UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Rafael Batista Bennemann Proposta de Gestão Ambiental para Indústria Metal Mecânica Passo Fundo, 2012. Rafael Batista Bennemann Proposta de Gestão Ambiental para Indústria Metal Mecânica Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Orientador: Prof. Carlos Alexandre Gehm da Costa, Mestre. Passo Fundo, 2012. Rafael Batista Bennemann Proposta de Gestão Ambiental para Indústria Metal Mecânica Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora: Orientador:_________________________ Carlos Alexandre Gehm da Costa Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF ___________________________________ Aline Ferrão Custodio Passini Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF ___________________________________ Aline Gomes Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF Passo Fundo, 13 de novembro de 2012. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me dar força e coragem para seguir em frente em momentos difíceis. A toda minha família, em especial aos meus pais, minha irmã e meu avô, por sempre me incentivarem e me darem todo o apoio necessário não só nesta fase, mas em toda minha vida. Aos meus amigos e colegas de curso, Larissa Ferreira, Matheus Cechetti, Renan Brezolin, Silvia Larisse Scopel, Thiane Zacchi, Taizi Miorando, entre outros que convivi durante estes últimos cinco anos e compartilhei momentos inesquecíveis. A minha namorada, Fernanda Ferron, por estar sempre ao meu lado e ser, além de tudo, uma grande amiga. Aos colegas e amigos de estágio, pela ótima recepção e pelo conhecimento que me foi repassado. Por fim, aos professores do curso que contribuíram muito para minha formação, em especial ao meu orientador, professor Carlos Alexandre Gehm da Costa, que me auxiliou na execução deste trabalho. RESUMO A indústria metal mecânica brasileira passou por transformações significativas nos últimos 40 anos. Mesmo com a desaceleração do crescimento, estas indústrias são potenciais causadores de impactos ambientais. Até os anos 80 a gestão ambiental era visto como algo dispendioso, sem benefícios para a empresa. Porém, com a pressão exercida por leis ambientais, pela sociedade e pela própria conscientização dos administradores, a gestão ambiental passou a ser algo rotineiro nas indústrias, significando ganhos competitivos no mercado e ganhos econômicos. O trabalho teve por objetivo elaborar uma proposta de gestão ambiental para uma indústria metal mecânica do noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A metodologia utilizada quanto a abordagem do problema foi basicamente qualitativa, aos objetivos foi exploratória e descritiva e, quanto a coleta de dados, foi realizado um estudo de caso. Conforme sugere a norma ISO 14001 foram levantados e avaliados todos os aspectos e impactos ambientais oriundos da indústria, definida a política ambiental, verificada a legislação aplicável, elaborados objetivos e metas e um plano de ação para atingi-los. O plano de ação foi elaborado a partir dos aspectos e impactos significativos, definindo os meios, os responsáveis pela execução e os prazos. As ações propostas referem-se principalmente aos resíduos sólidos, objetivando a minimização, reutilização e reciclagem. O SGA proposto é fundamental para que a empresa tenha uma melhor organização em relação ao meio ambiente, além de possibilitar a indústria a adquirir uma certificação da ISO 14001, reconhecida internacionalmente. Palavras-chave: Indústria Metal Mecânica, Gestão Ambiental, Impactos Ambientais. ABSTRACT The Brazilian metalworking industry has undergone significant changes over the past 40 years. Even with the slowdown in growth, these industries are causing potential environmental impacts. Until the 80 environmental management was seen as expensive, no benefits for the company. However, with the pressure exerted by environmental laws, by society and by the awareness of managers, environmental management has become something routine in industries, meaning competitive gains in market and economic gains. The study aimed to develop a proposal for an environmental management metalworking industry's northwestern state of Rio Grande do Sul. The methodology as the approach to the problem was basically qualitative, goals was exploratory and descriptive and the data collection we conducted a case study. As outlined in ISO 14001 were collected and evaluated all aspects and environmental impacts from industry, environmental policy defined, verified the relevant legislation, drafted goals and objectives and an action plan to achieve them. The plan of action was drawn from the significant aspects and impacts, defining the means, implementing and deadlines. The proposed actions relate primarily to solid waste, aiming at the minimization, reuse and recycling. The proposed environmental management system is critical for the company to have better organization in relation to the environment, and enable the industry to acquire a certification of ISO 14001, the internationally recognized. Key-word: Metalworking Industry, Environmental Management, Environmental Impacts. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Localização de Carazinho-RS ..........................................................................26 Figura 2: Localização da Indústria ..................................................................................27 Figura 3: Fluxograma do delineamento do trabalho ........................................................28 Figura 4: Organograma da indústria ................................................................................34 Figura 5: Fluxograma do processo produtivo da indústria ..............................................35 Figura 6: Aço para fabricação do produto .......................................................................36 Figura 7: Setor de estamparia ..........................................................................................37 Figura 8: Máquina de corte ..............................................................................................38 Figura 9: Setor de usinagem ............................................................................................39 Figura 10: Furadeiras de bancada ....................................................................................39 Figura 11: Furadeira de coluna ........................................................................................40 Figura 12: Setor de soldagem ..........................................................................................41 Figura 13: Sistema de tratamento de efluentes ................................................................43 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Certificados ISO 14001 emitidos até o ano de 2005 ......................................22 Quadro 2: Avaliação de aspectos e impactos ambientais ...............................................25 Quadro 3: Classificação dos aspectos quanto a sua situação ..........................................31 Quadro 4: Classificação dos impactos quanto a frequência de ocorrência .....................31 Quadro 5: Classificação dos impactos quanto a probabilidade de ocorrência ...............31 Quadro 6: Classificação quanto a severidade do impacto ..............................................32 Quadro 7: Classificação quanto a magnitude do impacto ..............................................32 Quadro 8: Aspectos e impactos ambientais ....................................................................45 Quadro 9: Avaliação dos aspectos e impactos ambientais .............................................47 Quadro 10: Requisitos legais aplicáveis à indústria .......................................................49 Quadro 11: Objetivos e metas ........................................................................................51 Quadro 12: Plano de ação ...............................................................................................52 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10 1.1 Problema ...........................................................................................................11 1.2 Justificativa .......................................................................................................12 1.3 Objetivos ...........................................................................................................13 1.3.1 Objetivo Geral ...........................................................................................13 1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................13 1.4 Apresentação Geral do Trabalho ......................................................................13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................15 2.1 A Indústria Metal Mecânica no Brasil ..............................................................15 2.2 A Indústria Metal Mecânica no Rio Grande do Sul..........................................16 2.3 Gestão Ambiental .............................................................................................18 2.3.1 Sistema de Gestão Ambiental ....................................................................19 2.3.2 Dificuldades na Implantação do SGA .......................................................20 2.4 ISO 14001 .........................................................................................................21 2.5 Aspectos e impactos ambientais .......................................................................24 3 METODOLOGIA ....................................................................................................26 3.1 Local de estudo .................................................................................................26 3.2 Escopo do trabalho............................................................................................27 3.2.1 Primeira etapa ............................................................................................29 3.2.2 Segunda Etapa ...........................................................................................29 3.2.3 Terceira etapa ............................................................................................29 3.2.4 Quarta etapa ...............................................................................................29 3.2.5 Quinta etapa ...............................................................................................30 3.2.6 Sexta Etapa ................................................................................................30 3.2.7 Sétima etapa...............................................................................................30 3.2.8 Oitava etapa ...............................................................................................33 3.2.9 Nona etapa .................................................................................................33 3.2.10 Décima Etapa.............................................................................................33 4 RESULTADOS ........................................................................................................34 4.1 Diagnóstico da Empresa ...................................................................................34 4.1.1 Estrutura organizacional ............................................................................34 4.1.2 Layout da empresa .....................................................................................34 4.1.3 Processo produtivo ....................................................................................35 4.1.4 Segurança ..................................................................................................42 4.1.5 Licenciamento Ambiental .........................................................................42 4.1.6 Controle Ambiental ...................................................................................42 