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Interbio v.8 n.2, Jul-Dez, 2014 - ISSN 1981-3775
ALTERAÇÕES FENOTÍPICAS EM INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN DA
APAE DE CAARAPÓ-MS
PHENOTYPIC ALTERATIONS IN INDIVIDUALS WITH DOWN’S SYNDROME IN
APAE CAARAPÓ-MS
CASTILHO, Kamila Borges1; CAMPOS, Xênia Rosemari de², GRISOLIA, Alexéia Barufatti¹
Resumo
Este trabalho teve como objetivo realizar o levantamento das principais alterações fenotípicas em indivíduos
portadores de Síndrome de Down (SD) na APAE de Caarapó – MS, suas possíveis causas e antecedentes
familiares. Foi realizado o estudo em 10 indivíduos portadores da Síndrome de Down, na APAE do município de
Caarapó-MS. Foi feita a coleta de dados referentes a características fenotípicas individuais dos alunos e histórico
familiar. As informações foram obtidas por meio de questionários aplicados com os responsáveis e avaliação das
fichas individuais dos alunos. As características fenotípicas como braquicefalia, microcefalia, perfil da face
plano, fissura palpebral obliqua, pregas epicânticas, implantação baixa da orelha e com aspecto dobrado, língua
protusa, pescoço curto, hipotonia muscular e espaço amplo entre o hálux e o segundo dedo ocorreram em 100%
dos indivíduos estudados. A idade materna dos descendentes foi abaixo dos 35 anos em 80% das mães. Valores
correspondentes a Perímetro Abdominal se apresentaram altos em 50% dos indíviduos. Também foi encontrado
durante a avaliação características como a presença de Pectus carinatum e Pectus excavatum. O estudo das
características fenotípicas em SD contribuiu para o esclarecimento de dúvidas a respeito da ocorrência das
principais variações fenotípicas existentes nos indivíduos acometidos pela síndrome. Não foi possível identificar
evidências concretas sobre causas da SD na APAE de Caarapó-MS.
Palavras chaves: Síndrome de Down, Variações fenotípicas, Associação de apoio.
Abstract
This research has as its objective to make a survey on the main phenotypic alterations in Down Syndrome (DS)
individuals at APAE Caarapó MS and their possible causes and familiar history. We were accomplished a study
on 10 registered individuals at APAE, Caarapó, MS and raised data on the parent’s age and individual
characteristics phenotypic of the individuals. The informations were obtained through a questionnaire that was
applied to responsible and assessment of students' individual records. The more often phenotypic characteristics
were brachycefaly, microcephaly, the contour on the face being flat, oblique palpebral fissures, epichantal folds,
low set ears and folded, protruding tongue, short neck, muscular hypotonia and ample space between the hallux
and the forefinger, all happened in 100% of the studied individuals. The maternal age was kept under 35 years in
80% of the mothers and corresponding values. The waist circumference were high in 50% of the students. Also it
was found during the evaluation, characteristics how the presence of Pectus carinatum and Pectus excavatum.
The search on the phenotypic characteristics in DS helps to clear some doubts on the main variations existed in
individuals. It´s obvious that there is no clear evidence about its incident and that nowadays are being surveyed
more syndrome data that are helping to increase the life expectancy of these patients.
Key-words: Down syndrome, phenotypic alterations, Support association.
1
Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais. Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Dourados, MS, Brasil. E-mail: [email protected]
²Associação de Amigos dos Excepcionais (APAE). Caarapó, MS, Brasil.
CASTILHO, Kamila Borges; CAMPOS, Xênia Rosemari de, GRISOLIA, Alexéia Barufatti
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Introdução
A Síndrome de Down (SD) é uma
condição genética caracterizada pela
presença de um cromossomo 21 extra. Esta
síndrome foi reconhecida há mais de um
século por John Langdon Down e
correlacionando com outros tipos de
alterações, esta constitui a de maior
porcentagem em incidência, ou seja, 18%
(MOREIRA et al., 2000). A incidência da
SD em nascidos vivos é de 1 para cada
600/800 nascimentos, tendo uma média de
8.000 novos casos por ano no Brasil
(SILVA; KLEINHANS, 2006). De acordo
com os dados obtidos pelo IBGE, com base
no Censo de 2000, existem 300 mil pessoas
com SD no país, com expectativa de vida de
50 anos, sendo esses dados bastante
semelhantes às estatísticas mundiais.
