PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC/SP
Ana Lúcia Moura Novais
INFLUÊNCIAS INSTITUCIONAIS, CULTURAIS E DE CUSTOS DE
TRANSAÇÃO NA ESCOLHA DO MODO DE ENTRADA:
UMA PROPOSTA PARA META-ANÁLISE
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
São Paulo
2013
Ana Lúcia Moura Novais
INFLUÊNCIAS INSTITUCIONAIS, CULTURAIS E DE CUSTOS DE
TRANSAÇÃO NA ESCOLHA DO MODO DE ENTRADA:
UMA PROPOSTA PARA META-ANÁLISE
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
como exigência parcial para obtenção do título de
MESTRE
em
Administração,
área
de
concentração: Estratégia e Inovação, sob a
orientação do Professor Doutor Belmiro do
Nascimento João.
SÃO PAULO - SP
2013
Banca Examinadora:
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Para Ignez Moura Novais, minha mãe, e em
memória de José Aurio Guimarães Novais,
meu pai.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, meus agradecimentos ao Prof. Dr. Belmiro do Nascimento João,
pelo compromisso, seriedade e apoio constantes na orientação desta dissertação de mestrado,
assim como por participar ativamente nos trabalhos que elaboramos juntos.
Não poderia deixar de mencionar aqui os professores das disciplinas obrigatórias,
comuns e eletivas do Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração da PUC: Prof.
Dr. Francisco Antonio Serralvo, Prof. Dr. Arnaldo Mazzei Nogueira, Prof. Dr. Luciano
Junqueira Prates, Prof. Dr. Onésimo de Oliveira Cardoso e Profa. Dra. Maria Cristina Sanches
Amorim.
Estendo agradecimentos especiais ao Prof. Dr. Leandro José Morilhas, pelas sugestões
de periódicos e bases eletrônicas internacionais para a realização desta pesquisa. Neste sentido,
aproveito a ocasião para destacar as contribuições valiosas para os procedimentos
preliminares para o estudo de meta-análise de dois amigos muito especiais: Luiz Henrique
Moreira Gullaci e Carlos Eduardo Lourenço. Também faço menção a todas as demais pessoas
com quem compartilho minha jornada diária.
Aproveito a ocasião para mencionar o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa de estudos, no período de março
de 2011 a fevereiro de 2013.
Finalmente, não poderia deixar de incluir minha família nestes agradecimentos: Ignez
Moura Novais, minha mãe, Maria Ignez Novais Ayala e Marcos Ayala, irmã e cunhado, pelo
incentivo e apoio incondicional em todos os momentos da minha vida.
Resumo
NOVAIS, A. L. M. Influências Institucionais, Culturais e de Custos de Transação na
Escolha do Modo de Entrada: Uma Proposta para Meta-Análise. Dissertação (Mestrado
em Administração). Administração. 127 p., 2013.
Esta pesquisa tem por referência o artigo de Brouthers que recebeu em 2012 o prêmio de
melhor da década pelo periódico Journal of International Business Studies (JIBS). Um dos
motivos que chama a atenção neste texto premiado de Brouthers é a articulação de influências
institucionais, culturais e de custos de transação no processo de escolha do modo de entrada e
meios para obter o melhor desempenho das empresas. Estabelece-se como objetivo geral desta
dissertação investigar o estado atual da pesquisa acadêmica envolvendo a relação entre
aspectos institucionais, culturais e custos de transação no modo de entrada em negócios
internacionais. Como justificativa para a relevância da discussão do tema em meios
acadêmicos e empresariais, pode-se destacar a ênfase que diferentes autores têm atribuído à
teoria de custos de transação no decorrer do tempo. Como procedimento metodológico,
obteve-se a seleção de artigos pela consulta às bases eletrônicas do ISI Web of Science e
UMI-ProQuest. Escolheram-se as palavras-chave em inglês “transaction cost”, “entry mode”,
“cultural aspects”, “institutional”. Optou-se por artigos publicados no período de 2002 a 2012.
A partir daí, selecionaram-se alguns artigos já estruturados na metodologia de meta-análise
com temas relacionados à teoria de custos de transação. Procedimento semelhante foi adotado
com os demais artigos, com o intuito de averiguar como são analisados aspectos institucionais,
culturais e/ou de custos de transação na escolha do modo de entrada em negócios
internacionais. Os estudos selecionados constituem abordagens quantitativas sobre os
assuntos propostos, condição essencial para se adotar futuramente a metodologia de metaanálise.
Palavras-chave: negócios internacionais; modo de entrada; influências culturais; influências
institucionais; teoria de custos de transação; meta-análise
Abstract
NOVAIS, A. L. M. Influências Institucionais, Culturais e de Custos de Transação na
Escolha do Modo de Entrada: Uma Proposta pra Meta-Análise. Dissertação (Mestrado
em Administração). Administração. 127 p., 2013.
This research work adopts as reference the article by Brouthers awarded as the best of the
decade by Journal of International Business Studies (JIBS). One of the aspects to be outlined
in such text is the way Brouthers articulate a debate on institutional, cultural and transaction
costs on entry mode choice by firms aiming the best performance in market. This thesis aims
to investigate the actual research art involving the relationship among institutional, cultural
and transaction costs aspects in international business. The discussion proposed here is
justified as relevant in both academic and business environments, due to the way different
authors have approached transaction costs’ subjects along the time. As methodological
procedures, the articles were obtained in electronic databases, such as, ISI Web of Science
and UMI-ProQuest. The key words were “transaction cost”, “entry mode”, “cultural aspects”,
“institutional”. The selected articles were published in the period from 2002 to 2012. Articles
structured in meta-analysis procedures were also selected in the referred database. All selected
articles are quantitative approach, since it is an essential condition to adopt in the future metaanalytical procedures.
Key words: international business; entry mode; cultural influences; institutional influences;
transaction costs theory; meta-analysis
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Instituições, organizações e escolhas estratégicas..................................................32
Figura 2 - Níveis de singularidade na programação mental.....................................................34
Figura 3 - Fontes de diferenças entre países e grupos..............................................................36
Figura 4 - Nuvem de palavras com frequência dos modelos estatísticos...............................101
Figura 5 - Nuvem de palavras das variáveis dos artigos selecionados..................................102
Figura 6 - Nuvem de palavras das variáveis “candidatas” para estudos futuros....................107
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Estatística descritiva de amostras meta-analíticas (ZHAO et al., 2004, p.
529)………....................................................................................................................46
Tabela 2 - Tamanhos de efeito combinados e teste zero (ZHAO et al., 2004, p.
530)……........................................................................................................................47
Tabela 3 - Resultados meta-analíticos para relacionamentos focais (GEYSKEINS et al., 2006,
p. 528)………...............................................................................................................52
Tabela 4 - Matriz de Correlação Meta-Analítica (GEYSKENS et al., 2006, p. 529)..............53
Tabela 5 - Matriz de correlação para escolha do modo de entrada (BROUTHERS, 2002, p.
212)...............................................................................................................................61
Tabela 6 - Regressão Logística: escolha do modo de entrada (BROUTHERS, 2002, p.
213)...............................................................................................................................62
Tabela 7 - Análise de regressão (BROUTHERS, 2002, p. 214)..............................................63
Tabela 8 - Variáveis independentes (KUITTINEN et al., 2009, p. 315).................................80
Tabela 9 - Estatística descritiva e correlações (KUITTINEN et al., 2009, p.
316)...............................................................................................................................81
Tabela 10 - Resultados de regressão logística (KUITTINEN et al., 2009, p.
317)...............................................................................................................................81
Tabela 11 - Modelos estatísticos e número de ocorrências nos artigos.................................101
Tabela 12 - Variáveis e número de ocorrências nos artigos...................................................102
Tabela 13 - Variáveis “candidatas” para estudos futuros e número de ocorrências nos
artigos..........................................................................................................................107
Lista de Quadros
Quadro 1 - Análise preliminar de artigos selecionados..........................................................16
Quadro 2 - Síntese no contexto conceitual de procedimentos de pesquisa.............................20
Quadro 3 - Estrutura CAGE....................................................................................................42
Quadro 4 - Síntese da amostra, metodologia e resultados dos artigos selecionados...............91
Quadro 5 - Seleção de artigos a partir das variáveis e modelos estatísticos para estudos
futuros....................................................................................................................104
Lista de Siglas
AIB – Academy of International Business, Academia de Negócios Internacionais
CAGE – Cultural distance, Administrative distance, Geographic distance, Economic distance,
Distância Cultural, distância administrativa, distância geográfica, distância econômica
CBA – Cross Border Acquisition, Aquisição Internacional
CEO – Chief Executive Officer
CD – Cultural Distance, distância cultural
CR – Country Risk, Risco-País
FDI – Foreign Direct Investment, investimento estrangeiro direto
GLOBE – Global Leadership and Organization Behavior Effectiveness, Liderança Global e
Eficácia de Comportamento Organizacional
ICEX - Instituto Español de Comercio Exterior, Instituto Espanhol de Comércio Exterior
IE – International Experience, experiência internacional
IJV – International Joint Venture, joint venture internacional
JIBS – Journal of International Business Studies
MNC – Multinational Corporations¸ corporações multinacionais
MNE – Multinational Enterprises, empresas multinacionais
NIT – New Institutional Theory, nova teoria institucional
OBE - Ownership-Based Entry Mode, modo de entrada baseado em meios próprios
OLI - Ownership – Location – Internalization, propriedade – localização – internalização
P&D – Pesquisa e desenvolvimento
PDI – Power distance index – índice de distância de poder
R&D – Research and development, pesquisa e desenvolvimento
RBV- Resource-based View – visão baseada em recursos
TCE – Transaction Costs Economics, teoria econômica de custos de transação
TCT – Transaction Costs Theory, teoria de custos de transação
WOS – Wholly Owned Subsidiaries, subsidiárias totalmente próprias
WVS – World Values Survey – Pesquisa mundial sobre valores
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11
1.1.
Problema de Pesquisa ................................................................................................ 11
1.2.
Objetivos da Pesquisa ................................................................................................ 14
1.2.1.
Objetivo Geral .................................................................................................... 14
1.2.2.
Objetivos Específicos ......................................................................................... 14
1.3. Justificativa .................................................................................................................... 14
1.4. Metodologia ................................................................................................................... 19
1.5. Estrutura da Dissertação ................................................................................................ 24
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 25
2.1. Teoria de custos de transação na perspectiva de Coase (1937) e Williamson (1981) ... 25
2.2. Teoria institucional na perspectiva de North (1990) e Peng (2002) .............................. 29
2.3. Diversidade cultural na visão de Hofstede et al. (2010)................................................ 33
3. PANORAMA DOS ARTIGOS SELECIONADOS ............................................................. 43
3.1. Meta-análise em artigos sobre custos de transação e modo de entrada ......................... 43
3.1.1. Determinantes de custo de transação e modo de entrada com base em recursos
próprios na visão de Zhao et al. (2004) ........................................................................... 44
3.1.2. Meta-análise de decisões organizacionais e teoria de custos de transação na
perspectiva de Geyskens et al. (2006) .............................................................................. 50
3.1.3. Meta-análise de efeitos da distância cultural na escolha do modo de entrada,
diversificação internacional e desempenho de multinacionais na visão de Tihanyi et al.
(2005) ............................................................................................................................... 53
3.2. Modelo expandido de Brouthers (2002) ........................................................................ 56
3.2.1. Modo de entrada internacional: as vantagens dos métodos multiníveis segundo
Arregle et al. (2006) ......................................................................................................... 69
3.2.2. Estratégias de escolha de modo de entrada e decisões na expansão em mercados
internacionais na visão de Chen e Mujtaba (2007) .......................................................... 70
3.2.3. Escolha de modo por investimento direto estrangeiro (FDI): modos de entrada em
economias de transição, segundo Dikova e Witteloostuijn (2007) .................................. 73
3.2.4. O impacto do risco-país e a distância cultural na decisão de modo de entrada, na
discussão de Quer et al. (2007) ........................................................................................ 76
3.2.5. Modo de governança por cooperação: uma abordagem ampliada dos custos de
transação, segundo Kuittinen et al. (2009) ....................................................................... 78
3.2.6. Orientação estratégica e escolha do modo de entrada no mercado internacional,
segundo Liang et al. (2009) .............................................................................................. 83
3.2.7. Um modelo geral de TCE de instituições de negócios internacionais: falha do
mercado e reciprocidade na visão de Chen. et al. (2010) ................................................. 84
3.2.8. Motivos que levam firmas fornecem mercadorias para o mercado externo usando
combinação de meios de entrada, na visão de Pyo (2010) ............................................... 85
3.2.9. O impacto da distância agregada e diversidade cultural existente nos padrões de
expansão internacional na visão de Hutzschenreuter et al. (2011)................................... 86
4. ANÁLISE ............................................................................................................................. 89
4.1. Teoria de custos de transação associada a outros fatores ............................................ 108
4.2. Institucionalização associada à confiança e decisão de modo de entrada por
subsidiárias próprias (WOS) ou joint venture (JV) ............................................................ 108
4.3. Distância cultural e modos de entrada por subsidiárias próprias (WOS) ou por Joint
Venture (JV) ....................................................................................................................... 110
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 111
5.1. Limitações da pesquisa.................................................................................................... 113
5.2. Trabalhos Futuros .......................................................................................................... 114
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 116
11
1. INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem por referência o artigo de Brouthers (2002), o qual recebera em
2012 o prêmio de melhor da década pelo periódico Journal of International Business Studies
(JIBS). O JIBS Decade Award tem o patrocínio dos editores da Palgrave Macmillan e
seleciona o artigo de maior influência a cada dez anos. O comitê de seleção inclui membros
da Academy of International Business (AIB) assim como o editor-chefe do JIBS. Um dos
motivos que chama a atenção neste texto premiado de Brouthers é a articulação de influências
institucionais, culturais e de custos de transação no processo de escolha do modo de entrada e
meios para obter o melhor desempenho das empresas. A ênfase dada à teoria de custos de
transação e sua influência na decisão do modo de entrada em negócios internacionais já vem
de muito tempo. Entretanto, dada a intensificação na busca de mercados e atuação de
empresas no exterior, outros fatores tornam-se cruciais na decisão do modo de entrada,
fazendo com que o modelo de custos de transação adquira outros contornos.
Trata-se de um estudo voltado à análise de abordagens envolvendo modelos baseados
em custos de transação, aspectos institucionais ou culturais na decisão de modo de entrada em
negócios internacionais, as quais estão estruturadas em metodologia quantitativa, sendo parte
dos artigos elaborados com meta-análise (procedimento a ser descrito com mais detalhes na
parte dedicada à descrição da metodologia). Tendo em vista as perspectivas de um mundo
globalizado, há intensa busca de atuação no exterior por empresas de tamanhos e portes
distintos e os custos de transação não são os únicos fatores envolvidos nesse processo. Neste
contexto, é importante averiguar o estado atual das questões centrais da teoria de custos de
transação, dos contextos culturais e institucionais na escolha do modo de entrada, isto é, como
este assunto tem sido discutido, no sentido de apontar fatores que se aliam no decorrer deste
processo. Pressupõe-se que nesta última década tem-se analisado a combinação de variáveis
que permitem constatar mudanças na decisão do modo de entrada e no desempenho de
empresas no exterior.
1.1.
