UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE RELAÇÃO ENTRE NEGÓCIOS E SENTIMENTOS DENTRO DA PEQUENA EMPRESA FAMILIAR Por: Patricia Lopes de Sousa Monzo Orientador Prof. André Gustavo Rio de Janeiro 2004 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE RELAÇÃO ENTRE NEGÓCIOS E SENTIMENTOS DENTRO DA PEQUENA EMPRESA FAMILIAR Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino Superior, Marketing, Gestão....São os objetivos da monografia perante o curso e não os objetivos do aluno Por: Patricia Lopes de Sousa Monzo 3 RESUMO Este trabalho mostra a relação que existe no dia a dia de uma pequena empresa familiar entre os negócios e os sentimentos dos familiares envolvidos. Trata-se do problema de adequação da família ao negócio sendo apresentada a profissionalização dos membros da família como solução. Mostra desde os conceitos primórdios de família até opiniões de estudiosos modernos a respeito da profissionalização dentro da pequena empresa e suas visões de futuro. 4 METODOLOGIA No primeiro capítulo serão colocados os conceitos da estrutura de uma empresa familiar dentro de diversos aspectos de negócios e de sentimentos. No segundo capítulo, demonstra-se a influência da cultura da família dentro da empresa e a importância do papel da mulher no empreendimento. O terceiro capítulo trata do processo de sucessão numa empresa familiar, com seus aspectos positivos e negativos. O quarto capítulo mostra a importância do planejamento estratégico dentro da pequena empresa familiar e conceitos de teóricos modernos. A conclusão do trabalho é feita no quinto capítulo. 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 06 CAPÍTULO I - Conceito da Estrutura Familiar – Perfil das Relações Humanas 09 CAPÍTULO II - A Interligação Família - Empresa 20 CAPÍTULO III – Estratégias da Sucessão Familiar 35 CAPÍTULO IV – Administração da Empresa Familiar 44 CONCLUSÃO 50 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52 ÍNDICE 53 FOLHA DE AVALIAÇÃO 55 6 INTRODUÇÃO: Este trabalho busca mostrar a elevada importância que os sentimentos têm no dia a dia dos negócios de uma empresa familiar. Busca também demonstrar problemas e conflitos da empresa familiar a partir do prisma da família, apoiando-se em referenciais teóricos da área de psicologia e de educação. Entre os pontos abordados, destacam-se a forma e o histórico da estruturação familiar, a origem dos conflitos familiares e suas conseqüências, o papel do fundador, o papel da mulher sucessora, e, principalmente, os sentimentos que têm forte influência na família que controla a empresa. Ao mesmo tempo, evidencia-se a interligação da estrutura familiar com a empresa e como os relacionamentos dos membros da família podem afetar a empresa ou vice-versa. As empresas familiares são a forma predominante de empresa em todo o mundo e a maioria no Brasil. A maior parte das grandes empresas de hoje também nasceu como empresa familiar e até hoje é assim que as coisas vêm acontecendo. Este tipo de empresa, que é bastante complicada, ocupa uma parte muito significativa na vida econômica e social de nosso país, mas as pessoas ainda não se deram conta disso. As leis que regem o universo familiar são bem diferentes das que regem o cenário empresarial. O desafio é tornar esses mundos de naturezas tão diferentes, compatíveis, não só porque é uma forma de possibilitar emprego há mais de 90 % da população brasileira, mas porque a empresa familiar é uma forma viável de organização produtiva, com mais pontos positivos do que negativos. 7 As empresas possuídas e administradas por famílias constituem uma forma organizacional especial. Os dirigentes-chave são parentes, tem as mesmas tradições, são educados dentro dos mesmos valores e seus objetivos, mesmo podendo ser diferentes, brotam de uma mesma fonte. Esta intimidade tem que adaptar-se ao profissionalismo de um comportamento empresarial e daí os papéis de cada um na família e na empresa podem se tornar confusos. As pressões da empresa podem sobrecarregar e destruir os relacionamentos familiares ou vice-versa. Quando se tem um problema na empresa e se trabalha mal, criam-se níveis de tensão e raiva que num piscar de olhos podem destruir anos de relacionamento familiar sadio. Mas, quando se trabalha dentro de um ambiente harmonioso, os pontos positivos são compensadores: cumplicidade, comprometimento, investimento e dedicação. É necessário enfocar as características específicas de uma empresa familiar dentro de um todo. Elas não podem ser encaradas como problemáticas, devem sim apresentar uma realidade diferente de padrões impostos pela competitividade do mercado da globalização que tem tudo para dar certo se seu processo administrativo for planejado, organizado, dirigido e controlado de maneira otimizada. O ideal é o fortalecimento e o rejuvenescimento destas empresas, tornando-as cada vez mais eficazes e duradouras. As experiências mostram que o executivo familiar bem sucedido é o que combina de forma acertada a participação de parentes competentes e interessados com executivos profissionais na gestão da sua empresa. Nos dias de hoje é praticamente impossível uma pequena empresa familiar obter lucro sem descentralizar o poder (sair do comando carismático do fundador para uma profissionalização gerencial ou uma sucessão familiar bem estruturada). As empresas bem sucedidas são aquelas que preservaram a sobrevivência da empresa sem reduzir a sua competitividade e sua lucratividade. Já as que são consideradas mal sucedidas, seriam aquelas que tiveram no seu processo de sucessão uma diminuição de retornos, de tamanho da empresa ou até a sua falência. 8 A empresa familiar para ser colocada como bem sucedida, considerando também o processo de sucessão, tem que compreender a dinâmica do dia a dia de trabalho e dos sentimentos das pessoas que fazem parte deste processo. Os sentimentos humanos têm que ser compreendidos de forma mais ampla, pois os relacionamentos familiares e as emoções brotam deles e influenciam diretamente na empresa familiar. 9 CAPÍTULO I: Conceito da Estrutura Familiar - Perfil das Relações Humanas O objetivo deste capítulo é conceituar a estrutura de uma empresa familiar nos mais diversos aspectos relacionados à sua organização linear, às suas vantagens e desvantagens, à sua formação histórica , ao seu surgimento dentro e fora do Brasil e, principalmente, em relação aos sentimentos dentro do contexto empresarial. A pequena empresa familiar é conceitualmente uma organização linear originada na hierarquia de comando dos antigos exércitos, onde cada funcionário deve obediência à um único superior e este se dirige apenas à um único chefe. A linha de comunicação dentro da empresa é única e direta baseada na autoridade e na responsabilidade. O dono da empresa, o “pai”, é a autoridade única situada no topo da pirâmide hierárquica. (Princípio da Unidade de Comando) As linhas de comunicação são formais possuindo apenas dois terminais: um ligado ao cargo superior, demonstrando a responsabilidade e outro ligado ao cargo subordinado, representando sua autoridade. Todas as decisões são centralizadas na autoridade máxima, o pai ou o dono da empresa, que baseado nas informações de seu subordinado, toma, sozinho, as decisões que encaminham sua empresa. 10 GENERALIZAÇÃO E CENTRALIZAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO DE RESPONSABILIDADES 1.1- Vantagens e Desvantagens de uma Organização Linear: VANTAGENS Estrutura simples e de fácil compreensão Clara delimitação das responsabilidades dos setores envolvidos Facilidade no controle e na implantação de sistemas Estabilidade garantida pela unidade de comando Operacionalização rápida e simples DESVANTAGENS Dificuldade em inovar Não existe um trabalho de equipe, só existe um tomador de decisão Cada chefe fica preso a ações cotidianas tolhendo sua criatividade Não existe a possibilidade de uma especialização, investimento pessoal A comunicação entre os setores está sempre sujeita à interpretações pessoais Fonte: Kotler, Philip. Administração de Marketing – Análise, Planejamento, Implementação e Controle. São Paulo – Editora Atlas S/A – 1998. 1.2- Etapas da Evolução Familiar: 1.2.1- Família Consangüínea: Os cônjuges comuns são determinados por cada geração consangüínea, ou seja, todos os avôs e avós são maridos e mulheres entre si; seus filhos também formam outro grupo conjugal; seus netos e bisnetos já seriam o terceiro e quarto círculo, respectivamente, da escala conjugal. Deste modo, concluí-se que não existe a figura do tio, do sobrinho e do primo, por exemplo. 11 Este tipo principalmente de família tem nas comunidades grandes da possibilidades Polinésia. de ter existido Esse sistema de parentesco estabelecia que os membros de cada geração consangüínea não eram mais cônjuges comuns, mas sim, irmãos entre si. 1.2.2- Família Punaluana: Quando acontece a exclusão dos irmãos carnais no início e a dos irmãos mais afastados mais tarde. Constitui num dos mais importantes avanços da família e da humanidade. Neste caso, os grupos conjugais são compostos por irmãos ou irmãs, carnais e afastados, agrupados com mulheres e maridos comuns. Desta maneira, as antigas famílias consangüíneas foram realizando sucessivas cisões, criando novas comunidades. Esta maior pulverização de comunidades acabou criando as condições ideais para o estabelecimento dos clãs. 1.2.3- Família Sindiásmica: Composta pela união solúvel de somente um casal, embora a poligamia e a infidelidade masculina fossem aceitas. Caso o matrimônio fosse desfeito, os filhos do casal continuavam pertencendo à mãe, conforme direito matriarcal ainda vingente. Nesse período o homem começa a dominar a produção de artigos da natureza, por causa, principalmente, do desenvolvimento da sua capacidade de domesticar animais e criar gado. Isso, pela primeira vez, gerou um excedente de produção, cuja destinação pertencia ao clã do homem. Entretanto, com a forma de união conjugal à dois, quando a divisão comunitária da produção não fazia mais sentido, foi institucionalizada a propriedade privada, e no caso de uma separação do casal, o homem tinha a posse de toda a riqueza, cabendo à mulher os utensílios domésticos e os filhos. Isso descontentava os homens, uma vez que, embora tivessem assumido uma posição social bem mais destacada, não podiam deixar suas riquezas, após sua morte, para seus 12 próprios filhos. Pelo critério de direito matriarcal, os bens deveriam permanecer no clã do falecido, passando, portanto, para seus irmãos e irmãs, enquanto seus filhos pertenciam ao clã materno. Devido à isso, houve a alteração desse critério de filiação e os filhos passaram para o clã paterno, alterando assim o direito de herança. Nesse momento instalou-se uma forma de família patriarcal, onde o homem passou a ter poder absoluto sobre a mulher, sobre a administração da casa e também dos negócios. 