistida - Inserção em regime de semiliberdade - Internação em estabelecimento educacional Planejamento de curto, médio e longo prazo (para 2030) O Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado – PMDI, na sua atual versão, introduziu o conceito de rede na gestão pública, que visa superar dois problemas centrais de governança: a setorialização (fragmentação) e a ineficiência na obtenção de resultados. Sua superação pressupõe a integração de perspectivas heterogêneas, em arranjos que otimizem esforços para fins comuns, ou seja; a organização em redes dos atores inseridos direta ou indiretamente na atividade governamental, potencializa os esforços e conhecimentos de cada um, de forma cooperativa e integrada, em prol de um mesmo objetivo. Em rede, o Estado passa a atuar de forma transversal, estabelecendo laços com diferentes setores da sociedade, no sentido de responder as demandas, resolver problemas e propor estratégias customizadas de desenvolvimento. Trata-se de um novo olhar sobre a gestão no Estado, a partir de três pressupostos: a heterogeneidade do território mineiro, a gestão transversal e intersetorial de políticas públicas e o cidadão como protagonista do desenvolvimento do Estado. As Redes de Desenvolvimento Integrado estabelecem as prioridades de atuação do governo, evidenciando as situações que serão objeto das principais iniciativas e esforços governamentais. Nelas estão organizados os objetivos estratégicos estabelecidos no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, cuja visão de futuro é tornar Minas o melhor Estado para se viver. Para cada Rede de Desenvolvimento Integrado existe um conjunto de objetivos estratégicos que devem ser perseguidos pelos programas daquela rede e um conjunto de indicadores que devem medir os resultados dos programas a ela vinculados. Assim, as Redes constituem uma nova articulação institucional baseada em um modelo de governo aberto e em rede, e buscam, concomitantemente, integrar as ações governamentais em áreas e possibilitar maior interlocução e cooperação entre o governo e outras instituições públicas e privadas, inclusive outros níveis governamentais. As Redes organizam os programas, previstos no Plano Plurianual de Ação Governamental – PPAG – para o período de 2012 a 2015, e são classificados em programas estruturadores e associados. Os programas, por sua vez, se desdobram em ações, a unidade mínima do PPAG 2012-2015 e que faz a ligação com o Orçamento Anual. Na atualização do PMDI para o período 2011 a 2030, foram definidas 11 redes de desenvolvimento integrado como base para organização da estratégia de desenvolvimento do Estado. Cada uma se desdobra em meta síntese, dados e fatos situacionais, objetivos estratégicos, indicadores e metas para 2015, 2022 e 2030 e estratégias. A Rede de Defesa e Segurança é uma das 11 redes, que será apresentada a seguir. Diagnóstico do PMDI para a Segurança Pública em Minas Gerais A garantia de segurança é tarefa multidimensional que envolve a atuação de vários órgãos e entidades – não apenas aqueles relacionados diretamente à segurança – assim como exige o envolvimento de toda a sociedade. A despeito dos avanços nos índices de criminalidade do estado, a percepção de segurança ainda pode ser considerada baixa uma vez que 51,3% da população sente medo de se tornar vítima de algum ato de violência. É importante notar que a evolução da criminalidade não tem ocorrida de modo uniforme em todo o estado. Um terço dos crimes violentos do estado está na RMBH, embora aqui a tendência recente aporte para sua redução. Belo Horizonte e Contagem, regiões responsáveis pela metade dos crimes violentos no estado, registraram as maiores quedas. Em contrapartida, os crimes violentos cresceram em outras localidades, particularmente nas cidades médias. Além da