Problema de Pesquisa
Inicialmente, nesta seção introdutória, apresentam-se as considerações propostas por
Rindfleisch et al. (2010) sobre oportunidades de pesquisa presentes na relação entre custos de
12
transação, oportunidades e governança. Analisam-se, neste artigo em questão, quais
explicações para um comportamento em busca de oportunidades na entrada de negócios
internacionais contêm características das parcerias e da forma em que a relação entre custos
de transação e governança efetivamente influenciam o sucesso ou não do modo de entrada em
determinado país. Tais características das empresas parceiras estão associadas ao grau de
experiência, percepções e comportamento.
Além disso, estudos de teoria de custos de
transação (TCT) reconhecem que os custos de transação são fortemente influenciados pelas
características da própria transação, tal como, o grau de especificidade dos ativos e de
incerteza do ambiente (WILLIAMSON, 1981). Cabe destacar, entretanto, que abordagens
tradicionais de TCT destacam a transação individual como unidade de análise
(WILLIAMSON, 1981). Porém, estudos posteriores mostram que é preciso levar em
consideração um contexto mais amplo de relações do que aspectos individuais da transação. É
o que se argumenta nos estudos de Argyres e Liebeskind (1999) e, posteriormente, Wathne e
Heide (2004).
Rindfleisch et al. (2010) destacam também que a ampliação de um escopo na pesquisa
envolvendo TCT gera benefícios em se desenvolver uma análise mais acurada de níveis
diversificados de contexto, além de aspectos econômicos, especialmente em termos da ação
das organizações e de sua intermediação junto a governos com seus modos específicos de
estabelecer relações com empresas.
No que se refere, especificamente, a aspectos culturais, pode-se mencionar aqui a
proliferação de pesquisas sobre diferenças culturais nos processos de fusões e aquisições de
empresas, o que vislumbra a necessidade de se realizar análises mais sistematizadas do
impacto de fatores culturais na transferência de conhecimento, conforme demonstram os
autores Sarala e Vaara (2010). As diferenças culturais da organização interferem
significativamente na transferência de conhecimento quando ocorrem aquisições.
Vantagens de métodos multiníveis em modos de entrada internacional são destacadas
no estudo de Arregle et al. (2006), os quais argumentam acerca da evidente dimensão
empírica, conceitual e multinível nas pesquisas de modo de entrada, além de enfatizarem que
métodos quantitativos que não sejam multiníveis limitam o desenvolvimento da pesquisa e
têm consequências estatísticas negativas que põem em risco a validade e robustez dos
resultados.
13
Chen e Mujtaba (2007) tratam das estratégias de escolha do modo de entrada e as
decisões para expansão no mercado internacional. Recorrem à teoria de custos de transação,
além de desenvolverem uma reflexão sobre as diversas estruturas de governança nos modos
de entrada em mercados estrangeiros, destacando-se os fatores-chave que permeiam os
principais modos de entrada.
A realização de uma proposta de modelo integrado para avaliar os determinantes da
decisão do modo de entrada para pequenas e médias empresas em mercados internacionais é
uma das grandes contribuições de Cheng (2008), que apresenta quatro visões teóricas (teoria
de custos de transação, modelo proposto pela Escola de Uppsala, perspectiva de capacidades
organizacionais e teoria do poder de barganha).
Liang et al. (2009) situam como custos de transação, capacidade estratégica,
perspectivas cognitivas estratégicas interferem nas escolhas das firmas ao entrarem em
mercados estrangeiros. A descrição das implicações do modo de cooperação de governança,
bem como os fatores que afetam joint venture e decisões contratuais é a proposta do estudo de
Kuittinen et al. (2009). Liang et al. (2009) relacionam quatro fatores para tratar da natureza da
cooperação em contraste com custos de governança e seus modos de benefício.
Já Verbeke e Greidanus (2009) enfatizam que a teoria econômica moderna de custos
de transação desenvolveu as bases do pensamento em pesquisa em negócios internacionais.
Propõem um modelo baseado em laços de confiança no contexto do gerenciamento global de
multinacionais.
Hutzschenreuter et al. (2011) declaram que a pesquisa em estratégia internacional
identificou um conjunto de padrões de expansão para as multinacionais. Algumas parecem
expandir internacionalmente em um ritmo estável, enquanto outras oscilam nos ritmos de
crescimento. Um dos motivos para essas variações bruscas é a distância cultural durante certo
período, que pode afetar negativamente por conta de ajustes na dinâmica de custos. Além
disso, sugere-se que gerenciar uma rede de subsidiárias operando em contextos com alta
diversidade cultural aumenta a complexidade da governança interna e no ambiente.
14
Nesta descrição inicial dos principais assuntos apontados em periódicos acadêmicos,
publicados no período de 2002 a 2012, observam-se outros elementos que norteiam o modelo
de custos de transação e modos de entrada. Assim, a partir dos aspectos anunciados nos
estudos referentes à teoria de custos e modos de entrada em negócios internacionais,
estabelece-se a seguinte pergunta de pesquisa:
A escolha do modo de entrada em negócios internacionais se faz pelo predomínio de
influências institucionais, culturais ou de custos de transação?
1.2.
Objetivos da Pesquisa
1.2.1. Objetivo Geral
O objetivo geral desta dissertação é investigar o estado atual da pesquisa acadêmica
sobre o predomínio da influência de aspectos institucionais, culturais ou de custos de
transação na decisão do modo de entrada em negócios internacionais.
1.2.2. Objetivos Específicos
A partir do objetivo geral exposto anteriormente, determinam-se os seguintes objetivos
específicos desta dissertação:
- Pesquisar os aspectos inerentes a fatores institucionais, culturais, custos de transação e modo
de entrada em negócios internacionais no período de 2002 a 2012;
- Realizar uma análise dos artigos selecionados, a fim de estabelecer os parâmetros para uma
proposta futura de estudo meta-analítico.
1.3. Justificativa
A teoria de custos de transação (TCT) de Williamson (1981) é frequentemente adotada
como perspectiva de análise nas pesquisas sobre modo de entrada em negócios internacionais,
uma vez que a base dos argumentos se estrutura nos fatores de TCT que influenciam a tomada
15
de decisão: especificidade de ativos e incerteza em relação a comportamentos internos da
firma e especificidades de mercado. Apesar de Williamson (1981) concentrar sua discussão
nos investimentos verticais, outros estudos sobre modo de entrada recorreram ao conceito de
especificidade de ativos para explicar investimentos horizontais, quer dizer, investimentos
realizados para explorar um conhecimento de mercado para entrada em outro mercado. O
modelo de Williamson (1981) indica que a incerteza torna difícil determinar antecipadamente
as contingências possíveis em um contrato, assim como a incerteza no interior da organização
torna difícil constatar como será o desempenho futuro. Williamson (1981) deixa claro que a
incerteza gera problemas quando associada à especificidade de ativos, ou em casos em que há
significativa alteração dos custos.
Estudos referentes à teoria institucional (NORTH, 1990; SCOTT, 1995) sugerem que
aspectos institucionais afetam o processo de entrada de uma firma no mercado externo por se
tratar de um ambiente em que há um conjunto de normas a serem seguidas para que as
empresas atuem em um determinado mercado. Trata-se, essencialmente, de aspectos
institucionais previstos pelo governo do país anfitrião, ou de diferenças entre o país de origem
e os países anfitriões, o que certamente constitui um conjunto de influências na decisão do
modo de entrada (ERRAMILLI, 1996).
A chamada nova teoria institucional (NIT) estabelece que o ambiente institucional de
um país se compõe das dimensões: regulatória, cognitiva e normativa (SCOTT, 1995). Essas
três dimensões variam de acordo com o país e exercem influência nas decisões gerenciais,
porque tais influências são conduzidas no contexto de determinado país. Uma vez que essas
influências são relativamente uniformes no ambiente do país anfitrião, há um conjunto de
pressões de modo a fazer com que os negócios sejam conduzidos de certa maneira e que as
estruturas sejam aceitas. Firmas que tentam desafiar essas normas institucionais correm o
risco de perder a legitimidade e, portanto, serem excluídas do mercado. Daí o fato de ser
relevante incluir aspectos institucionais em estudos sobre decisão de modo de entrada.
Além dos aspectos institucionais, há estudos que destacam o papel da distância
cultural no modo de entrada. Yiu e Makino (2002) sugerem que a distância cultural pode
refletir diferenças nas relações de confiança entre país de origem e países anfitriões, o que
certamente afeta o modo de entrada. Estudos de Barkema e Vermeulen (1997) e de Shane
(1993) tratam da questão de como componentes culturais específicos afetam o grau de
16
incerteza e, portanto, a decisão do modo de entrada. Cho e Padmanabhan (2005) refletem
sobre a distância cultural no contexto institucional e o impacto na escolha do modo de entrada
ocorre em função dos riscos de investimento e experiência na tomada de decisões específicas.
Como se observa, os estudos sobre decisão de modo de entrada não se restringem
apenas à teoria de custos de transação; há uma crescente tendência em associar aspectos de
ordem institucional e relativos à questão cultural como fatores importantes na análise da
decisão do modo de entrada. Além disso, no que tange à viabilidade da pesquisa, a partir do
levantamento de artigos referentes à relação entre aspectos institucionais, culturais e custos de
transação na decisão de modo de entrada em negócios internacionais, observam-se frentes de
pesquisa abertas, principalmente no maior detalhamento de influências de natureza
institucional e/ou cultural. O quadro 1 apresenta de maneira sistematizada o que diferentes
autores apontaram em estudos relacionados ao assunto desta dissertação de mestrado.
Quadro 1 – Análise preliminar de artigos selecionados
Autores
Aspectos
Aspectos
Institucionais
Culturais
Arregle et al.
Não abordado
Não abordado
(2006)
Brouthers (2002)
Análise das
restrições legais
Risco de
investimento
Brouthers et al.
(2003)
Restrições legais
Incerteza
comportamental
Principais Achados
Contribuições
Teste de um modelo
em que se integram
os custos de
transação, teoria
institucional e
variáveis
organizacionais e de
aprendizagem para
analisar a escolha
entre joint venture ou
subsidiária própria no
modo de entrada
Para testar as
hipóteses e verificar
o modelo expandido
para custos de
transação, o autor
recorre à análise de
regressão logística e
preparou um teste de
correlação para
verificar
multicolinearidade
Teste comparativo
entre modos de
entrada no modelo
expandido de custos
de transação com
outros baseados na
tradicional teoria de
custos de transação
Aplicar a dimensão
multinível de
Bernoulli para
comparar modos de
entrada com joint
venture internacional
e subsidiárias
próprias
Proposta de um
modelo expandido
envolvendo custos de
transação, aspectos
institucionais e
culturais na decisão
do modo de entrada
Aplicação de um
modelo expandido
envolvendo custos de
transação que no
teste das hipóteses
revela melhor
desempenho das
empresas em relação
a outros modos de
entrada
17
Cont. Quadro 1
Chia-Chen (2004)
Não abordado
Comportamento
oportunista
Incerteza e
complexidade nos
acordos
Estudo detecta
problemas relativos a
custos de transação e
teoria da agência
Chen e Mujtaba
(2007)
Risco-País
Restrições
governamentais
Distância cultural
Desenvolvimento de
estrutura de
previsores do
impacto de fatores
específicos da firma,
do país, do mercado e
das decisões de modo
de entrada das
multinacionais
Cheng (2008)
Não abordado
Não abordado
Gao (2004)
Risco-País
Instabilidade
Política
Reforma
institucional
Poder de barganha
Risco-País
Não abordado
As quatro visões
teóricas adotadas
(teoria dos custos de
transação, modelo de
Uppsala, perspectiva
de capacidade
organizacional, teoria
do poder de
barganha) mostramse relevantes na
decisão de modo de
entrada de pequenas
e médias empresas
Mapeamento das
circunstâncias que
envolvem as decisões
do modo de entrada
Não abordado
Distância cultural
Diversidade
Cultural
Gatignon e
Gatignon (2010)
Hutzschenreuter et
al. (2011)
Distância
sociocultural
Detalhamento e
síntese da teoria
proposta por
Anderson (1988)
Detalhamento de
como as diferenças
culturais interferem
na expansão
internacional
Proposta de um
modelo conceitual
que tenha por foco o
impacto das escolhas
das multinacionais no
modo de entrada, nos
limites da firma e da
criação de valor, a
partir das
perspectivas de
custos de transação e
teoria da agência
Uso de abordagens
de custos de
transação e de outras
que não se baseiam
em custos de
transação para
analisar o efeito nas
estruturas de
governança e
explorar os fatoreschave que
influenciam no modo
de entrada
Estudo propõe um
modelo teórico
robusto com base em
quatro teorias (teoria
dos custos de
transação, modelo de
Uppsala, perspectiva
de capacidade
organizacional, teoria
do poder de
barganha)
Elaboração de um
teorema sobre a
contingência das
decisões de modo de
entrada
Apresentação
detalhada dos
constructos
envolvidos na Teoria
de Custos de
Transação
Identificação de
modelos de expansão
de multinacionais a
partir da teoria
proposta por Penrose
(1959)
18
Cont. Quadro 1
Kuittinen et al.
(2009)
Modo de
governança
cooperado
Não abordado
Análise de regressão
logística sugere que
os custos com
governança dinâmica
fornece dados
adicionais à
tradicional
abordagem de teoria
de custos de
transação
Adoção de três
perspectivas teóricas
(custos de transação,
capacidade
estratégica e
cognição estratégica)
para provar que as
orientações
estratégicas das
firmas influenciam a
escolha de novos
mercados
Coleta de dados
empíricos para provar
que o modo
expandido de custos
de transação afeta o
modo de governança
Liang et al. (2009)
Não abordado
Não abordado
Rasheed (2005)
Não abordado
Não abordado
Exportadoras
apresentam taxas de
crescimento mais
elevadas quando a
indústria doméstica
tiveram crescimento
elevado em períodos
anteriores
Não abordado
Não abordado
Ampliação da teoria
da multinacional
Sharma e Erramilli
(2004)
Não abordado
Não abordado
Tihanyi et al.
(2005)
Não abordado
Distância cultural
Verbeke (2003)
Não abordado
Diversidade
cultural
Verbeke e
Greidanus (2009)
Risco-País
Distância cultural
Teorias de modo de
entrada comparadas a
paradigmas de
mercado,
comportamental,
queda de mercado
Forte associação
negativa entre
distância cultural e
decisão do modo de
entrada
Relação entre teoria
de custos de
transação e variáveis
relativas ao
aprendizado e
competência
Complementação de
abordagens da teoria
de custos de
transação com a
questão da confiança
Ampliação da teoria
de contingência de
alinhamento
estratégico para
explicar o processo
de
internacionalização
de pequenas e médias
empresas
Análise detalhada do
processo de expansão
das multinacionais
Plataforma de teoria
com base em
recursos que oferece
explicações sobre a
decisão do modo de
entrada
Realização de metaanálise de distância
cultural e decisão do
modo de entrada
Rugman e Verbeke
(2003)
Demonstração de
como as estratégias
de negócio já em
vigor das empresas
afetam a decisão de
escolha de modo de
entrada.
Análise minuciosa
sobre o processo de
transferência de
aprendizado ou de
conhecimento
Discussão sobre a
importância dos laços
de confiança para
estabelecer a
governança das
multinacionais
19
Cont. Quadro 1
Zhao et al. (2004)
País de origem
Não abordado
Integração de
perspectivas teóricas
de diferentes autores,
visualizando linhas
de abordagem
predominantes em
cada período
Realização de metaanálise os
determinantes do
custo de transação e
da opção por modo
de entrada próprio
Fonte: Elaboração própria (2013)
A partir das considerações estabelecidas sobre o levantamento de artigos referentes ao
contexto da decisão de modo de entrada e os aspectos que influenciam o processo da escolha,
nota-se a importância da realização de um estudo voltado à análise das influências
institucionais, culturais e de custos de transação na escolha do modo de entrada, porque há
ainda possibilidades de investigações a serem realizadas.
