PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA – PIBID SUBPROJETO QUÍMICA 2009 ESTUDO DOS MODELOS ATÔMICOS UTILIZANDO A ABORDAGEM HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA ALUNOS BOLSISTAS: Geovane Arruda de Oliveira Tainara Batista PROFESSOR SUPERVISOR: Prof. Wolney Pereira Junior PROFESSORA ORIENTADORA: Profa. Drª. Joanez Aires Curitiba 2013 INTRODUÇÃO: O ensino de ciências é considerado abstrato e muitos alunos têm grande dificuldade para compreender corretamente os assuntos abordados. Ao iniciar os estudos na áreas os novos conceitos como átomos e ligações são estranhos. Assim, o uso de analogias se faz necessário para o ensino de química. Neste trabalho abordaremos os modelos atômicos e suas evoluções ao longo da história, para auxiliar a assimilação e o entendimento do assunto, serão elaboradas analogias ao longo das aulas. Analogias são entendidas como comparações entre dois domínios diferentes. O domínio análogo (refere-se ao conhecido previamente) e o domínio alvo (objeto em estudo) compartilham certas características (Curtis & Reigeluth, 1984; Duit, 1991; Harrison & Treagust, 2006; Wilbers & Duit, 2006). Pensando em uma abordagem construtivista, onde uma maneira de construir conhecimento é usando concepções conhecidas para aplica-las em eventos não familiars, as analogias podem ser utilizadas como recurso didático devido a favorecer um “trânsito” de ideias, levando o aluno a remodelar suas informações. Ao mesmo tempo aumenta a motivação em relação ao aprendizado de ciências, tendo em vista a possibilidade de que os alunos produzam seus próprios modelos e os expressem de variadas maneiras. Porém ao mesmo tempo que as analogias apresentam grandes vantagens como facilitadora da estruturação do conhecimento, apresentam também desvantagens. De acordo com Glynn (1989), o domínio análogo pode estar fora do contexto sócio histórico dos alunos, levando a conclusões errôneas e dificuldades na compreensão. No entanto se o uso de analogias não for bem estruturado, podem surgir alguns entraves no processo ensino-aprendizagem, pois o aluno pode não aceitar o domínio que foi apresentado, ao mesmo tempo também a analogia que se pretende construir não encontra domínio análogo consolidado no estudante, o que pode gerar comparações errôneas de forma que ressalte apenas aspectos negativos da analogia. Portanto o professos deve levar em conta tais aspectos para utilizar analogias em sala de aula. Esse trabalho tem como objetivo minimizar as dificuldades encontradas no uso de analogias e modelos no ensino de ciências. Passando desde Leucipo e Demócrito, Dalton, Thomson, Rutherfod até Bohr, a proposta visa fazer com que os alunos percebam que cada modelo atômico sugerido por cada cientista é apenas uma proposta que tenta responder os questionamentos existentes em cada época, e entender que a ciência é provisória, podendo mudar de acordo com problemas enfrentados. Outro objetivo importante é analisar cada analogia criada durantes as aulas. Assim o professor pode perceber quais as dificuldades em relação à compreensão de aspectos relevantes sobre átomos que não haviam sido identificados anteriormente, e, a partir daí, ter a capacidade de intervir no ensino, tentando discutir aspectos centrais dessas dificuldades dos alunos. Esse projeto será aplicado em uma turma da primeira série do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor Teobaldo Leonardo Kletemberg, conveniado com PIBID. Serão utilizadas oito aulas de 50 (cinquenta) minutos. A PROPOSTA: Apresentaremos a nossa proposta de ensino dos modelos atômicos propostos por Leucipo e Demócrito, Dalton, Thomson, Rutherfod e Bohr, esclarecendo aos alunos que a ciência sempre está se reformulando, sendo assim, o modelo de Rutherford hoje em dia já não é mais o utilizado. Os planos de aulas serão compostos por várias fases, como os questionários inicial e final, que têm por objetivo extrair dos alunos suas concepções e entendimentos sobre átomos. Em algumas aulas os alunos serão instigados a criar seus próprios modelos a partir de informações que lhes serão fornecidos sobre algum objeto, para