Este tipo de alteração genética pode
ser ocasionada por não disjunção
cromossômica, constituindo cerca de 95%
dos casos diagnosticados. Sua ocorrência é
determinada por uma falha que ocorre
durante a divisão dos cromossomos na
meiose, resultando em um zigoto com 47
cromossomos e não com os 46 normais. Esta
alteração constitui a forma mais comum de
ocorrência tendo seu cariótipo expresso
como 47, XX, + 21 (mulheres) e 47, XY, +
21 (homens). Outra causa para a ocorrência
da SD, porém em menor porcentagem é por
translocação, onde o cromossomo 21 pode
se apresentar fundido ao cromossomo 14 ou
até mesmo ao 21, sendo sua ocorrência
diagnosticada em 3 a 4% dos casos. Por
último e constituindo o tipo mais raro, com
frequência menor que 1%, é a SD
ocasionada por mosaicismo, onde as células
trissômicas se encontram ao lado de células
normais causada por uma não disjunção
meiótica. Neste último acredita-se que sua
expressão fenotípica seja menos grave, pelo
fato de nem todas as células do indivíduo
possuírem a trissomia do 21 (PUESCHEL,
1993).
Os principais aspectos clínicos
característicos
da
síndrome
são:
braquicefalia descrita com achatamento da
região occipital, face redonda com presença
de fendas palpebrais oblíquas (para fora e
para cima) e pregas epicânticas; olhos
apresentando manchas de Brushfield ao
redor da margem da iris; nariz pequeno e
com a ponta achatada, boca e dentes
pequenos, língua protusa e aparentemente
grande, orelhas pequenas e com baixa
implantação; o pescoço é curto e grosso com
excesso de pele na região da nuca, as mãos
são pequenas e largas, com encurtamento da
falange média do quinto dedo (clinodactia),
além da prega simiesca; os pés são
pequenos, largos e grossos, com espaço
aumentado entre o hálux e o segundo dedo.
Além dessas características, apresentam
atrasos no desenvolvimento motor e mental,
onde as aquisições das habilidades físicas e
mentais vão surgir em um ritmo inferior
quando comparado com crianças com
desenvolvimento normal (PUESCHEL,
1993).
Pectus excavatum constitui uma
deformação em depressão do esterno e
cartilagens costais inferiores eventualmente
acompanhada
de
deformidades
da
extremidade das costelas na sua articulação
com as cartilagens costais e Pectus
carinatum é determinado por uma
proeminência do esterno principalmente na
sua porção média e superior (COELHO et
al., 2003).
As
técnicas
utilizadas
para
diagnósticos como: amniocentese, amostra
do vilocorial, ultra–sonografia, triagem da
alfa feto proteína
materna e o
aconselhamento genético evoluíram muito
com o passar dos anos, contribuindo assim
para a agilidade no tratamento de certas
doenças que acometem os portadores de SD,
como certas cardiopatias congênitas e
problemas de má formação.
Atualmente
muitos
indivíduos
acometidos pela SD frequentam a APAE,
que desempenha importante papel no auxílio
do desenvolvimento e formação desses
indivíduos. Trata-se de uma entidade sem
fins lucrativos que nasceu da atitude de
famílias que se empenharam para quebrar os
paradigmas e buscar melhorias na vida de
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seus filhos ou familiares que possuíam
alguma deficiência. Esta entidade atende
diversos tipos de deficiências mentais e
genéticas, atuando na estimulação do
indivíduo na área educacional, motora e
psicológica.
As causas para a incidência da SD
ainda não são bem conhecidas, porém se
sabe que esta tem relação com a idade
materna, ou seja, a partir dos 35 anos, a
probabilidade de geração de uma criança
com a SD pode aumentar. Na maioria dos
casos, aproximadamente em 95%, o
cromossomo 21 extra é derivado da não
disjunção na meiose I de origem materna
(GUSMÃO et al., 2003).
Estudos recentes também revelaram
que alterações no gene da metileno tetrahidrofolato redutase (MTHFR) (GRILLO et
al., 2002), fatores como heterogeneidade
alélica para genes do cromossomo 21 e
fatores ambientais podem contribuir para a
ocorrência da SD (BERTELLI et al., 2009).
