ISSN 1982 - 0283 ENSINO DE INGLÊS NA EDUCAÇÃO BÁSICA Ano XXIV - Boletim 4 - MAIO 2014 Ensino de Inglês na Educação Básica SUMÁRIO Apresentação........................................................................................................................... 3 Rosa Helena Mendonça Introdução............................................................................................................................... 4 Eliane Hércules Augusto-Navarro Texto 1: Expectativas dos aprendizes e planejamento de ensino na disciplina Inglês: considerações sobre contextos da rede pública de ensino.................................................................. 9 Eliane Hércules Augusto-Navarro Patrícia de Oliveira Lucas Texto 2: Ensino-aprendizagem de Inglês: a importância da motivação e do interesse dos aprendizes.............................................................................................................................. 17 Cláudia Jotto Kawachi-Furlan Texto 3: Professores de Língua Estrangeira do Ensino Médio voltam à formação: o que podem fazer de diferente?..........................................................................................................22 José Carlos Paes de Almeida Filho Margarete O. S. Nogueira Rita de Cássia Barbirato Ensino de Inglês na Educação Básica Apresentação A publicação Salto para o Futuro comple- A edição 4 de 2014 traz o tema Ensino de menta as edições televisivas do programa Inglês na Educação Básica, e conta com a de mesmo nome da TV Escola (MEC). Este consultoria de Eliane Hércules Augusto- aspecto não significa, no entanto, uma sim- -Navarro, Doutora em Letras pela Univer- ples dependência entre as duas versões. Ao contrário, os leitores e os telespectadores – professores e gestores da Educação Bási- sidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, com estágio pós-doutoral e SWD na Universidade de Michigan, Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual ca, em sua maioria, além de estudantes de de Campinas, Professora Associada da Uni- cursos de formação de professores, de Fa- versidade Federal de São Carlos e Consultora culdades de Pedagogia e de diferentes licen- desta Edição Temática. ciaturas – poderão perceber que existe uma interlocução entre textos e programas, pre- Os textos que integram essa publicação são: servadas as especificidades dessas formas distintas de apresentar e debater temáticas variadas no campo da educação. Na página eletrônica do programa, encontrarão ainda outras funcionalidades que compõem uma rede de conhecimentos e significados que se 1. Expectativas dos aprendizes e planejamento de ensino na disciplina Inglês: considerações sobre contextos da rede pública de ensino 2. Ensino-aprendizagem de Inglês: a importância da motivação e do interesse dos aprendizes efetiva nos diversos usos desses recursos nas escolas e nas instituições de formação. Os 3. Professores de Língua Estrangeira do Ensi- textos que integram cada edição temática, no Médio voltam à formação: o que podem além de constituírem material de pesquisa e fazer de diferente? estudo para professores, servem também de base para a produção dos programas. Boa leitura! Rosa Helena Mendonça1 1 Supervisora Pedagógica do programa Salto para o Futuro (TV Escola/MEC). 3 Introdução Direitos de alunos da Educação Básica com relação ao ensino-aprendizagem de Inglês (língua estrangeira): breve reflexão Eliane Hercules Augusto-Navarro1 Quando pensamos no ensino-apren- com relação ao ensino-aprendizagem de lín- dizagem de uma língua estrangeira, não te- gua (inglesa no caso de nossa atuação pro- mos como evitar um leque de estereótipos, fissional em ensino, pesquisa e extensão). fantasias e “receitas”, a respeito de como Os princípios apresentam linhas mestras so- se deve ensinar ou aprender, “de verdade”, bre características fundadoras sobre como e uma língua. A mídia, com suas propagandas por que ensinar e aprender a partir de certas sobre vantagens, facilidades, diversão e gla- premissas. A linguista Larsen-Freeman pon- mour de se aprender a falar, sobretudo o In- dera, em um de seus trabalhos, que antes glês, neste ou naquele instituto de idiomas, de ensinarmos línguas, estamos ensinando contribui para um imaginário bastante fan- alunos (2003). Dessa forma, é fundamental tasioso sobre o tema. saber e considerar quem são esses alunos, que espaço ocupam, o que esperam apren Porém, a questão é bem mais com- der, de que forma e por quê. plexa do que a retratada na mídia. O ensino-aprendizagem de línguas deve ser guia- do por princípios, tanto de aprendizagem, Tomlinson referem-se à aquisição da lingua- como de ensino, conforme defendido por gem e ao ensino de línguas, conforme segue: Os dez princípios apresentados por Tomlinson (2010), baseando-se em uma série de estudos sobre o tema. Os princípios apresentados Princípios de aquisição: por Tomlinson estão diretamente relacionados 1) Insumo rico – exposição à língua em uso significativo, compreensível e abundante; aos direitos dos alunos da Educação Básica, 1 Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, com estágio pós-doutoral e SWD na Universidade de Michigan, Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas, Professora Associada da Universidade Federal de São Carlos e Consultora desta Edição Temática. 4 2) Experiências linguísticas com potencial 3) Ensino planejado de forma a oportuni- cognitivo e afetivo – oportunidades para pen- zar aos aprendizes desenvolvimento edu- sar e sentir (envolver-se emocionalmente) cacional que os leve a maior maturidade, com tópicos e temas nas aulas de língua; criticidade, criatividade, espírito de cooperação, construção, capacidade e confiança; 3) Atitude positiva – envolvimento favorável com o que é proposto e trabalhado; 4) Os professores devem ser capazes de utilizar materiais didáticos de forma per- 4) Representações mentais complexas – opor- sonalizada e sensível ao contexto de uso, tunidade de uso verossímil ao que se faz em relacionando-os de diversas formas às ne- situações sociais diversas; cessidades, aspirações e estilos de aprendizagem de cada aluno ou grupo de alunos. 5) Oportunidades para notar fatos linguisticamente salientes – aprender a refletir sobre as relações entre as escolhas linguísticas e os sentidos alcançados; Os princípios discutidos por Tomlin- son (2010) e resumidamente apresentados neste texto, ajudam a apontar os direitos de nossos alunos com relação ao ensino- 6) Oportunidades de usar a língua para tentar -aprendizagem de línguas. Entendemos alcançar propósitos comunicativos – intera- que nossos alunos têm direito ao estudo de ção entre interlocutores com negociação de uma ou mais línguas estrangeiras (LE) e a sentido(s). experiências nas diferentes práticas sociais em uso dessas línguas. Aprendizes de uma Princípios de ensino de línguas: LE devem participar de interação na língua que estudam, e vivenciá-la, com oportunida- 1) O conteúdo e a metodologia de ensino des de reflexão sobre costumes de diferen- devem ser consistentes com os objetivos tes povos e culturas, de forma a entender do curso e devem ir ao encontro das neces- comportamentos e a desenvolver respeito sidades e expectativas dos alunos; pelas diferenças. Aprendizes de línguas precisam receber educação para a reflexão, in- 