As Três Ondas da Gestão Socialmente Responsável no Brasil: Dilemas, Oportunidades e Limites Autoria: Paula Chies Schommer, Fabio Cesar da Costa Rocha Resumo: o tema da gestão socialmente responsável tem alcançado crescente legitimidade nos meios acadêmicos, empresariais e políticos no Brasil e no mundo, uma vez que mobiliza tanto os que acreditam nas potencialidades de avanço nas práticas de gestão empresarial e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, quanto aqueles que consideram que sua projeção mais atrapalha do que contribui para o desejado equilíbrio entre dimensões sociais, econômicas e ambientais. Um diverso conjunto de iniciativas relacionadas a sua promoção e a sua crítica indica a superação da possível característica de modismo. Neste trabalho, procuramos sistematizar experiências de pesquisadores, consultores e professores no campo da gestão socialmente responsável, buscando atingir três objetivos: a) esclarecer elementos do contexto histórico que levaram o tema a um papel de destaque no campo da gestão; b) evidenciar contrastes entre transformações conceituais e práticas de gestão no cotidiano das empresas; c) colocar em discussão dilemas, limites e oportunidades para que as práticas nesse campo avancem e contribuam (ou não) para enfrentar os desafios da atualidade. O trabalho está baseado no engajamento dos autores com o tema, localizando a pesquisa no terreno da observação participante, recorrendo-se, também, a referenciais bibliográficos e documentais. 1. Introdução A despeito de ceticismos e críticas, o “movimento da responsabilidade social empresarial” ganhou consistência e relevância no cenário político, empresarial e acadêmico, especialmente nos últimos dez anos, no Brasil e no mundo. Tanto empresas como governos, organismos multilaterais, segmentos da sociedade civil, da mídia e da academia parecem perceber que tal movimento não se trata de um modismo ou de uma bolha criada artificialmente, aproximando-o da característica de movimento social ou de ideologia. Um diverso conjunto de iniciativas, como o desenvolvimento de indicadores e ferramentas de gestão, certificações, prêmios, programas de formação, debates, reportagens e pesquisas acadêmicas, evidenciam o papel de destaque que esse tema passou a ocupar no debate contemporâneo (KREITLON, 2004), seja entre seus arautos, seus críticos ou céticos. Embora haja diferentes posições a respeito do tema, parece haver certo consenso de que as empresas, na atualidade, concentram muito poder e, por isso, precisam engajar-se mais no enfrentamento aos desafios coletivos da atualidade, tanto no campo produtivo, quanto social e ambiental. Ainda que a idéia de gestão socialmente responsável tenha avançado de forma acelerada em seus aspectos conceituais e instrumentais – domínio das universidades, dos organismos de fomento e de entidades empresarias, governamentais e da sociedade civil empenhadas em promover a causa – , parece avançar em ritmo mais lento no cotidiano das práticas de gestão das empresas, especialmente entre as de pequeno e médio porte. Cabe esclarecer que não se trata de compreender discursos e conceitos como algo distinto das práticas. Trata-se de identificar em que domínios ou contextos da sociedade o movimento da responsabilidade social ganha maior adesão e engajamento nas ações, e em que domínios ainda é algo intangível, pouco relevante no dia-a-dia. Para muitos que defendem a idéia da responsabilidade social empresarial, esse “movimento” representa quase uma religião: em discursos apaixonados, revela-se a crença de que empresas e empresários são os novos “salvadores da humanidade” e que todos os problemas atuais tendem a ser resolvidos na medida em que desafios sociais e ambientais sejam transformados em oportunidades de negócios, aplicando-se a competência e o modo de fazer empresarial para geri-los. Descontados os exageros, que revelam o caráter ideológico que o debate assume, parece-nos que há avanços significativos que não devem ser desprezados em relação ao papel das empresas na sociedade e aos mecanismos de gestão socialmente responsável, mas sim 1 compreendidos em termos de seus dilemas e limites, mas também de suas potencialidades. Nesse sentido, gerou-se a motivação para a realização deste trabalho, definindo-se três objetivos básicos a alcançar: a) esclarecer elementos do contexto histórico que levaram o tema da gestão socialmente responsável a um papel de destaque no campo da gestão, com ênfase a características desse processo no Brasil; b) evidenciar contrastes entre transformações conceituais e práticas de gestão no cotidiano das empresas; c) colocar em discussão dilemas, limites e oportunidades para que as práticas nesse campo avancem e contribuam (ou não) para enfrentar os desafios da atualidade. O trabalho é resultado de um esforço de sistematização de um conjunto de experiências nas quais os autores estão envolvidos, no campo da pesquisa, do ensino, da consultoria, da orientação acadêmica e da participação em organizações e projetos no seio do movimento da responsabilidade social das empresas, em diferentes estados do país, há cerca de dez anos. Trata-se de uma pesquisa de caráter indutivo, partindo da observação de fenômenos da realidade, buscando identificar causas e características de sua manifestação, bem como estabelecer relações entre eles (LAKATOS e MARCONI, 1991). O trabalho constitui-se como estudo exploratório, de natureza qualitativa, assumindo característica descritiva e explicativa. Como meios e instrumentos para sua execução são utilizados a observação participante, uma vez que os autores participam do fenômeno focalizado e buscam refletir de maneira sistemática a seu respeito, além de pesquisa bibliográfica e documental e depoimentos, incluindo-se livros, revistas, páginas eletrônicas na internet, outras publicações a respeito do tema, documentários, aulas e palestras como fontes de pesquisa. O trabalho está dividido em quatro partes. Inicialmente, apresentamos elementos do contexto histórico que influenciam a atual conformação do debate a respeito de responsabilidade social empresarial, especialmente no Brasil. Em seguida, buscamos evidenciar algumas das transformações conceituais que vêm acontecendo nos últimos anos, destacando os termos filantropia, investimento social privado e responsabilidade social empresarial como típicos de três diferentes ondas do movimento no país. São apontadas, também, tendências atuais associadas ao discurso de seus defensores, as quais costumam ser identificadas como oportunidades de avanço. Nessa etapa, procuramos evidenciar, ainda, possíveis contrastes entre conceitos e práticas de gestão no cotidiano das empresas. Na terceira parte, apresentamos um quadro contendo alguns dos dilemas e limites no sentido de fazer avançar os debates e práticas nesse campo. Nas considerações finais, assumimos de maneira evidente o posicionamento de que o papel das empresas na sociedade está em processo de transformação e que essas transformações podem ser mais profundas ou menos, em decorrência dos mecanismos de reflexão e de pressão que a sociedade for capaz de construir, em especial no sentido de superar a atual subordinação de diferentes dimensões da vida – social, ambiental, cultural, política ou estética – à dimensão econômica. 