Fundamentos Arquivísticos
Aula 9
Arquivos no Período colonial
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A administração que foi efetivada pela me-trópole
sobre suas colônias consagrou-se sobretudo na
escrita caracterizada nas mais diversas tipologias.
A correspondência entre a metrópole e as
colônias pode ser definido como a produção e
recepção documental que for-mou os arquivos
tanto em um pólo quanto no outro.
Este trâmite formou 2 estruturas básicas:
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Documentos avulsos e
Documentos registrados
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No primeiro caso se enquadra os documentos que transitam do Reino para as
colônias e entre as diversas autoridades
seja na metrópole seja na colônia.
Já os registros que são cópias integrais dos
documentos avulsos são lançados em livros
específicos.
Reino
Autoridades
Locais
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Devemos encontrar documentos avulsos e
registrados numa interrelação entre os arquivos das colônias e da Metrópole.
Há uma formação de arquivos desde o
período das capitanias hereditárias. Assim,
no caso da Paraíba deveríamos encontrar
documentos originais vindos do Reino e
de outras capitanias e autoridades locais
bem como os seus registros.
História dos Arquivos no Brasil
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Constituição de um Estado:
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Território geográfico delimitado;
População, constituição de uma comunidade
organizada identificada entre si;
Estrutura política e jurídica vigente neste território.
Tudo isso implica a formação de uma identidade
nacional,
Identidade forjada também através da documentação administrativa produzida pelo Estado.
Junte-se a necessidade de escrever e estudar a
Cultura Nacional nas mais diversas áreas (Sociologia, História, Antropologia, etc.)
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“A partir do século XIX, os historiadores, inspirados no modelo francês de arquivo (Criação do Arquivo Nacional) e convencidos da
necessidade do documento como prova empírica para desenvolver uma “história científica”, começam a pressionar os arquivos de Estado para abrirem suas portas à pesquisa histórica. Assiste-se então ao surgimento de vários arquivos nacionais, entre eles o da Inglaterra, em 1838. No Brasil, o Arquivo Público
do Império também foi fundado em 1838, no
momento de afirmação da independência do
país.” (Célia Costa, “Memória e administração: o Arquivo Público do
Império e a consolidação do Estado brasileiro”. Tese de Doutorado)
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O projeto político e a consolidação do Estado
imperial e a construção da nacionalidade
brasileira foi inspirados no modelo iluminista
de “civilização e progresso” dos Estados
nacionais europeus, essa política desenvolveu
as artes, a ciência, a literatura, a história e a
geografia, visando a aproximar o Brasil das
nações civilizadas.
Nesse sentido, várias instituições científicas e
culturais foram criadas, entre as quais podese destacar o Colégio Pedro II, o Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, a Academia
de Belas
Artes, o Conservatório Nacional de Música, o
Jardim Botânico do Passeio e o Conservatório
Dramático.
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Foi nesse quadro de incentivo às “luzes” e de busca de
um caminho que conduzisse o país ao progresso e
à civilização que foi criado o
Arquivo Público do Império.
Seu objetivo principal era
guardar e preservar a documentação legislativa, administrativa e histórica do Estado brasileiro, conforme especificado nos artigos 4°, 5°
e 6° do seu Regulamento.
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A Assembléia Geral Constitutiva e Legislativa
instalada em abril de 1823 iniciou seus trabalhos com a votação de seis resoluções, uma das
quais, de iniciativa do deputado pernambucano
Pedro de Araújo Lima, futuro visconde e marquês de Olinda, referia-se claramente à criação
do Arquivo Público. A intenção observada no
artigo 70 do capítulo VI da Constituição
de 1824 só se concretizará, todavia, 14 anos
depois, durante a atuação de Araújo Lima
como regente imperial.
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O período que se inicia em 1838 e vai até
o final da década de 1850 será marcado
pela adoção de medidas centralizadoras
visando ao fortalecimento do Estado, de
modo a garantir a unidade territorial do
Império e, sobretudo, o regime monárquico. Observam-se, nessa ocasião, grandes
modificações nas áreas jurídica e administrativa do país, bem como a implementação de políticas públicas, particularmente nos setores de educação, saúde, segurança e finanças, e a criação de instituições científicas e culturais. Foi em meio a
esse movimento pró-reformas, em 1838,
que o Arquivo foi fundado.
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Em 2 de janeiro é criado o Arquivo Público
do Império, conforme previsto na Constituição de 1824. Estabelecido, provisoriamente, na Secretaria de Estado dos Negócios do Império, tinha por finalidade guardar os documentos públicos e
estava organizado em três seções:
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Administrativa, responsável pelos documentos dos
poderes Executivo e Moderador;
Legislativa, incumbida da guarda dos documentos
produzidos pelo Poder Legislativo e
Histórica.
Pode-se notar que a divisão dos documentos segue também a linha francesa
pós-revolução.
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São estabelecidos prazos para o recolhimento de documentos e é instituído o cargo de agente auxiliar do diretor, com a
função de identificar e obter documentos
importantes nas províncias. O Parlamento
compromete-se a enviar os originais dos
atos legislativos e administrativos para a
Instituição, que passa a ter também competência para adquirir e conservar os documentos concernentes ao direito público,
à legislação, à história e à geografia do
Brasil. (Para comemoração dos 500 anos
do Brasil - Projeto Resgate)
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A partir de uma concepção
positivista e do espírito de
cientificidade da época, o
documento assume o significado e a dimensão de prova
empírica, tornando-se fundamental para a construção da
história nacional e para a
legitimação do Estado enquanto espaço territorial definido e coeso.