4.2 Política Ambiental da Indústria ........................................................................44 4.3 Levantamento dos Aspectos e Impactos Ambientais .......................................45 4.4 Avaliação dos Aspectos e Impactos Ambientais ..............................................46 4.5 Requisitos Legais Aplicáveis ............................................................................49 4.6 Objetivos e Metas .............................................................................................51 4.7 Plano de Ação ...................................................................................................52 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................62 APÊNDICE A – Layout da Indústria ..............................................................................65 10 1 INTRODUÇÃO Nos últimos 40 anos houve um crescimento industrial expressivo para atender as demandas de consumo da população. A economia brasileira, neste período, passou por significativas transformações na sua estrutura produtiva, e a indústria se consolidou como o setor mais dinâmico. Porém, a partir de 2000, o setor industrial no Brasil teve sua trajetória de crescimento relativamente inferior a dos demais países da América Latina com estrutura produtiva semelhante, e também inferior à taxa de crescimento mundial (LAMONICA E FEIJÓ, 2007). Mesmo com a desaceleração no crescimento industrial, este setor ainda é responsável por grande parte dos impactos ambientais resultantes da emissão de poluentes atmosféricos, resíduos sólidos e líquidos, os quais possuem as mais variadas características físicas, químicas e biológicas. A destinação adequada e a minimização da geração destes resíduos são grandes desafios para a humanidade. Há uma pressão muito grande exercida pela sociedade e pelo governo sobre as empresas, para que estas se atentem as questões ambientais. Junto a isto, diversas leis já estão em vigor, impondo limites às emissões de resíduos no meio ambiente. Porém há uma necessidade de agir no foco do problema, ou seja, na fonte de geração destes resíduos. Até a década de 80, segundo Wiemes (1999), de uma forma geral, as indústrias centravam sua atenção, em relação ao meio ambiente, somente no cumprimento da legislação, tendendo a direcionar as ações corretivas após a geração dos resíduos. Já se nota uma grande mudança nesta tendência, e as empresas, segundo Seiffert (2007), buscam se adaptar à necessidade de melhoria do desempenho ambiental ou correm o risco de perder espaço no mercado altamente competitivo, sendo imperativo aplicar princípios de gestão ambiental em busca de um desenvolvimento sustentável. A implantação de processos de gestão ambiental, como os descritos no conjunto de normas da série NBR ISO 14000, tem sido ferramentas eficientes para respostas das indústrias a estas exigências. Isto tem significado a implantação de programas voltados para o desenvolvimento de tecnologias que causem menor impacto ao meio ambiente, a revisão de processos produtivos, destinação adequada dos resíduos, o estudo de ciclo de vida dos produtos, entre outros, que visam adequação às leis e oportunidades de melhorias para a empresa (SERBER, 2009). 11 1.1 Problema De acordo com Furtado (2004), mesmo com a desaceleração do crescimento industrial, o setor metal mecânico foi beneficiado com a reestruturação industrial no Brasil nos últimos 4 anos. O setor teve um desenvolvimento técnico acima da média, sendo considerado, a “fortaleza industrial brasileira”. No Rio Grande do Sul, segundo Tauchen (2009), as indústrias do setor metal mecânico são responsáveis por aproximadamente 20% do produto industrial, sendo o estado, um dos principais polos metal mecânicos do país. Entre as empresas deste setor destacam-se as de autopeças e de máquinas e implementos agrícolas. O crescimento das indústrias deste setor tem como consequência um aumento notável no consumo de recursos naturais e no volume de diferentes tipos de resíduos gerados. Estes, geralmente possuem grandes concentrações de metais e se não forem tratados ou dispostos adequadamente podem agregar-se a outros elementos na natureza, formando diversos tipos de substâncias, as quais podem afetar negativamente o meio biótico, além de afetar a saúde pública. A atividade industrial está, inevitavelmente, associada à degradação ambiental e a magnitude e significância dos impactos gerados pelos resíduos oriundos do processo produtivo, dependerão do tamanho da indústria, das atividades realizadas e da forma de gerenciamento adotada. A solução para estes impactos ambientais ou sua minimização exige uma atitude proativa dos administradores, que devem considerar o meio ambiente em suas decisões e adotar práticas administrativas e tecnológicas que contribuam para a preservação dos recursos naturais. Neste mercado globalizado, competitivo, com legislação cada vez mais exigente e com uma grande preocupação em relação às questões ambientais, a sociedade passou a cobrar dos setores públicos e privados uma mudança na forma de desenvolvimento e a adoção de programas ou sistemas de gerenciamento que atinjam e demonstrem um desempenho ambiental correto, controlando os impactos das atividades industriais, produtos e serviços no meio ambiente (SERBER, 2009). A busca permanente pela melhoria do desempenho ambiental pode ser obtida através da prática da gestão ambiental. A implantação de um sistema de gestão ambiental (SGA) é bastante abrangente e constitui um conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que considerem a saúde e segurança das 12 pessoas e a proteção do meio ambiente através da eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de empreendimentos ou atividades. Segundo Tauchen (2009), a escolha das ferramentas utilizadas no processo é fundamental, podendo citar como mais importantes, a avaliação dos aspectos e impactos ambientais, programas de monitoramento ambiental, programas de recuperação ambiental, auditorias ambientais, inspeções ambientais, programas de minimização de carga poluidora, programas de análise e gerenciamento de riscos, emergências ambientais e educação ambiental. No trabalho em questão, o objeto de estudo é uma indústria do ramo de implementos agrícolas, que almeja a melhoria do desempenho ambiental, através de um sistema de gestão ambiental. Com esta necessidade da indústria, de se adequar as questões ambientais, surge a seguinte pergunta: quais ações relacionadas à gestão ambiental são necessárias para a melhoria no desempenho ambiental da indústria? 1.2 Justificativa As indústrias que se atentarem as questões ambientais, implantando a gestão ambiental, se manterão sempre competitivas no mercado. Tachizawa e Andrade (2008) afirmam que as empresas “limpas” estarão sempre um passo adiante das concorrentes, pois esta será a única forma estável e lucrativa das empresas se manterem líderes no mercado. Desta forma, as questões ambientais devem estar totalmente integradas aos processos de produção, influenciando nos procedimentos operacionais, tecnológicos e recursos humanos. Por estes motivos, se torna importante a realização deste trabalho, em forma de um estudo de caso, visando a melhoria do desempenho ambiental da indústria, com uma correta gestão dos processos e resíduos gerados, adequando-se as legislações vigentes, proporcionando um ganho de competitividade, tanto para a sua sobrevivência no mercado global quanto para o controle dos aspectos ambientais, garantindo um desenvolvimento sustentável e melhoria contínua da qualidade ambiental e da vida da população. 13 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral Elaborar uma proposta de gestão ambiental para uma indústria metal mecânica. 1.3.2 Objetivos Específicos 1. Realizar uma fundamentação teórica sobre o tema; 2. Analisar o processo de produção da indústria; 3. Realizar o diagnóstico ambiental da indústria; 4. Fazer um levantamento dos aspectos e impactos ambientais; 5. Avaliar os aspectos e impactos ambientais; 6. Elaborar um plano de ação para melhoria do desempenho ambiental. 1.4 Apresentação Geral do Trabalho Além do presente capítulo, que contém as considerações iniciais, o problema, a justificativa, o objetivo geral e os objetivos específicos, a estrutura metodológica do trabalho esta composta por mais quatro capítulos. No capítulo 2 é apresentada a revisão da literatura, onde são abordados assuntos relevantes que envolvem o problema e são necessários para obter-se um maior conhecimento a respeito do tema estudado. O capítulo 3 aborda os métodos de pesquisa utilizados para o desenvolvimento do trabalho. É exposto o delineamento do trabalho e são detalhadas as etapas realizadas para se alcançar o objetivo final. No capítulo 4 descrevem-se os resultados. É demonstrado o estudo de caso desenvolvido na indústria metal mecânica, contendo o organograma, o layout, o processo produtivo, o diagnóstico ambiental da indústria, a definição da política ambiental, o levantamento e avaliação dos aspectos e impactos ambientais, os requisitos legais aplicáveis à empresa e, por fim, o plano de ação para atingir os objetivos e metas. 14 O capítulo 5 apresenta a conclusão do trabalho realizado, assim como sugestões para futuros trabalhos. Por fim, têm-se as referências bibliográficas utilizadas e o apêndice. 15 2 2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A Indústria Metal Mecânica no Brasil O setor metal mecânico abrange tanto as indústrias que se dedicam a produção e as transformações de metais, o que inclui tanto as empresas de bens e serviços intermediários como, por exemplo, fundições, forjarias, corte, soldagem, etc., quanto os estabelecimentos destinados aos produtos finais como, bens de consumo, equipamentos, maquinaria, veículos e material de transporte (MACEDO e CAMPOS, 2001) No início dos anos 90, o setor apresentou grandes deficiências em sua capacidade competitiva devido, principalmente, ao baixo dinamismo da economia verificada nos anos 80. Durante este período, as empresas apresentaram declínio nos investimentos em formação de capital fixo, significativo atraso tecnológico, reduzidos gastos em pesquisas e desenvolvimentos, pouca importância à difusão de sistemas de gestão de qualidade e problemas estruturais, com expressiva verticalização e diversificação (VIAN e JÚNIOR, 2010). A indústria metal mecânica tem como principal fornecedor de matérias-primas o ramo da siderurgia. Os produtos fabricados são oriundos de setores como a indústria automobilística, hidro mecânica, de implementos agrícolas, naval, mineração, entre outras. Após as grandes transformações na década de 90, o investimento para modernização do parque industrial foi notável, onde a indústria metal mecânica e a siderurgia aperfeiçoaram seus processos produtivos aumentando a produtividade, em relação à década de 1980 em uma taxa média de 9,3% (SERBER, 2009). Como exemplo, tem-se a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que: [...] passou de sinônimo de ineficiência, ainda sobre o controle estatal, a elevado padrão internacional de tecnologia, produtividade e eficiência, mantendo uma taxa de crescimento, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/PIM) 2006, de 1,9% contra -0,2% do período 1994/1999 e vem mostrando uma crescente e irreversível conscientização ambiental (SERBER, 2009, pg. 26). Porém, segundo Queiroz e Queiroz, (2010), a perda de dinamismo da economia, a deterioração das condições de financiamento em longo prazo e a descoordenação das políticas industrial e tecnológica nos anos 80 fragilizaram severamente a capacidade 16 competitiva de alguns setores da indústria metal mecânica. Nos anos 90, o setor de máquinas e implementos agrícolas era o que estava em pior situação competitiva em relação ao exterior, pois neste segmento as tecnologias mais modernas de processo de produção eram menos divulgadas e, sobretudo, eram maiores as defasagens de produto em relação a outros países. 