1.4. Metodologia
Obteve-se a procura, seleção de artigos relacionados ao tema proposto pela consulta às
bases eletrônicas do ISI Web of Science e UMI-ProQuest. Utilizou-se como critério de busca
as palavras-chave em inglês “transaction cost”, “entry mode”, “institutional”, “cultural
aspects”. Optou-se pela escolha de artigos relacionados a esses assuntos no período de 2002 a
2012. Passou-se, então, a analisar os artigos separados por blocos temáticos por subtemas
escolhidos para depois decidir-se pela seleção dos artigos que seriam discutidos na revisão da
literatura, como procedimento inicial desta pesquisa. Realizada a seleção de artigos,
escolheram-se alguns já estruturados na metodologia de meta-análise com temas relacionados
à teoria de custos de transação, para proporcionar uma visão acerca da especificidade dos
artigos estruturados nesse tipo de metodologia. Procedimento semelhante foi adotado com os
artigos publicados posteriormente ao de Brouthers (2002), com o intuito de averiguar como
têm sido tratadas na produção acadêmica as relações entre aspectos institucionais, culturais
e/ou de custos de transação na escolha do modo de entrada em negócios internacionais. Os
artigos selecionados constituem estudos quantitativos sobre os assuntos propostos, condição
essencial para se pensar em utilizar, no futuro, a metodologia de meta-análise. Os artigos
publicados no período de 2002 a 2012, selecionados a partir dos procedimentos descritos
anteriormente, totalizam 86.
20
Meta-análise, também conhecida pelas denominações análise sistemática e revisão
sistemática, é um procedimento que procura integrar as pesquisas empíricas com a finalidade
de estabelecer generalizações. Entretanto, está implícita a noção de que generalizações
envolvem a busca dos limites das generalizações. Também as revisões sistemáticas
frequentemente se dedicam à observação das teorias relevantes, estabelecem uma análise
crítica da pesquisa que tratam e buscam identificar questões para pesquisas futuras. Neste
processo, sugerem-se procedimentos quantitativos, os quais por modelos estatísticos
consistentes podem combinar o resultado de diferentes estudos e integrar os achados
(COOPER et al., 2009). Trata-se de um processo que apresenta estágios para sua realização,
os quais podem ser sinalizados pelo quadro 2:
Quadro 2: Síntese no contexto conceitual de procedimentos de pesquisa
CARACTERÍSTICAS DE CADA ESTÁGIO DA META-ANÁLISE
PERGUNTA DE PESQUISA
FUNÇÃO PRELIMINAR
ESTÁGIO
Definição do problema
Qual evidência de pesquisa será
importante para o problema ou
hipóteses de interesse na síntese
da pesquisa?
Definir as variáveis e as
relações de interesse de modo
que os estudos possam ser
identificados por sua relevância
ou não.
de
Quais procedimentos deveriam
ser utilizados para encontrar
pesquisas relevantes?
Avaliar a correspondência entre
os métodos e implantação dos
estudos e inferências das
sínteses desejadas
Quais das pesquisas obtidas
deveriam ser incluídas ou
excluídas
com
base
na
adequação dos métodos para o
estudo dos problemas na
implantação das pesquisas?
Quais procedimentos deveriam
ser utilizados para resumir e
integrar os resultados da
pesquisa?
Identificar as fontes e termos
adotados na busca para
pesquisas relevantes e extrair
informações importantes dos
resumos
ou
descrições
sumarizadas.
Identificar e aplicar critérios de
separação correspondente de
resultados
de
pesquisa
incomensuráveis.
Coleta de
pesquisa
evidências
Analisar (integrar) as evidências
de estudos individuais
Interpretar
acumuladas
as
Identificar
e
aplicar
os
procedimentos para combinar
resultados entre os estudos e
testar
as diferenças dos
resultados entre os estudos.
evidências
Quais conclusões podem ser
extraídas das evidências de
pesquisa acumuladas?
Sumarizar
as
evidências
acumuladas de pesquisa com
especial atenção à sua força,
generalização e limitações.
Apresentar
os
métodos
sintetizados e resultados.
Quais informações deveriam ser
incluídas no relato da síntese?
Identificar e aplicar guias
editoriais
e
justificar
a
determinação de aspectos dos
métodos e resultados.
VARIAÇÃO DE
PROCEDIMENTO
Variações
na
amplitude
conceitual e detalhamento das
definições que podem levar a
diferenças nas operações de
pesquisa relevantes ou testadas
por
suas
influências
moderadoras.
Variação nas fontes de busca e
procedimentos de obtenção
pode levar
a
diferenças
sistemáticas na pesquisa, no que
se conhece de cada estudo.
Variação nos critérios de
decisões de inserção de estudos
pode levar a diferenças em
quais estudos permeiam a
síntese a ser obtida.
Variação nos procedimentos
usados
para
analisar
os
resultados
de
estudos
individuais pode levar a
diferenças
nos
resultados
acumulados.
Variações nos critérios para
resultados rotulados podem ser
importantes no detalhamento de
estudos que levam a diferenças
na interpretação dos achados.
Variação nos relatos pode levar
os leitores a confiar mais ou
menos nos resultados das
sínteses e influenciar outros
sobre a habilidade de replicar
tais resultados.
Fonte: Adaptado de Cooper et al. (2009, p. 9).
No que se refere, especificamente, a esta dissertação realizaram-se os dois primeiros
estágios dos procedimentos de pesquisa propostos por Cooper et al. (2009). Primeiramente, a
definição do problema, em que se indaga sobre as influências institucionais, culturais e de
21
custos de transação na decisão de modo de entrada e o predomínio de alguma dessas
influências no decorrer do processo. A procura, seleção e escolha dos artigos se fez pela
associação nos mecanismos de busca das bases de dados eletrônicas ISI Web of Science e
UMI-ProQuest pelos termos correspondentes em inglês “institutional influences and entry
mode choice”, “cultural influences and entry mode choice”, “transaction costs theory and
entry mode choice”.
Optou-se pelos artigos posteriores a 2002, porque a intenção era
investigar o estado da pesquisa envolvendo os eixos influências institucionais e custos de
transação, influências culturais e modo de entrada e teoria de custos de transação e modo de
entrada após a publicação do artigo de Brouthers (2002). Esta opção corresponde à terceira
coluna do quadro 2, denominada função preliminar, em que se almeja definir as variáveis e
relações de interesse de modo a identificar a relevância dos estudos.
A busca e seleção de artigos estruturados em meta-análise se fez pela inserção dos
termos “meta-analysis and institutional aspects”, “meta-analysis and entry mode choice”,
“meta-analysis and transaction cost theory”, “meta-analysis and international business”. A
escolha destes artigos tem por base a intenção de analisar como se estruturam estas análises
com vistas à melhor compreensão desta metodologia.
Os demais quatro estágios do quadro 2 pressupõem a aplicação de procedimentos
meta-analíticos, os quais não foram aplicados nesta dissertação de mestrado.
Em termos de procedimento metodológico para averiguar o escopo da produção
acadêmica referente à influência de aspectos relativos a custos de transação, fatores
institucionais e/ou culturais na decisão de modo de entrada de negócios internacionais, opta-se
pela elaboração de uma análise de conteúdo com vistas à realização de uma meta-análise no
futuro, para mensurar e avaliar as relações e integrações dos diversos estudos. Em tempos de
pleno acesso a informações, as revisões críticas da literatura adquirem uma função crucial.
Neste sentido, a meta-análise é uma técnica de revisão importante, que viabiliza aos
pesquisadores a possibilidade de analisar achados por meio da combinação nos diversos
estudos, comparando-os de modo a identificar aspectos consistentes na metodologia do estudo
e proporcionar abordagens teóricas a partir desses arranjos analíticos dos dados (COOPER et
al., 2009).
22
Apesar de a meta-análise ter sido utilizada na literatura sobre marketing e gestão, o
mesmo não se pode dizer na área de negócios internacionais. Isto se observou na busca de
artigos para a presente pesquisa, havendo apenas poucos com uso desta metodologia. Daí a
possibilidade de elaboração futura de uma meta-análise dos aspectos inerentes a avaliações de
entrada em novos mercados, sejam eles norteados por aspectos institucionais, culturais ou
decorrentes da teoria de custos de transação.
De acordo com o universo da pesquisa e o tipo de abordagem dos estudos, o problema
fundamental é assegurar que a amostra selecionada suporte as inferências ao universo. Parte
do problema é garantir que os critérios de pesquisa sejam coerentes com a definição do
universo e que uma amostra ampla dos estudos atenda aos critérios de forma representativa.
Além disso, é primordial para a realização da meta-análise lidar com as diferenças entre os
estudos por meio da combinação de tamanhos de efeito (effect sizes) dos diversos estudos. As
correlações destes tamanhos de efeito podem ser de diversos tipos, mas ainda assim, a decisão
do tipo de uso a ser adotado depende da precisão de como os dados foram obtidos pelos
diversos autores, de modo a efetuar o percurso que eles fizeram e na comparação de tais
percursos a fim de se estabelecer a comparação dos resultados e ver eventuais incidências,
lacunas e daí propor outras investigações.
Em relação aos tamanhos de efeito (effect sizes), Borenstein et al. (2009) destacam a
diferença entre tamanhos de efeito e efeitos de tratamento (treatment effects); reforçam que na
medicina os estudos meta-analíticos frequentemente se referem ao tamanho de efeito como o
efeito do tratamento e este termo algumas vezes assume as diferenças de risco ou de
resultados. De modo similar, meta-análise na área de ciências sociais aplicadas diz respeito
simplesmente ao tamanho do efeito, o qual algumas vezes parece se referir a diferenças
padronizadas ou a correlações.
Borenstein et al. (2009) salientam que, de fato, a distinção dos termos tamanho de
efeito e efeito de tratamento ocorre pela natureza do estudo. Tamanho de efeito é utilizado
para quantificar a relação entre duas variáveis ou a diferença entre dois grupos. Por outro lado,
o termo efeito de tratamento é adequado para quantificar o impacto de uma intervenção
deliberada. Portanto, a diferença, por exemplo, entre homens e mulheres poderia ser
denominada simplesmente de tamanho de efeito enquanto a diferença entre os grupos de
controle ou os grupos tratados poderia ser chamada tanto de tamanho de efeito quanto efeito
23
de tratamento. Enquanto grande parte dos estudos meta-analíticos adotam por foco os
relacionamentos entre as variáveis, alguns têm por objetivo estimar o significado ou o risco de
um resultado em uma determinada população.
Hunter e Schmidt (2004) atentam para a importância do desenvolvimento de uma
teoria, entendida como uma das principais tarefas em todas as áreas da ciência. Em muitos
casos, os teóricos têm disponíveis os resultados de diversos estudos anteriores sobre o assunto
de interesse. Sua primeira tarefa é descobrir os relacionamentos empíricos revelados por tais
estudos de modo que possam levar em consideração a construção da teoria. No processo de
desenvolvimento da compreensão desses relacionamentos vale fazer uma revisão destes e
construir uma tabela resumindo suas principais descobertas.
A discussão proposta por Hunter e Schmidt (2004), que tem por finalidade não apenas
a apresentação de procedimentos para realização de meta-análise, mas também a correção de
erros e desvios de pesquisa, apresenta considerações sobre o fato de alguns pesquisadores
acreditarem que o único problema relacionado com teste de significância esteja na
identificação do baixo poder e que este problema poderia ser revolvido quando se obtém
confiança no teste de significância. Hunter e Schimidt (2005) alegam que tais pesquisadores
creem que o problema seria solucionado se fosse calculado o número de assuntos (number of
subjects) necessários para a obtenção do “poder adequado” (em geral 0,80) e que então se
utilizasse esta amostra. Entretanto, Hunter e Schmidt (2004) reforçam que esta exigência seria
difícil de ser conseguida em grande parte dos estudos analisados. Há casos em que o tamanho
de efeito se torna a diferença entre dois efeitos e aí os tamanhos de efeito são geralmente
pequenos, e para se obter o “o poder adequado” de 0,80 seria preciso uma amostra
relativamente grande, isto é, entre 1000 e 2000, o que torna inviável para muitos
pesquisadores, pois dependendo do estudo ou dos recursos não há como obter uma amostra
nesta proporção.
O problema do poder estatístico em estudos individuais pode ser solucionado ao se
optar pela descontinuidade do teste de significância. Oakes (1986) afirma que o poder
estatístico é o conceito legitimado dentro de um determinado contexto de teste de
significância. Se o teste de significância não for utilizado, o conceito de poder estatístico não
se aplica e não é significativo. Isso mostra que não há, segundo Oakes (1986), necessidade de
se preocupar com o poder estatístico quando os intervalos de confiança são utilizados para
24
analisar dados em estudos e a meta-análise é utilizada para integrar as descobertas destes
estudos.
Conforme se observa pelas observações de Cooper et al. (2009), Borenstein et al.
(2009) e Hunter e Schmidt (2004) a realização de estudos meta-analíticos pressupõe a adoção
de critérios específicos desde a definição do problema ser investigado, como a seleção de
estudos, análise específica de seus conteúdos e critérios para se estabelecer a integralização
das descobertas destes estudos, levando-se em consideração a especificidade do estudo a ser
realizado.
1.5. Estrutura da Dissertação
Esta dissertação divide-se em quatro partes além desta introdução. No capítulo 2,
apresenta-se a revisão bibliográfica sobre teoria de custos de transação, na perspectiva de
Coase (1937) e Williamson (1981), teoria institucional segundo North (1990) e Peng (2002) e
aspectos referentes à distância e especificidades culturais, a partir de Hofstede et al. (2010).
No capítulo 3 consta a apresentação de parte dos artigos selecionados para a pesquisa, a fim
de se prover uma visão panorâmica dos assuntos por eles tratados. Inicialmente, estrutura-se
uma discussão sobre as características de estudos meta-analíticos relacionados aos assuntos
pertinentes a esta dissertação e, em seguida, a proposta de um modelo expandido das relações
entre teoria de custos de transação e modo de entrada, a partir de Brouthers (2002) e artigos
publicados após 2002. O capítulo 4 contém a análise dos artigos selecionados para esta
pesquisa, ou seja, a reflexão sobre os resultados obtidos nos referidos estudos e descrição de
suas implicações, além de sinalizações para realização futura de abordagem meta-analítica. A
quinta parte contém a conclusão, as limitações da pesquisa e as sugestões para trabalhos
futuros.
25
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Uma vez que a presente dissertação está estruturada na análise da produção acadêmica
no período de 2002 a 2012 sobre influências institucionais, culturais e/ou de custos de
transação na escolha do modo de entrada em negócios internacionais, considera-se essencial
trazer a discussão sobre custos de transação, retomando-se os estudos de Coase (1937) e
Williamson (1981); teoria institucional (NORTH, 1990; PENG, 2002) e a abordagem de
Hofstede (2010) envolvendo a questão da cultura.
