UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Estudo da imobilização de proteases para a síntese de oligopeptídeos Fábio Pereira Fagundes _______________________________________ Tese de Doutorado Natal/RN, setembro de 2011 Fabio Pereira Fagundes Estudo da imobilização de proteases para a síntese de oligolisinas Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduaçãoo em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Química. Orientadora: Profa. Dra Marta Costa Co-Orientador: Prof. Dr Richard Gross Natal, RN 2011 Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Instituto de Química Fagundes, Fabio Pereira. Estudo da imobilização de proteases para a síntese de oligolisinas / Fabio Pereira Fagundes. Natal, RN, 2011. 142 f. Orientadora: Marta Costa Co-Oreintador: Ricard Gross Tese (Doutorado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química. 1. Síntese enzimática - Tese. 2. Imobilização por ligação covalente - Tese. 3. Aprisionamento em géis de PVA – Tese. 4. Proteases – Tese. 5. Oligopeptídeos Tese. I. Costa, Marta. II. Gross, Richard. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UFRN/BSE- Química CDU 577.151.5(043) Dedico... À minha família, Carmélia, Vitória, Pedro e meu pai-avô Sebastião (todos in memorian), meu tio Geraldo, minha irmã Izabel Vitória e especialmente a minha mãe Concebida e minha tia Graça pelo incansável apoio em todas as etapas da minha vida, pelo exemplo de dedicação, confiança, dignidade, amor, enfim, a vocês que tanto se doaram para que eu atingisse meus objetivos de vida, minha gratidão e respeito. AGRADECIMENTOS Meus sinceros agradecimentos... A Deus, pelo milagre da vida, por amanhecer, pela tua companhia, pelas dores, dificuldades e derrotas, pois com elas aprendi o significado das palavras perseverança e fé. Obrigado senhor, pela oportunidade de dizer OBRIGADO! À profa Dra Marta Costa pela paciência, confiança, apoio e orientação. À profa Dra Rosangela Balaban, que tenho o privilégio de fazer parte do seu grupo de pesquisa, pela sua compreensão, paciência, dedicação e exemplo de ética e profissionalismo. Além do incentivo constante, quando por algumas vezes quis desistir, meu reconhecimento. Ao pesquisador Hélder Girão, pelo apoio, incentivo e confiança em todos esses anos de trabalho. A toda família LAPET, especialmente a equipe de fluidos de perfuração pela dedicação e profissionalismo e à Keila Alves e Rosa Vidal por todo carinho e apoio dispensados a mim durante esses anos de convívio. Aos integrantes do LAQOA, especialmente à Suzan Ialy pelo apoio, confiança e amizade. I would like to take this opportunity to express my deep gratitude to my adviser Prof. Dr. Richard Gross (NYU-POLY) for offering me the opportunity to conduct this research and providing invaluable guidance and support. I am grateful to my colleagues who helped a lot at Laboratory of bioprocessing and biocatalysis (NYU-POLY), especially Xu Qin, Viswanathan Kodanda Raman, Wenhua Lu, Chunxiao Han and Fei Liu for all the helpful and support. I would like to say thanks to my friends Shuopeng Yuan, Hem Joshi and Manoj Ganesh for encouraging me to continue my research and helped me to show NY City another way. My friends, thanks a lot!!! Aos amigos Gregory Zamora, Paulo Marcelo e Ian de Albuquerque, pela pronta disponibilidade em ajudar e por me proporcionarem momentos de descontração e alegria. À minha namorada Keila Regina, por estar a tão pouco tempo em minha vida e se revelar uma pessoa tão especial, capaz de me fazer entender que 1 minuto não representa necessariamente 60 segundos. À amiga Alexsandra de Souza Silva por ter sido uma excelente parceira todos esses anos, por todo incentivo, atenção, carinho e apoio nas horas difíceis. Ao amigo Maurício Borges, pelo exemplo de inteligência, companheirismo e por proporcionar tantos momentos de intercâmbio profissional e descontração. Fabio Pereira Fagundes À família Vitor, em especial à Dona Júlia por representar um exemplo ímpar de pessoa, pela atenção, carinho e respeito para comigo. Ao amigo Gláucio Morais por toda a sua lealdade, cumplicidade e amizade em todos esses anos. À professora Lisa Burger pelo apoio circunstancial na preparação para o TOEFL. À amiga Edna, por toda cumplicidade, amizade e compreensão. Aos amigos Roberto José, Céliton Fernandes e Gilberto Júnior pela compreensão, respeito, incentivo e companheirismo durante esses 26 anos de amizade. Aos parceiros Adriano Valentim, Cleuton Marcelino, Ederson da Silva Rocha e Emanuel Fausto por fazerem parte da minha vida em quaisquer que sejam os momentos vividos. Ao inesquecível amigo Ricardo Verdille (in memorian), pelo apoio, amizade e oportunidade. Ao Cnpq pela bolsa concedida através do Programa de Recursos Humanos. Fabio Pereira Fagundes Aprendi que.. “...devemos planejar menos e viver mais! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nos beijos não correspondidos, nas conversas não compartilhadas, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que esquivando-se do sofrimento, faz perder também a felicidade”. “...infelizmente, nem sempre há tempo. A vida é feita de desencontros, descompassos, como passageiros numa estação de trem, chegadas e partidas podem ser decisivas para nossos destinos. A vida não espera”. Fabio Pereira Fagundes RESUMO Síntese enzimática de peptídeos usando proteases tem atraído uma enorme atenção nos últimos anos. Um desafio chave na síntese de peptídeos é encontrar suportes para imobilização de proteases capazes de apresentar um alto desempenho em meio aquoso, produzindo oligopeptídeos solúveis em água, já que até o presente momento, pouco tem sido descrito usando essa estratégia. Dessa forma, o objetivo dessa tese foi imobilizar proteases usando diferentes métodos (imobilização por ligação covalente, aprisionamento em géis poliméricos de PVA e imobilização em nanopartículas magnéticas de Glicidil) para a produção de oligopeptídeos derivados da lisina. Três proteases foram utilizadas: tripsina, α-quimotripsina e bromelaína. De acordo com as estratégias de imobilização associadas ao tipo de protease empregada, foi provado que os sistemas tripsina-resinas mostraram os melhores desempenhos em termos de atividade hidrolítica e síntese de oligopeptídeos. A atividade hidrolítica das enzimas livres e imobilizadas foi determinada por espectrofotometria com base na mudança de absorbância em 660 nm à temperatura de 25 °C (Casein method). O rendimento de oligolisina e o cálculo do grau de polimerização médio foram monitorados por RMN H. A protease tripsina foi covalentemente imobilizada em quatro diferentes resinas (Amberzyme, Eupergit C, Eupergit CM and Grace 192). O máximo rendimento de proteína imobilizada foi 92, 82, 60, e 71 mg/g de suporte para cada resina, respectivamente. A eficiência desses sistemas (Tripsina-resinas) foi avaliada pela hidrólise do substrato caseína e a síntese de oligolisina em meio aquoso. A maioria dos sistemas foram capazes de catalisar a síntese de oligopeptídeos, entretanto com diferentes eficiências, tais como: 40, 37 e 35% para os suportes Amberzyme, Eupergit C e Eupergit CM, respectivamente, em comparação com a enzima livre. Esses sistemas produziram oligômeros em somente 1 hora com grau de polimerização médio mais alto que a enzima livre. Dentre esses sistemas, Eupergit CTripsina mostrou ser mais eficiente que os outros sistemas em termos de atividade hidrolítica e estabilidade térmica, ao passo que não exibiu a mesma eficiência como era esperado para a síntese de oligolisina. Tripsina-amberzyme provou ser mais eficiente para a síntese de oligopeptídeos, além de exibir um excelente reuso, mantendo 90% de sua atividade hidrolítica e sintética após sete reusos. As interações hidrofóbicas da tripsina com o suporte Amberzyme são responsáveis por proteger a enzima contra as fortes mudanças conformacionais no meio reacional. Além disso, a alta concentração de grupos oxiranos na superfície da resina promoveu ligações covalentes multipontuais e, consequentemente, preveniu a enzima imobilizada do Fabio Pereira Fagundes processo de desorção (Leaching process). Os resultados acima mencionados sugerem que a tripsina imobilizada nesses suportes pode ser eficientemente usada para a síntese de oligopeptídeos em meio aquoso. Palavras-chave: Síntese enzimática. Imobilização por ligação covalente. Aprisionamento em géis de PVA. Nanopartículas magnéticas de glicidila. Proteases. Oligopeptídeos. Fabio Pereira Fagundes ABSTRACT Enzymatic synthesis of peptides using proteases has attracted a great deal of attention in recent years. One key challenge in peptide synthesis is to find supports for protease immobilization capable of working in aqueous medium at high performance, producing watersoluble oligopeptides. At present, few reports have been described using this strategy. Therefore, the aim of this thesis was to immobilize proteases applying different methods (Immobilization by covalent bound, entrapment onto polymeric gels of PVA and immobilization on glycidil metacrylate magnetic nanoparticles) in order to produce water-soluble oligopeptides derived from lysine. Three different proteases were used: trypsin, α-chymotrypsin and bromelain. According to immobilization strategies associated to the type of protease employed, trypsin-resin systems showed the best performance in terms of hydrolytic activity and oligopeptides synthesis. Hydrolytic activities of the free and immobilized enzymes were determined spectrophotometrically based on the absorbance change at 660 nm at 25 °C (Casein method). Calculations of oligolysine yield and average degree of polymerization (DPavg) were monitored by 1 H-NMR analysis. Trypsin was covalently immobilized onto four different resins (Amberzyme, Eupergit C, Eupergit CM and Grace 192). Maximum yield of bound protein was 92 mg/g, 82 mg/g and 60 mg/g support for each resin respectively. The effectiveness of these systems (Trypsin-resins) was evaluated by hydrolysis of casein and synthesis of water-soluble oligolysine. Most systems were capable of catalyzing oligopeptide synthesis in aqueous medium, albeit at different efficiencies, namely: 40, 37 and 35% for Amberzyme, Eupergit C and Eupergit CM, respectively, in comparison with free enzyme. These systems produced oligomers in only 1 hour with DPavg higher than free enzyme. Among these systems, the Eupergit C-Trypsin system showed greater efficiency than others in terms of hydrolytic activity and thermal stability. However, this did not occur for oligolysine synthesis. Trypsin-Amberzyme proved to be more successful in oligopeptide synthesis, and exhibited excellent reusability, since it retained 90% of its initial hydrolytic and synthetic activity after 7 reuses. Trypsin hydrophobic interactions with Amberzyme support are responsible for protecting against strong enzyme conformational changes in the medium. In addition, the high concentration of oxirane groups on the surface promoted multi-covalent linking and, consequently, prevented the immobilized enzyme from Fabio Pereira Fagundes leaching. The aforementioned results suggest that immobilized Trypsin on the supports evaluated can be efficiently used for oligopeptides synthesis in aqueous media. Key words: Enzymatic synthesis. Covalent immobilization. PVA gels entrapment. Glycidil magnetic nanoparticles. Proteases. Oligopeptides. Fabio Pereira Fagundes SUMARIO 1 INTRODUÇÃO GERAL.................................................................... 1.1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 20 1.2 OBJETIVOS………………………………………………………….. 22 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………... 24 2.1 CINÉTICA DE REAÇÃO- EQUAÇÃO DE MICHAELIS-MENTEN 24 2.2 PROTEASIS.......................................................................................... 25 2.2.1 Degradação das proteases pelo mecanismo de autólise................... 26 2.2.2 Imobilização de enzimas: proteases.................................................... 30 2.2.2.1 Estabilização das enzimas via imobilização por ligação covalente...... 31 2.2.2.1.1 Seleção de suportes adequados para imobilização........................... 31 2.2.2.1.2 Condições ideais para a imobilização por ligação covalente........... 32 2.2.2.1.3 Fatores que influenciam a retenção da atividade catalítica............ 34 2.2.2.2 41 Imobilização de enzimas em géis poliméricos (Entrapment)............... 20 2.2.2.2.1 Criogéis poliméricos – Diagrama conceitual de sua formação........ 45 2.2.2.2.2 Criogéis poliméricos de PVA.............................................................. 46 2.2.2.3 Imobilização de enzimas em nanopartículas magnéticas...................... 48 2.3 ENZIMAS: AMINOÁCIDOS PARA LIGAÇÃO COVALENTE....... 51 2.4 SÍNTESE DE PEPTÍDEOS USANDO PROTEASES......................... 53 3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................ 58 3.1 MATERIAL.......................................................................................... 3.2 EQUIPAMENTOS................................................................................ 59 3.3 FLUXOGRAMA GERAL.................................................................... 59 3.4 SELEÇÃO DAS ENZIMAS................................................................. 60 3.5 ENSAIO DE ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA – SDS – PAGE GEL............................................................................. 58 61 3.6 IMOBILIZAÇÃO DAS ENZIMAS...................................................... 61 3.6.1 Imobilização das enzimas por ligação covalente.............................. 3.6.1.1 Determinação da quantidade de enzima aprisionada na matriz – 61 Método de BCA..................................................................................... 62 Fabio Pereira Fagundes 3.6.1.2 Determinação da atividade hidrolítica da protease livre e imobilizada. 63 3.6.1.3 Determinação do processo de autólise das proteases............................ 65 3.6.1.4 Reusabilidade dos sistemas................................................................... 65 3.6.1.5 Avaliação da termoestabilidade dos suportes........................................ 65 3.6.2 Imobilização das enzimas por aprisionamento em géis de poli álcool vinílico (PVA)............................................................................ 65 3.6.2.1 Obtenção dos criogéis de PVA.............................................................. 65 3.6.2.2 Imobilização da protease bromelaína em criogéis................................ 3.6.2.3 Influência do número de f-t ciclos nas propriedades estruturais dos 66 sistemas PVA-enzima............................................................................ 66 3.6.3 Imobilização de enzimas em nanopartículas magnéticas (MNPs – Magnetic nanoparticles)...................................................................... 68 3.7 SÍNTESE DE OLIGOPEPTÍDEOS SOLÚVEIS EM ÁGUA USANDO AS PROTEASES IMOBILIZADAS................................... 69 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................ 71 4.1 AVALIAÇÃO DA PUREZA DAS PROTEASES POR SDS-PAGE.. 71 4.2 DETERMINAÇÃO DO PERCENTUAL DE ENZIMA PRESENTE NA PROTEÍNA.................................................................................... 4.3 73 INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE AUTÓLISE NA ATIVIDADE RESIDUAL DAS PROTEASES........................................................... 75 4.4 IMOBILIZAÇÃO DAS PROTEASES POR LIGAÇÃO COVALENTE....................................................................................... 78 4.4.1 Determinação do percentual de protease imobilizada na matriz.... 78 4.4.2 Imobilização da protease tripsina por ligação covalente em suportes epóxi ativados...................................................................... 79 4.4.3 Reusabilidade dos sistemas................................................................. 82 4.4.4 Termoestabilidade dos sistemas......................................................... 4.4.5 Imobilização da protease α-quimotripsina por ligação covalente 84 em suportes epóxi-ativados................................................................. 87 4.4.6 Imobilização de bromelaína em suportes epóxi................................ 89 4.4.7 Determinação da atividade sintética dos sistemas............................ 92 Fabio Pereira Fagundes 4.4.7.1 Cálculo do rendimento de oligolisina por RMN 1H.............................. 4.4.7.2 Efeito do pH no rendimento e no grau de polimerização dos produtos obtidos................................................................................................... 4.5 98 IMOBILIZAÇÃO DA PROTEASE BROMELAÍNA POR APRISIONAMENTO EM GEL DE PVA – CRIOGÉIS...................... 4.5.1 95 106 Influência da concentração polimérica e do tempo de congelamento na formação dos poros................................................ 109 4.5.2 Influência da concentração da enzima na formação de poros dos criogéis.................................................................................................. 112 4.5.3 Influência do número de ciclos f-t na morfologia interna dos poros nos criogéis................................................................................. 114 4.6 IMOBILIZAÇÃO DA Α-QUIMOTRIPSINA EM NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS DE METACRILATO DE GLICIDILA........................................................................................... 116 5 CONCLUSÕES................................................................................... 6 PERSPECTIVAS FUTURAS............................................................. 123 REFERÊNCIAS................................................................................. Fabio Pereira Fagundes 120 125 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Teorema de Michaelis-Menten aplicado à velocidade inicial da reação (V0) em função da concentração do substrato([S]).................................................................. 25 Figura 2 Imobilização da protease tripsina em diferentes polissacarídeos (CMC e alginato)..................................................................................................................... 29 Figura 3 Autólise da tripsina livre e imobilizada..................................................................... 30 Figura 4 Relação entre a posição da enzima e o tempo necessário para difundí-la dentro do poro............................................................................................................................ Figura 5 Relação entre o tamanho de poro do suporte e a eficiência de ocupação da enzima........................................................................................................................ Figura 6 38 Atividade específica em função do tamanho de poro do suporte (sílica) e da quantidade de tripsina imobilizada............................................................................ Figura 8 37 Modelo ilustrativo do tamanho de poro mínimo necessário para a eliminação dos limites de difusão....................................................................................................... Figura 7 34 39 Influência da densidade dos grupos funcionais no processo de imobilização e estabilização da enzima.............................................................................................. 40 Figura 9 Ilustração do processo de gelificação física do polímero com a enzima aprisionada na matrix.................................................................................................................... Figura 10 43 Modelo ilustrativo da reticulação do alginato de sódio em presenca de íons cálcio para aprisionamento da enzima.................................................................................. 44 Figura 11 Diagrama de formação de criogéis poliméricos......................................................... 46 Figura 12 Interações intra e intermoleculares das moléculas de PVA....................................... 47 Figura 13 Superfície de nanopartículas de ferro revestidas com sílica...................................... 49 Figura 14 Ilustração esquemática da combinação dos modelos clássicos para o surgimento de uma nova técnica aplicada para a imobilização de enzimas – SEN’s (SENs – Single enzyme nanoparticles)..................................................................................... 51 Figura 15 Figura 16 Resíduos de aminoácidos presentes nas enzimas no processo de imobilização............................................................................................................... 53 Ilustração esquemática de uma reação catalisada por protease............... 55 Fabio Pereira Fagundes Figura 17 Procedimentos empregados para a imobilização das enzimas e sua aplicação para a determinação da atividade hidrolítica e síntese de oligopeptídeos......................... Figura 18 Ilustração do procedimento adotado na preparação de géis de PVA para imobilização de enzimas............................................................................................ Figura 19 60 66 Ilustração do procedimento adotado na imobilização da protease α-quimotripsina em nanopartículas magnéticas de metacrilato de glicidila......................................... 68 Figura 20 Eletroforese em gel de poliacriliamida - SDS-PAGE das bandas referentes às proteases..................................................................................................................... 72 Figura 21 Área das bandas de BSA em função de suas respectivas concentrações................... Figura 22 Atividade residual das proteases (tripsina, α-quimotripsina e bromelaína) em função do tempo......................................................................................................... Figura 23 73 76 Absorbância em função das diferentes concentrações (mgmL) de BSA e das proteases utilizadas.................................................................................................... 78 Figura 24 Percentual de imobilização da protease tripsina em função do tempo...................... 79 Figura 25 Ciclos de reuso da tripsina imobilizada nos suportes Amberzyme, Grace, Eupergit C e Eupergit CM........................................................................................................ 83 Figura 26 Atividade hidrolítica da tripsina livre e imobilizada em função da temperatura...... 85 Figura 27 Modelo ilustrativo da evolução da conformação da hélice da enzima ao longo do tempo......................................................................................................................... 86 Figura 28 Percentual de imobilização da protease α-quimotripsina em função do tempo......... 87 Figura 29 Percentual de imobilização da protease bromelaína em função do tempo em diferentes suportes..................................................................................................... 90 Figura 30 Mecanismo de ação da protease α-quimotripsina na hidrólise da lisina.................... 93 Figura 31 Mecanismo de ação da protease α-quimotripsina na síntese de oligopeptídeos........ 94 Figura 32 Espectros de RMN 1H correspondentes aos dímeros, trímeros, tetrâmeros e oligômeros derivados da lisina................................................................................... 