2.2 A Indústria Metal Mecânica no Rio Grande do Sul O setor metal mecânico do Rio Grande do Sul abrange um diversificado ramo industrial, e de certa forma desenvolveu e ainda desenvolve as regiões de todo o estado. Podem-se ver as mudanças estruturais, particularmente no setor metal mecânico, com desenvolvimento da indústria automobilística, máquinas e implementos agrícolas entre outros segmentos que compõe este setor. A indústria metal mecânica do estado representa, segundo Tauchen (2009), 20% do produto industrial do Estado, sendo que após se recuperar da crise dos anos 80, o setor teve um aumento no número de empresas, que em 2010 chegou a cerca de 12 % no em relação ao ano de 2005. Entre as empresas deste setor destacam-se as de autopeças e de máquinas e implementos agrícolas, sendo que ambas exportam uma parcela significativa de suas produções. O IBGE mostra que a indústria teve um aumento na sua produção nos últimos 5 anos e considera que os principais impactos positivos no cômputo geral vieram dos setores de máquinas e equipamentos com o aumento significativo de 33,3% e veículos automotores 27,2% (TAUFFER, 2010) O estado, segundo o IBGE, em 2010 se mantinha em quarto lugar, com participação de 7,8% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, antecedido pelo Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Em comparação com o desempenho nacional, o Rio Grande do Sul teve desempenho superior. De 2004 a 2009, a taxa média de crescimento do estado foi de 3,4% enquanto no País essa taxa foi de 1,8%. No geral, na última década, a vocação agroexportadora gaúcha, bem como os fortes vínculos existentes entre as atividades primária e secundária contribuíram para elevar a demanda por produtos industriais, principalmente de bens metal mecânicos. A expansão do segmento de máquinas e equipamentos agrícolas destacou-se frente aos 17 demais, estimulando um maior crescimento para todo o setor metal mecânico (PELUFÊ, 2005). Para Pelufê (2005, pg. 37): [...] a interdependência entre o desenvolvimento do setor agrícola e o metal mecânico resulta tanto das ligações a montante quanto a jusante. As ligações a montante ocorrem quando o produtor rural adquire insumos para o cultivo, nos quais se incluem máquinas e implementos agrícolas. Quanto melhor for a previsão para a safra futura, maior será a demanda por bens de produção, fato que estimula a indústria de insumo para a atividade primária. Já nas ligações à jusante do setor agrícola, Pelufê (2005, pg. 37) salienta que: As ligações à jusante que refletem no setor metal mecânico ocorrem em razão da maior procura por máquinas e equipamentos utilizados para o processamento da produção rural, bem como para o seu escoamento. Em consequência, em períodos de safras relativamente consistentes, os segmentos industriais que se posicionam a jusante são extremamente estimulados. Os efeitos positivos ainda influenciam o resultado daqueles que se organizam antes da produção rural, pois com maior volume de recursos provenientes da comercialização de uma boa safra, os produtores aproveitam para adquirir novos bens de produção. Nesta interligação de atividades produtivas, os segmentos que fornecem peças e equipamentos para empresas que comercializam bens diretamente a outros segmentos e ao consumidor final também se beneficiam, estimulando todo o setor. Sendo assim, pode-se especular que o crescimento do setor metal mecânico gaúcho é diretamente influenciado pelo desempenho da atividade rural. Em períodos de boas safras, o setor tende a se desenvolver em um ritmo superior ao verificado em tempos de declínio da atividade primária. O setor metal mecânico do Estado iniciou o primeiro ano da década de 2000 em uma posição privilegiada, em termos de expansão. No entanto, nesse ano, a economia regional sofreu os efeitos de acontecimentos tanto nacionais quanto internacionais, o que impactou negativamente as expectativas de crescimento do setor industrial. 18 2.3 Gestão Ambiental Os problemas relativos aos aspectos ambientais estão associados ao crescente processo de industrialização. Assim, os processos de produção e seus produtos têm causado prejuízos à saúde humana e os ecossistemas. A preocupação das indústrias com o meio ambiente decorreu do aumento da percepção dos riscos e impactos ambientais por parte dos consumidores, que começaram a preferir produtos gerados a partir de tecnologias menos agressoras, das legislações mais rígidas e oportunidades de crescimento econômico aliado a proteção ao meio ambiente. Assim, a opinião de muitos empresários, até a década de 80, de que a adoção de uma gestão ambiental eficiente colidia com a manutenção de percentuais de lucros competitivos, foi aos poucos sendo ultrapassada, com a conscientização de que utilização de tecnologias ambientalmente menos impactante tem um potencial importante, tanto na contribuição para a melhoria ambiental do planeta, como na redução de custos, por meio de uma eficiente racionalização dos processos de produção, melhoramento no uso dos insumos e na diminuição do desperdício de materiais. Perante a isso, na década de 1990 houve uma rápida disseminação da gestão ambiental baseada no gerenciamento da qualidade total (QUEIROZ e QUEIROZ, 2010). Ainda assim, segundo Serber (2009), a maioria das empresas tratam as questões ambientais somente no âmbito de atendimento a legislação, fato este, que deve ser modificado, adotando-se estratégias ambientais duradouras e perfeitamente alinhadas às suas estratégias organizacionais. Como a questão ambiental vem ganhando cada vez mais espaço dentro das organizações, por estar o mercado cada dia mais globalizado, aberto e competitivo, as empresas devem aplicar os conceitos de desenvolvimento sustentável e responsabilidade social nos seus negócios. Segundo a Norma Internacional ISO 14001, Gestão Ambiental é parte integrante do sistema de gestão global de uma organização. Inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. É o que a empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos negativos provocados no ambiente pelas suas atividades. Um aspecto relevante da gestão ambiental, conforme Fonseca (2004) é que sua introdução requer decisões da alta administração e, portanto, envia uma clara mensagem 19 à organização de que se trata de um compromisso corporativo. A gestão ambiental pode se tornar também um importante instrumento para as organizações em suas relações com consumidores, o público em geral e agências governamentais. 2.3.1 Sistema de Gestão Ambiental Segundo Chaib (2005) as organizações estão percebendo a importância de atuarem de forma menos agressiva ao meio ambiente, podendo gerar mais lucros e ficarem mais competitivas ao incluírem em suas estratégias empresariais as preocupações ambientais, adotando novas estratégias tecnológicas e racionalizando o consumo dor recursos naturais, ou seja, implantando um sistema de gestão ambiental (SGA). As empresas também são induzidas a realizarem investimentos ambientais pelas pressões das regulamentações ambientais, dos consumidores e dos investidores. Portanto a relação entre as empresas e o meio ambiente deve ser vista como uma oportunidade para que as empresas passem a implementar práticas sustentáveis de gerenciamento, não apenas como uma postura reativa às exigências legais ou pressões de grupos ambientalistas, mas sim com a intenção de obter vantagens competitivas. Para Fonseca (2004) o Sistema de Gestão Ambiental é um sistema que identifica oportunidades de melhoria para a redução de impactos ambientais e possibilita um controle sobre os problemas ambientais, podendo ser certificado pela Norma ISO 14001. Um SGA estabelece uma estrutura organizacional que permite à empresa avaliar e controlar os impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. Conforme a ISO 14001 (2004) é caracterizado por seis elementos importantes: política ambiental; planejamento; implantação e operação; monitoramento e correção das ações; revisão gerencial e melhoria contínua. O SGA, como cita Mariani (2002), tem como meta principal a melhoria contínua, visando o desempenho ambiental da empresa. A prevenção da poluição e o atendimento às legislações aplicáveis à atividade são considerados um ciclo contínuo, onde o sistema é revisto e avaliado periodicamente com o objetivo de identificar oportunidades de melhoria do mesmo. Assim, a implementação de um SGA constitui uma estratégia para que a empresa tenha sempre oportunidades de identificar meios que possam minimizar impactos ambientais, de forma integrada a conquista do mercado e lucratividade. 20 Segundo Kvist (2005) os pioneiros na implantação de sistemas de gestão ambiental foram as grandes empresas, com mercados internacionais, tais como a silvicultura e indústria de papel, e do setor metalúrgico, sendo que hoje diversas empresas de médio e, inclusive de pequeno porte, já estão adotando práticas de gestão ambiental. D´Avignon (2001), afirma que tanto no ponto de vista da qualidade, como ambiental, a correta implantação de um sistema de gestão que permita a certificação por critérios bem estabelecidos pode contribuir para diferenciação do produto final e, consequentemente, aumentar a competitividade da organização. A responsabilidade civil da organização por danos causados ao meio ambiente e até mesmo defeitos nos produtos, também passa a ser melhor conhecida. A detecção, no caso de algum problema, se torna mais fácil e a rastreabilidade no processo permite que este seja corrigido com mais rapidez e agilidade. Além disso, um certificado sempre será elemento muito importante na defesa da organização em caso de disputa judicial, funcionando com atenuador, já que a organização pode demonstrar preocupação com a prevenção e consequentemente com o meio ambiente. Nesse cenário, a aplicação das ferramentas previstas nos Sistemas de Gestão Ambiental têm se tornado um grande aliado, disseminando a dimensão ambiental nas estratégias corporativas e competitivas adotadas pelas empresas. 2.3.2 Dificuldades na Implantação do SGA Ceruti e Silva (2009), com base em avaliações em empresas, observaram as principais dificuldades encontradas para a implantação de um SGA. São elas: relacionamento com os órgãos ambientais, falta de pessoal capacitado para o desenvolvimento de um SGA, disponibilidade de capital, falta de adequação aos programas de Gestão Ambiental, localização inadequada, falta de treinamentos, má estruturação do setor ambiental, desconhecimento das normas ISO 14000 e falta de interesse na implantação. Conforme Pelufê (2005), a gestão ambiental não se limita somente às questões relativas à organização, mas incorpora também instrumentos de mercados nas diversas áreas do conhecimento, numa perspectiva multidisciplinar, onde se reconhece que a saúde da humanidade e dos ecossistemas está na dependência dos fatores sociais, 21 econômicos e ambientais. Portanto, ouras barreiras que podem ser encontradas na implantação do SGA são divididas em: Organizacionais: sobrevivência da empresa; rotatividade da equipe técnica; poder de decisão do proprietário; falta de envolvimento dos colaboradores; Sistêmicas: sistema de gestão inadequado; falta de informações e capacitação dos colaboradores; Comportamentais: resistência a mudanças; falta de liderança e cultura organizacional; Técnicas: defasagem tecnológica; falta de infraestrutura; acesso limitado às informações técnicas; Econômicas: exclusão de custos ambientais da tomada de decisões; disponibilidade de recursos e custos de financiamento; Para facilitar a implantação do SGA propõe-se sua estruturação em relação à área ambiental, fortalecendo o comprometimento de todos os funcionários para a melhoria dos aspectos ambientais, investindo na educação, qualificação e treinamento do pessoal e investimento em tecnologias inovadoras (CERUTI e SILVA, 2009). 