2.1. Teoria de custos de transação na perspectiva de Coase (1937) e
Williamson (1981)
O papel dos custos de transação em negócios internacionais vem sendo analisado há
bastante tempo. Um dos estudos mais antigos relacionados a este assunto é o de Coase (1937),
o qual descreve os aspectos inerentes à firma e à sua forma de atuação no mercado. A
discussão se inicia com uma crítica à maneira como economistas haviam se posicionado em
suas teorias no sentido de terem se omitido na análise das bases em que se ergue a teoria
econômica. De acordo com Coase (1937), isto é essencial para que se evitem visões
distorcidas ou falta de discernimento quanto ao uso preciso de determinados conceitos; cita,
como exemplo, a necessidade de se utilizar o termo “firma” de modo distinto àquele adotado
pelo “homem comum”, como se houvesse uma tendência de a teoria econômica descrever
uma firma individualmente e não em sua atuação na indústria. Destaca-se a necessidade de se
definir a firma de modo realista, isto é, quanto ao seu significado no “mundo real”.
Um dos pontos de partida para delinear toda a análise proposta sobre a natureza da
firma é a maneira como Coase (1937) estabelece a reflexão, inicialmente fazendo menção a
Salter (1932) sobre o que envolve o sistema econômico, quanto ao fato de ser um sistema que
funciona por si mesmo, isto é, não está submetido a um controle central, ou seja, como se ao
longo da atividade humana, o suprimento se ajusta à demanda, a produção ao consumo, por
um processo que é automático, elástico e que dá resposta. Neste sentido um economista pode
pensar que o sistema econômico está sendo coordenado pelos mecanismos de preço e que a
26
sociedade não é uma organização e, sim, um organismo. Isso não significa que não haja
planejamento por parte dos indivíduos. Esta teoria de Salter (1932) pressupõe que o destino
dos recursos depende diretamente dos mecanismos de preço, o que é criticado por Coase
(1937) porque, no contexto da firma, esta descrição não é suficiente; destaca também outros
economistas como Marshall (1920), que situa a organização como o quarto fator da produção
e Clark (1907) que enfatiza a importância da função do empresário. Isto revela que fora da
firma, as oscilações de preço direcionam a produção, a qual é coordenada por uma série de
transações no mercado. Dentro da firma estas transações de mercado são eliminadas e, no
lugar da complexa estrutura de mercado com transações, entra o empresário como
coordenador, o qual dirige a produção.
Um dos pontos destacados por Coase (1937) é a razão principal que torna lucrativo
estabelecer a firma em um contexto em que pareça que há um custo ao utilizar o mecanismo
de preço. O mais evidente custo de organizar a produção em um mecanismo de preço é aquele
que descobre quais são os preços relevantes. Este custo pode ser reduzido e não será
eliminado com o surgimento de especialistas que venderiam esta informação. Haveria
também custos de negociação e de concluir um contrato em separado para cada transação a
serem levados em conta. Em certos mercados como transações relacionadas à produção,
adota-se uma técnica para minimizar os custos de contratos, mas eles não são totalmente
eliminados. É muito importante levar em consideração as características do contrato em que
fatores de produção, por exemplo, estão empregados na firma. O contrato estabelece uma
determinada remuneração (que pode ser fixa ou flutuante) e direções que uma empresa pode
adotar até certos limites. A essência do contrato está em determinar os limites dos poderes da
empresa. Dentro desses limites, a empresa pode dirigir diretamente nos fatores de produção.
Coase (1937) ressalta também as desvantagens, ou melhor, os custos em se apoiar meramente
nos mecanismos de preço. Pode-se pretender a realização de um contrato de longo prazo para
o fornecimento de algum produto ou serviço. Isto pode ocorrer para se evitar uma série de
pequenos contratos, o que reduziria os custos envolvidos em cada contrato.
A base da discussão de Coase (1937) está na questão de que firmas e mercados
constituem estruturas de governança que apresentam diferenças em seus custos de transação.
Especificamente, este estudo propõe que em determinadas condições, os custos envolvidos
nas transações econômicas em um mercado excedem os custos de organizar tal transação
dentro da firma. Neste contexto, os custos de transação são os custos de gerenciar o sistema e
27
incluem os custos prévios como o de elaborar e negociar contratos, assim como custos futuros
com o monitoramento e reforço a tais acordos.
Em relação à análise de Coase (1937), Williamson (1981) fez uma contribuição ao
identificar os tipos de trocas mais apropriadas nos processos de atuação internacional das
empresas em determinado mercado. Ele também ampliou o modelo proposto por Coase (1937)
ao sugerir que os custos de transação incluem tanto os custos diretos de gerenciar os
relacionamentos e os custos de oportunidade de tomar decisões de governança inadequadas.
O modelo estruturado por Williamson (1981) parte de dois grandes pressupostos de
comportamento humano (por exemplo, a oscilação entre racionalidade e oportunismo) e duas
dimensões-chave de transações (como especificidade de ativos e incerteza). Vejamos como
Williamson (1981) realiza a abordagem de custos de transação. A racionalidade, na visão
deste autor, apresenta situações em que se encontram dificuldades para processar as
informações racionalmente, havendo a possibilidade de surgir um ambiente com incerteza, em
que pode haver espaço para atitudes oportunistas, ou seja, em que uma das partes aja de
maneira motivada a atender interesses próprios, sendo necessário elaborar contratos mais
detalhados, o que elevam os custos de transação.
A especificidade do ativo, considerada por Williamson (1981) uma das dimensõeschave de transação, pode ser descrita a partir dos seguintes tipos, conforme apresentação de
Besanko et al (2006):
- Especificidade de localização: diz respeito aos ativos que estejam localizados em
proximidade para se obter economia com custos de transporte e estoques, ou para obter
vantagem na eficiência de processamento. Como exemplo, pode-se citar a produção de aço,
como especificidade de localização (proximidade dos fornos para fabricação do aço, unidades
de fundição e usinagem proporcionam economia no custo de combustíveis, pois o ferro
fundido, o aço derretido e o aço semi-acabado não precisam ser reaquecidos antes de serem
movidos para a etapa seguinte no processo na cadeia de produção);
- Especificidade de ativo físico: são ativos cujas propriedades físicas dos ativos ou de projeto
são especificamente moldadas para um determinado tipo de transação. Por exemplo, produção
de recipientes de vidro necessita de moldes elaborados para determinadas formas do
recipiente e máquinas de fabricar vidros. A especificidade do ativo físico inibe os clientes de
optar pela troca de fornecedores;
28
- Ativos Dedicados: trata-se de um investimento em uma fábrica ou equipamento para
satisfazer um comprador em particular. Se não há a promessa do negócio por parte desse
comprador, o investimento não será rentável, como exemplo, pode-se mencionar uma
empresa que desenvolva uma linha de montagem específica para um determinado tipo de
empresa do setor industrial;
- Especificidade de ativo humano: casos em que profissionais tenham habilidades muito
específicas, know-how e informações valiosas, que vão além de habilidades tangíveis, como
perícia com o sistema operacional de um computador específico da organização.
Inicialmente, Williamson (1981) retoma os estudos anteriores referentes à teoria de
custos de transação, como do próprio Coase (1937) e também o de Hayek (1945), o qual
observara que o problema econômico não é exatamente interessante exceto quando
acontecimentos de ordem econômica estão em mudança, o que leva à necessidade de
adaptações frente a tais mudanças. O que difere de uma economia de alto desempenho é a sua
capacidade de se adaptar de maneira eficiente em ocasiões de incerteza. Embora Hayek (1945)
não utilize termos específicos da teoria econômica de custos de transação, estes, segundo
Williamson (1981), estão implícitos ao longo da análise. Destaca-se também que o eixo
norteador da pesquisa sobre análise dos custos de transação se desenvolveu no Carnegie
School com os autores March e Simon (1958) e Cyert e March (1963). Thompson (1967)
salienta que a organização hierárquica e os controles a ela associados são delineados para os
limites das capacidades humanas para lidar com situações de complexidade e de incerteza. A
incerteza está relacionada à presença de um comportamento oportunista, o qual dificulta a
previsão. A organização é vista na condição de encarar-problema e/ou resolver-problema.
Williamson (1981) demarca o aumento expressivo de uma grande preocupação com
questões relacionadas aos custos de transação no início dos anos 70, época em que se torna
mais evidente o modo de se analisar as organizações como estruturas alternativas de
governança, tanto no contexto interno das firmas e de suas relações com outras, assim como
na atuação destas firmas no mercado, o que prescindia de mais atenção, uma vez que havia
fortes diferenças nessas firmas e nessas transações. Williamson (1981) dedica boa parte de
sua análise para questões comportamentais, em especial o que envolve contratos, ou seja, os
custos presentes não apenas em sua elaboração, mas, sobretudo, em seu cumprimento.
Observa-se, em tal discussão, a presença de fatores de decisão baseada em racionalidade ou
em oportunismo.
29
A questão crucial, segundo Williamson (1981), é como ocorre a escolha entre
estruturas de governança da firma ou do mercado. Decisões racionais sobre custos de
transação são centrais para esta análise, mas também devem ser considerados os acordos
baseados em economias de produção, em que se pressupõe que o mercado possa desfrutar de
algumas vantagens, além de economias de custo de governança, nas quais as vantagens
podem ser no âmbito interno da organização. Além desses pontos, Williamson (1981) destaca
que outros pontos estão presentes como: especificidade da localização de ativos, gastos
adicionais com produção, escolha baseada em especificidade de ativos, o que pressupõe
demanda e consequentes custos de produção e, finalmente, custos de governança que variam
com a especificidade de ativos e, portanto, devem ser inseridos na previsão dos cálculos. A
escolha entre organização da firma e do mercado surge em meio a essas questões. Se os ativos
não são específicos, os mercados desfrutam de vantagens tanto nos custos de produção quanto
custos de governança, isto é, economias de escala podem ser exaustivas nas compras em vez
da produção. Entretanto, se os ativos se tornarem mais específicos, os benefícios agregados
dos mercados podem diminuir e a transação adquire características mais fortes por acordos
bilaterais.
Williamson (1981) sinaliza em suas considerações finais que a abordagem de teoria de
custos de transação tem um caráter interdisciplinar, uma vez que o estudo das organizações
engloba aspectos econômicos, de teoria organizacional e de legislação contratual. Daí a
necessidade de se refletir sobre teoria de custos de transação tanto para empresas comerciais e
não comerciais em função do conjunto diversificado de forças que atuam nas operações
dessas empresas.
2.2. Teoria institucional na perspectiva de North (1990) e Peng (2002)
North (1990) define instituições como sendo um conjunto de regras da sociedade que
modulam as interações humanas. Como consequência, estas regras estruturam incentivos para
as transações humanas, sejam elas de natureza política, social ou econômica. A mudança
institucional dá formas à maneira como a sociedade atua no decorrer do tempo e proporciona
meios para compreender como ocorrem mudanças históricas. Reforça-se que as instituições
30
afetam o desempenho das economias e também que economias com desempenho diferenciado
estão associadas à maneira como as sociedades atuam. North (1990) tem por finalidade
refletir sobre as implicações das mudanças sociais e as mudanças históricas, no sentido de
avaliar a natureza das instituições e suas consequências no desempenho econômico. Defende
também que a teoria institucional, dentro de uma perspectiva histórica, proporciona um
melhor entendimento de como ocorrem alterações significativas no desempenho das
economias no decorrer dos tempos.
Conforme North (1990), as instituições reduzem a incerteza ao proporcionarem uma
estrutura para a vida cotidiana. Trata-se do estabelecimento de guias norteadoras para
interação humana, desde as atitudes rotineiras dos indivíduos em sociedade, até a
caracterização da maneira como os países estabelecem transações de modo diferente. North
(1990) ressalta, entretanto, a necessidade de se estabelecer a diferença entre instituições e
organizações. Assim como as instituições, as organizações fornecem uma estrutura para
interação humana. De fato, quando se examinam os custos que surgem de uma estrutura
institucional, observa-se não apenas os resultados dessa estrutura, mas também das
organizações que desenvolveram as consequências para tal estrutura. Essencialmente, em
termos, conceituais, segundo North (1990), é preciso ter clara a diferença entre as regras e
seus jogadores. Organizações incluem as estruturas: políticas (partidos políticos, congresso,
senado, agências regulatórias), econômicas (firmas, empresas de comércio, cooperativas),
sociais (igrejas, clubes, associações de atletismo) e educacionais (escolas, universidades,
centros de treinamento vocacional). Trata-se de grupos de indivíduos unidos por propósitos
comuns em alcançarem seus objetivos. As organizações moduladoras constituem a análise de
estruturas de governança, as habilidades, como aprender a fazer, o que irá determinar o
sucesso da organização no decorrer dos tempos. North (1990) ressalta que a ênfase em seu
estudo está nas instituições como estabelecedora das normas, tendo por foco as organizações
em seu papel como agentes da mudança institucional. Portanto, há uma interação entre
instituições e organizações; as organizações são criadas com propósitos delineados em
consequência de um conjunto de oportunidades resultantes de regulamentações, em meio às
quais, procuram atingir seus objetivos em meio a todas as mudanças institucionais.
North (1990) também salienta que as instituições afetam o desempenho da economia
por terem efeitos nos custos de transação e de produção. Acrescentando-se a tecnologia, a
determinação dos custos de transação e de produção formam os custos totais. North (1990)
31
afirma que a existência e a natureza das instituições especificam a maneira como elas
estabelecem as funções de custo na economia. Além disso, comenta-se que o principal papel
das instituições na sociedade é reduzir a incerteza pelo estabelecimento de uma estrutura
estável de interação humana.
Em linhas gerais, a análise de North (1990) articula-se em descrever as diferenças
entre instituições e organizações, e de que maneira a interação entre elas modulam os
contornos da mudança institucional. As instituições, ao lado das restrições estabelecidas pela
teoria econômica, determinam as oportunidades na sociedade. As organizações, por sua vez,
são criadas para desfrutarem das oportunidades presentes na sociedade e pelo modo como
atuam promovem mudanças nas instituições.
Peng (2002) realiza uma análise que parte da indagação acerca das diferenças das
estratégias de diferentes países, pois uma vez que a diversidade das estratégias das empresas
no mundo resulta de um conjunto de forças possíveis internas e externas à organização. Neste
contexto, defende-se uma nova visão institucional norteada pelas diferenças nas estratégias de
negócios. Peng (2002) retoma inicialmente a definição de North (1990, p. 3) de que as
instituições pressupõem regras na sociedade, ou melhor, restrições que modulam as interações
humanas. Compara tais observações com a proposta de Scott (1995, p. 33) que define as
instituições como estruturas cognitivas, normativas e regulatórias, além das atividades que
proporcionam estabilidade e significado para o comportamento social. As estruturas
institucionais interagem com as organizações ao sinalizar as escolhas aceitáveis e suportáveis.
Nesse sentido, as instituições auxiliam a reduzir o grau de incerteza para as organizações. As
restrições institucionais incluem normas políticas, decisões judiciais e contratos econômicos.
Já as restrições informais, por outro lado, incluem normas de comportamento socialmente
aceitas, as quais estão atreladas à cultura e ideologia. Peng (2002) afirma que North (1990)
sugere que em situações em que as restrições formais falham, as restrições informais auxiliam
a reduzir o grau de incerteza e proporcionam constância para as organizações. Estes insights
têm implicações importantes para o desenvolvimento de uma visão institucional da estratégia
de negócios.
Peng (2002) destaca que as estratégias envolvem escolhas e que ao se analisar a
estratégias de negócios é preciso reconhecer os esforços de escolha presentes na tomada de
decisão nas organizações. Dada a influência das estruturas institucionais no comportamento
32
da firma, qualquer escolha estratégica da organização acaba sendo afetada por limitações
formais e informais de determinada estrutura organizacional.