96 Figura 33 Percentual de rendimento de oligolisina na reação em função do pH do meio......... 98 Figura 34 Grau de polimerização médio dos monômeros de lisina em função do pH para as diferentes proteases utilizadas.................................................................................... Figura 35 99 Influência do pH no percentual de conversão do monômero de lisina em oligolisinas................................................................................................................. Fabio Pereira Fagundes 100 Figura 36 Percentual de rendimento dos sistemas em função do número de reusos.................. 101 Figura 37 Grau de polimerização dos sistemas (suporte-tripsina) e tripsina livre em função do pH.......................................................................................................................... 103 Figura 38 Grau de polimerização em função do número de ciclos para cada sistema utilizado..................................................................................................................... Figura 39 105 Modelo ilustrativo da determinação do rendimento e do grau de polimerização para uma mesma molécula......................................................................................... 106 Figura 40 Micrografias obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) da área transversal dos criogéis de PVA formados em meio aquoso..................................... Figura 41 110 Representação esquemática da rede polimérica de PVA em diferentes concentrações, evidenciando o maior grau de entrelaçamentos físicos e interações físico-químicas entre as cadeias poliméricas com o aumento da concentração de polímero e, consequentemente, diminuição do tamanho de poros e porosidade (conectividade entre os poros)................................................................................... Figura 42 Micrografias obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) dos criogéis de PVA 8% contendo diferentes concentrações de bromelaína................... Figura 43 111 113 Micrografias obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) evidenciando as mudanças na estrutura interna dos criogéis de PVA 8% durante o processo de congelamento-descongelamento............................................................ Figura 44 115 Percentual de imobilização da quimotripsina em função do tempo........................... 116 Fabio Pereira Fagundes LISTA DE TABELAS Tabela 1 Especificidade de várias proteases........................................................................ Tabela 2 Características físicas das resinas.......................................................................... 58 Tabela 3 Dados comparativos de área, concentração estimada (mgmL) e percentual de pureza das proteases usadas.................................................................................. Tabela 4 54 74 Dados relativos aos parâmetros estruturais dos suportes e os resultados referentes à Carga Teoricamente Imobilizada (CTI) da protease tripsina, Eficiência de imobilização (EI), Atividade hidrolítica e relativa dos sistemas usados (suporte-tripsina)....................................................................................... Tabela 5 80 Dados relativos à quantidade de tripsina imobilizada/500 mg de suporte, tripsina desorvida (mg) e o seu percentual em relação aos diferentes suportes utilizados nesse trabalho........................................................................................ 84 Tabela 6 Dados relativos à Carga teoricamente imobilizada da protease α-quimotripsina (%), Eficiência de imobilização (%), Atividade hidrolítica (Unitsg de enzima) e Atividade relativa (%) dos sistemas usados....................................................... Tabela 7 88 Dados relativos à quantidade de α-quimotripsina imobilizada/500 mg de suporte, tripsina desorvida (mg) e o seu percentual em relação aos diferentes suportes utilizados nesse trabalho......................................................................... Tabela 8 89 Dados relativos à Carga Teoricamente Imobilizada da Bromelaína (%), Eficiência de imobilização (%), Atividade hidrolítica (Unitsg de enzima) e Atividade relativa (%) dos sistemas usados.......................................................... Tabela 9 91 Fórmulas empíricas atribuídas aos picos referentes a dímeros, trímeros, tetrâmeros e oligômeros........................................................................................ 98 Tabela 10 Efeito da concentração de PVA na aparência, forma e estabilidade dos géis formados............................................................................................................... 107 Tabela 11 Influência da concentração de PVA (diferentes massas molares) na estabilidade operacional, atividade hidrolítica e reusabilidade dos criogéis obtidos sob o formato de filme.................................................................................................... 108 Tabela 12 Dados comparativos referentes à CTI, EI, AH (Unitsg de enzima) e AR (%) dos sistemas usados............................................................................................... Fabio Pereira Fagundes 117 LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOGIAS re – Raio da enzima rp – Raio de poro SENs – Single enzyme nanoparticles N f-t ciclos – Número de ciclos de congelamento e descongelamento SDS-PAGE – Eletroforese desnaturante em gel de poliacrilamida BSA – Bovine Serum Albumin (Albumina Serínica Bovina) Tpartícula – Tamanho de partícula Dporo – Diâmetro de poro DGF – Densidade do grupo funcional CTI – Carga Teoricamente Imobilizada EI – Eficiência de imobilização GP – Grau de polimerização P – Taxa de conversão PVA – Poli(alcoolvinílico) MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura RMN 1H – Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio AH – Atividade Hidrolítica AR – Atividade Residual MNPs – Nanopartículas magnéticas Fabio Pereira Fagundes CAPÍTULO I INTRODUÇÃO GERAL Capítulo I: Introdução 1 19 INTRODUÇÃO GERAL 1.1 INTRODUÇÃO Peptídeos representam uma importante classe de moléculas biologicamente ativas com extrema diversificação funcional (TAGUCHI et al., 2008). Essa versatilidade é atribuída às inúmeras reações e processos biológicos onde eles atuam. Dentre os inúmeros processos, pode-se destacar o tripeptídeo Glutationa, o qual constitui o principal sistema celular redox e desempenha uma variedade de funcões, desde a desintoxicação a proteção contra danos oxidativos (CHAKRAVARTHI et al., 2006). Outro exemplo refere-se a um peptídeo de 36 resíduos de aminoácidos, conhecido comercialmente como Eufuvirtide (Fuzeon), usado como inibidor de fusão do vírus HIV em pacientes infectados com HIV multi-resistente, sendo o primeiro representante de uma nova classe de drogas anti-retrovirais (MATHEWS et al., 2004). Além desses, pode-se ainda destacar, a ação diurética do hormônio vasopressina (peptídeo) no aumento da pressão sanguínea, sendo o responsável pela absorção da água pelo rim (ALI et al., 2007). Diante dessa diversidade funcional, um enorme interesse por essa classe de compostos e por metodologias para sua produção, isolamento, purificação e quantificação vêm sendo desenvolvidas. Os peptídeos constituem biomacromoléculas promissoras na busca por novos fármacos, além de representar um desafio terapêutico no tratamento de inúmeras de doenças (MATHARU et al., 2010; YAZBECK et al. 2009; STEVEN et al., 2004). A síntese de polipeptídeos derivados de lisina para uso em sistemas de liberação controlada de fármacos vem constituindo uma das principais aplicações desse aminoácido (SHIH et al., 2006). A lisina apresenta uma alta hidrofilicidade e uma cadeia lateral maior que os demais, fatores esses, que torna os produtos derivados desse substrato com enorme potencialidade para aplicação in vivo (BANKAR; SINGHAL, 2010). Em paralelo, as proteases, enzimas responsáveis pela quebra da ligação peptídica in vivo, são consideradas o mais importante grupo de enzimas produzidas comercialmente para fins industriais, onde uma de suas aplicações mais promissoras inclui a síntese de peptídeos sintéticos (NOROTOMI et al., 2009; BORDUSA, 2002). A obtenção de peptídeos via síntese enzimática tem atraído muita atenção devido a inúmeras vantagens comparadas a síntese química convencional, tais como: Alta atividade catalítica, especificidade e/ou regioespecifidade ao substrato, ausência de racemização e de outras Fabio Pereira Fagundes Capítulo I: Introdução 20 reações secundárias típicas da síntese química, além de apresentar uma considerável viabilidade econômica (SUN, et al., 2006; KUMAR; BALLA, 2005; BORDUZA, 2002; GILL; VULFSON, 1993). Por outro lado, o fato de não existir uma protease universal faz com que não haja uma metodologia geral, aplicável a qualquer sequência peptídica, sendo assim, objeto contínuo de pesquisa e desenvolvimento (MACHADO et al., 2004). Outro fator importante a ser considerado refere-se à estabilidade das proteases. Essas enzimas sofrem o processo de autólise ou autodegradacão, ou seja, a atividade catalítica no meio reacional é negativamente influenciada pela inativação dos seus centros ativos. Dessa forma, um catalisador “ideal” deve ser estável sob condições extremas de temperatura, pH, pressão e tempo de estocagem (IYER, ANANTHANARAYAN, 2008). Diante disso, a literatura relata inúmeros processos empregados para a estabilização das proteases, dentre os quais, o processo de imobilização é considerado um dos mais eficientes, sendo considerado uma das estratégias mais promissoras na aplicação de enzimas em reações de síntese, que além de oferecer vantagens em relação a estabilidade e a reusabilidade (QIU et al., 2010), protege os sítios ativos da protease frente ao processo de auto-degradação (PURCENA et al., 2009). De acordo com a literatura, os processos de imobilização podem ser divididos em 5 grupos: (a) Ligação covalente da enzima no suporte sólido, (b) adsorção, (c) aprisionamento em géis polimericos, (d) reticulação com reagentes bifuncionais e (e) encapsulação (KUMAR; BALLA, 2005). Recentemente, enorme atenção tem sido dada a investigação de proteases imobilizadas, devido à ampla faixa de aplicações e a possibilidade de reuso, minimizando assim, os custos operacionais (LI-SHENG et al., 2007). As proteases podem ser imobilizadas com baixa perda de atividade e o seu potencial proteolítico para a síntese de peptídeos tem sido demonstrado. Normalmente, essas reações ocorrem em presença de solvente orgânico (QUIROGA et al. 2008; FILIPOVA et al., 2001), em virtude do deslocamento no equilíbrio da reação em favor da síntese de oligopeptídeos. Por outro lado, os efeitos desse tipo de solvente em reações enzimáticas são responsáveis pelo efeito competitivo com as enzimas, as interações eletrostáticas dos grupos polares na enzima devem ser diferentes quando comparadas às aquelas em soluções aquosas e as enzimas podem sofrer mudanças conformacionais extremas pelo contato com o solvente orgânico, interferindo, portanto, em sua eficiência catalítica (BORDUSA, 2002). As características físicas e químicas do suporte, o método de imobilização empregado e a escolha da enzima são parâmetros cruciais na obtenção de um sistema cataliticamente eficaz. Dentre os inúmeros suportes disponíveis comercialmente, os que apresentam grupos funcionais Fabio Pereira Fagundes Capítulo I: Introdução 21 epoxi em sua estrutura têm sido amplamente usados e vêm recebendo grande atenção para aplicações em larga escala, em virtude da fácil imobilização de proteínas e enzimas (PRAMPARO et al., 2010). Adicionalmente, fatores como hidrofilicidadehidrofobicidade, área superficial, diâmetro do poro, grupos reativos, rota de síntese e a viabilidade econômica devem ser levados em conta para a escolha de um sistema ideal (CARAMORI et al., 2010). 1.2 OBJETIVOS O desafio chave no uso de proteases na síntese de peptídeos é encontrar suportes e estratégias de imobilização capazes de apresentar uma alta eficiencia enzimática em meio aquoso, conforme reportados nos poucos trabalhos utilizando essa estratégia. Considerando o exposto e buscando preencher a lacuna de informações existente, esse trabalho tem por objetivos principais: (1) Imobilizar as proteases usando diferentes estratégias (Imobilização por ligação covalente em resinas e em partículas nanomagnéticas de metacrilato de glicidila, além do aprisionamento em géis poliméricos), com o intuito de avaliar a eficiência de imobilizacao e a atividade hidrolítica de cada sistema obtido, além da termoestabilidade e reusabilidade dos sistemas que apresentaram uma melhor eficiência catalítica. (2) Sintetizar oligopeptídeos em meio aquoso com unidades de lisina usando os sistemas de imobilização obtidos na etapa anterior. Fabio Pereira Fagundes CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Capítulo II: Revisão Bibliográfica 2 23 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 CINÉTICA DE REAÇÃO – EQUAÇÃO DE MICHAELIS-MENTEN As enzimas desempenham um papel fundamental na cinética de reações bioquímicas. O mecanismo de cinética de Michaelis-Menten é frequentemente usado para explicar as atividades catalíticas de várias enzimas. De acordo com esse mecanismo, o substrato (S) se liga reversivelmente a uma enzima (E) para formar um complexo intermediário (ES). Em seguida, ES sofre uma decomposição unimolecular para formar um produto (P), e (E) é regenerado para o próximo ciclo (YI; LIU, 2010). A Equação 1 descreve esse comportamento cinético. (1) A taxa de velocidade de formação do produto (V) apresenta uma dependência hiperbólica com a concentração do substrato [S] (Figura 1). De acordo com a equação de velocidade (V) temos: V = d[P]dt = k2[ET] [S] , onde kM= (k-1 + k2)k1 e representa a constante de MichaelisMenten. [ET] é a concentração total da enzima. Essa expressão de taxa de velocidade é conhecida como equação de Michaelis-Menten, que fornece uma descrição do comportamento da cinética de uma reação enzimática. Ao longo dos anos, esse teorema tem representado um dos pilares da enzimologia e tem encontrado aplicações em diferentes sistemas de reações enzimáticas (YI; LIU, 2010; CALDER; SIEGEL, 2008). Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 24 Figura 2 - Teorema de Michaelis-Menten aplicado à velocidade inicial da reação (V0) em função da concentração do substrato ([S]). Fonte: CALDER; SIEGEL, 2008 A relação entre a velocidade de reação de formação do produto e a concentração do substrato pode ser descrita através de parâmetros cinéticos obtidos a partir da Equação de Michaelis-Menten. Devido ao importante papel das enzimas na cinética de reações bioquímicas, essa equação é uma ferramenta frequentemente usada para o entendimento da atividade catalítica das mesmas (Fernandes et al., 2004). 2.2 PROTEASES De acordo com a literatura, tem havido um crescente interesse no uso de proteases como catalisadores industriais (GUPTA et al., 2006). As proteases constituem um dos mais importantes grupos de enzimas industriais, sendo responsáveis por 60% da venda da produção de enzimas no mundo (TRIPATHI et al., 2011). Essas enzimas pertencem à classe das hidrolases (*NC-IUB peptidases), sendo ativas diretamente na cadeia de polipeptídeos. Atualmente, centenas delas são utilizadas na hidrólise de ligações peptídicas. Devido ao fato de serem altamente estereo- e regioespecíficas, agirem sob condições suaves de reação (pH, temperatura), apresentarem fácil manuseio, não necessitarem de cofatores de alto custo e apresentarem uma arquitetura molecular relativamente simples na maioria dos casos (BORDUSA, 2002), as proteases tornaram-se ferramentas promissoras na síntese dirigida a clivagens de peptídeos. Esse tópico será discutido Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 25 ao fim desse capítulo, em virtude de requerer um maior aprofundamento no mecanismo de catálise da protease em acelerar o reverso da reação de hidrólise, que representa atualmente um desafio no campo de aplicação dessas enzimas em sínteses (KUMAR; BALLA, 2005; BONGERS; HEIMER, 1994). As proteases são classificadas em dois grupos principais: exopeptidases e endopeptidases. As exopeptidases iniciam o processo de degradação a partir das extremidades amino ou carboxiterminal das proteínas, produzindo pequenos peptídeos ou até mesmo aminoácidos. As endopeptidades clivam a proteína alvo na sua parte interna, distante das extremidades amino e carboxi-terminal, gerando, dessa forma, peptídeos maiores. Além disso, há uma subclassificação baseada em condições às quais elas são ativas (meio ácido, neutro ou alcalino) e nos grupos dos sítios ativos de cada enzima (CARVALHO, 2007). Proteases alcalinas são definidas como enzimas que atuam em uma faixa de pH alcalino, apresentando um resíduo de serina ou metalo. Proteases serínicas alcalinas têm sido consideradas o mais importante grupo de enzimas explorado comercialmente (TRIPATHI et al., 2011; ABDEL-NABY et al., 1998). As proteases serínicas são de grande interesse industrial, tendo em vista sua atividade catalítica e estabilidade em pH alcalino. Elas apresentam um resíduo de serina como nucleófilo no seu sítio ativo, além de resíduos de aspartato e histidina que, juntamente com a serina, formam sua tríade catalítica. Normalmente, essa tríade é ativada na faixa de pH 7 – 11 (GUPTA; LORENZ, 2002), muito embora a protease alcalina de Bacilus sp apresente um pH ótimo na faixa de 10 – 12,5 (SHIMOGAKI et al., 1991). 2.2.1 Degradação das proteases pelo mecanismo de autólise A estabilização da enzima é um requisito fundamental para sua aplicação em diversos setores da indústria. Normalmente, uma série de reações paralelas associadas à sua desnaturação ocorre durante o processo de produção, armazenamento e aplicação (IYER; ANANTHÁNARAYAN, 2008; HÁN et al., 1997). A desnaturação é um fenômeno atribuído às mudanças conformacionais da estrutura terciária das enzimas. Vários fatores podem promover as mudanças conformacionais na configuração espacial, dentre os quais se destacam: temperatura (CHEISON et al., 2010; LADERO et al., 2006; SOMERO, 2004), pH (LADERO et al., 2005), agentes químicos e autólise (proteases) Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 26 (CHÁTTERJEE; HOSUR, 2006; WANG et al., 2008; SHÁMIM et al., 2008; JURADO et al., 2004). Um dos principais problemas associados ao uso das proteases refere-se ao processo de autólise. Esse processo é um mecanismo regulador que controla, principalmente, a atividade de proteases serínicas (CHEN et al., 2003), ou seja, a atividade catalítica dessas proteases no meio reacional é negativamente influenciada pela inativação dos seus centros ativos por autoclivagem. De acordo com Chátterjee & Hosur (2006), a maioria das proteases que possuem múltiplos sítios de clivagem, a sequência de autoclivagens tem sido difícil de identificar, fato esse que dificulta ainda mais estabelecer um controle durante seu uso no meio reacional. Kumura e colaboradores (1999) reportaram que a incubação da protease de Pseudomas fluorescence, à temperatura de 50 C, por 2 min, resultou uma perda de atividade proteolítica superior a 90% e uma forte mudança na sua estrutura conformacional, comprovada através de ensaios de eletroforese. Várias estratégias têm sido utilizadas para minimizar os efeitos causados pelo processo de autólise. Kotormán e colaboradores (2003) relataram o uso de íons cálcio para prevenir a autólise das proteases tripsina e α-quimotripsina em presença de diferentes concentrações de etanol. De acordo com os resultados obtidos, ficou evidenciada a forte influência desses íons na preservação da estrutura intrínseca das enzimas estudadas. A protease α-quimotripsina perdeu quase que o total de sua atividade em 60 % de etanol, após 10 minutos. O mesmo comportamento ocorreu com a tripsina em 85 % de etanol. Por outro lado, foi constatado que na presença de íons cálcio, 1,2 M e 0,6 M de cloreto de cálcio, respectivamente, a estrutura secundária e terciária das enzimas foram restauradas, provocando, assim, o aumento da atividade enzimática. A utilização de íons cálcio para inibição das mudanças estruturais causadas pela autólise já vem sendo muito estudada. Estudos comprovaram que os íons cálcio promovem a formação de um complexo derivado do tripsinogênio (precursor da tripsina), o qual induz uma mudança conformacional que protege a molécula contra a formação de proteínas inertes. Bier & Nord (1951) mostraram que os íons Ca2+, além de estabilizarem a molécula de enzima, são responsáveis também pelo aumento da atividade enzimática (SIPOST; MERKELT, 1970). Outra estratégia que vem sendo muito utilizada para minimizar os efeitos da autólise, refere-se ao processo de imobilização da protease, que além de oferecer vantagens em relação à estabilidade e a reusabilidade, protege os sítios ativos da protease frente ao processo de autodegradação. Entretanto, a preparação de uma enzima imobilizada com sucesso está diretamente Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 27 associada ao método empregado e as características químicas do suporte. Uma condição essencial é que os grupos da cadeia lateral da enzima, os quais são responsáveis pela ligação com o suporte, devem estar distantes suficientemente do sítio ativo para evitar o impedimento estérico ao substrato (PURCENA et al., 2009). Garcia e colaboradores (2009) imobilizaram a protease tripsina através da reticulação de polissacarídeos (carboximetilcelulose e alginato de sódio) em presença de formaldeído e t-butil isocianida (Figura 2). De acordo com os resultados, foi verificado que a protease livre apresentou uma estabilidade térmica menor do que quando imobilizada nos diferentes suportes poliméricos. Dados experimentais confirmam a redução de atividade da tripsina livre em mais de 90% após 60 minutos, ao passo que em relação aos sistemas CMC-tripsina e Alginato-tripsina, os mesmos apresentaram uma retenção de atividade de 90% e 83%, respectivamente. Dessa forma, devido ao processo de imobilização, foi conferida aos sistemas uma maior resistência aos processos de autólise. Esse fato, provavelmente, está associado à formação de estruturas isopeptídicas envolvendo resíduos de lisina, evitando, portanto, o favorecimento de reações com outras moléculas de tripsina. Adicionalmente, a estrutura rígida provocada pela reticulação com os polímeros, assim como, os impedimentos estéricos causados por essas macromoléculas, devem resultar em uma contribuição para a estabilização da molécula da enzima contra a degradação autolítica. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 28 Figura 2 – Imobilização da protease tripsina em diferentes polissacarídeos (CMC e alginato) Tripsina CMC Tripsina Tripsina ALG Fonte: Garcia et al. (2009). Resultados similares foram obtidos por Kumar & Gupta (1998) quando imobilizaram covalentemente a protease tripsina no suporte de Eudragit S-100, utilizando o método de carbodiamida. A enzima imobilizada mostrou uma excelente estabilidade à autólise à temperatura de 45 C. A Figura 3 mostra a atividade residual do sistema em comparação com a da protease livre em diferentes temperaturas, ambas em função do tempo e sob as mesmas condições reacionais. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 29 Figura 3 – Autólise da tripsina livre e imobilizada () – Tripsina livre a 45 C () – Tripsina imobilizada a 45 C ( ᴑ ) – Tripsina imobilizada a 50 C () - Tripsina imobilizada a 60 C Fonte: Adaptada de Kumar & Gupta (2008) De acordo com os resultados obtidos, a imobilização da enzima resultou em um sistema estabilizado à temperatura de 45C na faixa de tempo estudada. Os resultados mostraram que a enzima livre perdeu, no intervalo de 20 minutos, mais de 90% de sua atividade catalítica, ao passo que a tripsina conjugada à Eudragit S-100 não apresentou perdas consideráveis de atividade. Dessa forma, o processo de imobilização utilizado apresentou-se como o principal responsável por manter a estabilidade da enzima, sugerindo, portanto, uma proteção maior aos sítios de clivagens da protease. 2.2.2 Imobilização de enzimas: proteases A imobilização de enzimas e proteínas em suportes sólidos insolúveis em meio aquoso, certamente, representa um dos grandes avanços na área da Biotecnologia. Essa tecnologia tem por finalidade facilitar a separação entre a enzima e os produtos, além de melhorar a estabilidade do biocatalisador para seu reuso em aplicações contínuas, com efeito positivo no processo econômico (QIU et al., 2010; JÁRZEBSKI et al., 2007). Um suporte ideal deve imobilizar a Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 30 enzima de modo eficiente, de forma que seja mantida sua estrutura secundária e terciária, além de apresentar um mínimo de desorção das biomoléculas durante a reação (HENZLER et al., 2008). Um aspecto importante refere-se às fortes mudanças conformacionais que algumas enzimas apresentam durante o processo de catálise, ou seja, quando imobilizadas podem apresentar enormes distorções em seu centro ativo, alterando, portanto, sua atividade catalítica (MATEO et al., 2007). A eficiência da enzima imobilizada depende fortemente da estratégia de imobilização e do material utilizado como suporte. Nesse contexto, há um crescente interesse no entendimento e controle das estratégias de imobilização (ABBAS et al., 2009). Inúmeros métodos de imobilização têm sido reportados na literatura, dentre os quais se destacam: adsorção (KILONZO et al., 2011), imobilização por ligação covalente (KANNOUJIA et al., 2009), aprisionamento em géis poliméricos (NICHELE et al., 2011; QUIROGA et al., 2011) e utilização de nanopartículas magnéticas como matrizes (SONG et al., 2011). Dentre esses, o método por adsorção tem sido considerado um dos mais simples e econômicos para a imobilização de enzimas. Além disso, a imobilização de uma enzima por adsorção oferece uma faixa enorme de aplicabilidade em virtude de haver um mínimo de perturbação na estrutura nativa da enzima (KUMAR et al., 2009). Por outro lado, a literatura relata inúmeros problemas associados à estabilidade da enzima no suporte, que em virtude de diferentes condições do meio (pH), temperatura e força iônica, o processo de desorção ocorre desordenadamente, provocando uma diminuição na eficiência catalítica do sistema (suporte-enzima), sendo necessário, portanto, o uso de ligações mais fortes entre o suporte e a enzima, por exemplo: ligação covalente (ROLLETT et al., 2010). 2.2.2.1 Estabilização das enzimas via imobilização por ligação covalente 2.2.2.1.1 Seleção de suportes adequados para imobilização Dentre os métodos empregados de imobilização de enzimas, a técnica de imobilização por ligação covalente tem sido uma das mais promissoras, devido, principalmente, a maior estabilidade da enzima provocada pelas fortes interações com o suporte utilizado (ABBAS et al., 2009). Por outro lado, esse efeito provoca sérias mudanças conformacionais na estrutura da enzima (sítios ativos), as quais podem afetar de forma negativa a atividade enzimática no meio reacional (PRAMPARO et al., 2010; MARQUES; YAMANAKA, 2008; HONG et al., 2007). Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 31 Para alcançar um alto percentual de imobilização e uma alta retenção de atividade, duas condições essenciais são necessárias: (1) - os grupos funcionais presentes no suporte e na enzima, devem ser estericamente acessíveis uns aos outros, de acordo com as condições de imobilização a serem utilizadas; (2) – Deve haver uma afinidade química entre os grupos funcionais do suporte e da enzima escolhida em um meio aquoso ou orgânico, de forma a se obter um sistema (enzima/suporte) com alta estabilidade e reatividade (MATEO et al., 2007). De acordo com Mateo e colaboradores (2007), um suporte adequado para uma imobilização multipontual deve obedecer às seguintes exigências: O suporte deve apresentar uma superfície interna ampla para ter uma adequada congruência geométrica com a superfície da enzima. Se o suporte é formado por fibras de diâmetros menores que os da enzima, será dificil obter uma ótima interação fisica e química entre os mesmos. O suporte deve apresentar uma alta densidade de grupos reativos. Dessa forma, seria possível obter um sistema com um elevado número de ligações covalentes multipontuais com a enzima. Os grupos reativos presentes na enzima e no suporte devem apresentar o mínimo de impedimento estérico na reação, já que após a etapa inicial de imobilização, ligações covalentes multipontuais exigem o contato entre os grupos ligados à estrutura rígida. Os grupos reativos envolvidos no processo de imobilização devem ser estáveis o suficiente para permitir períodos longos de tempo de reação entre o suporte e a enzima. 2.2.2.1.2 Condições ideais para a imobilização por ligação covalente Embora uma ligação covalente multipontual (“multipoint covalent attachment” – MCA) deva ser esperada usando um suporte ativado com um grupo funcional adequado, a seleção das condições de imobilização é um ponto crítico para maximizar esse processo. As condições de imobilização devem favorecer a reação entre os grupos funcionais da enzima e do suporte Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 32 (MATEO et al., 2007; MATEO et al., 2006; BLANCO et al., 1989). Algumas dessas variáveis críticas são: Tempo de reação – Normalmente, a imobilização ocorre em espaço curto de tempo. Entretanto, as interações multipontuais entre o suporte e a enzima devem requerer um maior tempo devido à necessidade de alinhamento dos grupos já imobilizados e os parcialmente imobilizados, presentes na enzima e no suporte; pH – Embora a imobilização ocorra em pH neutro, o pH alcalino normalmente é utilizado devido à reatividade dos nucleófilos da enzima (usualmente lisina); Temperatura - Temperaturas moderadamente altas devem favorecer a energia vibracional das enzimas e dos suportes, aumentando a possibilidade de um maior percentual de imobilização; Solução tampão – A escolha do tampão no processo de imobilização é de fundamental importância. O tampão não deve interferir na reação. Por exemplo, o borato pode interferir nas reações de aminas/aldeídos. Compostos derivados de aminas devem modificar os suportes que contenham o grupo funcional epóxi, ou competir com o sítio ativo das enzimas pelos grupos aldeído. Alptekin e colaboradores (2010) imobilizaram covalentemente catalase no suporte Eupergit C e avaliaram a otimização das condições de imobilização em função da determinação da atividade hidrolítica do sistema suporte-enzima. Parâmetros como pH, concentração da solução tampão, temperatura, tempo de imobilização e a quantidade de enzima imobilizada no suporte foram avaliados nesse trabalho. De acordo com os resultados obtidos, ficou comprovada uma forte dependência da atividade hidrolítica com as diferentes condições estudadas, especialmente, o pH e a quantidade de enzima imobilizada na matriz. Dessa forma, as condições ideais de imobilização foram as seguintes: pH 7,5 e 1 M de solução tampão, temperatura de 25 o C, 24 horas de imobilização e 40 mg de enzimag de suporte. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 33 2.2.2.1.3 Fatores que influenciam a retenção da atividade catalítica A retenção de atividade das enzimas é fortemente dependente de vários fatores: tamanho de partícula (BIRÓ et al., 2008; YANG; ZHU, 2006), porosidade (AHN et al., 2011; LI et al., 2010), morfologia (KUMAR et al., 2009; LATHOUDER et al., 2004), hidrofilicidade, hidrofobicidade (Afrin et al., 2000), capacidade de retenção de água (CHAE et al., 2000), microambiente, natureza química dos suportes e espaçadores (ZHANG et al., 2011, NOUAIMI et al., 2001). Abaixo serão discutidos os principais fatores. Porosidade A imobilização das moléculas da enzima no interior dos poros ocorre em processo de difusão lenta. Em outras palavras, a ligação das enzimas nos poros dos suportes é fortemente influenciada pela transferência de massa e governada pelas restrições de difusão. A Figura 4 mostra a relação entre a posição da enzima e o tempo requerido pra difundi-la no interior do poro. Figura 4 – Relação entre a posição da enzima e o tempo necessário para difundí-la dentro do poro Tempo para a T4 > T3 > T2 > T1 > T0 enzima difundir dentro dos poros Enzima Grupos funcionais Fonte: adaptada de Cao, 2005a. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 34 De acordo com a Figura 4, as moléculas da enzima mais próximas da superfície do suporte são mais rapidamente ligadas. Em contrapartida, quanto mais profundo o poro, maior tempo será requerido para as moléculas difundirem dentro do mesmo. Dessa forma, espera-se que a atividade de uma enzima esteja diretamente associada a sua capacidade de retenção na matriz, ou seja, teoricamente, quanto maior esse percentual de enzima imobilizada em uma matriz, maior profundidade do poro foi alcançada pelas moléculas. Entretanto, isso não significa que quanto maior o percentual de enzima imobilizada, maior atividade hidrolítica do sistema (suporteenzima) será alcançada. Esse fato pode ser atribuído à difusão do substrato e à rigidez da matriz. Li e colaboradores (2010) imobilizaram a lipase de Burkholderia cepacia em microesferas de poliestireno com diferentes tamanhos de poro (14,7; 104 e 314 nm). De acordo com os resultados obtidos, o aumento do tamanho do poro resultou no aumento da atividade catalítica e em uma melhoria na estabilidade térmica dos sistemas. Os autores justificaram esses resultados com base na maior acessibilidade do substrato ao centro ativo da enzima e ao confinamento da enzima em regiões mais profundas das microesferas, propiciando maior proteção em altas temperaturas. A superfície dos suportes A superfície interna e externa de um suporte deve ser considerada. Em suportes não porosos a superfície interna é zero, ao passo que suportes altamente porosos possuem superfície externa praticamente insignificante. A superfície interna é geralmente 100 a 1000 vezes a superfície externa para um suporte macroporoso, obviamente dependendo do diâmetro das partículas. Dessa forma, para alguns suportes, o carregamento da enzima na superfície externa pode ser desprezível (CAO, 2005b). Partindo do pressuposto que se deseja obter um suporte com um alto percentual de imobilização, é concebível que o mesmo apresente uma alta superfície interna, com áreas acessíveis para a ocupação da enzima. Essa propriedade é responsável por ditar a cinética de difusão do substrato na matriz. Em geral, o carregamento da enzima na matriz (protein loading), definido como a razão entre as massas de enzima e de suporte, assim como a retenção da atividade enzimática, estão mais relacionadas com o tamanho de poro do que propriamente com a superfície. Por exemplo, Chaijitrsakool e colaboradores (2008) imobilizaram a protease serínica de Bacillus licheniformis Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 35 em géis de carbono derivados de formaldeído e resorcinol com diferentes tamanhos de poro. Os resultados obtidos mostram que o tamanho e o volume de poro são parâmetros chave no percentual de imobilização, atividade específica e estabilidade. Foi constatado que o maior tamanho e volume de poro foram responsáveis pelo aumento de atividade hidrolítica e carregamento da enzima no gel. Ferreira e colaboradores (2003) imobilizaram a protease Alcalase 2T (Protease comercial) em dois suportes de sílica (S300 e S500), com diferentes tamanhos de poro, 550 e 1200 Å, respectivamente. De acordo com os resultados de atividade hidrolítica, S500 apresentou o dobro da atividade quando comparado com o S300, sugerindo, portanto, uma maior influência dos efeitos de impedimento estérico e restrições espaciais ao suporte com menor tamanho de poro. A literatura mostra que a penicilina G acilase foi imobilizada em um suporte acrílico (KALLENBERG et al., 2005; BOLLER et al., 2002). Os resultados obtidos indicaram baixos índices de imobilização da enzima no suporte, aproximadamente 10 vezes menor, quando comparados com Eupergit C, que possui uma área superficial similar, porém um tamanho de poro aproximadamente 4 vezes maior (15 a 20 nm). Claramente, se observa que, no primeiro caso, o sistema apresentou problemas relativos à difusão da enzima no interior dos poros, sugerindo, assim, que a enzima foi, aparentemente, imobilizada na superfície externa do suporte, diferentemente do que aconteceu com o segundo sistema (Eupergit/penicilina G acilase). O efeito do diâmetro de poro de um suporte não está somente relacionado à superfície acessível do mesmo, mas também a problemas de difusão e a mobilidade das moléculas das enzimas. A Figura 5 mostra um modelo ilustrativo que simula a eficiência de ocupação dam enzima na superfície dos poros das resinas Eupergit C e Eupergit C 250, que são resinas comerciais macroporosas, obtidas através da copolimerização de N,N-metileno-bis- metacrilamida, metacrilato de glicidila, glicidil éter e metacrilamida. Devido à alta densidade de grupos oxirano na superfície (600 mmol/g) e excelente estabilidade térmica, esses suportes representam um enorme potencial para imobilização de enzimas. O tamanho do poro de Eupergit C 250 é, aproximadamente, 10 vezes maior que o do Eupergit C. Embora o percentual de enzima imobilizada em ambos os suportes seja próximo (KNEZEVIC et al.2006; SIGMA, 2011). Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 36 Figura 5 - Relação entre o tamanho de poro do suporte e a eficiência de ocupação da enzima. Hernaiz & Crout (2000) mostraram que as enzimas β-galalactosidase e α-galactosidase derivadas de B. circulans e Aspergillus oryzae, respectivamente, apresentaram diferentes percentuais de imobilização e de eficiência catalítica quando imobilizadas nos suportes de Eupergit C e Eupergit 250. Esses resultados sugerem que o tamanho de poro é responsável não só pela eficiência de ocupação da enzima e performance do sistema, mas também, pela retenção de sua atividade. Alguns estudos têm revelado que o tamanho de poro necessário da resina deve ser muito maior (cerca de 6 - 8 vezes) que o diâmetro médio da enzima, para superar os problemas acima mencionados (CHAIJITRSAKOOL et al., 2008; BESHAY, MOREIRA, 2003). A literatura tem mostrado que a maioria dos suportes usados para a imobilização possui uma ampla variação de tamanhos de poro (LI et al., 2010; FERREIRA et al., 2003). Esse fato é responsável por um alto percentual de imobilização e uma redução de problemas associados à difusão. Entretanto, outro problema pode surgir: a diminuição da atividade da enzima, devido à menor acessibilidade do substrato ao sítio ativo da enzima imobilizada que se encontra situada nas posições mais internas do poro. Cada enzima difere em suas dimensões, assim, o mínimo requerido para cada uma deve ser diferente. No entanto, em geral, existem algumas exigências para superar esses inconvenientes. Partindo do pressuposto que as propriedades de difusão do substrato nos poros são ditadas pela camada de partição, que se encontra em torno de 20 nm, a literatura tem proposto uma inequação matemática que descreve o tamanho de poro mínimo para superar os problemas relacionados aos limites de difusão (CAO, 2005c). A Figura 6 mostra ilustrativamente o tamanho de poro mínimo necessário para superar os problemas associados a esse efeito. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 37 Figura 6 – Modelo ilustrativo do tamanho de poro mínimo necessário para a eliminação dos limites de difusão Raio da enzima, re Enzima Raio do poro, rp Adaptada de Cao, 2005c. A distância da camada da enzima na parede do poro deve ser superior a 20 nm, portanto, rp – de > 20 nm. Consequentemente, rp > (20 + de). Rearranjando a equação teremos: 2rp > (40 + 2de). Por exemplo, se o diâmetro mínimo da enzima é aproximadamente 5 nm, o mínimo de poro exigido deve ser 50 nm. Esse valor é muito próximo do reportado na literatura para penicilina G acilase imobilizada em sílica de porosidade controlada. Esse valor é aproximadamente 8 a 10 vezes o tamanho da enzima (penicilina G acilase). Resultados similares têm sido reportados em outros tipos de enzima, tais como: lipases, isomerases e proteases (tripsina). Dessa forma, limitações no processo de difusão podem ser parcialmente superadas através do uso de suportes com alta porosidade (CAO, 2005c). Embora a atividade catalítica diminua com a redução do tamanho do poro na maioria dos casos (LI et al., 2010b; SERRA et al., 2008), Cao (2005c) mostrou que quando o diâmetro do poro se aproxima das dimensões da enzima, ocorre o efeito inverso, ou seja, a atividade específica da enzima imobilizada aumenta (Figura 7). Nesse trabalho foi avaliada a influência do tamanho de poro da sílica em função do processo de imobilização da tripsina e de sua atividade específica. Os resultados mostraram, inicialmente, que houve um aumento de atividade específica para o tamanho de poro próximo às dimensões da enzima, mas que, à medida que houve o aumento no tamanho dos poros, as moléculas das enzimas foram capazes de se difundirem nas cavidades internas dos mesmos, provocando um aumento no percentual de imobilização e na atividade enzimática. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 38 Figura 7 – Atividade específica em função do tamanho de poro do suporte (sílica) e da quantidade de tripsina imobilizada Tamanho de poro Enzima Fonte: Adaptada de Cao, 2005d. Densidade dos grupos funcionais A densidade dos grupos funcionais refere-se ao número de grupos funcionais ativos por unidade de área na superfície do suporte. Dessa forma, é concebível que a imobilização da enzima e o número de ligações entre a enzima e o suporte estejam estritamente relacionados com as densidades dos grupos funcionais. Além disso, a natureza do microambiente na superfície do suporte é também largamente dependente desse fator. Assim, parâmetros como: retenção de atividade, estabilidade da enzima e seletividade podem ser fortemente influenciados pela concentração desses grupos. Normalmente, uma alta densidade de grupos funcionais promove um aumento no número de ligações entre a enzima e o suporte, como pode ser visto ilustrativamente na Figura 8. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 39 Figura 8 – Influência da densidade dos grupos funcionais no processo de imobilização e estabilização da enzima Suporte Grupos ativos Enzima FORMAÇÃO DE LIGAÇÕES MULTIPONTUAIS – Multiple-point attachment AUMENTO DA DENSIDADE Fonte: Adaptada de Mateo e colaboradores, 2007 À medida que se aumenta a quantidade de ligações entre o suporte e a enzima, observa-se uma maior estabilidade da enzima na matriz, devido às ligações multipontuais (“multiple-point attachment”) (ALPTEKIN et al., 2010; KATCHÁLSKI-KATZIR; KRAEMMER, 2000). Por outro lado, a atividade pode ser reversivelmente proporcional ao número de ligações, fato esse atribuído, provavelmente, a um enrijecimento da cadeia molecular. Em outras palavras, quando o suporte e a enzima apresentam uma alta densidade de ligações, dois efeitos podem ser observados: aumento da estabilidade da enzima no suporte e a diminuição de sua atividade devido à falta de mobilidade molecular (MATEO et al., 2007). Com o intuito de superar esse inconveniente, vários trabalhos têm mostrado o uso de espaçadores como forma de aumentar a mobilidade da enzima e, por conseguinte, aumentar a atividade enzimática, devido a uma maior exposição do sítio ativo da enzima ao substrato. Nouaimi e colaboradores (2001) imobilizaram a protease tripsina em poliésteres com diferentes espaçadores e avaliaram a eficiência desses sistemas (suporte-espaçador-enzima) em reações de hidrólise, usando caseína e BAPNA (N-benzoyl-DL-arginine-p-nitroanilide hydrochlorid) como substratos. De acordo com os resultados obtidos, os sistemas que usavam Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 40 espaçadores mostraram uma atividade hidrolítica superior àquela em que a protease estava ligada diretamente à matriz. Dentre os diversos sistemas usados nesse trabalho, o que utilizava BSA (Bovine Serum Albumin) como espaçador foi o que apresentou maior retenção de atividade em ambos os substratos. Yamamoto e colaboradores (2005) imobilizaram a protease tripsina em um suporte de celulose com espaçadores de diferentes tamanhos de cadeia (H2N-(CH2)n-NH2, onde n= 0, 2, 4, 6, 8 e 12). Os resultados mostraram que a atividade hidrolítica para o BAPNA (N-benzoyl-DLarginine-p-nitroanilide hydrochlorid) aumentou de acordo com o tamanho da cadeia do espaçador diamino, atingindo um máximo com 6 carbonos. A partir desse ponto, houve um decréscimo na atividade hidrolítica. Tal fato foi atribuído ao surgimento de novos impedimentos estéricos, ou seja, em uma cadeia hidrocarbônica com número de átomos de carbono superior a 6, haverá uma maior dificuldade do substrato em reconhecer o sítio ativo da enzima. Resultados similares foram obtidos por Seo e colaboradores (1998). 2.2.2.2 Imobilização de enzimas em géis poliméricos (Entrapment) A técnica de imobilização por aprisionamento em uma matrix polimérica (entrapment) representa um dos métodos mais simples para imobilização de enzimas (PLIEVA et al., 2008). Por definição, esse método baseia-se em processos nos quais a enzima é embebida em uma matrix formada por ligações físicas ou químicas. Em geral, o processo de entrapment é formado durante a imobilização. Desde que Bernfeld & Wan (1963) reportaram o aprisonamento de enzimas em géis de poliacrilamida, diferentes biocatalisadores têm sido imobilizados por esse método. Em um procedimento típico, acrylamida e N,N-metileno-bis-acrilamida (agente reticulante) são misturados com a enzima e polimerizados em presença de um iniciador (persulfato de potássio). Embora essa técnica de imobilização venha sendo utilizada frequentemente, vale ressaltar que a literatura relata a inativação da enzima quando se usa monômeros de acrilamida e seus derivados (AEHLE, 2007). Um grande número de géis tem sido utilizados como suportes para imobilização. Polissacarídeos (alginato, carragenana, goma aguar, etc) e polímeros sinteticos (poliacrilatos, poliuretanas e poliéteres) vêm sendo utilizados com muita freqüência em diversos setores da indústria como agentes formadores de géis. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 41 Em 1980, foi desenvolvida uma tecnologia baseada no fato de que as enzimas poderiam ser ligadas covalentemente à matriz. Ao invés de um monômero inerte, seria utilizado um monômero com grupos funcionais passíveis de reação com as moléculas das enzimas durante a polimerização. Dessa forma, a imobilização ocorreria, concomitantimente, por ligação covalente e aprisionamento na rede tridimensional. Pollak e colaboradores (1980) foram pioneiros no uso da técnica de aprisionamento de enzimas por ligações covalentes em matriz reticulada. Os autores imobilizaram as peroxidases adenylate kinase, acetate kinase e horseradish em um copolímero de acrilamida, N, N’ – metileno-bis-acrilamida e N-acriloxisuccinamida, com retenção de atividade variando de 20 a 80%. Geralmente, polímeros em solução sofrem forte influência do pH, temperatura, salinidade, força iônica e de solventes no processo de gelificação (NONO et al., 2011). Dessa forma, é possível se obter uma matriz insolúvel no meio. Se a enzima encontra-se presente na solução ou ligada à cadeia polimérica durante o processo de formação do gel, isso significa que a mesma poderá estar conectada à matriz por interações físico-químicas ou covalentemente aprisionada na matriz, como ilustrado na Figura 9. