XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. A TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO NO PROCESSO DE SUCESSÃO FAMILIAR: UM ESTUDO DE CASO Deborah Mara Siade Barbosa (UFLA) [email protected] Nayara Silva de Noronha (UFLA) [email protected] Daniela Meirelles Andrade (UFLA) [email protected] Este trabalho teve o objetivo de investigar o processo de transferência de conhecimento em um processo de sucessão familiar. As empresas familiares possuem papel importante no sistema econômico brasileiro e o processo de transferência da geestão dentro da própria família consiste em um período complexo dos empreendimentos familiares. Destarte, realizou-se um estudo de caso qualitativo e descritivo em uma empresa familiar de Minas Gerais. Verificou-se que, apesar de negar o conatus, a segunda geração se mantém no processo de sucessão familiar, provavelmente por ter-lhe sido incumbida essa responsabilidade ainda na infância. Palavras-chaves: transferência de conhecimento, empresa familiar, sucessão familiar XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 1. Introdução A empresa familiar é a forma mais simples e antiga das organizações, o que torna evidente sua relevância no contexto em que está inserida. Na presente conjuntura econômica, as empresas familiares representam um número expressivo de empreendimentos, gerando renda e emprego, movimentando a economia (PAIVA; OLIVEIRA; MELLO, 2008; CHRISMAN; CHUA; ZAHRA, 2003). Deste modo, as empresas familiares têm se tornado objeto de estudo em diversas áreas, cujo interesse tem, recentemente, se intensificado. Na perspectiva da administração, o processo de sucessão familiar, focando a transferência da empresa entre gerações, é ponto de fundamental importância para os estudos organizacionais, haja vista sua complexidade (BORGES, 2009; PETRY; NASCIMENTO, 2009; COSTA, 2007; GRZYBOVISKI, 2007; CRAIG; MOORES, 2006; SILVA-JUNIOR; MUNIZ, 2006; TILLMAN; GRZYBOVISKI, 2005; MACÊDO et al., 2004). Dentre diversos conceitos de sucessão na gestão, entende-se, de forma simplificada, que se relaciona ao fator hereditário, por pelo menos duas gerações, ocasionando a influência recíproca nos interesses da empresa e da família (DONNELLEY, 1964; LODI, 1999). No âmbito dos estudos de sucessão familiar, Pimentel (2011) apresenta três perspectivas, sendo que a abordagem do evento de sucessão é mais antiga e foca, usualmente, a questão específica do momento da transição. A perspectiva do processo sucessório, por sua vez, evolui da anterior no sentido de analisar mais eventos adjacentes e tende a se ampliar temporalmente. E, por fim, recentemente, a plataforma de aprendizado parece se colocar como uma extensão da abordagem do processo sucessório, incorporando elementos contextuais e de aprendizagem. Grzybovski (2007) denomina como plataforma de aprendizagem o processo de entendimento e enquadramento da sucessão nas empresas familiares a partir de uma perspectiva histórica e longitudinal baseada nas relações sociais e espaciais que os membros da família empresária constroem ao longo de sua história. Neste contexto, compreender como se dá a transferência de conhecimento no processo de sucessão, a partir dos relacionamentos familiares torna-se uma questão importante de ser estudada. Destarte, o objetivo deste trabalho é descrever um caso de sucessão familiar de uma empresa no setor de decoração enfatizando as ações de transferência de conhecimento de uma geração a outra. Especificamente, pretende-se: (i) compreender como ocorreu o processo de sucessão familiar nesta empresa; (ii) identificar ações desta empresa que levaram à transferência de conhecimento de uma geração a outra e (iii) verificar os impactos do processo de sucessão familiar em seu relacionamento com os stakeholders. Este estudo está estruturado em cinco sessões, sendo esta introdução, a primeira, que apresenta os objetivos e a justificativa da pesquisa. O referencial teórico que confere o arcabouço necessário para a discussão do caso em estudo, contextualizando acerca de sucessão familiar e transferência de conhecimento. Em seguida, é descrita a metodologia da pesquisa e a apreciação dos resultados, por meio de análise de conteúdo das entrevistas. Por fim, a última sessão expõe as considerações finais e sugestões para pesquisas futuras. 