RMBH, a criminalidade concentra-se no Triângulo Mineiro, no Nordeste e no Noroeste do estado. Entre as cidades, além de Belo Horizonte, também se destacam pelas taxas elevadas: Uberaba Claros, Uberlândia, Governador Valadares. Montes Em Belo Horizonte, os homicídios estão concentrados em áreas consideradas de risco: aglomerados Morro das Pedras, Morro do Papagaio, Cabana de Pai Tomas, Pedreira Prado Lopes e Cafezal destacam-se pelas suas altas taxas de criminalidade. Programas de prevenção, como o Fica Vivo, vêm obtendo sucesso em reduzir o número de crimes violentos nessas regiões, mas ainda precisam ser expandidos. É importante ainda reforçar a política antidrogas: os centros socioeducativos vêm apresentando um bom desempenho, porém ainda é necessário implementar políticas preventivas, em especial para o controle do uso do crack, que tem relação direta com a criminalidade. A sustentabilidade do processo de redução da criminalidade no estado, iniciado em 2003, depende da combinação das políticas de segurança – como a integração das atividades de todos os órgãos voltados para a defesa social – com medidas de prevenção, investimentos sociais nas áreas de risco, melhoria da qualidade do espaço urbano e geração de oportunidades de trabalho e renda. Objetivos Estratégicos da Rede de Defesa e Segurança • Reduzir as incidências de violência, de criminalidade e de desastres nas áreas urbanas e rurais • Ampliar a segurança e a sensação de segurança • Integrar as áreas de risco à dinâmica das cidades, principalmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) • Combater o consumo e o tráfico de drogas • Reduzir a violência no trânsito Indicadores e metas INDICADOR FONTE SITUAÇÃO 2015 2022 2030 1. Taxa de crimes violentos (por 100 mil habitantes) FJP/NESP ATUAL 296,1* 244 197 161 2. Taxa de homicídios (por 100 mil habitantes) FJP/NESP (2010) 15,9* 12 9,7 8,2 3. Taxa de mortalidade por acidentes de trânsito (por 100 mil habitantes) DATASUS (2010) 19,3 17,2 14,3 12,7 4. Percentual de pessoas que afirmam ter medo de vitimização CRISP/UFMG (2009) 51,2% 48,8% 46,2% 44,2% 5. Taxa de mortalidade por uso de drogas (por 100 mil habitantes) DATASUS (2009) 6,2 5,5 3,5 2,8 6. Índice de qualidade do serviço prestado (PM, PC, CBM) SEDS (2010) 71,6 73,5 76 80 7. Grau de confiança no atendimento policial e corpo de bombeiros (% de SEDS (2009) 68% 72% 75% 80% pessoas que confiam e confiam muito) 8. Taxa de homicídios entre jovens de 15 a 24 anos (por 100 mil habitantes) (2009) DATASUS 38,9 26,0 20,0 16,0 (2009) Fonte: MINAS GERAIS. Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado – PMDI 2011-2030 – Gestão para a Cidadania. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), 2011. Estratégias Para que os objetivos estratégicos da Rede de Defesa e Segurança sejam alcançados, o Governo e a Sociedade deverão concentrar os seus esforços e recursos na execução das seguintes estratégias prioritárias: 1. Consolidar a integração das ações das Polícias Militar e Civil, Defensoria Pública, Sistema Prisional e Socioeducativo e Corpo de Bombeiros Militar, compartilhando formação e qualificação continuada, bancos de dados, métodos de gestão, informações e conhecimentos. 2. Modernizar as técnicas de gestão e aumentar a integração dos sistemas socioeducativo e prisional, de forma a romper com ciclo vicioso da criminalidade juvenil e garantir saúde, educação e trabalho ao preso, tendo em vista a sua reintegração social. 3. Consolidar e disseminar projetos focados na prevenção da violência e dos sinistros no meio urbano, particularmente nas áreas de maior risco e vulnerabilidade social. 4. Aumentar a efetividade das políticas sobre drogas, com ênfase na intervenção dos espaços urbanos propícios ao tráfico e ao consumo. 