2. Elementos do contexto histórico e as diferentes maneiras de abordar a responsabilidade das empresas Reflexões a respeito do papel das empresas na sociedade e questões éticas relativas a sua atuação podem ser identificadas desde os primórdios do capitalismo, como em Adam Smith e sua Teoria dos sentimentos morais, de 1759, e no clássico de Friedrich Engels, Situação da classe trabalhadora na Inglaterra, de 1845 (KREITLON, 2004). Desde o século XVII, líderes empresariais eram grandes doadores de recursos em países como os Estados Unidos, embora tais doações não estivessem relacionadas ao papel das empresas, mas sim a motivações e papéis atribuídos aos indivíduos (SMITH, 1994). Na década de 1920, Mary Parker Follet, considerada pioneira na abordagem de temas proeminentes no mundo da gestão até os dias atuais, defendia um amplo espectro de questões relativas ao papel das empresas na sociedade, para além de suas funções econômicas tradicionais, como a produção e o lucro 2 (ARGANDOÑA, 1998). Mas foi a partir dos anos 1950 que a questão da responsabilidade das empresas passou a ganhar importância no mundo dos negócios. Disseminou-se nas décadas de 1960 e 1970, por vários países, acompanhada da discussão de novos temas, como a proteção ambiental, os direitos das mulheres, e a própria crítica ao capitalismo como sistema incapaz de atender às necessidades das pessoas de maneira minimamente equilibrada. A partir da década de 1980, fatores como o avanço da globalização, a financeirização da economia, a flexibilização da produção e a privatização de empresas estatais contribuíram para concentrar ainda mais poder nas mãos de poucas e grandes empresas, trazendo novas questões para o debate a respeito do papel de cada ator social na promoção do equilíbrio entre dimensões econômicas, sociais e ambientais, o ideal do desenvolvimento sustentável, engendrado nessa mesma época. Da década de 1990 para cá, o envolvimento das empresas com questões sociais e ambientais passou a ser crescentemente associado a questões estratégicas de negócios, para além de sua característica tradicional, mais próxima da filantropia. Em trabalho que demonstra a relação entre os temas da ética e da responsabilidade social das empresas, Kreitlon (2004) distingue três escolas de pensamento que, de certa maneira, moldam o debate até os dias atuais, especialmente no que se refere às razões que levam as empresas e seus dirigentes a voltarem sua atenção a essa maneira de gerir: • Business Ethics (Ética Empresarial) - ramo da ética aplicada, trata da ação das empresas como uma questão normativa, baseada em valores e julgamentos morais. As empresas, como os indivíduos, estariam sujeitas a regras morais que devem pautar suas ações, independentemente dos resultados em termos de negócios; • Business & Society (Mercado e Sociedade) - entende a relação entre empresas e sociedade como uma questão contratual, que exige a definição de direitos e deveres associados a cada ator social, em cada época, de acordo com uma abordagem sociopolítica. Nesse sentido, as empresas devem estar a serviço da sociedade que as legitima; • Social Issues Management (Gestão de Questões Sociais) - define-se pela natureza utilitária da abordagem ao tema, considerando os problemas sociais como variáveis a serem consideradas nas estratégias das empresas, seja como ameaças ou custos, seja como oportunidades de negócios. Afirmações como “A ética é um bom negócio”, ou “Responsabilidade Social da Empresa: um bom negócio para todos” são típicas dessa visão, a qual se constituiu nos anos 1990 e vem conquistando espaço nos últimos anos. Para Kreitlon (2004), cada uma dessas abordagens refere-se a uma maneira muito distinta de compreender o mundo e, portanto, não podem ser utilizadas em conjunto para justificar as práticas de uma empresa. A autora argumenta que determinado comportamento pode ser: a) intrinsecamente bom, desejável e promotor do bem comum e, portanto, deve ser praticado, independente de gerar bons resultados para o desempenho financeiro de uma empresa ou; b) tal comportamento é legítimo, uma vez que decorre de um acordo ou contrato entre atores sociais, com base em anseios compartilhados de justiça ou, ainda; c) esse mesmo comportamento é adotado na medida em que é útil para que a empresa atinja seus objetivos. Assim, seria incoerente dizer que certa atitude é motivada, ao mesmo tempo, por ser mais justa e gerar melhores resultados para a empresa. Embora possa acontecer essa coincidência nos efeitos, para a autora, as motivações não se confundiriam. Para Logan, Roy e Regelbrugge (1997), há muitas razões para o mercado envolver-se com questões sociais e tais razões dificilmente são as mesmas de uma empresa para outra. Os autores defendem, no entanto, que os benefícios desse envolvimento, tanto para os negócios quanto para a sociedade, mostrarão que se deve incentivar a maior participação do mercado, sem suspeitas prévias sobre seus motivadores. Mas, ainda segundo eles, para sensibilizar e formar uma massa de atuação social no setor empresarial, é preferível utilizar argumentos de negócios do que esperar pelo senso cívico ou filantrópico. 3 Mirvis (2006) observa que muitas empresas sempre foram gerenciadas de maneira ética, respeitando leis, clientes, fornecedores, concorrentes, comunidade, meio ambiente e governos, sem deixar de ser lucrativas. Isso seria motivado pelos valores de seus fundadores e dirigentes, independentemente das exigências sociais contratuais ou de possíveis vantagens em termos de imagem, o que estaria no âmbito da corrente da Business ethics. Outras empresas começaram a preocupar-se com tais questões e a mudar comportamentos em decorrência de alguma crise, como um acidente que tenha provocado impactos ambientais ou uma denúncia de exploração de trabalhadores. Tais fatos tornam-se fontes de pressão por entidades reguladoras, consumidores e opinião pública, forçando as empresas a promover mudanças em seus processos produtivos, característica próximo da Business & Society. No entanto, ainda de acordo com Mirvis (2006), a maioria das empresas move-se em estágios, revelando que podem haver diferentes motivadores ao longo do tempo. Muitas iniciam seu engajamento com ações pontuais e, aos poucos, na medida em que ampliam a percepção dos benefícios de uma atuação mais responsável em todas as etapas de seu negócio e passam a ser mais pressionadas por seus stakeholders - ou partes interessadas - , engajam-se de maneira mais profunda. Há, ainda, aquelas empresas que perceberam nos desafios sociais e ambientais boas oportunidades de negócios e voltam suas estratégias e recursos para atender necessidades relacionadas à preservação ambiental e às necessidades de consumo dos mais pobres, por exemplo. Outro conjunto de causas para o engajamento das empresas pode estar nas pressões geradas sobre os negócios decorrentes de problemas de segurança, violência, falta de garantia de direitos, reforçando a percepção de que instituições estáveis e democráticas são necessárias para a segurança dos negócios e para sua própria sobrevivência. Buscando uma maneira adicional de situar as diferentes visões a respeito do tema, destacamos outros conjuntos de argumentos em: visão liberal, visão crítica e visão política. • Visão liberal – comumente associada a economistas (neo)liberais como Milton Friedman, a visão nesta vertente é de que a responsabilidade primordial das empresas é gerar maiores lucros para seus acionistas, por meio de suas funções produtivas, de maneira eficiente e competitiva, utilizando o potencial das tecnologias. Dessa maneira, as empresas produzem benefícios à sociedade na medida em que geram empregos, pagam impostos e ofertam bens e serviços que a sociedade demanda (LOGAN, ROY E REGELBRUGGE, 1997; KREITLON, 