assim perceberem a dificuldade que há em propor um modelo, e que o modelo não representa o real. Aula 1: QUESTIONÁRIO INICIAL Objetivo: Apresentação do projeto PIBID, seguido da aplicação de um questionário inicial com o intuito de extrair dos alunos seus conhecimentos prévios sobre átomos e modelos atômicos. As concepções dos alunos servirão como base para a aplicação e avaliação da unidade didática. Metodologia: Nesta primeira aula será distribuído aos alunos um questionário composto por quatro perguntas que abrangem o conhecimento sobre átomos que se deseja explorar nas próximas aulas. A aula será realizada no laboratório para que os alunos saiam da sala de aula e se familiarizem com o ambiente e os cuidados que se devem ter no laboratório. QUESTIONÁRIO INICIAL 1. O que é um átomo? Desenhe como você o imagina e explique seu desenho. 2. Desenhe como você imagina ser um pudim de passas. Explique seu desenho. 3. Se você fosse explicar para alguém que nunca viu uma laranja como ela aparenta ser, com o que você a compararia? Há algum erro em se fazer essa comparação? 4. Faz sentido para você utilizar duas ideias diferentes (“bola de bilhar” “pudim de passas” e “sistema solar”) para fazer comparações com o átomo? Por quê? Recursos utilizados: Folha sulfite, lápis e borracha. Aula 2: CRIAÇÃO DE UM MODELO CARACTERÍSTICAS DE UM OBJETO A PARTIR DE Objetivo: Induzir os alunos a criar seus próprios modelos para ilustrar um objeto que eles ainda não sabem qual é. O objetivo se concentra em mostrar a dificuldade que há para criar tais modelos. Metodologia: Fornecer aos alunos características de um certo objeto, nesta aula será utilizado uma esponja de louça. A partir das informações dadas, auxiliar os alunos a criar um modelo que ilustre o objeto descrito. O objetivo é que haja dificuldade em representar em um desenho as diferentes características de cada lado da esponja que será descrita. Ao longo da aula explicar aos alunos o que é analogia e suas limitações, esclarecendo que comparações não podem ser generalizadas. Após o término da criação dos modelos, comparar o que foi feito por cada aluno e discutir os resultados, fazendo com que cada aluno fale o que acha ter errado nos outros modelos e tentar juntar todas as informações para propor um único modelo, e então mostrar o objeto desconhecido. Ao final da atividade questionar os alunos sobre o motivo pelo qual houve divergências de ideias e sobre a dificuldade de criar esses modelos. Questionar também a dificuldade de expressar o que realmente pensa ser em um desenho para que um terceiro compreenda suas ideias. Recursos utilizados: Folhas sulfites, lápis, borracha, lápis de cor, esponja. Aula 3: IDENTIFICAR O CONTEÚDO DE VÁRIAS CAIXAS UTILIZANDO PROPRIEDADES ORGANOLÉPTICAS Objetivo: Propor aos alunos uma problema a ser resolvido: Como sabermos o que há dentro de uma caixa antes de abri-la? O objetivo desta problematização é mostrar aos alunos a dificuldade de definirmos algo que não conseguimos ver, a necessidade de sabermos como são as coisas para podermos manipulá-las de uma maneira correta e como é mais fácil trabalhar em grupo, pois assim conseguimos cruzar os pensamentos de cada um e ter uma conclusão melhor. Metodologia: Os alunos serão divididos em três grupos e eles receberão caixas de sapato com diferentes conteúdos nelas, uma para cada grupo. Os alunos tentarão descobrir o que há dentro utilizando propriedades organolépticas, e escrevam suas conclusões em um papel. A caixa terá um orifício com uma luva colada para que eles possam pegar nos objetos que estão dentro. As caixas vão ser passadas para outros grupos até que todos os alunos tenham analisados todas as caixas. Após a análise, pediremos aos alunos que mostrem seus resultados e os discutam entre todos os grupos, para então abrir cada caixa e descobrir o que realmente há dentro. Neste trabalho os objetos utilizados foram um celular antigo, um apontador de caixinha e Amoeba. Recursos utilizados: Caixas de sapatos, luvas, folhas sulfite, lápis, celular, apontador e Amoeba. Aula 4: INTRODUÇÃO DAS IDEIAS DE LEUCIPO E DEMÓCRITO E MODELOS DE