1.2.4- Família Monogâmica: Seu surgimento foi atribuído aos homens e teve como causa principal, assegurar a transmissão do patrimônio paterno aos filhos. Em sua forma mais consolidada, ela apresenta-se menos vulnerável às costumeiras separações dos cônjuges, verificada no estágio anterior. Entretanto, antes dessa consolidação, muitos dos costumes anteriores ainda eram praticados pelos homens, principalmente, os mais ricos. As mulheres eram exigidas no seu comportamento de submissão e de fidelidade e os homens praticavam a poligamia, alem de se servirem eventualmente das mulheres escravas – surgia à prostituição profissional e o trabalho assalariado. 1.3- A História e a Empresa Familiar: A empresa familiar deve ter entrado para a história quando os homens se encontravam sob o regime de matrimônio da forma sindiásmica, tendo em vista que neste estágio surgiram fatores que muito caracterizam esse tipo de empresa, como, por exemplo, o homem conhece a riqueza, institui a propriedade privada e passa a se preocupar com o destino do seu patrimônio. As empresas familiares surgiram no Brasil junto com as companhias hereditárias no início do século XVI, logo após ser descoberto em Portugal. Essas companhias, por serem hereditárias, podiam ser transferidas, por herança, aos herdeiros dos capitães que administravam essas terras. 13 A necessidade de segmentação das companhias hereditárias, para melhor administrá-las e, conseqüentemente, sua entrega para herdeiros, parentes ou não, incentivou o início de vários outros empreendimentos necessários, tais como construção de estradas, centros de distribuição etc. Anos mais tarde, houve o incremento de empresas familiares, resultante de vários movimentos imigratórios, tais como o italiano, o japonês, o alemão etc. Não se pode esquecer, porém, o surgimento de alguns empreendimentos desenvolvidos por brasileiros, os quais consolidaram várias empresas familiares de sucesso. Atualmente, as empresas familiares têm elevada representatividade no Brasil e também no mundo todo. Estudiosos afirmam que 70% das empresas em todo o mundo pertencem a famílias e esse percentual pode aumentar para as próximas gerações, se forem consideradas algumas vantagens das empresas familiares quando se analisa sua preparação para o futuro, focando-se alguns aspectos importantes, como por exemplo: as empresas familiares caminham na frente das outras no que diz respeito à qualidade, pois vinculase o nome da família aos produtos e aos serviços oferecidos por ela no mercado; e o horizonte de investimentos da empresa familiar é mais amplo, pois ela melhor suporta os desaquecimentos da economia, sem falhar com o compromisso da relação família x empresa x mercado, não tendo que responder a acionistas ansiosos por retornos rápidos e seguros. Os estudiosos consultados, citados na bibliografia deste trabalho, também afirmam que: • 70% das empresas familiares acabam quando seu fundador morre; • 30% das empresas familiares sobrevivem na segunda geração e só uma minoria atua até a terceira geração. Segundo ainda estes estudiosos, pode-se considerar que as empresas familiares correspondem a mais de 4/5 da quantidade de empresas privadas brasileiras e respondem por mais de 3/5 da receita e 2/3 dos empregos quando se considera o total das empresas privadas brasileiras. 14 As pessoas tendem a afirmar que a empresa familiar é igual a toda e qualquer empresa, o que não é verdade, pelo simples fato de que uma estrutura familiar, quando transferida para uma empresa, leva uma série de abordagens e interações que são realidades específicas de uma família, o que certamente provoca particularidades de atuação na empresa. Todas as empresas, na sua origem, tiveram um fundador ou um pequeno grupo de fundadores, que eram seus donos. As ações ou cotas da empresa seriam provavelmente herdadas por seus filhos. Praticamente todas as empresas, portanto, foram familiares na sua origem. Dessa forma fica mais fácil preservar a qualidade da sociedade, evitando que herdeiros possivelmente menos competentes (que não sejam da família) entrem para a organização. Enfim, onde quer que exista democracia e liberdade de iniciativa, sempre existirá uma empresa familiar. 1.4As O Conflito entre Sentimentos e Interesses: empresas familiares são diferentes das demais pois possuem características específicas. Existem particularidades das empresas familiares que fogem das características tradicionais da burocracia existente nas demais empresas. Alguns autores colocam essas características das empresas familiares como sendo fraquezas, dizendo que elas precisam ser identificadas para serem neutralizadas. Não chamaria de fraquezas, mas sim de características específicas e especiais, diferentes de qualquer padrão de administração moderno. Cada empresa familiar tem uma estrutura de funcionamento deferente de qualquer outra, seja familiar ou não, pois não existe uma família igual à outra. Todo relacionamento familiar é continuado dentro do dia a dia empresarial, cabendo aos integrantes da família adequá-los de forma positiva para o bom funcionamento da empresa. Existem características de profissionalização, de hierarquia, de impessoalidade, de imparcialidade, que se tornam diferentes dentro de uma empresa familiar. São características de pessoas diferentes que moram e trabalham num mesmo ambiente e se relacionam pessoal e profissionalmente, chegando a um ponto de se confundir o 15 andamento da vida pessoal com a profissional, voltadas, fundamentalmente, para a obtenção do sucesso da empresa. O interesse da empresa deve ter prioridade sobre o da família, pois, preservada a racionalidade da empresa, a família terá sua subsistência garantida. No Brasil, o esquema de burocracia industrial predominante pode ser denominado patrimonialista, pois o tipo de administração que predomina é o do poder doméstico na elaboração de decisões e na alocação dos fatores e recursos da organização. No Brasil, à diferença do que ocorreu nos países plenamente desenvolvidos,, a propriedade e a gerência ainda não se diferenciaram, não existe uma profissionalização das pessoas em relação ao trabalho, o que existe é um aprendizado passado de geração em geração num processo constante de atualização. Neste ponto o controle das atividades dentro da empresa tem um peso muito forte, principalmente quanto às decisões fundamentais, como por exemplo, os investimentos do capital em aplicações bancárias ou em tecnologia (máquinas e equipamentos), mas também quanto a assuntos rotineiros, o que afeta negativamente os níveis de produtividade e até mesmo a margem de dividendos e lucros, pois as decisões dependem única e exclusivamente de uma ou duas pessoas que estão no comando, neste caso, pai ou filha. Existe ainda o problema da descapitalização da empresa pelos membros da família baseados no sentimento de que “se ele pode, por que eu também não posso”; a contratação de administradores profissionais que acabam se indispondo com os membros da família porque têm uma visão objetiva do negócio, e estes, uma perspectiva pessoal e doméstica com o pensamento de que “ninguém de fora pode saber mais do que eu que fundei e estou até hoje nesta empresa”. Não são raros também, os casos de discussões pela retirada sem controle de dinheiro do caixa, já que não existe uma estrutura organizacional do processo de pagamento, dependendo apenas do bom senso dos familiares para saber a hora certa de tirar da empresa uma determinada quantia ou outra. 16 Tanto o pai quanto a filha devem ter como filosofia de trabalho a captação de um maior número possível de recursos para a empresa, valorizando seus vendedores através de boas comissões. Ao final do mês, vem a constatação de que quanto mais se paga a um vendedor, significa que mais capital eles trouxeram para a empresa gerando maior estabilidade financeira e empregatícia. Controles deficientes e falta de planejamento são conseqüências imediatas do desregramento do uso de recursos da empresa, o que gera um sentimento de infelicidade e desconfiança no dia a dia. As práticas tradicionais passam de avós a netos e se constituem em verdadeiros tabus intocáveis, do tipo: “não faça isto pois há 20 anos atrás eu fiz e não deu certo” ou “só mude esta forma de trabalhar quando eu morrer” e ainda “não posso mandar fulano embora porque já trabalha comigo há mais de 10 anos”. Chamamos de “medo” do novo. Há dirigentes de grandes grupos industriais que acreditam que a empresa tem que ser abarcada, comandada por um único homem. Para eles, quando a firma é impessoal e começa a decair, prevalece assim a idéia de que a condição de êxito nos negócios é de que transcorra “sob os olhos do dono”. É certo que o dono estando presente e participando desde o chão de fábrica até a entrega do produto acabado, as coisas têm mais chance de acontecerem corretamente num espaço menor de tempo e, no caso de uma pequena indústria de plástico, é mais certo ainda que se esta empresa tiver uma equipe de profissionais, sejam eles da família ou não, inteirados de todos os processos tanto quanto o dono, ela terá sucesso garantido. Nas empresas brasileiras existe a presença dominante dos proprietários na direção empresarial , sendo que estes administradores profissionais são admitidos por serem “homens de confiança” e não em virtude de suas qualificações técnicas. Concluímos que a impessoalidade e a imparcialidade não são características encontradas nas empresas familiares que deixam que o interesse da família tenha prioridade sobre os da empresa. 