5. Promover atividades de educação, conscientização, fiscalização e prevenção de acidentes no trânsito. Estas estratégias prioritárias são efetivadas através das ações definidas no PPAG 2012-2015. Segue a execução orçamentária dos programas estruturadores da Rede de Defesa e Segurança. Execução Orçamentária das Ações do PROGRAMA 020 - INFRAESTRUTURA DE DEFESA SOCIAL - PPAG 2012-2015, Exercício 2012. Ação Descrição Unidade Orçamentária Sigla Valor Crédito Inicial Valor Crédito Autorizado Percentual Valor Despesa realizado/autor Realizada izado 1197 MODERNIZACAO DO SISTEMA PRISIONAL SEDS 39.050.000,00 42.062.808,16 120.399,61 0,29 1206 CONSTRUCAO E ESTRUTURACAO DE CENTROS SOCIOEDUCATIVOS SEDS 5.000.000,00 9.270.761,00 1.317.034,84 14,21 1291 HUMANIZACAO DO SISTEMA PRISIONAL E IMPLANTACAO DE APAC SEDS 3.779.986,00 3.779.986,00 101.344,73 2,68 4007 UNIDADES DE SAUDE DO SISTEMA PRISIONAL SEDS 16.691.648,00 31.252.181,79 9.177.390,01 29,37 SEDS 3.300.000,00 3.300.000,00 839.676,99 25,44 ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI - CUMPRIMENTO 4092 DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO AB ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI - CUMPRIMENTO 4321 DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO FE SEDS 114.185.900,00 112.665.900,00 45.665.314,37 40,53 4379 CUSTODIA E RESSOCIALIZACAO DE PRESOS SEDS 810.604.022,00 811.307.589,30 303.709.729,48 37,43 4572 GESTAO TERCEIRIZADA DA FROTA DA POLICIA MILITAR PMMG 38.807.659,00 38.807.659,00 16.192.375,72 41,72 PCMG 10.000,00 10.000,00 0,00 0 4639 GESTAO DA FROTA - POLICIA CIVIL Fonte: www1.armazem.mg.gov.br. Acesso em 5.6.2012 Execução Orçamentária das Ações do PROGRAMA 021 - GESTÃO INTEGRADA DE DEFESA SOCIAL - PPAG 2012-2015, Exercício 2012. Ação Descrição Unidade Orçamentária Sigla Valor Crédito Inicial Valor Crédito Autorizado Percentual Valor Despesa realizado/aut Realizada orizado 1029 PROJETO IMPLANTACAO DE VIDEOMONITORAMENTO (OLHO-VIVO) SEDS 5.970.000,00 5.960.000,00 0,00 0 1187 IMPLANTACAO DE UNIDADES PREDIAIS INTEGRADAS - SEDS SEDS 10.000,00 0,00 0,00 0 1254 ACADEMIA DE FORMACAO DO SISTEMA DE DEFESA SOCIAL SEDS 210.000,00 0,00 0,00 0 1262 PERICIA CRIMINAL INTEGRADA NO ESTADO DE MINAS GERAIS PCMG 500.000,00 500.000,00 0,00 0 1284 FORTALECIMENTO DA ANALISE E INTELIGENCIA DE DEFESA SOCIAL SEDS 1.000.000,00 0,00 0,00 0 1285 IMPLANTACAO DO CENTRO INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE 1287 SEGURANCA RURAL 4320 GESTAO DA POLITICA DE INTEGRACAO DO SISTEMA DE DEFESA SOCIAL Fonte: www1.armazem.mg.gov.br. Acesso em 5.6.2012 SEDS 9.800.000,00 9.800.000,00 149.923,92 1,53 PMMG 1.500.000,00 400.000,00 0,00 0 64.074.017,00 64.074.017,00 12.718.763,31 19,85 SEDS Execução Orçamentária das Ações do PROGRAMA 034 - MINAS MAIS SEGURA - PPAG 2012-2015, Exercício 2012. Unidade Orçamentária Sigla Percentual Valor Despesa realizado/autori Realizada zado Valor Crédito Inicial Valor Crédito Autorizado SEDS 39.163.848,00 39.352.965,12 14.097.631,95 35,82 IMPLANTACAO DOS CENTROS 1181 DE PREVENCAO A CRIMINALIDADE SEDS 10.000,00 10.000,00 0,00 0 1283 POLICIA PARA CIDADANIA PMMG 1.510.000,00 410.000,00 0,00 0 Ação Descrição 1108 FICA VIVO - PREVENCAO A CRIMINALIDADE Fonte: www1.armazem.mg.gov.br. Acesso em 5.6.2012 Execução Orçamentária das Ações do PROGRAMA 052 - ALIANÇA PELA VIDA - PPAG 2012-2015, Exercício 2012. Ação Descrição 1293 RUA LIVRE DE DROGAS 4030 ASSISTENCIA A SAUDE AOS DEPENDENTES QUIMICOS REDE COMPLEMENTAR DE SUPORTE SOCIAL E ATENCAO AO DEPENDENTE 4082 QUIMICO: PREVENCAO E TRATAMENTO DO CONSU Fonte: www1.armazem.mg.gov.br. Acesso em 5.6.2012 Unidade Orçamentária - Sigla SEDS FES SEDS Valor Crédito Inicial Valor Crédito Autorizado Percentual Valor Despesa realizado/autori Realizada zado 2.537.360,00 2.537.360,00 0,00 0 1.000,00 13.255.632,05 146.802,78 1,11 9.489.137,00 9.339.137,00 4.788.423,29 51,27