2.4 ISO 14001 A International Standardization for Organization (ISO) é uma organização não governamental sediada na Suíça. Foi fundada em 23 de fevereiro de 1947 com objetivo de ser um fórum internacional de normatização para atuar como entidade harmonizadora das diversas agências nacionais e internacionais (TAUCHEN, 2009). A série de normas ISO 14.000 tem por objetivo fornecer assistência para as organizações na implantação ou no aprimoramento de um SGA, auxiliando-as a atingir seus objetivos ambientais e econômicos. Ela está vinculada à meta de desenvolvimento sustentável e é compatível com diferentes estruturas culturais, e organizacionais. Um SGA oferece ordem e consistência para os esforços organizacionais no atendimento às preocupações ambientais através de alocação de recursos, definição de responsabilidades, avaliações correntes das práticas, procedimentos e processos (CAJAZEIRA, 1998). Segundo Mariani (2002) as normas abrangem seis áreas bem definidas: Sistema de Gestão Ambiental, Auditorias Ambientais, Avaliação de Desempenho Ambiental, 22 Rotulagem Ambiental, Aspectos Ambientais nas Normas e Produtos e Análise do Ciclo de Vida. Conforme POMBO e MANGRINI (2008) uma boa maneira para analisar a evolução de um país no contexto da certificação ambiental seria verificar o número de certificados obtidos por suas empresas e comparar com o número de certificações alcançadas por outros países industrializados em uma mesma época. A tabela a seguir contém o número de certificados ISO 14001 emitidos em alguns países até o ano de 2005: Quadro 1: Certificados ISO 14001 emitidos até o ano de 2005 Fonte: Pombo e Mangrini, 2008 Há alguns objetivos específicos da gestão ambiental, definidos segundo a norma NBR ISO 14.001 que destaca cinco pontos fundamentais: Implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental; Assegurar-se de sua conformidade com sua política ambiental definida; 23 Demonstrar tal conformidade a terceiros; Buscar certificação do seu sistema de gestão ambiental por uma organização externa; Realizar uma auto avaliação e emitir auto declaração de conformidade com esta Norma. Além disso, a ISO 14001 define os princípios e elementos básicos de um SGA: Comprometimento e política – A organização deve definir sua política ambiental e assegurar o comprometimento com o seu SGA. Planejamento – É recomendado que a organização formule um plano para cumprir sua política ambiental. Implementação - Recomenda-se que uma organização desenvolva a capacitação e os mecanismos de apoio necessários para atender sua política, seus objetivos e metas ambientais. Medição e avaliação - é recomendado que a organização mensure, monitore e avalie seu desempenho ambiental. Análise crítica e melhoria - é recomendado que a organização análise criticamente e aperfeiçoe continuamente seu sistema de gestão ambiental, com o objetivo de aprimorar seu desempenho ambiental global. Kvist (2005) e Mariani (2002) realizaram estudos sobre os resultados da implantação de um sistema de gestão ambiental em indústrias metal mecânicas certificadas com a norma ISO 14001. Concluíram que a conscientização a respeito de resíduos aumentou nitidamente nas empresas após a construção e certificação de sistemas de gestão ambiental. Quase todas as empresas estabelecem objetivos e metas em gestão de resíduos, mas em níveis diferentes. Implantar o SGA melhorou claramente o tratamento de resíduos, onde menos resíduos vão para o aterro e mais são recuperados. Quanto ao empenho pessoal, os colaboradores evidentemente sentem que estão comprometidos, no entanto, eles são incertos sobre o compromisso dos outros colaboradores. Percebe-se que na maioria das empresas certificadas com a norma ISO 14001, o principal interesse é somente em manter o certificado. 24 2.5 Aspectos e impactos ambientais A ISO 14001 (2004) define como aspecto ambiental o elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente, sendo que um aspecto considerado significativo é aquele que resulta em um impacto ambiental significativo. Impacto ambiental, segundo a ISO 14001 (2004) é qualquer modificação do meio ambiente que resulte dos aspectos ambientais da organização. A Resolução Conama 001/86 defini impacto ambiental como: [..] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiental causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Conforme Parizotto (2011), a identificação dos aspectos e impactos ambientais de uma organização é o passo mais importante no planejamento de um sistema de gestão ambiental, e devem ser classificados como significativos ou não significativos. Esta etapa também é fundamental para o conhecimento real do desempenho ambiental de uma organização. A norma ISO 14001 (2004) destaca que a organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais oriundos de suas atividades que possam ser controlados pela mesma e sobre os quais presume-se que tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente, assim como assegurar que os impactos significativos sejam considerados na definição de seus objetivos ambientais e manter essas informações atualizadas. Neste contexto, a identificação dos aspectos ambientais é um processo contínuo e que deve considerar, não somente, as condições normais de operação de uma organização, mas também os aspectos que ocorrem em situações anormais, e até condições de emergência, passíveis de impactos significativos (HENKELS, 2002). Para a avaliação da significância dos impactos ambientais, a norma ISO 14001 não estabelece critérios a serem seguidos. Diversos autores propõem uma avaliação, 25 considerando critérios como: Abrangência, Situação, Frequência/probabilidade, Severidade e Magnitude. Um exemplo de critérios que podem ser adotados para a avaliação dos aspectos/impactos ambientais, é apresentado a seguir: Quadro 2: Avaliação de aspectos e impactos ambientais Relaciona o aspecto/impacto ambiental levantado com a atividade exercida no local. A incidência pode ser direta (quando se refere àquele aspecto sobre o qual a organização exerce ou pode exercer INCIDÊNCIA controle efetivo, causando-se ou podendo-se causar um impacto ambiental direto); ou indireta (aquele aspecto/impacto sobre o qual a organização pode apenas exercer influência, não tendo controle efetivo, causando-se ou podendo-se causar um impacto indireto). Procura expressar a capacidade de interferência do aspecto/impacto no meio ambiente. Pode ser classificada em local (quando se encontra nas dependências da organização), regional (quando o impacto afeta o entorno da organização e a região onde a mesma se encontra) ou global ABRANGÊNCIA (quando o impacto atinge um componente ambiental de importância coletiva, nacional ou até mesmo internacional ou global). Sugere-se atribuir o valor de 1 ponto para a abrangência local, 2 pontos para a regional e 3 pontos para a global. Os aspectos/impactos ambientais potenciais, associados ou não a situações de risco, devem ser avaliados segundo sua probabilidade de ocorrência, a qual se sugere que seja qualificada e pontuada da seguinte PROBABILIDADE forma: alta (3 pontos), média (2 pontos) e baixa (1 ponto). Deve-se ressaltar que aqueles aspectos/impactos ambientais associados a situações de risco devem ser abordados em estudos específicos de análise de risco, para que sua probabilidade seja determinada por métodos de análise de risco aplicáveis. Os aspectos/impactos ambientais reais devem ser avaliados de acordo com sua provável frequência de ocorrência, a qual pode ser qualificada FREQUÊNCIA e pontuada da seguinte forma: alta (3 pontos), média (2 pontos) e baixa (1 ponto). Os aspectos/impactos ambientais devem ser avaliados segundo sua magnitude e reversibilidade. Sugere-se que a qualificação e pontuação desta característica sejam da seguinte forma: alta (3 pontos, referindose àquele aspecto que causa ou pode causar impactos de alta ou média magnitude ou intensidade, irreversíveis ou de difícil reversão), média (2 pontos, referindo-se àquele aspecto que causa ou pode causar SEVERIDADE impactos de alta ou média magnitude ou intensidade, mas que sejam reversíveis), e baixa ou mínima (1 ponto, referindo-se àquele aspecto que causa ou pode causar impactos de intensidade/magnitude mínima, independentemente de sua reversibilidade). Existem diferentes níveis de dificuldade de avaliação e/ou medição, quantitativa ou qualitativa dos aspectos/impactos ambientais potenciais e reais de uma organização, conhecidos por graus ou limites de DETECÇÃO detecção. Esses limites influenciam a interpretação da significância dos aspectos/impactos ambientais, que podem ser assim qualificados e pontuados: difícil (3 pontos), moderado (2 pontos) e fácil (1 ponto) Fonte: Adaptado de Departamento de Meio Ambiente / FIESP (2007) apud Parizotto (2011) 26 3 3.1 METODOLOGIA Local de estudo A indústria estudada está localizada na Br 386 no km 174,5, no município de Carazinho, no noroeste do estado do Rio Grande do Sul, com coordenadas geográficas de 28° 17’ de latitude e 52° 47’ longitude. Fonte: Prefeitura Municipal de Carazinho (2012) Figura 1: Localização de Carazinho-RS A indústria, que foi fundada em 1994, é uma metal mecânica do ramo de implementos agrícolas, de porte médio, produzindo semeadeiras. Iniciou na atividade de transformação de semeadeiras convencionais, sendo que em 1996 passou a fabricar semeadeiras novas para plantio direto, atendendo aos 3 estados do sul do Brasil, com mais de 1000 semeadeiras em atividades. Sua principal matéria prima é o aço, sendo utilizadas aproximadamente 20 toneladas do material por semana. A empresa possui 2200 m² de área construída, com aproximadamente 60 funcionários distribuídos nos setores administrativo, técnico e de produção. 27 Fonte: Google Earth (2012) Figura 2: Localização da Indústria 3.2 Escopo do trabalho Com o intuito de buscar soluções para o problema proposto, foi realizada uma série de procedimentos. No que diz respeito à abordagem do problema, a pesquisa caracteriza-se basicamente como qualitativa. Este tipo de pesquisa busca a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados para descrever a complexidade de um determinado problema e a interação de algumas variáveis, sem a utilização de dados numéricos e estatísticos. O ambiente natural é considerado como fonte para coleta de dados e os seus métodos são múltiplos, interativos e humanísticos, onde o pesquisador parte de uma visão holística do fenômeno, buscando compreender suas inter-relações. (GRESSLER, 2004). Quanto aos objetivos da pesquisa, podemos caracterizá-la de cunho exploratório e descritivo, considerando que a pesquisa exploratória almeja criar uma maior intimidade com o fenômeno estudado, sendo este, o primeiro passo para qualquer trabalho científico. A pesquisa descritiva pode ser um complemento da pesquisa exploratória, e visa identificar, registrar e analisar as características do fenômeno estudado (CIRIBELLI, 2003). 28 Segundo Ciribelli (2003), a coleta de dados é o conjunto de métodos práticos utilizados para reunir as informações necessárias à construção dos raciocínios em torno do problema. Sendo assim, o método utilizado foi o estudo de caso, buscando informações a campo, onde ocorrem os fatos e fenômenos, além de pesquisa bibliográfica e entrevista informal com o diretor industrial da empresa. O estudo de caso, conforme Gressler (2004) é caracterizado pelo profundo estudo de uma organização, a fim de se obter um conhecimento complexo e detalhado da mesma. A figura a seguir apresenta o delineamento do trabalho, demonstrando de forma detalhada o conjunto de etapas realizadas para atingir os objetivos desejados. Figura 3: Fluxograma do delineamento do trabalho. 29 3.2.1 Primeira etapa A primeira etapa consistiu na definição dos objetivos do trabalho, sendo estes de grande importância para o início da pesquisa. Os objetivos foram separados em Objetivo Geral e Objetivos Específicos, propostos com a finalidade de desenvolver meios de se alcançar a melhoria do desempenho ambiental da indústria. 