2004). Outro argumento dessa concepção é que lidar com problemas sociais não é uma competência típica do setor empresarial. Tais problemas devem, pois, ser resolvidos por atores cuja finalidade está voltada para questões públicas - Estado e sociedade civil. Embora seja uma visão criticada por muitos, na prática, o lucro dos acionistas e a sustentabilidade do próprio negócio é a grande prioridade de qualquer empresa privada, até hoje. Pela natureza do sistema econômico em que estão inseridas, as empresas precisam garantir resultados financeiros positivos, geralmente no curto prazo, para seguir atuando no mercado. As empresas são, por definição, endividadas, uma vez que todas elas possuem um passivo, seja com acionistas, sócios, fornecedores, financiadores ou investidores, sendo pressionadas a garantir as condições para honrar tal passivo, raramente sendo permitido pensar no retorno em longo prazo, tanto para a empresa como para a sociedade. • Visão crítica – nessa linha de abordagem, a idéia de responsabilidade social empresarial, ao evitar a crítica ao sistema econômico que gera a maior parte dos problemas sociais e ambientais que vivemos, seria contraproducente e até nociva para o avanço na solução desses problemas. Acreditar que o engajamento das empresas traria melhorias nas condições do planeta e da sociedade equivaleria a “tapar o sol com a peneira”, levantar falsas expectativas e reduzir as pressões por transformações mais profundas no sistema. Uma vez que as empresas são muito poderosas e são as grandes beneficiárias de um sistema essencialmente explorador e concentrador de poder e riqueza, não se pode esperar que elas próprias cuidem da solução dos problemas que geram, concentrando, assim, ainda mais poder. 4 Teriam, agora, poderes adicionais para tratar dos desafios sociais, utilizando para isso seus métodos de gestão e os mecanismos próprios do mercado. Seria como “colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”. A tendência seria amenizar algumas evidências do sistema explorador, possivelmente gerar melhorias em alguns campos, mas sem atuar sobre os mecanismos que geram a exclusão social e a devastação ambiental. Além disso, as empresas não tendem a abrir mão de poder espontaneamente, passando a depender delas a definição das questões a serem resolvidas (ou não) e os meios para fazê-lo. Nessa mesma vertente estão os críticos do próprio conceito de desenvolvimento sustentável, uma vez que o mesmo contém a idéia essencialmente utópica de que seria possível conciliar crescimento econômico, consumismo e competitividade, por um lado, e proteção ambiental e justiça social, por outro (KREITLON, 2006). Outro problema da ênfase ao papel das empresas no social seria o risco de contribuir para reforçar teses da cartilha neoliberal, que defende a capacidade superior da iniciativa individual e privada em relação ao Estado, bem como a despolitização das questões e conflitos sociais (KREITLON, 2004; PAOLI, 2002), transformando-as em riscos ou oportunidades para os negócios. Nesse sentido, Kreitlon (2004) considera a responsabilidade social empresarial como ideologia essencialmente conservadora, uma vez que evita o questionamento ético radical das relações entre empresas e sociedade e “contribui para legitimar e manter a hegemonia do mercado sobre diversas questões de natureza pública e política” (2004:11). • Visão política – corresponde ao campo primordial dos arautos da responsabilidade social empresarial, os quais argumentam que: mesmo que se acredite que o papel central das empresas é produzir bens e serviços e gerar lucros para os acionistas, por um lado e; admita-se que as empresas são as grandes vilãs da sociedade atual, uma vez que são as principais beneficiárias do atual sistema, por outro; pelo poder que concentram, não podem estar fora do debate político e social da atualidade. Chamamos essa vertente de política, uma vez que o argumento central é que pela política as pessoas, instituições e sociedades transformam-se e são transformadas. Portanto, as empresas precisam ser pressionadas politicamente, tanto interna como externamente, pelos pares, funcionários, governos e seus mecanismos de regulação e punição, sistemas de auto-regulação dos mercados, organismos de governança global, mídia, opinião pública, consumidores, sindicatos ou organizações da sociedade civil. Nesse sentido, a sociedade é chamada a redefinir o que autoriza e o que não autoriza em relação à gestão, quais os padrões de comportamento exigidos das empresas, aumentando os benefícios ou recompensas para aquelas que se ajustarem a esses padrões e, ao mesmo tempo, aumentando os custos ou punições para aquelas que não se ajustarem. No âmbito desta corrente, tem sido fortalecido, mais recentemente, o argumento de que a gestão socialmente responsável pode converter-se em vantagem competitiva e fator de sustentabilidade empresarial. 2.1 Elementos do contexto brasileiro e a responsabilidade social empresarial No Brasil, algumas características peculiares merecem ser consideradas nesse debate. Historicamente, o Estado brasileiro ocupou o papel de promotor do desenvolvimento, inclusive como Estado-empresário, responsável direto por atividades produtivas importantes, como siderurgia, mineração, prospecção de petróleo e energia elétrica, ao mesmo tempo em que patrocinou a instalação de empresas privadas em diferentes setores da economia. Algumas empresas estatais, ao instalarem-se pelo país afora, fizeram surgir cidades em torno de si, levando-as a desempenhar múltiplos papéis, para além de sua função produtiva econômica, como prover serviços públicos, financiar infra-estrutura local e promover a modernização econômica e social (FISCHER, 2002). Desde o seu surgimento, até os dias atuais, empresas como a Companhia Hidrelétrica do Rio São Francisco (CHESF), Companhia 5 Siderúrgica Nacional (CSN), Furnas, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Companhia Vale do Rio Doce e Petrobras, entre outras, realizam projetos sociais e apóiam investimentos nas comunidades, cidades e Estados que pertencem a sua área de atuação, mesmo depois de privatizadas, como é o caso de algumas das aqui mencionadas. Outra característica da relação do setor empresarial brasileiro com demandas sociais é que, por muito tempo, a ação social dos “homens de bem” - empresários, enquanto pessoas físicas - foi praticada por meio de igrejas, especialmente a católica. O próprio Estado desempenhava algumas funções sociais por meio de entidades relacionadas às igrejas, especialmente no campo da saúde e da assistência social, como a Santa Casa de Misericórdia. A partir do final da década de 1970, o país passou por intensas transformações, tanto no campo político quanto econômico. As principais mudanças têm relação com o processo de redemocratização do país, com o fim da ditadura militar, a descentralização de funções e recursos do governo federal para os governos estaduais e municipais, o florescimento da sociedade civil e o surgimento de múltiplas organizações da sociedade civil, compondo o chamado terceiro setor, bem como novas estruturas de governança na relação entre o público e o privado, como os conselhos de políticas públicas que proliferaram pelo país. Ao mesmo tempo, mudanças no cenário econômico e político internacional levaram a alterações na relação entre Estado e mercado do Brasil: a agenda neoliberal pregava redução do tamanho do Estado, levando à privatização de grandes empresas estatais; aceleração da globalização, com maior integração