Caro estudante,
Este material contém material de apoio para as provas do trimestre.
Escola Jônica:
Tales de Mileto (624 - 546 a.C.):
Tales caminhava em todas as direções do conhecimento, da geometria aprendida
inicialmente no Egito, por ele transmitida para os gregos, ao uso do relógio solar para
dimensionar o tempo; da percepção das diferentes estações do ano, aos estudos sobre a
alma humana. Foi também o pioneiro na compreensão do eclipse solar, chegando a prever
um destes fenômenos.
Tales de Mileto percebia a constante mudança das coisas, que se convertiam umas
nas outras. Sendo assim, ele concluía que tudo partia de um princípio basilar, conhecido
também como arché.
Negava a aparência múltipla das coisas. Para ele não havia múltiplas, várias coisas,
haveria algo, um Princípio fundamental (arche ou arqué): água – o que o tornava um físico
Natural.
Pregava a unicidade do mundo, tudo é uma única coisa: água.
Segundo Tales, a origem de todas as coisas estava no elemento água: quando densa,
se transformaria em terra; quando aquecida, viraria vapor que, ao se resfriar, retornaria ao
estado líquido, garantindo assim a continuidade do ciclo. Nesse eterno movimento, aos
poucos novas formas de vida e evolução iriam se desenvolvendo, originando todas as coisas
existentes.
Lançando um olhar crítico, tornam-se evidentes as brechas neste raciocínio. Por
exemplo, o que dá início a este movimento e o que o mantém? Como um único elemento, a
água, poderia se transformar em outra coisa?
Essas falhas, que aos olhos científicos de hoje são evidentes, eram vistas de outra
forma na época. Vale lembrar que no momento em que as ideias de Tales foram criadas, os
pensamentos racional e filosófico ainda eram bastante povoados por elementos mágicos e
mitológicos. Portanto, para um grego antigo, a ideia de que uma coisa simples como a água
pudesse se transformar em outra coisa não era absurda.
Escola Jônica:
Anaximandro de Mileto - discípulo de Tales (611 - 546 a.C.):
“Todas as coisas originam-se umas das outras, e desaparecem em outras de acordo
com a necessidade; elas dão a cada outra justiça e recompensa pela injustiça de
conformidade com a ordem do Tempo.”
Filósofo e matemático, foi o primeiro grego a fazer mapas astronômicos, a inventar
os mapas geográficos e escrever tratados sobre geografia, astronomia e cosmologia, que
perduraram por vários séculos.
Concordava com Tales que deveria haver um princípio único para todas as coisas.
Entretanto acreditava que este princípio não poderia ter uma origem física, se não, não
teria como explicar a multiplicidade. Deveria ser algo indeterminado, ilimitado o que
chamou de Apeiron ( ἄπειρον).
Descreveu o mundo como um conflito entre os opostos.
Acreditava na evolução das espécies (mesmo que com uma teoria rudimentar).
Sua arche, portanto, é o indeterminado (Ápeiron).
Como começou o universo?
Ao contrário do mestre, acreditava que o universo havia começado como uma massa
indiscriminada que vinha de uma substância sem forma, chamada apeiron, que quer dizer
ilimitado, matéria eterna e indestrutível, da qual haviam surgido todas as coisas em função
da separação dos opostos como quente e frio, seco e úmido. Neste movimento constante
de separação, as coisas na Terra teriam sido criadas assim como os corpos celestes
(estrelas, planetas, etc.).
Onde está a Terra?
Anaximandro achava que a Terra tinha uma forma de disco parada no centro do
universo esférico. Também contrariando Tales, que acreditava a Terra suspensa em água,
afirmava que o nosso planeta permanecia em sua posição, sem nenhum apoio, no centro do
universo, porque não tinha motivo para se mover em nenhuma direção, mantendo-se em
repouso como outros incontáveis mundos. Assim elaborou o primeiro mapa-múndi
conhecido, onde tentou representar o mundo como um disco suspenso no nada, diferente
de Tales que afirmava que flutuava sobre as águas.
Qual a sua principal obra?
Sua principal obra seria um livro com o título Sobre a natureza, tido pelos gregos
como a primeira obra filosófica escrita em prosa em seu idioma.
Do que ela trata?
Neste livro expôs uma teoria evolucionista valendo-se de observações pessoais,
com hipóteses sobre a transformação de espécies inferiores em superiores. São-lhe
atribuídas ainda a descoberta da obliquidade da eclíptica (o eixo da Terra estar inclinado), e
a invenção do quadrante solar (é um aperfeiçoamento do relógio solar).
Qual a sua principal contribuição filosófica?
1) Uma coisa só se transforma em outra se houver necessidade.