DALTON E THOMSON Objetivo: Introduzir aos alunos as primeiras ideias de átomos propostas por Leucipo e Demócrito e mostrar o modelo de Dalton, “Bola de Bilhar” e o modelo “Pudim de Passas” proposto por Thomson por volta de 1897. Explorar o que é uma analogia, seus pontos positivos e negativos. Metodologia: A introdução sobre Leucipo e Demócrito se dará a partir do texto a seguir de uma citação das ideias de Leucipo: “Naquele tempo (430 a.C.), caminhando pelas areias próximas ao mar Egeu, o filósofo grego Leucipo disse a seu discípulo Demócrito: - Esta areia, vista de longe, parece ser um material contínuo, mas de perto é formada de grãos, sendo um material descontínuo. Assim ocorre com todos os materiais do Universo. - Mas mestre –interrompeu Demócrito–, como posso acreditar nisso se a água que vemos aqui aparenta continuidade tanto de longe como de perto? Respondeu-lhe Leucipo: - Muitos veem e não enxergam; use os ‘olhos da mente’, pois estes nunca o deixaram na escuridão do conhecimento. Em verdade, em verdade lhe digo: todos os materiais são feitos de partículas com espaços vazios ou vácuo entre elas. Essas partículas são tão pequenas que mesmo de perto não podem ser ‘vistas’ pelo homem. Ide e ensinai a todos e aqueles que nela acreditarem encontrarão respostas para as suas perguntas sobre o Universo.” Será discutido um pouco sobre os primeiros pensamentos sobre átomos, como eles seriam indivisíveis, maciços, indestrutíveis e invisíveis. Após o primeiro contato com as questões que acercam os motivos pelos quais houve interesse em saber do que o mundo era formado, será introduzido o modelo de Dalton. Logo após o modelo de Thomson. Para estudar este modelo serão utilizadas as analogia mais conhecidas e presentes nos livros didáticos, a “bola de bilhar” e o “pudim de passas”. Ao mesmo tempo em que os modelos serão apresentados, discutiremos sobre os possíveis erros no uso de tal comparação, visando a dificuldade que os próprios alunos enfrentaram nas aulas passadas para criar seus próprios modelos. Essa aula possui uma proposta de que os alunos questionem cada modelo. Serão expostas as problematizações de cada época, fazendo com que os alunos critiquem cada questão, e juntos entendam o motivo de cada modelo atômico ser do jeito que foi descrito por cada cientista. Também serão expostos aos alunos um pouco da história de vida de cada um. Recursos utilizados: Quadro negro, giz, papel sulfite, lápis Aula 5: MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD Objetivo: Explicar o processo evolutivo dos modelos atômicos, mostrando que os modelos antigos já não satisfaziam todas as perguntas que já haviam, sendo necessário novos estudos e novas propostas. Apresentar o modelo de Rutherford. Metodologia: Para iniciar a aula será mostrado um pouco da história de Ernest Rutherford. Logo após, sera mostrado alguns problemas enfrentados com o modelo atômico antigo, para que percebam a necessidade da comunidade científica em formular novas hipóteses de como seria o átomo. Como auxílio na compreensão dos alunos acerca do experimento realizado pelo Rutherford, será utilizado um vídeo que ilustra todo o processo. Será iniciada uma discussão sobre qual seria a conclusão a respeito do átomo visto as observações realizadas. Os vídeos utilizados nessa aula são encontrados nesse link: <http://visservices.sdsc.edu/projects/discovery/> Recursos utilizados: Quadro negro, giz, projetor multimídia. Aula 6 e 7: MODELO ATÔMICO DE RUTHERFORD-BOHR Objetivo: Apresentar o modelo atômico de Rutherford-Bohr, ao mesmo tempo mostrar aos alunos informações que contam que Bohr e Rutherford trabalharam juntos, desmistificando a ideia de que cientistas são gênios que trabalham sozinhos para fazerem suas próprias descobertas. Mas que na verdade os cientistas sempre trabalharam juntos para cruzar suas informações e concluírem com mais eficácia seus trabalhos. Mostrar aos alunos também como é necessário uma opinião de outra pessoa para os estudos, como foi necessário na aula 3, onde os alunos propuseram os modelos em grupos. Metodologia: Esta aula será realizada no laboratório de