produtiva, comercial, financeira e gerencial entre mercados e empresas em diferentes países e formação de poderosos grupos empresariais com atuação mundial. No mesmo período, cresceu a preocupação mundial com os efeitos da ação humana sobre a devastação da natureza e as mudanças climáticas, levando ao questionamento mais intenso do modelo produtivo atual, especialmente pela poluição ambiental que gera. Movimentos sociais e organizações da sociedade civil pelo mundo articularam-se para exigir respeito a direitos dos trabalhadores e das populações empobrecidas, direitos das crianças, das mulheres e das minorias, melhor distribuição dos resultados do crescimento econômico, respeito à diversidade cultural e proteção ambiental. Tudo isso fez crescer a consciência da interdependência entre fenômenos econômicos, sociais e ambientais, demandando-se mais articulação entre diferentes setores e áreas para enfrentar os desafios da atualidade. Essas e outras transformações recentes no mundo, incluindo a ampliação da comunicação entre pessoas e países e avanços tecnológicos, levou à perrcepção da maior permeabilidade das fronteiras entre o público e o privado, percebendo-se que organizações de diferentes setores ocupam um espaço público compartilhado, e que tanto empresas, como governos e a sociedade civil são co-responsáveis pelas questões públicas que afetam a todos (SCHOMMER, 2000). Vivemos, pois, tanto no Brasil como no mundo, um movimento intenso de renegociação do pacto social, em que cada ator passa a ser questionado, confrontado com novos desafios e novas demandas. Algumas organizações surgidas nesse período recente da história brasileira vêm desempenhando papéis importantes para a reflexão a respeito das responsabilidades das empresas na dinâmica social, seja por seu pioneirismo nas ações em torno de certos temas, seja pela mobilização que conseguem gerar. Entre elas, estão: • Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) – fundado em 1981, com o objetivo central de democratizar as informações a respeito da realidade brasileira no campo econômico, social e político. Uma das linhas de ação do IBASE defende posturas éticas e socialmente responsáveis na atuação das empresas, em especial por meio de práticas de gestão mais transparentes, passando pela publicação de balanços sociais. • Prêmio ECO – Empresa e Comunidade, lançado em 1982, pelas Câmaras Americanas de Comércio de São Paulo (AMCHAM), destaca-se pelo pioneirismo no incentivo e reconhecimento de ações de empresas voltadas para comunidades do entorno; 6 • Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), de 1991 até os dias atuais, abriu crescente espaço para questões sociais e ambientais e relações das empresas com seus stakeholders como indicadores de qualidade na gestão empresarial; • Fundação Abrinq – criada em 1990, formada por empresas fabricantes de brinquedos, destacou-se pela mobilização gerada no combate ao trabalho infantil no país, envolvendo as empresas nessa mobilização; • Grupo e Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) – criado em 1995, desempenha papel-chave na mobilização empresarial em prol de questões públicas, reunindo atualmente cerca de 100 organizações de origem empresarial que praticam investimento social privado; • Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) – também fundado em 1995, desempenha papel relevante na disseminação do que são consideradas boas práticas de governança pelas empresas; • Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Empresarial – constituído em 1998, tem desempenhado papel fundamental, tanto no Brasil como no mundo, na promoção da responsabilidade social empresarial, destacando a necessidade de traduzir princípios éticos em indicadores e ferramentas de gestão aplicáveis no cotidiano das práticas das empresas, e a necessidade de sua adesão ao ideal do desenvolvimento sustentável. • Instituto Akatu pelo Consumo Consciente – fundado em 2001, desenvolve ações que visam a conscientizar e mobilizar a sociedade para que consuma de maneira a contribuir para a sustentabilidade do planeta, engajando as próprias empresas nesse movimento. Cada uma dessas organizações e outras que poderiam ser citadas, além de governos e organismos multilaterais, desenvolvem inúmeras ações e projetos, contribuindo para a disseminação do tema, envolvendo vários setores da sociedade, atuando de maneira articulada com movimentos similares em outros países. Na esteira dessa mobilização, proliferaram no Brasil cursos, debates, publicações, pesquisas, eventos, ferramentas, prêmios, até a recente criação de um índice de sustentabilidade empresarial na Bolsa de Valores de São Paulo, o ISE Bovespa. A discussão transcende os limites das empresas, uma vez que instrumentos desenvolvidos para a gestão empresarial têm sido utilizados como referência para revisão de práticas de gestão inclusive entre organizações do âmbito governamental e da sociedade civil. Apesar da crescente visibilidade da idéia de que responsabilidade social não se confunde com filantropia e das transformações conceituais, como veremos a seguir, possivelmente a característica brasileira mais significativa nesse contexto seja a tendência natural em relacionar responsabilidade social empresarial com ações sociais externas, voltadas para comunidade e que não geram impacto na gestão do negócio. Atentos a isso, as lideranças do movimento da responsabilidade social empresarial no Brasil tem elevado o tom do discurso que demanda compromisso com a responsabilidade social em todos os processos de gestão empresarial, e não apenas na ação social voltada para a comunidade externa. 3 – Transformações conceituais e tendências atuais no discurso e nas práticas da responsabilidade social no Brasil Em meio ao debate a respeito do papel das empresas na sociedade, muitos termos costumam ser utilizados, variando de acordo com a época e as características de cada país. Entre os termos mais comuns estão: ética, filantropia (estratégica), investimento social privado, cidadania empresarial (ou corporativa), responsabilidade social empresarial (ou corporativa), responsabilidade socioambiental, governança (corporativa) e marketing social. A diversidade de termos, conceitos e instrumentos relacionados à discussão, ao mesmo tempo em que revela a multiplicidade do fenômeno, gera certa confusão no cotidiano das empresas e na própria produção acadêmica. 3.1 As três ondas da gestão socialmente responsável no Brasil 7 Os termos filantropia, investimento social privado e responsabilidade social empresarial podem ser considerados típicos de cada uma das “três ondas da gestão socialmente responsável no Brasil”. Buscamos caracterizar cada uma dessas ondas para, em seguida, comentar a respeito das transformações ocorridas nas práticas das empresas, acompanhando essas ondas, na maioria das vezes combinando características de todas elas. A primeira onda é a da filantropia, caracterizada por ações sociais externas que a empresa realiza ou apóia, seja enquanto organização ou por meio de seus proprietários ou funcionários. Pode envolver apoio a situações emergenciais, causas, projetos, comunidades ou movimentos sociais, geralmente por meio de doação de recursos financeiros, produtos, serviços, além da cessão de instalações ou outros recursos da empresa. Nesta primeira linha de ação ou onda, a atuação no social costuma ser desvinculada do negócio da empresa, marcada pela motivação de caridade. Não há, portanto, interesse empresarial direto no apoio, muitas vezes de caráter