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 42 Figura 9 – Ilustração do processo de gelificação física do polímero com a enzima aprisionada na matrix. Gelificação física Gelificação química Cadeia polimérica Enzima Ligação covalente enzima-polímero Hidrogéis híbridos derivados de compósitos macroporosos de Poli(N-vinil-caprolactama)alginato de cálcio podem ser usados para aprisionar células animais e enzimas. Inúmeras proteases vêm sendo imobilizadas em matrizes de hidrogéis (LEE; HUANG, 2008; KATO et al., 2000),. De acordo com os resultados referentes a esses estudos, tem sido possível melhorar a estabilidade térmica das proteases aprisionadas na matriz, visto que as proteases livres apresentaram inatividade em temperaturas em torno de 45 – 50 °C, ao passo que os sistemas (protease-matriz) puderam ser usados em uma faixa de temperatura superior com maior estabilidade térmica. Essa melhoria só pôde ser alcançada devido ao efeito de mudança da mobilidade molecular pelo confinamento da enzima na estrutura do hidrogel. De acordo com a literatura, vários polissacarídeos têm sido empregados como material gelificante e usados frequentemente como matrizes para aprisionamento de biocatalisadores. O alginato (Figura 10) é um polissacarídeo linear constituído por unidades de ácido manurônico Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 43 unidas por ligações glicosídicas do tipo β(1→4) e, também, por unidades de ácido glucurônico, unidas por ligações do tipo α(1→4) (XU et al., 2010). Esse polissacarídeo é solúvel em água e tem sido utilizado como matriz para imobilização de inúmeras enzimas (MATO; HUSSAIN, 2006; WON et al., 2005). Figura 10 – Modelo ilustrativo da reticulação do alginato de sódio em presenca de íons cálcio para aprisionamento da enzima – ( ) Enzima Fonte: Mato; Hussain, 2006 2+ Os íons Ca promovem a formação de ligações iônicas, que resultam na formação de um gel consistente e insolúvel, que imobiliza a enzima. O tamanho da barreira de contenção formada em torno das enzimas irá depender da velocidade de fluxo, da densidade da solução polimérica e da concentração da solução iônica, na qual o gel será formado (WANG et al., 2008). Porém, os géis de alginato de cálcio são quimicamente instáveis na presença de alguns componentes, tais como íons fosfato e citrato, podendo sofrer rupturas ou até mesmo dissolução no meio. Para superar esse inconveniente, têm sido utilizados sais de bário, ao invés de cálcio, ou pelo tratamento com quitosana, para aumentar a resistência (PARASCANDOLA et al., 2006; YOO et al., 2006). Abdel-Naby e colaboradores (1998) imobilizaram uma protease alcalina B. mycoides em matriz de poliacrilamida 5%. Diferentes concentrações de reticulador foram utilizadas (1, 2, 4, 6 e 8%). Os resultados indicaram que a concentração de reticulante em torno de 2% foi suficiente para se obter o máximo de aprisionamento da enzima na matriz. A diminuição do rendimento de Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 44 imobilização com o aumento da concentração do reticulador foi atribuída à diminuição no tamanho dos poros na matriz do gel, o que causou limitação de difusão do substrato. 2.2.2.2.1 Criogéis poliméricos – Diagrama conceitual de sua formação Géis poliméricos apresentam inúmeras aplicações em diferentes áreas da biotecnologia, incluindo o uso em materiais cromatográficos, matrizes para eletroforese/imuno-difusão e como suportes de imobilização de moléculas e células. Criogéis são matrizes de géis formados a partir de soluções de polímeros que foram submetidas a baixas temperaturas, gerando macroporos interconectados que permitem que não ocorra problemas de difusão de solutos de qualquer tamanho, como a transferência de massa de nano e micropartículas. Lozinsky e colaboradores (2003) propuseram um diagrama conceitual do processo de gelificação criotrópica, baseado em várias etapas de formação: Etapa1 – A mistura reacional, contendo os agentes formadores do gel, é submetida a temperaturas abaixo do ponto de cristalização do solvente. O sistema congelado, apesar de aparentar um bloco sólido único, permanece essencialmente heterogêneo e contendo microfases líquidas não congeladas (unfrozen liquid microphase - UFLMP) juntamente com os cristais do solvente congelado. O papel do solvente imobilizado na rede polimérica nos géis tem uma importância crucial, em virtude do impedimento de uma formação compacta da massa do polímero, prevenindo o colapso do sistema. Etapa 2 – Os reagentes responsáveis pela formação do gel são concentrados nas UFLMP, ou seja, essa etapa leva à formação de uma área criogênica. Como UFLMP apresenta um percentual mínimo do volume total inicial, a concentração de precursores aumenta drasticamente para promover a formação de gel. Na verdade, devido a essa zona criogênica, a formação de gel ocorre muito mais rapidamente que em meio líquido, quando se utiliza a mesma concentração inicial dos precursores. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 45 Etapa 3 – Os cristais do solvente congelado atuam como agentes de formação de poros. Ao sofrer o processo de fusão, durante o descongelamento (retorno à temperatura ambiente), os cristais deixam espaços vazios, que são os macroporos preenchidos com o solvente. Etapa 4 - Quando submetido ao congelamento, os cristais do solvente crescem até encontrar as faces dos outros cristais formados. Dessa forma, após a fusão, um sistema de poros interconectados é formado dentro do gel. As dimensões e forma dos poros dependem de muitos fatores, dentre os quais se destacam: a concentração dos precursores e os regimes de tratamento criogênico. Etapa final – A fase do polímero no criogel apresenta microporos entre as cadeias poliméricas. Assim, os criogéis obtidos apresentam estruturas heterogêneas e homogêneas. A Figura 11 mostra ilustrativamente as etapas descritas anteriormente durante esse processo. Figura 11 – Diagrama de formação de criogéis poliméricos: (1) macromoléculas em solução; (2) solvente; (3) solutos de baixa massa molar; (4) policristais; (5) microfase do líquido não congelado; (6) rede polimérica de um criogel; (7) macroporos e (8) solvente congelamento descongelamento Fonte: Adaptação de Lozinsky et al., 2003. 2.2.2.2.2 Criogéis poliméricos de PVA Polímeros sintéticos vêm sendo muito utilizados no processo de aprisionamento de biocatalisadores (LI-SHENG et al., 2007; WANG et al., 2008). Dentre os polímeros utilizados com esse objetivo, o poli (álcool vinílico) representa uma alternativa promissora para o desenvolvimento de matrizes sob a forma de gel para imobilização de enzimas, principalmente, devido a sua não toxicidade, hidrofilicidade, biocompatibilidade e o seu alto número de grupos Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 46 hidroxila, que são os responsáveis pelas interações intermoleculares e intramoleculares por ligações de hidrogênio nas cadeias poliméricas do PVA (WANG; HSIEH, 2008; FRAY et al., 2007; SZCZESNA, et al. 2001). Os sítios sindiotáticos dessas cadeias são responsáveis pela formação de pontes de hidrogênio, ao passo que os sítios isotáticos participam principalmente em interações intramoleculares (LOZINSKI; PLIEVA, 1998), como ilustrado esquematicamente na Figura 12. Figura 12 – Interações intra e intermoleculares das moléculas de PVA. Sítio isotático Sítio sindiotático Fonte: LOZINSKI; PLIEVA, 1998 Em temperaturas positivas (0 < t < 20 oC), normalmente, os hidrogéis não apresentam condições favoráveis para matrizes de imobilização, devido, principalmente, aos problemas associados à estabilidade de uso. No entanto, quando uma solução de PVA é submetida a condições de congelamento e descongelamento (Método Freezing-thawing), esse método criogênico facilita o processo de gelificação, ou seja, aumenta a concentração de macromoléculas dissolvidas em regiões onde não ocorreu o congelamento (LOZINSKY et al., 2003). De acordo com a literatura, a utilização de criogéis de poli (álcool vinílico) pelo método freezing-thawing com altas concentrações do polímero em meio aquoso constitui uma das principais alternativas para o processo de imobilização de enzimas. Esses suportes apresentam algumas vantagens quando comparados a outros hidrogéis comumente usados para o mesmo propósito, dentre as quais, destacam-se: (i) condições favoráveis de transferência de massa com Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 47 um mínimo de impedimento estérico; (ii) excelente estabilidade das propriedades reológicas da matriz de PVA, que permite que a matriz seja usada em diferentes tipos de reatores; (iii) termoestabilidade superior aos demais géis termoreversíveis; (iv) resistência à degradação biológica; (v) biocompatibilidade, não toxicidade e baixo custo (LOZINSKY et al., 2003). 2.2.2.3 Imobilização de enzimas em nanopartículas magnéticas Atualmente, nanopartículas vem sendo empregadas como suportes de enzimas (HEGEDUS; NAGY, 2009; JIA et al., 2003). O uso de nanobiocatalisadores, com a combinação de nanotecnologia e biotecnologia, vem sendo considerado uma das áreas promissoras nos diferentes campos da ciência. Nanopartículas magnéticas (MNPs – “magnetic nanoparticles”) representam uma classe de nanopartículas (< 100 nm) que podem ser manipuladas sob a influência de um campo externo magnético. MNPs são comumente compostas de elementos magnéticos, tais como: ferro, níquel, cobalto e seus óxidos (SHUBAYEV et al., 2009). Dentre as nanopartículas magnéticas estudadas, as constituídas por óxidos de ferro (Fe2O3 e Fe3O4) têm atraído maior interesse tecnológico, especialmente em aplicações onde se requer nanopartículas estáveis com tamanhos e formas uniformes, além de bem dispersas quimicamente (MEDEIROS et al., 2011). A forma e a estrutura das MNPs variam consideravelmente com o método utilizado. Atualmente, algumas pesquisas vêm avaliando a influência da forma das MNPs em sistemas biológicos. Por exemplo, Park e colaboradores (2008) utilizaram nanopartículas de formato alongado de dextrana recobertas com óxido de ferro em sistemas in vivo (tempo de circulação dos MNPs = 48 horas). De acordo com os resultados obtidos, o tumor alvo reduziu de tamanho consideravelmente com o uso desse sistema. Quando utilizado outro tipo de formato e sob as mesmas condições, não foi observada a mesma eficiência. A química de superfície é outro fator determinante crítico que regula as propriedades físico-químicas das MNPs, incluindo o tamanho, solubilidade, estado de dispersão e valores de magnetização. Além disso, é de fundamental importância o entendimento dos mecanismos de reconhecimento celular, biodistribuição e “resposta imune” (GUPTA, et al., 2007). A avaliação desses parâmetros representa um avanço em encontrar estratégias para diminuir o potencial de nanotoxicidade. Xin e colaboradores (2010) propuseram o uso de nanopartículas magnéticas de óxido de ferro (γ-Fe2O3/Fe3O4) como suporte de imobilização para proteases (papaína e termolisina), com Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 48 o intuito de obter oligopeptídeos em meio orgânico. Os resultados comprovaram a eficiência desse sistema, com altos de índices de conversão após 5 reusos. Além disso, as enzimas imobilizadas nesse tipo de suporte apresentaram excelente estabilidade em diferentes pHs e temperaturas. Esse tipo de sistema tem chamado bastante atenção devido a algumas particularidades, tais como: tamanho de partícula e superfície controlável, larga área superficial, fácil recuperação e por não apresentar problemas de difusão. Nos últimos 20 anos, nanopartículas revestidas de sílica têm atraído bastante atenção para aplicação em catálise, separação, biosensores e adsorção. A sílica é frequentemente empregada como material de revestimento da superfície de nanopartículas. Existem várias propriedades que as tornam materiais especiais para a nanotecnonolgia, como, por exemplo, o tamanho da partícula, que pode ser ajustado de 5 a 30 nm, assim como sua porosidade, que pode variar entre 2 e 10 nm, apresentando uma excelente estabilidade e rigidez, propriedades que permitem a resistência ao estresse mecânico e à degradação. Além disso, a sílica é responsável pelo aumento da hidrofilicidade das nanopartículas magnéticas, fato esse, que a torna um importante material para uso na imobilização de enzimas. De acordo com a Figura 13, pode-se observar uma superfície de nanopartículas revestidas com sílica usada para imobilização. Figura 13 – Superfície de nanopartículas de ferro revestidas com sílica Fonte: Dios; Díaz-García, 2010 A Figura 13 mostra os grupos hidroxila das nanopartículas magnéticas de ferro reagindo com os grupos alcóxi das moléculas de silano levando à formação de ligações Si-O e permitindo a imobilização de outras moléculas ligadas aos grupos funcionais terminais. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 49 Sustrova e colaboradores (2009) usaram nanopartículas magnéticas modificadas com o polissacarídeo agarose para a imobilização da quimotripsina no uso da clivagem proteolítica da pepsina porcine A. Essa imobilização resultou em um aumento da atividade catalítica em diferentes pHs (7,2 – 8,7) e maior estabilidade térmica em diferentes temperaturas (25 – 70 oC), quando comparados à protease livre, além de um alto número de ciclos de reutilização (> 12). Resultados similares foram descritos previamente por Hong e colaboradores (2007). Jin e colaboradores (2010) sintetizaram um suporte para imobilização de um tipo de protease alcalina baseado em nanopartículas magnéticas modificadas com trietoxisilano, com diâmetro médio em torno de 25 nm. Esse sistema protease/suporte foi utilizado na hidrólise do óleo de canola. De acordo com os resultados obtidos nesse trabalho, esse sistema apresentou uma retenção de atividade catalítica superior a 98% em 60 dias de estocagem. Também foram observados índices relevantes de atividade hidrolítica usando caseína como substrato (48%), quando comparados à enzima livre. Hong e colaboradores (2007) imobilizaram covalentemente α-quimotripsina em nanogéis de poliacrilamida recobertos em sua superfície com Fe3O4, com diâmetro médio em torno de 10 nm. De acordo com os resultados de atividade hidrolítica, usando N-benzoyl-L-arginine ethyl ester (BAEE) como substrato, concluiu-se que esse sistema apresentou resultados satisfatórios de termoestabilidade, tempo de estocagem e reusabilidade. Ming e colaboradores (2006) encapsularam a enzima horseradish-peroxidase em nanogel. A enzima encapsulada manteve 80 % de sua atividade mesmo após 90 minutos de incubação à temperatura de 65 ºC, enquanto o tempo de meia vida da enzima livre foi em torno de 10 minutos sob as mesmas condições. A enzima imobilizada na rede polimérica (nanogel) representa uma nova e promissora técnica para uso nas áreas de farmacologia e medicina (Kabanov & Vinogradov, 2008). Hegedus & Nagy (2009) imobilizaram a protease α-quimotripsina utilizando uma das mais recentes técnicas de imobilização em sistemas nanoparticulados (SENs – Single enzyme nanoparticles), com tamanho da nanopartícula variando na faixa de 10 a 40 nm. Essa técnica é baseada no fato que cada molécula de enzima é revestida utilizando uma nano-rede polimérica, formada por uma monocamada fina e bastante porosa. Essa estrutura resulta em uma maior estabilidade da enzima sem qualquer limitação significante de transferência de massa do substrato da solução para o sítio ativo da enzima. Os resultados obtidos nesse trabalho indicaram Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 50 que a α-quimotripsina imobilizada apresentou uma maior estabilidade em relação a sua forma livre em toda faixa de temperatura e pH avaliada (Figura 14). Figura 14 – Ilustração esquemática da combinação dos modelos clássicos para o surgimento de uma nova técnica aplicada para a imobilização de enzimas – SEN’s (SENs – Single enzyme nanoparticles). (a) – Suportes metálicos; (a1) – Partículas nanomagnéticas; (b) – Reticulação de polímeros para a formação de nanogéis; (b1) Dendrímeros e (c) Single enzyme nanoparticle (a) Nanopartículas metálicas (b) Nanopartículas metálicas (b1) (a1) Dendrímeros (c) Nanopartículas magnéticas SENs – Single enzyme nanoparticles Fonte: Adaptada de Hegedus & Nagy, 2009 2.3 ENZIMAS: AMINOÁCIDOS PARA LIGAÇÃO COVALENTE Normalmente, as enzimas contêm inúmeros aminoácidos em sua estrutura química. Entretanto, somente parte dos grupos funcionais presentes na estrutura molecular pode ser usada para imobilização de uma enzima por ligação covalente (Ciaran, 1995), dentre os quais destacam-se: Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 51 Grupos amino dos aminoácidos Nterminais e grupos amino da lisina Grupo guanidina da arginina Grupo sulfidrila da cisteína Grupo imidazol da histidina Grupo hidroxila da tirosina Grupo indol do triptofano Grupos e -carboxilas do ácido glutâmico (Glu) e aspártico, além dos grupos carboxila terminais. Ácido glutâmico Como ilustrado na Figura 15, alguns resíduos Ácido aspártico de aminoácidos são frequentemente usados, ao passo que outros são raramente ativados no processo de imobilização . Esse fato atribui-se às diferenças de reatividade desses grupos funcionais presentes na estrutura molecular. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 52 Figura 15 – Resíduos de aminoácidos presentes nas enzimas no processo de imobilização: (++) alta reatividade; (+) reativo; (-) baixa reatividade Arginina ( - ) NH 2 HN NH2 Cisteína ( - ) N-terminal ( + ) NH2 S HN Lisina (+ +) OH OH Enzi Enzima Metionina ( - ) Carboidrato ( +) Ácido glutâmico ( + ) ma S OH O O C-terminal ( + ) OH Tirosina ( - ) HO OH Triptofano ( - ) Ácido aspártico ( + ) O OH NH Fonte: Adaptada de Cao, 2005e. Considerando que todos os resíduos de aminoácidos são freqüentemente envolvidos na estrutura da proteína e consequentemente no processo de catálise, a conformação e a função da enzima após a ligação com os grupos funcionais do suporte, provavelmente, devem mudar sua estrutura conformacional e consequentemente, sua atividade quando comparada com a enzima livre. Normalmente, a reatividade da cadeia dos aminoácidos presente na enzima é conduzida por diferentes fatores: pH, temperatura, composição do meio reacional, tipo de substrato, dentre outros. 2.4 SÍNTESE DE PEPTÍDEOS USANDO PROTEASES As proteases (Tabela 1) fazem parte de um dos principais grupos de enzimas produzidas comercialmente para uso em diferentes segmentos da indústria. Uma das aplicações mais promissoras refere-se ao seu uso em síntese de peptídeos (Figura 16). A síntese enzimática de peptídeos tem atraído muita atenção nos últimos anos. Proteases derivadas de diferentes recursos Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 53 naturais (animal, vegetal e microbiano), têm sido usadas com sucesso na produção de peptídeos com baixa massa molar, principalmente, di e tripeptídeos. Tabela 1 – Especificidade de várias proteases (Kumar & Balla, 2005) PROTEASE SERINICA Tripsina α-Quimotripsina Catepisina Elastase Subtilisina Carboxipeptidase Prolina – protease específica CISTEÍNA Papaína Bromelaína Clostripaína Catepsina B METALO Termolisina ASPÁRTICA Pepsina Catepsina D Fabio Pereira Fagundes Sítios de clivagem -A-A`-(-A= Lis, Arg, -A`= não específico) -A-A`-(-A= Lis, Fen, Leu, -A`= não específico) -A-A`-(-A= Fen, Leu, Trp, -A`= não específico) -A-A`-(-A= Ala, Ser, -A`= não específico) -A-A`-(-A= Neutro, aminoácidos em meio ácido, -A`= não específico) -A-A`-(não específico) -A-A`-(-A= Pro) -A-A`-(-A= Arg, Lis, -A`= não específico) -A-A`-(não específico) -A-A`-(-A= Arg, -A`= Pro) Depende do substrato -A-A`-(-A=Leu, Fen, -A`= Leu, Fen, Val, Met, Ala, Ile) -A-A`-(-A= Fen, Tir, Leu, -A`= Trp, Fen, Tir) -A-A`-(-A= Fen, Leu, -A`= Exceto Val, Ala) Capítulo II: Revisão Bibliográfica 54 Figura 16 - Ilustração esquemática de uma reação catalisada por protease A síntese de peptídeos catalisada por proteases representa uma alternativa promissora frente ao uso de catálise química. De acordo com a literatura, dentre as inúmeras proteases estudadas, as proteases tripsina e quimotripsina têm se apresentado como biocatalisadores versáteis para a síntese de uma enorme variedade de peptídeos e têm sido consideradas duas das mais importantes proteases em potencial para a síntese de oligopeptídeos (Sekizaki et al., 2002). Proteases para a síntese de peptídeos são selecionadas com base em algumas exigências: (1) Especificidade quanto ao ataque sobre aminoácidos na cadeia principal ou em cadeias laterais; (2) alta atividade catalítica em condições suaves de reação; (3) não haja necessidade da presença de cofatores estequiométricos e (4) alto estéreo e regioespecificade com relação ao substrato (Quiroga et al.; 2008). Nesse contexto, um enfoque maior tem sido dado à capacidade da enzima proteolítica em catalisar a formação de ligações peptídicas para a síntese de peptídeos biologicamente ativos. Recentemente, tentativas têm sido realizadas com o intuito de melhorar o método de preparação de peptídeos com cadeias longas ou até mesmo pequenas proteínas (Afrin et al., 2000). No entanto, os métodos não têm sido completamente desenvolvidos ainda para alguns peptídeos contendo D-aminoácidos ou outros aminoácidos não usuais, devido, principalmente, à restrição atribuída à especificidade e estereoseletividade do substrato. Fabio Pereira Fagundes Capítulo II: Revisão Bibliográfica 55 Como foi mencionado anteriormente, a imobilização de enzimas é uma das principais estratégias para melhoramento da estabilidade química e operacional dos biocatalisadores. Recentemente, Afrin e colaboradores (2000) imobilizaram a protease -quimotripsina em partículas de politetrafluoretileno (PTFE). De acordo com os resultados obtidos, o sistema (αquimotripsina-PTFE) apresentou uma atividade catalítica superior à enzima livre para a hidrólise de ésteres de aminoácidos (BTEE - N-benzoyl-L-tyrosine ethyl ester). Além disso, esse sistema catalisou a síntese de peptídeos derivados de Ac-Phe-OEt (N-acetylphenyl- alanine ethyl ester) e Ala-NH2 (alaninamide) com um rendimento de 14% e 64% para produtos derivados da hidrólise. Com o intuito de minimizar as reações paralelas de hidrólise e aumentar o percentual de síntese de peptídeos, Haensler e colaboradores (1999) utilizaram as proteases α-quimotripsina e papaína em meio aquoso e temperatura de 18 °C para síntese de peptídeos. De acordo com os resultados obtidos, os peptídeos Mal-Phe-Ala-OH, -Phlac-Arg-NH2, -Phlac-Phe-NH2, -PhlacLeu-NH2, Bz-Arg-Gly-NH2, apresentaram os seguintes rendimentos: 43, 95, 88, 75 e 70%, respectivamente. Fabio Pereira Fagundes CAPÍTULO III: MATERIAL E MÉTODOS Capítulo III: Material e Métodos 3 57 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 MATERIAL As resinas Eupergit C e Eupergit CM foram adquiridas da SIGMA Aldrich. Todas as outras foram cedidas gentilmente pela Room and Hass. Poli (alcool vinílico) (Mw 16000 e 86000), Caseína (P 9996), Reagente FOLIN & CIOCALTEU’S PHENOL 2 N (F 9252), Carbonato de sódio (S 5444), fosfato de potássio mono- e dibásico trihidratado, Tyrosine (T 2950), ácido tricloroacético 2N, BCA reagent A (23225), BCA reagent B (23227) e as âmpolas de padrões de albumina (Bovine Serum Albumin - BSA) foram adquiridos da THERMO Scientific. A Tabela 2 mostra as principais características físicas das resinas utilizadas. O grupo funcional comum a todas foi o epóxi. Tabela 2 – Características físicas das resinas Resinas Matriz Densidade do Tamanho de grupo functional partícula (μm) mol/g de suporte) Polimetacrilato Amberzyme Polimetacrilato Eupergit C Polimetacrilato Eupergit CM Sílica *Grace 192 Acrilato *EC-EP 403 Acrilato *EC 067 E902 Acrilato *EXE 03260102 Acrilato *EXE081 1P4989 Acrilato *EC-EP 503 *Amostra não comercial Fabio Pereira Fagundes 1600 600 1300 - 220 150 200-300 300 - 1000 150 - 300 150 - 300 30 - 40 Capítulo III: Material e Métodos 58 3.2 EQUIPAMENTOS Os principais equipamentos utilizados nesse trabalho foram: Espectofotômetro de UV-visível modelo UV-1601, marca Shimadzu Centrífuga de alta rotação modelo FLOOR, da New Brunswick Espectrômetro de Ressonância magnética nuclear (BrukerDRX - 300) Microscópio Eletrônico de Varredura modelo Hitachi S-570, marca Shimadzu Sistema automático de titulação para controle de pH, modelo CH9101, da marca Metrohm Centrífuga com filtros de peneira molecular de 3000 da Amicon, modelo Ultra-15 Equipamento de Eletroforese da THERMOTRON, modelo L1500 Incubadora da Thermo-Scientific, modelo H32. 