A figura 1 apresenta a representação da interação entre instituições, organizações e a
realização de escolhas estratégicas.
Figura 1 - Instituições, organizações e escolhas estratégicas.
Instituições
Organizações
Interação Dinâmica
Limitações Formais
Condições da Indústria e
e Informais
Recursos específicos da firma
Escolhas
Estratégicas
Fonte: Adaptado de Peng (2000, p. 45).
Peng (2002) afirma que grande parte da pesquisa na área de estratégia traz abordagens
referentes a empresas ocidentais, mas reforça uma posição de Williamson (1991) em que
“não há como discutir estratégia de negócios sem levar em conta aspectos da organização
econômica de empresas japonesas” (WILLIAMSON, 1991, p. 87). Particularmente, Peng
(2002) salienta as redes de keiretsu, relações entre firmas que englobam muitas organizações
japonesas e que têm envolvido outras empresas asiáticas. Especificamente, no contexto de tal
rede, fornecedores independentes parecem colocar suas unidades de produção próximas a
grandes empresas como Toyota e Honda, na ausência de um contrato de longo prazo. Diante
de um grau elevado de especificidade de ativos, cria-se um valor econômico pela redução do
tempo de entrega e dos custos, ao mesmo tempo em que se aumenta a eficiência de entregas
em tempo real (just-in-time). Entretanto, tal grau de especificidade de ativos gera prováveis
altos custos de transação (WILLIAMSON, 1985) porque o valor dos ativos específicos de
localização dos fornecedores irão se depreciar consideravelmente quando não tiverem mais
33
um contrato com as indústrias ou quando os fornecedores quiserem realizar entregas para
fabricantes localizados em outro lugar. Desta forma, os fornecedores provavelmente não irão
desejar ter suas unidades de fabricação em locais vulneráveis. Contrariamente a esse
pensamento, algumas empresas japonesas parecem ter uma combinação singular, com alta
especificidade de ativos e baixos custos de transação, o que intriga muitos pesquisadores,
segundo Peng (2002).
Além disso, Peng (2002) indica as diferenças entre as culturas nacionais do Japão e de
países ocidentais como EUA. A cultura japonesa se mostra com alta inclinação em cooperar,
assim como estabelecer a cooperação entre empresas. Especificamente, enquanto o Japão
conseguiu desenvolver um conjunto de estruturas legais baseadas no modelo americano no
período pós-guerra, firmas japonesas tendem a enfatizar limitações informais, como na forma
de estabelecimento da confiança, em vez de contratos formais.
Na parte final de sua análise, Peng (2002) afirma que o crescimento nas pesquisas
sobre influências institucionais tem sido provavelmente uma reação à posição ocupada pelas
decisões estratégicas das firmas no decorrer dos tempos. A própria alteração, reformulação
das estratégias de acordo com aspectos institucionais demonstra que não há como ignorar a
especificidade dos fatores institucionais neste processo. Além disso, incluindo-se a análise do
que é específico no contexto das economias asiáticas, constata-se a contribuição da teoria
institucional em demonstrar os benefícios da integração em pesquisas orientadas para a
eficiência. Em suma, a ênfase que Peng (2002) atribui às mudanças nas estruturas
institucionais é o fato de que elas conduzem a determinadas escolhas estratégicas, conferindo
novos contornos na maneira como as firmas realizam negócios entre diferentes países e
culturas.
2.3. Diversidade cultural na visão de Hofstede et al. (2010)
Hofstede et al. (2010) atualizam a obra originalmente escrita por Hofstede e Hofstede
(1991). Optou-se aqui por analisar a versão mais atual deste estudo. A questão central
proposta por Hofstede et al. (2010) é o fato de que no mundo há o confronto entre pessoas,
grupos e nações que pensam e agem de maneira distinta. Cada pessoa carrega consigo
34
padrões diferenciados do modo de pensar, sentir e de agir no decorrer da existência. Muito do
que as pessoas adquirem provém da infância, fase em que se está mais suscetível ao
aprendizado e à assimilação. Tão logo se estabeleçam padrões no modo de pensar, de se sentir
e de agir no interior da mente do indivíduo, eles precisam muitas vezes “desaprender” para
aprenderem algo novo. Hofstede et al. (2010) comentam que é mais difícil desaprender do
que aprender pela primeira vez. Parte-se do princípio do que ocorre com programação dos
computadores para se pensar em “programação mental” de pensamentos, sentimentos e ações
dos indivíduos.
As fontes de programação mental de cada um estão nos contextos sociais a que
pertence o indivíduo e com os quais interage no decorrer de sua existência. As programações
mentais variam conforme os contextos em que são adquiridas e estão relacionadas à cultura.
Trata-se de um termo que recebe definições específicas conforme a área, mas, para Hofstede
et al. (2010), cultura como programação mental tem sentido mais amplo do que aquele
presente em estudos de sociologia. Cultura é considerada como um fenômeno coletivo,
porque ela é compartilhada por pessoas que vivem no mesmo ambiente social; consiste de
regras não escritas do jogo social.
A figura 2 apresenta os níveis singulares de programação mental:
Figura 2 - Níveis singulares de programação mental
Herdado e
aprendido
Específico para o
indivíduo
PERSONALIDADE
Específico para o
grupo ou categoria
CULTURA
Aprendido
Herdado
Universal
NATUREZA HUMANA
Fonte: Adaptado de Hofstede et al. (2010, p. 6).
35
A cultura é algo que se aprende, não é inata; surge mais do ambiente social em que se
vive do que propriamente dos genes. Dever-se-ia estabelecer a distinção de um lado entre
cultura e natureza humana e de outro da personalidade do indivíduo, embora seja complexo
estabelecer as fronteiras entre cultura e natureza, cultura e personalidade. Natureza humana
refere-se a tudo que é relativo aos seres humanos: representa o nível universal na
programação mental de alguém. É algo que se recebe de herança pelos genes, ou seja,
determina o funcionamento básico dos aspectos físicos e psicológicos.
Personalidade, para Hofstede et al. (2010), é a habilidade dos programas mentais
únicos do indivíduo que não precisam ser compartilhados com ninguém. Baseia-se nos traços
que são parcialmente herdados geneticamente pelos indivíduos e parcialmente aprendidos.
Entenda-se aprendidos no que tange a modificações oriundas de programação coletiva
(cultura), assim como experiências pessoais.
Conforme Hofstede et al. (2010), frequentemente tem-se atribuído os traços culturais à
hereditariedade pelo fato de no passado não haver meios para se explicar a estabilidade de
diferenças entre padrões de cultura entre grupos humanos. Havia a tendência a subestimar o
impacto do que se aprendera com gerações anteriores e ensinar a gerações posteriores. Não se
escapa à cultura. Ao se criarem normas a serem compartilhadas já se estabelecem as bases
para sobrevivência do grupo. As particularidades da cultura dependem da oportunidade, dos
valores herdados, especialmente de membros que se destacam no grupo. Uma vez que se
instaura a cultura, ela passa a se reproduzir.
No que concerne, especificamente, a culturas nacionais, Hofstede et al. (2010)
afirmam que a invenção das nações, unidades políticas em que se divide todo o mundo, às
quais os seres humanos pertencem, é algo historicamente recente. O sistema de nações foi
introduzido mundialmente somente na metade do século XX. Entretanto, Hofstede et al.
(2010) alertam para o cuidado em não equiparar nações com sociedades. Sociedades se
desenvolvem organicamente como formas de organizações sociais. Especificamente, cultura
comum se aplica às sociedades, não às nações. Internamente, nas nações há forças para
promover a integração: em geral um idioma predominante, meios de comunicação, sistema de
educação nacional, forças armadas, sistema político nacional, representação em eventos
esportivos com fortes apelos emocionais e simbólicos, mercado nacional para determinadas
habilidades, produtos e serviços. Países e regiões diferem mais do que propriamente suas
36
culturas. A figura 3 estabelece as distinções entre três tipos de diferenças entre países:
identidade, valores e instituições:
Figura 3 - Fontes de diferenças entre países e grupos
HISTÓRIA
Identidade
Linguagem
Religião
Visível
Valores
Programação
das mentes
Invisível
Instituições
normas, leis,
organizações
Visível
Fonte: Adaptado de Hofstede et al. (2010, p. 22).
Os países se diferem de suas instituições históricas que compreendem as
regulamentações, leis e organizações que lidam com a vida familiar, escolas, cuidados com a
saúde, negócios, governo, esportes, mídia, artes e ciências.
Na década de 70, Hofstede teve acesso a uma grande base de dados de uma pesquisa
sobre valores e sentimentos de pessoas em mais de 50 países (HOFSTEDE, 1980). Estas
pessoas trabalhavam em subsidiárias da IBM. Grande parte da organização foi pesquisada
duas vezes a cada quatro anos, o que resultou em uma base de dados com mais de 100.000
questionários. A análise estatística das médias de respostas aos questionários por país sobre
valores revelavam que funcionários da IBM em diferentes países revelavam problemas
comuns, mas com soluções que se diferiam de acordo com país nas seguintes áreas:
- desigualdade social e o relacionamento com a autoridade;
- relação entre indivíduo e grupo
- conceitos de masculinidade e feminilidade: aspectos sociais e emocionais
- maneiras de lidar com a incerteza e ambiguidade, relativos à capacidade de controlar
sentimentos agressivos e de expressar emoções.
37
A partir dessas constatações, estabelecem-se as dimensões nacionais de cultura. Nos
anos 2000, Minkov utiliza dados da pesquisa mundial de valores – World Values Survey
(WVS) – (MINKOV, 2007), o que permitiu calcular a quinta e sexta dimensões (HOFSTEDE
et al., 2010). Então as seis dimensões foram assim denominadas:
1. Distância do poder: relacionada às diferentes soluções para o problema básico da
desigualdade humana;
2. Individualismo versus coletivismo: relacionada à integração de indivíduos em grupos
primários;
3. Masculinidade versus feminilidade: relacionada à divisão de papéis emocionais entre
homens e mulheres;
4. Prevenção de incerteza: relacionada ao nível de estresse em uma sociedade diante do
futuro incerto;
5. Longo prazo versus curto prazo: relacionada ao foco dos esforços pessoais: o futuro
ou o presente e passado;
6. Indulgência versus restrição: relacionada à gratificação versus controle de desejos
humanos básicos referentes ao aproveitar a vida.
Na descrição sobre distância do poder, no capítulo dedicado à análise das dimensões
de cultura nacional, Hofstede et al. (2010) relatam que a pesquisa realizada com funcionários
com ocupações similares na IBM em diferentes países fornece indicadores sobre os níveis de
distância do poder. Os três itens utilizados na pesquisa para compor o índice de distância de
poder (PDI) foram os seguintes:
1. Com que frequência, de acordo com a sua experiência, ocorre o seguinte
problema? Funcionários receosos de expressarem não estarem de acordo com seus
superiores. (escolher na escala de 1-5, desde “muito frequentemente” até muito
raramente”
2. Percepção dos subordinados sobre o estilo de tomada de decisão do chefe
(porcentagem obtida pela escolha desde um estilo autocrático até o paternalista, a
partir de quatro estilos possíveis e da alternativa “nenhuma das opções”);
3. Preferência dos subordinados pelo estilo de tomada de decisão de seus chefes
(porcentagem que indica preferência por estilo autocrático ou paternalista ou, ao
38
contrário, estilo baseado na decisão por votos da maioria, mas não um estilo com
base em consultas).
Com base nos resultados obtidos das respostas às três perguntas utilizadas para
compor o PDI, Hofstede et al. (2010) apresentam as seguintes considerações: as questões 1
(funcionários receosos) e 2 (chefe autocrático ou paternalista) indicam a percepção dos
respondentes sobre o ambiente diário de trabalho. A questão 3, entretanto, indica o que os
respondentes expressão como preferência: como eles gostariam que fosse o seu ambiente de
trabalho. O fato é que as três questões fazem parte do mesmo agrupamento, revelando que de
um país para outro há relacionamentos próximos entre a realidade que se percebe e a realidade
que se deseja. Em países em que os funcionários não estão muito receosos e que seus chefes
não são frequentemente autocráticos ou paternalistas, os funcionários expressam a preferência
por um estilo com base em consultas na tomada de decisão. Por outro lado, em países que
estão na escala oposta da distância de poder, ou seja, em que os funcionários têm receio de
discordarem de seus chefes e os chefes são vistos como autocráticos e paternalistas, os
funcionários estão menos propensos a preferir um estilo baseado em consultas na tomada de
decisão.
Os dados obtidos para PDI informam sobre a dependência de relacionamentos em um
país. Em países com pouca distância de poder, há uma dependência limitada dos subordinados
em relação a seus chefes, e há preferência por estilo baseado em consultas, algo que
estabelece uma interdependência entre chefe e subordinado. A distância emocional entre eles
é relativamente pequena: subordinados facilmente irão expressar suas opiniões e contradizer
seus chefes. Em países com grande distância de poder, há uma considerável dependência dos
subordinados aos chefes. Hofstede et al. (2010), afirmam que subordinados respondem que
preferem esta dependência (na forma de chefe autocrático ou paternalista) ou a rejeita por
completo (o que em psicologia é denominado de contradependência – uma dependência com
sinal negativo). Países com grande distância de poder mostram um padrão de polarização
entre dependência e contradependência. Nestes casos, a distância emocional entre os
subordinados e seus chefes é grande: subordinados não estão inclinados a expressarem suas
opiniões e a contradizerem seus chefes diretamente. Hofstede et al. (2010) afirmam que:
a distância de poder pode, portanto, ser definida como uma extensão para a qual os
membros com menos poder de instituições e organizações dentro de um país
esperam e aceitam que o poder seja distribuído de forma desigual.” Também
39
afirmam que a maneira como o poder é distribuído se explica pelo comportamento
dos membros com mais poder, ou seja, o comportamento dos líderes e não dos
liderados. (HOFSTEDE et al., 2010, p. 61)
Ao apresentarem a dimensão individualismo versus coletivismo, Hofstede et al. (2010)
citam o fato de suecos e sauditas terem diferentes tipos de conceitos sobre o papel das
relações sociais nos negócios. Para os suecos, os negócios são feitos na empresa; para os
sauditas, os negócios são feitos com aqueles que conhecemos e aprendemos a confiar. Quando
não se conhece bem alguém, é melhor que os contatos ocorram na presença de um
intermediário comum a ambas as partes. Esta é a base da diferença entre estas culturas e uma
questão fundamental referente às sociedades: o papel do indivíduo em contraposição ao papel
do grupo. A grande maioria das pessoas vive em sociedades em que o interesse do grupo
prevalece sobre os interesses individuais. É o que Hofstede et al. (2010) denominam de
sociedades coletivistas, indicando o poder do grupo. A minoria das pessoas vive em
sociedades em que os interesses individuais prevalecem em relação aos interesses do grupo. É
o que se denomina de sociedades individualistas.
Entretanto, o extremo coletivismo e o extremo individualismo podem ser considerados
polos opostos na dimensão de culturas nacionais. Segundo Hofstede et al. (2010) todos os
países em que se realizou a pesquisa da IBM receberam muitas pontuações como e sociedades
individualistas e poucas pontuações como sociedades coletivistas. Na explicação de Hofstede
et al. (2010),
individualismo pertence a sociedades nas quais os elos entre indivíduos estão
frouxos: espera-se que todo mundo se espelhe “nele”, “nela” ou na própria família.
