Tudor (2001) - aula 5: 1- A changing perspective on language teaching 2- The dynamics of teaching and learning 6- Methodology and context Disciplina: Ensino de línguas na Contemporaneidade Docente: Prof.ª Dr.ª Maria Helena Vieira-Abrahão Discentes: Patrícia Bedran Cristiane O. Pinhel Aguilera Uma nova tecnologia no ensino de línguas O cenário dos anos 60 ● Período marcado por reflexões e experimentações no campo de ensino e aprendizagem de LE. ● 1960 – marcado por mudanças no cenário político, social, o que influenciou o ensino de línguas. Mudanças socais (independência das colônias e reconstrução da economia da Europa pós-guerra) influenciam o ensino de línguas em dois caminhos: Aumentam a demanda ensino de línguas de Mudanças de foco (necessidades funcionais) Desenvolvimento de competências específicas em um domínio mais ou menos restrito de língua. Resultados ● Surgimento (em poucas décadas) de uma nova tecnologia no ensino de línguas. ● Variedade de recursos, materiais de ensino, metodologia etc. Ter à disposição uma nova tecnologia, ajuda, mas não é suficiente, pois o sucesso no ensino de línguas não é algo inerente a esta nova tecnologia, faz-se necessário, portanto, saber utilizá-la de maneira adequada (considerar os contextos, as crenças e as necessidades dos professores e aprendizes). Perspectiva ecológica no ensino de línguas Situação idealizada A perspectiva tecnológica seria ideal se: Os professores fossem “simplesmente” professores, os alunos “simplesmente” alunos e as salas de aulas idênticas, iguais. A sala de aula não é uma idealização pedagógica, é algo dinâmico, ativo. Sendo assim, compreender a realidade que é o ensino envolve explorar o quanto é significativo para professores e aprendizes e sua influência na sala de aula. Tecnologia é simplesmente apenas um elemento entre tantos outros. Perspectiva ecológica Oferece uma aprendizagem de línguas, uma forma alternativa de ver o contexto no qual o uso e a aprendizagem da língua estão situados (Van Lier) Tecnologia: Abordagens, metodologia, material que permitem que educadores escolham um curso ou um planejamento de aula. os Ecológica: Foca atenção nos fatores humanos e pragmáticos que influenciam o uso e provavelmente a efetivação desta tecnologia. Perspectiva ecológica A prática do professor é (ou é parte de) um pequeno ecossistema que é a sala de aula, e é difícil ignorar as ‘regras’ e a lógica inerente a este sistema e simplesmente aplicar a tecnologia de acordo com um manual de instrução. A realidade do professor é compartilhada pelas atitudes e expectativas dos estudantes, dos administradores, dos escritores de materiais e de muitos outros. Compreender o ensino é compreender o que estes diversos “participantes” trazem para a sala de aula e como isto influencia o que eles fazem. Identidade dos aprendizes ● Estudantes passam a ser como atores sociais que são definidos em termos do seu papel social em que deveriam usar a língua. → Turistas necessitando organizar uma viagem. → Estudante necessitando organizar um certo tipo de material. ● A principal ênfase estava nas necessidades dos estudantes, o que eles deveriam fazer na língua e a tradução dessas necessidades dentro de uma forma pedagógica coerente. Identidade dos aprendizes ● Diferenças individuais dos aprendizes: → São fatores de natureza psicológica, cognitiva e atitudinal que influenciam o modo pelo qual os aprendizes percebem e interagem com estudos de língua. Motivação (Dörney, 1990, 1994, 1998); Oxford and Shearin, 1994; Tremblay and Gardner, 1995). Diferenças individuais: Ansiedade (Scovel, 1978, Horwitz and Young, 1991) Campo da depedênciaindependência (Abraham, 1985; Chapelle, 1995) Tolerância para a (Chapelle and Roberts, 1986) ambiguidade Identidade dos aprendizes Grande atenção tem sido dada às teorias ou crenças sobre aprendizagem de língua que os estudantes trazem para a sala de aula e como estas influenciam sua interação com os procedimentos de ensino e aprendizagem de língua (Wenden, 1985). Crítica: Ao invés de responder às questões como: ● Como os aprendizes são diferentes uns dos outros e como podemos medir estas