3.3 FLUXOGRAMA GERAL A Figura 17 mostra o fluxograma das etapas realizadas nesse trabalho. Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos 59 Figura 17 – Procedimentos empregados para a imobilização das enzimas e sua aplicação para a determinação da atividade hidrolítica e síntese de oligopeptídeos. Avaliação do grau de pureza das proteases – SDS PAGE e determinação da atividade residual em função do tempo (autólise). Tripsina • Imobilização em resinas epóxi por ligação covalente α-Quimotripsina • Imobilização em resinas epóxi • Imobilização em nanopartículas de glicidila por ligação covalente Bromelaína • Imobilização em resinas epóxi por ligação covalente • Aprisionamento em géis políméricos de PVA Determinação da Carga Teoricamente imobilizada (CTI), Eficiência de imobilização (EI) e atividade hidrolítica. Seleção dos sistemas que apresentaram melhor eficiência hidrolítica Tripsina • Termoestabilidade • Determinação do número de reusos • Síntese de oligopeptídeos de lisina e determinação do grau de polimerização (RMN H) α-Quimotripsina Bromelaína • Síntese de oligopetídeos de lisina e determinação do grau de polimerização (RMN H) • Determinação do número de reusos e avaliação por Microscopia eletrônica de Varreudura dos géis de PVA. • Síntese de oligopeptídeos de lisina (RMN H) 3.4 SELEÇÃO DAS ENZIMAS Três enzimas proteolíticas foram selecionadas: Tripsina (> 7500 BAEE units/mg sólido) e -quimotripsina, ambas derivadas do pâncreas bovino (Tipo II – 83,9 units/mg sólido), além da bromelaína (2.290 units/mg sólido) derivada do abacaxi. Através dos ensaios de eletroforese foi Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos 60 possível avaliar a pureza de cada uma delas. As proteases foram adquiridas através da SIGMA ALDRICH e usadas sem tratamento prévio. 3.5 ENSAIO DE ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA – SDS – PAGE GEL Dentre as inúmeras técnicas existentes para a análise de proteínas, a eletroforese em gel de poliacrilamida representa uma ferramenta versátil para detecção de impurezas e determinação de massa molar de enzimas. Essa técnica refere-se à migração de modo diferencial e próprio das partículas eletricamente carregadas, quando submetidas a um potencial elétrico em um determinado pH. A eletroforese em gel de poliacrilamida foi baseada no método desenvolvido por Laemmli (1970) (CLAEYS et al., 1995). As proteases foram solubilizadas e misturadas a um tampão LAEMMLI (contendo 62 mM de tris-HCl pH 6.8, 2% de Dodecil sulfato de sódio, 20% de glicerol e 0.01% azul de bromofenol e 5% de 2-mercaptoetanol ) em diferentes concentrações na proporção de 1:1 (amostra:tampão). Em seguida, cada amostra foi aquecida por 5 minutos à temperatura de 90C. Uma alíquota de 20 L de cada amostra foi aplicado aos géis de poliacrilamida 12.5% e, posteriormente, colocados em um sistema de eletroforese vertical com voltagem constante de 120 V. As massas molares das enzimas foram estimadas de acordo com um padrão de proteína previamente conhecido. O percentual de pureza foi determinado de acordo com uma curva padrão de albumina serínica bovina (BSA - Proteina pura). Procedimento similar foi utilizado por Krishna e colaboradores (2011) e Haider & Husain (2009). Os géis foram revelados em presença do corante coomassie blue 10% por 2 horas e em seguida, o mesmo foi removido e adicionado o descorante coomassie brilliant destain R-250 (40% etanol-ácido acético 10%) por 12 horas. Os resultados foram quantificados de acordo com a intensidade e a área das bandas obtidas. 3.6 IMOBILIZAÇÃO DAS ENZIMAS 3.6.1 Imobilização das enzimas por ligação covalente De acordo com experimentos preliminares, foi adotada a seguinte estratégia para imobilização das enzimas por ligação covalente aos suportes: Um total de 500 mg de cada resina Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos 61 foi submetida à 3 lavagens com uma solução etanólica 70%. Após essa etapa, foi adicionada uma solução enzimática de 20 mL com concentração de 3 mg/L (protease em solução tampão de fosfato de potássio – pH 7,5) em diferentes concentrações da enzima, objetivando a construção de isotermas de sorção em função do tempo (2, 4, 6, 8, 12, 24, 48 horas). O sistema foi mantido sob agitação constante (150 rpm) em uma incubadora da marca Thermo-Scientific, modelo H32 à temperatura ambiente. Ao longo do tempo, foram retiradas alíquotas para avaliar a quantidade de enzima imobilizada e o monitoramento da atividade hidrolítica da enzima livre em solução. Após o término do processo de imobilização, os suportes foram lavados exaustivamente com solução tampão e as “águas de lavagens” foram submetidas à dosagem de proteínas pelo método de BCA. Os sistemas obtidos após essa etapa foram utilizados para avaliar sua eficiência em função da atividade hidrolítica (caseína) e da produção de oligopeptídeos derivados da lisina. 3.6.1.1 Determinação da quantidade de enzima aprisionada na matriz – Método de BCA O método do ácido bicinconínico foi utilizado para a detecção e quantificação de proteínas. Esse método combina a redução de íons Cu2+ para Cu+1 pela proteína em meio alcalino com alta sensibilidade e uma detecção colorimétrica seletiva dos cátions de Cu1+ usando esse ácido. O produto da reação é formado pela quelação de duas moléculas de BCA com uma de Cu1+. Esse complexo exibe uma alta solubilidade em água e apresenta absorbância em 562 nm. Ao passo que se aumenta a concentração desse complexo no meio, a curva de absorbância apresenta um comportamento com característica linear na faixa de concentração de 20 – 2000 gmL. O cálculo do percentual de proteína imobilizada na matriz foi baseado seguindo um protocolo padrão da Thermo Haake Scientific N23225-23227 (BCA method) com algumas adaptações. Essa metodologia foi usada indiretamente para quantificar a quantidade de proteína imobilizada na matriz através de medidas de concentração da proteína no sobrenadante. As concentrações das enzimas foram determinadas apartir de uma curvão padrão obtida de uma proteína pura (BSA) e da própria enzima em diferentes concentrações. O percentual de enzima na matriz, (%) Eimobilizada, foi calculado com base na equação 1 adaptada de Zhao e colaboradores (2011): Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos (%) Eimobilizada = 62 (CEinicial – CEfinal). V. FD MS (g) . 100 (1) Onde: CEinicial e CEfinal representam as concentrações da enzima antes e após a imobilização em mgmL, respectivamente; V é o volume utilizado em mL durante a imobilização; FD indica o número de diluições requeridas para o ajuste de concentração e MS é a massa do suporte em grama. As análises foram realizadas em um equipamento espectofotômetro de UV-visível da marca Shimadzu, modelo 1401. De acordo com a literatura, esse método tem sido exaustivamente utilizado como ferramenta para detecção da proteína e sua quantificação em matrizes de imobilização. O procedimento pode ser melhor explicado no CAPÍTULO DE ANEXOS desse trabalho. Esse método também foi utilizado para quantificar o processo de desorção da enzima no suporte (GUSTAFSSON et al., 2011). Após todas as etapas descritas acima, os sistemas de imobilização (suporte-enzima) foram incubados em tempos pré-estabelecidos (2, 4, 6 e 12 horas) em solução tampão à temperatura ambiente sob agitação constante de 150 rpm e as proteínas desorvidas do suporte foram quantificadas no mesmo comprimento de onda acima citado (562 nm). 3.6.1.2 Determinação da atividade hidrolítica da protease livre e imobilizada A atividade hidrolítica das proteases foi determinada de acordo com o protocolo da SIGMA (PC0100), usando caseína como substrato, no entanto, algumas modificações foram requeridas. Esse método permite que a caseína sofra uma clivagem provocada pela protease e que os peptídeos produzidos sejam solúveis em ácido tricloroacético. Os peptídeos gerados contêm tirosina e triptofano que em presença do reagente Folin & Ciocalteu´s produz uma mudança de coloração de amarela para azul. Dessa forma, os produtos podem ser colorimetricamente quantificado no comprimento de onda de 660 nm. Inúmeros trabalhos na literatura têm reportado o uso dessa metodologia para a determinação de atividade proteolítica com algumas adaptações (BIAN et al., 2011; ROY et al., 2009; PURCENA et al., 2009). Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos 63 e uma solução contendo caseína (0.65% do substrato em 0.05M de solução tampão fosfato de potássio pH 7.5). A mistura foi incubada à temperatura de 37 C por 10 minutos, com agitacão constante tricloroacético (110 mM) e a mistura mantida à temperatura de 37 C por 20 minutos, seguida de uma centrifugação de 10000 50 µL do sobrenadante. Posteriormente, a mistura foi mantida à 37 C por 30 minutos. Em paralelo foi construído uma curva padrão de tyrosine em diferentes concentrações sob as mesmas condicões acima descritas. As leituras foram avaliadas no comprimento de onda de 660 nm. A atividade hidrolítica foi quantificada sob a forma de Unidadesg de enzima (Unitsg). Uma Unidade de protease (Unit) foi definida como sendo a quantidade de enzima requerida para hidrolizar a caseína a produzir a cor equivalente a 1 mol de tirosina por minuto em pH 7,5 à temperatura de 37 C, como pode ser visto nas Equações 2 e 3 (ROY et al., 2005). Esse procedimento tem sido utilizado para as enzimas imobilizadas em resinas, géis e nanopartículas, no entanto, algumas modificações têm sido necessárias. Ctyrosine (mols) . Vreação (mL) Units/mL = Vamostra (mL) . Treação (min.) . Vensaio (mL) -1 -1 Units/ml = mols .mL .min (*Sigma – PC0100, 1999) (2) Units/mL de enzima Units/g de enzima = Units/g de enzima = mols.min-1.g-1 Menzima (g). mL de enzima (*Sigma – PC0100, 1999 ) (3) Onde: Ctirosina representa a concentração molar de tirosina (mols); Vreação - volume da reação; Vamostra – Volume da amostra (L); Treação – Tempo da reação (min.); Vensaio – Volume do ensaio colorimétrico (L) e Menzima – Massa da enzima (g). SIGMA ALDRICH protocol PC0100 – Protease colorimetric detection kit, SSCASE01.001 e ASC,MAM 10/05-1 (1999). Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos 64 3.6.1.3 Determinação do processo de autólise das proteases As proteases foram solubilizadas em solução tampão 0,05 M e mantidas sob agitação constante de 150 rpm à temperatura ambiente. Alíquotas foram retiradas em tempos préestabelecidos e aplicada a metodologia para a determinação da atividade hidrolítica. Todas as medidas foram tomadas como base o tempo zero de incubação, adotando assim, 0% de autólise (POZZI et al., 2011; HAN, DAMODARAN, 1997; BHOSALE et al., 1995; VESTLING et al., 1990). 3.6.1.4 Reusabilidade dos sistemas A retenção de atividade das proteases imobilizadas foi avaliada após repetidos ciclos de reuso (HONG et al., 2007). A atividade foi calculada com base no mesmo procedimento para hidrólise da caseína (ROY et al., 2005) e síntese de oligopeptídeos. Após cada ciclo, a enzima imobilizada foi separada por centrifugação e foram realizadas lavagens intercaladas com solução tampão (3x) e com água destilada. Os suportes foram usados sob diferentes estratégias de uso: molhado e seco sob pressão reduzida. 3.6.1.5 Avaliação da termoestabilidade dos suportes Os suportes selecionados foram incubados em diferentes temperaturas (37, 45, 50, 60 e 70 C) por 1 hora em solução tampão (0,1 M and pH 7,7) e mantidos sob agitação constante. Posteriormente, os suportes foram removidos e avaliadas suas respectivas atividades hidrolíticas (CRESCIMBENI et al., 2010; JAOUADI et al., 2010). O mesmo procedimento foi empregado para a protease livre. 3.6.2 Imobilização das enzimas por aprisionamento em géis de poli álcool vinílico (PVA) 3.6.2.1 Obtenção dos criogéis de PVA O procedimento geral de preparação dos géis de PVA foi baseado na seguinte estratégia: O polímero foi solubilizado em 50 mL de água destilada em diferentes concentrações (5, 8, 10 e Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos 65 15%) à 80 C por 1 hora e resfriado gradualmente à temperatura ambiente. Em seguida, foram aplicadas 3 diferentes metodologias para obtenção de matrizes criogênicas com a enzima imobilizada. 3.6.2.2 Imobilização da protease bromelaína em criogéis Método 1 Após a solubilização do polímero (PVA) em água destilada em diferentes concentrações, 25 mL de uma solução enzimática de bromelaína de 10 mgL em solução tampão (0,1M de fosfato de potássio - pH 7,5) foi lentamente adicionada através de um gotejamento controlado a essa solução polimérica. A matriz obtida (PVA-bromelaína) foi submetida a diferentes f-t ciclos até a obtenção de uma matriz moldável (cilindros e filmes) e estável. A estabilidade foi determinada com base no número de f-t ciclos (N), onde N representa representa o número de vezes com que o sistema PVA-enzima foi submetido ao congelamento (freezing – “f”) a - 20 °C (freezing) e descongelamento (thawing – “t”) à temperatura ambiente, seguidamente (Método Freezingthawing) (SZCZESNA et al., 2001; SHAPIR; SHAPIRO, 1999; SHINDO; KAMIMURA, 1990). A Figura 18 mostra a ilustração do procedimento adotado. Figura 18 – Ilustração do procedimento adotado na preparação de géis de PVA para imobilização de enzimas. Enzima Bromelaína (10 mgL) Congelamento seguido de Enzim a descongelamento à temperatura ambiente (f-t ciclos). Criogéis de PVA Formato: Filme e cilindros Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos 66 Método 2 Com o objetivo de se obter géis com partículas esféricas contendo o biocatalisador, esse método foi baseado no gotejamento controlado da solução (PVA- enzima) em solventes de baixa polaridade e em uma fase hidrofóbica contendo óleo vegetal. As partículas esféricas de PVAenzima foram resfriadas à temperatura de -20 C, seguidas de resfriamento gradual (- 0.5 C min.1 ) à temperatura ambiente e submetidas à lavagens com NaCl 0.1 M. Posteriormente, foi determinada a atividade hidrolítica e sintética dos sistemas. Método 3 A literatura tem reportado o uso de compostos criogênicos capazes de acelerar e modificar a estrutura dos criogéis (SHAPIRO, SHAPIRO, 1999). Nesse contexto, 250 mg de bromelaína foi solubilizado em 25 mL de uma solução de polietileno glicol 400 (PEG-400), posteriormente, essa solução foi gotejada lentamente em uma solução de PVA 10%. O mesmo procedimento foi adotado para o polietileno glicol 600 (PEG-600). Os sistemas (PVA-PEG-ENZIMA) obtidos após essa etapa foram submetidos a inúmeros f-t ciclos, utilizando a mesma metodologia citada anteriormente. 3.6.2.3 Influência do número de f-t ciclos nas propriedades estruturais dos sistemas PVA-enzima Com intuito de avaliar a morfologia e a difusividade dos criogéis obtidos, foi realizado ensaios de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). As superfícies para análise foram retiradas a partir de um corpo de prova original (criogéis de PVA), as quais foram seccionadas e metalizadas, utilizando “sputtering” sob às seguintes condicões: material de metalização – ouro; 0.05 mbar de argônio e tempo de deposição – 50 segundos. As amostras foram analisadas em um microscópio eletrônico de varredura (MEV), com tensão de 20 kV e corrente de emissão 0.2 x 1010 A. As micrografias dos sistemas, PVA-Enzima, referentes aos diferentes número de f-t ciclos, foram avaliadas as imagens de 500 e 1000 vezes de magnificação. Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos 67 3.6.3 Imobilização de enzimas em nanopartículas magnéticas (MNPs – Magnetic nanoparticles) A preparação do suporte foi realizada com centrifugação (10000 rpm) por 30 min seguida de 3 etapas de lavagens com solução tampão de fosfato de potássio para o precipitado (nanopartículas). O processo de imobilização de enzimas nesse suporte foi realizado com base na seção 3.5.1 desse trabalho. No entanto, α-quimotripsina foi a única protease selecionada nessa etapa. A Figura 19 mostra ilustrativamente o procedimento adotado. Figura 19 - Ilustração do procedimento adotado na imobilização da protease α-quimotripsina em nanopartículas magnéticas de metacrilato de glicidila Etapa I – Preparação do suporte Nanopartículas Nanopartículas magnéticas de magnéticas de glicidila + SDS após glicidila centrifugação com 3 etapas de dispersas em lavagem SDS Sobrenadante após centrifugação Etapa II – Processo de imobilização Imobilização Dodecil sulfato de sódio 2% Incubação Nanopartículas de glicidila α-quimotripsina Nanopartículas de Glicidila-Quimotripsina Fonte: Adaptada de Wang e colaboradores, 2008 Fabio Pereira Fagundes Capítulo III: Material e Métodos 68 3.7 SÍNTESE DE OLIGOPEPTÍDEOS SOLÚVEIS EM ÁGUA USANDO AS PROTEASES IMOBILIZADAS Um total de 490 mg do substrato lisina foi solubilizado em 4 mL de solução tampão fosfato de potássio em diferentes pHs (7, 8, 9, 10 e 11) e em seguida transferido para um erlemeyer. Um sistema de titulação automática para o controle de pH foi acionado durante a reação, com o intuito de manter o pH estável. A solução dosada de NaOH foi adicionada lentamente na velocidade de 0,05-0,1 mL / min. Posteriormente, 40 mg de protease sob a forma livre e imobilizada foi adicionada lentamente e o sistema mantido sob agitação constante e temperatura de 40 °C por 2 horas. Ao término da reação, a protease livre foi removida do sistema por centrifugação, utilizando peneira molecular de 3000, ao passo que as imobilizadas puderam ser facilmente separadas por filtração e, posteriormente, utilizadas em uma nova série de experimentos. O sistema sem a enzima foi liofilizado por 48 horas e avaliado em um equipamento de Ressonância Magnética Nuclear em estado sólido para a determinação da conversão e do grau de polimerização médio dos oligopeptídeos derivados de lisina. Fabio Pereira Fagundes CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO Capítulo IV: Resultados e Discussão 70 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 AVALIAÇÃO DA PUREZA DAS PROTEASES POR SDS-PAGE Um requisito crucial no processo de avaliação da atividade catalítica de uma enzima é conhecer o seu percentual de pureza, ou seja, a real quantidade de protease presente em 100% de proteína. O grau de pureza desempenha um importante papel no processo de imobilização da enzima e na determinação de sua atividade catalítica, visto que, durante esse processo, proteínas de baixa massa molar ou outros contaminantes podem se ligar ao suporte por adsorção ou por ligação química covalente, competindo diretamente com as moléculas da protease no meio enzimático. Em consequência desse efeito, um menor percentual de protease imobilizada e uma diminuição da atividade catalítica do sistema serão observados (CAO, 2005). Ho e colaboradores (2004) imobilizaram a enzima de Escherichia coli BL21 por adsorção em suporte de sepharose com uma etapa de purificação por coluna cromatográfica. De acordo com os resultados obtidos, o sistema tornou-se 4 vezes mais eficiente em termos de imobilização e atividade catalítica, em relação a enzima não purificada, evidenciando, portanto, a remoção de contaminantes e o aumento de sua especificidade. Baseado no contexto acima, as enzimas empregadas neste trabalho foram avaliadas qualitativamente e quantitativamente quanto à distribuição de massa molar e, consequentemente, ao padrão de pureza. As proteases foram submetidas à migração diferencial em gel de poliacrilamida – SDS PAGE, e as massas molares foram estimadas através da mobilidade dos fragmentos no gel em relação a padrões previamente conhecidos. A Figura 20 mostra o perfil eletroforético das proteases em função de padrões de massas molares previamente conhecidas. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 71 Figura 20 – Eletroforese em gel de poliacriliamida - SDS-PAGE das bandas referentes às proteases. Bandas AT e AT2 - Diferentes concentrações da protease tripsina (0,2 e 0,1 mgmL, respectivamente). Bandas AC e AC2 – Diferentes concentrações da protease α-quimotripsina (0,2 e 0,1 mgmL, respectivamente). Bandas BB, BB2, BB3 e BB4 Diferentes concentrações da protease bromelaína (1,0; 0,8; 0,6 e 0,4 mg/mL, respectivamente ). AT AT2 AC AC.2 BB BB2 BB3 BB4 101.0 kDa 97.0 kDa 77.0 kDa 45.6 kDa 29.3 kDa 10.3 kDa (B) (Padrão de proteínas) De acordo com a Figura 20, as amostras apresentaram perfis eletroforéticos bem definidos quanto às frações (fragmentos) de massa molar. Claramente, observa-se que o fracionamento das bandas está diretamente associado à quantidade de outras proteínas, eou simplesmente, às impurezas presentes em cada enzima (HAYET et al., 2011), sem mencionar que a intensidade de cada fragmento é dependente da concentração de enzima utilizada. Dessa forma, em uma escala crescente de pureza, pode-se concluir que a protease bromelaína é a que apresenta menor percentual de pureza, seguida da -quimotripsina e tripsina. A protease tripsina apresentou uma única banda característica de sua massa molar em torno de 30 kDa. As proteases -quimotripsina e bromelaína apresentaram massas molares similares às da protease tripsina (30 kDa), no entanto, com intensidade e número de bandas diferentes, principalmente, a protease bromelaína (5 fragmentos de massas molares abaixo de 10 kDa). Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 72 4.2 DETERMINAÇÃO DO PERCENTUAL DE ENZIMA PRESENTE NA PROTEÍNA A maioria dos trabalhos publicados na literatura mostra que a utilização da técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida tem sido aplicada como ferramenta qualitativa para identificação de bandas características de um determinada proteína eou a determinação de sua massa molar, com base em um padrão de proteínas de massas molares previamente conhecidas (BOLIVAR et al., 2009; PURCENA et al., 2009). Por outro lado, Claeys e colaboradores (2004) utilizaram a técnica de SDS-PAGE para a determinação da quantidade de proteínas miofibrilares presentes na carne. O método foi baseado no uso de um padrão interno (Bovine Serun Albumin – Albumina seríca Bovina). Resultados indicaram uma relação linear das densidades colorimétricas das bandas com a quantidade de proteína presente. Nesse contexto, com o intuito de quantificar o percentual de cada protease presente na amostra enzimática, foi construída uma curva padrão com diferentes concentrações de Bovine Serun Albumin – BSA (Padrão de pureza 100%), onde foi estimada a área de cada banda. A migração da banda de cada protease foi comparada à da proteína padrão, através das suas áreas. A Figura 21 mostra as áreas das bandas referentes a cada concentração de BSA utilizada (mgmL). Figura 21 – Área das bandas de BSA em função de suas respectivas concentrações. y = 275.24x + 8.3827 60 Saturação R² = 0.9962 Área (mm2) 50 40 30 20 10 0 0 Fabio Pereira Fagundes 0,1 0,2 0,3 Concentração de BSA (mgmL) 0,4 Capítulo IV: Resultados e Discussão 73 De acordo com o perfil eletroforético das amostras apresentado na Figura 21, observa-se a formação de duas regiões distintas. A primeira revela um aumento contínuo da intensidade colorimétrica da banda e de sua área com o aumento da concentração de BSA, na faixa de concentração 0,02 a 0,1 mgmL. A segunda região, na faixa de concentração 0,2 a 0,4 mgmL, mostra um comportamento típico de saturação, ou seja, as áreas permanecem praticamente as mesmas com o aumento de concentração, inviabilizando, portanto, seu uso como referência. Dessa forma, considerou-se como região de referência para a construção da curva padrão aquela observada entre 0,02 e 0,1 mgmL. O coeficiente de regressão linear da equação (R2) próximo a 1 valida a utilização dessa técnica para a quantificação do percentual de proteína específica presente na amostra. A Tabela 3 mostra o percentual de pureza obtida através da área das bandas para as diferentes proteases estudadas. Tabela 3 – Dados comparativos de área, concentração estimada (mgmL) e percentual de pureza das proteases usadas. Concentração real Área Concentração Percentual de (mgmL) (mm2) estimada (mgmL) pureza (%) AT 0,2 30,1 0,079 39,5 AT2 0,1 19,6 0,041 41,0 AC 0,2 24,1 0,057 28,3 AC2 0,1 16,4 0,029 29,5 BB 1,0 41,4 0,12 12,6 BB2 0,8 38,6 0,11 13,9 BB3 0,6 30,4 0,08 14,1 BB4 0,4 22,1 0,05 14,9 Protease Tripsina Quimotripsina Bromelaína De acordo com os dados mostrados na Tabela 3, as diferentes concentrações estudadas para cada protease apresentaram uma similaridade quanto aos valores do grau de pureza, o que corrobora com a estratégia usada. No entanto, esse referencial (grau de pureza) considerado para cada enzima foi o obtido a menor concentração, devido, principalmente, ao melhor ajuste da área das bandas e o enquadramento dentro do limite confiável da curva padrão utilizada (0 – 0,1 Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 74 mgmL) para a tripsina e quimotripsina e 0,4 mg/mL para bromelaína. Dessa forma, considerouse que as proteases tripsina, quimotripsina e bromelaína apresentaram os seguintes valores médios de grau de pureza: 41, 29 e 15%, respectivamente. Diante do baixo percentual de pureza apresentado pelas proteases, o processo de purificação por ultracentrifugação poderia ser utilizado como estratégia para aumentar esse índice. O uso de membranas capazes de separar as frações correspondentes à faixa de massa molar 25 – 35 kDa eliminaria totalmente a interferência de proteínas de baixa massa molar (< 10 kDa) durante a imobilização, o que resultaria no aumento da atividade catalítica. 4.3 INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE AUTÓLISE NA ATIVIDADE RESIDUAL DAS PROTEASES Chen e colaboradores (2003) afirmaram que cada protease apresenta um mecanismo intrínseco para o processo de autólise. Esse processo ocorre em sítios específicos na maioria das proteases. De acordo com a literatura, os sítios mais vulneráveis são denominados de primários e os produtos originários dessa clivagem são responsáveis pela quebra de outros sítios específicos (clivagem secundária) e assim por diante (STEFANSSON et al., 2010). No entanto, essa clivagem é feita desordenadamente, ou seja, as clivagens proteolíticas ocorrem de forma aleatória e de difícil predição para cada enzima, sugerindo, portanto, um diferente comportamento para cada protease estudada (SIMON, et al., 2001; KUMAR; HEIN, 1970). Bajorath e colaboradores (1988) avaliaram comparativamente a autólise da protease K através de dois métodos: eletroforese em gel de poliacrilamida e atividade residual em função do tempo. Eles observaram que a relação entre a autólise e a diminuição da atividade proteolítica ocorre em um espaco de tempo superior a 2 horas, ou seja, a protease sofre o processo de autólise muito antes de haver uma mudança acentuada em seu sítio ativo que venha a influenciar sua atividade catalítica. Por outro lado, a técnica de eletroforese requer um tempo superior a 2 horas para o término da análise, sem mencionar que as concentrações das amostras não devem ser superiores a 0.01 mgmL. Partindo desse pressuposto, decidimos adotar a medição da atividade residual como parâmetro de avaliação para o processo autolítico das proteases. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 75 Nesse trabalho, o processo de autólise das proteases foi monitorado pelo percentual da atividade residual ao longo do tempo. Os efeitos provocados por esse processo na atividade residual de cada protease estudada são mostrados na Figura 22. Figura 22 – Atividade residual das proteases (tripsina, α-quimotripsina e bromelaína) em função do tempo . 100 Tripsina 90 Atividade residual (%) Quimotripsina Bromelaína 80 70 60 50 40 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Tempo (Horas) De acordo com a Figura 22, todas as proteases exibiram uma diminuição da atividade residual em função do tempo, provavelmente por autólise ou desnaturação nas condições de ensaio. A protease tripsina manteve apenas 45% de sua atividade residual após 24 horas, ao passo que as proteases quimotripsina e bromelaina mantiveram 65% e 67% de suas atividades, respectivamente. As proteases tripsina e α-quimotripsina apresentam similaridades químicas e estruturais, no entanto, exibem diferenças em suas especificidades e no processo de autólise. A protease tripsina, mesmo apresentando uma enorme plasticidade estrutural, ou seja, diferentes conformações ativas em sua estrutura (KOSSIAKOFF et al., 1977), é considerada uma das enzimas mais susceptíveis ao mecanismo de autólise (PURCENA et al., 2010), devido, Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 76 principalmente, à sua conformação espacial e ao alinhamento dos seus aminoácidos, que induzem às interações dos sítios auto-catalíticos. A preservação das interações espaciais dos grupos ativos em cada uma dessas enzimas depende basicamente de dois requisitos: (1) que os fatores estereoquímicos responsáveis pela clivagem de ligações peptídicas sejam específicos e bem definidos e (2) que o substrato promova interações transientes com o sítio ativo da enzima, de forma a estabilizar o estado de transição (DODSON; WLODAWER, 1998). Estados de ordenação no arranjo estrutural das proteases estão associados diretamente à atividade catalítica. Uma das primeiras transições conformacionais ordem-desordem descritas foi a conversão do tripsinogênio à tripsina por Perkins & Wuthrich (1980). Aproximadamente 15% das moléculas de tripsinogênio se encontram em conformação desordenada, o que faz com que o mesmo apresente um baixo percentual de atividade, cerca de 1% comparado à atividade da tripsina. Esse composto (-tripsina) é considerado um dos principais constituintes da tripsina e é responsável pela clivagem da ligação presente nos resíduos de aminoácidos Lys-145 e Ser-146, resultando em outra conformação denominada -trypsina. Ambas as conformações são ativas, embora apresentem eficiências catalíticas diferentes. A partir da formação da -tripsina, ocorre a clivagem das ligações entre os resíduos de Lys-188 e Asp-89, ocasionando o surgimento de uma nova conformação de menor atividade catalítica denominada -tripsina, favorecendo, portanto, a perda de especificidade da enzima ao longo do tempo (SIMON et al., 2001; ABBOTT et al., 1975). Por outro lado, um ajuste conformacional adequado, adquirido pela ligação de caráter iônico entre os resíduos dos aminoácidos Ile16 e Asp194 propicia o controle da conformação no domínio de ativação dessa enzima. A -quimotripsina e bromelaína por sua vez, apresentam diferentes sítios de clivagem e uma taxa de velocidade autolítica inferior a da tripsina, devido, principalmente, à distribuição conformacional e à distância dos seus resíduos de aminoácidos, responsáveis pela autólise ao longo de sua estrutura (BODI et al., 2001). Nesse contexto, o processo de imobilização surge como o principal fator para a estabilização conformacional ativa da enzima, devido, principalmente, às ligacões multipontuais dos grupos amina, presentes nas moléculas das proteases, e aos grupos epóxi dos suportes (VILLALONGA et al., 2000). Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 77 4.4 IMOBILIZAÇÃO DAS PROTEASES POR LIGAÇÃO COVALENTE 4.4.1 Determinação do percentual de protease imobilizada na matriz As concentrações das enzimas são, geralmente, determinadas e reportadas com referência a padrões de proteínas com alto percentual de pureza. A proteína Albumina Sérica Bovina (BSA) vem sendo amplamente utilizada como padrão de referência em diversos trabalhos que requerem o percentual de enzima imobilizada na matriz. Dessa forma, nesse trabalho foram construídas várias curvas padrão com as diferentes proteases e comparadas a da proteína BSA (Figura 23). Figura 23 – Absorbância em função das diferentes concentrações (mgmL) de BSA e das proteases utilizadas. 2 1,8 BSA Y = 0.9038X + 0.024 R2 = 0.9945 1,6 Absorbância 1,4 Tripsina 1,2 Y = 1.3086X + 0.0336 R2 = 0.9954 1 0,8 Quimotripsina 0,6 Y = 1.0893X + 0.0143 R2 = 0.9988 0,4 Bromelaína 0,2 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 Concentração (mgmL) Y = 0.8186 + 0.0166 R2 = 0.9939 A Figura 23 exibe uma resposta diferente para cada curva padrão adotada, devido, principalmente, à sequência de aminoácidos e a estrutura química de cada proteína. Esses fatores propiciam diferentes interações na formação do complexo (proteína + Cu2+ Cu1+ + BCA Complexo), sendo observadas discrepâncias nos valores das concentrações de cada protease em Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 78 função da proteína padrão. Portanto, faz-se necessário a normalização das curvas padrão das proteases em função da razão proteaseBSA. 4.4.2 Imobilização da protease tripsina por ligação covalente em suportes epóxi ativados As resinas Amberzyme, Grace, Eupergit C e Eupergit CM foram selecionadas como resinas macroporosas para a imobilização covalente da tripsina, devido à alta densidade de grupos oxiranos em suas superfícies. A sorção de tripsina foi, notavelmente, dependente do tempo de imobilização, como mostrado na Figura 24. Figura 24 – Percentual de imobilização da protease tripsina em função do tempo. Amberzyme Grace 192 Eupergit CM Eupergit C Como observado na Figura 24, a saturação da tripsina nos suportes ocorreu em 12 horas. No entanto, após 6 horas, mais que 50% da quantidade de enzima inicial já havia sido imobilizada. Foi escolhido um longo tempo de imobilização (24 horas) devido ao favorecimento de uma maior estabilidade operacional para muitos reusos da protease imobilizada, causada pela Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 79 ligação covalente dos grupos NH2 da tripsina com os grupos epóxi dos suportes (imobilização multipontual), resultando em um sistema quimicamente estável. Em função do baixo percentual de atividade hidrolítica apresentado pelos sistemas suporte-enzima, após a secagem sob pressão reduzida, os mesmos foram mantidos sob a forma “molhada”. De acordo com os resultados previamente obtidos, ficou constatada a influência da “molhabilidade” na eficiência catalítica dos sistemas. Esse efeito foi responsável por uma maior acessibilidade do subtrato na região interna dos poros e um favorecimento de transferência de massa dos produtos para o meio, sugerindo, portanto, um aumento no percentual de atividade hidrolítica e na síntese de peptídeos. Dessa forma, todos os sistemas obtidos via imobilização por ligação covalente foram utililizados sob a forma molhada. Essa particularidade foi comprovada por Kumar e colaboradores (2009) ao determinar a atividade catalítica da protease denominada “AT” imobilizada em suportes de carbono ativado sob a forma “molhada”. Do ponto de vista prático, atividade, reusabilidade e estabilidade térmica representam os mais importantes parâmetros para se avaliar a eficiência desses sistemas na síntese de oligopeptídeos. A Tabela 4 mostra os resultados relativos à quantidade de protease imobilizada nos suportes e suas respectivas atividades. Tabela 4 – Dados relativos aos parâmetros estruturais dos suportes e os resultados referentes à Carga Teoricamente Imobilizada (CTI) da protease tripsina, Eficiência de imobilização (EI), Atividade hidrolítica e relativa dos sistemas usados (suporte-tripsina). Condições: 60 mg de enzima, solução tampão fosfato de potássio 0.1 M, pH 7.7. Parâmetros estruturais Suporte Tripsina - suporte TPartícula Dporo DGF CTI EI Atividade Atividade (μm) (nm) mol/g de (%) (%) hidrolítica relativa suporte) Amberzyme 220 100 1600 9.2 76.6 276.5 13 *Grace 192 300- 120-180 1300 7.1 62.5 295.3 13.9 200-300 Nd Nd 6.0 50.0 217.5 10 150 20 600 8.2 68.3 358.4 17 1000 Eupergit CM Eupergit C * Amostra não comercial. Atividade hidrolítica (Units/g de enzima), Atividade relativa (%). Nd – Não determinado Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 80 De acordo com os resultados mostrados na Tabela 4, a Carga Teoricamente Imobilizada da enzima e sua eficiência de imobilização não correspondem necessariamente a mais alta atividade. A alta densidade de carga presente no suporte Amberzyme foi, provavelmente, responsável pelo maior índice de CTI e EI da enzima. Por outro lado, esse sistema (Amberzymetripsina) apresentou um dos menores índices de atividade relativa comparado aos demais. Basicamente, dois fatores podem ter contribuído para esse efeito: as restrições espaciais causadas pela quantidade de enzima imobilizada eou as mudanças conformacionais provocadas pela imobilização multipontual da tripsina no suporte, onde ambos os fatores refletem a falta de mobilidade da enzima no interior do suporte (ZHAO et al., 2011; PRAMPARO et al., 2010). Peng e colaboradores (2009) usaram uma enzima modelo (lipase de Candida rugosa) para avaliar o efeito da densidade de grupos carboxila na superfície do suporte em relação às propriedades catalíticas. De acordo com os resultados obtidos, ficou constatado que quando a enzima passa de um processo de imobilização pontual (single site immobilization) para multipontual (multi site immobilization), devido ao aumento de grupos carboxila, a enzima imobilizada sofre uma redução no valor de atividade catalítica. Dessa forma, um sistema “ótimo” de imobilização deve combinar um máximo de carga imobilizada com uma alta atividade catalítica. Além disso, esse possível “excesso” de enzima imobilizada, provavelmente, reflete a imobilização de proteínas contaminantes de baixa massa molar, visto que a protease tripsina possui um grau de impureza superior a 40%, como pode ser visto na seção 4.2 desse trabalho. Os valores de atividade relativa alcançaram um máximo de 17% com o sistema Eupergit C-Tripsina. Esse resultado é bastante promissor em função do substrato (caseína) apresentar uma massa molar relativamente alta para difundir na região interna dos poros (SEO et al., 1998). Os dados mostrados na Tabela 4 indicam que o processo de imobilização foi, notavelmente, mais efetivo nesse suporte (Eupergit C), em termos de atividade. Devido, provavelmente, a um balanceamento da densidade de grupos oxirano em sua superfície (600 mmolg de suporte) em relação ao m2 de área do suporte, a tripsina pôde ser imobilizada em vários sítios da estrutura desse suporte (principalmente via grupos epóxi), provavelmente, sem haver um empacotamento da enzima na superfície do suporte, o que facilita a acessibilidade do substrato ao centro ativo da tripsina imobilizada, ocasionando, portanto, um maior percentual de atividade comparada aos demais. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 81 O suporte Grace 192 apresentou uma atividade muito próxima à do sistema EupergitTripsina. Uma explicação razoável para esse comportamento seria o caráter altamente hidrofílico do suporte, que o torna mais susceptível à entrada do substrato na região interna do poro, já que a reação ocorre em meio aquoso. O grau de hidratação do suporte é um fenômeno de considerável importância em função de promover a mudança de uma estrutura rígida da enzima no suporte para uma estrutura flexível, acompanhado por mudanças significantes nas propriedades físicas e termodinâmicas das enzimas (SIROTKIN; KHADIULLINA, 2011). O suporte Eupergit CM obteve o menor percentual de imobilização e atividade relativa, comparado aos demais. Mesmo apresentando uma estrutura química similar ao suporte Eupergit C, Eupergit CM apresenta uma distribuição de tamanho de partícula 2 vezes maior e uma distribuição de grupos funcionais não uniformes (Tabela 5). Esse fato associado, provavelmente, a uma série de parâmetros (grau de inchamento, diâmetro de poro e outros) são responsáveis pelos fortes problemas associados ao impedimento estérico da enzima no interior dos poros e consequente perda de eficência catalítica em razão da dificuldade do substrato alcançar o centro ativo da enzima. 4.4.3 Reusabilidade dos sistemas O número de reusos dos sistemas reflete, basicamente, a estabilidade operacional. De acordo com os resultados de reusabilidade, Eupergit C não se mostrou um suporte tão efetivo como esperado ao longo dos 12 ciclos de reuso. A Figura 25 mostra os resultados de atividade residual em função do número de reusos para cada sistema. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 82 Figura 25 – Ciclos de reuso da tripsina imobilizada nos suportes Amberzyme, Grace, Eupergit C e Eupergit CM De acordo com os resultados apresentados na Figura 25, os sistemas Grace 192-, Eupergit C- e Eupergit CM-Tripsina perderam 75%, 34% e 60% de suas atividades iniciais, respectivamente, após 12 reusos, ao passo que o sistema Amberzyme-Tripsina perdeu somente 20%. A excelente reusabilidade desse sistema poderia ser explicada pela resistência às mudanças conformacionais e à desnaturação causada pelas condições do meio, tais como: solução tampão, pH e as interações entre o suporte e a enzima. Esse argumento está de acordo com os resultados dos ensaios de desorção dos sistemas quando submetidos a um período de incubação de 6 horas e sob a mesma agitação durante o processo de imobilização. A Tabela 5 relaciona os dados relativos à quantidade de tripsina imobilizada nos diferentes suportes e o seu percentual desorvido após 6 horas, sob as mesmas condições de imobilização. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 83 Tabela 5 – Dados relativos à quantidade de tripsina imobilizada/500 mg de suporte, tripsina desorvida (mg) e o seu percentual em relação aos diferentes suportes utilizados nesse trabalho. Condições: 60 mg de enzima, solução tampão fosfato de potássio 0.1 M, pH 7.7. Suporte mg de enzima500 Enzima desorvida mg de suporte (mg) 46 0,598 1.3 35,5 2,44 6.9 Eupergit CM 30 1,17 3.9 Eupergit C 41 1,23 3.0 Amberzyme Grace 192 Desorção (%) De acordo com os dados apresentados na Tabela 5, ficou constatado que a enzima foi ligada “fortemente” via ligação covalente ao suporte Amberzyme. Essa conclusão pode ser atribuída ao baixo percentual de desorção da protease na matriz. Esse resultado é reflexo da alta densidade de grupos funcionais mol de grupos epóxi/g de suporte) presentes na estrutura desse suporte, os quais são responsáveis por uma imobilização multipontual da enzima. Além disso, foi comprovado que repetitivos ciclos de reuso mostraram ter pouca influência nas mudanças conformacionais da enzima nesse suporte. A estabilidade operacional da tripsina imobilizada em Amberzyme deve indicar a aplicabilidade desse sistema para uma contínua produção de peptídeos. Dessa forma, essa excelente reusabilidade poderia reduzir os custos operacionais em futuras aplicações práticas (KANNOUJIA et al., 2009). 4.4.4 Termoestabilidade dos sistemas A estabilidade térmica das enzimas é considerada um dos principais parâmetros para aplicação industrial de biocatalisadores (ROCHA et al., 2011; ZHANG; ROCHEFORT, 2011; HONG et al., 2007). A atividade residual da tripsina imobilizada e livre foi comparada na faixa de temperatura de 25 a 80 C. De acordo com as condições usadas para o estudo de estabilidade térmica, todos os sistemas apresentaram uma perda de atividade catalítica progressiva com o tempo de incubação. No entanto, os valores de atividade em cada temperatura avaliada foram significativamente mais estáveis para os sistemas suporte-tripsina, em virtude da atividade Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 84 hidrolítica diminuir em uma taxa de velocidade menor que a protease livre, como pode ser visto na Figura 26. Atividade hidrolítica (Units/g de enzima) Figura 26 – Atividade hidrolítica da tripsina livre e imobilizada em função da temperatura Eupergit C Amberzyme Eupergit CM Enzima livre Temperatura (°C) A Figura 26 mostra o efeito da temperatura na atividade residual da tripsina livre e imobilizada. De acordo com os resultados, a tripsina livre perdeu 76% de sua atividade inicial na temperatura de 50 C, ao passo que Eupergit C-Tripsina perdeu apenas 24%. Esse efeito pode ser explicado através de dois aspectos. Por um lado, a tripsina sofre o processo de autólise, que é responsável pela sua parcial ou completa inativação, como mencionado na seção 4.3. Entretanto, a elevação da temperatura causa mudança conformacional da macromolécula e, consequentemente, de seus sítios ativos (SIMON, et al., 2001; ZHANG et al., 1999). A preservação da atividade catalítica dos sistemas, à medida que a temperatura aumenta, poderia ser justificada pela contribuição das diferentes ligações covalentes ou não covalentes entre a estrutura da proteína e o suporte. Dentre essas, as ligações covalentes devem ser consideradas as mais importantes na termoestabilização apresentada pelos sistemas. Altas temperaturas afetam, provavelmente, o estado de dissociação dos grupos funcionais ionizáveis Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 85 envolvidos na atividade enzimática, assim como, as interações com o substrato, conduzindo, portanto, à desnaturação da protease e consequentemente, sua inativação (CRESCIMBENI et al., 2010). Como esperado, os sistemas (suporte-tripsina) foram mais resistentes à autólise e à desnaturação térmica que a tripsina livre. A estratégia usada para imobilização associada às características do suporte Eupergit C foi responsável pela maior estabilidade térmica comparada aos demais (KATCHALSKI-KATZIR; KRAEMER, 2000). Esse suporte, provavelmente, deve ser mais resistente à absorção de calor do meio externo, e essa característica deve ser responsável por minimizar o aumento de temperatura dentro do microambiente da enzima. Além disso, a estabilidade térmica apresentada por este sistema está diretamente associada ao mais alto número de ligações intramoleculares de disulfito na protease nesse meio, pH 7.7 (KONKLOA et al., 2006). A estabilização de uma enzima para atingir uma função específica, depende, basicamente, da manutenção de sua estrutura terciária e quaternária intactas, ou seja, desvios na faixa de 1 Å (0.1 nanômetro) na disposição espacial dos átomos podem inviabilizar interações essenciais às suas funções (QUIRÓS et al., 2011). A Figura 27 ilustra uma alteração na estrutura terciária de uma proteína que pode ocorrer ao longo do tempo. Figura 27 – Modelo ilustrativo da evolução da conformação da hélice da enzima ao longo do tempo Evolução na conformação da hélice ao longo do Fonte: Adptada de Heineck e colaboradores, 2008. tempo Em termos de estrutura terciária, as proteases da família da quimotripsina são caracterizadas pela formação de dois domínios perpendiculares, do tipo barril , cada um formado por seis estruturas antiparalelas e uma hélice C terminal, conforme o modelo descrito por Pereira (2005). O sítio de especificidade da tripsina está localizado em uma “bolsa” entre os dois domínios, com as interações entre a enzima e o substrato funcionando como conectores entre ambos (CZAPINSKA; OTLEWSKI, 1999). Dessa forma, a alteração estrutural dessa Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 86 conformação, seja por fatores intrínsecos (autólise) eou condições externas (temperatura, pH e outros), acarretará a parcial ou total inativação do sítio ativo presente, como foi observado nos resultados da Figura 27. 