3.2.2 Segunda Etapa A revisão bibliográfica foi realizada no intuito de se familiarizar com o problema que está sendo estudado, por exemplo, através da pesquisa de trabalhos já realizados nas áreas em que está inserido o problema. Foram pesquisados os assuntos que possuem relação direta e específica com o trabalho em questão, como a situação das indústrias metal mecânicas, gestão ambiental nas empresas, a norma ISO 14001, entre outros. 3.2.3 Terceira etapa A fim de se obter dados gerais a respeito da indústria, analisar o processo produtivo e para realizar as etapas seguintes deste trabalho, como o diagnóstico ambiental, levantamento e avaliação dos aspectos e impactos ambientais, foram realizadas visitas técnicas à indústria, onde foram feitos registros fotográficos do processo produtivo e diálogos com os funcionários dos setores da indústria. Nesta etapa também foi apresentado ao diretor industrial da empresa os princípios básicos de um SGA e realizada uma entrevista informal com o mesmo para coletar informações pertinentes. 3.2.4 Quarta etapa Na quarta etapa foi realizado o diagnóstico da empresa, com os dados coletados na etapa anterior. Aqui é apresentada a estrutura organizacional da indústria, o processo produtivo, com a descrição de cada etapa, desde a chegada da matéria prima até o produto final, 30 análise da situação legal da empresa, programas de segurança implantados e a situação atual do controle ambiental da indústria, envolvendo o tratamento e destinação dos resíduos sólidos e líquidos, geração de ruídos e emissões atmosféricas. 3.2.5 Quinta etapa Segundo a norma NBR ISO 14001 (2004), a alta administração deve definir a política ambiental da organização. Sendo assim em conjunto com o diretor industrial foi definida a política ambiental da empresa. Para isto foi considerado, o atendimento aos critérios e legislações ambientais vigentes, a conscientização dos colaboradores, o relacionamento com a sociedade e a eficiência no uso de insumos, recursos naturais, e na minimização da geração, tratamento e disposição de resíduos, buscando a prevenção da poluição. 3.2.6 Sexta Etapa Na sexta etapa foi realizado o levantamento de todos os aspectos e impactos ambientais negativos oriundos da indústria. Foram analisadas separadamente as etapas do processo de produção, através de inspeção visual e colaboração dos envolvidos nestas etapas. Os aspectos e impactos são apresentados através de um quadro, onde são descritos o setor e seus respectivos aspectos e impactos ambientais. 3.2.7 Sétima etapa Após o levantamento dos aspectos e impactos ambientais, estes, foram avaliados, observando-se os mais significativos, a fim de determinar o ponto de partida e a direção a ser tomada na elaboração de ações para melhoria do desempenho ambiental da indústria. Esta avaliação permitiu a determinação da vulnerabilidade da indústria em relação ao meio ambiente. Foi possível verificar os principais aspectos e impactos negativos gerados pela empresa, para uma posterior tomada de decisão a respeito de atitudes a serem adotadas prioritariamente. 31 Tal atividade foi realizada conforme alguns critérios adotados. Considerado a sua situação, os aspectos foram classificados como Normal ou Eventual, conforme o quadro a seguir: Quadro 3: Classificação dos aspectos quanto a sua situação SITUAÇÃO Normal DESCRIÇÃO Aspecto associado às rotinas operacionais da indústria. (N) Eventual (E) Aspecto associado a situações eventuais decorrentes de determinada atividade (falhas em equipamentos, acidentes, etc.). Para determinar a significância dos aspectos e impactos, foram considerados três fatores. São eles: Frequência ou Probabilidade, Severidade e Magnitude, descritos a seguir. Para a determinação da Frequência ou Probabilidade, foram adotados valores de 1 a 3, sendo a frequência atribuída aos aspectos e impactos de situações normais e a probabilidade para as situações eventuais. Para a frequência define-se: Quadro 4: Classificação dos impactos quanto a frequência de ocorrência FREQUÊNCIA DESCRIÇÃO 1 - Baixa A frequência com que o impacto ocorre é muito pequena. 2 - Média Frequência que não se enquadra aos critérios estabelecidos para Frequência Baixa e nem para Frequência Alta. 3 - Alta A ocorrência do impacto é inerente à atividade. Para a Probabilidade: Quadro 5: Classificação dos impactos quanto a probabilidade de ocorrência PROBABILIDADE DESCRIÇÃO 1 - Baixa A possibilidade de ocorrência do impacto é praticamente nula. 2 - Média Probabilidade que não se enquadra aos critérios estabelecidos para Probabilidade Baixa e nem para Probabilidade Alta. 32 3 - Alta Maior possibilidade de ocorrência do impacto, com base em experiências anteriores. O fator Severidade representa a gravidade do impacto sobre o meio ambiente, e é classificada conforme o quadro a seguir: Quadro 6: Classificação quanto a severidade do impacto SEVERIDADE DESCRIÇÃO 1 - Baixa Impacto reversível com a aplicação de ações imediatas, praticamente sem consequências para o meio ambiente. 2 - Média Impacto reversível em médio prazo com ações de controle ou mitigação, não altera significativamente o meio ambiente. 3 - Alta Impacto irreversível para o meio ambiente, mas que com ações de correção e de mitigação, podem ser restaurados. A Magnitude representa a dimensão do impacto no meio ambiente, e é classificada conforme o quadro a seguir: Quadro 7: Classificação quanto a magnitude do impacto MAGNITUDE DESCRIÇÃO 1 - Baixa A dimensão do impacto é pontual, o impacto se restringe a uma determinada área da indústria. 2 - Média A dimensão do impacto atinge ouras áreas da indústria, porém não ultrapassam os limites da mesma. 3 - Alta A dimensão do impacto é expressiva, ultrapassando os limites da indústria. Os fatores citados foram somados ao final da avaliação, obtendo-se a significância através da fórmula: S = F/P + SEV + MAG (1) onde: S – Significância; F/P – Frequência ou Probabilidade; SEV – Severidade; MAG – Magnitude. 33 Foram considerados significativos os aspectos e impactos em que a Severidade atribuída foi igual a 3 e/ou a Significância foi maior ou igual a 7. Cabe ressaltar que para esta avaliação foi desconsiderado qualquer tipo de controle existente sobre o aspecto ou impacto, a fim de caracterizar claramente a relevância destes. 3.2.8 Oitava etapa A oitava etapa baseou-se na verificação de todos os requisitos legais aplicáveis à indústria, através de pesquisa bibliográfica e sites de órgãos públicos, com a finalidade de verificar futuramente, na implantação do SGA, a adequação da empresa a estes requisitos. Estes são apresentados através de um quadro, dividido em legislações federais, estaduais e municipais. 3.2.9 Nona etapa Foram estabelecidos objetivos e metas levando em consideração os impactos definidos como significativos, conforme a classificação no item 3.2.7, objetivando, respectivamente, a eliminação, a minimização, a reutilização ou a reciclagem, e também, a fim de cumprir todos os requisitos legais aplicáveis à empresa. Para estas metas, sempre que possível, são apontados indicadores. 3.2.10 Décima Etapa Por fim, com o conjunto das etapas realizadas anteriormente, foi elaborado um plano de ação a fim de se atingir os objetivos e metas definidos, pretendendo gradativamente se alcançar uma melhoria do desempenho ambiental. No plano de ação foram atribuídas as responsabilidades para cada setor da indústria, assim como foram determinados os meios e prazos para o atendimento destes objetivos e metas. 34 4 4.1 RESULTADOS Diagnóstico da Empresa 4.1.1 Estrutura organizacional A estrutura organizacional da empresa se apresenta conforme o fluxograma a seguir: Figura 4: Organograma da indústria 4.1.2 Layout da empresa O layout da indústria está apresentado no Apêndice – A, ao final deste trabalho. O número de pessoas que trabalham por setor, é apresentado a seguir: Presidência: 1 pessoa Diretor industrial: 1 pessoa Departamento Comercial: 3 pessoas Produção: 40 pessoas Engenharia: 8 pessoas Setor financeiro: 2 pessoas Recursos Humanos: 3 pessoas Setor de peças: 4 pessoas 35 4.1.3 Processo produtivo Para a obtenção das semeadeiras, as chapas de aço passam por uma série de etapas. A seguir é apresentado o fluxograma do processo produtivo da indústria: Figura 5: Fluxograma do processo produtivo da indústria Inicialmente, as matérias-primas, como tintas, as chapas de aço, os itens para os serviços de solda, equipamentos de proteção individual, óleos, dentre outros, são recebidos dos fornecedores e descarregados diretamente no almoxarifado, onde ficam armazenados para posterior utilização. Na figura 6, a seguir, são demonstradas as chapas de aço utilizadas: 36 Figura 6: Aço para fabricação do produto Traçagem A traçagem consiste nas marcações sobre a superfície do aço, que representam as linhas de referência para a execução da peça. Portanto ela delimita as superfícies, linhas e os eixos de referência com que o operário deve trabalhar para obtenção da futura peça. As marcações são feitas com giz, utilizando-se também esquadro, régua, compasso e outros objetos de desenho. Estampagem Este é o processo em que a chapa de aço adquire o formato desejado. Consiste no corte, dobramento, estampagem normal ou estampagem profunda do material. Somente algumas chapas passam pelo processo de dobramento. Neste processo utilizam-se os fluidos de corte, que são líquidos e gases aplicados na ferramenta e no material que está sendo estampado, a fim de facilitar a operação de 37 corte. Frequentemente são chamados de lubrificantes ou refrigerantes, pois são utilizados para reduzir o atrito e diminuir a temperatura na região de estampagem. O corte é realizado em guilhotinas e puncionadeiras, onde o material é colocado sob estas ferramentas e através de um sistema pneumático é acionada a guilhotina. A estampagem é realizada através de puncionadeiras, onde é realizada a furação da chapa de aço. O dobramento é realizado por prensas, com a finalidade de conformar as peças a um modelo. Nas figuras 7 e 8, abaixo, são apresentadas duas máquinas de corte utilizadas na indústria: Figura 7: Setor de estamparia 38 Figura 8: Máquina de corte Usinagem A etapa de usinagem consiste na operação que confere forma à peça, dimensões, o acabamento e melhoria da qualidade superficial da peça. O processo é realizado através da remoção do aço na forma de cavaco, que é a sobra do material com formas irregulares. São realizados furos e o acabamento nas peças, utilizando fluídos para lubrificação, proteção da máquina contra corrosão e para ajudar na remoção do cavaco. Estes furos são feitos através de furadeiras de bancadas, para peças de menor espessura e furadeiras de coluna, que têm maior potência, para as de maior espessura. A seguir são apresentadas as figuras 9, 10 e 11, demonstrando as máquinas do setor de usinagem: 39 Figura 9: Setor de usinagem Figura 10: Furadeiras de bancada 40 Figura 11: Furadeira de coluna Soldagem A soldagem visa à união de duas ou mais peças, para obtenção de uma única peça, assegurando, na junta soldada, a continuidade de propriedades físicas, químicas e metalúrgicas. A soldagem é realizada por fusão, e tem como fonte de energia o arco elétrico. O eletrodo é fundido pelo arco e fornece metal de adição para a solda (soldagem com eletrodos consumíveis). Na figura 12, é apresentado o setor de usinagem: 41 Figura 12: Setor de soldagem Lavagem/Acabamento O processo de lavagem objetiva a limpeza da peça, eliminando óleos e graxas, fuligem, entre outros materiais que podem ficam impregnados na peça durante os processos anteriores. É fundamental limpar e preparar as superfícies antes da aplicação da pintura. Aqui são utilizados detergentes e diferentes tipos de solventes para a limpeza, através da emulsificação de óleos e graxas, além de água. Pintura As peças recebem uma pintura a pó, que consiste na aplicação de tinta em forma de pó, onde através de um campo magnético a tinta é fixada na peça e posteriormente é seca em temperaturas de até 80°C. Este sistema não requer a utilização de solventes para manter os seus componentes (ligante, pigmento, etc) 42 Montagem Após a realização de todas as etapas anteriores, é realizada a montagem das semeadeiras. Inspeção final Por fim é realizada a inspeção final para verificar a qualidade do produto. As inspeções principais são realizadas após o acabamento, para conferência da parte mecânica das peças. Após a inspeção estes estão prontos para expedição. 