O coletivismo diz respeito a sociedades em que desde o nascimento estão integradas
em grupos coesos, nos quais continua ao longo da vida sem questionar troca ou
lealdade. (HOFSTEDE et al. , 2010, p. 92)
A terceira dimensão masculinidade versus feminilidade está diretamente ligada à
noção de gêneros e de seus respectivos papéis. Hofstede et al. (2010) afirmam que todas as
sociedades humanas consistem de homens e mulheres em proporção relativamente iguais. São
biologicamente distintos e seus papéis na reprodução da espécie são absolutos. Entretanto,
outras diferenças entre homens e mulheres não estão diretamente relacionadas ao gerar ou não
filhos em seus corpos. As diferenças estatísticas e absolutas entre homens e mulheres são
iguais em todo o mundo, mas as diferenças de papéis sociais entre homens e mulheres são
parcialmente determinadas pelas restrições biológicas. Toda sociedade reconhece muitos
comportamentos, não imediatamente associados com a procriação, mas como sendo mais ou
40
menos adequados para homens e mulheres, mas a definição de quais destes comportamentos
são mais adequados para homens e mulheres altera de uma sociedade para outra.
Comportamentos considerados femininos ou masculinos diferem não apenas em sociedades
tradicionais, mas também entre sociedades modernas. Isto se revela principalmente como
homens e mulheres exercem determinadas profissões. Em relação a comportamentos, esperase que homens sejam mais assertivos, competitivos e rígidos; mulheres, por sua vez, estariam
mais preocupadas em cuidar do lar, dos filhos e das pessoas em geral. Projetando esses
comportamentos para o ambiente de trabalho, equivaleriam a entender os esforços masculinos
em manter a assertividade e competição e do lado feminino, a busca por cuidados e
preocupações com os relacionamentos duradouros. A visão sobre padrões de gênero reflete-se
diariamente pela mídia, inclusive sobre programas de televisão, filmes, livros infantis, jornais
e publicações femininas. Dependendo da sociedade, a determinação do papel de cada gênero
pode ser mais ou menos acentuada.
Na dimensão referente à prevenção de incerteza, Hofstede et al. (2010) retomam
inicialmente a questão da ansiedade, que expressa um estado de intranquilidade em relação ao
que pode acontecer. De acordo com os dados da pesquisa realizada com funcionários da IBM,
Hofstede et al. (2010) afirmam que o grau de ansiedade varia de acordo com o país, ou seja,
algumas culturas são mais ansiosas do que outras. Culturas ansiosas tendem a ser culturas
expressivas; ocorrem em lugares em que as pessoas gesticulam muito e tendem a elevar o tom
de voz para mostrar as próprias emoções e bater o punho na mesa para enfatizar algo. A
prevenção de incerteza relaciona-se com ansiedade da sociedade em relação a diversas
questões: saúde, família, educação, empregabilidade, o que também varia conforme a cultura.
Longo prazo versus curto prazo é a dimensão resultante do estudo realizado por
Minkov (2007) com dados da pesquisa mundial sobre valores (WVS), a qual foi incorporada
por Hofstede et al. (2010) na revisão da obra originalmente publicada em 1991 (HOFSTEDE;
HOFSTEDE, 1991). Os dados obtidos pela WVS indicam que a relação entre orgulho e
religiosidade se correlacionam em nível nacional. Nações com elevados percentuais de
pessoas que se afirmam orgulhosas de seus países, ou que mantêm seus objetivos pessoais
tendem a ser muito religiosas. Orgulho e religiosidade constituem uma forte dimensão cultural.
Indulgência versus restrição estabelece a relação entre universalismo e exclusivismo,
como variante do individualismo versus coletivismo, conforme Hofstede et al. (2010).
41
Estabelece-se a correlação em níveis nacionais de indicadores de felicidade, daqueles que
podem ter a liberdade de conduzir as próprias vidas, sem restrições sociais que ameacem a
liberdade de escolha. O lazer entra como perspectiva de valor pessoal. Assim, a correlação
ocorre nas associações entre felicidade, controle sobre a própria vida, importância de lazer.
Hofstede et al. (2010) concluem seu estudo estabelecendo uma reflexão acerca do
processo de evolução cultural, que não se restringe apenas à evolução material, há, na
verdade, transformações nas sociedades no que diz respeito à própria cultura. A cultura se
adapta às circunstâncias ecológicas e estas têm mudado bastante também, segundo Hofstede
et al. (2010), fazendo com que a evolução cultural seja inevitável e dependa da relação com
outras variáveis para se constituir e se transformar.
Além da proposta de Hofstede et al. (2010), há o projeto sobre liderança global e
eficácia de comportamento organizacional, tradução correspondente de Global Leadership
and Organization Behavior Effectiveness (GLOBE), resultante de uma pesquisa envolvendo
mais de 17.370 gerentes médios de 951 organizações de três indústrias (finanças,
processamento de alimentos e telecomunicações) em 62 sociedades do mundo. Mais de 160
cientistas sociais, além de acadêmicos da área de gestão eram provenientes de diferentes
partes do planeta e estiveram envolvidos na realização de estudos sobre liderança cultural
internacional. Os objetivos do projeto GLOBE consistiam em desenvolver empiricamente,
com base em teorias, para escrever, compreender e prever o impacto de variáveis culturais
específicas da eficácia da liderança e das culturas das organizações nas sociedades. GLOBE
define cultura como motivos compartilhados, valores, crenças, identidades e interpretações de
eventos significativos, que resultam de experiências comuns dos membros de uma sociedade e
são transmitidos no decorrer das gerações. (JAVIDAM et al., 2005)
A pesquisa resultante do projeto GLOBE apresenta dados de nove dimensões culturais
(orientação de desempenho, orientação futura, igualdade entre gêneros, assertividade,
individualismo e coletivismo, distância de poder, orientação humana, prevenção de incerteza)
em 62 sociedades analisadas. Cada dimensão foi medida a partir de duas perspectivas e dois
níveis. Primeiramente, os entrevistados respondiam sobre como eles avaliavam cada uma das
nove dimensões culturais. Também descreviam até que ponto colocavam em prática cada uma
das nove dimensões culturais. Além disso, foram orientados a responder em dois níveis: em
relação à sua sociedade e às suas organizações (JAVIDAM et al., 2005).
42
Ghemawat (2001) elabora uma estrutura conhecida pela denominação CAGE, para
analisar todos os aspectos envolvidos na distância cultural. CAGE é o acrônimo em inglês
composto das expressões Cultural distance (distância cultural), Administrative distance
(distância administrativa), Geographic distance (distância geográfica), Economic distance
(distância econômica). O quadro 3 refere-se à estrutura CAGE, na qual na parte superior
constam os atributos-chave subjacentes às quatro dimensões de distância; a parte inferior do
quadro refere-se à maneira como as dimensões de distância afetam diferentes produtos e
indústrias.
Quadro 3 - Estrutura CAGE
Cultural
Administrativa
Diferentes idiomas
Ausência
de
laços
Diferentes etnias
coloniais
Diferentes religiões
Ausência de associação
Diferentes
normas política ou monetária
sociais
Hostilidade política
Políticas governamentais
Fragilidades
institucionais
Produtos têm alto
conteúdo linguístico
(televisão)
Produtos afetam a
identidade cultural ou
nacional dos
consumidores
(alimentos)
Características do
produto variam quanto
a:
 Tamanho (carros)
 Eletroeletrônicos
 Embalagem
 Produtos contêm
associações
específicas de
qualidade
relacionadas ao
país (vinhos)
O envolvimento do
governo é alto nas
indústrias que:
 Produzem materiais
elétricos
 Produtos com outras
nomenclaturas
(medicamento)
 Fornecedores para o
governo de
transportes coletivos
 Telecomunicações é
vital para o governo
 Exploração dos
recursos naturais
Geográfica
Distância física
Falta de fronteiras
comuns
Falta de acesso fluvial
ou marítimo
Tamanho do país
Precariedade
no
transporte
ou
na
comunicação
Diferenças climáticas
Produtos são frágeis ou
perecíveis
Comunicações e
conectividade são
importantes (serviços
financeiros)
Exigências de
supervisão local ou
operacionais são
elevadas (muitos
serviços)
Econômica
Diferenças nas rendas dos
consumidores
Diferenças nos custos e na
qualidade de:
 Recursos naturais
 Recursos financeiros
 Recursos humanos
 Infraestrutura
 Investimentos
intermediários
 Conhecimento ou
informação
Natureza da demanda varia
conforme o nível de renda
(carros)
Economias de padronização
em escala são importantes
(telefones celulares)
Destacam-se diferenças com
custo de mão de obra
Distribuição ou sistemas de
negócios são diferenciados
(seguros)
Empresas precisam ser ágeis
(eletrodomésticos)
Fonte: Adaptado de Ghemawatt (2001, p. 140)
Ghemawatt (2001) defende que a distância entre dois países pode se manifestar em
quatro dimensões básicas: cultural, administrativa, geográfica e econômica. Os tipos de
43
influência diferenciam os negócios de diversas maneiras. A estrutura CAGE, com cada uma
das suas dimensões os problemas envolvidos em cada um dos tipos de distância.
3. PANORAMA DOS ARTIGOS SELECIONADOS
Neste capítulo, estabelecem-se, em um primeiro momento, considerações sobre três
estudos estruturados na metodologia de meta-análise: teoria de custos de transação, aspectos
institucionais, influências culturais, tendo cada um deles a abordagem centrada nos seguintes
eixos: teoria de custos de transação e modo de entrada; teoria de custos de transação, aspectos
institucionais e sua influência na decisão do modo de entrada; distância cultural e modo de
entrada. O intuito é situar os contextos de pesquisa presentes em cada um desses artigos, bem
como observar como a análise sistemática é conduzida em cada um deles.
Em seguida, passa-se a analisar a proposta do modelo expandido sugerida por
Brouthers (2002), tomando-se por referência também outros artigos deste mesmo autor
(BROUTHERS et al., 2003; BROUTHERS; HENNART, 2007; BROUTHERS, 2013), a fim
de observar como se mantém a proposta de defender a ideia de escolha do modo de entrada a
partir de outros fatores paralelos à tradicional abordagem de teoria de custos de transação.
Além dos artigos estruturados em meta-análise, descrevem-se outros, em ordem
cronológica de publicação, que constam da amostra de 86 artigos selecionados para a presente
dissertação, para se prover uma visão panorâmica acerca da diversidade de foco e
procedimentos para tratar de assuntos relacionados direta ou indiretamente aos três tipos de
influência apontados nesta pesquisa na escolha e definição de modo de entrada, isto é, teoria
de custos de transação, aspectos institucionais e distância cultural.
3.1. Meta-análise em artigos sobre custos de transação e modo de entrada
Conforme sinalizado anteriormente, discute-se a seguir os aspectos inerentes às
abordagens de três estudos meta-analíticos, cada qual priorizando os fatores relativos à teoria
de custos de transação, aspectos institucionais e distância cultural no modo de entrada.
44
Especificamente, trata-se dos artigos de Zhao et al. (2004), Geyskens et al. (2006) e Tihanyi
et al. (2005).
3.1.1. Determinantes de custo de transação e modo de entrada com base em
recursos próprios na visão de Zhao et al. (2004)
Zhao et al. (2004) realizam uma meta-análise dos determinantes de custos de transação
e decisão de propriedade no modo de entrada. Com base em 106 tamanhos de efeito em 38
estudos, a meta-análise indica que os achados dos estudos consultados são moderados em
graus variados, na combinação de determinantes de custos de transação. Os autores discutem
as implicações dos resultados em especial efeitos moderadores de localização, país de origem,
tipo
de
indústria,
dados
estatísticos,
adequação
de
medidas,
equivalência,
multidimensionalidade de determinantes de custos de transação, além de sugerirem pesquisas
para verificações na decisão do modo de entrada.
A meta-análise de Zhao et al. (2004) tem como cerne determinantes relativos a custos
de transação delimitados pela decisão de modo de entrada por meios próprios (cujo termo em
inglês é ownership-based entry mode – OBE), uma vez que este tipo de entrada, a qual
também será referida aqui pelo acrônimo em inglês OBE, representa formas de investimento
mais complexas do que modos de entrada por contratos (exportação, licenças, franchising).
Zhao et al. (2004) obtiveram a amostra dos artigos para realizar a meta-análise na
busca na base de dados ABI/Inform com palavras-chave diversas na literatura publicada no
período de 1986 a 2002. A justificativa de escolha para este período se deve ao fato de não ter
havido antes de 1986 pesquisas sobre a relação entre fatores da teoria econômica de custos de
transação (em inglês, transaction cost economics - TCE). Isto ocorre a partir da publicação do
artigo seminal de Anderson e Gatignon (1986). Além disso, Zhao et al. (2004) realizaram
buscas nos periódicos Journal of International Business Studies, Management International
Review, Academy of Management Journal e Strategic Management Journal.
Os critérios adotados para a meta-análise dos estudos selecionados foram:
45
1. A variável dependente deve conter modo de entrada por meios próprios (OBE) no
contexto internacional;
2. O estudo identificado deve ser conduzido em uma firma subsidiária não industrial;
3. As variáveis de previsão devem incluir determinantes da teoria econômica de custos
de transação (TCE).
Zhao et al. (2004) adotaram como referência o estudo de Anderson e Gatignon (1986)
como marco teórico para classificação das variáveis dos estudos em constructos de TCE. As
variáveis que explicam a TCE que representam a especificidade dos ativos e incertezas
também foram incluídas.
O processo englobou 38 estudos no total de 106 coeficientes incluídos para a metaanálise. No que se refere aos resultados estatísticos da amostra, a tabela 1 (ZHAO et al., 2004)
apresenta informações de cada estudo sobre o tamanho da amostra, tipo de indústria,
mensurações de OBE, país de origem das amostras dos estudos, localização, métodos de
coleta de dados. O tamanho da amostra varia de maneira significativa, abrangendo de 25 a
2827 subsidiárias, mas os estudos descrevem uma amostra maior de 150. Em 51% dos estudos
as firmas são de produção e somente 24% são de serviços. 41% das firmas são dos EUA, mas
na época já havia uma tendência crescente de empresas de origem japonesa e europeia.
A Tabela 1 (ZHAO et al., 2004) apresenta variações consideráveis e inconsistências
na relação entre fatores TCE e OBE nos diferentes estudos. Entre os vários efeitos de TCE
não tiveram efeitos significativos ou efeitos diversificados. Muitos estudos estabelecem a
conjectura de que alta incerteza desestimula as empresas na escolha de formas reduzidas de
propriedade, uma vez que a experiência internacional é determinante-chave para a escolha do
modo de entrada.
46
Tabela 1 - Estatística Descritiva de Amostras de Meta-Análise
Fonte: ZHAO et al. (2004, p. 529).
47
Na tabela 2 constam os tamanhos de efeito combinados de cada variável da TCE
fixada para o tamanho da amostra. Nos resultados agregados, não há influência significativa
de modo de escolha por meios próprios nos seis determinantes estabelecidos pelos P-valores.
Os valores para risco-país (country risk - CR) e experiência internacional (international
experience - IE) foram respectivamente de –0,109 e 0,101. De um modo geral, o risco país
parece ser o determinante que mais influencia a decisão por entrada por meios próprios (OBE)
e o a distância cultural (cultural distance - CD) é o fator de menor importância (tamanho de
efeito = -0,029) entre os seis determinantes.