2. Referencial teórico 2 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 2.1 O processo de sucessão em empresas familiares A constante e complexa transformação do mundo contemporâneo exige o desenvolvimento de competências viabilizadoras de alternativas que possibilitem a adequação, a evolução e até mesmo a sobrevivência das organizações (SOUZA, 2005). As empresas familiares estão inseridas nesse contexto de competitividade e representam parcela relevante da economia do país. Leone (2005) assegura que aproximadamente 60% dos postos de trabalho e 48% do PIB são gerados pelas empresas familiares. Empresas familiares são entendidas como organizações administradas pelos membros da mesma família ou por um pequeno número de famílias que partilhem de uma visão de negócios que seja sustentável entre gerações (CHUA; CHRISMAN; SHARMA, 1999; CHITTOOR; DAS, 2007; HALL; NORDQVIST, 2008). Por sua vez, o temo “família” é entendido como “um grupo de pessoas ligadas por relações parentais estabelecidas tanto por laços genealógicos, biológicos quanto sociais, como por ocasião de uniões de casais com filhos oriundos de outros casamentos (GRZYBOVSKI; LIMA, 2004, p.7). Insta salientar que mesmo tendo como pano de fundo a sustentabilidade entre gerações, de acordo com Cohn (1991), em torno de 70% das empresas familiares não alcança a segunda geração e das que alcançam apenas metade perdura. Um dos motivos apontados por Lank (2003) para essa mortandade de empresas familiares reside no insucesso do processo de sucessão, Grzybovski (2002) define sucessão como a substituição do criador do empreendimento por um sucessor, o qual dará prosseguimento à obra projetada, criada e gerida pelo pioneiro, porém, com enfoque alterado em relação ao estilo de liderança, podendo renovar a empresa em função da sua formação atualizada em termos teóricos e práticos. Bernhoeft (1989) argumenta que o primeiro processo de sucessão é o mais complexo, visto que a partir dele, a empresa deixa de ser uma sociedade baseada no trabalho de uma única figura – o fundador. O sucessor geralmente possui comprometimento, com os ideais da organização, inferior ao do fundador, pela simples razão de o negócio não representar uma escolha livre, mas sim uma fatalidade. Neste sentido, Bourdieu (2000) em sua obra “As contradições da Herança” discute as discordâncias que podem surgir quando o sucessor não coaduna com a responsabilidade de perpetuar o conatus – projeto familiar. A negação do conatus, no contexto de sucessão familiar significa mais do que o descumprimento de uma obrigação familiar ou do fim da organização. Representa a extinção das tradições e valores construídos e cultivados pela família na figura de seu idealizador. O processo sucessório é assunto relevante e, ao mesmo tempo, delicado (BERNHOEFT, 1989), por isso, não pode ser tratado apenas sob os aspectos puramente lógicos da administração, uma vez que envolve pontos afetivos e emocionais, relacionados à estrutura familiar e, concomitantemente, à estrutura empresarial. Há famílias em que prevalece o bom relacionamento entre os integrantes devido às ideias semelhantes e à cooperação, proporcionando bom desenvolvimento empresarial, devido ao trabalho em equipe, e diminuindo a disputa pelo poder (LONGENECKER et al., 1997). A disputa entre irmãos ocorre quando existe discórdia sobre a política empresarial e/ou sobre a posição (cargo) de cada membro dentro do negócio, afinal, a sucessão implica, inclusive, na modificação das estruturas de poder (CAPELÃO; MELO, 2001). Foi evidenciado 3 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. empiricamente que este tipo de disputa é intensificado quando os filhos começam a se casar, pois novas pessoas passam a fazer parte da família, as quais estão embasadas por valores diferentes dos da família em que ocorre o processo sucessório (LEITE, 2002). Quanto mais se intensificam as disputas familiares, mais complexo se torna o processo de sucessão. Bernhoeft et al.