assistencialista. O apoio costuma ser realizado de maneira descontinuada, muitas vezes atendendo a demandas emergenciais A maneira como são geridos os recursos não costuma ser observada pela empresa, e não costuma haver envolvimento da empresa na gestão das ações apoiadas, tampouco avaliação formal de processos e resultados. Em sua maioria, as empresas doadoras não recebem qualquer incentivo tributário ou reconhecimento pela doação, bem como não se identificam publicamente como apoiadoras. Um exemplo de ação típica dessa primeira onda seria de empresas que doam computadores a uma organização comunitária, sem ter noção de suas condições para utilizar os equipamentos, ou aquelas que doam agasalhos e alimentos em campanhas anuais, sem envolver-se com a gestão do processo organizacional como um todo. A segunda onda é a do investimento social privado, definido pelo repasse de recursos privados de maneira planejada, sistemática e monitorada para causas ou projetos de interesse público (GIFE, 2007). Esta segunda onda caracteriza-se por: ênfase ao profissionalismo na gestão e ao caráter estratégico dos investimentos, no sentido de realizar ações estruturantes em torno de causas ou áreas definidas e menos assistencialistas; trabalho realizado com diagnósticos dos problemas a serem enfrentados, planejamento de prazos, objetivos, metas, resultados esperados e mecanismos de avaliação; são priorizadas ações sustentáveis para além do período de apoio da empresa; pode ou não haver vínculo com o negócio da empresa e coincidir com algum interesse empresarial; pode ou não haver envolvimento da empresa na gestão das ações a serem operacionalizadas com este apoio O engajamento costuma se dar por meio de instituto ou fundação criada para tal, ou por meio de parcerias com outras organizações - beneficiária da ação, sistema “S”, universidade, consultoria, poder público, conselho etc; pode haver utilização de deduções e/ou benefícios legais, mas os recursos investidos não se limitam ao que podem ter como incentivo. Algumas empresas utilizam as ações de investimento social para promover a melhoria de sua imagem no mercado e outras optam por não fazê-lo de maneira intencional. A terceira onda corresponde àquela que considera a gestão socialmente responsável como macro estratégia de gestão, relacionada a todas as dimensões do negócio e como característica transversal da gestão empresarial. Idealmente, no âmbito dessa concepção, as empresas definiriam suas metas e expectativas de resultados em função de critérios de desempenho não apenas econômico, mas também social e ambiental. Importa frisar que nessa concepção rejeita-se a idéia de responsabilidade social como um estágio a ser alcançado, mas como um processo contínuo de reflexão ética e aprimoramento de práticas. O conceito de responsabilidade social empresarial que serve como referência para organizações como Business for Social Responsibility (BSR), Corporate Social Responsibility (CSR-Europe), Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, International Finance Corporation (IFC), Sustainability Institute, Institute of Social and Ethical Accountability, é a de uma relação ética, transparente e responsável que a empresa estabelece com todos os seus 8 públicos ou partes interessadas (stakeholders), no curto e no longo prazo. Os públicos de relacionamento da empresa envolvem não apenas os mais facilmente reconhecidos - público interno ou funcionários, acionistas, consumidores/clientes e fornecedores, mas inúmeras organizações de interesse civil, social ou ambiental, tanto no âmbito local quanto global, bem como governos, sindicatos e sociedade, de modo geral. A gestão socialmente responsável abrange temas e práticas de gestão que vão desde códigos de ética, boa governança corporativa, compromissos públicos assumidos pela empresa, cumprimento às leis e regulamentações, gestão e prevenção de riscos ambientais, até mecanismos anticorrupção, diversidade, apoio às mulheres e aos não-brancos, bem como a extensão desses compromissos por toda a cadeia produtiva envolvida na relação com os fornecedores. Envolve, ainda, ações sociais internas e externas que a empresa gerencia, realiza e apóia, envolvendo um ou mais públicos que são impactados pela atividade da empresa. No estágio da responsabilidade social empresarial, o investimento em projetos sociais ou iniciativas de desenvolvimento comunitário representa uma das áreas de preocupação social da empresa. Costuma ocorrer envolvimento da empresa na gestão das ações a serem operacionalizadas, avaliação de processos e resultados, utilização de possíveis deduções de impostos ou outros benefícios legais que estiverem disponíveis, identificação formal e comercial como apoiadora. A ação das empresas na comunidade está, prioritariamente, vinculada ao negócio e às estratégias da empresa, tem relação com os interesses empresariais e deve ser gerenciada com profissionalismo. No âmbito das práticas empresariais no Brasil, em muitas empresas é possível identificar a influência dessas três ondas, seja na mesma unidade de negócio ou em diferentes negócios de um grupo empresarial, assim como existem modelos de gestão socialmente responsável que mesclam características de mais de uma onda. Embora considerando a amplitude, complexidade e subjetividade do tema responsabilidade social empresarial como algo que permeia toda a gestão, muitos pesquisadores e pessoas engajadas no movimento percebem que ainda há grande distância entre as práticas predominantes nas empresas e as recentes transformações conceituais, que incorporam novos atributos à gestão responsável. Tais práticas, muitas vezes, reproduzem apenas parcialmente aspectos do conceito, enquanto outras são até contraditórias, geralmente por falta do entendimento claro da temática ou por receio de realmente buscar um novo paradigma no modelo de gestão dos negócios. A maioria fica na primeira onda da responsabilidade social, praticando investimentos em projetos sociais, doação a organizações não-governamentais ou voluntariado. De maneira geral, ainda são reduzidos os impactos em governança corporativa, relacionamento com consumidores, público interno, relacionamento com acionistas minoritários, entre outros elementos inseridos no sistema de gestão da organização e no seu planejamento estratégico. Os contrastes nas práticas podem ser entendidos como evidência da fragilidade, inadequação e superficialidade da proposta, por um lado, e podem ser considerados como naturais em processos de aprendizagem organizacional e mudanças na cultura empresarial, por outro. Algumas vezes correspondem, sim, a mero oportunismo mercadológico. Tudo isso evidenciaria a própria riqueza e múltiplas possibilidades do movimento de responsabilidade social empresarial, coincidindo com o que encontraram Calás e Arias (1997) a respeito das características da gestão nas organizações latino-americanas, nas quais há hibridização de práticas e características organizacionais, misturando influências, tempos e culturas gerenciais distintas. 