2) O ensino deve ser planejado para auxi- clusive sobre o funcionamento da língua, liar o aprendiz a atingir o desenvolvimen- para que sua aprendizagem seja facilitada e to linguístico e não apenas a aquisição de eles aprendam a aprender. É desejável ain- formas linguísticas (acesso a diferentes gê- da, para o desenvolvimento de um proces- neros e propósitos comunicativos e preo- so educativo mais consistente, o acesso ao cupação com equidade de forma, sentido e uso – pragmática); ensino-aprendizagem da língua, integrado 5 a outros conhecimentos. Por fim, os alunos Além disso, são desejáveis recursos merecem ambientes adequados e bem mon- para o acompanhamento e a reflexão dos tados para as aulas de línguas e, sobretudo, alunos sobre o seu desenvolvimento, por professores adequadamente preparados e meio, por exemplo, de uma plataforma de amparados para a realização de um trabalho apoio em que possam registrar suas pro- consistente. duções e, com o apoio de um interlocutor (estagiário, monitor, pesquisador, aluno em Para que tais direitos sejam alcan- intercâmbio), acompanhar/analisar o seu çados, as condições mínimas necessárias desenvolvimento. Grosso modo, precisamos dividem-se, então, em recursos materiais e buscar subsídios para desenvolver atividades humanos, conforme apresentamos a seguir. que lhes permitam entender a língua-alvo e É importante ressaltar que os recursos huma- interagir na mesma por meio da discussão nos são mais importantes do que os mate- de temas que lhes sejam relevantes, disponi- riais, sendo que estes potencializam as possi- bilizando acesso à reflexão e feedback sobre bilidades de bom uso daqueles. Assim, não é seu próprio aprimoramento na língua alvo. possível o desenvolvimento de conhecimento sem que o professor esteja bem preparado, Ainda em recursos materiais, preci- seguro, amparado e em sintonia com seus samos da disponibilidade de materiais didá- alunos, ainda que disponha dos mais maravi- ticos, paradidáticos e midiáticos, tais como: lhosos e modernos recursos materiais. vídeo games, livros literários, filmes, seriados, cd’s e vídeos musicais, jogos diversos, Sobre condições de ensino e aprendi- gibis, revistas, entre outros. zagem de Inglês na Educação Básica Quanto aos recursos humanos, são Em termos de recursos materiais, imprescindíveis professores com acesso à precisamos pensar em ambientes que propi- formação continuada e constante, que lhes ciem uma aprendizagem significativa, efetiva permita vivenciar um ciclo formador reflexi- e afetiva, tais como: salas ambiente, com es- vo completo e lhes possibilite garantir os di- paço, luminosidade, mobiliário, recursos tec- reitos de aprendizagem de línguas nas salas nológicos e de apoio para o desenvolvimento de aula, além do apoio de técnicos que pos- das aulas, além de salas de vivência para o sam atualizar e manter o bom funcionamen- desenvolvimento de outras atividades sociais to dos equipamentos e recursos da escola. em LE, como teatro, shows e gincanas, desenvolvidos pelos alunos na língua alvo. 6 A interação professor, aluno e recursos O professor é, certamente, no con- gosto de seus filhos”; • Alunos - alimentando-se bem e valorizando suas refeições: “filhos bem alimenta- texto em que atua, quem melhor conhece a dos e satisfeitos com o que têm à mesa”. escola, seus alunos, necessidades, interesses, possibilidades, anseios e limitações. É ele o especialista para falar de sua sala de aula. Porém, se pudéssemos fazer uma metáfora, o professor poderia ser visto como uma mãe que sabe que seus filhos estão famintos e de quais nutrientes precisam, mas não tem todos os ingredientes e talvez não conheça a propriedade de uma variedade grande de alimentos que lhe possa dar opções para preparar pratos nutritivos e de sabor que agrade a suas crianças. Pesquisadores da área de ensino-aprendizagem de línguas, instituições mantenedoras das escolas, professores e alunos poderiam estar melhor integrados para resultados mais favoráveis, da seguinte forma: Sabemos que nada nas Ciências Hu- manas é simples e direto como em uma equação matemática e não temos a intenção de passar receitas, pois nem acreditamos que a temos ou que existam fórmulas mágicas e precisas para todos os casos. Apresentamos essa metáfora, reconhecidamente tosca, apenas para compartilhar uma reflexão, qual seja: percebemos que os alunos estão “famintos” por algo mais do que temos conseguido oferecer em aulas de LE na Educação Básica e reconhecemos que os professores sabem disso, conhecem seus alunos e anseios, mas não encontram, na maioria das vezes, meios para atingir tais objetivos. Sabemos também que há inúmeras pesquisas na área de ensino-aprendiza- • Pesquisadores - desenvolvendo pesquisas e oferecendo contribuições significativas (informações e indicação de meios) para a formação continuada dos professores de LE: seriam as “informações sobre os nutrientes”; • Instituições mantenedoras das escolas - disponibilizando ingredientes variados e utensílios diversos, seria: a “riqueza de ingredientes e acesso ao preparo das refeições”; • Professores - colocando em prática e uso gem de LE. Os princípios apresentados por Tomlinson (2010) compilam alguns achados importantes sobre o tema, mas existe ainda muito mais, e nossas escolas precisam ter acesso a maiores possibilidades. Não temos de, ou devemos, fornecer os modelos, mas sim abrir um leque de possibilidades. Em resumo O ensino-aprendizagem de Inglês na o que sabem, o que aprendem e o que têm escola de Educação Básica, tanto pública à disposição: “preparando os pratos, res- quanto privada, desenvolve, em muitos ca- peitando as necessidades de nutrição e o sos, e há muito tempo, um “jogo de faz de 7 conta”. O professor faz de conta que ensina, REFERÊNCIAS mas não tem como estar satisfeito com o desenvolvimento que percebe e o aluno faz de LARSEN-FREEMAN, D. Teaching Language: conta que aprende, repetindo a cópia, a tra- From Grammar to Grammaring. 1st edition. dução e a repetição mecânica. Afinal, “sem- Michigan: Heinle Elt, 2003. 170 p. pre foi assim”. TOMLINSON, B. Principles of effective maPercebemos, a partir da instaura- terials development. In: English language ção do programa Ciências sem Fronteiras teaching materials: theory and practice. (CsF)2, que não existe apenas uma lacuna Harwood, N. New York: Cambridge Univer- no conhecimento de LE entre os estudan- sity Press, 2010. tes brasileiros, mas uma verdadeira cratera, que procura agora ser minimizada pelo programa Inglês sem Fronteiras (IsF).3 Estudiosos da área já sabiam dessa condição, mas não tinham muita força para alcançar mudanças. Quiçá agora seja o momento de conseguirmos o planejamento de práticas mais autênticas e com resultados mais significativos. Deixamos aqui nossa reflexão. 