(1999) defendem que, nesse processo, questões emocionais não resolvidas na esfera familiar podem emergir no processo sucessório em forma de chantagens, vaidades e disputas. Lodi (1998) defende que o êxito do processo sucessório está intrinsecamente relacionado à maneira que o pai preparou a família para o poder e para a riqueza. Por sua vez, Longenecker et al. (1997) defendem que a sucessão é um processo contínuo e, por isso, a família deve se responsabilizar, desde cedo, por preparar os sucessores. É um período que envolve uma série de interesses, tanto familiares como empresariais. Em se tratando de interesses empresarias, Pereira e Oliveira (2010) defendem a necessidade de uma estrutura de governança para mediar a orientar a sucessão, haja vista esse ser um momento de incertezas também para os stakeholders das organizações que passam por essa transição. Diante ao exposto, fica evidente o contexto complexo inerente à interação família e organização e, por conseguinte, a possibilidade relevante da ocorrência de conflitos. Logo, a fim de amenizar conflitos futuros, é importante transferir aos herdeiros mais do que bens patrimoniais, visto que esses levarão a disputas de poder e à falta de comprometimento. É importante a transferência de valores, de um legado ideológico, a fim de que o sucessor atribua maior valor e empenho ao projeto de seu progenitor (RAIMUNDINI, 2005). Essa inculcação ideológica é usualmente construída pelo convívio diário do sucessor com o projeto da família. Segundo Bourdieu (2000) o fundador impõe o conatus a seu sucessor de forma implícita – pela expressão de sua personalidade – ou explícita, por meio de ações educativas orientadas pela perpetuação da linhagem. Esse contato cotidiano se dá ao longo da vida do herdeiro – geralmente desde a infância – que absorve naturalmente os valores e o ideário organizacionais, bem como demais informações acerca da dinâmica do negócio da família (KETS DE VRIES, 1993). 2.2 Transferência de conhecimento intergeracional em empresas familiares A aprendizagem organizacional é vislumbrada por Easterby-Smith e Araújo (2001) sob duas perspectivas: a técnica e a social. A visão técnica compreende a aprendizagem organizacional como o processamento, interpretação e respostas às modificações do ambiente interno e externo. Na vertente social, a aprendizagem organizacional está relacionada ao significado que os indivíduos atribuem às experiências de trabalho. Dentro da organização, a aprendizagem de cada indivíduo é cristalizada em forma de rotinas e valores organizacionais, torna-se aprendizagem organizacional. Assim, Elkjaer (2005) afirma que aprendizagem não é um processo individual de pensamento, mas uma atividade relacional em que a construção desse aprendizado está intrinsecamente relacionada ao processo de interação e participação com o outro. Neste contexto, fica clara a ideia de que aprendizagem organizacional e individual não são sinônimos, haja vista o aprendizado organizacional ocorrer por meio das experiências e das ações de seus membros (ARGYRIS, SCHÖN, 1978), ou seja, por meio do conhecimento que esses detêm. 4 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Nonaka e Takeuchi (1997, p. 63) dividem o conhecimento em duas dimensões: ontológica – se refere ao nível em que o conhecimento é gerado pelos indivíduos dentro da organização e como essa os incentiva a produzi-lo e, epistemológica – baseada na distinção entre conhecimento tácito e explícito estabelecida por Polanyi (1966). O conhecimento explícito é aquele transmissível em linguagem formal e sistemática. Por sua vez, o conhecimento tácito é pessoal, é difícil de ser formulado e comunicado, logo, mais custoso de ser transmitido, haja vista “podemos saber mais do que podemos dizer” (POLANYI, 1966, p.8). Desse modo, em um processo de sucessão familiar, o conhecimento a ser transmitido do fundador para o herdeiro é o conhecimento tácito, um tipo de conhecimento subjetivo, adquirido pela experiência, pela prática adquirida ao longo do tempo (NONAKA, TAKEUCHI, 1997). Trata-se de um conhecimento de difícil transmissão, afinal, está relacionado ao conhecimento acumulado ao longo da experiência de vida do fundador, seu background. Segundo Szulanski (1996), o processo de transferência do conhecimento é composto por quatro etapas: (i) iniciação, (ii) implementação, (iii) ramp-up (aprimoramento) e (iv) integração. A iniciação é quando se constata a necessidade de transferência de conhecimento, a fim de sanar um novo problema, por exemplo. A fase seguinte, implementação, consiste na transferência efetiva do conhecimento. Nesta etapa os conhecimentos recebidos são adaptados para atenderem às necessidades do receptor. No aprimoramento, o receptor inicia a utilização dos conhecimentos transferidos e corrige eventuais falhas não identificadas na fase de