17 1.5 - A Inflûencia dos Sentimentos na Sucessão Familiar: A princípio, uma família deveria ter como objetivo manter a independência de sua empresa. Os filhos e seus descendentes deveriam ser estimulados a examinar, antes de entrar na empresa, se estão ou não dispostos a por em prática todos os meios de que dispõem para manter a independência da empresa, se estão a fim de aprender como administrar dentro de uma filosofia familiar. O ideal seria a filha iniciar na empresa do pai como aprendiz de todos os setores para ter a oportunidade de conhecer e aprender um pouco de cada setor e conseguir enxergar a empresa como um todo. Daí surge o sentimento de que aquilo tudo um dia será seu e que só vai depender do conhecimento e da competência da herdeira. A herdeira também deve atentar para as conseqüências de atitudes negativas e neste caso, ver a possibilidade de confiar a direção da empresa a um terceiro que tenha as qualidades exigidas para levar os negócios a bom termo. Com certeza seria uma atitude sensata, mas que causaria uma frustração forte por parte do pai. É fundamental que se faça à distinção daquele que criou uma empresa de um descendente que, em relação a gerações passadas, está moralmente obrigado a assegurar a continuidade dessa empresa e este, com certeza, é o pior sentimento que pode vir a surgir: o sentimento de ter que fazer, de ter que administrar apenas por obrigação, sem envolvimento nenhum. É fato que raras são as empresas familiares que sobrevivem a três gerações da mesma família com o mesmo desempenho. O talento e a capacidade de trabalho não nascem em famílias determinadas, nascem em qualquer país e é desse talento e dessa condição e disposição de assumir riscos e tomar iniciativas, que vive a iniciativa privada familiar, num processo natural de alternância das oportunidades pelo prêmio à eficiência. 1.6- Como Focar Sentimentos e Lucratividade: A empresa deve ter como objetivo alcançar um lucro ótimo. A empresa que tende para um lucro máximo comete um erro. 18 Um lucro ótimo é um lucro que se qualifica como equilibrado considerando todos os elementos presentes, bem como as necessidades e os interesses de todos os grupos ligados de uma ou outra maneira à empresa. Não interessa no nosso caso, que a empresa fuja do seu perfil de pequena e competente. Se o objetivo é o lucro máximo, significa que o lucro está acima de todas as outras considerações e que, portanto, é mais importante do que a qualidade, mais importante do que colaboradores e até do que os clientes. É um ponto negativo para a empresa pois passa aos seus clientes uma impressão de que o dinheiro seria o único ponto importante no relacionamento, o que em longo prazo faria com que o cliente saísse em busca de um novo parceiro que preenchesse todas as suas necessidades de um tratamento personalizado. Além disso, a busca do lucro máximo só é possível em curto prazo, pois obriga a negligenciar outros fatores, o que mais cedo ou mais tarde acabaria refletindo na lucratividade. 1.7- Sentimentos e Investimento Pessoal: Deve-se dar a formação necessária aos membros da família convocados a dirigir a empresa e é igualmente importante que os que já estão no postos de comando tenham o cuidado de se aperfeiçoar constantemente. Sob o aspecto da qualidade da administração é um absurdo fazer distinção entre membros da família e não membros. A distinção deve ser feita entre pessoas capazes e incapazes, entre as pessoas que aprenderam a dirigir uma empresa e os amadores. As pessoas não nascem feitos. O administrador que acredita que vai encontrar homens ou mulheres prontos e competentes, com certeza irá caminhar para o fracasso, porque essas pessoas não existem. É preciso preparar as pessoas, formá-las. A estrutura e a filosofia da empresa deve permitir testar a capacidade de seus sucessores. Criam-se pequenos negócios para abrigar os ou as herdeiras evitando, com isso, os conflitos familiares e dando-lhes espaço para demonstrar sua competência. 19 Com isso adquire-se confiança e se desenvolve a capacidade de empreendedor, usando até estes pequenos negócios como trampolim para o negócio principal. A eficácia gerencial também é medida pela capacidade de formar substitutos, pois só assim as empresas e os subordinados se desenvolvem. 1.8- Futuro: Como lidar como os sentimentos na sucessão Na etapa da sucessão, o mais difícil é perceber qual é o momento certo do fundador bem sucedido se afastar. Aos 60 anos talvez ainda não se tenha bastante autocontrole e força para ceder o lugar. Uma vez ultrapassado o limite dos 65 anos, torna-se cada vez mais difícil tomar tal decisão a cada ano que se passa. O fundador estando preparado para se aposentar deve formar, em tempo, seu sucessor, seja ele da família ou não. Essa mudança de comando não pode causar impactos repentinos nos negócios da empresa. As organizações só têm vida e sucesso na medida em que ela tenha também um traço cultural que preserve de qualquer maneira seus princípios. A empresa familiar é um ideal que deu certo. Ela só poderá continuar dando certo na medida em que se preserve este ideal e isto é responsabilidade do seu fundador e do seu sucessor. 20 CAPÍTULO II: A Interligação Família – Empresa A idéia inicial deste capítulo é demonstrar dentro do contexto da empresa familiar, a influência dos aspectos culturais no comportamento dos familiares no dia a dia de trabalho, nas fases de sucessão, na participação da mulher como dirigente da empresa e no resultado global do empreendimento. Segundo J.B.Lodi, a empresa familiar é “aquela que se identifica com uma família há, pelo menos, duas gerações e quando essa relação resulta numa influência recíproca” A relação numa empresa familiar envolve aspecto hereditário, os laços de sangue e a identificação com um sobrenome de família. Pode-se dizer que uma empresa familiar normalmente nasce com a segunda geração de dirigentes, quando os mesmos necessitam criar novas ligações com os antigos colaboradores e estabelecer novas relações de poder, sob a estrutura de determinada ideologia da sua empresa. 2.1- Ciclo de Vida da Empresa Familiar e suas Mudanças – Fases da Sucessão: Segundo Kelin E. Gersick , John A Davis, Marion McCollom Hampton e Ivan Lansberg, é muito difícil ocorrer a evolução de pequenas empresas para grandes estruturas organizadas. A pequena empresa, até por opção, não cresce, apenas em determinados momentos incha. A maior parte das empresas familiares tem características comuns: 21 • As tarefas de negócios são comuns a todos os membros envolvidos no negócio; • Existe um processo contínuo de transição, pois os negócios são cíclicos e a família desempenha papéis importantes no seu gerenciamento; • A sua natureza é voltada para um determinado tipo de projeto ou empreendimento. Enquanto o ciclo de vida de um produto ou de um serviço se mantém, a empresa subsiste. Porém, esta informação é muito relativa, pois existem muitas possibilidades de continuidade de uma empresa, como também chances de ser extinta, em função de aspectos familiares e não, necessariamente, devido ao tipo de negócio. Quando uma empresa familiar passa por mudanças, ela passa, simultaneamente, por mudanças no ciclo de vida do negócio e no ciclo de vida de seus proprietários. Resumidamente, o interrelacionamento destes dois ciclos pode ser visualizado a seguir: CICLO DO NEGÓCIO FASE I å Sobrevivência; FASE II å A empresa tem duas opções: se preparar para crescer ou entrar no caminho no declínio; FASE III å Quando a empresa se transforma numa grande organização ou desaparece. CICLO DOS PROPRIETÁRIOS FASE I å Primeira geração no comando; FASE II å Crise no poder: a primeira geração entra em conflito com a segunda, pois esta já se diz com competência para assumir a empresa; FASE III å Convivência precária entre as duas gerações. Estas mudanças são fruto de fatores que ao longo do tempo influenciam de forma positiva ou negativa a administração da empresa: aumento dos conflitos interpessoais, 22 preocupação com lucros em curto prazo ao invés de objetivos em longo prazo, procedimentos administrativos enfatizando o imediatismo, falta de definição de processo de integração dos novos membros da família e falta de planos de carreira. Cabe ao administrador da primeira geração observar o que pode estar acontecendo e passar ao da segunda geração toda a sua a experiência para que a tomada de decisão seja correta. Ao filho ou filha, cabe escutar o que está sendo passado e analisar, à princípio juntamente com o pai, para que a decisão acertada possa ser tomada rapidamente. 2.2- Características das Gerações e da Empresa: GERAÇÃO DO FUNDADOR _tendência a ser ditador = concentração de decisões; SEGUNDA GERAÇÃO _crise da liderança entre os sucessores; TERCEIRA GERAÇÃO _interesses divergentes entre os netos; _compatibilidade ou não entre os filhos; _surgimento de _isolamento ramos humano e sacrifício _imobilismo = tende divergentes do clã da família; a manter o que já familiar; vem _egocentrismo; sendo feito; _distância cada vez maior dos _obstáculos à _repartição do poder; valores do profissionalização; fundador; _necessidade ou não _dificuldade para de profissionalização _instalação de treinar e avaliar da empresa; uma crise de filhos. identidade; _tamanho e multiplicidade dos _falta de negócios. profissionaização; QUARTA GERAÇÃO _crise de liderança e de identidade da empresa; _incompatibilidade entre os membros = diferentes relações de parentesco além de pais, filhos e netos; _surgimento de ramos divergentes na família; _a empresa passa ser apenas uma autoafirmação de membros da família. _o dinheiro e o poder podem corromper. Fonte: LODI, João Bosco. Sucessão e Conflito na Empresa Familiar. São Paulo – Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios. 23 2.3- O Comportamento Familiar e o Relacionamento Família-Empresa: Grande parte dos estudos sobre a empresa familiar é realizada a partir da perspectiva. Poucos estudos adotam o prisma familiar, apesar de a relação empresa-família ser influenciada tanto pela empresa quanto pela família. 