2 Programa do governo brasileiro, em andamento desde 2012, de incentivo ao intercâmbio acadêmico com instituições estrangeiras de ensino e pesquisa. Mais informações nos sites oficiais dos programas Ciências sem Fronteiras: http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf 3 Programa MEC de apoio ao desenvolvimento de proficiência em Língua Inglesa por universitários brasileiros, em andamento desde 2013. Maiores informações : http://isf.mec.gov.br/ 8 texto 1 E xpectativas dos aprendizes e planejamento de ensino na disciplina I nglês : considerações sobre contextos da rede pública de ensino Eliane Hércules Augusto-Navarro1 Patrícia de Oliveira Lucas2 “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Para este artigo, pretendemos dis- Todos nós sabemos alguma coisa. Todos correr sobre a importância da fase que cor- nós ignoramos alguma coisa. Por isso responde ao levantamento das expectati- aprendemos sempre”. vas dos aprendizes, já que é ela que servirá Paulo Freire como diagnóstico para que o professor possa traçar os objetivos que espera atingir na disciplina que ensina. Dessa forma, entender o que são, e considerar as expectativas Introdução dos aprendizes, pode contribuir, não apenas para uma aula mais frutífera, mas também Toda instituição, em especial aque- las voltadas para o ensino-aprendizagem, para uma prática mais significativa, inclusive para o próprio professor. precisam de um planejamento para que as metas a serem traçadas sejam alcançadas. Assim, para que esse instrumento seja ela- Contexto da escola pública: agentes envolvidos borado, há que se entender que ele é constituído por muitas fases, as quais, juntas, são O contexto da escola pública que determinantes para compor aquilo que cha- apresentamos para este artigo, de acordo mamos de unidades de ensino. com os depoimentos de alunos, professores 1 Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002), com estágios pós-doutoral (2012) e SWD (1998-1999), ambos na Universidade de Michigan. Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (1997). Professora associada da Universidade Federal de São Carlos. 2 Doutoranda em Linguística pelo programa da Universidade Federal de São Carlos, na área de ensino aprendizagem de línguas. Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas/ Unicamp. Atuou como professora substituta no Departamento de Letras pela Área de Língua Inglesa e suas Literaturas na Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. 9 e também pais, faz referência ao ano de 2004. tadual paulista apresentavam carteiras, giz, Utilizamos ainda dados parciais de uma pes- quadro negro e em algumas delas, havia ainda quisa de doutorado em andamento, mostran- ventiladores. Algumas instituições contavam do o contexto das escolas públicas quase uma com uma sala, a qual se dava o nome de “am- década depois de nossa primeira coleta. biente”. Esta sala apresentava recursos adicionais, a saber, uma TV e um aparelho de VHS No ano de 2004, trabalhamos com três para que o professor pudesse, mediante agen- escolas da rede pública de ensino, voltadas damento prévio, trabalhar algumas atividades para o Ensino Médio. Para cada escola, reali- voltadas para o desenvolvimento de habilida- zamos entrevistas com professores da discipli- des orais com os alunos. na de Inglês e também de outras disciplinas, além de diretores, coordenadores, inspetores Quase todo o conteúdo trabalhado de alunos, pais de alunos e os próprios estu- pelo professor em sala de aula era abordado dantes. Nas três escolas investigadas, tivemos por meio de diversos tipos de materiais, com- a oportunidade de entrevistar cerca de 186 pilados por ele mesmo, que os trazia para participantes. sua atuação profissional. Os conteúdos eram dados de forma expositiva. Assim, os alunos Para o ano de 2013, trabalhamos com quatro escolas, também da rede pública, mantendo nosso foco no Ensino Médio. E, embora nossos participantes tenham sido apenas os professores da disciplina de Língua Inglesa, pudemos entender, pela voz desses sujeitos, as expectativas dos aprendizes por meio de outro olhar. As informações foram muito relevantes e bastante informativas e nos auxiliaram a tra- tinham que copiar tudo o que o professor passava no quadro negro, para que depois pudessem realizar as atividades propostas. No ano de 2013, pudemos encontrar uma sala de aula reconfigurada em alguns aspectos. Embora as salas ainda apresentem mais ou menos o mesmo layout, elas passaram a contar com outros tipos de recursos, tais como, projetores e caixas de som portá- çar os panoramas encontrados, assim como teis. Dessa forma, o trabalho que, antes, de- rumos e perspectivas voltados para o ensino- veria ser feito em uma única sala, já pode ser -aprendizagem de Língua Inglesa (LI) na Edu- desenvolvido em outro ambiente. Em adição, cação Básica do contexto em questão. as escolas contam hoje com uma sala de informática, que pode ser utilizada pelos próprios Retratando uma década de escola pública alunos, em horário diferente de suas aulas, e não apenas em horário de aula, quando de seu agendamento pelo professor. Em 2004, as salas de aula da rede es- 10 Outros recursos importantíssimos ses), por meio de um questionário de análi- com que a escola pública começou a contar se de necessidades revela-se como o ponto foram os materiais didáticos, doravante MDs: de partida para um planejamento de ensi- o currículo do estado, fornecido pelo Gover- no. Nesse aspecto, coincidimos com Via- no do Estado de São Paulo, denominados Ca- na (2004, p. 38), quando o autor mencio- dernos, e os livros didáticos (LDs), fornecidos na “que o levantamento de necessidades/ pelo Governo Federal. Tanto os alunos quan- interesses é uma etapa imprescindível da to os professores recebem os dois materiais. tarefa de planejamento, pois será crucial O último recurso, sendo consumível, conta na determinação do escopo dos objetivos”. ainda com um CD que acompanha o livro, o qual pode ser utilizado pelo aluno para com- Respeitar os interesses pode ser a plementação das atividades didáticas desen- forma mais harmoniosa de alcançarmos volvidas em sala de aula pelo professor. Os metas e suprir necessidades de aprendiza- áudios presentes na mídia eletrônica são gra- gem, pois quando um aprendiz está envol- vados por falantes nativos. vido no processo de aprendizagem e ativamente engajado (LARSEN-FREEMAN, 2003), Assim, após apresentarmos os re- temos maiores chances de que ele desen- tratos da escola pública em um intervalo volva seus conhecimentos e habilidades. de 10 anos, discorreremos teoricamente Colocado de uma forma bem simples, é sobre algumas das definições que emba- impossível ensinar algo a alguém que não sam o conceito de expectativas dos apren- queira aprender, ou que não acredite que dizes em sala de aula. possa ou valha a pena aprender o que está sendo ensinado. Da mesma forma, há me- Expectativas dos aprendizes: entendendo o que são necessidades/interesses tas a serem atingidas a partir de estudos e análises. Assim, o ideal é buscar a integração das necessidades com os interesses, já que ambos nem sempre apresentam uma Embora a literatura mostre algumas ligação direta e explícita a professores e distinções entre os termos “necessidades” aprendizes, conforme discutido por Augus- e “interesses”, para este trabalho entende- to-Navarro (2008). remos tais conceitos como fomentadores de um conceito mais amplo definido pela palavra “expectativas”. (2007, p. 7), quando o estudioso alerta que Concordamos com Almeida Filho os interesses podem ser entendidos como Assim, realizar um levantamento fantasias, que, “...de qualquer modo mere- das expectativas (necessidades + interes- cem ser reconhecidas porque são também 11 fonte de energia advinda de motivações e do os aprendizes, sentem-se no direito uma vez conhecidas podem