integração; é comum que o conhecimento não seja utilizado de forma efetiva no começo, mas gradualmente o desempenho será melhorado. No último estágio, a integração, a utilização do conhecimento transferido, com o passar do tempo, se torna rotina. Insta salientar que o processo de transferência do conhecimento pode ser prejudicado por fatores que o inibam ou o retardem (DAVENPORT; PRUSACK, 1998). Os autores afirmam que a falta de confiança entre receptor e transmissor, diferenças de culturas e vocabulários, falta de tempo e de locais de encontro, intolerância a erros, deficiência de capacidade de absorção dos receptores, dentre outros são fatores que dificultam o processo de transferência do conhecimento. Tais dificuldades podem ser encontradas no processo de sucessão familiar, visto que, a transferência do conhecimento intergeracional envolve laços afetivos e subjetivos complexos. 3. Metodologia A metodologia de pesquisa adotada neste trabalho tem natureza qualitativa, uma vez que, contempla as quatro características capazes de identificar este tipo de pesquisa, apresentadas por Godoy (1995), a saber: (i) o ambiente natural – a empresa familiar – como fonte direta de dados; (ii) o caráter descritivo; (iii) o significado que as pessoas dão às coisas e à vida como preocupação central da pesquisa e (iv) o enfoque indutivo. O tipo de pesquisa adotado neste estudo foi o estudo de caso descritivo. O estudo de caso é um método recomendado por permitir a caracterização e explicação do fenômeno em seu contexto (YIN, 2005), o que possibilita atingir o objetivo de descrever um caso de sucessão familiar de uma empresa do setor de decoração enfatizando as ações de transferência de conhecimento intergeracional. Segundo Cançado et al. (2011), a complexidade do processo de 5 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. sucessão e da teia social que caracteriza uma empresa familiar justifica a necessidade de adoção do estudo de caso. Destarte, este estudo de caso foi realizado em uma empresa do setor de decoração de uma cidade do interior do estado de Minas Gerais. Esta empresa do setor de decoração foi indicada por uma agência de apoio ao empreendedor e pequeno empresário devido à participação de seus membros nas atividades proposta pela instituição. A técnica de coleta de dados consistiu em entrevistas, com roteiro semiestruturado, no qual o pesquisador e o entrevistado tinham autonomia para modificar o rumo da entrevista, porém não se afastando do objetivo do estudo. Tais entrevistas foram realizadas pelos pesquisadores com três membros da família que atuam na organização, a primeira e a segunda geração, com duração média de duas horas cada, na sede da empresa. Essas entrevistas foram gravadas, com a autorização dos participantes, e, posteriormente, transcritas pelos pesquisadores para serem submetidas à análise de conteúdo. A análise de conteúdo é uma técnica de tratamento de dados que, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições variáveis inferidas destas mensagens, ou seja, visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema (VERGARA, 2006; BARDIN, 2007). Deste modo, a interpretação dos dados foi feita por meio do emparelhamento (pattern matching), pois os resultados da entrevista foram associados ao referencial teórico utilizado. Este emparelhamento resultou em nove categorias de análise que permitiram a compreensão do processo de transmissão de conhecimento na sucessão familiar do objeto de estudo. Frases e parágrafos foram definidos como unidades de análise. Os excertos extraídos das entrevistas foram dispostos em quadros, de acordo com as categorias às quais foram classificados, conforme será demonstrado na análise de resultados. 4. Análise e discussão dos resultados Os resultados foram organizados em duas partes: na primeira é apresentada a história de fundação da empresa e a descrição do negócio e, em seguida, são analisadas as entrevistas realizadas com os três membros da família: fundador, esposa e filho. A empresa, doravante denominada EF, está no mercado há 15 anos. O fundador da empresa perdeu seu emprego devido à forte crise econômica enfrentada pelo setor ferroviário, no final dos anos 80, do qual era funcionário. A partir dessa situação e vislumbrando no artesanato que sua esposa fazia em casa, inicia-se a história da EF. 4.1 A história da empresa EF A história da empresa familiar EF é um típico caso brasileiro de organizações familiares. O fundador da empresa, denominado neste estudo de JR, iniciou o negócio como alternativa de renda para sustento da família. JR atuava como desenhista técnico em empresas do setor ferroviário, que movia economicamente a cidade na qual a família residia. No final dos anos 80, o setor passou por uma crise econômica e as empresas ferroviárias deixaram a cidade para atuarem em outros lugares, deixando JR desempregado. 