Pesquisas
recentes
tem
sido
realizadas para melhor compreensão de sua
causa, dos problemas de saúde dos
portadores de SD e as formas para melhorar
a qualidade de vida. Baseando-se nesta
realidade, verificou-se a importância do
estudo das alterações fenotípicas presentes
nesses indivíduos, auxiliando pais e outros
profissionais para entenderem melhor sobre
a síndrome e suas variações físicas.
O presente estudo analisou as
principais características fenotípicas da SD
presentes em indivíduos que frequentam a
APAE de Caarapó - MS, tendo por objetivo
verificar a variabilidade genética existente
entre os mesmos em diferentes faixas
etárias.
Material e método
Este estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
Federal da Grande Dourados.
O presente estudo foi realizado junto
a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAE) de Caarapó – MS no
período de março a novembro de 2010, que
possuíam alunos acometidos por SD com
diferentes manifestações clínicas. Esses
indivíduos eram provenientes do município
em questão e também de pequenos distritos
como Cristalina e Nova América.
A amostra foi constituída de 10
indivíduos matriculados na APAE e que
possuíam o diagnóstico da SD confirmado
por meio de exames clínicos. Ao todo, são
atendidos aproximadamente 90 alunos na
APAE acometidos por diferentes síndromes
e déficit intelectual.
A coleta de dados foi realizada de
duas formas: uma onde foi utilizado dados
provenientes de fichas individuais existentes
nos prontuários da APAE e, a outra forma
onde foram avaliadas por meio de um
questionário aplicados aos responsáveis
aliados a observação dos indivíduos, as
características fenotípicas presentes em cada
um deles. Nesta avaliação foram coletados
dados referentes dos pais, antecedentes
familiares de doenças de origem genética ou
de outras causas. Também foram coletados
dados relativos a peso e altura, perímetro
encefálico,
perímetro
abdominal,
intercorrências durante a gestação ou parto.
Também foram
avaliadas
as
alterações fenotípicas individuais que eram
pertinentes a SD em cabeça, olhos, nariz,
orelhas, boca, dentes, pescoço, abdome,
músculos, mãos, pés, pele e genitália. Foram
analisadas suas ocorrências e variações.
Durante o desenvolvimento do
projeto foi realizado acompanhamento
periódico dos indivíduos com SD para
observação de problemas relativos à fala e
aprendizagem.
Também foi determinado o IMC
(Índice de Massa Corporal) definido pela
razão entre a massa corporal em
quilogramas e o quadrado da estatura
individual em metros (kg/m²). Foram
utilizados dados de peso e altura de cada um
dos participantes da pesquisa para obtenção
desse índice. Os resultados foram
classificados de acordo com as classes de
IMC propostas pela Organização Mundial
da Saúde (1995), que estabelece os
seguintes parâmetros: IMC <18,5 kg/m2
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(baixo peso), IMC entre 18,5-24,5 kg/m2
(normal), IMC entre 25,0-29,9 kg/m2
(sobrepeso grau I), IMC entre 30,0-40,0
kg/m2 (sobrepeso grau II) e IMC
40,0
kg/m2 (sobrepeso grau III). Valores do
abdome de 90 cm em homens e 83 cm em
mulheres corresponderam ao IMC de
excesso ponderal e valores de 100 cm em
homens e 93 em mulheres corresponderam
IMC
compatível
para
obesidade
(MENDONÇA; PEREIRA, 2008). Também
foram utilizados dados referentes a valores
do Perímetro Abdominal (PA) dos
indivíduos.
Posteriormente todos as alterações
fenotípicas observadas nos indivíduos do
presente estudo foram comparados a
pesquisas anteriores relativos a alterações
em SD (Tabela 1).
Resultados
A partir do estudo dos 10 indivíduos
acometidos por SD foram observados que 3
pertenciam ao sexo masculino (30%) e 7 ao
sexo feminino (70%). A faixa etária entre os
mesmo variou entre 8 e 54 anos.