ser trabalhadas de exigir um tratamento personaliza- até o ponto de se transformarem em inte- do, que leve em consideração não só resses explicitados”. Dessa forma, no enten- suas necessidades mas também seus der de Breen & Candlin (1972, p. 95), “as fan- interesses. O atendimento a esses dois tasias ou expectativas podem ser educadas”. aspectos - necessidades e interesses – não pode ser feito através do uso de Se olharmos para as questões concer- materiais que são produzidos em mas- nentes ao planejamento, tanto Almeida Filho sa; é preciso no mínimo uma adapta- (2007) quando Breen & Candlin (1972), con- ção do material já existente pelo pro- cordam que o planejamento busca atender, fessor, embora a melhor solução seja em termos de qualquer propósito explicitado, produzir o próprio material. o que o aprendiz pessoalmente espera aprender. Assim, interessa ao aluno encontrar as- suntos que sejam relevantes a ele, de uma mento de dados feito em uma escola pública forma que ele possa se identificar com o ma- do estado de São Paulo, Lucas (2012) aponta terial, a ponto de reconhecer-se nele. que as questões envolvendo interesses, ne- Em 2012, por meio de um levanta- cessidades e materiais didáticos não podem Todavia, em muitas situações, nem sempre é possível contemplar tais vontades, pois o planejador de um MD, nos casos em que ele não é o professor, está distante da sala de aula e, em muitos casos, desconhece a realidade dos aprendizes que ocupam os bancos escolares. Nessa perspectiva, ao pensarmos so- bre a relação entre os MDs e as expectativas dos aprendizes, são importantes as palavras de Leffa (2001, p. 13), ao apontar que: ser desvinculadas. A autora integra tais conceitos, mostrando que os mesmos se estruturam por meio de movimentos proativo e retroativo, ancorados em um fluxo multidirecional que tem como objetivo maior retratar o planejamento. Assim, após abordarmos tais questões, apresentaremos, de forma resumida, algumas das expectativas mais comuns encontradas entre alunos de escolas estaduais paulistas. No ano de 2004, por meio de suas próprias vozes, e no ano de 2013, por meio da voz de professores de Por maior que seja a massificação do consumo, por mais que se tente padronizar as relações entre as pessoas – e talvez por uma reação natural ao que é impingido – mais as pessoas, incluin- língua inglesa. 12 Expectativas encontradas: o que os EXPECTATIVAS SOBRE RECURSOS PARA SE APRENDER A LI NA ESCOLA PÚBLICA alunos da escola pública esperavam trabalhar em sala de aula? O QUE GOSTARIAM DE TRABALHAR NAS AULAS DE INGLÊS COMO LI Embora a tecnologia, mesmo que em seu início, já fosse algo presente na vida da maioria dos aprendizes no ano de 2004, não podemos compará-la ao nível de desenvolvimento e possibilidades encontradas no ano 2004 2013 - MÚSICAS - FILMES - TRADUÇÃO DE MÚSICAS - MÚSICAS - INTERNET - FILMES de 2013, visto que mais recentemente, quase todos os alunos portavam algum item tecno- lógico, estabelecendo na maioria das vezes, como desejáveis, tanto pelos alunos no ano seus contatos por meio da tecnologia. Assim, nossa ideia era a de que no ano de 2013 as expectativas dos alunos esti- É possível perceber que recursos tidos de 2004, quanto pelos professores no ano de 2013, refletem similaridades. Podemos inferir que o trabalho com músicas e também com filmes ainda desperta o interesse dos alunos em sala de aula e que o professor é sensível vessem mais voltadas para a utilização de di- a essa questão. Dessa forma, o interesse do versas tecnologias em sala de aula. Todavia, aluno por músicas e filmes gravados origi- o que encontramos foram depoimentos de nalmente em língua inglesa não é surpresa, professores que esperavam utilizar recursos já que fazem parte do interesse de jovens e mais palpáveis à realidade da escola na qual crianças de maneira geral como forma de trabalham, não deixando de atender, mesmo entretenimento e constituem material com que em seu imaginário, a vontade dos alunos. Assim, a utilização de vídeos em sala de aula, por meio de aparelho de DVD ou por acesso à internet foram as opções mais recorrentes na fala dos professores. rico potencial para ser didatizado e integrar o alcacance de metas de ensino-aprendizagem de LI com os interesses de jovens aprendizes da e na escola regular. Isso posto, valeria a pena refletir so- bre a importância desses dois tipos de recur As poucas mudanças encontradas sos que o professor tem para explorar em podem ser verificadas no quadro comparati- sala de aula, levando em consideração o im- vo que apresentamos a seguir, referentes aos pacto que eles podem apresentar em sala de anos de 2004 e 2013, respectivamente. aula no que tange às expectativas dos aprendizes. Percebemos então, que nossa principal dificuldade na escola de Educação Básica pode não ser a falta de recursos materiais ou a falta de compreensão entre alunos e pro- 13 fessores, mas o acesso a oportunidades que das expectativas dos aprendizes, tornando, reflitam como objetivos e interesses pode- assim, a aula mais significativa para ambos. riam ser alcançados a partir daquilo que se tem. Maiores investimentos em educação continuada de professores, de forma bem planejada e refletida, poderiam contribuir para resultados mais favoráveis. Por fim, apre- sentaremos algumas de nossas considerações finais a este Embora as pesquisas mostrem que o professor deve teori- “ (...) as expectativas dos aprendizes devem ser consideradas, não apenas nas discussões presentes sobre o planejamento, mas em todas as situações envolvendo os processos de ensino-aprendizagem.” zar a partir da própria experiência, não devendo utilizar teorias para justificar sua prática, faz-se muito importante que os pesquisadores entendam que a pessoa que melhor conhece a sala de aula é o pró- breve texto de refle- prio professor, con- xão sobre o ensino- forme assevera Au- -aprendizagem de Inglês em escola pública gusto-Navarro (2014), já que é ele quem atua de Ensino Básico. no contexto e tem o contato mais próximo com os aprendizes. Assim, é importante que As expectativas dos aprendizes como norteadoras do Planejamento: algumas considerações O planejamento é uma das etapas do processo de ensino-aprendizagem de uma LE em que o professor pode buscar elementos para avaliar atividades que parecem, ou não, fazer sentido para os alunos em sala de aula. Dessa forma, ao diagnosticar o que pode ser interessante ou não, o professor começa a refletir e essa reflexão, nas palavras de Smyth (1992), é que pode auxiliar o profissional de ensino a criar condições pesquisadores da área de Linguística Aplicada possam estar sensibilizados para as diversas situações que se podem encontrar em variados contextos, procurando não levantar julgamentos antecipados sobre as tomadas de decisões dos professores e que procurem oferecer reflexões sobre possibilidades de integração entre prática-teoria-prática, pois como bem ressalta Ellis (2010, p.198), não há sentido em teorizar sem uma reflexão sobre a aplicabilidade dos achados em nossos estudos. Há que se pensar, inclusive, nas questões éticas envolvidas nas organizações escolares. para que ele deixe de ser um mero técnico Por fim, gostaríamos de enfatizar em sala de aula, atuando como aquele que que as expectativas dos aprendizes devem é responsável por transmitir conhecimentos ser consideradas, não apenas nas discussões para seus alunos. E, ao perceber o que de presentes sobre o planejamento, mas em to- fato é relevante para ser trabalhado em sala das as situações envolvendo os processos de de aula é que o professor vai ao encontro ensino-aprendizagem, já que, como ponde- 14 ra Larsen-Freeman (2003), antes de ensinarmos uma língua é preciso que entendamos que ensinamos aprendizes. Dessa forma, não faz sentido ensinar a LI sem considerarmos quem são os aprendizes, onde estão e que uso precisam e/ou desejam fazer da língua que estudam. 