6 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. A esposa de JR, chamada neste caso apenas de AL, confeccionava bonecas de pano, em sua própria residência, e as vendia nas feiras semanais da cidade, em algumas lojas e no comércio de cidades vizinhas para complementação da renda familiar. AL percebendo o potencial de seu artesanato iniciou a confecção de cortinas e enxovais para bebês, contudo, esta produção ainda acontecia na casa da família. Com a perda do emprego, JR tomou a iniciativa de abrir uma loja para vender móveis tubulares, tapetes, cortinas, decoração em geral. Desse modo, incentivou AL a mudar sua produção para a loja do marido representando a primeira mudança do negócio da família. Concomitante à mudança física do maquinário de AL, foram adquiridas outras máquinas para facilitar o processo produtivo – uma máquina de overlock e uma semi-industrial. Entretanto, a produção continuava a ser executada integralmente pela família, devido à falta de condições de manter funcionários na organização. O filho mais velho do casal, DL, começou a participar da vida da empresa logo cedo. Iniciou suas atividades na área de vendas, mas também auxiliava na instalação de cortinas. Assim, o negócio foi crescendo lentamente, com tropeços e dificuldades, que foram sendo vencidos pela família. Cinco anos atrás a EF passou por dificuldades financeiras resultantes da falta de profissionalização, comum em empresas familiares. A família buscou a ajuda de uma instituição de apoio ao pequeno empresário e de uma universidade federal mineira que auxiliaram na reorganização do empreendimento, por meio de cursos de gestão empresarial, possibilitando a aplicação de várias ferramentas e métodos, profissionalizando a empresa. Além disso, as responsabilidades foram divididas. JR é a pessoa que idealiza as inovações e mudanças da empresa. Atualmente, não atua ativamente na EF devido a problemas de saúde. DL, herdeiro, assumiu quase todos os setores da empresa, com exceção do setor financeiro que é conduzido pela mãe. O processo de sucessão é tido como encerrado pelos pais, no entanto, eles ainda atuam no cotidiano da empresa. A mãe atua de forma relevante na tomada de decisões, principalmente, financeiras. 4.2 A sucessão familiar e a transferência de conhecimento na empresa Das nove categorias analisadas à luz da análise de conteúdo, as seis primeiras se referem ao repertório interpretativo “o processo de sucessão em empresas familiares” e as três seguintes ao repertório “transferência de conhecimento intergeracional em empresas familiares”. As figuras a seguir demonstram as categorias de análises e seus respectivos fragmentos ilustrativos. 7 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. Figura 1 – Repertório interpretativo “o processo de sucessão em empresas familiares” Fonte: elaborado pelos autores A categoria estrutura familiar demonstra que a empresa EF é uma empresa familiar de acordo com a concepção de (CHUA; CHRISMAN; SHARMA, 1999; CHITTOOR; DAS, 8 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. 2007; HALL; NORDQVIST, 2008) que asseveram serem empresas familiares aquelas geridas por membros da família, neste caso, marido e mulher, ou seja, uma relação estabelecida por laços sociais (GRZYBOVSKI; LIMA, 2004). Na categoria sucessão familiar – primeira geração fica evidente o processo sucessório estabelecido, de acordo com a definição de Grzybovski (2002), ou seja, se trata da substituição do fundador do negócio por um sucessor que dará prosseguimento ao empreendimento com enfoque alterado. Vale ressaltar que JR não acredita que seu sucessor, DL, dedicará o mesmo esforço que ele, pois não enfrentou desafios para que o empreendimento se estabelecesse no mercado. Assim, de acordo com Bernhoeft (1989) a sucessão de JR para DL além de ser complexa simplesmente porque a sucessão é um processo delicado, ainda possui