diferenças? Deveríamos responder: ● Como fazer aprendizes perceber-se como aprendizes de língua? ● Que efeitos os “constructos pessoais” tem no processo de aprendizagem de uma nova língua? ● Como indivíduos fazem sentido de sua própria aprendizagem? ● Como os professores podem ajudar os aprendizes a fazer sentido de sua própria aprendizagem em um modo pessoal. Identidade dos aprendizes Nossos estudantes não são uma tábua rasa, dentro da qual o conhecimento pode ser transferido de uma maneira nítida e prevista. Eles são seres humanos que interagem com procedimentos de ensino de uma maneira individual como parte de uma finalidade maior, de produzir ma compreensão pessoal da língua e da aprendizagem da língua no aqui e agora de suas vidas. Identidade dos professor ● Assim como o aluno, o professor não deveria ser mais visto como “simples” professor que implementa o conhecimento produzido pelos teóricos. ● Apresentam um conjunto de crenças, atitudes e percepções que influenciam seu próprio processo de ensinar uma dada LE. ● São participantes ativos para criar e interpretar a realidade de sala de aula. ● Dois fatores chaves que criam a realidade da sala de aula são: → o modo pelo qual professores interpretam materiais. → o modo como os professores interagem com os aprendizes. Identidade e Contexto Contexto: Pragmático: → Características externas, observáveis em uma dada situação de ensino: → Tamanho das salas de aulas → Recursos disponíveis (equipamentos) → Status do professor → Salários Mental: → Constituído de crenças, atitudes e expectativas trazidas pelos participantes para a sala de aula. Qual a influência desses dois contextos na realidade do Brasil? Respostas Uma variedade de abordagem metodológica e tipos de atividades para que os alunos possam encontrar alguns aspectos na aprendizagem de LE que correspondam às suas preferências. Meios para engajar ativamente os aprendizes na aprendizagem de língua. Nunan (1989) Treinamento do aprendiz → envolvimento do aprendiz no estudo da língua. Negociação do conteúdo → envolvimento do aprendiz. Currículo centrado no aprendiz → envolvimento do aprendiz. Professor não é mais visto como um tecnicista. Empoderamento do professor - conhecimento, habilidade e autonomia (Kumaravadivelu, 1994). Professores são participantes ativos na criação da realidade de sala de aula e fazem isso de maneira individual. Consciência do professor e suas habilidades são fatores cruciais na qualidade de ensino. Conceito de ensino reflexivo (Wallace, 1991; Graves, 1996; Nunan and Lamb, 1996). Questionamentos ● Necessidade de suporte aos professores ● Organização dos programas de formação ● Dificuldade de tempo e recursos para o desenvolvimento do professor ● Fatores institucionais, sociais, organizacionais e ideológicos. Questionamentos ● Reconhecer a complexidade do ensino em ambos termos humano e contextual deveria ser positivo ou negativo? ● Isto é um indício que nossa profissão está sofrendo de uma confusão pós-moderna, ou que o ensino de línguas tem sido vítima da ‘crise de valores’ em nossa sociedade? Reconhecer o ensino de língua de uma maneira mais aberta e construtiva, nós estamos mostrando as coisas como realmente elas são. ●Generalizações X Especificidades de cada situação. Como abordar isso na realidade brasileira? A essência da perspectiva ecológica no ensino de línguas é precisamente compreender as situações únicas à luz das dinâmicas de cada uma dessas situações. Racionalidade ● Representa um conjunto interno e coerente de crenças sobre a natureza e a finalidade do ensino de línguas. ● Cada situação de ensino, portanto, exibirá um número de diferentes racionalidades e o professor deve estar atento a isso. Senso de plausibilidade Racionalidade dos estudantes ● Cada estudante tem sua história de ida, pessoal, experiência educacional e tudo isso influencia as atitudes o processo de aprendizagem e o modo como eles definem seus objetivos. Racionalidade do professor ● Professor, como os estudantes, são indivíduos e suas ações na sala de aula refletem sua individualidade e sua própria filosofia de ensino. Isto exerce muito influencia no que eles