Os valores de IMC variaram no
número amostral, 5 (50%) indivíduos
apresentaram obesidade grau I (sendo 3 sexo
masculino e 2 sexo feminino), 3 do sexo
masculino apresentaram-se valores normais
e 2 sexo feminino apresentaram-se abaixo
do peso. Os valores de PA se apresentaram
altos em 5 (50%) indivíduos (sendo 3 do
sexo feminino e 2 do sexo masculino),
(Figura 1). Valores correspondentes ao de
IMC de excesso ponderal apresentou-se em
apenas 1 dos indivíduos do sexo feminino e
os outros 4 apresentaram valor de IMC para
obesidade (classificação baseada em dados
da OMS (1995)
.
140
120
Valores de PA
100
80
60
40
20
0
M SD
F SD
M normal
F normal
Indivíduos
Figura 1 - Comparação de valores médios de PA dos indivíduos portadores de SD da APAE Caarapó-MS e
indivíduos normais.
Os dados referentes à idade materna
indicaram que 80% dos indivíduos com SD
possuíam mães com idade inferior a 35 anos
e somente 20% possuíam mães que estavam
acima desta faixa etária. Em relação à idade
paterna, 3 (30%) apresentaram-se acima ou
igual a 35 anos.
Dentre as entrevistas realizadas,
verificou-se que 30% das mães faziam uso
de cigarro na gestação ou tomavam
remédios para controle de pressão alta
(hipertensa) ou tiveram dois inícios de
aborto durante a gestação, e entre os pais,
10% fazia uso de drogas.
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40
35
30
25
20
15
10
5
0
Indivíduo 1
Indivíduo 2
Indivíduo 3
Indivíduo 4
Indivíduo 5
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Indivíduo 6
Indivíduo 7
Cabeça
Orelha
Pescoço
Musculo Esquelético
Pele
Indivíduo 8
Olhos
Boca
Torax
Mãos
Genitália
Indivíduo 9
Indivíduo 10
Nariz
Dente
Abdome
Pés
Total
Figura 2 - Frequência das diferentes alterações fenotípicas individuais avaliadas nos portadores de SD
da APAE de Caarapó.
Todos os indivíduos possuíam
irmãos, porém nenhum deles possuía a SD.
Somente um indivíduo (10%) acometido
pela SD, possuía antecedente familiar com
a mesma síndrome. Também foi verificada
a frequências de alterações fenotípicas em
cada um dos indivíduos. Foram estudadas
nos indivíduos com SD, 55 características
fenotípicas e realizado um levantamento do
número e frequência das mesmas nos
afetados. Observou-se que dentre os
indivíduos estudados na amostra o número
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de características alteradas variaram em
torno de 33 a 36 características por
indivíduo (Figura 2).
Características
fenotípicas
de
braquicefalia, microcefalia, perfil da face
plano, fissura palpebral oblíqua, pregas
epicânticas, implantação baixa da orelha e
com aspecto dobrado, língua protusa,
pescoço curto, hipotonia muscular e espaço
amplo entre o hálux e o 2º dedo, ocorreram
em todos os indivíduos. As principais
características
físicas
da
síndrome
observadas encontram-se demonstradas na
Tabela 1.
Tabela1 - Comparação de características observadas relativas a alterações fenotípicas em SD
com características observadas por outros autores.
Características
Kava et al. Ahmed et al. Bertelli et al.
Castilho et
(2004)
(2005)
(2009)
al. (2010)
(%)
(%)
(%)
(%)
Braquicefalia
*
40
98,2
100
Microcefalia
*
61
60,7
100
Perfil da face plano
50,9
*
98,4
100
Fissuras palpebrais oblíquas
83,9
83
93,5
100
Pregas epicânticas
56,9
63
79
100
Manchas de Brushfield
*
*
*
30
Depressão da ponte nasal
*
61
93,5
90
Orelha pequena com aspecto de
*
*
*
100
baixa implantação
Língua protusa
29,9
*
33,9
100
Pescoço curto
*
36,7
83,9
100
Hipotonia e músculos frouxos
76,3
55,9
59
100
Clinodactilia
36,1
24,7
46,7
60
Linha simiesca
33,2
64,7
83,9
90
Espaço amplo entre o hálux e o
*
*
41,9
100
2º dedo
Cútis marmórea
*
*
70
80
Excesso de pele na região da
*
*
*
50
nuca
Hérnia umbilical
*
*
25,5
10
* Características não estudadas
No presente estudo foram observadas
características fenotípicas como a presença
de Pectus excavatum e Pectus carinatum em
20% dos indivíduos.