ingredientes que a tornam mais complicada como o fato de ser a primeira sucessão e a crença, por parte do fundador, que seu sucessor não se empenhará o suficiente para a manutenção e crescimento do negócio. De fato, DL afirma ser um negócio que nunca pensou em seguir e que, nos momentos, de raiva, pensa em deixá-lo, mas após reflexão diz que não venderá o negócio da família. Essa passagem deixa clara a inculcação ideológica de que trata Bourdieu (2000), que afirma que o fundador imputa o conatus, inclusive de forma implícita, a seu sucessor, geralmente desde a infância. DL demonstra em seu discurso o fado de permanecer à frente dos negócios da família até o fim da vida. Assim, o sucessor nega o conatus de forma não explícita, pois apesar de afirmar que permanecerá no negócio, afirma não desejar impor aos seus descentes a responsabilidade de perpetuar o conatus e desejar encontrar um gerente para administrar o empreendimento, conforme pode ser comprovado nos excertos da categoria sucessão familiar – segunda geração. Na categoria tomada de decisão fica evidente que o processo de tomada de decisão, apesar de AL afirmar que a empresa já pertence a DL, ainda compete ao fundador. E o panorama de pouca autonomia do herdeiro é corroborado no discurso de AL, assim, é possível afirmar que o processo de sucessão não foi efetivamente completado. Parece ainda haver receio de ambas as partes – fundador e sucessor. Vale ressaltar que AL demonstra não haver disputas pelo poder entre os herdeiros, corroborando o que Longenecker et al. (1997) afirmam acerca do bom desenvolvimento empresarial proporcionado pela semelhança de ideais, ou seja, não há modificação das estruturas de poder entre os irmãos (CAPELÃO; MELO, 2001), conforme pode ser constatado no excerto exposto na categoria convívio familiar. O processo de sucessão parece não gerar incertezas para os stakeholders da empresa EF, visto que o sucessor participa dos negócios familiares há muito tempo. DL está à frente de algumas atividades há vários anos. Conforme demonstram os trechos retirados das entrevistas, na categoria relação com os stakeholders, o relacionamento da empresa EF com fornecedores se mantém cordial como já o era antes do processo de sucessão. Há relativa mudança quando se trata dos funcionários da organização, haja vista o próprio sucessor afirmar que sua tratativa para com os colaboradores é mais dura, menos paternal do que a do fundador. Quanto ao relacionamento com os clientes, percebe-se divergência de opiniões, haja vista, JR afirmar que os clientes ainda vislumbram na pessoa de AL os serviços e produtos oferecidos 9 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. pela EF, ao passo que a própria AL aponta DL como muito bem recebido e competente para o atendimento aos clientes. A Figura 2, a seguir, demonstra os fragmentos do repertório “transferência de conhecimento intergeracional em empresas familiares”. Figura 2 – Repertório interpretativo “transferência de conhecimento intergeracional em empresas familiares Fonte: elaborado pelos autores O conhecimento tácito que o fundador transmite ao sucessor diz respeito à percepção do mercado e de novas oportunidades de negócios. Contudo, conforme evidencia a fala de JR, não é certo que DL conseguirá absorver o que o fundador que lhe transmitir, haja vista se tratar de um conhecimento intimamente relacionado ao background do indivíduo, bastante subjetivo (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Quanto ao conhecimento explícito, DL afirma conseguir operacionalizar a empresa sozinho, pois entende do funcionamento das operações básicas da empresa. Insta salientar que este tipo de conhecimento é de mais fácil aquisição, pois é formal (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). A categoria etapas de transferência de conhecimento demonstra que DL está na fase de aprimoramento, ou seja, o processo de transmissão foi iniciado, as informações foram transmitidas (é provável que nem todas, visto que grande parte do conhecimento é tácito e, portanto, de difícil transmissão). Neste momento, DL faz uso dos conhecimentos recebidos, mas ainda comete erros, não possui segurança total, pois a tomada de decisão ainda é realizada sob a tutela do fundador. Assim, DL se encontra na penúltima etapa do processo de transmissão de conhecimento descrito por Szulanski (1996). 