15 REFERÊNCIAS ALMEIDA FILHO, J. C. P. O Planejamento de um Curso de Línguas: a harmonia do material-insumo com os processos de aprender ensinar. Brasília: Universidade de Brasília (UNB), 2007. AUGUSTO-NAVARRO, E. H. Necessidades e interesses contemporâneos no ensino-aprendizagem de Inglês para propósitos específicos. In: SILVA, K. A.; ALVAREZ, M. L. O. Perspectivas de Investigação em Linguística Aplicada. Campinas: Pontes Editores, 2008, p. 117-125. BREEN, M. P.; CANDLIN, C. The Essentials of a Communicative Curriculum in Language Teaching. AppliedLinguistics, Vol. I, No 2, 1972. ELLIS, R. (2010). Second language acquisition, teacher education and language pedagogy. Language Teaching. v. 43, nº 2, pp. 182-201. LARSEN-FREEMAN, D. Teaching Language: From Grammar to Grammaring. 1st edition. Michigan: Heinle Elt, 2003. 170 p. 16 LEFFA, V. J. A linguística aplicada e seu compromisso com a sociedade. Trabalho apresentado no VI Congresso Brasileiro de Lingüística Aplica. Belo Horizonte: UFMG, 7-11 de outubro de 2001. Disponível em: http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/la_sociedade.pdf LUCAS, P. O. Os interesses/necessidades (NÃO) revelados no material didático de ensino: reconhecer ou não as fantasias dos aprendizes de Inglês como LE no planejamento de um curso de Línguas? Versão Beta (UFSCar), v. 68, p. 1, 2012. SMYTH, J. Teacher’s work and the politics of reflection. American Education Research Journal, v. 29, n. 2, 1992. VIANA, N. Planejamento de Cursos de Línguas – Pressupostos e Percurso. In: ALMEIDA FILHO, J. C. P. (ORG). Parâmetros atuais Para o Ensino de Português Língua Estrangeira. Campinas, SP: Pontes, 1997. p 29-48. texto 2 Ensino-aprendizagem de Inglês: a importância da motivação e do interesse dos aprendizes Cláudia Jotto Kawachi-Furlan1 No processo de ensino-aprendiza- Motivação do aprendiz gem de Língua Inglesa (LI) como Língua Estrangeira (LE), umas das preocupações mais comuns entre docentes é com a motivação ção pode ser definida como um conjunto de e o interesse dos aprendizes. Muitos pro- variáveis que ativam a conduta e a orientam fessores procuram planejar e executar suas em determinado sentido para poder alcançar aulas visando ao envolvimento do aprendiz um objetivo. Assentimos com a proposta do no processo de ensino-aprendizagem. No autor, uma vez que, em nossa visão, a mo- entanto, essa pode não ser uma tarefa sim- tivação está associada à meta do aluno, ou ples, pois cada vez mais estamos diante de seja, o aprendiz motivado apresenta determi- depoimentos de professores e alunos que nadas atitudes que contribuem para que seu não obtiveram sucesso nessa tentativa. objetivo de aprendizagem seja cumprido. Neste artigo, visamos discutir a re- De acordo com Fita (2006), a motiva- Para Dörnyei (2001), a motivação levância de se considerar a motivação do do aprendiz está associada à relevância das aprendiz, refletindo sobre possíveis ma- atividades em que está envolvido. O autor neiras de envolver o aluno em sua própria pondera que, na maioria das situações de aprendizagem. Conforme apontado por aprendizagem, o conteúdo programático é Augusto-Navarro na introdução deste volu- elaborado pelo professor responsável da dis- me, não se trata de propor “receitas” para o ciplina. O aluno não participa como ideali- ensino-aprendizagem de LI, mas de pensar- zador nesse processo, o que faz com que ele mos a respeito de práticas que têm revelado não veja o sentido de certas atividades. As- resultados positivos. sim como Miccoli (2010), o pesquisador defende que os professores devem mostrar aos 1 Doutora em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Professora Assistente da Faculdade de Tecnologia de São Carlos (UFSCar). 17 aprendizes a relevância do que estão apren- para aquilo que fazem em sala de aula. dendo e as atividades sugeridas precisam re- (MICCOLI, 2010, p. 149) velar o propósito desta aprendizagem. Assim, notamos que é essencial es- Concordamos com Miccoli (2010) timular os alunos a identificar seus objeti- quando a pesquisadora afirma que ter um vos ao aprender uma língua e auxiliá-los a estudante em sala de aula é o ideal de todo professor. Ao se deparar com alunos atingir essa meta, para motivado interessados em aprender inglês, o interesse do próprio professor em ensinar é potencializado. Todavia, na maioria das vezes, a situação é outra: alunos desmotiva- “ (...) é essencial estimular os alunos a identificar seus objetivos ao aprender uma língua e auxiliálos a atingir essa meta, para que a aprendizagem de LI faça sentido para o aluno.” que a aprendizagem de LI faça sentido para o aluno. A autora destaca que a motivação geralmente está associada ao lúdico, ou seja, jogos, filmes e músicas estão entre os elementos que despertam o interesse do aprendiz. Porém, a pesquisa- dos, com experiências dora afirma que uma prévias negativas de atividade motivadora aprendizagem de LI. Miccoli (2010) pondera precisa apresentar sentido ao aluno, não que é papel do professor motivar o aluno e apenas prazer. Concordamos com Micco- que isso pode ser feito por meio de ativida- li (2010) no que concerne ao propósito de des significativas: uma atividade e acreditamos que o lúdico e o significativo podem estar associados. Para que a motivação seja uma re- Dessa forma, julgamos que o uso de jogos, alidade na sala de aula, o desafio do filmes, séries de TV, vídeos, redes sociais e professor é encontrar atividades signi- música podem representar meios eficazes ficativas que transcendam o aqui e o de despertar o interesse do aprendiz, desde agora, com metas cujo alcance traga, que estejam em consonância com o objeti- não apenas prazer, mas sim, uma sen- vo traçado por ele. sação de realização, por se conseguir completar todas as etapas para sua Muitos professores que utilizam es- consecução. Estudantes motivados ses recursos lúdicos em suas aulas o fazem são aqueles que encontraram sentido com a intenção de usar materiais que cha- 18 mem a atenção dos alunos. Todavia, alguns acabam limitando-se à parte prazerosa reve- que envolvem forte participação dos alunos lada por tais recursos e, muitas vezes, des- e despertam a curiosidade são mais agra- cartam a relação do lúdico com o sentido dáveis do que aquelas nas quais os alunos e essas práticas acabam sendo vistas como desempenham papéis passivos. A autora atividades de também enfatiza as contribuições do uso de “passatempo” e não como maneiras de aprender uma LE. Segundo Stipek (2002), atividades tópicos relacionados ao interesse dos alunos: eles também são mais motivados quando Acreditamos no potencial do lúdico no ensino-aprendizagem de LI, mas defendemos que ele esteja associado ao desenvolvimento do objetivo