2.3.1- O Sistema Familiar: Segundo a definição de KEPNER (1983) a família é um “...sistema social aprovado pela lei e costumes para cuidar das necessidades de seus membros. A ”cola”que mantém junta ao longo das vicissitudes das transições do seu ciclo de vida e as complexas e complicadas ligações interpessoais são os vínculos emocionais e os laços afetivos que se desenvolvem entre seus membros, assim como um senso de responsabilidade e lealdade à família como um sistema”. Funcionando como um sistema, a ação de cada indivíduo na família não é isolada por si só. Ela afeta os outros membros, com mais ou menos intensidade, conforme a importância da ação individual para a família. Além disso, cabe à família o atendimento de algumas necessidades emocionais e sociais de seus membros: • A necessidade de pertencer a um grupo = proporciona ao indivíduo o sentido de autovalorização; • A necessidade de intimidade = os membros da família são valorizados e estimados pelo que são e não pelo que deveriam ser; • A necessidade de autonomia e a busca de identidade = é na família que o indivíduo dá início e desenvolve sua necessidade de se diferenciar, distinguindose dos demais. A fim de suprir essas necessidades de seus membros, a família se organiza de forma a estabelecer para cada membro as expectativas quanto ao papel que lhe cabe desempenhar. Para KEPNER (1983), a organização da família tradicionalmente se dá em três subsistemas: o do casal, o dos pais e o dos filhos. 24 O subsistema do casal possui 2 (duas) funções básicas: atender as necessidades e anseios da relação marido e mulher e, ao mesmo tempo, do sistema familiar como um todo. É o subsistema que atua nas decisões da família e, como exemplifica KEPNER (1983), irá controlar as finanças e os recursos, decidir onde e quando a família irá nas férias, como a família se relacionará com os parentes, que pessoas serão incluídas no círculo social, etc. Logo após o casamento os casais começam a estabelecer regras pelas quais cada um irá desempenhar suas tarefas respectivas. O subsistema dos pais se refere ao casal com os filhos. No papel de pai e mãe, o casal busca uma forma para educar e criar os filhos. A forma encontrada, seja ela consciente ou não, influenciará diretamente na maneira como os conflitos entre os filhos serão contornados. O subsistema dos filhos representa um grupo em formação, onde a educação e o aprendizado das regras sociais são transmitidos pelos pais. Os filhos se relacionam de duas formas distintas: de um lado, agem como amigos, se ajudando e cuidando uns dos outros. Por outro, competem entre si pelo amor, atenção e a aprovação dos pais. Um momento delicado na relação dos subsistemas ocorre em função das crescentes disputas do casal e de expectativas frustradas de cada um em relação ao amor do companheiro. Nestes casos é comum que a criança seja incorporada no subsistema do casal como um terceiro membro, onde os três passam a ter suas vidas interpostas umas com as outras. Por exemplo: o pai ou a mãe se torna o protetor da criança e esta se torna o protetor do pai ou da mãe. Em outros casos, os pais buscam na criança o apoio para as disputas entre o casal. Assim, a criança pode se tornar uma espécie de advogado ou juiz no subsistema dos pais ou, ainda mais grave, servir como canalizadora dos males do sistema familiar. Algumas vezes os filhos podem canalizar esses males em sintomas como casos de doença, baixo desempenho na escola ou num agir de forma irresponsável. 25 2.3.2- O Sistema Familiar e a Empresa: DAVIS (1983) coloca que as famílias, assim como as empresas, têm uma forma muito específica de se organizar. O objetivo principal da forma de organização familiar é buscar a união do núcleo familiar (pai, mãe e filhos). MATRIZ FAMÍLIA – EMPRESA GRANDES LUCROS DÁ PARA VIVER N E G Ó C I O EMPRESA QUEBRADA FAMÍLIA TODOS SE ODEIAM TRABALHAM JUNTOS TODOS SE AMAM Fonte: LODI, João Bosco. A Ética na Empresa Familiar. São Paulo: Pioneira, 1994 Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios. A organização familiar regula o comportamento dos membros da família, principalmente através de “regras verbais de conduta” e “fortes padrões de restrição de comportamento”, mantidos de forma inconsciente. A família é um ato de criação pessoal, mas, principalmente, no plano moral. A construção de uma família exige esforço e sabedoria e muito tempo para pensar e avaliar as atitudes de cada membro. Quando a família opta por um determinado segmento para começar a trabalhar, ela acaba reforçando suas suposições iniciais, ou seja, o fato dela decidir em conjunto qual o tipo de trabalho a ser realizado e quais vão ser seus objetivos, significa que esta mudança de foco ou esta opção familiar torna os sistemas familiares extremamente seguros e estáveis. 26 2.3.3- Cultura Familiar: As semelhanças entre comportamentos e relacionamentos dos membros de empresas familiares podem, sob determinado aspecto, chegar a caracterizar “micro-culturas”, resultado da interligação entre o ambiente familiar com a empresa. Alguns autores têm buscado explicar o processo de formação da cultura das empresas familiares. Neste processo, a importância da figura do fundador, tanto na formação da cultura da família como da empresa, aparece como destaque. 2.3.3.1- Cultura Familiar: Segundo KEPNER (1983) cultura pode ser definida como: “uma maneira de perceber e pensar, de julgar, avaliar e sentir; uma maneira de agir em relação aos outros e de fazer as coisas e resolver problemas. A cultura lida com problemas de integração interna e sobrevivência social e, por isso, tende a ser transmitida como um conjunto das soluções adotadas para as próximas gerações. O padrão cultural adotado ou herdado, ao prover um conjunto de dicas para a ação, serve para reduzir a ansiedade; dá sentido, valor e significado ao que poderia ser vivenciado como eventos confusos e esmagadores. Famílias desenvolvem regras para reforçar sua cultura. Estas regras são geralmente ocultas, mas podem ser deduzidas através do comportamento e da comunicação”. Com base nessa definição, a cultura familiar pode ser descrita na forma como expressa as relações e sentimentos de seus membros. Os conflitos familiares, o processo de individuação e a expressão emocional são exemplos da dimensão cultural da família. Os conflitos familiares são reflexos da maneira pela qual o sistema familiar lida com as diferenças entre seus membros. Algumas dessas diferenças são mais delicadas, quando por exemplo, um membro se opõe aos objetivos e à forma do sistema familiar. Muitas famílias crêem que não deve haver diferenças e, assim, reprimem qualquer gesto que estimule a discussão e o questionamento das regras e costumes da família. Entretanto, a repressão do conflito que motivou a discórdia não faz com que o mesmo desapareça. Pior, pode ficar reprimido, escondido, reaparecendo de forma mais agressiva e violenta no futuro. 27 Por outro lado, tentar manejar tais conflitos pode também representar momentos difíceis para a família. Muitas vezes, a decisão de não evidenciar os problemas e conflitos está relacionada à empresa, fruto por exemplo da pressão que deriva do fato de a empresa não poder ter sua imagem abalada por constrangimentos familiares. É, contudo, difícil culpar a empresa como causadora das discórdias familiares, já que não é fácil criticar a fonte do seu próprio sustento. A maneira de lidar com as diferenças em família é notadamente diferente nos tipos de casais. É comum nas famílias de casais com relações simétricas que as diferenças sejam tratadas de forma espontânea e contínua. Essa forma de tratamento, devido ao ambiente competitivo da família, impede muitas vezes que a discussão das diferenças entre seus membros traga benefícios para suas relações. Já entre casais que se relacionam de forma complementar, com a responsabilidade de cada um bem diferenciada e a liderança sendo exercida de forma autoritária, há uma tendência de se definir o que é “certo” e o que “errado”. Rejeitam-se as ações que interfiram no status quo. Nessas famílias, a individuação da criança é moldada segundo os conceitos estabelecidos pelos pais. As famílias recíprocas, por sua vez, tendem a ter um comportamento mais aberto diante das diferenças, buscando no diálogo uma forma de consenso. É comum nestas famílias certos rituais que estimules a auto-estima dos seus membros após as discussões. Tais famílias tendem a estimular a individuação da criança, incentivando-a a participar no andamento da vida familiar. 2.3.3.2- Expressão das Emoções: A possibilidade de expressar as emoções é outro reflexo da cultura familiar. As emoções e os sentimentos nos fazem decidir entre o que gostamos ou não, a maneira de nos relacionar com os outros e o que queremos fazer de nossas vidas. Algumas culturas familiares “são baseadas na premissa de que sentimentos são irreais, embaraçosos, e não dignos de confiança, de forma que os membros nunca aprendem corretamente a nomear e diferenciar certos sentimentos de outros” (Kepner, 1983, p.63) 28 Assim, a expressão dos sentimentos acaba seguindo um padrão estabelecido pela cultura familiar. Em algumas famílias, por exemplo, pode predominar a expressão de sentimentos negativos, caracterizando uma relação tensa entre os membros. Ao contrário, outras famílias estimulam a expressão de sentimentos tanto positivos quanto negativos, onde estes últimos servem como sinais de que algo deve ser atentado e possivelmente corrigido. 2.4- O Fundador e a Formação da Cultura na Família e na Empresa: As empresas familiares de primeira geração têm em comum entre si, a figura do fundador. Este, por ser em geral uma pessoa de personalidade marcante, exerce enorme influência tanto no ambiente da empresa como na família. A sua forte presença é uma das diferenças que marcam o comportamento das empresas familiares de primeira geração em relação às da segunda, terceira e demais gerações. A figura do fundador está associada à do líder, principalmente na empresa, mas também na família. Max Weber, citado por DYER (1986,p.60), caracterizou três tipos de líderes: tradicional, legal e carismático. Os fundadores das empresas familiares têm basicamente uma característica em comum: o carisma. Eles são vistos como pessoas muito confiantes e seguras, às vezes dominadoras e com grande convicção sobre suas idéias. Além disso, fundadores de empresa familiar em geral tendem a: • desconfiar de outras figuras autoritárias; • rejeitar ajuda de outros; • exercer seu poder de forma autoritária e de acordo com o seu humor; • manter suas decisões em segredo; • controlar e organizar totalmente as atividades tanto da empresa como da família; • relutar em delegar coisas para outros; • desenvolver uma filosofia de trabalho por conta própria; • considerar a sua empresa a melhor entre todas. 