O aparato legal que se desenvolve, nesse momento, para
dar sustentação legal ao Estado deverá ser preservado nos
Arquivos Nacionais.
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Decorre daí a importância de se criar uma
instituição que tivesse como função reunir
e guardar os documentos comprobatórios
desse Estado. Na medida em que recolhia,
preservava e fornecia as provas jurídicas
necessárias à ação do Estado na delimitação do território, cujas silhuetas física e
legal ainda eram fluidas, a instituição
cumpria seu papel instrumental; enquanto
espaço destinado a armazenar os documentos da história administrativa do país,
o Arquivo poderia ser pensado como lugar
de memória do próprio Estado.
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O Arquivo Público do Império, instituição que
surge alguns anos após a Independência,
integra o esforço desenvolvido naquele período
no sentido de equipar a nação com agências
voltadas para o desenvolvimento cultural, para a
preservação da memória nacional em gestação e
para a construção da história do país, tendo em
vista inseri-lo no rol das nações civilizadas. A
criação do Arquivo prevista na Constituição de
1824 é indicativa da preocupação do governo
imperial, desde o início da formação do Estado,
com o recolhimento e a preservação dos papéis
que lhe dariam suporte legal.
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No Brasil, algumas instituições criadas em meio a
esse processo situavam-se exata-mente na
articulação entre a história e a política, como é o
caso do Arquivo Público e do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, o IHGB.
Nessa parceria, portanto, coube ao IHGB o papel de
artesão da nacionalidade a ser construída, e ao
Arquivo o de depositário legal dos instrumentos
necessários à consecução desse objetivo.
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Ao contrário dos arquivos
nacionais europeus, que
subsidiaram com seus documentos a história e a
geografia nacionais, o Arquivo brasileiro limitou-se a
recolher os documentos
legislativos e administrativos que diziam respeito
quase que exclusivamente
à rotina administrativa do
governo imperial e ao
aparato legal necessário à
organização da nova sociedade.
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Com o Arquivo deu-se justo o contrário.
Enquanto na Europa os arquivos nacionais,
além de servir ao Estado, atendiam também o cidadão, liberando os seus registros
à consulta pública e à pesquisa histórica, o
Arquivo Público Imperial restringia o acesso aos seus documentos à burocracia do
Estado, perpetuando a política de sigilo
oficial dos tempos coloniais. Essa concepção de sigilo, indicativa de um modelo de
Estado, explica a natureza do arquivo que
foi criado no Brasil.
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1893 Arquivo Público do Império passa a denominar-se Arquivo Público Nacional, e é reorganizado em duas seções Gerais:
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Legislativa e Administrativa e Judiciária e Histórica.
1958 É aprovado o novo regimento do Arquivo
Nacional. São criados o Conselho de Administração de Arquivos; o Serviço de Documentação
Escrita; o Serviço de Documentação Cartográfica
e Fonofotográfica; o Serviço de Pesquisa Histórica; o Serviço de Registro e Assistência; a Seção
de Consultas; a Seção de Restauração e a Seção
de Administração.
1983 O Arquivo Nacional é transformado em
órgão autônomo da administração direta do
Ministério da Justiça.
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A década de 60 o Arquivo Nacional convidou especialistas europeu e norte-americano para divulgarem seus trabalhos e ministrarem cursos para
os profissionais brasileiro a fim de problemas que
haviam nesta área. “As práticas arquivísticas bra-
sileiras, desenvolvidas no Arquivo Nacional eram
empiristas. Não havia planejamento método e
metodologia de trabalho referenciada na bibliografia internacional. Nes
ta época, não se podia
falar de uma bibliografia
nacional significativa, nem
mesmo de traduções de
textos fundamentais”
(Lopes, 2000, p.59)
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Na década de 70 há a criação da Associação dos
Arquivistas Brasileiros e a partir daí foram
realizadas as seguintes atividade:
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Congressos brasileiros de Arquivologia;
Publicação do 1º periódico brasileiro especializado a
revista Arquivo & Administração;
Implantação de cursos de arquivologia a nível de ensino
superior;
Regulamentação da profissão de Arquivista e de técnico
de arquivo.
Com a década de 80 foi incluído na Constituição
Federal a necessidade de fazer a gestão de Arquivo ” Cabem à administração pública (…) a gestão
da documentação governamental…”
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Atualmente, o Arquivo Nacional, através sobretudo do Conselho Nacional de Arquivos, o Conarq,
tem desempenhado um importante papel nesse
processo de construção da cidadania brasileira,
encaminhando ao Legislativo e ao Executivo elementos para uma legislação que privilegia a transparência administrativa do Estado e o acesso do
cidadão às informações contidas em documentos
de arquivos. Previsto na Lei de arquivos de 1991,
o Conarq foi efetivamente criado por decreto
presidencial em junho de 1994, com o objetivo de
definir e implementar uma política para os arquivos públicos e privados, em âmbito nacional.
Constituindo-se em um importante instrumento da
preservação e do acesso ao patrimônio
documental do país.
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