4.1.4 Segurança A empresa possui programa de segurança ocupacional, programa de controle a incêndios e programas de atuação emergencial em caso de acidentes. Estes programas de segurança implantados na empresa são realizados por uma empresa especializada da cidade de Carazinho. Em todos os setores da produção os funcionários são orientados quanto à utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). 4.1.5 Licenciamento Ambiental A empresa ainda não possui licença de operação, porém esta já foi requerida junto ao órgão competente (FEPAM) e está em processo de análise. 4.1.6 Controle Ambiental A empresa não possui um sistema de gestão ambiental ou sistema de gestão de qualidade implantado e nem uma política ambiental definida, porém realiza algumas ações relacionadas às questões ambientais. Em relação aos resíduos sólidos gerados na indústria, os que são considerados perigosos (classe I) são recolhidos por uma empresa especializada e destinados a aterros sanitários adequados. Porém, a empresa não possui um programa de gerenciamento dos 43 resíduos sólidos. As limalhas e os retalhos de aço gerados no processo são comercializados com outras empresas. Os efluentes líquidos gerados na indústria, no processo de produção, são tratados através de um sedimentador, onde é realizado um tratamento químico do efluente. O sistema é semelhante ao apresentado abaixo: Figura 13: Sistema de tratamento de efluentes O lodo proveniente do sistema de tratamento do efluente é também recolhido por uma empresa especializada. O efluente tratado é lançado em um rio próximo, e deve estar de acordo com os padrões estabelecidos pela Resolução Consema 128 e Consema 129. Não há programa de controle de redução de emissões de efluentes, redução de consumo de água ou reuso da água. A indústria possui emissões atmosféricas, provenientes da estamparia, usinagem e soldagem, além dos veículos automotores utilizados, sendo que estes não possuem um controle específico. Em relação às emissões sonoras, a empresa não possui programas de controle, somente há a utilização de EPIs pelos funcionários que trabalham na área de produção. A indústria implantou um programa de produção mais limpa, onde no processo de fabricação passou-se a estampar uma chapa de aço, gerando um retalho de forma 44 circular que é utilizada em outros processos. Anteriormente a chapa era furada no processo de usinagem, gerando materiais denominados cavacos, que eram considerados resíduos. A indústria não possui outros programas de otimização da utilização de matériaprima, energia e água e programas de monitoramento ambiental (solo, água, ar e área de operação industrial). 4.2 Política Ambiental da Indústria Como a indústria não possuía uma política ambiental definida, esta ficou estabelecida assim: A indústria tem o compromisso de oferecer produtos de qualidade para o plantio direto, projetados e fabricados buscando atender plenamente as normas e legislações legais, ambientais e de segurança, aplicáveis à empresa. Para isto, desenvolvendo e melhorando continuamente os seus processos de modo a contribuir com o desenvolvimento econômico e social de seus colaboradores, da comunidade afetada pela indústria e garantir a satisfação de seus clientes, assim como a preservação ambiental nas suas atividades. O comprometimento com a política ambiental baseia-se nos seguintes princípios: Atender aos requisitos legais aplicáveis à indústria e seus produtos e processos; Conscientizar colaboradores, fornecedores e comunidades vizinhas para garantir o compromisso de todos com a preservação ambiental; Capacitar constantemente os colaboradores; Identificar e monitorar aspectos e impactos ambientais, visando minimizá- Utilizar de maneira eficiente e sustentável os insumos e recursos naturais; Reduzir as emissões de resíduos, visando sempre à reutilização ou los; reciclagem quando possível; Manter equipamentos com tecnologias avançadas, devidamente regulados e em constante manutenção; Manter atualizado o Sistema de Gestão Ambiental; 45 Considerar estes princípios nas decisões tomadas pela indústria. A política ambiental deve ser disponibilizada ao público através do site da empresa e quadros espalhados no setor administrativo. Cabe ressaltar que esta política deve ser realmente levada em consideração nas tomadas de decisões da alta administração, sendo que o presidente da indústria deve estar totalmente comprometido com a mesma. 4.3 Levantamento dos Aspectos e Impactos Ambientais Os aspectos ambientais levantados na indústria e que devem ser mantidos atualizados constantemente, são apresentados no quadro abaixo: Quadro 8: Aspectos e impactos ambientais Etapas do processo Recebimento das matérias primas Aspectos Impactos Embalagens de produtos químicos Alteração da qualidade do solo Embalagens vazias Alteração da qualidade do solo Derramamento de óleos Alteração da qualidade da água/solo Consumo de energia elétrica Emissão de vapores/material particulado Estampagem recursos naturais Alteração da qualidade do ar Geração de retalhos de aço Alteração da qualidade do solo Emissão de ruído Poluição sonora Estopas com óleo Alteração da qualidade do solo Luvas com óleo Alteração da qualidade do solo Óleos lubrificantes/refrigerantes Alteração da qualidade da água/solo Derramamento de óleos Alteração da qualidade da água/solo Fluidos de corte Alteração da qualidade da água/solo Descarte de EPI's Alteração da qualidade do solo Consumo de energia elétrica Usinagem Esgotamento/redução da disponibilidade de Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Geração de limalha de aço Alteração da qualidade do solo Óleos lubrificantes/refrigerantes Alteração da qualidade da água/solo Emissão de vapores/material particulado Alteração da qualidade do ar Estopas com óleo Alteração da qualidade do solo Emissão de ruído Poluição sonora Descarte de EPI's Alteração da qualidade do solo Fluidos de corte Alteração da qualidade da água/solo 46 Derramamento de óleos Consumo de energia elétrica Soldagem Alteração da qualidade da água/solo Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Geração de limalha de aço Alteração da qualidade do solo Resíduos de eletrodo Alteração da qualidade do solo Emissão de ruído Poluição sonora Emissão de vapores/materiais Alteração da qualidade do ar particulados Geração de fumo metálico Alteração da qualidade do ar Descarte de EPI's Alteração da qualidade do solo Consumo de água Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Geração de efluentes (detergentes, Alteração da qualidade da água/solo solventes) Lavagem Embalagens vazias Alteração da qualidade do solo Descarte de EPI's Alteração da qualidade do solo Escovas contaminadas Alteração da qualidade do solo Estopas não contaminadas Alteração da qualidade do solo Consumo de energia elétrica Pintura Montagem Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Emissão de material particulado Alteração da qualidade do ar Descarte de EPI's Alteração da qualidade do solo Consumo de energia elétrica Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Estopas Alteração da qualidade do solo Geração de resíduos (papel, plásticos, Alteração da qualidade da água/solo orgânicos) Administração Consumo de energia elétrica 4.4 recursos naturais Geração de efluentes sanitários Veículos movidos à combustão Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Alteração da qualidade da água/solo Alteração da qualidade do ar Pilhas e baterias Alteração da qualidade da água/solo Consumo de água Outros Esgotamento/redução da disponibilidade de Avaliação dos Aspectos e Impactos Ambientais A seguir é apresentado o quadro da avaliação dos aspectos e impactos ambientais, destacando em cor vermelha, os avaliados como significativos. A partir destes impactos significativos foram estabelecidas as ações prioritárias que devem ser adotadas na indústria, visando a melhoria do desempenho ambiental. 47 Quadro 9: Avaliação dos aspectos e impactos ambientais Etapas do processo Recebimento das matérias primas Aspectos Embalagens de produtos químicos Embalagens vazias Derramamento de óleos Consumo de energia elétrica Estampagem Situação Frequência/Probabilidade Severidade Magnitude Alteração da qualidade do solo N 2 2 3 7 Alteração da qualidade do solo Alteração da qualidade da água/solo N 3 1 2 6 E 2 3 2 7 Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais N 3 1 3 7 Emissão de vapores/material particulado Geração de retalhos de aço Alteração da qualidade do ar N 3 2 1 6 Alteração da qualidade do solo N 3 2 2 7 Emissão de ruído Poluição sonora N 3 1 2 6 Estopas com óleo Alteração da qualidade do solo N 2 3 2 7 Luvas com óleo Alteração da qualidade do solo N 2 3 2 7 Óleos lubrificantes/refrigerantes Alteração da qualidade da água/solo N 3 3 3 9 Derramamento de óleos Alteração da qualidade da água/solo E 2 3 2 7 Fluidos de corte Alteração da qualidade da água/solo N 3 3 3 9 Descarte de EPI's Alteração da qualidade do solo Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Alteração da qualidade do solo N 1 2 2 5 N 3 1 3 7 N 3 2 2 7 Óleos lubrificantes/refrigerantes Emissão de vapores/material particulado Estopas com óleo Alteração da qualidade da água/solo N 3 3 3 9 Alteração da qualidade do ar N 3 2 1 6 Alteração da qualidade do solo N 2 3 2 7 Emissão de ruído Poluição sonora N 3 1 2 6 Descarte de EPI's Alteração da qualidade do solo N 1 2 2 5 Fluidos de corte Alteração da qualidade da água/solo N 3 3 3 9 Derramamento de óleos Alteração da qualidade da água/solo E 2 3 2 7 Consumo de energia elétrica Geração de limalha de aço Usinagem Impactos 48 Geração de limalha de aço Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Alteração da qualidade do solo Resíduos de eletrodo Alteração da qualidade do solo N 3 2 2 7 Emissão de ruído Emissão de vapores/materiais particulados Geração de fumo metálico Poluição sonora N 3 1 2 6 Alteração da qualidade do ar N 3 2 2 7 Alteração da qualidade do ar N 3 2 1 6 Alteração da qualidade do solo Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais N 1 2 2 5 N 3 2 2 7 Alteração da qualidade da água/solo N 3 2 3 8 Alteração da qualidade do solo N 1 1 2 4 Descarte de EPI's Alteração da qualidade do solo N 1 2 2 5 Escovas contaminadas Alteração da qualidade do solo N 1 3 2 6 Estopas não contaminadas Alteração da qualidade do solo Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Alteração da qualidade do ar N 2 2 2 6 N 3 1 3 7 N 1 1 1 3 Alteração da qualidade do solo Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Alteração da qualidade do solo N 2 2 2 6 N 2 1 3 6 N 2 2 2 6 Alteração da qualidade do solo N 3 2 2 7 N 3 1 3 7 N 3 1 1 5 N 3 2 1 6 Consumo de energia elétrica Soldagem Descarte de EPI's Consumo de água Lavagem Geração de efluentes (detergentes, solventes) Embalagens vazias Consumo de energia elétrica Pintura Emissão de material particulado Descarte de EPI's Montagem Consumo de energia elétrica Estopas Geração de resíduos (papel, plásticos, orgânicos) Administração Consumo de energia elétrica Consumo de água Geração de efluentes sanitários Outros Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Esgotamento/redução da disponibilidade de recursos naturais Alteração da qualidade da água/solo N 3 1 3 7 N 3 2 2 7 Veículos movidos à combustão Alteração da qualidade do ar N 3 2 3 8 Pilhas e baterias Alteração da qualidade da água/solo N 1 3 2 6 49 4.5 Requisitos Legais Aplicáveis Os requisitos legais aplicáveis à empresa são apresentados na no quadro 10: Quadro 10: Requisitos legais aplicáveis à indústria Legislação Resolução Conama n. 382/06 Resolução Conama n. 357/05 CONAMA Resolução Conama n. 362/05 Resolução Conama n. 313/02 Resolução Conama n. 275/01 Resolução Conama n. 237/97 Legislação federal Resolução Conama n. 09/93 Resolução Conama n. 01/90 Resolução Conama n. 02/90 Resolução Conama n. 03/90 Resolução Conama n. 05/89 NBR ISO 14.001 NBR 13221/10 NBR 10004/04 ABNT NBR 9.190/00 NBR 9.191/00 NBR 7500/00 NBR 8285/96 NBR 13463/95 NBR 12235/92 NBR 11174/90 NBR 8286/87 NBR 7501/83 Descrição Estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado. Dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental. O óleo lubrificante usado ou contaminado será, obrigatoriamente, recolhido e terá uma destinação adequada, de forma a não afetar negativamente o meio ambiente. Dispõe sobre critério e padrões de emissão de ruídos, das atividades industriais. Instituir em caráter nacional o programa Nacional Educação e Controle da Poluição Sonora. Dispõe sobre os padrões de qualidade do ar as concentrações de poluentes atmosféricos. Institui o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar – PRONAR. Sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso. Transporte de resíduos – Procedimento Resíduos Sólidos – Classificação Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Classificação. Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - Requisitos e métodos de ensaio. Dispõe sobre simbologia de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais. Preenchimento da ficha de emergência. Coleta de resíduos sólidos – Classificação. Armazenamento de resíduos sólidos perigosos. Armazenamento de resíduos classe II (não inertes) e III (inertes). Emprego da simbologia para o transporte rodoviário de produtos perigosos. Identificação para transporte terrestre, manuseio, 50 NBR 7504/83 NBR 7503/82 Lei n. 12.305/10 Decreto n. 6.514/08 Leis e decretos Lei n. 9.966/00 Portaria n. 204/97 Decreto n. 96.044/88 Lei n. 6.938/81 Portaria ministerial n. 92/80 Decreto-Lei n. 1.413/75 Lei n. 5.357/67 e Decreto n. 50.877/61 Portaria Fepam n. 65/08 Legislação estadual Resolução Consema n. 128/06 Resolução Consema n. 129/06 Resolução Consema n. 038/03 Lei 11.520/00 Portaria Fepam n. 47/98 Lei 9.921/93 Legislação Municipal Portaria GM 124/80 Lei n. 7.191/10 movimentação e armazenamento de produtos. Envelope para transporte de cargas perigosas. Características e dimensões. Ficha de emergência para transporte de cargas perigosas. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras providências. Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. Regulamenta o transporte rodoviário de produtos perigosos. Aprova o regulamento para o transporte rodoviário de produtos perigosos. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Estabelece padrões, critérios e diretrizes relativos a emissão de sons e ruídos. Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais. Dispõem sobre o lançamento de resíduos tóxicos ou oleosos nas águas interiores ou litorâneas do País. Disciplina a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e seu procedimento administrativo no âmbito da Fundação Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM Dispõe sobre a fixação de Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos para fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul Dispõe sobre a definição de Critérios e Padrões de Emissão para Toxicidade de Efluentes Líquidos lançados em águas superficiais do Estado do Rio Grande do Sul. Estabelece procedimentos, critérios técnicos e prazos para Licenciamento Ambiental realizado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental - FEPAM, no Estado do Rio Grande do Sul Institui o Código Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Aprova o MANIFESTO DE TRANSPORTE DE RESÍDUOS – MTR e dá outras providências Dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos, nos termos do artigo 247, parágrafo 3º da Constituição do Estado e dá outras providências. Estabelecem normas para a localização de indústrias potencialmente poluidoras junto às coleções hídricas. Dispõe sobre a proteção do meio ambiente na comercialização, na troca e no descarte de óleo lubrificante, e dá outras providências. 51 Lei n. 3.378/83 4.6 Cria o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente CODEMA. Objetivos e Metas Os objetivos e metas definidos para a indústria, e seus respectivos indicadores, foram estabelecidos a partir dos impactos avaliados como significativos e são apresentados a seguir: Quadro 11: Objetivos e metas OBJETIVOS Garantir a satisfação dos clientes Adequar a indústria às legislações vigentes Identificar e quantificar os resíduos gerados na indústria Implantar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos METAS Implantar o plano até Julho/2013 Reduzir em 5% a quantidade de resíduos sólidos gerados no segundo semestre de 2013 em relação ao primeiro semestre de 2013 Utilizar ao menos 50% de papel reciclado do total utilizado no escritório no ano de 2013 Reduzir a geração de resíduos sólidos Implantar uma central de INDICADORES Manter Índice de satisfação entre 95% e 100% a partir do Índice de satisfação mensal ano de 2013. Adequar a indústria às leis pertinentes até dezembro/2013 Quantidade de itens em não e mantê-la continuamente em conformidade com a legislação conformidade com a legislação Identificar e quantificar Inventários de resíduos mensalmente os resíduos gerados mensalmente (tipos e gerados, a partir de kg de resíduos gerados) janeiro/2013 Constatação da existência do plano Inventários de resíduos gerados mensalmente (kg/mês) Quantidade de folhas utilizadas em papel normal e em papel reciclado no ano de 2013 Reduzir em 5% a geração de limalhas de aço no segundo semestre de 2013 em relação ao primeiro semestre de 2013 Quantidade média de limalha de aço gerada por semeadeira fabricada (kg/semeadeira) Reduzir em 5% a geração de retalhos de aço no segundo semestre de 2013 em relação ao primeiro semestre de 2013 Quantidade média de retalhos de aço gerados por semeadeira fabricada (kg/semeadeira) Implantar até Julho/2013 Constatação da existência da 52 resíduos Reduzir emissão de efluentes Reduzir consumo de água Reutilizar 100% do efluente tratado a partir de fevereiro/2013 Reduzir em 5% o consumo de água em 2013 em relação ao ano de 2012 Reduzir consumo de energia elétrica Reduzir em 5% o consumo de energia em 2013 em relação ao ano de 2012 Reduzir emissões atmosféricas Monitorar diariamente emissões de material particulado nos equipamentos pertinentes, a partir de janeiro/2013 Manter veículos com a revisão atualizada a partir de janeiro/2013 Implantar barreiras de contenção para eventuais vazamentos de óleo e produtos químicos Reutilizar óleos lubrificantes e fluidos de corte Treinar colaboradores Melhorar o relacionamento com a sociedade Manter atualizada a planilha de aspectos e impactos ambientais 4.7 central de resíduos Quantidade de efluente tratado e quantidade reutilizada mensalmente (m³/mês) Quantidade média de água utilizada por semeadeira fabricada (m³/semeadeira) Quantidade média de energia utilizada por semeadeira fabricada (Kw/h por semeadeira) Planilha com os valores dos parâmetros monitorados diariamente Registros de revisão dos veículos Implantar barreiras até julho/2013 Constatação da existência das barreiras Reutilizar ao menos 50% dos óleos lubrificantes e fluidos de corte utilizados no mês Realizar palestras e treinamentos trimestrais para os colaboradores Promover programas de educação ambiental semestrais Atualizar a planilha mensalmente, a parti de janeiro/2013 Quantidade de óleo e fluidos utilizados e quantidade reutilizada (litros) Horas de treinamento ou palestras por trimestre Número de eventos realizados Registro das atualizações da planilha Plano de Ação Para atingir cada objetivo e meta, foi definido um plano de ação, conforme apresentado a seguir: Quadro 12: Plano de ação Objetivo: Garantir a satisfação dos clientes Meta: Manter índice de satisfação entre 95 e 100% Indicador: Índice de satisfação mensal Item Ações Local/Setor Responsável Registrar reclamações Comercial Responsável 1 e/ou sugestões pelo setor Prazo Mensalmente, a partir de janeiro/2013 53 2 Obter índice de satisfação Comercial dos clientes Responsável pelo setor 3 Observar oportunidades de melhorias no produto realizando pesquisas com clientes Aplicar melhorias quando possível Comercial Responsável pelo setor Produção Diretor industrial 4 Mensalmente, a partir de janeiro/2013 Semestralmente, a partir de julho/2013 Semestralmente, a partir de janeiro/2014 Objetivo: Adequar a indústria às legislações vigentes Meta: Adequar a indústria às leis até dezembro/2013 e mantê-la continuamente em conformidade com a legislação Indicador: Quantidade de itens em não conformidade com a legislação Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Verificar a Todos os locais Responsável Fevereiro/2013 1 conformidade da pelo SGA indústria com todas as leis levantadas Adequar os itens que Locais onde se Responsáveis Dezembro/2013 2 não estão em encontram as pelos setores conformidade não conformidades Manter continuamente Todos os locais Responsável Mensalmente, a 3 atualizado o pelo SGA partir de levantamento das janeiro/2013 legislações vigentes Objetivo: Identificar e quantificar os resíduos gerados na indústria Meta: Identificar e quantificar mensalmente os resíduos gerados, a partir de janeiro/2013 Indicador: Inventários de resíduos gerados mensalmente (tipos e Kg de resíduos gerados a cada mês) Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Criar uma planilha com Todos os locais Responsável Janeiro/2013 1 todos os tipos de pelo SGA resíduos gerados na indústria Pesar separadamente os Todos os locais Serviços de Diariamente a 2 tipos de resíduos limpeza e partir de gerados diariamente e produção janeiro/2013 obter o total mensal Objetivo: Implantar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos Meta: Implantar o plano até Julho/2013 Indicador: Constatação da existência do plano Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Identificar tipos de Todos os locais Responsável Fevereiro/2013 1 resíduos gerados pelo SGA Identificar tipos de Todos os locais Responsável Fevereiro/2013 2 54 3 4 5 6 7 8 9 coletores adequados para o acondicionamento Quantidade de coletores e locais a serem instalados Adquirir coletores e disponibilizá-los Definir procedimentos de coleta e transporte interno dos resíduos Definir área de armazenamento interno dos resíduos Definir procedimentos de tratamento, coleta e transporte externo Treinamento dos colaboradores Implantar o plano pelo SGA Todos os locais Responsável pelo SGA Fevereiro/2013 Todos os locais Financeiro Março/2013 Todos os locais Responsável pelo SGA Março/2013 Todos os locais Responsável pelo SGA Março/2013 Todos os locais Responsável pelo SGA Abril/2013 Todos os locais Responsável Maio/2013 pelo SGA Todos os Julho/2013 colaboradores Todos os locais Objetivo: Reduzir a geração de resíduos sólidos Meta: Reduzir em 5% a quantidade de resíduos sólidos gerados no segundo semestre de 2013 em relação ao primeiro semestre de 2013 Indicador: Inventários de resíduos gerados mensalmente (kg/mês) Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Definir para cada tipo de Todos os locais Responsável Junho/2013 1 resíduo um plano de ação, pelo SGA contemplando os seguintes itens, quando possível: Eliminar geração Minimizar Reutilizar Reciclar Encaminhar para tratamento Encaminhar para disposição final 2 Implantar planos de ação Todos os locais 3 Realizar palestras de conscientização sobre o tema Obter médias de resíduos gerados no segundo semestre e comparar com Todos os locais 4 Todos os locais Responsáveis por cada setor Responsável SGA e RH Julho/2013 Responsável SGA Janeiro/2014 Julho/2013 55 o primeiro Objetivo: Reduzir a geração de resíduos sólidos Meta: Utilizar ao menos 50% de papel reciclado do total utilizado no escritório no ano de 2013 Indicador: Quantidade de folhas