3.2 Tendências no discurso no âmbito do movimento em prol da responsabilidade social empresarial 9 Diante do quadro descrito, apresentamos, a seguir, alguns dos principais argumentos que têm sido incorporados ao discurso dos arautos da responsabilidade social, especialmente no Brasil, mas também em várias partes do mundo. A maior parte dessas tendências evidencia a consolidação da corrente Social issues management, que, como vimos, defende uma abordagem estratégica da responsabilidade social das empresas. a) Responsabilidade social empresarial rima com desenvolvimento sustentável – a empresa sustentável define seus objetivos baseada no equilíbrio entre dimensões econômicas, sociais e ambientais, visando a garantir sua sobrevivência, a sustentabilidade e lucratividade do negócio a curto e a longo prazo, contribuindo para a sustentabilidade da empresa, dos negócios, do “modelo econômico vigente”, da humanidade e do planeta, uma vez que não pode haver empresas bem sucedidas em sociedades enfermas (TORO O., 1997). A idéia está afinada com o ideal do desenvolvimento sustentável, que considera possível conciliar crescimento econômico, proteção ambiental e justiça social. b) Problemas sociais e ambientais como oportunidades de negócios - em conferência promovida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, em dezembro de 2006, no Brasil, o tema título era: “Responsabilidade Social da Empresa: um bom negócio para todos.” (BID/CSR CONFERENCE, 2006). A idéia é que as empresas podem fazer das necessidades não atendidas da humanidade, agravadas pelos problemas sociais e ambientais, oportunidades de negócio. Necessidades como despoluição do ar e da água, novas fontes de energia, problemas epidêmicos de saúde, novas doenças, aquecimento global etc. podem ser focos do investimento em novas tecnologias, produtos e processos. Além disso, necessidades básicas de grande parte da população mundial, como o acesso à alimentação, vestuário, habitação, transporte, saúde, comunicação e bens de consumo, pode representar um novo nicho de mercado para as empresas que decidam focalizar parte de seus negócios na base da pirâmide social, onde está a maior parte da população mundial (ALMEIDA, 2003; CHECCHIA e ÁVILA, 2006; MIRVIS, 2006). c) Responsabilidade social empresarial como diferencial competitivo – gerir o negócio de maneira ética e responsável em todas as suas etapas tende a ser mais valorizado e reconhecido pelas partes interessadas, especialmente clientes, consumidores e investidores, o que pode agregar valor aos produtos e à marca. Investidores privados que desejam segurança e rentabilidade de seus investimentos no longo prazo tendem a preferir ações de empresa que integram fundos de investimento que consideram as boas práticas de governança, Tais empresas tenderiam a ser mais sustentáveis, mais confiáveis, oferecer menores riscos, e, inclusive, mais rentabilidade no médio e longo prazos. O incentivo do mercado financeiro pode vir, também, por meio de menores taxas de juros a empresas com melhores práticas de governança, que investem em tecnologias menos poluidoras e que são reconhecidas publicamente por suas boas práticas de gestão. Além disso, os desafios para redução de efeitos na poluição podem motivar as empresas a desenvolver tecnologias que poluem menos, bem como reduzir o consumo de água, energia e insumos, podem contribuir para reduzir custos, tornando-se elemento de vantagem competitiva. A redução de custos poderia ser resultado, no âmbito macro, de melhores condições de justiça social, gerando redução de custos das empresas com proteção contra a violência, golpes, assaltos, seqüestros etc. d) Profissionalização da gestão – a melhoria da qualidade da gestão nas empresas demanda profissionalização, novas capacidades e competência gerencial baseada na ética, na criatividade e na capacidade de associar responsabilidade social com estratégias e instrumentos de gestão. Nesse sentido, proliferam-se eventos, cursos, publicações, demandas por formação, oferta de consultoria, ferramentas e sistemas de gestão, tornando a responsabilidade social um modelo de gestão a ser disseminado. Na academia, percebe-se a profusão de trabalhos de conclusão de curso na graduação e pós-graduação que tratam da temática responsabilidade social, como também da criação e consolidação de cursos de 10 especialização, mestrado e de educação continuada, neste tema e em áreas correlatas, como gestão social e ambiental, gestão do terceiro setor e empreendedorismo social. e) Articulação e consolidação de ferramentas de gestão – no mesmo sentido da profissionalização da gestão, tem havido esforço de várias organizações ligadas ao tema, buscando traduzir os princípios de responsabilidade social e ética nos negócios em instrumentos e indicadores concretos de gestão. Procura-se promover o engajamento das empresas na observância de pactos de conduta, acordos e princípios gerais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os Objetivos do Milênio e a Agenda 21. Há proposição de adesão voluntária a pactos de conduta global voltados para o meio empresarial, como o Pacto Global das Nações Unidas e os Princípios de Governança Corporativa da OCDE. Há, ainda, normas e critérios de gestão – certificáveis ou não – que podem ser adotados pelas empresas por adesão voluntária, pelo interesse em agregar valor à marca ou por exigência de clientes. Entre elas estão as normas ISO (International Standardization Organization), nas séries 9.000 (qualidade total), 14.000 (gestão ambiental) e a mais recente, ainda em processo de discussão, 26.000 (responsabilidade social). A ISO 26000 tende a não ser certificável como uma norma, mas servir como guia de conduta mundial para ações relacionadas à sustentabilidade na gestão organizacional. Podem ser citadas muitas outras, como a Social Accountability (SA) 8000 – que promove melhores condições nos locais de trabalho, e os princípios do Forest Stewardship Council (FSC) – relativos ao manejo sustentável de florestas, por exemplo (INSTITUTO ETHOS, 2005). Ênfase crucial é concedida à necessidade de mais transparência nas práticas e decisões das empresas, incentivando-as a adotar modelos reconhecidos de balanço social ou relatórios de sustentabilidade. Organizações como o IBASE e o Instituto Ethos, no Brasil, e a Global Reporting Initiative (GRI), no âmbito mundial, oferecem modelos, critérios e princípios a adotar na elaboração e publicação de relatórios. No Brasil, embora ainda restrito a alguns setores e portes de empresas, tem melhorado muito a qualidade dos relatórios, contendo informações relevantes e detalhadas a respeito de vários processos empresariais (PRÊMIO BALANÇO SOCIAL, 2006; ROCHA, 2006). Cerca de 30 empresas declaram utilizar o GRI como referência para elaboração de seus relatórios, e cerca de 200 empresas são signatárias do Pacto Global das Nações Unidas no país (FERRARI e CORREIA, 2006). Percebendo a importância das ferramentas de gestão para desenvolver, orientar e medir a gestão socialmente responsável, o Instituto Ethos lançou, em 2000, os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial como ferramenta de auto-avaliação das empresas sobre seus processos de gestão. Os Indicadores Ethos visam a oferecer às empresas metodologias de controle mensuráveis, organizadas em sete temas: Valores, Transparência e Governança; Força de Trabalho; Meio ambiente; Fornecedores; Clientes e Consumidores; Comunidade; Governo e Sociedade. Tais indicadores são utilizados por cerca de 600 empresas, atualmente, no Brasil, sendo lançada anualmente uma versão contendo atualização dos critérios (FERRARI e CORREIA, 2006). Em parceria com organizações empresariais de cada setor, têm sido desenvolvidas versões desses indicadores, com questões específicas para certos setores produtivos – como mineração, petróleo e gás, distribuição de energia, bares e restaurantes, entre outros, além de indicadores apropriados para micro e pequenas empresas. A maioria desses pactos, normas, certificações e indicadores são utilizados como referência, prioritariamente por grandes empresas, o que não significa que sejam efetivamente exploradas enquanto oportunidade para o aperfeiçoamento da gestão do programa de responsabilidade social da empresa, para além do cumprimento de uma exigência externa. No Brasil, tem havido esforço das organizações que promovem o uso dessas muitas ferramentas de gestão, no sentido de torná-las mais integradas e coerentes entre si, de modo que sua diversidade não seja mais uma razão para dificultar seu uso pelas empresas. 