4.4.5 Imobilização da protease α-quimotripsina por ligação covalente em suportes epóxiativados A Figura 28 relaciona os suportes utilizados para imobilização por ligação covalente da protease α-quimotripsina. Claramente, é observada a dependência do tempo de imobilização para cada um dos sistemas. Figura 28 – Percentual de imobilização da protease α-quimotripsina em função do tempo. Amberzyme EC-EP 403 EC-EP 503 EXE067 EP02P016 EXE O32 – SE1P 60120 Eupergit CM Grace 192 EXE O81 – SE1P489 Eupergit C Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 87 De acordo com a Figura 29, os suportes Eupergit CM, Grace, Eupergit C e Amberzyme apresentaram, em ordem crescente, os maiores percentuais de CTI, comparados aos demais. A Tabela 6 mostra os dados referentes aos principais parâmetros de imobilização associado as suas respectivas atividades (hidrolítica e sintética). Tabela 6 – Dados relativos à Carga teoricamente imobilizada da protease α-quimotripsina (%), Eficiência de imobilização (%), Atividade hidrolítica (Unitsg de enzima) e Atividade relativa (%) dos sistemas usados. Condições: 60 mg de enzima, solução tampão fosfato de potássio 0.1 M, pH 7.7. Protease α-quimotripsina Suporte Carga Eficiência de Atividade Atividade teoricamente imobilização (%) hidrolítica relativa (%) imobilizada (%) - EI (Unitsg de após 24 horas - enzima) CTI Amberzyme 8,9 74,1 141,2 7,3 *EXE 067 E902 6,8 56,6 0 0 *Grace 8,6 71,6 176,1 9,1 *EC-EP 403 4,2 35,0 0 0 *EXE 03260102 4,0 33,3 0 0 *EXE081 1P4989 4,9 40,8 0 0 *EC-EP 503 4,2 35,0 0 0 Eupergit CM 5,7 47,5 81,3 4,2 Eupergit C 7,1 59,1 94,8 4,9 *Amostra não comercial De acordo com os dados apresentados na Tabela 6, a eficiência de imobilização não reflete, necessariamente, um maior percentual de atividade relativa (comportamento similar ao sistema de imobilização resina-tripsina). O suporte Grace 192 apresentou uma maior atividade relativa comparada aos demais sistemas. Devido à complexidade dos dados estruturais de cada suporte, torna-se difícil avaliar quais parâmetros foram responsáveis por influenciar negativamente ou positivamente a atividade relativa. Por outro lado, do ponto de vista físicoquímico, a hidrofilicidade da sílica (principal constituinte do suporte) associada à especificidade Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 88 do substrato podem justificar o fato desse suporte apresentar um maior percentual de atividade catalítica quando comparado com o sistema utilizando a protease tripsina, mesmo apresentando similaridades quanto a estrutura química de ambas (tripsina e α-quimotripsina). Na αquimotripsina, a cadeia lateral aromática volumosa dos resíduos preferenciais de Phe, Trp e Tyr, os quais contribuem com o grupo carbonila na ligação peptídica a ser clivada, encaixam-se perfeitamente em uma região hidrofóbica em forma de fenda localizada perto dos grupos catalíticos. Na tripsina, o resíduo correspondente à Ser 189 da α-quimotripsina, que se situa na parte posterior do sítio de ligação, é um resíduo aniônico de Asp. As cadeias laterais catiônicas dos resíduos preferidos pela tripsina, Arg e Lys, podem, portanto, formar pares iônicos com esse resíduo de Asp. O restante da região de especificidade da quimotripsina é preservado na tripsina, de forma a acomodar as cadeias laterais volumosas da Arg e Lys (Voet et al., 2005). Dessa forma, devido à especificidade de cada protease serínica, foi possível obter diferentes resultados de atividade relativa para um mesmo suporte. A Tabela 7 mostra os dados relativos à quantidade de quimotripsina imobilizada/500 mg de suporte em função do percentual de desorção ao longo de 5 horas Tabela 7 – Dados relativos à quantidade de α-quimotripsina imobilizada/500 mg de suporte, tripsina desorvida (mg) e o seu percentual em relação aos diferentes suportes utilizados nesse trabalho. Condições: 60 mg de enzima, solução tampão fosfato de potássio 0.1 M, pH 7.7. Suporte mg de enzimag de Enzima desorvida Desorção (%) suporte (mg) Amberzyme 44,4 0,84 1,9 *Grace 192 42,9 3,53 8,3 Eupergit CM 28,5 1,14 4,0 Eupergit C 35,4 1,02 2,9 *amostra não comercial 4.4.6 Imobilização de bromelaína em suportes epóxi A Figura 29 mostra os resultados de sorção da protease bromelaína ao longo do tempo nos diferentes suportes utilizados nesse trabalho. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 89 Figura 29 – Percentual de imobilização da protease bromelaína em função do tempo em diferentes suportes. Amberzyme EXE 067 EP02P016 Grace 192 EC-EP 403 EC-EP 503 EXE O32 – SE1P 60120 Eupergit CM EXE O81 – SE1P489 Eupergit C De acordo com os resultados apresentados na Figura 29, houve um maior percentual de imobilização para os suportes Amberzyme e EXE 067 EP0216. O tempo de saturação nesses dois suportes foi em torno de 5 horas. No entanto, foi adotado um tempo de 24 horas para garantir o máximo de ligações químicas multipontuais da protease com os suportes. Comparativamente, o percentual da protease bromelaína imobilizada foi inferior aos outros sistemas (tripsina e αquimotripsina). Esse fato foi atribuído à maior presença de proteínas contaminantes comparada às outras proteases, como evidenciado pelos ensaios de eletroforese em gel de poliacrilamida. Portanto, além de provocar sérias interferências na eficiência de imobilização, a presença desses contaminantes deve induzir a uma perda de atividade catalítica dos sistemas. A Tabela 8 apresenta o percentual de imobilização da Bromelaína nos diferentes suportes (transcorrido o tempo de 24 horas) e a atividade catalítica. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 90 Tabela 8 - Dados relativos à Carga Teoricamente Imobilizada da Bromelaína (%), Eficiência de imobilização (%), Atividade hidrolítica (Unitsg de enzima) e Atividade relativa (%) dos sistemas usados. Protease Bromelaína Suporte Carga Eficiência de Atividade Atividade teoricamente imobilização (%) hidrolítica relativa (%) imobilizada (%) (Unitsg) Amberzyme 7,9 65,9 23,6 1,5 *EXE067E902P016 7,5 62,5 0 0 *Grace 3,1 25,8 0 0 *EC-EP 403 4,0 33,3 0 0 *EXE 032 –60102 3,8 31,7 0 0 *EXE 081 1P4989 4,7 39,2 0 0 *EC-EP 503 3,5 29,2 0 0 Eupergit CM 5,1 42,5 7,9 0,5 Eupergit C 5,9 49,2 15,7 1,0 *Amostra não comercial Os dados apresentados na Tabela 8 sugerem que a eficiência de imobilização reflete uma maior atividade relativa dos sistemas. Por outro lado, é claramente observado o baixo percentual ou a não detecção de atividade hidrolítica da protease imobilizada em comparação com a forma livre (Atividade relativa). A bromelaína imobilizada covalentemente nesses suportes deve, provavelmente, conduzir a uma forte deformação de sua estrutura química e, consequentemente, a fortes mudanças conformacionais em sua tríade catalítica (Cys 25, Asp 175 e His 159). Além disso, o uso de um substrato (Caseína) com uma massa molar relativamente alta é responsável por fortes impedimentos estéricos, o que pode dificultar a aproximação entre o substrato e o centro ativo da Bromelaína imobilizada. Comportamento similar foi observado nos sistemas utilizando Tripsina e α-Quimotripsina, no entanto, com índices superiores de atividade relativa. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 91 4.4.7 Determinação da atividade sintética dos sistemas As proteases tripsina, α-quimotripsina e bromelaína são enzimas potencialmente aplicadas na síntese de peptídeos, devido, principalmente, a esterioespecifidade de cada uma delas em relação à obtenção desse tipo de produto. A literatura vem considerando a α-quimotripsina como protease modelo para a síntese de novos peptídeos, devido o seu mecanismo de atuação já ter sido elucidado em detalhes e adaptado nesse trabalho como mostra a Figura 31 (HAENSLER et al., 1997). As Figuras 30 e 31 mostram o mecanismo proposto para a hidrólise da lisina e a síntese de peptídeos, respectivamente, constituídos de unidades desse aminoácido, catalisados pela protease α-quimotripsina em meio aquoso. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 92 Figura 30 - Mecanismo de ação da protease α-quimotripsina na hidrólise da lisina. (I) Protonação do imidazol da Histidina 157 e consequente ataque nucleofílico do oxigênio da hidroxila do resíduo serina 195 ao carbono carbonílico do substrato lisina (Reação de esterificação). (II) Regeneração da dupla ligação da carbonila e ataque da hidroxila da carbonila ao hidrogênio da amina quaternária. (III) Formação do intermediário Enzima-Substrato com a restituição da amina do imidazol, seguido da liberação da molécula de água para o meio. (IV-a e IV-b) Ataque da hidroxila da molécula de água ao carbono carbonílico da lisina e a regeneração da enzima com a liberação da molécula de lisina hidrolisada Mecanismo de hidrólise (III) (II) (I) Molécula de lisina (IV-b) (IV-a) Fonte: Hedstrom, 2002 e Vilalonga e colaboradores, 2001. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 93 Figura 31 – Mecanismo de ação da protease α-quimotripsina na síntese de oligopeptídeos. (Ia) - Ataque nucleofílico da amina terminal da cadeia lateral de uma molécula de lisina à carbonila de éster da molécula de lisina na fase intermediária – (Ib) - formação de uma ligação amida. Posteriormente, regeneração da enzima com a formação de peptídeos Mecanismo de síntese (I-a) (I-b) Dímero de lisina Fonte: Adaptado de Hedstrom, 2002 e Vilalonga e colaboradores, 2001. De acordo com os mecanismos propostos para cada etapa, a formação de uma ligação éster na fase intermediária é de fundamental importância para o mecanismo de hidrólise e síntese. Essa ligação éster é responsável pelo favorecimento ao ataque do nucleófilo da molécula da água ou do grupo amina terminal da cadeia lateral do aminoácido lisina. Outro ponto importante refere-se à reação de hidrólise que compete com a síntese de peptídeos. O mais alto percentual de rendimento de oligopeptídeos foi obtido com suportes com características hidrofóbicas, provavelmente, devido às maiores interações com os substituintes hidrofóbicos presentes na protease α-quimiotripsina, responsáveis por “encaixar” a região apolar da lisina e manter, assim, a molécula em posição para síntese. Provavelmente, o tamanho dessa região de encaixe e a natureza desses substituintes conferem à protease α-quimotripsina essa especificidade. De maneira geral, a presença de solventes orgânicos tende a deslocar o equilíbrio da reação em favor da síntese. Por outro lado, podem causar severas modificações através das interações hidrofóbicas e por pontes de hidrogênio, assim como, mudanças na dinâmica reacional e na conformação da proteína pelo contato direto com esse tipo de solvente. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 94 Um desafio chave na síntese de peptídeos é encontrar suportes para imobilização de proteases capazes de funcionar em meio aquoso apresentando uma alta performance na síntese de oligopeptídeos solúveis em água. Essa estratégia representa um enorme avanço na química de peptídeos. Foram selecionados os sistemas que apresentaram o melhor desempenho em termos de atividade hidrolítica para uso na produção de oligopeptídeos derivados da lisina. A metodologia adotada para o cálculo do rendimento e grau de polimerização foi baseada na técnica de RMN 1H. 4.4.7.1 Cálculo do rendimento de oligolisina por RMN 1H A quantificação dos dímeros, trímeros, tetrâmeros e oligômeros derivados da lisina foi feita através da integração das áreas referentes aos sinais na região 4.1 – 4.4 ppm, correspondente aos prótons metínicos do carbono da unidade repetida de lisina na cadeia principal, e da área referente ao próton metínico do carbono na unidade de lisina em 3.9 ppm. A Figura 32 mostra os espectros de RMN 1H obtidos para os diferentes oligômeros de lisina, assim como as atribuições dos sinais utilizados no cálculo do rendimento. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 95 Figura 32 - Espectros de RMN 1H correspondentes aos dímeros, trímeros, tetrâmeros e oligômeros derivados da lisina Dímeros O O B H2N CH H N C A CH CH 2 CH2 CH 2 CH2 CH 2 CH2 CH 2 CH2 N H2 N H2 B Trímeros O CH OH A O B H2N C H N C C CH C H N A CH CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 NH2 NH2 NH2 B Fabio Pereira Fagundes C A O C OH Capítulo IV: Resultados e Discussão 96 Tetrâmeros B H2N CH O O C H N C CH H N C C O CH C O A H N CH C CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 NH2 NH2 NH2 NH2 B A C OH Oligômeros O H2N CH O O B H N C C CH H N C A CH C OH n C A CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 NH2 NH2 NH2 B As atividades de síntese para as proteases livres e imobilizadas foram investigadas através do rendimento e do grau de polimerização dos produtos obtidos. A Tabela 9 apresenta as equações empíricas utilizadas na determinação desses parâmetros. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 97 Tabela 9 – Fórmulas empíricas atribuídas aos picos referentes a dímeros, trímeros, tetrâmeros e oligômeros Rendimento (%) Grau de polimerização médio (GP) Dímeros R = (B – A)/(A + B) GP = (2A + C)/A Trímeros R = (B – A)/(A + B +C) GP = (2A + C)/A Tetrâmeros R = (B – A)/(A + B +C) GP = (2A + C)/A Oligômeros R = (B – A)/(A + B +C) GP = (2A + C)/A 4.4.7.2 Efeito do pH no rendimento e no grau de polimerização dos produtos obtidos A Figura 33 mostra o rendimento de oligolisina em função do pH para as diferentes proteases livres. Figura 33– Percentual de rendimento de oligolisina na reação em função do pH do meio. Quimiotripsina Tripsina 7 8 1 0 Fabio Pereira Fagundes 9 Bromelaína 10 Capítulo IV: Resultados e Discussão 98 A maioria das enzimas é ativa em uma pequena faixa de intervalo de pH. Esse efeito é resultado de uma série de fatores, tais como: ligação do substrato à enzima, estado de ionização dos resíduos de aminoácidos envolvidos na atividade catalítica (presentes na enzima), ionização do substrato e a variação da estrutura da proteína. Uma série de fatores influenciam o deslocamento da reação em favor dos produtos, dentre os quais, a variação do pH exerce um papel crucial na síntese de peptídeos (KANG et al., 2006). De acordo com os resultados apresentados na Figura 33, o maior rendimento foi observado no pH 7 para a protease bromelaína, pH 8 para a α-quimotripsina e pH 10 para a tripsina. Em valores extremos de pH, fortes interações de repulsão eletrostáticas causadas pela alta mudança de cargas no meio, resultam em inchamento e desdobramento das moléculas de proteína, causando, portanto, severas mudanças conformacionais em sua estrutura e consequente diminuição na atividade enzimática (KONKLAO et al., 2006; SIMON et al., 2001). O grau de polimerização é um crucial fator no ponto de vista prático para a determinação das propriedades básicas dos polímeros. O número médio do grau de polimerização (GP) é definido como o número médio de unidades estruturais repetidas por cadeia de polímero. A Figura 34 mostra a influência do pH no grau de polimerização das reações de síntese de oligolisinas utilizando diferentes proteases. Figura 34 – Grau de polimerização médio dos monômeros de lisina em função do pH para as diferentes proteases utilizadas. Tripsina 7 Fabio Pereira Fagundes 8 Quimiotripsina 9 Bromelaína 10 Capítulo IV: Resultados e Discussão 99 De acordo com os resultados de GP apresentados na Figura 34, claramente se observa a influência do pH na obtenção de oligômeros com diferentes massas molares. A protease bromelaína apresentou um maior grau de polimerização ( 4) comparada às demais, seguida da α-quimotripsina ( 3) e tripsina ( 2), respectivamente. A Figura 35 relaciona o percentual de conversão de monômeros em oligolisinas em função do pH para cada sistema utilizado. Figura 35 - Influência do pH no percentual de conversão do monômero de lisina em oligolisinas. De acordo com a Figura 35, o sistema Amberzyme-tripsina apresentou 38±8% de conversão de monômeros em oligolisina, sendo o mais alto percentual de conversão dentre os demais sistemas utilizados em pH 10. Por outro lado, o percentual de conversão apresentado pelo sistema Eupergit CM em pH 8 e 9 foi superior, com valores de 21±2% e 26%±2%, respectivamente, indicando, portanto, que esse sistema retém atividade sintética sob uma faixa de pH mais ampla. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 100 Devido à natureza hidrofóbica do suporte Amberzyme, a água apresenta uma tendência a sofrer repulsão dentro dos poros desse suporte em ambos os processos de hidrólise e síntese. A repulsão das moléculas de água, em ambos os processos, ocasiona a diminuição da taxa de hidrólise. Esse efeito explica esse sistema apresentar um dos mais baixos percentuais de atividade hidrolítica. Entretanto, durante a síntese de oligopeptídeos, a supressão de hidrólise, é responsável por favorecer a síntese, através da diminuição da desacilação pela competição com as moléculas de água. Esse comportamento nos levar a concluir que não se pôde predizer a atividade sintética a partir da hidrólise da caseína. A Figura 36 mostra o rendimento de peptídeos obtido em função do número de reusos para cada sistema (suporte-tripsina). Figura 36 – Percentual de rendimento dos sistemas em função do número de reusos. 38,1 36,3 33,8 40,1 31,7 39,0 34,3 27,3 23,9 15,1 31,3 18,2 12,7 9,7 13,0 12,7 9,1 9,3 9,4 7,5 36,7 28,8 21,8 23,6 15,1 11,3 13,2 7,8 8,5 9,5 Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 101 De acordo com a Figura 36, observa-se uma ligeira discrepância entre os valores de rendimento ao longo do número de reusos. Esse efeito pode ser explicado, provavelmente, devido à dificuldade no controle da quantidade de água presente nos suportes. Em outras palavras, o aumento da hidrofilicidade do meio resulta em uma maior acessibilidade do substrato ao centro ativo da enzima imobilizada. Foi comprovado em testes preliminares que os suportes utilizados sob a forma molhada, apresentaram um maior percentual de conversão em peptídeos quando comparados sob a forma seca. Desde então, vem se tentando obter um maior controle em relação à quantidade de água presente nos suportes, já que de acordo com os resultados obtidos de reusabilidade para a determinação de atividade sintética, o percentual de água no interior dos poros dos suportes, foi um fator crucial para o controle de atividade sintética, sendo mais evidenciado no sistema amberzyme-tripsina. Todos os sistemas apresentaram um percentual de perda de atividade sintética residual ao longo de 10 reusos. O sistema amberzyme-tripsina apresentou a melhor performance em termos de percentual residual de rendimento, seguido do suporte eupergit CM e Eupergit C. Tal fato atribui-se a uma melhor estabilidade desse sistema frente as condições reacionais de síntese. Outro fator importante, refere-se a inversão de performances dos suportes eupergit C e Eupergit CM em termos de atividade hidrolítica e sintética. Os valores de atividade hidrolítica desses sistemas não necessariamente apresentaram bons resultados de síntese, visto que, trata-se de condições reacionais e substratos diferentes. Por outro lado, nos fornece condições de avaliarmos se a enzima apresenta um mínimo de atividade capaz de catalizar outros sistemas reacionais. A Figura 37 relaciona o grau de polimerização médio em função do pH para os sistemas utilizados. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 102 Figura 37 – Grau de polimerização dos sistemas (suporte-tripsina) e tripsina livre em função do pH. De acordo com a Figura 38, todos os sistemas produziram oligômeros em somente 1 hora com grau de polimerização mais alto que a enzima livre. O sistema Amberzyme-tripsina apresentou um GP superior aos demais com valores de 2.8±0.1 em pH 10. Esse sistema provou ser o mais promissor para a síntese de oligopeptídeos em solução aquosa, em virtude do seu alto rendimento e de sua reusabilidade em 10 ciclos de reuso. Outro aspecto importante refere-se aos baixos valores de GP para a enzima livre e imobilizada nos diferentes suportes. A tripsina livre apresentou um rendimento de 67% e um GP médio de 2, ao passo que todos os sistemas de imobilização apresentaram menores rendimentos e GP ligeiramente maiores, ou seja, não há uma correlação linear entre esses dois parâmetros. Carothers (1936) propôs uma equação que comprova a não linearidade entre o grau de polimerização e o rendimento para sistemas homogêneos (enzima livre), como pode ser visto na Equação 4. Essa equação é aplicada para monômeros do tipo A-B, ou seja, monômeros em que os grupos funcionais responsáveis estequiométricas. Fabio Pereira Fagundes pela polimerização encontram-se em quantidade Capítulo IV: Resultados e Discussão 103 1 GP = 1-p (4) Onde: GP é o número total de moléculas de monômeros e p refere-se à taxa de conversão (ODIAN, 1991). O emprego da Equação 4 aos valores de rendimento indica que os baixos graus de polimerização para a enzima livre seriam esperados. Segundo Odian (1991), um alto grau de polimerização para reações de condensação é alcançado apenas com valores de taxa de conversão em torno de 98% com razão estequiométrica 1:1 entre os grupos reativos, e conversões abaixo de 80% (em média) apresentam um GP em torno de 4. Dessa forma, pode-se concluir que o tamanho da molécula independe da reatividade dos grupos funcionais na faixa de conversão obtida. No caso de sistemas heterogêneos (enzimas imobilizadas), a Equação de Carothers não deve ser aplicada, em virtude da interferência de vários parâmetros na cinética da reação (porosidade e tamanho de partícula do suporte, ponto isoelétrico da enzima após imobilização e outros). Os sistemas heterogêneos (protease imobilizada) apresentaram um GP ligeiramente superior aos sistemas homogêneos (protease livre), como foi mencionado anteriormente. Esse efeito provavelmente está relacionado ao microambiente da enzima no interior do poro. É possível que a síntese de oligopeptídeos em meio aquoso, usando proteases imobilizadas, seja mecanisticamente diferente da que ocorre em enzimas livres. Os monômeros difundem para o interior dos poros dos sistemas e, consequentemente, ocorre a formação de um microambiente favorável à reação desses monômeros com os terminais das cadeias em crescimento. Resultados semelhantes têm sido obtidos em reações de polimerização interfacial (ODIAN, 1991). A Figura 38 mostra o GP em função do número de ciclos dos diferentes sistemas suportetripsina. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 104 Figura 38 – Grau de polimerização em função do número de ciclos para cada sistema utilizado. 3.5 Grau de polimerização (GP) 3 2.5 2 Tripsina-Amberzyme 1.5 Tripsina-Eupergit C Tripsina-Eupergit CM 1 0.5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Número dede ciclos Número ciclosde reuso De acordo com as curvas mostradas na Figura 38, fica evidenciado que todos os sistemas são capazes de produzir oligômeros de lisina com grau de polimerização em torno de 2.5 e com alta estabilidade operacional (10 reusos). Os valores de rendimento mais altos, apresentados na Figura 36, não necessariamente refletem um alto grau de polimerização, como foi discutido anteriormente através da Equação de Carothers. Além disso, o GP está intrinsicamente ligado ao número de unidades repetidas por moléculas, ao passo que rendimento refere-se ao número total de moléculas que reagem. Dessa forma, é possível se obter um mesmo rendimento, no entanto, com diferentes graus de polimerização, como pode ser visto na Figura 39. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 105 Figura 39 – Modelo ilustrativo da determinação do rendimento e do grau de polimerização para uma mesma molécula. Grau de polimerização = 20 Rendimento = Grau de polimerização = 4 Moléculas que reagiram Grau de polimerização = Número de unidades repetidas por molécula 4.5 IMOBILIZAÇÃO DA PROTEASE BROMELAÍNA POR APRISIONAMENTO EM GEL DE PVA – CRIOGÉIS A eficiência de imobilização de enzimas depende nao somente do método e do suporte, mas também de peculiaridades como, por exemplo, o tipo de geometria da matriz. Na prática, formatos esféricos são frequentemente usados como suportes ideais devido às suas características de fluxo. Entretanto, matrizes com formatos cilíndricos ou sob a forma de filmes também têm sido usadas, devido à area superficial disponível para a imobilização (CAO, 2005). De acordo com a seção 4.6.2.1 apresentada nesse trabalho, várias estratégias foram utilizadas a fim de correlacionar o tipo de geometria da matriz à imobilização da enzima. Com base na metodologia adotada, o formato esférico apresentou uma baixa estabilidade mecânica e um baixo percentual de enzima imobilizada, além de uma enorme dificuldade relacionada à uniformidade das esferas. Diante disso, e devido à maior estabilidade operacional, maior percentual de imobilização e a possibilidade de moldagem, o tipo de geometria utilizado nesse trabalho para avaliar a eficiência catalítica da protease bromelaína foi restringido a cilindros e filmes. A Tabela 10 mostra alguns parâmetros referentes à formação dos criogéis de PVA obtidos pela metodologia utilizada. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 106 Tabela 10 – Efeito da concentração de PVA na aparência, forma e estabilidade dos géis formados. Concentração de PVA Aparência Forma Estabilidade Géis elásticos e semi- Cilindros e filmes - transparentes homogêneos Géis elásticos e semi- Cilindros e filmes transparentes homogêneos Géis elásticos e semi- Cilindros e filmes transparentes homogêneos Géis elásticos e semi- Cilindros e filmes transparentes homogêneos Géis elásticos e semi- Cilindros e filmes transparentes homogêneos (%) 5 8 10 12 15 + + + + * (-) Instável (N > 5); (+) Estável (N = 3 f-t ciclos) De acordo com os resultados preliminares, os géis obtidos com formato cilíndrico apresentaram uma menor eficiência catalítica quando comparados aos obtidos com formato de filme. Isso pode ser explicado pela menor área superficial, o que diminuiu a acessibilidade do substrato à matriz. Dessa forma, o tipo de geometria adotada para todos os sistemas de imobilização (Géis de PVA) foi o formato de filme. A Tabela 11 relaciona os sistemas de imobilização obtidos a partir de duas diferentes massas molares de PVA (16000 e 86000), a estabilidade operacional e a atividade hidrolítica (Unitsg de enzima) de cada sistema. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 107 Tabela 11 – Influência da concentração de PVA (diferentes massas molares) na estabilidade operacional, atividade hidrolítica e reusabilidade dos criogéis obtidos sob o formato de filme. Concentração de Estabilidade Atividade ***Atividade Atividade PVA (%) – operacional hidrolítica residual (%) – 1 residual (%) – 2 (Unitsg**) reuso reuso Mw 86000 5 Instável - - - 8 Estável 1.618 83 75 10 Estável 0.9978 87 80 12 Estável 0.551 90 86 15 *Estável 0 - - Concentração de Estabilidade Atividade Atividade Atividade PVA (%) – operacional Hidrolítica residual (%) – 1 residual (%) – 2 (Unitsg) reuso reuso Mw 16000 5 Instável - - - 8 Instável - - - 10 Instável - - - 12 Instável - - - 15 Instável - - - *Solução polimérica com alta viscosidade e baixas propriedades de fluxo, tornando-se inviável para a preparação das matrizes criogênicas. **Unitsg – molesmin.g de Bromelaína ***A atividade residual (%) – A reusabilidade foi determinada com base na atividade inicial do sistema, ou seja, a atividade residual 0 reuso representa 100%. De acordo com os resultados apresentados na Tabela 11, a massa molar de PVA e sua concentração foram fatores determinantes para a estabilização dos criogéis. O criogel obtido com 8% de PVA apresentou maior atividade hidrolítica, quando comparado aos outros criogéis de PVA. Além disso, foi observada uma diminuição na atividade hidrolítica à medida que houve aumento da concentração do polímero em solução. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 108 Os criogéis apresentaram uma textura elástica com formato quadrangular de dimensões na faixa de 3x3x1 mm. Uma característica fundamental dos criogéis obtidos foi a heterogeneidade dos poros, devido ao processo criogênico (Método freezing-thawing). Isso occorreu devido aos cristais de gelo agirem como “agentes formadores de poro” (porogen). Após o descongelamento do solvente, houve o surgimento de macroporos com vários tamanhos e diferentes “arquiteturas” (FRAY et al., 2007; TRIEU, QUTUBUDDIN, 1995). Dessa forma, é necessário enfatizar a importância das dimensões do poro inerente à estrutura macromolecular dos criogéis de PVA, de maneira a evitar problemas associados à difusão do substrato na matriz criogênica. 4.5.1 Influência da concentração polimérica e do tempo de congelamento na formação dos poros De acordo com a literatura, inúmeros fatores podem influenciar a porosidade dos criogéis, dentre os quais, destacam-se: a concentração do polímero e da enzima, o tempo de congelamento e descongelamento, a presenca de reagentes e o número de ciclos de freezing-thawing (congelamento e descongelamento) (PATACHIA, PAPANCEA, 2006; LOZINSKY, PLIEVA, 1998). A Figura 40 mostra a influência da concentração do polímero PVA e o tempo de congelamento na formação de poros dos criogéis obtidos. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 109 Figura 40 – Micrografias obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) da área transversal dos criogéis de PVA formados em meio aquoso. Figuras a e b – Criogéis de PVA com concentração de polímero 12% e 8%, respectivamente (tempo de congelamento: 12 horas, concentração de enzima 3mgmL e número de f-t: 3). Figuras a’ e b’ - Criogéis de PVA com concentração de polímero 12% e 8%, respectivamente, após o congelamento de 48 horas (concentração de enzima 3 mgmL e número de f-t: 3). Tempo de congelamento - 12 horas3 ciclos Tempo de congelamento - 48 horas3 ciclos de f-t a de f-t a’ b’ b De acordo com as micrografias mostradas na Figura 40, observa-se que a diminuição na concentração de PVA causou um aumento no diâmetro médio de poro do criogel na faixa de concentração polimérica estudada (Figuras 40a e 40b). Esse comportamento pode ser explicado pela menor interação inter e intramolecular por ligações de hidrogênio do polímero PVA em menores concentrações (além do menor grau de entrelaçamentos físicos), que propiciam menor viscosidade à solução Fabio Pereira Fagundes polimérica e, consequentemente, maior diâmetro médio e Capítulo IV: Resultados e Discussão 110 interconectividade dos poros. A Figura 41 mostra esquematicamente o efeito da concentração do polímero sobre a formação de poros no sistema. Figura 41 – Representação esquemática da rede polimérica de PVA em diferentes concentrações, evidenciando o maior grau de entrelaçamentos físicos e interações físico-químicas entre as cadeias poliméricas com o aumento da concentração de polímero e, consequentemente, diminuição do tamanho de poros e porosidade (conectividade entre os poros). PVA em baixas concentrações PVA em altas concentrações Representação das interações químicas das cadeias poliméricas Representação do diâmetro de poro das cadeias poliméricas Zonas formadoras de poros Outro importante fator refere-se à temperatura de congelamento, que controla não somente a dinâmica molecular do sistema, mas, também, os equilíbrios de fase, por exemplo, a razão entre o solvente congelado e o não congelado no meio criogênico. O regime de tratamento criogênico tem uma acentuada influência nas propriedades intrínsecas dos criogéis, em virtude de Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 111 estar diretamente associado ao efeito sinérgico da interpenetração das cadeias poliméricas, levando, portanto, à falta de mobilidade do polímero. As Figuras 40a e 40a’ representam os criogéis obtidos sob diferentes tempos de congelamento, 12 e 48 horas, respectivamente, ambos sob as mesmas condições de formação (concentração de polímero, de enzima e o mesmo número de ciclos f-t). As micrografias mostram que o tempo de congelamento de 48 horas nao favoreceu a formação de poros nos criogéis. Esse fato ocorreu, provavelmente, devido a um colapso do sistema, ocasionado pelo aumento de cristalinidade do PVA durante o congelamento. Ou seja, os domínios cristalinos do PVA crescem desordenadamente até encontrar a face uns dos outros, provocando, assim, a diminuição no tamanho dos poros, além de uma destruição parcial ou total na integridade da enzima. Além disso, temperaturas extremas, por um longo período de tempo, favorecem a imiscibilidade do polímero no meio, consequentemente, o solvente torna-se termodinamicamente “pobre” e o empacotamento das cadeias poliméricas se intensifica, provocando, portanto, o desaparecimento dos poros. 4.5.2 Influência da concentração da enzima na formação de poros dos criogéis O efeito da concentração da enzima é outro fator de grande importância na formação de zonas porógenas no criogel. No entanto, esse efeito reduzido à medida que a concentração do polímero é aumentada. Resultados preliminares comprovaram que concentrações de PVA acima de 12% foram responsáveis pela formação de uma estrutura rígida, estável e sem nenhuma zona porógena. Esse fato pode ser atribuído aos intensos entrelaçamentos físicos do polímero (PVA), além das fortes interações polímero-polímero por pontes de hidrogênio, que dificultam as interações da enzima no meio. Dessa forma, a concentração de 8% de PVA foi adotada, por proporcionar características morfológicas de superfície adequadas para a avaliação da influência da quantidade de enzima na formação de poros nos criogéis. A Figura 42 refere-se às micrografias obtidas por MEV dos criogéis sob diferentes concentrações da bromelaína. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 112 Figura 42 – Micrografias obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) dos criogéis de PVA 8% contendo diferentes concentrações de bromelaína: (a) – Criogel de PVA sem bromelaína e (b e c) – Criogéis de PVA em presenca da protease Bromelaína (1,5 e 3,0 mgmL, respctivamente). Condições: Número de ciclos f-t – 3 e tempo de congelamento – 12 horas. (a) (b) (c) Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 113 De acordo com as micrografias apresentadas na Figura 42, a concentração da protease no meio é outro parâmetro que influencia não somente o tamanho do poro, mas o surgimento dele no criogel. Claramente, observa-se o aumento do poro na medida em que a concentração da enzima aumentou de 0 para 3.0 mgmL. Esse efeito pode ser atribuído a uma maior perturbação das interações entre as cadeias de PVA à medida que a concentração da enzima aumenta. Em outras palavras, em concentrações mais altas da bromelaína, ocorre uma maior interação físico-química da enzima tanto com as moléculas do PVA quanto com as moléculas de água, reduzindo a formacão de zonas de junção das cadeias do polímero, ou seja, aumentando a desordem do meio. Indiretamente, esse comportamento nos levar a concluir que a interação entre os componentes do sistema, isto é, PVA, enzima e água é um fator importante para a segregação do sistema. 4.5.3 Influência do número de ciclos f-t na morfologia interna dos poros nos criogéis De acordo com Hassan e Peppas (1999), o número de ciclos f-t é responsável por aumentar os domínios cristalinos dos criogéis. Esse efeito proporciona uma maior estabilidade mecânica, devido à melhor distribuição de carga e estresse mecânico nessas regiões (FRAY et al. 2007; HASSAN; PEPPAS, 2000). Outro aspecto importante refere-se à influência do número de ciclos f-t na morfologia interna dos poros nos criogéis. A Figura 43 mostra a influência do número de f-t na estrutura interna dos criogéis obtidos. Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 114 Figura 43 – Micrografias obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) evidenciando as mudanças na estrutura interna dos criogéis de PVA 8% durante o processo de congelamento-descongelamento. (a) N= 1f-t, (b) N= 2f-t e (c) N= 3 f-t. Tempo de congelamento: 12 horas. a b c Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 115 As micrografias mostradas na Figura 43 comprovam que o número de f-t acelera o processo de formação de macroporos com maiores diâmetros (HATAKEYEMA, et al., 2005), o que favorece a difusão do substrato na estrutura interna do criogel (SZCZESNA-ANTCZAK, GALAS, 2001). 4.6 IMOBILIZAÇÃO DA Α-QUIMOTRIPSINA EM NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS DE METACRILATO DE GLICIDILA A terceira estratégia utilizada nesse trabalho para a síntese de oligopeptídeos solúveis em água refere-se à imobilização da protease quimotripsina em nanopartículas magnéticas de glicidil. A Figura 44 mostra a cinética de sorção da quimotripsina nesse suporte em função do tempo. A escolha dessa protease se deu em função de apresentar um percentual de grau de pureza próximo a da protease tripsina e um custo menos elevado comparado a anterior. Dessa forma, a quimotripsina foi utilizada como uma protease modelo para esse tipo de estratégia de imobilização. Figura 44 – Percentual de imobilização da quimotripsina em função do tempo . Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 116 A Figura 44 evidencia que após 5 horas de imobilização foi alcançado um máximo de carga teoricamente imobilizada em torno de 6%. Além disso, pôde-se verificar que 85% da quantidade total de α-quimotripsina imobilizada foi alcançada em 1 hora de imobilização. Mesmo diante de uma eficiência de imobilização de 50%, inferior aos demais métodos utilizados nesse trabalho, esse sistema apresentou resultados de atividade hidrolítica superior aos demais sistemas, como pode ser visto na Tabela 12. Tabela 12 - Dados comparativos referentes à CTI, EI, AH (Unitsg de enzima) e AR (%) dos sistemas usados. Condições: 60 mg de enzima, solução tampão fosfato de potássio 0.1 M, pH 7.7 e 500 mg de suporte. Protease α-quimotripsina Suporte CTI (%) EI (%) AH AR (%) MNPs 6 50 1064,25 55 Amberzyme 8,9 74,1 141,2 7,3 Grace 192 8,6 71,6 176,1 9,1 Eupergit C 7,1 59,1 94,8 4,9 Eupergit CM 5,7 47,5 81,3 4,2 Protease tripsina Amberzyme 9,2 76,6 276,5 13 Grace 192 7,1 62,5 295,3 13,9 Eupergit C 6,0 50 217,5 10 Eupergit CM 8,2 68,3 358,4 17 Protease bromelaína Amberzyme 7,9 65,9 23,6 1,5 Eupergit C 5,9 49,2 15,7 1 Eupergit CM 5,1 42,5 7,9 0,5 De acordo com os dados apresentados na Tabela 12, o sistema MNPs-α-quimotripsina apresentou uma atividade hidrolítica de 55%, ou seja, um valor superior aos demais sistemas utilizados nesse trabalho. Devido a um menor tamanho de partícula (95 nm) e a ausência de problemas associados à difusão do substrato no suporte, o ataque nucleófilo da hidroxila do resíduo serina 195 da α-quimotripsina a caseína ocorre com maior facilidade, em virtude da Fabio Pereira Fagundes Capítulo IV: Resultados e Discussão 117 exposição dos grupos epóxi situados na parte externa do suporte. Essas particularidades tornam esse sistema Por outro lado, a facilidade de agregação das nanopartículas vem sendo ainda um enorme problema para o desenvolvimento desse sistema. Mesmo utilizando um tensoativo aniônico (SDS) com função de dispersar as nanopartículas, uma etapa posterior de separação tem sido requerida a fim de remover o máximo de tensoativo aderido as MNPs. Os resultados comprovaram o potencial desse sistema na síntese de oligolisinas. Entretanto, tem sido requerida uma estratégia para avaliar o rendimento dos oligômeros derivados da lisina por RMN, devido à superposição dos picos causada pelas interações do SDS com as MNPs. Por essa razão, não foi possível determinar com confiabilidade o percentual de conversão dos monômeros desse aminoácido (lisina) em oligopeptídeos. A aplicação de enzimas imobilizadas em nanopartículas magnéticas vem recebendo enorme atenção, devido, principalmente, sua fácil manipulação, recuperação, maior superfície de contato (menor tamanho de partícula) e ausência de problemas associados à difusão do substrato na matriz do suporte. Características essas que as tornam uma ferramenta valiosa no processo de imobilização de enzimas para diversas aplicações (SUSTROVA et al., 2009). Dentre essas, esse trabalho tem sugerido que o uso de proteases imobilizadas nesse tipo de suporte representa uma alternativa promissora na síntese de oligopeptídeos em meio aquoso. Fabio Pereira Fagundes CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS Capítulo V: Conclusões e perspectivas futuras 119 5 CONCLUSÕES Uma nova estratégia de síntese de oligopeptídeos derivados de lisina, usando proteases imobilizadas em meio aquoso, tem sido apresentada nesse trabalho. Essa estratégia representa uma alternativa promissora no desenvolvimento de novos peptídeos e um significativo avanço na Química de proteínas. Dentro desse panorama, as principais conclusões foram: A protease tripsina livre manteve apenas 45% de sua atividade residual após 24 horas, ao passo que as proteases α-quimotripsina e bromelaína mantiveram 65% e 67% de suas atividades, respectivamente. O sistema Eupergit C-Tripsina mostrou a mais alta eficiência em termos de atividade hidrolítica e estabilidade térmica comparado aos demais sistemas que utilizam esse tipo de enzima. No entanto, não exibiu a mesma eficiência em termos atividade sintética. A alta densidade de carga presente no suporte Amberzyme foi, provavelmente, responsável pelo maior índice de CTI e EI da enzima. Por outro lado, esse sistema (Amberzyme-tripsina) apresentou um dos menores índices de atividade relativa comparado aos demais. Os sistemas Grace 192-, Eupergit C- e Eupergit CM-Tripsina perderam 75%, 34% e 60% de suas atividades iniciais, respectivamente, após 12 reusos, ao passo que o sistema Amberzyme-Tripsina perdeu somente 20%. A protease tripsina sob à forma livre perdeu 76% de sua atividade inicial na temperatura de 50 C, ao passo que Eupergit C-Tripsina perdeu apenas 24%. Fabio Pereira Fagundes 119 Capítulo V: Conclusões e perspectivas futuras 120 O sistema Grace 192/α-quimotripsina apresentou uma maior atividade relativa comparada aos demais. A hidrofilicidade da sílica (principal constituinte do suporte) associada à especificidade do substrato pode justificar o fato desse suporte apresentar um maior percentual de atividade catalítica quando comparado com o sistema utilizando a protease tripsina, mesmo apresentando similaridades quanto a estrutura química de ambas (tripsina e α-quimotripsina). O tempo de congelamento, o número de ciclos f-t, a concentração de enzima e polímero influenciaram diretamente a formação de zonas porógenas nos géis de PVA. Além disso, problemas associados à difusão do substrato na matriz refletiram os baixos valores de atividade hidrolítica. Com a diminuição da concentração de PVA (8%) e o aumento da quantidade de bromelaína nos criogéis (3 mg/mL), foi observado um aumento no diâmetro de poro. O número de f-t acelera o processo de formação de macroporos com maiores diâmetros. As micrografias comprovaram que 3 f-t apresentou criogéis de tamanho de poro superior ao de 1 f-t. A tripsina livre apresentou um rendimento de 67% e um GP médio de 2, ao passo que todos os sistemas de imobilização apresentaram menores rendimentos e GP maiores, ou seja, não há uma correlação linear entre esses dois parâmetros. Todos os sistemas (suporte-protease) apresentaram um percentual de perda de atividade sintética residual ao longo de 10 reusos. O sistema Amberzyme-tripsina apresentou a melhor performance em termos de percentual de rendimento, seguido do suporte Eupergit CM e Eupergit C. Tal fato atribui-se a uma melhor estabilidade desse sistema frente às condições reacionais de síntese. Todos os sistemas são capazes de produzir oligômeros de lisina com grau de polimerização em torno de 2,5 e com alta estabilidade operacional (10 reusos). Fabio Pereira Fagundes 120 Capítulo V: Conclusões e perspectivas futuras 121 A imobilização de enzimas em nanopartículas magnéticas de metacrilato de glicidila representa uma alternativa promissora para a obtenção de oligômeros derivados de lisina, apresentando uma atividade relativa à hidrólise superior aos demais sistemas utilizados nesse trabalho (55%). Fabio Pereira Fagundes 121 Capítulo V: Conclusões e perspectivas futuras 122 6 PERSPECTIVAS FUTURAS Avaliar a real quantidade de protease presente em 100% de proteína e sua atividade proteolítica através de ensaios eletroforéticos obtidos por zimogramas. Utilizar os sistemas resina-enzima que apresentarem a melhor performance em termos de atividade sintética em microcanais de fluxo contínuo para a produção de oligopeptídeos. Desenvolver hidrogéis de PVA com uma maior porosidade, a fim de diminuir os problemas relacionados à difusão do substrato no interior dos poros – Uso de polissacarídeos. Minimizar os efeitos causados pelas interações físico-químicas do SDS e as nanopartículas magnéticas de glicidila com o objetivo de quantificar o rendimento de oligolisinas por RMN 1H. Sintetizar nanopartículas magnéticas de glicidila com diferentes grupos funcionais terminais (OH) e (NH2). Fabio Pereira Fagundes 122 REFERÊNCIAS Referências 124 REFERÊNCIAS ABBAS, A.; VERCAIGNE-MARKO, M.; BOCQUET B.; VIVIEN, C.; GUILLOCHON, D. Covalent attachment of trypsin on plasma polymerized allylamine. Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, v. 73, p. 315–324, 2009. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0927776509002392. Acesso: 10 mar. 2010 ABBOTT, F. J.; GOMEZ, E.; BIRNBAUM, E. R.; DARNALL, D. W. Location of the calcium ion binding site in bovine α-trypsin and β-trypsin using lanthanide ion probes. Biochemistry, v. 14, p. 4935–4943, 1975. ABDEL-NABY, M. A.; ISMAIL, A-M. S.; AHMED, S. A.; FATTAH, A. F. A. 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