29 O desejo de realização do fundador é uma característica que merece destaque, isto é, o desejo de estabelecer metas e desafios, de deter a responsabilidade sobre os resultados e de estabelecer as recompensas para os participantes com base nas suas performances. Indivíduos com alto desejo de realização tendem a trabalhar um grande número de horas, gostam de trabalhos inovadores e são meticulosos na análise de cada empreendimento. Eles gostam do trabalho e geralmente relutam em se afastar do mesmo. DAVIS (1983), elabora uma relação entre o sucesso das empresas familiares com o desejo de realização de seus participantes. Se por um lado essa característica é fundamental para os primeiros anos da empresa e o seu desenvolvimento, por outro lado, pode gerar alguns problemas no futuro. O sucesso dos herdeiros, nos primeiros anos de atuação, vem como bagagem herdada da administração do pai-fundador. Se o herdeiro ou herdeira for capaz, ele ou ela consegue tirar proveito desta situação e aos poucos começar a implantar a sua maneira de conseguir resultados, de trabalhar. Não existe fórmula pronta de sucesso, o que existe é um longo processo de adaptação de novas pessoas da família no comando da empresa com o mesmo espírito empreendedor do fundador. BARRY (1975) aponta que o fundador considera a empresa sujeita exclusivamente ao seu controle e tem dificuldades em delegar autoridade e responsabilidades para outros. Esta dificuldade em dividir o poder tem sérias implicações para a sucessão, quando o sucessor está justamente buscando mais responsabilidades e poder, a ser colocado no capítulo três. Muito do senso de realização do fundador e de sua criatividade pode ser explicados por uma infância cheia de dificuldades, até dramáticas, que envolveram morte, solidão, pobreza e imigração entre outras. A vivência de situações adversas e a vontade de vencer tais situações pode ser um componente do complexo quadro que forma a personalidade do fundador. 30 2.5- As Características da Mulher como Dirigente da Empresa: Algumas centenas de mulheres exercem cargos de presidentes, diretoras e superintendentes seja por viuvez, por ausência de sucessão por via masculina, por herança, por incapacidade do marido ou por pura competência pessoal. Algumas situações foram resultados de acidentes ou de acaso, e por isso se fixou a crença de que a mulher só é promovida na falta de uma alternativa masculina. Porém o cargo exercido não é decorativo; muito ao contrário, é uma função difícil, sob pressão, em regime competitivo, no qual o que interessa são os resultados, e diante de um forte preconceito cultural. As mulheres dirigentes apresentam diversas características: • maior estabilidade emocional apoiada numa maturidade psicológica, em que são pouco perceptíveis as disritmias, com maior disposição para uma pronta superação das frustrações; • uma objetividade mais persistente: uma vez definidas a área e a metodologia de trabalho, segue-se uma linha mais disciplinada; • paciência, humildade, auto-renúncia e disposição para operar em ambiente de contrariedade; • disposição para começar de baixo, aprender com a modéstia, suportar condições impróprias; • maturidade para tarefas “housekeeping”, ou seja, administrar serviços sob condições especificadas de performance e em ambientes estáveis; • disposição para negociar fazendo menos concessões devido ao próprio sentimento de insegurança ou à ausência de vedetismo; • inteligência enriquecida pela intuição. Infelizmente, por outro lado, existem algumas restrições em determinadas áreas de atuação: • falta de eficácia na persuasão de outros acionistas poderosos e ressentidos com a sua posição ou resistência de irmãos, primos ou cunhados à sua ascensão; 31 • lentidão na decolagem inicial ou insegurança em áreas operacionais (atividades-fim) devido ao despreparo pessoal; • relações patronais ou institucionais, por exemplo lobbying, prejudicadas pelo preconceito contra o papel empresarial da mulher; • adequação do estilo de liderança ao tipo de pessoas que constitui o grupo dirigente. Algumas dirigentes podem começar com dificuldades devido à estratégia de entrada em determinada área, por falta de assessoria ou despreparo pessoal. Alguns estudos mostram, neste caso específico, que a sucessão empresarial com uma mulher no cargo, deve seguir cinco passos básicos para o sucesso: 1) Um período para “conhecer o negócio”, aprendendo no próprio trabalho sob a guia de um mestre no assunto (o pai, neste caso) å conhece-se um ramo de negócios entrando pelas operações (produção, comercialização) localizadas num nível inferior da empresa (chão de fábrica). Aprende-se fazendo, sob a orientação de pessoal experiente. No mínimo alguns meses são necessários para adquirir um conhecimento da atividade-fim da empresa. As áreas de “staff”, oferecidas às mulheres, praticamente nada ensinam quanto ao ramo em que se está e confirmam o clichê cultural quanto ao seu papel “auxiliar e decorativo”; 2) Aquisição de um mínimo de noções administrativas å a “caixa de ferramentas” da administração não é grande nem complexa, podendo-se estabelecer um roteiro básico para o “know-how” gerencial. Convém verificar a proximidade de algum curso intensivo de administração de bom nível, elaborar uma lista mínima de leituras técnicas e usar inteligentemente as empresas amigas, fornecedores e clientes para curtas visitas de estágio e observação. Um consultor ou assessor pode ser contratado pelo período de alguns meses para encaminhar o aprendizado; 3) Definir por onde entrar na direção ou estabelecer uma carreira de curto prazo å convém evitar funções de assessoria que não respondem por resultados, funções unipessoais em que não se pode exercitar a liderança, funções complexas 32 demais para começar, funções decorativas com títulos superlativos e vazios de conteúdo e, finalmente, funções de alta pressão em que estejam situados os conflitos maiores. Existem poucas áreas-chave na direção, e numa delas deverá estar plantada a futura dirigente. Deve-se começar por onde seja mais fácil atuar devido às suas aptidões ou experiências anteriores, começando do simples para o complexo, do familiar para o estranho, mas nunca por uma atividade de assessoria. Começar sempre numa atividade-fim ou atividade de linha. Evitar dar passos em falso ou entrar em funções mal definidas. 4) Em um ano, duas ou três mudanças para chegar à presidência å Os passos devem ser seguros, porém não se pode perder tempo pelo caminho. “Ficar na prateleira” ou em compasso de espera aumenta a possibilidade de resistência da organização e define a crise de credibilidade de alguns dirigentes. As nomeações precisam aumentar o crédito junto ao grupo de funcionários, numa ordem crescente de autoridade e poder pessoal. 5) O ajuste do estilo de segurança å A reação masculina (de Irmãos, primos, cunhados e outros acionistas) é inicialmente a de uma cortesia condescendente, porém chega o momento em que o estilo de comando definirá o acerto ou o desajustamento da pessoa aos seus pares e subordinados. Este é o ponto mais sensível da cooptação pelo sistema masculino. Há mulheres que mandam demais e há mulheres que têm dificuldade de ser assertivas (a assertividade normalmente parece ser um traço masculino). O treinamento da dirigente deve incluir uma mistura de ciência política e psicologia social, com muito treinamento de relações interpessoais, liderança e comunicações. Enfim, não importa se a posição de presidente foi obtida por ausência de alternativa masculina, por orfandade ou viuvez, o que conta na análise da mulher dirigente é a performance e a contribuição para os resultados da empresa. 2.6- Resumo do Empreendimento Empresa Familiar: 33 CICLO DE VIDA DA EMPRESA FAMILIAR CRESCIMENTO FUNDAÇÃO _Conflitos latentes; _Sucesso; _Força do fundador. _Velocidade de crescimento esconde os problemas estruturais “PAI RICO” APOGEU _Firma atinge o máximo; _Efeito residual do êxito do crescimento; _Manifestação do conflito; _Perda de posições. “FILHO NOBRE” DECLÍNIO _Falta de liderança; _Conflito em família; _Divisões; _Pulverização do Patrimônio; _Obsoletismo; _Crise; _Decadência. “NETO POBRE” Fonte: LODI, João Bosco. A Ética na Empresa Familiar. São Paulo: Pioneira, 1994 - Biblioteca Pioneira de Administração e Negócios. 35 CAPÍTULO III: Estratégias da Sucessão Familiar Existem muitas classificações do tamanho de empresa para determinar se é pequena, média ou grande, dependendo do faturamento ou número de funcionários. A literatura também mostra que uma empresa pode ser conceituada como empresa familiar e empresa profissional, onde a família se desvincula do gerenciamento do empreendimento. O gerenciamento profissional é aquele em que o topo da administração é ocupado por pessoas que não tenham ligação sanguínea. Já o gerenciamento familiar é aquele em que há membros da família atuando na administração do empreendimento. Na ligação destes dois tipos de gerenciamento, encontra-se o processo da sucessão familiar, que sem dúvida alguma é um dos grandes desafios da estratégia de marketing de uma empresa familiar. Não se deve considerar a família, em si mesma, como um problema para a empresa. Havendo parentes devidamente treinados , preparados e competentes, passa a existir uma grande força motriz de uma pequena empresa familiar: pessoas ligadas afetivamente ao trabalho, com capacidade de gerir seus recursos da maneira que melhor convier, para atingir os objetivos de ganhos financeiros. 36 Porém, a falta de profissionalização dos parentes, que na maior parte das vezes não reconhecem esta necessidade de estruturação de metas claras, plano de carreira, criação de um código de relações entre membros da família e funcionários e, logicamente, um programa de avaliação de desempenho, não só dos demais empregados, mas principalmente de gerentes e diretores, fazem com que a empresa familiar seja considerada por muitos estudiosos e por boa parte do mercado, como um sinônimo de ineficiência, ou seja, sem habilidade para atuar em mercados cada vez mais competitivos. A empresa familiar tem a necessidade de enfrentar mudanças e para conseguir ultrapassar este processo sucessório com sucesso, deve compreender e conhecer a fundo sua organização e definir sua identidade e filosofia de trabalho. A empresa familiar existe e continuará existindo sempre. O importante é se pensar como ajuda-la a ser mais forte e saudável. É fato que a empresa familiar é fundamental ao nosso país e hoje tem grande representatividade. É claro que existem medidas a serem tomadas no sentido de dar à esta empresa condições de sobrevivência muito melhores (sempre escutamos dos governos que haverá um incentivo fiscal às pequenas e médias indústrias do nosso país), mas, é verdade também, que a maioria das famílias controladoras de empresas não age nesse sentido porque os lados emocionais impedem que as pessoas ajam racionalmente. O processo de sucessão trata de como cada empresário analisa a sua empresa do ponto de vista da qualidade da gestão de cada especificidade desta relação diária de negócios e sentimentos. A sucessão não é uma única coisa, mas muitas. Ela sempre leva tempo e o processo nem sempre é racional e engenhoso. O ou os proprietários precisam, entre outras coisas: • Formular uma visão de uma futura estrutura de controle; • Desenvolver e treinar os sucessores em potencial, sejam eles da família ou não; • Superar problemas ligados ao sentimento familiar; • Estar preparado para mudanças inesperadas. 