5. Considerações Finais O presente estudo teve como objetivo descrever o caso de uma empresa familiar e o processo de transferência de conhecimento intergeracional. Verificou-se que apesar de o processo de sucessão familiar ser dado como concluído pelo fundador não é o que se percebe na prática da 10 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. organização, pode-se afirmar que ele está em processo de finalização, pois não há gestão total exercida pelo sucessor, como fica claro nos excertos retirados das entrevistas. O processo de transferência de conhecimento se dá de maneira informal e, haja vista o conhecimento tácito ser o mais relevante para o sucessor essa transmissão foi realizada de forma bastante informal, por meio da convivência do herdeiro com o fundador, desde a infância, absorvendo as práticas organizacionais. Ademais, a sucessão organizacional não gerou nenhuma conseqüência relevante para organização quando se consideram fornecedores e clientes. Contudo, quando se leva em conta os funcionários, a modificação da gestão passando de paternal a “empresária” é perceptível para todos os envolvidos no processo. Ao finalizar este trabalho, se faz necessária a ressalva de ter sido considerada a perspectiva dos entrevistados e não dos stakeholders envolvidos no processo demonstrando apenas a visão daqueles acerca do processo. Destarte, o processo de sucessão familiar é um processo complexo, permeado de facetas subjetivas as quais não permitem julgar o processo de sucessão estudado como certo ou errado, mas permitem conhecer mais profundamente a temática. 6. Referências bibliográficas ARGYRIS, C.; SCHÖN, D. A. Organizational learning: a theory of action perspective. Workingham: AddisonWesley, 1978. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Ed. 70, 2007. BERNHOEFT, R. Empresa familiar: sucessão profissionalizada ou sobrevivência comprometida. São Paulo: Nobel, 1989. 179 p. BERNHOEFT, R., MARTINS, I. G., MENEZES, P.L. Empresas Familiares Brasileiras. São Paulo: Negócios Editora, 1999. BORGES, A. F. A construção do processo de sucessão empreendedora em empresas familiares: um estudo multicasos (Dissertação de mestrado). Lavras: UFLA, 2009. BOURDIEU, P. As Contradições da Herança. In: LINS, D. (org.) Cultura e subjetividade – Saberes Nômades. Campinas: Papirus, 2000. 2ed. CANÇADO, V.L.; MUYLDER, C.F.; LIMA, J.B.; CASTANHEIRA, R.B. Ciclo evolutivo e sucessão em uma empresa familiar: um estudo de caso no grupo Seculus. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 35, 2011. Rio de Janeiro. Anais...Rio de Janeiro: ANPAD, 2011. CAPELÃO, L. G. F.; MELO, M. C. O. L. Relações de Poder no Processo de Sucessão em Empresa Familiar: o caso das Indústrias Filizola S.A. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 25, 2001. Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2001. (CDROM). CHITTOOR R.; DAS, R. Professionalization of Management and Succession Performance – a vital linkage. Family Business Review, v. 20, n. 01, p. 65-79, 2007 CHRISMAN, J. J.; CHUA, J. H.; ZAHRA, S. Creating wealth in family firms through managing resources: comments and extensions. Entrepreneurship Theory And Practice, Boca Raton, p. 359-365, June. 2003 CHUA, J. H., CHRISMAN, J. J., SHARMA, P. Defining the family business by behavior. Entreperneurship theory and practice, v. 23, n. 4, p. 19-39, 1999. 11 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. COHN, M. Passando a Tocha: como conduzir e resolver os problemas de sucessão familiar. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991. COSTA, A. J. D. Gestão dos herdeiros ou de profissionais nas empresas familiares: o caso da Perdigão. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 197-225, maio/ago. 2007. CRAIG, J. B. L.; MOORES, K. A 10-year longitudinal investigation of strategy, systems and environment on innovation in family firms. Family Business Review, Boston, v. 19, n. 1, 2006. DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: Como as organizações gerenciam seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Elsevier, 1998. DONNELLEY,R.G. The family business. Havard Business Review, v.42, n.4, pp.93-105, 1964. EASTERBY-SMITH, M., ARAÚJO, L. Aprendizagem organizacional: oportunidades e debates atuais. In: EASTERBY-SMITH, M.; BURGOYNE, J.; ARAÚJO, L. (orgs.). Aprendizagem organizacional e organização de aprendizagem: desenvolvimento na teoria e na prática. São Paulo: Atlas, p. 15-38, 2001. ELKJAER, B. Social Learning Theory: Learning Participation in Social Process. In: EASTERBY-SMITH, M., LYLES, M. A. (orgs.). The Blackwell handbook of organizational learning and knowledge management. Malden: Blackwell Publishing, p.38-53, 2005. GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de administração de empresas, v.35, n.2, mar/abr, 1995, p.57-63. GRZYBOVSKI, D. O administrador na empresa familiar: uma abordagem comportamental. Passo Fundo: UFP, 2002. 