fazem em sala de aula e como interagem com outros participantes. Racionalidade metodológica ● Escolha metodológica nunca é neutra. ● Quando você adota um certo material, cede lugar, na sala de aula, a uma racionalidade educacional específica. Racionalidade sociocultural ● A sala de aula é uma realidade socialmente definida e influenciada por sistema de crenças e normas de comportamento da sociedade da qual é parte. Racionalidade institucional ou cooperativa ● Instituição influencia o caminho por meio do qual se define a natureza e a finalidade do ensino de línguas. Setor Público ●Educação obrigatória. ●Tomada de decisão é feita por vários participantes. Setor privado ●Frequência livre. ●Estudantes escolhem o curso ●As escolas tem mais liberdade para definir seus objetivos e abordagens para ensinar LE (No Brasil?). Para reflexão: Até que ponto os recursos tecnológicos facilitam a nossa vida? Qual a abordagem predominante em sua formação (tecnológica ou ecológica)? Qual sua contribuição dela(s) para sua formação? Qual a abordagem predominante em seu processo de ensinar LE (tecnológica ou ecológica)? UMA PERSPECTIVA DINÂMICA SOBRE A SALA DE AULA • Ensinar uma língua – atividade complexa; • Processo de ensino/aprendizagem como um fenômeno dinâmico (Prabhu, 1992) – consequência lógica da diversidade das perspectivas que se encontram e interagem na sala de aula de línguas; • A natureza dinâmica pode emergir: 1) a cada novo grupo de alunos e de um ano para outro com o mesmo grupo de alunos; 2) mudança introduzida no sistema educacional (modus vivendi); UMA PERSPECTIVA DINÂMICA SOBRE A SALA DE AULA • Holliday (1991): ‘tissue rejection’ – programa de aprendizagem falha e precisa ser abandonado ou radicalmente revisado (programas desenvolvidos por agentes externos / percepções não coincidentes) – resultado da interação dinâmica dos diferentes participantes; a necessidade de uma troca aberta de percepções; UMA PERSPECTIVA DINÂMICA SOBRE A SALA DE AULA • ‘Token adoption’: programa é adotado, mas de um modo diferente – discrepância entre a intenção oficial e a realidade pedagógica (levantamento superficial X estudo detalhado); • A implementação de reformas educacionais acontece em cada sala de aula da instituição ou do sistema educacional: o todo emerge de um conjunto de ações e escolhas específicas; • O sucesso só é decidido na interação dinâmica de professores e alunos nas inúmeras salas de aula do sistema. UMA PERSPECTIVA DINÂMICA SOBRE A SALA DE AULA • ENTÃO: 1) para compreender o que acontece na realidade das salas de aula – explorar o significado que o ensino tem para os participantes e a dinâmica que surge do encontro das diferentes percepções sobre a natureza e objetivos da atividade; 2) o ensino efetivo depende da habilidade do professor de negociar uma compreensão compartilhada e mutualmente significativa da aprendizagem de línguas com os alunos, mas em um contexto formado pelas percepções e objetivos de vários participantes, muitos fisicamente distantes da sala de aula. Visões idealizadas do ensino de línguas – normalidade e planejamento ordenado antecipadamente. 6 METODOLOGIA E CONTEXTO • O lugar da metodologia 1) Perspectiva tecnológica: visão positivista – relação linear entre princípios teóricos e realidade; 2) Perspectiva ecológica: visão holística – metodologia contribui para a realidade de SA, mas de modo dinâmico, na interação com vários aspectos do contexto, incluindo valores e objetivos dos vários participantes; É preciso avaliar a adequação contextual de opções metodológicas 6 METODOLOGIA E CONTEXTO • Explorando o contexto 1) Fatores mentais; 2) Fatores pragmáticos; É necessário estudar a interação entre esses dois fatores e explorar o contexto holisticamente. É necessário que o planejamento educacional leve em conta não apenas as condições materiais do ensino (boas ou ruins), pois elas não garantem o sucesso do ensino, mas também a influência que essas condições têm sobre as atitudes e envolvimento efetivo dos participantes no processo de ensino/aprendizagem. 