37 Já ao sucessor ou à sucessora, cabe muito trabalho em tempo integral na empresa. A formação de atitudes junto aos funcionários e junto aos clientes e fornecedores dita o caminho que a empresa e a família vão seguir depois de consolidada a transição do poder. Dedicação, responsabilidade e credibilidade, são qualidades fundamentais principalmente durante os primeiros passos. A entrada do sucessor ou, no nosso caso, sucessora, deve ser feita entre os 20 e 30 anos de idade assumindo um cargo efetivo na empresa, sendo que seu treinamento é monitorado por um funcionário mais experiente. Esta pessoa é conhecida como um agente de mudança, o qual deve ter a capacidade de passar conhecimentos teóricopráticos, conciliar posições diversas, evitar situações internas que afetem drasticamente a vida da empresa, integrar valores tradicionais e modernos, estimular debates criativos, aumentar o diálogo entre setores para envolver as pessoas no compromisso da mudança. Deve-se levar em consideração a identidade do empresário, o espírito da empresa e a viabilidade política do momento da mudança. A empresa familiar mantém características próprias, pois os aspectos particulares, pessoais, continuam influenciando a tomada de decisões. Em função disso, é necessário ter a consciência das forças e das fraquezas de cada um membro da família envolvido. Segundo Lansberg, existem dois conceitos básicos do processo de sucessão familiar. O primeiro mostra um número vasto de opções pós-sucessão à disposição da família e aos processos envolvidos nas transições para cada uma delas (todos diferentes na sua essência). Algumas dessas transições de liderança envolvem uma troca de pessoas na direção da empresa, envolvendo mudanças essenciais na estrutura e na cultura dela. O segundo conceito é que a escolha de uma ou outra estrutura a qualquer momento, é movida por um sonho comum, no qual as aspirações de cada membro da família são entrelaçadas numa visão coletiva do futuro de todos e, logicamente, da empresa. Os membros mais velhos da família têm sonhos individuais para a empresa e para a família depois que eles se forem. Eles podem ver a empresa como um monumento às suas realizações com os novos líderes repetindo seus sucessos ou ainda, numa visão muito diferente, corrigindo todos os erros que eles cometeram. Mas, cada membro mais jovem da família também tem seu sonho, sua visão. 38 O processo ideal, se é que se pode ter um processo ideal, de planejamento sucessório é a revelação gradual desses sonhos pessoais e sua integração em uma meta e um rumo de ações. É importante que haja uma educação, no próprio trabalho, sobre a história, a cultura, a estratégia e a filosofia do negócio. Se um sucessor ou sucessora não é o ou a melhor candidato ou candidata à liderança, deve se mostrar bem claro para o fundador logo durante o desenvolvimento do negócio. Esta liderança pode ser desenvolvida através de um trabalho em equipe e de tomadas de decisões participativas. A sucessão na empresa familiar é um processo que nunca deve ser negligenciado. Logo após uma transição, os novos líderes devem começar a falar sobre a outra nova geração de líderes, recomeçando novamente o processo. O planejamento deste processo, seja ele profissional ou familiar, é fundamental. Todas as vezes que este processo se viabiliza, os resultados tendem a ser positivos. Inicialmente, deve-se identificar os objetivos a serem alcançados em nível de toda a empresa e depois por departamentos ou setores (essa identificação dos resultados a se esperar deve andar em paralelo com a formulação do planejamento estratégico da empresa). Nesse momento, devemos nos perguntar: qual será o perfil adequado do profissional que vai assumir a direção da empresa? Será que este novo profissional deve ser parecido com o atual administrador ? Essas questões nos levam a entender que esse perfil deverá ser estabelecido de forma interativa com as forças básicas de gestão da empresa. A escolha desse perfil pode ser fácil ou difícil, vai depender do nível de franqueza e honestidade predominantes neste processo. 39 3.1- Sucessão Profissional: ANTES DURANTE DEPOIS _Planejamento bem estruturado; _Fundador e sucessor bem próximos um do outro; _O fundador deve se afastar da empresa; _Antecipação do processo sucessório; _Fundador deve ser crítico, observador e objetivo; _Manter um contato de “consultoria” informal _Visão de curto, médio e longo prazos; _O fundador deve considerar _O sucessor deve seguir a filosofia de trabalho da o projeto traçado; sua empresa; _Avaliação constante; _O fundador não deve cobrar resultados em curto prazo; _Estabelecer os objetivos da sucessão; _Estabelecer estratégias da sucessão; _Estabelecer critérios de avaliação do sucessor. _O fundador deve agir como catalisador dos conflitos. Adaptação de Gersick, Kelin E., Davis, John , Hampton, Marion e Lansberg, Ivan. De Geração para Geração – Ciclos de Vida das Empresas Familiares. Negócio Editora – 1997 A sucessão profissional pode ser o meio mais seguro de evitar que a continuidade de uma empresa familiar fique ao sabor da entrada que um parente qualquer, seja ele competente ou não. Tem que haver uma distinção bem clara entre propriedade e gestão empresarial. É perfeitamente possível recrutar um presidente entre executivos que não fazem parte da família, na própria empresa ou fora dela, sem que isso provoque um mínimo arranhão na estrutura da sua propriedade. Os membros da família participam através de conselhos, cada um com a sua cota de participação bem definida, ou seja, a decisão pode ser tomada em trânsito ou até na beira de uma piscina. A sucessão profissional tem grandes vantagens. A profissionalização da empresa requer a presença de um executivo que participa novas experiências acumuladas em outras empresas que passam por um processo de adaptação ao dia a dia da empresa, que hoje é familiar. A empresa recebe novos estilos e filosofias de administração a fim de alavancar seus resultados. 40 Um outro aspecto positivo seria o fato de que o diretor da empresa se sentiria menos responsável pela vida de seus funcionários. Hoje, as empresas familiares tendem a, ao longo dos anos, a aumentar sua “família” com os funcionários de mais tempo de casa. Eventualmente se acontece algum problema, que se fosse envolvendo um profissional qualquer seria caso de substituí-lo, acaba minimizando suas conseqüências e o funcionário permanece na empresa. Nesse momento está criada a seguinte situação na cabeça do administrador: “o que vai ser da vida desse meu funcionário que tem 50 anos se eu mandar ele embora, a final de contas ele já está aqui comigo há tanto tempo, é melhor largar pra lá e fazer com que da próxima vez ele faça o certo”. A profissionalização permite ter uma maior flexibilidade na substituição dos executivos, pois o enfoque é exclusivamente profissional, ignorando mais facilmente os aspectos emocionais. Existem, neste processo, certas precauções que devem ser tomadas. Os executivos são contratados pela sua competência e chegam com um pacote de informações pronto para ser implantado. Este pacote pode não ser o adequado naquele momento para aquela empresa familiar. Deve-se ter o cuidado com a incorporação desta bagagem no estilo de administração da empresa familiar em foco. A principal maneira de evitar esse problema é a efetiva participação do executivo catalisador do processo sucessório em todos os momentos do processo sucessório, do recrutamento e da seleção, bem como o posterior treinamento do executivo profissional sucessor. Neste processo, também existe um outro fator negativo. O executivo profissional nunca vai ser de total confiança, como por exemplo seria um funcionário de anos de casa (como o citado no exemplo anterior). Ele pode pedir demissão a qualquer instante em busca de novas oportunidades oferecidas pelo mercado, já que não tem nenhum vínculo sentimental com o atual emprego. Ele está sempre em busca de um maior salário. 41 3.2- Sucessão Familiar: Esta situação acontece quando a sucessão de comando na empresa fica dentro de uma mesma família. Nesse caso o mais importante é a interação da empresa familiar com a família e vice-versa. A família e a empresa, embora estejam atuando num mesmo ambiente, são duas instituições com abordagens bem definidas e bem diferentes. De um lado há a instituição negócio – empresa familiar – e, de outro lado, a instituição social – família. O impacto das sucessões familiares é muito elevado para as empresas, mesmo tendo suas vantagens e desvantagens. A continuidade do comando familiar na empresa pode ser considerada uma vantagem na sucessão familiar, isto se o herdeiro for uma pessoa competente. Às vezes o executivo herdeiro chega completamente cru na empresa do pai-fundador, mas o seu interesse no negócio familiar contribui para que, ele ou ela, aprenda rápido a função de principal administrador. O treinamento desse herdeiro é feito de forma intensa e longa. Ele, até sem saber, começa a ser treinado desde a juventude, quando em casa durante um almoço familiar, é questionado sobre assuntos de trabalho pelo pai-fundador já com o objetivo de despertar o interesse pelo assunto. Em alguns casos, esse treinamento intenso pode ser realizado em outras empresas, nas quais o herdeiro atue como um funcionário comum (estágio). Ele conhece outras realidades e, se for uma pessoa inteligente e sensível, perceberá a importância da subordinação hierárquica e da responsabilidade por decisões que encaminhem os resultados da empresa. Esse treinamento