O Arauto Serviço de Biblioteca e Documentação SBD n. 2 mar. 2014 Neste mês, destacamos o Dia Mundial da Infância A data “Para ser franca, não consigo imaginar como alguém poderia dizer "Eu sou fraco" e continuar assim. Se você sabe isso ao seu respeito, por que não luta contra, por que não desenvolve o caráter?” O Diário de Anne Frank O dia 21 de março foi declarado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) como o Dia Mundial da Infância. A data é uma oportunidade para refletir sobre as condições de vida e a garantia de direitos de crianças e adolescentes, que, segundo estimativas recentes da Unicef, representam 31% da população mundial, totalizando cerca de 2,2 bilhões de indivíduos. É o momento para lembrar que, em todo o mundo, mais de 1 bilhão de crianças vivem em zonas de conflito armado, que entre 500 milhões e 1,5 bilhão de crianças são afetadas pela violência, que cerca de 150 milhões de crianças entre 5 e 17 anos encontramse em situação de trabalho infantil, que mais de 1 bilhão de crianças vivem em situação de extrema pobreza, que existem cerca de 18 milhões de crianças refugiadas, que cerca de 1,2 milhão de crianças foram traficadas por ano desde 2000, que de 5 a 10% das crianças são vítimas de abuso sexual, que mais 1 bilhão de crianças estão detidas pela justiça – estimativas da Unicef. No entanto, é também a oportunidade de lembrar de crianças e adolescentes que, diante da omissão dos adultos, fizeram como Anne Frank, a judia vítima do Holocausto aos 15 anos e cujas palavras abrem esta edição: encontraram na esperança a sua força e, com ela, foram capazes de defender, por si, seus direitos e os de milhares de outras crianças e adolescentes. Iqbal Masih O paquistanês Iqbal Masih foi oferecido por sua mãe como garantia em um empréstimo junto ao dono de uma fábrica de tapetes quando tinha apenas 4 anos. Aos 6 anos, quando sua mãe não pode saldar o débito, Iqbal viu-se em regime de escravidão por dívida. Por anos, suportou uma jornada de 12 a 14 horas de trabalho, seis dias por semana, e uma rotina de maus-tratos. Aos 10 anos, após saber que a escravidão por dívida fora declarada ilegal no Paquistão, Iqbal fugiu e tentou denunciar a situação à polícia. No entanto, ao invés de fazerem cumprir a lei, policiais corruptos preferiram o suborno oferecido pelo dono da fábrica de tapetes e devolveram Iqbal a ele. Iqbal só conquistaria a liberdade aos 12 anos, com o apoio do sindicato dos pedreiros. Desde então, Iqbal atuou junto à Frente de Libertação do Trabalho Forçado, ajudou a libertar mais de 3 mil crianças paquistanesas em regime de escravidão, palestrou em defesa dos direitos da criança e contra o trabalho forçado em outros países e chegou a receber um prêmio em reconhecimento aos seus esforços em defesa dos direitos humanos. Ao retornar ao Paquistão, em 1995, com 12 anos, foi assassinado a mando de exploradores de escravos. Em 2000, Iqbal foi postumamente agraciado com o Prêmio das Crianças do Mundo. A Organização Internacional do Trabalho estima que, ainda hoje, 5,5 milhões de crianças encontram-se em regime de trabalho forçado no mundo. Malala Yousafzai Malala Yousafzai tinha apenas 10 anos quando o Vale de Swat, no Paquistão, foi dominado pelo Talibã. Filha do dono de uma escola, ela sempre teve consciência da importância da educação para o futuro de seu país, imerso no conflito armado. Em 2008, o Talibã ordenou a suspensão das aulas ministradas às meninas na região. Desde então, junto de seu pai, Malala passou a militar abertamente pelo direito de meninas à educação, foi convidada pela BBC a escrever anonimamente um blog sobre a educação e seu cotidiano no Paquistão, participou de um documentário produzido pelo New York Times e ganhou notoriedade internacional. Em 2012, então com 15 anos, sofreu um atentado a mando do Talibã, foi transferida para um hospital no Reino Unido para receber o tratamento adequado e, contrariando as mais pessimistas expectativas, sobreviveu. Hoje, Malala vive e estuda no Reino Unido, discursa e milita pelo direito das crianças à educação em diversos países. Concorreu ao Prêmio Nobel da Paz em 2013 e, embora não tenha sido agraciada, concorre novamente neste ano. Concorre também à edição de 2014 do Prêmio das Crianças do Mundo. Crianças e Adolescentes no Brasil menores de 18 anos, um total de 28% por 55.435.000 crianças e adolescentes. * é a parcela da população brasileira composta 6% dos cerca de 42 milhões de brasileiros entre 5 e 17 anos estão fora da pré-escola e da escola, 2.523.000 nessa faixa etária. * dos cerca de 42 milhões de brasileiros 8,5% entre 5 e 17 anos trabalham, um total de 3.517.000 crianças e adolescentes. * 356 5 mil crianças e adolescentes, em média, foram vítimas de violência por dia em 2012. ** menores de 10 anos foram vítimas de abuso sexual em 2011. Esse foi também o segundo tipo de violência mais comum contra menores de 15 anos no mesmo ano. *** 8.686 homicídio em 2010. **** Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) No Brasil, a legislação que reúne os direitos de crianças e adolescentes é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído em 1990 pela Lei nº 8.069. Embora tenha sido instituído há mais de 20 anos, o ECA é ainda pouco conhecido por grande parte da população. Muitos pais e educadores ainda o veem como instrumento de legitimação da insubordinação de seus filhos e alunos, o que mostra o quão distante está a sua efetiva apropriação por crianças e adolescentes. Para conhecer mais sobre o ECA e os direitos da criança e do adolescente, não deixe de conferir as seguintes obras disponíveis em nosso acervo: CURY, Munir; SILVA, Antônio Fernando do Amaral e (Org.). Estatuto da criança e do adolescente comentado: comentários jurídicos e sociais. 12. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2013. 1248 p. SANTOS, Ronaldo Lima dos. Dignidade humana da criança e do adolescente e as relações de trabalho. Boletim Científico, Brasília, v.6, n. 24/25, p. 11-38, jul./dez. 2007. DALLARI, Dalmo de Abreu. A dignidade da criança na sociedade. Gazeta Mercantil, São Paulo, p. A13, 28 e 30 out. 2005. menores de 19 anos foram vítimas de * Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2012 ** Fonte: Denúncias registradas no Disque 100 *** Fonte: Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) do Ministério da Saúde **** Fonte: Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil Parabéns a todos os bibliotecários! No último dia 12 de março, comemoramos o Dia do Bibliotecário. Parabenizamos, portanto, todos os profissionais da área por seus esforços pela preservação e disponibilização do conhecimento. Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Direito – SBD-FD www.direito.usp.br/biblioteca [email protected] twitter.com/BibliotecaFDUSP Facebook da Biblioteca tel. (11) 3111-4053