ciências. Primeiramente será explicado o modelo atômico de RutherfordBohr. Serão explicados os conceitos de camadas, quantum e fóton. Para ilustrar esse conceito será realizado testes de chama com três sais: cloreto de estrôncio, cloreto de sódio e o sulfato de cobre. Será explicado também porque os fogos de artifício emitem cores diferentes. Cada sal presente nos fogos de artifício possui um cátion de elementos químicos diferentes. Quando são aquecidos, os elétrons desses elementos saltam de nível de energia, mas quando voltam para o nível original, eles emitem a energia que foi absorvida na forma visível. Cada cor corresponde a uma quantidade de energia característica. Por exemplo, se usarmos um sal de cobre veremos a cor azul, já se usarmos um sal de bário, a cor emitida será a verde e assim por diante. Os testes que serão realizados de chama darão os resultados vermelho, amarelo e verde respectivamente, para assim demonstrar que os saltos energéticos são diferentes para cada átomo. Princípios fundamentais estabelecidos por Niels Bohr • Os elétrons não se movem aleatoriamente ao redor do núcleo, mas sim em órbitas circulares, sendo que cada órbita apresenta uma energia bem definida e constante (nível de energia) para cada elétron de um átomo. Quanto mais próximo do núcleo, menor a energia do elétron, e vice-versa. • Os níveis de energia são quantizados, ou seja, só são permitidas certas quantidades de energia para o elétron cujos valores são múltiplos inteiros do fóton (quantum de energia); • Para passar de um nível de menor energia para um de maior energia, o elétron precisa absorver uma quantidade apropriada de energia. Quando isso ocorre, dizemos que o elétron realizou um salto quântico e atingiu um estado excitado. Esse estado é instável e quando o elétron volta para o seu nível de energia original (estado fundamental), ele libera a energia que havia absorvido na forma de onda eletromagnética. Recursos utilizados: Quadro negro, giz, bico de Bulsen, cloreto de estrôncio, cloreto de sódio e sulfato de cobre. Aula 8: QUESTIONÁRIO FINAL E AVALIAÇÃO Objetivos: Aplicar um questionário final para extrair dos alunos suas novas concepções sobre átomos para confrontar com o questionário inicial. Metodologia: Nesta última aula será distribuído aos alunos um questionário composto por cinco perguntas que abrangem o conhecimento sobre átomos para que seja confrontado com o questionário inicial aplicado na primeira aula. Recursos utilizados: Papel sulfite, lápis, borracha. QUESTIONÁRIO FINAL 1. Como você entende o fato de existirem várias analogias (“bola de bilhar”, “pudim de passas” e “sistema solar”) para ilustrar a mesma entidade, o átomo? 2. Desenho o átomo que a analogia “bola de bilhar” representa e explique seu desenho. 3. Desenhe o átomo que a analogia “pudim de passas” representa e explique seu desenho. 4. Desenho o átomo que a analogia “sistema solar” representa e explique seu desenho. 5. As analogias utilizadas como modelos para o átomo representam como realmente é o átomo? Explique sua resposta. Referências Bibliográficas: 1. SOUZA, Vinícius Catão de Assis. Analogias utilizadas no ensino dos modelos atômicos de Thomson e Bohr. Investigações em Ensino de Ciências – V11(1), pp. 7-28, 2006; 2. ALVES, Líria. O átomo de Rutherford. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/quimica/o-atomorutherford.htm> Acesso em: 5 set. 2013. 3. FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. Modelo atômico de Rutherfod-Bohr. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/quimica/modelo-atomicorutherford-bohr.htm> Acesso em: 11 set. 2013. 4. André. Átomos – Química. Disponível em <http://professorandreramos.blogspot.com.br/2008/04/tomo s-e-estrutura-atmica.html> Acesso em: 11 set. 2013 5. JUSTI, Rosária; MENDONÇA, Paula Cristina Cardoso. Usando analogias como uma função criativa: uma nova estratégia para o ensino de química. Educació Química EduQ n.1 (2008), p 24-29. 6. JUSTI, Rosária; MONTEIRO, Ivone Garcia. Analogias em livros didáticos de química brasileiros destinados ao ensino médio. Investigações em ensino de ciências. V5(2), pp 6791, 2000.