também deve fazer com que o sucessor ou sucessora perceba a verdadeira importância do espírito de família dentro de uma empresa. O espírito de família é a meta de qualquer empresa, seja ela familiar ou não, porque o administrador comanda melhor se todos os seus funcionários estiverem ali trabalhando por um mesmo 42 objetivo. Não é nada produtivo o trabalhar por trabalhar olhando para o relógio de minuto em minuto e torcendo para chegar o dia do pagamento. É claro que o dinheiro contribui para o envolvimento no trabalho, mas não é essencial. Num ambiente de trabalho onde as pessoas são amigas e convivem saudavelmente, a produção é maior, o cliente é mais bem atendido e a empresa tem maiores chances de se manter lucrativa. Não se trata de um jogo de palavras, trata-se de mostrar que não é à toa que as empresas que não são familiares invocam de forma prioritária este espírito de família no trabalho, para se desenvolverem melhor e alcançarem o sucesso. Infelizmente os aspectos negativos na sucessão familiar são muito graves, pois ao mesmo tempo podem quebrar uma empresa e destruir uma família. Quando chega o momento de um membro da família ser escolhido para assumir o comando da empresa da família, todos os herdeiros podem se candidatar (lógico que nessa hora só se pensa nos direitos e se esquecem dos deveres). O simples fato de começar esta disputa já pode ser um bom motivo para uma série de problemas. O correto seria a entrada de todos os candidatos à sucessão na empresa familiar para um período de treinamento, onde o mais indicado para assumir o cargo acabaria aparecendo naturalmente. É fundamental que esse processo de treinamento seja aceito por todos os familiares para que esta desvantagem dentro do processo de sucessão familiar seja minimizada. E o fundador, ele sabe quando sair da empresa e o que fazer da sua vida depois de tantos anos dentro de uma empresa familiar ? Ele sabe quem colocar no seu lugar ? Como continuar orientando seu sucessor ou sua sucessora sem se intrometer na administração da empresa ? Existem vários empresários notáveis e competentes que têm uma boa opção na família para a sucessão na empresa e que não conseguem efetuar a transição do poder por falta de definição pessoal do que fazer com o seu tempo que vai ficar livre. Daí cria-se o que 43 podemos chamar de fosso gerencial, ou seja, a diferença de estilos e concepções de vida que dificultam o diálogo entre duas ou mais gerações, o que atrapalha o funcionamento da empresa e o entrosamento da família. O desprendimento do poder é uma decisão muito difícil. Para uma pessoa que a vida inteira trabalhou e lutou para construir um patrimônio para a família de repente abandonar tudo para colocar a filha ou o filho no comando e partir para uma indefinição, é mais difícil ainda. Se o pai-fundador efetivamente se empenha na formação do filho e este deseja ser um empresário tão capaz quanto o pai, certamente haverá atritos e disputas de personalidade, pois trata-se de entregar a outra pessoa o fruto da sua própria vida. Essa condição de “aposentado” pode levar uma pessoa à depressão e, em casos mais graves, até à morte. O pai-fundador teria que transferir o poder administrativo enquanto está em pleno vigor físico e mental, para ter condições de criar novas metas em sua vida para ocupar seu tempo livre e para orientar os que ficaram no seu lugar. Ou então, através de um planejamento estratégico previamente estudado para a sua sucessão, ele, o pai-fundador, começar a desenvolver atividades em paralelo ao negócio familiar, como por exemplo, serviços de consultoria na mesma área de atuação da empresa familiar. 44 Administração da Empresa Familiar CAPÍTULO IV: Em toda parte, inclusive nos Estados Unidos e em todos os outros países desenvolvidos, a maioria das empresas é controlada e administrada por famílias. E a administração familiar não se limita às pequenas e médias empresas – famílias dirigem algumas das maiores empresas do mundo. Contudo, os livros e cursos de administração tratam quase que exclusivamente das empresas de capital aberto e dirigidas por profissionais, raramente mencionando as empresas familiares. É claro que não há diferenças entre empresas dirigidas por profissionais e as comandadas por uma família com respeito a todo o trabalho funcional: pesquisa, marketing ou contabilidade. Mas com respeito à Administração, a empresa familiar requer regras próprias e muito diferentes que precisam ser estritamente observadas; caso contrário a ela não conseguirá sobreviver e tampouco prosperar. A primeira regra é que os membros da família não trabalhem na empresa, a menos que seja no mínimo tão aptos quanto qualquer funcionário não pertencente a ela e se esforcem no mínimo tanto quanto este. É muito mais barato pagar a um sobrinho preguiçoso para que não venha trabalhar do que mantê-lo na folha de pagamento. Numa empresa familiar, os membros da família são sempre da “alta direção”, independente do seu cargo ou título oficial, porque nas noites de sábado eles sentam para jantar com o patrão e o chamam de “papai” ou “titio”. Assim, a presença na empresa de membros medíocres ou, pior ainda, preguiçoso, causa 45 - e com razão - ressentimentos com os colegas não pertencentes à família. Eles são uma afronta ao auto-respeito. Se os membros medíocres ou preguiçosos da família são mantidos na folha de pagamento, o respeito pela alta direção e por toda a empresa desaparece rapidamente na força do trabalho. Os funcionários capazes, mas que não são da família, não permanecerão por muito tempo. E aqueles que ficarem em pouco tempo se tornar-se-ão bajuladores. A segunda regra é igualmente simples , independente do número de membros da família na direção da empresa e do quanto eles são eficazes , um alto cargo sempre é preenchido por alguém de fora da família . Normalmente é um cargo que possui qualificações técnicas importantes . Esta pessoa estranha à família deve buscar apenas um relacionamento profissional . Ainda que mantenha laços de amizade com membros da família , ele nunca deve comparecer às suas festas , nem mesmo jogar golfe no mesmo clube freqüentado pelos membros da família . O conhecimento e a experiência necessários, seja em fabricação seja em marketing, finanças, pesquisas ou gerenciamento de recursos humanos, tornaram-se grandes demais para serem satisfeitos por alguém que não seja o mais competente membro da família, por mais bem-intencionado que ele possa ser. E estes profissionais de fora precisam ser tratados como iguais e deverão ter “cidadania plena” na empresa; caso contrário, simplesmente irão embora. Num mercado de concorrência acirrada margens de lucro reduzidas , uma transição tumultuada , como muitas vezes acontece quando a primeira geração passa o bastão para a Segunda , pode ser fatal à empresa . A fim de evitar que o lado emocional das relações familiares dificulte a perpetuação da empresa no mercado , fundadores e herdeiros estão adotando acordos societários que definem direitos e obrigações dos sócios . 46 É um erro o fundador estimular todos os filhos a olharem a empresa como a única opção. Isso costuma provocar disputa pelo poder e frustração nos herdeiros que não tem afinidade com o negócio . Os herdeiros , precisam ter liberdade de escolha , mesmo que isso implique seguir uma carreira no mercado de trabalho ou montar um novo negócio . Muito poucas empresas familiares e seus proprietários aceitam as regras gerenciais e o preceito básico subjacente a todas elas : a empresa e a família somente sobreviverão e se sairão bem se a família servir à empresa . Nenhuma das duas se sairá bem se a empresa for dirigida para servir à família . A palavra mais importante em “empresas administradas pela família” não é “família” . Ela tem de ser “empresa” . O mundo está passando por um momento de grandes mudanças sociais impulsionadas pelos desafios da manutenção de vantagens competitivas perante o mercado mundial , e este por sua vez se encontra , a cada dia mais disputado e globalizado , ou seja um mercado único para consumidores e pessoas com necessidades e desejos únicos . Todas estas mudanças criam expectativas sobre os prováveis desafios para os anos que se seguem. Muitos autores determinam suas previsões ; nós que nos utilizamos delas para diagnosticarmos o futuro de nossos negócios devemos estar em sintonia com todas estas modificações sociais e com os possíveis impactos que elas proporcionarão sobre todos os aspectos do cotidiano de nossas vidas e do mundo dos negócios . Prever o futuro é simplesmente impossível , mas , vale a pena identificar os principais acontecimentos do passado que terão efeitos presumíveis nos próximos 10 anos e assim, preparar-se para o futuro “que já aconteceu” , ou seja , estudar e aprender o que está ocorrendo agora , e o que estes fatos podem gerar de modificações no futuro . Devemos estar cientes quanto ao fato de que estamos ingressando na Era do Conhecimento, e também que os prováveis desafios dos próximos anos não serão técnicos nem racionais , mas essencialmente culturais : como dirigir as organizações para que criem e alimentem o conhecimento ; como saber quando deixar as máquinas de lado e confiar em seus próprios critérios ; como viver em um mundo que as empresas 47 estão cada vez mais expostas e , por isso , vulneráveis ; e como preservar a capacidade de aprender das empresas e das pessoas . Considerando estes assuntos polêmicos veremos as visões de dois dos mais importantes autores de livros de Administração da atualidade que foram publicadas na revista Harvard Business Review: 1. O desafio dos países desenvolvidos . Por Peter Drucker – Ele é considerado o “pai da Administração moderna” . Há mais de 60 anos ele vem combinando a capacidade de analisar sistematicamente a ciência da administração com uma aguçada percepção da condição humana . Tem publicados no Brasil , entre outros , os livros “A revolução Invisível” , “Sociedade Pós-Capitalista”, “Administrando para o Futuro” e “As fronteiras da administração” . Quando se trata de assuntos humanos – políticos , sociais , econômicos ou de negócios – é inútil tentar prever o futuro . Mas é possível e proveitoso , identificar os principais acontecimentos do passado que terão efeitos previsíveis nos próximos 10 ou 20 anos . É possível , em outras palavras , identificar e se preparar para o futuro baseado nos fatos