Mediante diálogo estabelecido com
os
afetados
foi
observado
alto
comprometimento de dicção. Todos os
indivíduos da amostra não estavam
alfabetizados,
pois,
apresentavam
dificuldades no processo de aprendizagem,
na identificação de objetos, cores, entre
outros. Também foi observado que o
processo de desenvolvimento intelectual foi
variado de acordo com a faixa etária, sendo
que os mais velhos apresentavam maior
dificuldade na aprendizagem quando
comparados com os mais novos.
Em
relação
aos
resultados
fenotípicos observados pela comparação do
presente estudo com estudos anteriores,
relativos a SD (AHMED et al., 2005),
(BERTELLI et al., 2009) e (KAVA et al.,
2004), (Tabela 1), pode-se perceber que as
características que se mantiveram mais
frequentes
foram
braquicefalia,
microcefalia, perfil da face plano, fissuras
palpebrais obliquas, pregas epicânticas,
depressão da ponte nasal, pescoço curto,
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hipotonia e músculos frouxos,
simiesca e cútis marmórea.
linha
Discussão
A alteração cromossômica da
Síndrome de Down pode ocorrer por não
disjunção, translocação e mosaicismo e pode
estar relacionada com a idade materna,
quando excede os 35 anos de idade. Sua
ocorrência pode ser determinada por falhas
na meiose paterna (12% na primeira e 9% na
segunda divisão meiótica) ou na meiose
materna (62% na primeira e 17% a segunda
divisão meiótica), (OTTO, 2004). Neste
estudo foi observado que a maioria das mães
possuíam idade inferior a 35 anos, indicando
que neste caso, a idade materna pode não ter
sido o motivo para a ocorrência da
síndrome, dado semelhante foi mencionado
em outro trabalho, no qual se estudou 62
casos de portadores de SD e a porcentagem
de mães com idade inferior aos 35 anos foi
de 58,1% (BERTELLI et al., 2009).
Foi
demonstrado
que
a
heterogeneidade de genes alelos do
cromossomo 21 e o ambiente também são
fatores que poderia contribuir para a
ocorrência da SD (BERTELLI et al., 2009).
A utilização de substâncias como certos
tipos de medicamentos, cigarros, drogas e
bebidas alcoólicas durante a gestação podem
favorecer na ocorrência da SD. Essas
observações corroboram com o presente
estudo pois dentre os responsáveis
entrevistados foi possível identificar que
30% das mães fizeram uso de cigarro na
gestação ou tomavam remédios para
controle de pressão alta (hipertensa) ou
tiveram inícios de aborto durante a gestação,
e dentre os pais, 10% fazia uso de drogas.
Em relação à expressão das
características nos indivíduos com SD,
aqueles que foram diagnosticados como
sendo portadores do cariótipo tipo mosaico
(mais raro), podem se apresentar com
características fenotípicas menos evidentes e
com grau intelectual mais elevado em
relação aos outros tipos de manifestações
cariotípicas, pois que neste tipo de alteração,
nem todas as células expressam a trissomia
do 21 (PUSCHEL, 1993). No presente
estudo foi possível observar por meio de
avaliação fenotípica que um dos indivíduos
possuía características menos marcantes,
como por exemplo: algumas características
faciais que eram mais brandas e devido ao
fato de ter recebido mais estimulação física,
esta apresentava mais disposição para
pratica de esportes. Devido os pais não
possuíam exames que confirmassem a forma
de expressão da síndrome, não é possível
afirmar que este indivíduo seja realmente do
tipo mosaico.
Os indivíduos com SD podem
apresentar
crescimento
deficiente
principalmente em casos de portadores de
cardiopatias
congênitas,
deficiências
imunológicas o que os torna suscetíveis a
infecções das vias respiratórias (OTTO et
al., 2004). No convívio com os alunos na
APAE foi possível observar que os
portadores de SD se apresentavam com
resfriados e coriza frequentes demonstrando
assim a deficiência imunológica dos
mesmos.