Tabela 2 - Tamanhos de efeito combinados e teste zero
Fonte: Zhao et al. (2004, p. 530)
De maneira geral, os efeitos moderadores de localização, país de origem e tipo de
indústria sugerem preocupações sobre a generalização de determinantes da TCE. Os efeitos da
TCE e distância cultural, experiência internacional variam significativamente dependendo do
país de origem da matriz. Grandes tamanhos de efeito são consistentes quando associados
com a amostra do país de origem da firma. Empresas localizadas nos EUA ou que são
originárias dos EUA apresentam uma forte associação entre variáveis TCE e OBE do que
outras empresas. Isto sugere que há variáveis de TCE e OBE que interferem
consideravelmente em firmas originárias dos EUA.
Na sequência do artigo, Zhao et al. (2004) analisam os efeitos moderadores de país de
origem, localização, tipo de indústria e dos dados estatísticos. Em seguida, refletem sobre os
determinantes da TCE e as mensurações obtidas. No que tange às mensurações, Zhao et al.
(2004)
as
reportam
quanto
à
adequação,
equivalência,
além
de
situarem
a
multidimensionalidade dos constructos de teoria de custos de transação e realizarem ao final a
48
integração das perspectivas teóricas. Na conclusão do artigo Zhao et al.(2004) destacam que
desde o primeiro estudo empírico feito por Williamson (1975), a TCE rapidamente se tornou
um paradigma de pesquisa que norteou estudos em diversos campos, mais de 600 artigos
conforme Boerner e Macher (2001). Com o uso de uma abordagem meta-analítica, Zhao et al.
(2004) fizeram a revisão quantitativa de fatores relacionados à TCE na literatura de negócios
internacionais que refletiam especificidade de ativos (intensidade em pesquisa e
desenvolvimento), incerteza externa (risco-país), incerteza interna (distância cultural e
experiência internacional) afetando a decisão do OBE. De um modo geral, a meta-análise
valida esses determinantes conforme estabelecidos pela TCE e demonstram que os seis
determinantes da TCE têm influência no nível agregado de escolha por OBE de acordo com
as hipóteses de muitos estudos publicados.
Com base em críticas à TCE e nas descobertas de Zhao et al. (2004) denota-se que
embora a TCE forneça contribuições para o entendimento da decisão do modo de entrada,
apresenta limitações. Nas sugestões para estudos futuros, Zhao et al. (2004) ressaltam a
importância de se associar a lógica da TCE com expansão internacional no sentido de se
buscar a especificidade, a réplica e expansão de negócios. Em geral os estudos referentes a
modos de entrada são fragmentados e dispersos ao especificar os constructos de TCE; muitos
desses estudos definiram em mensuraram esses constructos de maneiras bem diferentes, sendo
difícil realizar uma conclusão generalizada. Zhao et al. (2004) propõem uma unificação e
uniformização de um conjunto de constructos da teoria de custos de transação para outras
populações, períodos de tempo, áreas geográficas e contextos que não só melhoram a
generalização mas também garantem um poder de previsão da teoria de custos de transação.
Paralelamente a isso, Zhao et al. (2004) sugerem que a TCE não é apenas uma das
perspectivas válidas para explicar as decisões de modo de entrada. Ampliando-se as
investigações empíricas e teóricas em torno do paradigma da TCE e integrando-o a outras
teorias relacionadas como a teoria baseada em recursos, em conhecimento e em propriedadelocalização-internalização (ownership – location – internalization – OLI) isto geraria uma
expansão significativa das pesquisas em âmbito internacional.
Zhao et al. (2004) também salientam que a TCE tem sido tratada como lógica
dominante para explicar o tempo de entrada, assim como a especificidade de ativos, incerteza
externa e outros fatores na decisão em processo. Entretanto, estes fatores associados à TCE
podem ser insuficientes para explicar na totalidade o comportamento ao longo do processo
49
porque eles não revelam os insights do retorno do mercado e oportunidades em vista. Em
casos como este, é importante atrelar a teoria de custos de transação com a de OLI, ou com as
teorias sobre diversificação e vantagem competitiva. De maneira semelhante, a TCE tem sido
rigorosamente utilizada para explicar o processo evolutivo da internacionalização, inclusive
os efeitos da experiência e da distância cultural na expansão internacional.
A meta-análise de Zhao et al. (2004) confirmou a adequação e confiabilidade da
experiência internacional e a distância cultural como construtos para mensurar a incerteza
interna. Isto pressupõe que a experiência internacional e a distância cultural não são apenas
aspectos principais que oferecem riscos no âmbito externo, conforme defendido na visão
evolucionista, mas também capta a incerteza do ponto de vista interno da firma. Estas
observações junto a aspectos importantes como risco-país e especificidade de ativos, além do
efeito moderador do país de origem confirmam uma visão robusta dos meios para expansão
internacional. Acrescentando-se a isso, os resultados da meta-análise de Zhao et al. (2004)
sugerem que a alocação de recursos para a expansão internacional deveria levar em
consideração não apenas a minimização de custos de transação (conforme referido pela
importância da especificidade de ativos e incerteza externa) mas também pela exploração de
recursos em uma localização promissora (a partir do que se denota pelo efeito moderador da
localização e da indústria). Zhao et al. (2004) apresentam como proposta para investigações
futuras a questão da alocação de recursos, articulada com um estudo integralizando a visão
baseada em recursos, teoria institucional e TCE.
Diferentes naturezas e tipos de conhecimento associados com a escolha de OBE pode
tanto aumentar quanto diminuir o grau de incerteza interna e variações nas distâncias
institucionais podem alterar a preferência das firmas na opção por OBE. Também se destaca
na parte final do artigo de Zhao et al. (2004) que, metodologicamente, as pesquisas futuras
deveriam melhorar a seleção de amostra, a coleta de dados e a solução de questões suscitadas
pela pesquisa de Zhao et al. (2004). A seleção de amostras em estudos subsequentes deveria
envolver empresas de tamanhos variados em localizações múltiplas tanto dentro de um
determinado mercado quanto em mercados múltiplos. Isto pode auxiliar na redução da
discrepância entre firmas grandes e equilibrar os efeitos moderadores de especificidade de
localização e país de origem conforme revelado pelo estudo de Zhao et al. (2004). Os dados
coletados foram praticamente exclusivos no nível da firma. Estudos futuros deveriam
envolver dados de ordem contratual, uma vez que as premissas-chave de TCE estão centradas
50
nos contratos de transação. Confiança nos dados das firmas pode obscurecer detalhamentos
nas informações sobre propriedades de transação ancoradas no modelo de TCE.
No que se refere ao desenho da pesquisa, estudos futuros podem ser feitos no
cruzamento longitudinal de investigações sobre amostras selecionadas. Zhao et al. (2004)
defendem a importância de estudos longitudinais para discernir dois fenômenos comumente
negligenciados para OBE: sequência da entrada e alternância de modo. É compreensível que
a sequência de entrada em um mercado externo possa ser regulamentada pela alteração no
grau de importância das propriedades de TCE no decorrer do tempo (por exemplo, o valor de
um ativo de propriedade específico por um entrante externo pode diminuir com o passar do
tempo). Também as empresas estão propensas a alternar de um modo de entrada para outro
conforme alterações de natureza de pareceria ou ambiente institucional (por exemplo,
governos em alguns países liberalizam ou estreitam o controle de propriedade de firmas
investidoras externas). No conjunto com o desenho longitudinal, tanto teorias de perspectiva
evolutiva quanto de opção estratégica podem oferecer contribuições valiosas em
complementação ao paradigma da TCE.
Na parte final do artigo, Zhao et al. (2004) afirmam que o método adotado em sua
pesquisa contém limitações. A meta-análise é informativa e as estimativas sem discrepâncias
de relacionamentos entre populações de amostras dos estudos empíricos coletados, mesmo
após correção de artifícios estatísticos variados, têm limites, tal como a incapacidade de se
capturar todos os fatores heterogêneos associados com diferentes populações, características
de pesquisa contidas em amostras para meta-análise.
3.1.2. Meta-análise de decisões organizacionais e teoria de custos de transação na
perspectiva de Geyskens et al. (2006)
Geyskens et al. (2006) realizam uma extensa revisão bibliográfica sobre a literatura
existente sobre teoria de custos de transação destacando hipóteses nos seguintes contextos:
teoria de custos de transação e governança hierárquica; teoria de custos de transação e
governança relacional; teoria de custos de transação e desempenho. Além disso, Geyskens et
al.(2006) conduziram duas análises de moderadores exploratórios. Primeiramente, avaliaram-
51
se diferenças na operacionalização de variáveis em estudos individuais como contribuição
para a meta-análise. Essencialmente, testaram-se diferenças em relacionamentos em focos
específicos em relação a quatro dos seguintes constructos de teoria de custos: especificidade
de ativos, governança hierárquica, governança relacional e desempenho.
A meta-análise elaborada por Geyskens et al. (2006) se constrói e amplia o estudo de
David e Han (2004) de diversas formas. Como um dos primeiros procedimentos, há a
sumarização quantitativa de duzentos artigos sobre diversas disciplinas, um número
comparado favoravelmente com os 63 artigos analisados por David e Han (2004). A
abordagem proposta por Geyskens et al. (2006) refina o estudo de David e Han (2004) ao
incorporar o grau de sustentação (por exemplo, coletivamente cinco valores-p de 0,06
constituem uma evidência mais forte de relacionamento do que os valores-p de 0,45); desta
forma, Geyskens et al. (2006) conseguem fornecer informações quanto à magnitude desses
efeitos.
Geyskens et al. (2006) estruturaram em quatro fases a coleta de dados para
identificação dos estudos (artigos, capítulos de livros e relatórios não publicados) como fontes
para meta-análise. Recorreram, inicialmente, às bases de dados ABI/INFORM Global e
EconLit, inserindo como palavras-chave, “transaction cost”, “organization”, “governance”,
“opportunism”, “rationality”, “integration”, “uncertainty”, “asset specificity” entre outras
(GEYSKENS et al., 2006). A elaboração da meta-análise envolveu diferentes decisões em
relação à forma de tratamento dos estudos. Geyskens et al. (2006) restringiram a abordagem
de teoria de custos de transação a decisões de elaboração, compra ou de aliança (make, buy or
ally decisions). A investigação de Geyskens et al. (2006) estabelece-se também no relato de
relacionamentos entre os seguintes constructos: especificidade de ativos, graus de incerteza
tecnológica, comportamental, hierárquica, governança, governança relacional e desempenho.
Somando-se a isto, relatam-se também as relações entre os constructos a partir de uma ou
mais variáveis de controle: intensidade da concorrência, munificência ambiental e tamanho da
firma.
Os cálculos da meta-análise de Geyskens et al. (2006) foram conduzidos com base na
abordagem de Hunter e Schmidt (1990) que permite a correção de dados estatísticos e fornece
uma estimativa precisa da média e variância de relações na população em análise. A correção
foi obtida em: erros de amostra, mensuração de erro na variável dependente, dicotomia de
52
variável dependente contínua, dicotomia de variável independente contínua, restrições na
escala de variável dicotômica dependente e correções nos desvios de coeficientes de
correlação na mensuração da correlação de populações.
A tabela 3 contém os resultados da meta-análise para relacionamentos focais com as
seguintes variáveis dependentes: governança hierárquica versus governança de mercado,
governança relacional versus governança de mercado e desempenho.
Tabela 3 – Resultados meta-analíticos para relacionamentos focais
Fonte: GEYSKENS et al. (2006, p. 528).
Na tabela 4 (GEYSKENS et al., 2006) há uma matriz de correlação meta-analítica.
Cada célula da matriz representa uma meta-análise individual. Assim, a tabela 4 é o resultado
de 44 meta-análises individuais. Cada entrada na matriz contém uma amostra de determinado
tamanho, coeficiente de correlação médio para os dados, desvio-padrão, tamanho total da
amostra para cada correlação (N) e número de amostras incluídas na proporção média (k).
53
Tabela 4 - Matriz de Correlação Meta-Analítica
Fonte: GEYSKENS et al., 2006, p. 529.
Uma das contribuições do estudo de Geyskens et al. (2006) é a realização de uma
meta-análise envolvendo 200 artigos sobre teoria de custos de transação, representados por
209 amostras independentes e 557 correlações. Acrescente-se a este processo a demonstração
de que a abordagem de teoria de custos pode ser utilizada para explicar modos de governança
relacional, resultado que difere do estudo de David e Han (2004), no qual se conclui que a
teoria de custos é menos eficiente em prever a escolha entre governança relacional e
governança de mercado do que prever a escolha da hierarquia sobre os mercados.
3.1.3. Meta-análise de efeitos da distância cultural na escolha do modo de entrada,
diversificação internacional e desempenho de multinacionais na visão de
Tihanyi et al. (2005)
Tihanyi et al. (2005) elaboram uma meta-análise do efeito da distância cultural na
decisão do modo de entrada, diversificação internacional e desempenho de empresas
multinacionais. Destacam, logo no início, que há uma vasta literatura demonstrando que a
distância cultural seja determinante nas ações organizacionais e exerça impacto no
desempenho das firmas. Neste estudo, as relações entre distância cultural, escolha de modo de
entrada, diversificação internacional, desempenho das multinacionais são examinadas pela
meta-análise de dados de 66 amostras independentes, com tamanhos de amostra cumulativos
que variam de 2.255 a 24.152. Resultados da regressão falharam na evidência estatística
significativa de relacionamentos significativos entre distância cultural e escolha de modo de
entrada, diversificação internacional e desempenho das multinacionais. O exame dos efeitos
moderadores, contudo, revelaram resultados importantes. Houve uma forte associação
negativa entre distância cultural e decisão de modo de entrada em multinacionais dos EUA. A
54
relação entre distância cultural e diversificação internacional foi negativa em indústrias de alta
tecnologia, porém foi positiva em outros tipos de indústria. Distância cultural também teve
efeito muito positivo no desempenho de multinacionais para investimentos em países
desenvolvidos. De maneira semelhante, houve uma relação fortemente positiva entre distância
cultural e diversificação internacional em estudos com amostras mais recentes. Os resultados
do estudo, todavia, apontam a necessidade de realização de mais pesquisas para melhor
compreensão do papel da distância cultural.
Em relação à escolha do modo de entrada, Tihanyi et al. (2005) afirmam que há a
tendência em estudos acadêmicos de atribuírem a decisão do modo pela quantidade de
investimento envolvida. Joint ventures e subsidiárias com controle próprio (WOS) tendem a
representar entradas de mercado pelo tipo de investimento. Um ponto de partida teórico é que
quanto maior a distância cultural entre o país de origem e o mercado externo, maior o nível de
investimento na decisão de modo de entrada.
Em função dos elevados percentuais em
propriedade dos investimentos, as MNEs são capazes de estabelecer maior controle de suas
operações internacionais, diminuindo as diferenças nos valores culturais e nos aspectos
institucionais. O aumento do controle pode promover melhorias sociais nas transações entre
os marcados. Níveis mais elevados de controle também levam a aumentos na eficácia da
operação de uma MNE. Neste contexto, Tihanyi et al. (2005) apresentam sua primeira
hipótese de pesquisa:
H1a: Distância cultural está relacionada de maneira positiva com níveis mais elevados de
investimento na escolha do modo de entrada.