184 p. GRZYBOVSKI, D. Plataforma de conhecimento e aprendizagem transgeracional. (Tese de doutorado) Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2007. GRZYBOVSKI, D., LIMA, J. B. de. O Conceito de Família e o Dilema Metodológico nos Estudos Sobre Empresas Familiares. In: ENEO, III, 2004, Atibaia/SP. Anais eletrônicos, Atibaia/SP: ANPAD, 2004. (ENEO 392). HALL, A.; NORDQVIST, M. Professional Management in Family Businesses: Toward an Extended Understanding. Family Business Review, v. 21, n. 01, p. 51-68, 2008. KETS de VRIES, M. F.R. The dynamics of family controlled firms: the good and the bad news. Organizational Dynamics, v.21, n.1, 1993, p.59-71. LANK, A. G. Sucessão na Gestão: desafio chave. In: ÁLVARES E. Governando a EmpresaFamiliar. Rio de Janeiro: Qualitymark; Belo Horizonte: Fundação Dom Cabral, 2003. LEITE, R. C. As técnicas modernas de gestão de empresas familiares. In: GRZYBOVSKI, D.; TEDESCO, J. C. (Org). Empresa familiar: tendências e racionalidades em conflitos. 3. ed. Passo Fundo: UPF, 2002. p. 167198. LEONE, N.C.P.G. Sucessão na Empresa Familiar. São Paulo: Atlas, 2005. LODI, J. B. A empresa familiar. 5. ed. São Paulo: Pioneira, 1998. 171 p. LODI, J. B. Fusões e aquisições: o cenário brasileiro. Rio de Janeiro: Campus, 1999. LONGENECKER, J. G.; MOORE, C. W.; PETTY, J.W. Administração de pequenas empresas. São Paulo: Makron Books, 1997. 868 p. MACÊDO, B.; CAIXETA, C. M. M.; GUIMARÃES, D. C.; MACÊDO, G. N. S.; HERNANDEZ, J. C. O processo sucessório em organizações familiares e a exclusão da mulher. Psicologia & Sociedade, Florianópolis, v. 16, n. 3, p. 69-81. set/dez. 2004. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: Como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. PAIVA, K. C. M.; OLIVEIRA, M. C. S. M.; MELO, M. C. O. L. Produção científica brasileira sobre empresa familiar: um metaestudo de artigos publicados em anais de eventos da ANPAD no período de 19972007. Revista de Administração Mackenzie, 9(6), 148-173, 2008. 12 XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012. PEREIRA, R.D.; OLIVEIRA, J.L. A estruturação do processo sucessório e a influência dos valores familiares em uma empresa têxtil mineira. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 2010, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro/RJ: ANPAD, 2010, 17 p. PETRY, L.I; NASCIMENTO, A.U. Um estudo sobre o modelo de gestão e o processo sucessório em empresas familiares. Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo, v. 20. n. 49. p 109-125, janeiro/abril 2009. PIMENTEL, T.D. O “estado da arte” do desenvolvimento de modelos de sucessão em empresas familiares. Revista Int. Organizacional, v.1, n.1, jul/dez, 2011. POLANYI, M. The tacit dimension. London: Routledge & Kegan Paul, 1966. RAIMUNDINI, S.,L. A empresa familiar na perspectiva da cognição e da emoção: um estudo em uma pequena empresa. In: ENCONTRO DE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS, 4, 2005, Curitiba. Anais...Curitiba, 2005, p. 1-10. SILVA-JUNIOR, A.; MUNIZ, R. M. Sucessão, poder e confiança: um estudo de caso em uma empresa familiar capixaba. Revista de Administração da USP, São Paulo, v. 41, n. 1, p. 107-117, jan/mar. 2006. SOUZA, E. C. L. Empreendedorismo: da gênese à contemporaneidade. In: SOUZA, E. C. L. e GUIMARÃES, T. A. (orgs). Empreendedorismo além do plano de negócio. São Paulo: Atlas, 2005. p. 3-20 SZULANSKI, G. Exploring internal stickiness: Impediments to the Transfer of Best Practice Within the Firm. Strategic Management Journal, 1996, v. 17, p. 27-43. TILLMANN, C.; GRZYBOVSKI, D. Sucessão de dirigentes na empresa familiar: estratégias observadas na família empresária. Organizações & Sociedade, 12(32), 45-61, 2005. VERGARA, S. C. Método de Pesquisa em Administração. 2.Ed. São Paulo: Altas, 2006. YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005. 13