2) A multiplicidade de coisas deriva de uma origem ou princípio simples, chamado o
apeiron (άπειρον), o ”indefinido” ou ”indeterminado”.
3) O mundo começou quando o quente e o frio separaram-se do apeiron. Esta
separação gerou a ordem cósmica.
4) A Terra é um corpo de dimensões finitas flutuando no espaço. Ela não cai por não
haver direção particular para ela cair. Ela “não é dominada por nenhum corpo”.
5) O Sol, a Lua, e as estrelas giram em torno da Terra, formando ciclos completos. As
estrelas estão sobre as rodas mais próximas de nós, a Lua na roda intermediária, e o Sol
sobre a roda mais afastada de nós. Suas distâncias da Terra estão na proporção “muito
longe”, “mais longe ainda”, e “enormemente longe”.
6) Os fenômenos meteorológicos têm causas naturais. A chuva é água dos mares e
rios que evaporam devido ao calor do Sol. Ela é levada pelo vento e então cai sobre a Terra.
Trovão e relâmpago são causados pela colisão aguda das nuvens. Terremotos são causados
por fissuras no interior da Terra, por exemplo, pelo excessivo calor ou chuva.
7) Todos os animais originalmente vieram do mar ou da umidade primeira que uma
vez cobriu a Terra. Os primeiros animais ou foram peixes ou criaturas semelhantes a peixes.
Eles se moveram quando a Terra tornou-se seca e se adaptaram a essa nova condição. Os
seres humanos, em particular, não puderam nascer dessa forma, pois as crianças não são
auto-suficientes, assim, alguma coisa a mais teve que alimentá-los. Eles surgiram de
criaturas semelhantes a peixes.
8) Desenhou o primeiro mapa do mundo até então conhecido.
9) Escreveu o primeiro texto em prosa sobre os fenômenos naturais.
10) A Anaximandro é tradicionalmente creditado como o introdutor do uso do
gnomon no mundo Grego, talvez originário da Babilônia. O gnomon é uma haste fincada
verticalmente na terra. Pela medida do comprimento de sua sombra projetada, pode-se
determinar a altitude do Sol. Uma complexa astronomia decorrente dos movimentos do Sol
pôde ser desenvolvida usando o gnomon.
Escola Jônica:
Anaxímenes de Mileto - discípulo de Anaximandro (aprox. 585 – aprox. 528 a.C.):
Anaxímenes também fez parte da Escola Jônica. Foi o primeiro a afirmar que
a luz da Lua é proveniente do Sol. Foi discípulo de Anaximandro e como este,
também afirmou ser uma só a natureza ou princípio (arché) por trás de todas as
coisas. No entanto, mesmo que ele acreditasse ser este princípio ilimitado, não o
pensou ser indefinido como Anaximandro.
Anaxímenes acreditava ser o AR o princípio que originava todas as coisas no
universo. Conforme seu pensamento, por um processo de condensação, o AR se
transformava em objetos líquidos e sólidos (pedras, metais, terra, água e etc.). E
por outro processo, a rarefação, o AR se transformava em gases, ventos, oxigênio e
fogo.
O filósofo também pensou ser a alma feita de ar, observando que o vivente
respira (refrigera o corpo) enquanto que o morto não o faz. Por isso, até hoje temos
o costume de dizer “saúde” a quem espirra. É que para os seguidores de
Anaxímenes, o espirro é como se a alma tivesse saindo do corpo e desejar saúde é
um modo de orar, de pedir aos deuses para que ela retorne ao corpo,
restabelecendo a harmonia do ser. E mesmo não tendo consciência disso, herdamos
o costume, como também herdamos muito do pensamento grego em nossa cultura
ocidental. Identificado com a alma, o ar anima não só o corpo do homem, mas o
mundo todo.
Anaxímenes usou as suas observações e o raciocínio para providenciar as
causas de outros fenômenos naturais. Terremotos, dizia, eram o resultado da falta
de umidade, que causa que a terra sofra fraturas de tão seca que está, ou por
excesso de umidade, que também causa fratura pelo excesso de água. Em ambos os
casos, a terra torna-se fraca pelas fraturas e os montes colapsam, causando
terremotos. Os relâmpagos são causados por uma separação violenta, desta vez de
nuvens pelo vento, causando uma iluminação brilhante semelhante a fogo. O arcoíris, é formado quando ar densamente comprimido é tocado pelos raios do sol.
Estes exemplos mostram como Anaxímenes, como os outros milésios, procuravam
uma visão mais completa da natureza, procurando unificar causas para diversos
eventos que ocorressem, em vez de tratar cada um por si ou atribuindo as causas a
deuses ou a uma natureza personificada.
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