Of. Circ. 010/2009-CNM/BSB Brasília, 24 de abril de 2009. Excelentíssimo(a) Senhor(a) Prefeito(a) Municipal Município/UF Assunto: MP 457 e débitos Previdenciários dos Municípios Senhor(a) Prefeito(a): A Confederação Nacional de Municípios - CNM vem pautando, desde o final do ano passado, a necessidade de realização de um profundo estudo sobre a questão dos débitos previdenciários dos Municípios brasileiros. No evento promovido pelo Governo Federal, nos dias 10 e 11 de fevereiro, em Brasília, oportunidade em que foi assinada a MP 457, que estabeleceu nova oportunidade de parcelamento da dívida previdenciária dos Municípios junto à Receita Federal, solicitamos ao presidente da República a realização de um encontro de contas, em razão de existirem débitos previdenciários da União para com os Municípios, decorrentes do não cumprimento da legislação e de decisões do Supremo Tribunal Federal – STF. Desde o início desse debate, a CNM sempre defendeu que o tema da Previdência deveria ser tratado de forma a resolver suas questões estruturais e não apenas pontualmente, como foi feito por intermédio da MP 457 (que tratou primordialmente do parcelamento das dívidas). A verdade é que – conforme nossa previsão - o simples parcelamento das dívidas se mostrou uma medida pouco eficiente para a solução dos problemas dos Municípios. As críticas dirigidas pela CNM à MP 457 estão baseadas em pelo menos três argumentos: a) antes de parcelar a dívida é necessário saber seu valor real, o que justifica nossa reivindicação sobre o Encontro de Contas; b) as retenções no FPM devem ser suspensas até que o encontro de contas seja feito, uma vez que ao modular a Súmula Vinculante nº 08, o STF estabeleceu que os valores pagos, mesmo que indevidos, não poderiam ser ressarcidos aos Municípios, e; c) a correção da dívida pela Selic a torna impagável, o que impõe a aplicação de outro fator de correção menos oneroso, TJLP, por exemplo. Nesse contexto, a CNM elaborou o estudo “Previdência Social nos Municípios Brasileiros”, que foi apresentado no evento “O Impacto da Previdência nas Contas Municipais” realizado no dia 11/03, no Auditório Petrônio Portela do Senado Federal, que contou com a participação de mais de 800 prefeitos. Em síntese, o estudo mostra que a dívida previdenciária dos Municípios para com a União é de cerca de R$ 22 bilhões. No entanto, a dívida previdenciária da União para com os Municípios atinge o montante de R$ 25 bilhões, em decorrência, principalmente, da não aplicação da Súmula Vinculante nº 08 do STF, da contribuição indevida dos agentes políticos ao Regime Geral, da compensação previdenciária entre o Regime Geral e os Regimes Próprios e da aplicação incorreta de valores referentes às multas. No final do evento foi aprovado um manifesto contendo as principais reivindicações do movimento municipalista, entre elas, a suspensão das retenções no FPM relativas às dívidas previdenciárias e a realização do Encontro de Contas. Este documento foi entregue, naquela ocasião, aos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, bem como ao Ministro das Relações Institucionais Sr. José Múcio. Simultaneamente, a CNM apresentou diversas emendas ao texto da MP 457, em trâmite na Câmara dos Deputados, com o objetivo de: a) alterar a taxa de atualização dos débitos de SELIC para TJLP; b) desvincular o valor mínimo da prestação da Receita Corrente Líquida (RCL); c) reduzir em 50% os valores referentes a juros de mora e multas; d) determinar a emissão imediata da Certidão Positiva com Efeitos de Negativa (CPD-EN) no ato da adesão do município ao parcelamento; e) estabelecer o encontro de contas entre créditos e débitos dos municípios com o RGPS, com a mediação de um Comitê Gestor de Revisão da Dívida, assegurada a participação da CNM, e; f) dispensar a apresentação de Certidão Negativa de Débito (CND) ou Certidão Positiva de Débito com efeitos de Negativa (CPD-EN) e de Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) pelos Municípios, para o recebimento de transferências legais e voluntárias. Durante esse período o Movimento Municipalista permaneceu mobilizado e, no dia 07/04, atendendo ao que foi deliberado pelo plenário do evento “O Impacto da Previdência nas Contas Municipais”, foi realizada a mobilização “Os Municípios e a Crise Financeira. Este evento foi cercado de muita expectativa em relação ao anúncio sobre as providências a serem adotadas pelo Governo Federal. Mas, apesar do Governo Federal não ter apresentado as medidas que seriam tomadas, os efeitos da mobilização municipalista começaram a aparecer de maneira mais intensa no Congresso Nacional. No Senado Federal, onde se realizou uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos – CAE sobre o tema, a Secretária da Receita Federal, Srª Lina Maria Vieira, reconheceu existir uma dívida previdenciária de R$ 6,7 bilhões da União para com os Municípios brasileiros. Em que pese a divergência entre o levantamento feito pela CNM, esta confissão já enseja, por si só, a imediata realização do Encontro de Contas solicitado pela CNM. A relatora da MP 457, Deputada Rose de Freitas (PMDB/ES), por sua vez, afirmou diante dos prefeitos presentes à mobilização da CNM, que todas as emendas propostas pela entidade haviam sido acatadas, especialmente, aquelas referentes à suspensão das retenções e à realização do Encontro de Contas. O anúncio do “pacote de auxílio” do Governo Federal só foi feito no dia 13/04, mas dele não constou nenhuma medida em relação à previdência. Conforme divulgado na mídia, o Governo deixou a questão para ser resolvida no Congresso Nacional, no âmbito da tramitação da MP 457. Diante deste contexto, é chegada a hora de todos os municipalistas intensificarem a mobilização, já que o relatório da MP 457 deverá ser votado na próxima semana. É necessário que cada prefeito pressione seu Deputado Federal no sentido de garantir a aprovação das emendas originalmente apresentadas pela CNM. Lembramos que a Confederação foi a entidade que suscitou essa discussão e que não podemos permitir que nossas propostas sejam desvirtuadas e aproveitadas por terceiros. Contamos com sua inestimável participação! Saudações, Paulo Ziulkoski Presidente da CNM