6 METODOLOGIA E CONTEXTO • Os estudos de caso: foco nos detalhes do ensino de línguas vivenciado em um contexto particular (idiossincráticos) – a interação dinâmica entre os participantes e o contexto; estudo de situações problema: análise da interação complexa da metodologia com o contexto. 1º estudo de caso: A força das circunstâncias • O fator material: o tamanho da classe; • Os objetivos: 1) explorar a dinâmica da SA que surge a partir das reações dos participantes diante das condições materiais difíceis; 2) levantar a questão de onde a reforma ou a inovação podem ser melhor iniciadas e o significado que tal mudança poderia ter para os participantes dentro e fora da SA; 1º estudo de caso: A força das circunstâncias (Shamim, 1996) • O contexto e suas razões: falta de consciência dos professores e insegurança para usar estilos alternativos de organização de SA; efeito cultural: professor como figura de autoridade e respeito conferido pela idade e pelo conhecimento; visão de ensino/aprendizagem: ensinar = transmissão de conhecimento; 1º estudo de caso: A força das circunstâncias (Shamim, 1996) • 4 aspectos principais: professor ativo / alunos passivos (forma tradicional de ‘atividade’: o professor como a fonte e o transmissor do conhecimento); professores com pouca proficiência na l-alvo; presença de um syllabus e de um livro didático que deveriam ser concluídos para posterior avaliação; limite de tempo. 1º estudo de caso: A força das circunstâncias (Shamim, 1996) • The ‘action zone’ e seu poder de atração: oportunidade, atitude e aspiração. • Análise: a sala de aula como um meio de aprendizagem controlado; a competição e o aspecto darwinista; sistema: combinação de circunstâncias práticas e a forma como professores e alunos; visão dominante de língua e pouca relevância imediata fora da sala de aula; 1º estudo de caso: A força das circunstâncias (Shamim, 1996) • 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) Discussão: Alterar a situação? Inovação metodológica? O conceito de ‘vantagem relativa’ de Markee’s (1997) Compatibilidade com as expectativas e modos habituais de estudo dos alunos; Comportamentos construídos por professores e alunos; Intenção do estudo: apontar a complexidade de mudar um sistema educacional devido a suas regras internas; Reforma pedagógica planejada dentro de um contexto geral criado por tais fatores; ENTÃO, O QUE FAZER? 2º estudo de caso: Racionalidades conflitantes • • • Falta de coerência entre os pressupostos teóricos da metodologia e as atitudes e expectativas dos participantes: realidade que a metodologia assume em SA difere-se de seu construto teórico; Contexto – resultado de uma variedade de fatores mentais e pragmáticos, bem como da interação entre os dois fatores; Estudo: tensão em uma SA do Sri Lankan com o uso de um determinado livro caracterizado por uma abordagem metodológica; natureza multifacetada do contexto e como os vários fatores contextuais influenciam a interação dos alunos com a metodologia; 2º estudo de caso: Racionalidades conflitantes • • • • O contexto: 22 alunos universitários; obrigatoriedade do curso; classe social economicamente desvantajosa; língua socialmente marcada em sua própria cultura; Livro (AKL) escolhido por razões financeiras, pragmáticas e particulares; Características do livro: foco no sistema verbal, uso de atividades de aprendizagem organizadas em termos gramaticais, mas com um forte componente situacional; Falta de coerência da natureza das situações do livro com o sistema de valores, experiência social e aspirações dos alunos; 2º estudo de caso: Racionalidades conflitantes • • • A reação dos alunos: o lugar da gramática, a natureza das atividades de aprendizagem e o conteúdo cultural do livro; Análise: três visões diferentes – livro / professor / alunos Discussão: dois aspectos da interação entre metodologia e contexto – a influência de vários fatores sobre o que acontece em SA e dos pressupostos e ações dos participantes que podem estar fisicamente distantes; os alunos interagem com a realidade da SA como se ela fosse parte integral de suas vidas como indivíduos, como membros de uma comunidade e como jovens querendo ser bem sucedidos em seus estudos universitários. O que fazer?