utilizadas em papel normal e em papel reciclado no ano de 2013 Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Identificar fornecedores Financeiro Responsável Janeiro/2013 1 de papel reciclado pelo setor Realizar acordo Financeiro Responsável Fevereiro/2013 2 comercial pelo setor Verificar documentos Todos os Responsável Fevereiro/2013 3 que podem ser locais pelo SGA impressos com este tipo de papel Conscientizar Todos os Responsável Março/2013 4 colaboradores locais pelo SGA Registrar quantidade de Todos os Todos os Continuamente, a 5 papéis impressos com locais colaboradores partir de papel normal e com fevereiro/2013 papel reciclado Objetivo: Reduzir a geração de resíduos sólidos Meta: Reduzir em 5% a geração de limalhas de aço no segundo semestre de 2013 em relação ao primeiro semestre de 2013 Indicador: Quantidade média de limalha de aço gerada por semeadeira fabricada (kg/semeadeira) Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Regular os Produção Engenharia Mensalmente, a 1 equipamentos partir de periodicamente janeiro/2013 2 3 4 Treinar colaboradores para aperfeiçoar os processos de usinagem e soldagem Segregar e armazenar de forma adequada as limalhas geradas Comercializar as limalhas Produção - Setor comercial Engenharia Março/2013 Responsável pela produção Responsável pelo setor Diariamente, a partir de janeiro/2013 Quinzenalmente, a partir de janeiro/2013 Janeiro/2014 Obter médias de Produção Responsável limalhas geradas no pelo SGA segundo semestre e comparar com o primeiro Objetivo: Reduzir a geração de resíduos sólidos Meta: Reduzir em 5% a geração de retalhos de aço no segundo semestre de 2013 em relação ao primeiro semestre de 2013 5 56 Indicador: Quantidade média de retalhos de aço gerados por semeadeira fabricada (kg/semeadeira) Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Regular os equipamentos Produção Engenharia Mensalmente 01 periodicamente Treinar colaboradores Produção Engenharia Março/2013 02 para aperfeiçoar os processos de estampagem Segregar e armazenar de Responsável Diariamente, a 3 forma adequada os pela partir de retalhos gerados produção janeiro/2013 Reutilizá-los quando Produção Diretor Continuamente, 4 possível Industrial a partir de julho/2013 Comercializar os retalhos Setor comercial Responsável Quinzenal, a 5 pelo setor partir de janeiro/2013 Obter médias de retalhos Produção Responsável Janeiro/2014 6 geradas no segundo pelo SGA semestre e comparar com o primeiro Objetivo: Implantar uma central de resíduos Meta: Implantar até Julho/2013 Indicador: Constatação da existência da central de resíduos Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Definir local e estrutura Diretor Fevereiro/2013 1 básica industrial e responsável pelo SGA Contratar empresa para Financeiro Responsável Abril/2013 2 elaborar projeto pelo setor Contratar empresa para Financeiro Responsável Julho/2013 3 executar o projeto pelo setor Objetivo: Reduzir a emissão de efluentes Meta: Reutilizar 100% do efluente tratado a partir de fevereiro/2013 Indicador: Quantidade de efluente tratado e quantidade reutilizada mensalmente (m³/mês) Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Monitorar a quantidade e Sistema de Responsável Semanalmente, a 1 qualidade do efluente tratamento do pelo sistema partir de final e manter os efluente janeiro/2013 parâmetros de acordo com os limites estabelecidos pela legislação Verificar possibilidade Sistema de Responsável Semanalmente, a 2 de reutilização do tratamento do pelo sistema partir de efluente efluente janeiro/2013 57 3 Reutilizá-lo para lavagem das peças Produção Responsável pela lavagem 4 Obter a porcentagem de efluente reutilizado Produção Responsável pelo SGA Continuamente a partir de fevereiro/2013 Diariamente a partir de fevereiro/2013 Objetivo: Reduzir o consumo de água Meta: Reduzir em 5% o consumo de água em 2013 em relação ao ano de 2012 Indicador: Quantidade média de água consumida por semeadeira (m³/semeadeira) Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Verificar possibilidade Todos os locais Responsável Janeiro/2013 1 da instalação de pelo SGA redutores de vazão nas torneiras Analisar a possibilidade Área externa Responsável Janeiro/2013 2 de implantar um sistema pelo SGA de captação da água da chuva Realizar palestras e Todos os locais Responsável Janeiro/2013 3 programas para pelo SGA e conscientização sobre o RH uso da água Detectar e corrigir Todos os locais Todos os Continuamente, a 4 possíveis vazamentos colaboradores partir de janeiro/2013 Verificar quantidade de Todos os locais Responsável Janeiro/2014 5 água consumida por pelo SGA semeadeira fabricada em 2013 e comparar com 2012 Objetivo: Reduzir o consumo de energia elétrica Meta: Reduzir em 5% o consumo de energia de 2013 em relação ao ano de 2012 Indicador: Quantidade média de energia utilizada por semeadeira fabricada (Kw/h por semeadeira) Item Ações Local/Setor Responsável Prazo Verificar possibilidade de Todos os locais Responsável Fevereiro/2013 1 instalação de sensores de pelo SGA presença em alguns locais Realizar manutenção dos Produção Engenharia Mensalmente, a 2 equipamentos partir de janeiro/2013 Realizar palestras e Todos os locais Responsável Fevereiro/2013 3 programas para pelo SGA e conscientização dos RH colaboradores 58 Verificar quantidade de Todos os locais Responsável Janeiro/2014 energia utilizada por pelo SGA semeadeira no ano de 2013 e comparar com 2012 Objetivo: Reduzir emissões atmosféricas Meta: Monitorar emissões de material particulado nos equipamentos pertinentes, a partir de janeiro/2013 Indicador: Planilha com os valores dos parâmetros monitorados diariamente Item Programas de gestão Local/Setor Responsável Prazo Realizar manutenção dos Produção Engenharia Mensalmente, a 1 equipamentos que emitem partir de MP janeiro/2013 Levantamento dos Produção Responsável Março/2013 2 equipamentos necessários pelo SGA para o monitoramento Aquisição dos Financeiro Responsável Abril/2013 3 equipamentos pelo setor Realizar monitoramento Produção Responsável Diariamente, a 4 pelo SGA partir de abril/2013 Verificar necessidade de Produção Responsável Mensalmente. 5 sistema de tratamento pelo SGA A partir de abril/2013 Objetivo: Reduzir emissões atmosféricas Meta: Manter veículos com a revisão atualizada a partir de janeiro/2013 Indicador: Registros de revisão dos veículos Item Programas de gestão Local/Setor Responsável Prazo Realizar revisão dos Colaboradores A partir de 1 veículos conforme as datas que utilizam janeiro/2013 previstas os veículos Objetivo: Implantar barreiras de contenção para eventuais vazamentos de óleo e produtos químicos Meta: Implantar barreiras até julho/2013 Indicador: Constatação da existência das barreiras Item Programas de gestão Local/Setor Responsável Prazo Contratar empresa para Financeiro Responsável Março/2013 1 elaborar projeto de pelo setor contenção Implantar o sistema Almoxarifado e Empresa Julho/2013 2 produção contratada Objetivo: Reutilizar óleos lubrificantes e fluidos de corte Meta: Reutilizar ao menos 50% dos óleos lubrificantes e fluidos de corte utilizados no mês Indicador: Quantidade de óleo utilizado e quantidade reutilizada (litros) Item Programas de gestão Local/Setor Responsável Prazo Levantamento de filtroProdução Diretor Fevereiro/2013 1 prensa adequado para o industrial e 4 59 tratamento dos óleos responsável pelo SGA Responsável pelo setor Diretor industrial Aquisição do Financeiro Abri/2013 equipamento Reutilização no processo Produção Maio/2013 3 Obter quantidade de óleo Produção Mensalmente, a 4 e fluidos de corte partir de utilizado e reutilizados no maio/2013 mês Objetivo: Treinar colaboradores Meta: Realizar palestras e treinamentos trimestrais para os colaboradores Indicador: Horas de treinamento ou palestras por trimestre Item Programas de gestão Local/Setor Responsável Prazo Realizar palestras e Todos os locais Responsável Trimestralmente, a 1 treinamentos com foco pelo SGA e partir de nas questões ambientais RH março/2013 e no SGA Realizar palestras e Todos os locais Empresa Trimestralmente, a 2 treinamentos com foco responsável partir de na segurança no pelo março/2013 trabalho programa de segurança Objetivo: Melhorar o relacionamento com a sociedade Meta: Promover programas de educação ambiental semestrais Indicador: Número de eventos realizados Item Programas de gestão Local/Setor Responsável Prazo Elaborar programas de Responsável Trimestralmente, a 1 educação ambiental pelo SGA e partir de RH janeiro/2013 Realizar os programas Responsável Trimestralmente, a 2 com a comunidade e em pelo SGA e partir de escolas do município RH janeiro/2013 Objetivo: Manter atualizada planilha de aspectos e impactos ambientais Meta: Atualizar a planilha mensalmente Indicador: Constatação das atualizações da planilha Item Programas de gestão Local/Setor Responsável Prazo Revisar as planilhas de Todos os locais Responsável Mensalmente, a 1 controle dos aspectos e pelo SGA partir de impactos ambientais janeiro/2013 2 60 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da análise do processo produtivo da indústria foi possível levantar os aspectos e impactos ambientais, observando-se os mais significativos. A avaliação dos aspectos e impactos ambientais, assim como o diagnóstico ambiental da indústria, foi uma ferramenta fundamental e confiável para determinar a significância dos mesmos, para então, tomar decisões em relação ao planejamento das ações a serem adotadas prioritariamente em busca da melhoria do desempenho ambiental da indústria. Constatou-se que as principais ações a serem aplicadas na empresa foram apresentadas através de um plano de ação e estão relacionadas principalmente a questão de resíduos sólidos. Na maioria dos casos não se pode eliminar o aspecto ambiental, porém foi possível propor medidas para minimizar, reutilizar ou reciclar tais resíduos. Também foi viável propor medidas para reduzir o consumo de insumos, energia e água, propiciando futuramente, ganhos ambientais, sociais e econômicos para a empresa. Conclui-se que o SGA é relevante para organizar de uma melhor forma a maneira como é tratada a relação entre a indústria e o meio ambiente e para melhoria dos processos operacionais, além de possibilitar uma certificação da norma ISO 14001, reconhecida internacionalmente, propiciando maior competitividade e sustentabilidade para a empresa. Com a implantação do SGA será possível identificar com maior facilidade possíveis defeitos no produto. A detecção, no caso de algum problema, se torna mais fácil e a rastreabilidade no processo permite que este seja corrigido com mais rapidez e agilidade. A implantação de um SGA requer um longo período de tempo para adoção das ações propostas e adequação dos colaboradores a uma nova postura imposta pelo sistema, sendo que a aplicação deste depende da vontade da alta administração da indústria em dar continuidade ao processo. Com o estudo realizado, espera-se que a indústria, após aplica-lo, tenha uma melhoria seu desempenho ambiental. Ressalta-se ainda que deve ser realizada frequentemente a atualização das tabelas de aspectos e impactos ambientais, dos objetivos e metas e do plano de ação, a fim de se obter uma melhoria continua no SGA. Como sugestões para trabalhos futuros são indicados: Acompanhar e avaliar a implantação do SGA proposto, na indústria; 61 Elaborar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos para a indústria; Estudo com o objetivo de mensurar, quantitativamente, os custos com a implantação do sistema de gestão ambiental. 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14001. Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro. 2004. CAJAZEIRA, Jorge E. Reis. ISO 14001 Manual de Implantação. Rio de Janeiro: Qualitimark. 1998 CERUTI, L. C.; SILVA, A. C. Gestão Ambiental na Indústria, 1ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Destaque, 2009.212p. CHAIB, Eric Brizon. 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