11 f) Incentivo a novas estratégias de pressão sobre as empresas – para ampliar e aprofundar a responsabilidade social das empresas é preciso que haja mais pressão da sociedade e dos atores que interagem diretamente com elas, para que haja mudanças de comportamento efetivo. Além do papel regulador típico do Estado, na definição de exigências legais e fiscalização do funcionamento das empresas e do mercado em geral, há mobilização de organismos internacionais no sentido de definir regras que levem a melhores práticas de gestão, como vimos acima. Além disso, destacam-se algumas estratégias recentes no âmbito do movimento que promove a responsabilidade social no sentido de aumentar sua efetividade: • pressões sobre as empresas líderes de cadeias produtivas consideradas mais críticas em termos de potencial para gerar poluição ambiental ou exploração de trabalhadores, como petróleo e gás, mineração, indústria química, siderurgia, indústria têxtil, entre outros; • empresas líderes de cada cadeia produtiva passam a exigir melhores práticas de seus fornecedores, considerando inclusive critérios sociais e ambientais para selecioná-los, e não apenas preço, prazo e qualidade. Isso faz com que a mudança de práticas atinja inclusive as pequenas empresas que integram a cadeia produtiva das empresas que passam a adotar tais exigências para fornecedores; • articulação entre governos, sindicatos, organizações ambientalistas e de defesa de direitos, organizações empresariais, no sentido de pressionar práticas de setores que empregam formas de trabalho forçado e trabalho infantil, promovendo ações combinadas de fiscalização, denúncia, punição, mobilização dos trabalhadores e pressão sobre as empresas que compram insumos de empresas exploradoras; • esforço para engajar e qualificar trabalhadores das empresas em relação à ética, à responsabilidade social e aos ideais de sustentabilidade, no sentido de que ele, internamente, sejam promotores de melhores práticas e passem a exigir mudanças das empresas, inclusive recusando-se a corroborar com práticas ilícitas ou trabalhar para empresas com práticas condenáveis do ponto de vista ético; • pressões da opinião pública, que passa a questionar comportamentos empresariais exploradores da natureza e das pessoas; • capacitação da mídia para fazer coberturas de melhor qualidade a respeito do tema, sabendo reconhecer o que indica boas práticas e o que se resume a ações pontuais e de impacto apenas em imagem; • ênfase ao papel de pressão dos consumidores, sugerindo-se idéias de consumo consciente, também encarado como ato político, que define a identidade das pessoas. No mesmo sentido, reforça-se a crítica ao consumismo na sociedade atual. As pressões dos consumidores passam pela necessidade de tornar mais transparentes e disponíveis as informações sobre as empresas, bem como sua capacidade de acessar tais informações e interpretá-las; • esforço no campo do debate político, no sentido de trazer a questão do papel das empresas na sociedade mais para o campo da política do que da benemerência (PAOLI, 2002) e mais para o campo da sustentabilidade do que da vantagem competitiva; • mobilização em torno de práticas produtivas alternativas à globalização concentradora de poder em grandes empresas, articulando-se iniciativas de base local, que gerem contraposição ao modelo de globalização hegemônico. 4. Dilemas e limites para o avanço da gestão socialmente responsável Nesta etapa do trabalho, procuramos sistematizar em categorias alguns dos principais dilemas e limites para a disseminação da responsabilidade social empresarial, tanto na qualificação como na transformação de discursos e práticas. a) Natureza das empresas e do sistema na qual estão inseridas – no documentário “The Corporation” (ACHBAR, ABBOTT e BAKAN, 2004) são apresentadas várias 12 características da natureza das empresas que reforçam seu potencial para tornarem-se exploradoras e não responsáveis pelos danos que geram. Entre eles, estão: • característica legal e contábil que torna as empresas naturalmente endividadas com seus acionistas ou proprietários faz com que tenham que dar resultados financeiros a curto prazo, perseguindo o lucro acima de qualquer outro objetivo. Ou seja, as empresas são desenhadas pela lei para priorizar interesses dos acionistas acima de quaisquer outros; • as pessoas nas empresas não são direta e inteiramente responsabilizadas pelos efeitos de suas ações na sociedade, uma vez que a empresa, ao ter personalidade como pessoa jurídica, pode ser julgada, punida, multada. Muito raramente as pessoas que provocaram algum dano com suas decisões nas empresas são implicadas diretamente na punição; • diferentemente dos indivíduos, empresas não possuem consciência moral. Como teria dito o Barão de Thurlow, na Inglaterra: “As empresas não têm um corpo para encarcerar e uma alma para salvar” (citado por Robert Monks, em ACHBAR, ABBOTT e BAKAN, 2004), o que as leva a comportamentos que os indivíduos, sozinhos, não adotariam; • uma característica marcante da atividade empresarial é gerar externalidades que outros resolverão, como segurança, cuidados com lixo, construção de infra-estrutura para circulação de produtos etc. As empresas podem ser consideradas máquinas de externalizações daquilo que a sociedade permite que seja externalizado; • o problema da motivação pelo lucro associa-se ao “pecado” da ganância, já que qualquer patamar de lucratividade nunca é considerado suficiente; • se diagnosticadas psicologicamente como pessoas, pode-se identificar nas empresas comportamentos típicos da psicopatia, como incapacidade de sentir culpa, indiferença aos sentimentos alheios e dificuldade para manter relações duradouras (ACHBAR, ABBOTT e BAKAN, 2004; NASCIMENTO, 2006). b) O central nas empresas é ganhar dinheiro - responsabilidade social ainda é uma questão menor no cotidiano das empresas (MIRVIS, 2006). As pressões por eficiência, lucratividade, competitividade e redução de custos ainda são mais fortes do que as pressões por transparência, respeito aos direitos dos trabalhadores etc. Além disso, há certos setores da economia que são tão corrompidos e baseados em exploração de mão de obra e de recursos naturais, que é difícil falar em responsabilidade social empresarial. Em relação ao itens a) e b), acima, embora seja recomendável evitar o maniqueísmo, que associa todo o mal às práticas empresariais e todo o bem e virtude a setores da sociedade civil, por exemplo, essas características evidenciam que o problema está na lógica do sistema em que estão inseridas as empresas e na valorização da dimensão econômica na modernidade, como se fosse uma esfera superior e independente de outras dimensões – culturais, sociais, estéticas, políticas e ambientais, e que o econômico exige sacrifício de bens e valores sociais, políticos, culturais e naturais. Mesmo que as pessoas que trabalham nas empresas pautem-se pela ética e pela responsabilidade social, são constantemente pressionadas pela necessidade de resultados, de