da aprendizagem, que esteja em consonância com o planejamento de ensino do professor e não represente apenas diversão momentânea. Assim, julgamos que filmes, vídeos, videogames, músicas e outros podem ser usados como “porta de entrada” para a aprendizagem significativa de uma LE. A música como recurso motivador no ensino-aprendizagem de LI os tópicos são de interesse pessoal. Há evidência considerável de que quando os alunos leem materiais que eles consideram interessantes, eles compreendem melhor e se lembram mais desse material (STIPEK, 2002, p.181)2. É nesse sentido que apoiamos o uso da música como recurso didático-pedagógico para a aula de Língua Inglesa. Atividades que envolvem música chamam a atenção dos alunos que são naturalmente interessados por ela, promovendo maior participação e tornando o conteúdo trabalhado com esse recurso mais atraente e significativo para os aprendizes. Kawachi (2008) destaca o potencial da música como recurso pedagógico mo- Ressaltamos que o uso da música tivador para a aprendizagem de LI na rede deve estar integrado aos objetivos do curso pública de ensino. A pesquisadora investigou ou disciplina. Não se trata de focar apenas os efeitos da música no envolvimento dos na questão lúdica, mas de associar aquilo aprendizes. Além de despertar o interesse que é apreciado pelos aprendizes à apren- dos aprendizes, a música foi usada para o dizagem significativa da Língua Inglesa. Por ensino e aprendizagem de aspectos lexicais, meio da música, é possível elaborar ativida- linguísticos e textuais. des que estimulem o trabalho com as qua- 2 No original: “students are also more motivated when the topics are personally interesting. There is considerable evidence that when students read materials they find interesting they comprehend and remember the material better”. 19 tro habilidades envolvidas no processo de ensino-aprendizagem de LI: falar, ouvir, ler e escrever. Além disso, a temática das canções representa um elemento que pode ser explorado por meio de debates e discussões. Destacamos que a música deve ser considerada como material autêntico, uma vez que não foi desenvolvida para propósitos pedagógicos e apresenta uso autêntico da língua, ou seja, a língua como é usada em contexto real (LARSEN-FREEMAN, 2011, p. 119). Conclusões Acreditamos que é fundamental con- siderar os objetivos do aprendiz no processo de ensino-aprendizagem de LI. Somado a esse fato, é necessário identificar quais são os interesses dos alunos para que o professor consiga planejar e executar aulas que sejam significativas e motivadoras para seus alunos. Julgamos que recursos lúdicos podem contribuir para despertar o interesse dos alunos, mas eles devem estar associados ao sentido da aprendizagem. Desse modo, salientamos a relevân- cia do professor de LI considerar os princípios do ensino de línguas propostos por Tomlinson (2010) – citado por Augusto-Navarro na introdução deste volume, sobretudo o princípio 4, de que os professores precisam adaptar os materiais didáticos aos seus contextos de ensino, levando em conta os objetivos e os interesses dos aprendizes. 20 REFERÊNCIAS DORNYEI, Z. Teaching and researching motivation. Edinburgh Gate: Pearson Education, 2001. FITA, E. C. O professor e a motivação dos alunos. In: TAPIA, J. A.; FITA, E. C. Motivação em sala de aula: o que é, como se faz. 7. ed. São Paulo: Loyola, 2006, p. 65 – 135. KAWACHI, C. J. A música como recurso didático-pedagógico na aula de língua inglesa da rede pública de ensino. 2008. Dissertação (Mestrado em Educação Escolar). Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara: UNESP, 2008. LARSEN-FREEMAN, D. Teaching and Testing Grammar. In: LONG, M. H.; DOUGHTY, C. J. (Orgs.). The Handbook of Language Teaching. Wiley-Blackwell, 2011, p. 518 – 542. MICCOLI, L. Experiências, Crenças e Ações: uma Relação Estreita na Sala de Aula de LE. In: SILVA, K. A. (Org.). Crenças, Discursos & Linguagem. Campinas, SP: Editora Pontes, 2010, p. 135 – 165. 21 STIPEK, D. Motivation to learn: integrating theory to practice. Boston: Pearson Education, 2002. TOMLINSON, B. Principles of effective materials development. In: English language teaching materials: theory and practice. Harwood, N. New York: Cambridge University Press, 2010, p. 81 – 108. texto 3 Professores de Língua Estrangeira do Ensino Médio voltam à formação: o que podem fazer de diferente? José Carlos Paes de Almeida Filho1 Margarete O. S. Nogueira2 Rita de Cássia Barbirato3 1 . Contextualizando o Projeto LinguInova nos próximos anos e dos estudantes aprendentes de idiomas nas escolas. Neste traba- A educação pelas línguas é um di- lho focalizaremos primeiro os professores. reito de aprendizagem (Artigos 23 e 26 da Declaração Universal dos Direitos Linguís- A portaria 1.328/MEC, de 23 de se- ticos). Em nosso país, historicamente, o tembro de 2011, instituiu a Rede Nacional aprendizado de línguas estrangeiras tem de Formação Continuada dos Profissionais sido contemplado pela Educação Básica re- do Magistério da Educação Básica Pública, gular pública, porém, reconhecemos que tendo como finalidade “formular, coorde- esse ensino vem sendo realizado de modo nar e avaliar ações e programas do Minis- insuficiente no atendimento desse direito. tério da Educação (MEC), Coordenação de No momento em que a formação de pro- Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Supe- fessores da Educação Básica recebe aten- rior (CAPES) e Fundo Nacional de Desenvol- ção dos órgãos governamentais, através da vimento da Educação (FNDE)”. constituição de uma comissão para propor as bases de um currículo nacional por áreas, faz-se necessário incluir a formação conti- ria de Educação Básica (SEB), por meio da nuada de professores da rede pública como Diretoria de Currículos e Educação Integral, parte prioritária de uma agenda de desen- vem promovendo, entre vários setores da volvimento linguístico-cultural dos profes- sociedade, discussões pertinentes ao ensino sores em exercício, dos que vão se formar de Línguas Estrangeiras e sobre como novas 1 Doutorado em Linguistica pela Professor adjunto da Universidade de Brasília. Georgetown Com base nessa portaria, a Secreta- University, Estados Unidos(1984) 2 Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade de Brasília (2011). Possui graduação em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Brasília (1988) e graduação em Língua e Literatura Inglesas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 3 Doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas. 22 políticas públicas podem aprimorar a área. • Valorizar o aprendizado da Língua Ingle- Neste cenário, o projeto, que aqui tomamos sa como parte de uma formação crítica como base de experiências para nossa análise, para participação em práticas sociais o Projeto LinguInova, da Universidade de Bra- nesse idioma; sília, objetivou a implementação de políticas regionais visando à formação continuada de professores de Inglês da Educação Básica pública do Distrito Federal e entorno. Essa meta atende à função social do Inglês na sociedade contemporânea como possibilidade de formação integral, de inclusão social e de acesso ao mundo globalizado. O objetivo deste texto é discutir uma experiência de formação de professores de Língua Inglesa vivenciada no âmbito do Projeto • Promover o desenvolvimento profissional de professores de Inglês, visando ao aperfeiçoamento de suas habilidades na língua estrangeira-alvo e em práticas inovadoras em sala de aula; • Preparar professores de Inglês para uma intensificação da relação global-local, que se reflete num cenário em constante mudança, no que se refere tanto à sua atuação no mundo quanto ao ensino/uso da língua; LinguInova, projeto institucional de formação • Envolver o ensino de língua no contexto continuada inserido nas linhas dos programas das discussões atuais sobre o Inglês como nacionais Mais Educação e Ensino Médio Ino- língua franca ou internacional; vador, projeto esse ofertado pela Universidade de Brasília – UnB em parceria com o MEC • Integrar o ensino de Inglês como parte e docentes das Universidades Federal de São dos processos formativos para partici- Carlos e Unesp-Rio Preto no segundo semestre pação cidadã em um mundo interco- de 2013, sob a coordenação do Prof. Dr. José nectado e plural; Carlos Paes de Almeida Filho. O objetivo geral do projeto foi o de promover formação continuada inovadora a professores de Inglês atuantes em escolas da Rede Pública da Educação Básica, privilegiando as escolas participantes • Atualizar professores de Inglês no uso de tecnologias relevantes para maximizar as condições propícias ao aprendizado dessa língua; dos programas Mais Educação e Ensino Médio • Viabilizar espaço de reflexão coletiva Inovador, buscando ampliar as oportunidades sobre o ensino-aprendizagem de Língua de aprendizagem da Língua Inglesa como prá- Inglesa no contexto atual das políticas tica comunicativa socialmente relevante, com educacionais; foco inicial nos ambientes profissionais. Os seguintes objetivos específicos nortearam a realização do projeto: • Expandir os conhecimentos teóricos e as práticas de uso que orientam o ensino- 23 -aprendizagem de língua estrangeira para leituras realizadas, bem como ter acesso a uma educação cidadã. textos e materiais relacionados às aulas. Para esque- matizar a situação, é possível se descrever da seguinte forma o cenário pedagógico: de um lado, um público aprendiz receptor vamente na língua-alvo, Inglês, e uma das que tem todas as informações ao alcance principais preocupações foi manter uma li- das mãos e que testemunha um modelo gação estreita com a realidade de ensino que mundial de coabitação cultural; do outro, os professores vivenciavam em práticas diá- um material didático que se pretende vetor rias em suas salas de aulas. Considerando- do ensino/aprendizagem de uma língua/ cultura no começo do século XXI, mas que ignora a amplitude e a complexidade das relações humanas. Entre estes dois polos, o uso do material e a prática real dos professores constituem o desafio maior. Todo o curso foi ministrado exclusi- -se a carga horária disponível para o curso, o contexto e perfil dos professores-alunos participantes, decidimos por trabalhar diferentes aspectos relacionados ao processo de ensino e aprendizagem de LE para proporcionar a oportunidade de uma visão mais ampla O projeto constituiu-se de dois mó- desse grande processo. Houve uma preocu- dulos ofertados, concomitantemente, a um pação de permear todo o processo por uma grupo de professores de Inglês atuantes em visão crítica e reflexiva por parte dos profes- sala de aula, sendo um deles voltado para sores-alunos sobre os conteúdos abordados. o conteúdo teórico embasador da prática e o outro, para práticas linguístico-comunica- Apresentamos, a seguir, os princi- tivas na esfera profissional. Para ambos os pais conteúdos que foram elencados e de- módulos, foram especialmente desenvolvi- senvolvidos ao longo do curso no Módulo dos materiais didáticos, com o propósito de Teórico-Prático: mediarem um incremento de trabalho mais produtivo nas salas de aula e em suas exten- Unidade Zero: O Mundo em Inglês sões, pelos professores regentes e seus alunos. As aulas aconteciam uma vez por semana e o curso contou com uma carga horária Unidade 1. Aspectos da aquisição de segunda língua de 60 horas/aulas ao todo. Além das aulas presenciais, os professores alunos contaram também com o apoio de uma plataforma virtual na qual podiam postar interações e participar de fóruns de discussão, circulando suas percepções sobre o curso e sobre as Unidade 2. Aspectos da história do ensino de línguas no Brasil Unidade 3. Ensino temático e aprendizagem baseada em tarefas 24 Unidade 4. Material didático para a aprendizagem de Inglês 2. Vivenciando a formação continuada no LinguInova: plantando sementes Unidade 5. Língua e cultura dos povos de Língua Inglesa Relatamos, nesta seção, as experiên- cias vivenciadas no Projeto LinguInova a parUnidade 6. Ensino de Inglês para o Ensino tir da interação em sala de aula entre os pro- Médio e anos finais do EF no DF: realida- fessores-alunos e os professores regentes do de, desafios e mudança curso. Conforme mencionado anteriormente, o objetivo do Projeto, cuja primeira parte Por sua vez, o Módulo de Práticas ocorreu no segundo semestre de 2013 (setem- Sociais teve como objetivo principal dar bro a dezembro) foi proporcionar formação suporte para os professores participantes em formação ministrarem suas aulas na língua-alvo e também, discutir questões pertinentes ao seu trabalho, tanto com seus pares como em eventos de desenvolvimento profissional, sempre utilizando a Língua Inglesa. Assim, o módulo de Práticas Sociais em Língua Inglesa se voltou, principalmente, para o exercício da comunicação oral, por meio de atividades nas quais os professores-alunos eram convidados a exprimir suas opiniões, relatar casos, continuada para professores de Língua Inglesa da secretaria de educação do DF (Ensino Médio), com vistas a propiciar oportunidades de reflexão sobre suas realidades em sala de aula, troca de experiências e possíveis encaminhamentos para a melhoria e transformação das práticas presentes na sala de aula de língua estrangeira do Ensino Médio. Os professores da Rede foram convi- dados a participar do curso por meio do site experienciar novas possibilidades, compar- da Secretaria da Educação do DF e, apesar tilhar angústias e buscar orientações com do grande interesse, cerca de 30 professores colegas e com o professor-regente do mó- preencheram os requisitos para participar do dulo. Para tanto, o material desenvolvido curso: ser professor do Ensino Médio. para o módulo centrou-se em atividades que auxiliassem os professores alunos a É importante salientarmos que o desenvolver a competência comunicativa Projeto LinguInova foi oferecido totalmente e, ao mesmo tempo, a aumentar suas au- em Língua Inglesa, estimulando assim a prá- toconfiança no uso da língua. tica e o estudo da língua-alvo utilizada pelos professores em suas salas de aula. Poucas ações nesse sentido têm sido oferecidas aos professores da rede pública brasileira: 25 de ampliar, revisar e praticar a língua-alvo avaliada a cada duas aulas. Os participan- em cursos de formação. Segundo relatos dos tes mostraram-se bastante interessados em professores-alunos, o professor de línguas ver ou rever a teoria e aplicá-la às suas re- tem pouca chance de compartilhar experi- alidades. As discussões foram extremamen- ências e projetos com seus pares, sentindo- te ricas e os professores-alunos tiveram a -se isolado