Existe na literatura dados que
indicam a tendência da obesidade em
portadores de SD, o que aumenta os riscos
de enfarte agudo do miocárdio, hipertensão
arterial e diabetes. Isto se deve ao seu baixo
metabolismo corporal e sedentarismo, pois a
própria alteração genética induz a maior
incapacidade física (SILVA et al., 2006). O
IMC estabelece valores referentes às
condições de obesidade e o excesso
ponderal, já no PA, ao contrário do IMC, é
indicado níveis de adiposidade perivisceral,
este não se correlaciona com a estatura
individual e se constitui como um fator de
risco
independente
para
patologias
cardiovasculares. De acordo com dados da
literatura, 45% dos homens e 56% das
mulheres com SD apresentam níveis de PA
indicando risco ponderal (MOREIRA et at.,
2000). Esses dados indicam que os
portadores de SD avaliados apresentaram
números elevados de IMC e PA,
correspondendo a níveis como obesidade
grau I e excesso de peso e também elevados
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valores de PA, correspondendo a IMC de
excesso ponderal e IMC para obesidade,
sendo o último valor de IMC o de maior
ocorrência.
As alterações fenotípicas podem
variar entre os indivíduos, algumas
características podem aparecer com maior
frequência em indivíduos acometidos pela
síndrome e outras não (Figura 2). Na Tabela
1
pode-se
perceber
que
algumas
características não foram avaliados como a
presença de manchas de Brushfield, orelha
pequena e com aspecto de baixa
implantação, excesso de pele na região do
pescoço e outras características como
braquicefalia, microcefalia, perfil da face
plano, língua protusa, pescoço curto, espaço
amplo entre o hálux e o segundo dedo, Cútis
marmórea e hérnia umbilical não foram
avaliadas por todos os autores em estudos
anteriores.
Características
como
braquicefalia, microcefalia, perfil da face
plano, fissuras palpebrais oblíquas, pregas
epicânticas, depressão da ponte nasal,
pescoço curto, hipotonia e músculos
frouxos, linha simiesca e cútis marmórea
apresentaram-se frequentes em grande
número dos indivíduos estudados nos
trabalho que aparecem na tabela e
comparados com o presente estudo.
Atualmente muitas pesquisas estão
sendo realizadas para melhor compreensão
da SD, uma das mais discutidas relaciona as
alterações no gene do metileno tetrahidrofolato redutase como um dos fatores
para o favorecimento da SD. Foi estudado a
variação do gene metileno tetra-hidrofolato
redutase em mães de portadores de SD, pois
quando este possui alterações a quantidade
de enzima produzida é menor exige-se um
consumo maior de ácido fólico para manter
normais as remetilações de homocisteína
para metionina. Na ausência de ácido fólico
suficiente, a homocisteína intracelular se
acumula e a ressíntese de metionina é
reduzida, comprometendo as principais
reações de metilação, que são responsáveis
por controle a expressão de genes. Diversas
doenças,
principalmente
neurológicas,
cardíacas e vasculares, com presença de
homocistinúria e/ou homocistinemia, têm
sido relacionadas à deficiência de enzimas
que atuam na metilação. Isto também vem a
confirmar sobre a necessidade da
administração de ácido fólico antes da
concepção, pois contribui para a redução de
nascimentos de crianças com problemas
genéticos (GRILLO et al., 2002). No
presente estudo não foi identificar a ingestão
de ácido fólico pelas mães dos portadores de
SD durante o período gestacional, o que
poderia ser uma das possíveis causas da SD.
Os indivíduos envolvidos na
pesquisa que são atendidos na APAE
recebem
atendimento
quanto
à
fonoaudiologia, psicologia, estimulação
motora e cognitiva para melhorar a sua
qualidade de vida e, portanto essa
estimulação diária favorece na melhora do
seu quadro clínico, devido a esse estimulo
poucos apresentaram fraqueza muscular,
mesmo possuindo um aspecto de músculos
mais relaxado, apenas 20% apresentou
quadro de fraqueza muscular, sendo
caracterizado por quedas não frequentes e
indisposição a pratica esportiva.
Conclusão
O
estudo
das
características
fenotípicas em SD contribuiu para
determinar quais são as alterações mais
frequentes e que entre os indivíduos podem
existir variações fenotípicas. Entretanto,
trabalhos futuros de avaliação fenotípica
aliados a técnicas de análise de cariótipo ou
moleculares poderiam esclarecer melhor o
porquê
dessas
diferenças/semelhanças
fenotípicas individuais
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