eficiência, competitividade e redução de custos. c) Visão de que as questões sociais não são de competência das empresas – a visão liberal que comentamos acima, de que Estado e sociedade civil têm o papel primordial de cuidar das questões sociais, enquanto cabe às empresas o papel produtivo e gerador de riquezas, ainda é predominante no meio empresarial e na sociedade, de modo geral. Tanto nas empresas como fora delas, a maioria das pessoas ainda acha que responsabilidade social significa apoio financeiro a projetos sociais. d) Ninguém quer ser o responsável pela definição de novos padrões em cada setor – como em uma corrida de cavalos, aquele que sai na frente tende a não ser o vencedor. Os custos dos pioneiros podem não ser compensatórios, uma vez que a inovação em práticas gerenciais pode representar esforço e custos iniciais não reconhecidos pelo mercado, a priori, e que os concorrentes não terão se adotarem quando for inevitável, seja por pressões de 13 regulação ou do mercado. Além disso, tende a haver pressões entre os concorrentes e parceiros em cada segmento empresarial, para que não haja avanço na concessão de benefícios a funcionários, clientes ou fornecedores. Mesmo quando há condições para pagar mais ao trabalhador, por exemplo, os empregadores tendem a não fazê-lo, seja por pressões dos integrantes do setor, seja porque há oferta excedente de mão de obra disposta a trabalhar com baixos salários e sem observância de direitos trabalhistas. e) Pouco poder de pressão da sociedade sobre as empresas – embora, como vimos, tem-se buscado aumentar as pressões sobre as empresas, o poder da sociedade em relação a elas ainda é muito limitado. Os consumidores costumam ter pouco acesso à informação, embora haja esforços nesse sentido. Além disso, empresas não são, por definição e história, organizações de base democrática. Se é verdade que avançam os mecanismos de governança corporativa e há exigência de mais transparência, é também verdadeiro que as decisões nas empresas ainda estão guardadas, em sua maioria, em uma bem fechada “caixa preta”. Como alerta Paoli (2002), a ação social das empresas não constitui espaço de debate e de controle público, contribuindo para despolitizar a questão social. As pessoas que são “ajudadas” pelas empresas ou passam a ser consideradas enquanto suas partes interessadas não são vistas como sujeitos de direitos e sim como receptores de favores (PAOLI, 2002). Seria oportuno questionar em que medida os diferentes stakeholders têm poder para interferir efetivamente nas práticas das empresas? Nas relações de poder, é natural que aqueles que têm menos poder para impor suas posições sejam menos considerados, mantendo-se nas piores posições no jogo e sofrendo mais seus impactos. Mesmo quando o navio está afundando, o que se poderia dizer em relação ao risco de destruição do planeta, se é verdade que todos precisam remar e tentar evitar a morte, alguns remam mais do que outros. Pode ser que se salvem todos, mas também pode acontecer de os remadores morrerem extenuados e os demais se salvarem. f) A maioria das empresas ainda está na era da filantropia - diversas pesquisas realizadas por organizações acadêmicas e empresariais demonstram que a grande maioria das empresas tem como característica predominante a primeira onda da gestão socialmente responsável, que a aproxima da filantropia e do assistencialismo, ou seja, apenas disponibilizam verbas para os projetos sociais em comunidades externas, sem obrigatoriamente discutirem a relação destas ações sociais com a sua forma de gerenciar o negócio. Por exemplo, ainda é comum no Brasil empresas que apóiam projetos ambientais, mas, que não avançaram no monitoramento da sua gestão ambiental ou que apóiam projetos sociais e que estão em primeiro lugar em algum ranking de reclamações de consumidores. 5. Considerações finais Embora reconheçamos limites e desafios da responsabilidade social empresarial, entendemos que a capacidade coletiva de ação é essencial para políticas justas e redistributivas. Para que sejamos capazes de responder aos desafios da atualidade, é necessário construir mecanismos institucionais e organizacionais de relação entre diferentes atores que promovam justiça social. Para isso, é importante fortalecer a identidade, a capacidade ou vocação de cada tipo de organização, ao mesmo tempo em que se fortalece a integração entre elas. Ou seja, devem-se valorizar capacidades inerentes à natureza das empresas, do Estado e da sociedade civil, ao mesmo tempo em que se fortalecem mecanismos de articulação dessas capacidades e de controle das ações de uns pelos outros. Não se trata, pois, da defesa de que as empresas devem ser as principais responsáveis pelo enfrentamento dos desafios sociais e ambientais, mas pelo poder que concentram, empresas não podem estar fora do debate público e da renegociação do pacto social. Mas é preciso vontade política para fazer essa escolha. O mercado tem hoje mais liberdade, riqueza e poder do que em qualquer outro tempo. E quem detém o poder não costuma abrir mão dele naturalmente, por benemerência ou qualquer outra motivação. Para que o papel das empresas 14 e suas práticas sejam redefinidas em termos mais justos do ponto de vista da distribuição de poder e de recursos, é recomendável combinar o incentivo ao avanço motivado pela ética, pela reflexão e pela adesão voluntária, com pressões de diferentes tipos e oriundas de diferentes atores e partes do mundo sobre as empresas, para que sejam forçadas a mudar certos comportamentos. O desafio não é apenas uma questão empresarial, mas de toda a sociedade, de cada um de nós enquanto indivíduos, cidadãos, consumidores, até mesmo no sentido de identificar o que desejamos e o que não desejamos, o que não estamos dispostos a sacrificar e o que podemos conceder. No caso específico do Brasil, há o desafio fundamental de superar as históricas desigualdades e injustiças - social, econômica, criminal, racial, gênero – que marcam nossa trajetória enquanto nação; desigualdades essas que sempre se atualizam, a despeito do avanço em vários aspectos sociais, econômicos e políticos. O que a experiência brasileira no campo da gestão pública permite perceber, e se aplica ao debate sobre a gestão empresarial, é que as mudanças nas práticas coletivas não costumam ser unívocas, em uma mesma direção, não são sempre para melhor e tendem a envolver diferentes padrões de articulação entre o tradicional e o novo (FARAH, 2001; SCHOMMER, 2003). Podemos considerar paradoxais as contradições ou dilemas da realidade – competição e solidariedade, consumismo e preservação, responsabilidade e competitividade, visão de longo prazo e resultados imediatos. Talvez essa convivência seja possível em um mesmo contexto histórico porque a realidade é paradoxal, permitindo a convivência de lógicas que, aparentemente opostas e inconciliáveis, se articulam e se influenciam mutuamente (SCHOMMER, 2000). Parece-nos salutar, na linha do que defendem Santos e Rodrigues (2002), que se amplie o espectro de possibilidades, uma vez que “... a realidade não se reduz ao que existe. A realidade é um campo de possibilidades em que têm cabimento alternativas que foram marginalizadas ou que nem sequer foram tentadas” (SANTOS E RODRÍGUEZ, 2002: 25). Novas práticas e possibilidades, baseadas na criatividade da vida, devem ser construídas, de maneira suficientemente utópica para desafiar o status quo e suficientemente viável para não serem descartadas. 6. 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