e muitas vezes, discriminado, em oportunidade de refletir e repensar suas suas próprias escolas. práticas à luz da teoria. Na aula inaugural do curso tivemos O envolvimento desses professores um número significativo de participantes. cresceu bastante ao longo do curso, com Todos foram convidados a se apresentar, em todos os participantes sentindo-se mais à Inglês ou Português, e a relatar o porquê de vontade e menos receosos de usar a Língua seu interesse em participar do projeto. Mui- Inglesa durante as discussões e atividades. tos professores sentiram-se desconfortáveis As aulas aconteceram às sextas-feiras no para se expressar em Inglês e muitos admi- período da tarde e, ao longo da semana, os tiram sua falta de proficiência ou de prática. professores- alunos puderam participar do Desde o início do projeto foi colocado aos fórum online numa plataforma criada espe- professores-alunos a importância de utilizar cialmente para o projeto, na qual puderam a língua-alvo, seja em suas salas de aula, ou dar prosseguimento às discussões iniciadas em encontros voltados para o seu desenvol- nas aulas presenciais. vimento profissional. É importante salientar que as expec- 3 . A interação entre professor-regente tativas dos professores para o curso foram e professores-participantes no módu- as mais variadas: muitos vieram em busca lo teórico: descobertas e expectativas de soluções prontas para tornarem suas aulas mais ágeis e dinâmicas, outros trouxe- Os professores-alunos receberam, ram para o grupo a dificuldade que encon- no segundo encontro, o material que seria tram para lecionar uma língua estrangeira a utilizado ao longo do curso. Este material grupos de mais de 30/40 alunos, sempre bas- foi elaborado especificamente para o proje- tante heterogêneos em relação ao nível de to e foi apresentado na forma de apostilas conhecimento da língua. Alguns colocaram contendo textos, excertos de textos e ativi- suas inquietações em relação ao conteúdo e dades para serem desenvolvidas em classe, objetivos do ensino da LE no Ensino Médio: aos pares ou em pequenos grupos. Cada preparar para os exames de admissão às uni- unidade temática foi explorada, discutida e versidades, dando ênfase somente à leitura 26 e interpretação de textos (Inglês para fins realidades e experiências aos tópicos trazi- específicos/ instrumental), ou preparar seus dos pelos dois professores-regentes. Nesse alunos para se comunicar em variadas situa- contexto, a prática da reflexão foi se con- ções e utilizando diversas habilidades, como solidando e os participantes, ao refletirem adaptar e/ou utilizar os materiais didáticos escolhidos pelas escolas; trabalhar a língua estrangeira quando há falta de recursos e equipamentos (áudio, vídeo, internet..). No decorrer do curso, no entanto, os professores perceberam que não existem respostas prontas e definitivas para as “(...) os professores perceberam que não existem respostas prontas e definitivas para as suas inquietações e, ao longo do processo conseguiram, por meio do debate e da troca de ideias encontrar encaminhamentos e ações que foram posteriormente declarados aplicados em parte nas suas salas de aula.” coletivamente, criaram laços fortes e se sentiram para autoconfiantes expressar seus questionamentos já na língua-alvo. Alguns temas foram especialmente marcantes para os professores-alunos: o estudo da teoria que explica como se dá o aprendizado de uma segunda língua (BURNS and RICHARDS, suas inquietações e, 2012; UR, 2012), a dife- ao longo do processo rença entre aprender e conseguiram, por meio do debate e da tro- adquirir uma língua (ALMEIDA FILHO, 2013) ca de ideias encontrar encaminhamentos e e as discussões sobre a abordagem comuni- ações que foram posteriormente declarados cativa e sobre como criar, trabalhar e adap- aplicados em parte nas suas salas de aula. tar materiais que apresentem essa abordagem (CARDOSO, 2003). O ensino com base 4. Os Frutos Colhidos em tarefas (BARBIRATO, 2005) também foi tema de interesse entre os professores que O Projeto LinguInova foi uma expe- riência inovadora na nossa Universidade e puderam analisar e criar tarefas para serem usadas com suas turmas. foram muitos os frutos colhidos ao longo do processo. A motivação e o entusiasmo do grupo foi crescendo à medida que as materiais didáticos, os professores tiveram unidades temáticas eram apresentadas e os a oportunidade de trazer os livros didáticos professores-alunos foram conectando suas utilizados por eles em suas escolas e dividir Nas aulas destinadas à avaliação de 27 impressões sobre esse material, além de, co- que podemos vencer este desafio envere- letivamente, pensar na importância do pla- dando por caminhos como este que trilha- nejamento de uma aula. mos no LinguInova e no qual esperamos continuar trilhando. O Projeto LinguInova culminou com um seminário: “ O Ensino de Inglês para o Ensino Médio no DF: realidade, desafios e mudanças”. Nesse Seminário, cada professor teve aproximadamente de 10 a 15 minutos para tratar de sua realidade como professor do Ensino Médio e para propor alguma ação no sentido de melhorar ou transformar essa realidade. As apresentações foram todas feitas em Língua Inglesa e mostraram como os professores, ao término dessa primeira fase do Projeto LinguInova, já se sentiam mais seguros para se expressar em Inglês e aptos a apontar caminhos que ressignificassem o ensino da Língua Inglesa na escola pública brasileira. Tais resultados muito nos animaram e serviram para confirmar nossa expectativa de que muito ainda se pode buscar, mudar e melhorar na formação continuada (RICHARDS e LOCKHART, 1996) de nossos professores da rede pública, no sentido de acompanhar as crescentes demandas de conhecimento da Língua Inglesa na atual realidade globalizada em que vivemos. Esse projeto nos fez acreditar também no quanto os professores podem avançar e crescer na profissão de ensinar uma LE na rede pública e no quanto eles podem se engajar e fazer diferença. O desafio é real, mas este projeto significou 28 REFERÊNCIAS ALMEIDA FILHO, J. C. P. Communicative Dimensions in Language Teaching. Pontes, 2013 BARBIRATO. R.C. Tarefas geradoras de insumo e qualidade interativa na construção do processo de aprender LE em contexto inicial adverso. (Tese de Doutorado). Campinas: Unicamp, 2005. BURNS, A. and RICHARDS, J.C. The Cambridge Guide to Pedagogy and Practice in Second language Teaching. Cambridge University Press, 2012. CARDOSO, R. C. T. The communicative Approach to foreign language teaching: a short introduction. Pontes. 2003. RICHARDS, J. C. & LOCKHART C. Reflective Teaching in Second Language Classrooms. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. UR, P. A Course in English Language Teaching. Cambridge: Cambridge University Press, 2012. 29 Presidência da República Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica TV ESCOLA/ SALTO PARA O FUTURO Coordenação Pedagógica Ana Maria Miguel Acompanhamento pedagógico Luís Paulo Borges Copidesque e Revisão Milena Campos Eich Diagramação e Editoração Bruno Nin Valeska Mendes Siqueira Consultora especialmente convidada Eliane Hércules Augusto-Navarro 30 E-mail: [email protected] Home page: www.tvescola.org.br/salto Rua da Relação, 18, 4o andar – Centro. CEP: 20231-110 – Rio de Janeiro (RJ) Maio 2014