passados . Nas próximas duas décadas , o fator de maior influência sobre a vida das empresas – na ausência de guerras , pragas ou de uma colisão com um cometa – não será a economia ou a tecnologia , será a demografia . Nesse sentido , o fator – chave para as empresas não será a superpopulação do mundo , sobre a qual temos sido alertados nos últimos 40 anos , mas a crescente subpopulação dos países desenvolvidos – Japão e países da Europa e da América do Norte . O crescimento econômico não poderá mais ser proveniente do aumento de trabalhadores – ou seja , gerado por maiores investimentos , como ocorreu no passado – nem se basear no aumento de demanda . sensível e Ele só será viável a partir de um aumento contínuo da produtividade do único recurso que ainda proporciona uma vantagem competitiva para os países desenvolvidos – o qual , provavelmente , eles ainda manterão por mais algumas décadas : que é o conhecimento e os trabalhadores do 48 conhecimento. O conhecimento é diferente de todos os outros tipos de recursos . Torna – se constantemente obsoleto e, assim , o que é avançado hoje pode ser a ignorância de amanhã . A produtividade do conhecimento e dos trabalhadores do conhecimento não será o único fator competitivo na economia mundial . Mas é provável que se torne o fator decisivo , pelo menos para a maioria dos setores econômicos dos países desenvolvidos . Em muitos casos , as pessoas nem sequer serão funcionárias das organizações para as quais trabalham , mas contratadas , especialistas , consultoras, funcionárias em tempo parcial , parceiras em joint-ventures , etc. Cada vez mais essas pessoas passarão a ser identificadas mais por seu próprio conhecimento do que pelas organizações que as remuneram . 2. Espelho , Espelho meu .... Por Esther Dyson – Ela é editora da “newsletter” e amplamente reconhecida como uma das mais competentes analistas de tecnologia dos Estados Unidos na atualidade . Os executivos andam refletindo bastante sobre as muitas oportunidades que a Internet oferece . Mas, para ter sucesso em um mundo “interconectado” , precisarão também mudar radicalmente de mentalidade . Os executivos e suas organizações terão de aprender a conviver com a maior visibilidade e – talvez mais assustador – com a perda de controle sobre a imagem corporativa . As empresas sempre tentaram , com diferentes graus de sucesso , controlar a maneira como são “percebidas” pelas pessoas de fora , para isso percebe-se a quantidade de pessoas que trabalham nas organizações nas áreas de relações públicas , relações corporativas e em outros tipos de “relações”. Embora a Internet possibilite às empresas falar diretamente com seus clientes sem ajuda dos canais de distribuição , da publicidade de massa ou da mediação da imprensa , ela também permite às pessoas de fora conversar sobre empresas sem a ajuda desses intermediários . 49 No mundo “interconectado” nenhum executivo pode controlar a imagem da sua empresa , ou mesmo alimentar essa expectativa ; o máximo que se consegue é exercer algum tipo de influência . Pela Internet é possível saber tudo de uma empresa , e ninguém pode controlar o que as pessoas dizem sobre uma empresa ; elas podem dizer o que quiserem , e o resultado talvez seja uma mistura de fato , ficção e opinião . Viver com essa transparência exige que os executivos alterem radicalmente seu modo de pensar : - eles precisam aprender que a empresa é a imagem que as pessoas têm dela e descobrir como tirar proveito dessa visibilidade . Estas visões dos grandes estudiosos e a posição das pequenas empresas dentro de um mercado globalizado, gera, cada vez mais, a necessidade de um planejamento enxuto que nos permita elaborar soluções ou estratégias para controlar eventos de grande variabilidade num futuro distante. Estamos falando da importância do Planejamento Estratégico. 50 CONCLUSÃO: Neste trabalho buscou-se evidenciar que os relacionamentos familiares, sejam eles conflitantes ou não, não se confinam ao ambiente familiar e, ao serem transportados para o dia a dia de uma empresa, afetam sua dinâmica. As relações da empresa também afetam a família e, por isso, qualquer pesquisa sobre empresas familiares seja ela focando o quê, tem que levar em conta a inter-relação família-empresa. Os sentimentos e as emoções estão presentes nas negociações com os clientes, nas reuniões entre setores e nos conflitos que surgem. A maneira que a família foi e é estruturada é demonstrada na administração da empresa, seja ela profissional ou não. O proprietário quer que sua empresa seja lucrativa, quer que ela proporcione um bom padrão de vida para a sua família e que todos os seus tenham conforto, amor e proteção, especialmente seus filhos. Ele se preocupa com a possibilidade de que conflitos familiares ou a falta de profissionalismo possam prejudicar a capacidade empresarial do negócio, destruindo o suporte financeiro de toda a família, corroendo assim todo o seu patrimônio conseguido ao longo de anos de trabalho. A empresa e a família devem se sustentar mutuamente e não se destruírem. Elas têm que juntar suas forças para que juntas possam criar um diferencial no mercado. Não se pode resolver problemas ou gerar negócios olhando somente para a empresa ou para a família ou para os comandantes. 51 A empresa familiar tem que ser tratada como uma empresa familiar, possuída e dirigida por pessoas que são, umas para as outras, muito mais do que meros companheiros de trabalho. A família tem que ser tratada como uma família que tem um patrimônio construído com esforço e dedicação por um pai-fundador, que envolve parentes que escolheram trazer suas vidas profissionais para o ambiente familiar. Às vezes este pai-fundador desperta um sentimento misto de ternura e ódio, por causa do seu autoritarismo e da sua bagagem de conhecimentos sempre verdadeiros, inibindo qualquer tipo de criatividade. Este sentimento tem que ser dominado pelo sucessor ou pela sucessora, pois o pai-fundador tem que ser tratado com devido respeito, pois é a pessoa que conquistou sua identidade pessoal com firmeza e que está dando uma importante chance aos seus familiares de continuidade da empresa com sucesso. Se não fosse ele nada disto seria possível e os familiares teriam que entrar na desgastante concorrência do mercado de hoje. Cada caso é um caso. Não existe uma fórmula pronta para que uma empresa familiar dê certo. Tem que se levar em conta o estágio de desenvolvimento da empresa e o tipo de cultura da família atuante. Os objetivos têm que ser os mesmos, tanto para a família quanto para a empresa. Qualquer diferença neste contexto provoca conseqüências importantes para a empresa e para a família, porque influenciam tudo que está na mente dos membros-chave e tudo aquilo que está mais próximo do coração: emoções e sentimentos. Ao longo destes anos pude observar o quanto é difícil viabilizar uma pequena empresa neste país. Tem que se fazer o possível e às vezes até o impossível para sobreviver em nome da vontade de deixar um patrimônio lucrativo para a família. Aprendi a ouvir e a lidar com as diferenças que, conforme as minhas responsabilidades foram aumentando, também se mostraram mais constantes. Aprendi a respeitar críticas de trabalho e a me colocar com a devida postura de aprendiz, deixando a raiva e a inveja de filha de lado. 52 BIBLIOGRAFIA: • BERNHLEM, A. de S. A Empresa Familiar: Oportunidades para Pesquisa. Coppead / UFRJ. 1993. • BERNHOEFT, R. Empresa Familiar – Sucessão Profissionalizada ou Sobrevivência Comprometida. São Paulo: Ed. Nobel. 1989. • CHON, M. Passando a Tocha. São Paulo: Mackron Books, 1991. • DAVIS, P. Realizing The Potential of The Family Firms. Organizational Dynamics, p. 47-56, Summer 1983. • DE VRIES, M.F.R.K . & MILLER. Narcisismo e Liderança: Uma Perspectiva de Relações de Objetos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 30, Número 3, p.5-16, jul/set., 1990. • FREUD, S. Sobre o Narcisismo: Uma Introdução (1914). In: Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Segunda Edição, 1995. • KEPNER, E. The Family and The Firm: A Coevolutionary Perspective. Organizational Dynamics, p.57-60, Summer 1983. • RISKI, R.P. Profissionalização de uma Empresa Familiar: Estudo de Caso. Coppead / UFRJ. 1993 • OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Empresa Familiar: Como Fortalecer o Empreendimento e Otimizar o Processo Sucessório. São Paulo: Atlas, 1999. • VIDIGAL, Antonio Carlos. Viva a Empresa Familiar! Rio de Janeiro: Rocco, 1996. • GERSICK, Kelin E.; DAVIS, John A.; HAMPTON, M. McCollom; LANSBERG, Ivan. De Geração Para Geração – Ciclos de Vida das Empresas Familiares. Negócio Editora, 1997. • LODI, João Bosco. O Fortalecimento da Empresa Familiar. São Paulo: Pioneira, 1984. • LODI, João Bosco. A Ética na Empresa Familiar. São Paulo: Pioneira, 1994. 53 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 RESUMO 3 METODOLOGIA 4 INTRODUÇÃO 6 CAPÍTULO I Conceito da Estrutura Familiar – Perfil das Relações Humanas 9 1.1 – Vantagens e Desvantagens de uma Organização Linear 10 1.2 – Etapas da Evolução Familiar 10 1.2.1 – Família Consangüínea 10 1.2.2 – Família Punaluana 11 1.2.3 – Família Sindiásmica 11 1.2.4 – Família Monogâmica 12 1.3 – A História e a Empresa Familiar 12 1.4 – O Conflito entre Sentimentos e Interesses 14 1.5 – A Influência dos Sentimentos na Sucessão Familiar 17 1.6 – Como Focar Sentimentos e Lucratividade 17 1.7 – Sentimentos e Investimento Pessoal 18 1.8 – Futuro: Como lidar com os sentimentos na sucessão 19 CAPÍTULO II A Interligação Família – Empresa 20 2.1 – Ciclo de Vida da Empresa Familiar e suas Mudanças 20 2.2 – Características das Gerações e da Empresa 12 2.3 – O Comportamento Familiar e o Relacionamento FamíliaEmpresa 23 2.3.1 – O Sistema Familiar 23 2.3.2 – O Sistema Familiar e a Empresa 25 2.3.3 – Cultura Familiar 26 2.3.3.1 – Cultura Familiar 26 2.3.3.2 – Expressão das Emoções 27 2.4 – O Fundador e a Formação da Cultura na Família e na Empresa 28 54 2.5 – As Características da Mulher como Dirigente da Empresa 30 2.6 – Resumo do Empreendimento Empresa Familiar 32 CAPÍTULO III Estratégias da Sucessão Familiar 35 3.1 – Sucessão Profissional 39 3.2 – Sucessão Familiar 41 CAPÍTULO IV Administração da Empresa Familiar 44 CONCLUSÃO 50 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E CITADA 52 ÍNDICE 53 55 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: 56