Entretanto, Tihanyi et al. (2005) também salientam que embora o controle seja algo
importante a ser levado em consideração, a escolha do modo de entrada em relação à distância
cultural também pode servir de explicação para redução de riscos para as MNEs. Ao tomarem
como base o estudo de Brouthers e Brouthers (2003), Tihanyi et al.(2005) afirmam que as
MNEs preferiam joint ventures a subsidiárias com controle próprio (WOS) quando realizavam
entrada em mercados com níveis elevados de incerteza (Europa Central e Europa Oriental).
Ao adotarem joint venture como modo de entrada, as MNEs conseguem reduzir seus
recursos e também o risco de exposição em mercados muito distantes no aspecto cultural.
Conforme Tihanyi et al. (2005), estudos de Barkema et al. (1997) e Barkema e Vermeulen
55
(1998) afirmam que uma grande distância cultural está associada a modos de entrada com
base em baixos percentuais de propriedade de investimentos. A partir dessas observações,
Tihanyi et al. (2005) apresentam mais uma hipótese:
H1b: Distância cultural está relacionada de maneira negativa com níveis mais elevados de
investimento na escolha do modo de entrada.
Paralelamente à análise da distância cultural, o estudo de Tihanyi et al. (2005) contém
observações acerca da diversificação internacional, que abrange um conjunto de operações no
mercado externo como vendas, ativos, subsidiárias no contexto da MNE. Afirma-se que pela
diversificação internacional, as MNEs podem obter novos recursos e transferir parte de suas
competências para novos mercados. A fim de evitar complexidades potenciais associadas a
diferenças nos valores e instituições entre o país de origem e o país-anfitrião, as MNEs
inicialmente selecionam localidades com semelhanças culturais para seus investimentos
diretos. Nesse sentido, Tihanyi et al. (2005) formulam três outras hipóteses relativas à
distância cultural:
H2: Distância cultural se relaciona de maneira positiva com a diversificação internacional das
MNEs;
H3a: Distância cultural se relaciona de maneira negativa com o desempenho das MNEs;
H3b: Distância cultural se relaciona de maneira positiva com o desempenho das MNEs.
Conforme Tihanyi et al. (2005), nos 67 artigos referentes à distância cultural 55
estabeleciam correlação entre distância cultural e escolha de modo de entrada, diversificação
internacional e desempenho. Uma dificuldade encontrada com os dados secundários foi o uso
de diferentes mensurações para o mesmo constructo. Segundo Tihanyi et al. (2005), grande
parte dos estudos utilizam a mesma medida de distância cultural, o que favorece oportunidade
para realização de meta-análises mais robustas. A distância cultural foi medida com uso da
medida de distância euclidiana (KOGUT; SINGH, 1988) nas 55 amostras independentes. A
escolha do modo de entrada foi medida pela quantidade de capital investido, posição dos
investimentos e nível de controle em joint ventures, aquisições, investimentos greenfield. A
diversificação internacional foi medida pelos estudos como vendas para o exterior divididas
pelo total de vendas, ativos estrangeiros pelo total de ativos e número de subsidiárias no
exterior como porcentagem do número total de subsidiárias. As medidas de desempenho
56
incluíam retorno dos investimentos, retorno dos ativos e medidas baseadas em resultados de
entrevistas para medir desempenho.
Os resultados do estudo realizado por Tihanyi et al. (2005) indicam que as MNEs com
base nos EUA tendem a dedicar quantidades menores de capital e a manter posições mais
baixas nos investimentos em países que apresentam distâncias culturais mais elevadas. Os
autores argumentam que isto seja possível devido ao sistema de governança dos EUA em que
as empresas estejam avessas a riscos na decisão do modo de entrada.
Em relação a associação entre distância cultural e diversificação internacional, Tihanyi
et al. (2005) afirmam que há uma relação positiva , porque as MNES colocam sua produção e
ganham participação de mercado em economias emergentes e em transição. Isto mostra
oportunidades para as MNEs com culturas nacionais frequentemente diferentes de outras, mas
devido ao aumento de conhecimento proporcionado pela tecnologia da comunicação, há uma
possibilidade de diversificação em países com culturas diferentes.
Na conclusão do artigo, Tihanyi et al. (2005) afirmam que os resultados da metaanálise forneceram evidências de efeitos diretos sistematizados da distância cultural.
Entretanto, pelos moderadores da meta-análise, como os instrumentos de mensuração
utilizados, a origem da MNE, o tipo de indústria, país de investimento, e amostra pelo tempo
forneceram insights para pesquisas mais rigorosas, inclusive sobre os efeitos de distância
cultural nas estratégias internacionais e desempenho das MNEs.
3.2. Modelo expandido de Brouthers (2002)
O artigo de Brouthers (2002) analisa a decisão do modo de entrada e o desempenho
em uma amostra de empresas da união europeia; ao examinar tanto os indicadores financeiros
e não financeiros de desempenho, investiga se as firmas selecionadas têm sua decisão de
modo de entrada baseada em custos de transação, em contextos institucionais e variáveis de
contexto cultural, bem como seu desempenho em relação a outros modos de entrada. Logo na
abertura do texto, há a afirmação de que as empresas que optaram pelo modo de entrada com
base no modelo de custo de transação tiveram uma atuação significativamente melhor tanto
57
nos indicadores financeiros e não financeiros em relação a outras, em cujos modos de entrada
não puderam ser previstos por outros contextos além do modelo de custos de transação.
Em um primeiro momento, Brouthers (2002) delineia um panorama da literatura sobre
seleção de modo de entrada internacional em que a maioria dos artigos pesquisados se
concentra em fatores ligados aos custos de transação. Destacam-se nesta análise os
pesquisadores que resolveram incluir outras variáveis de contexto cultural e institucional às
teorias de custos de transação para compreender a decisão do modo de entrada. Brouthers
(2002) retoma um de seus trabalhos publicados anteriormente para defender que as variáveis
de contextos culturais devem ser adicionadas aos modelos baseados em custos de transação,
uma vez que tais variáveis influenciam custos gerenciais e avaliações de graus de incerteza
em mercados em que se pretende atuar. Todavia, a discussão é gradual; avaliam-se os estudos
fortemente centrados no uso da teoria de custos de transação como forma de descobrir,
negociar e monitorar ações de parceiros potenciais na decisão de modo de entrada. Além disso,
defende-se que a teoria de custos de transação leva em conta o fato de a firma se beneficiar de
economias de escala de um determinado mercado. Paralelamente a essas questões, Brouthers
(2002) salienta que uma empresa pode se deparar com aumento nos custos de busca e de
negociação em um mercado em que os acordos apresentam dificuldades de estimativa em
prever as contingências e também em ter um preço justo devido a problemas de desencontros
de informação.
O objetivo do artigo de Brouthers (2002) é proporcionar o entendimento do impacto
dos custos de transação, das variáveis de contexto institucional e cultural na decisão do modo
de entrada e de desempenho. Fornece, primeiramente, uma avaliação teórica e empírica em
um trabalho de coautoria (BROUTHERS; BROUTHERS, 2000) e também o de Delios e
Beamish (1999), ao determinar que a escolha do modo de entrada se baseia em contextos
institucionais, culturais assim como as variáveis de custos de transação. Posteriormente,
analisa o valor normativo do modelo expandido de custos de transação ao comparar o
desempenho financeiro e não financeiro das escolhas de modo previstas pelo modelo de
custos de transação expandido com o desempenho de outros modos.
Ao realizar a revisão da literatura sobre escolha do modo de entrada, Brouthers (2002)
afirma que pesquisas anteriores tendiam a se concentrar apenas na teoria de custos de
transação nas decisões de modo de entrada e como exemplo, cita os trabalhos de Makino e
58
Neupert (2000), Taylor et al. (1998), Cleeve (1997), Erramilli e Rao (1993); Hennart (1991);
Gatignon e Anderson (1988); Anderson e Gatignon (1986). As variáveis de custos de
transação referiam-se aos custos de integração de uma operação da empresa na comparação
com os custos do uso de uma participação externa para atuar pela firma em um mercado
externo, retomando o estudo de Williamson (1985).
Conforme a discussão proposta por Brouthers (2002), custos de transação abrangem os
cursos de procura e negociação com um parceiro adequado, além dos custos com
monitoramento e performance da firma parceira. Adota como referência para esta definição os
trabalhos de Makino e Neupert (2000); Aggarwal e Ramaswami (1992); Erramili e Rao
(1993), Hennart (1991); Hill (1990); Gatignon e Anderson (1988) e Williamson (1985).
Destaca, entretanto, que uma empresa pode ter aumento dos custos na busca e negociação em
um mercado com base em acordos devido a dificuldades em prever as contingências de tais
acordos ou pela falta de habilidade em obter um preço justo devido a problemas na obtenção
de informações, em função de distância, falhas de comunicação entre outros (HILL, 1990;
WILLIAMSON, 1985).
Tendo em vista os problemas possíveis no modo de entrada internacional, Brouthers
(2002) apresenta um conjunto de hipóteses que incluem outras variáveis paralelas às de custos
de transação. Constituem hipóteses de sua pesquisa, as quais recebem denominação de H1 a
H6:
H1: firmas percebem custos elevados de transação (na busca, negociação e monitoramento
dos custos) em um mercado que tende a usar modos próprios, enquanto empresas que
percebem custos baixos de transação tendem a usar joint ventures;
H2: empresas que realizam investimentos elevados determinados tendem a usar modos
próprios de entrada enquanto outras com baixos investimentos determinados tendem a adotar
joint ventures;
H3: organizações que entram em países com poucas restrições legais no modo de entrada
tendem a usar modos próprios ao passo que outras que entram em países com muitas
restrições legais no modo de entrada tendem a usar joint ventures;
H4: companhias que entram em mercados com baixos riscos de investimentos tendem a
adotar modos próprios enquanto as demais que entram em mercados com alto risco de
investimento recorrem a joint ventures;
59
H5: firmas que entram em mercados em crescimento tendem a usar modos próprios de
entrada, ao passo que outras que entram em mercados com crescimento de menor intensidade
tendem a usar joint ventures.
H6: Modos de entrada que podem ser previstos por contextos institucionais culturais e de
custos de transação tendem a ter um desempenho melhor nos modos de entrada do que em
modos de entrada em que não se preveem tais variáveis.
Em relação à sexta hipótese, Brouthers (2002) trata da questão do modo de entrada
aliada ao desempenho ressaltando que decisões predominantemente baseadas em custos de
transação não fornecem a melhor decisão para desempenho, uma vez que se ignora valor
agregado. Em seu detalhamento afirma que teoria de custos de transação ignora custos
específicos de localização e também o retorno potencial de certas alternativas de decisão. Eis
então por que o autor propõe um modelo de transação de custo expandido, ou seja, aquele que
leva em conta as variáveis que influenciam o potencial de valor agregado em uma entrada
internacional, como custos específicos de localização (risco de investimento e contexto
institucional), e contextos culturais (perspectiva do potencial de mercado). Vale destacar que
variáveis de contexto institucional examinam a habilidade de a empresa expandir ou de
aumentar sua vantagem competitiva em mercados específicos.
Em sua pesquisa, o autor descreve a metodologia e afirma que as hipóteses foram
testadas em uma amostra de empresas selecionadas da comunidade europeia. Com o auxílio
da base de dados AMADEUS buscou a seleção das 1000 maiores empresas da comunidade
europeia. A base de dados AMADEUS contém informações financeiras e sobre firmas de
mais de cem mil empresas da comunidade europeia, privadas, públicas, de setores de indústria
e serviços. A coleta de dados iniciou-se em 1995. As maiores empresas da comunidade
europeia foram determinadas pelos 12 países membros ao se diagnosticar as vendas anuais em
1993 e dos relatórios financeiros anuais mais recentes. Brouthers (2002) obteve um total de
213 questionários (21%) em um total de 178 em mercados estrangeiros (35 empresas não
participaram do estudo). 121 questionários foram de empresas do setor da indústria e 57 eram
de empresas de serviços. 109 (61%) eram de entradas por meios próprios, 47 (26%),
realizaram entrada por joint venture, dez (6%) foram por acordos licenciados e 12 (7%)
realizaram modos de exportação. Os respondentes fizeram investimentos em 27 países (em
sua maioria países em desenvolvimento ou com economias em transição) e apenas dois países
recebiam mais de 10% do investimento. Brouthers (2002) afirma que uma vez que a sua
60
proposta de teoria contém diversas mensurações de características de país-anfitrião (variáveis
de contexto cultural e institucional), decidiu não incluir controles separados para cada paísanfitrião.
Os dados coletados foram verificados pelos desvios em ausências de respostas e
métodos comuns de variância. Primeiramente, utilizaram-se testes-t para estabelecer a média
total na comparação de vendas mundiais e a de empregos mundiais com os dados da amostra
dos respondentes. Os testes revelaram que não houve desvios significativos de não respostas.
Brouthers (2002) afirma que duas variáveis dependentes foram incluídas em seu
estudo. Primeiro, ao testar o modelo expandido de custos de transação, a variável dependente,
modo de entrada, consistia de dois tipos de modo (subsidiárias próprias e joint ventures).
Entradas por licença e exportação foram descartadas da análise porque era um número
pequeno de respondentes em cada grupo. Ao se examinar as subsidiárias e as joint ventures,
observou-se que eles eram consistentes com os estudos anteriores de custos de transação,
assim como pesquisas no passado sobre desempenho no modo de entrada. O tipo de modo de
entrada era determinado ao se perguntar para os entrevistados qual era o modo utilizado mais
recentemente na entrada internacional. Eles tinham que escolher entre quatro tipos de modo:
subsidiárias próprias (95% ou mais de propriedade), joint ventures (5% a 94% de
propriedade), modos independentes (tal como acordos de licenciamento) ou exportação.
Para obter mensurações subjetivas de desempenho do modo, os respondentes tiveram
de avaliar três medidas de desempenho do modo: nível de vendas, lucratividade e crescimento
das vendas. Também tiveram de avaliar quatro medidas não-financeiras: participação de
mercado, marketing, reputação e acesso ao mercado. Brouthers (2002) declara que a análise
fatorial confirmou que duas dimensões de desempenho do modo estiveram presentes:
financeira (alfa = 0,82) e não financeira (alfa = 0,87).
Custos de transação foram medidos por duas variáveis diferentes. Primeiramente, os
custos de transação gerais incluíram um conjunto de duas questões do tipo Likert que
examinavam os custos na procura e negociação com um parceiro potencial e os custos em
fazer e garantir contratos no país-anfitrião, comparando-se com o mercado doméstico (alfa de
Cronbach = 0,73). Depois a especificidade de ativos foi medida pela porcentagem de vendas
gastas com pesquisa e desenvolvimento.
61
Incluíram-se duas variáveis de contexto cultural: potencial de mercado e risco de
investimento. O potencial de mercado foi medido usando-se uma questão tipo Likert sobre o
potencial do país-anfitrião. O risco de investimento foi medido por um conjunto de quatro
questões do tipo Likert que avaliavam tanto a necessidade quanto o conhecimento específico
da localização e a necessidade de diminuir comprometimento de recursos. Estas questões
examinaram também o risco de converter e de repatriar lucros, riscos de nacionalização,
similaridades culturais, estabilidade política, social e condições econômicas do país-anfitrião
(alfa = 0,72).
Nos achados da pesquisa, Brouthers (2002) afirma que realizou análise de regressão
logística para determinar a validade da primeira à quinta hipótese (H1-H5) referentes ao
modelo expandido de custos de transação. A regressão logística é utilizada, neste caso, porque
a variável dependente (modo de entrada) é dicotômica. Antes de fazer a análise de regressão
logística, Brouthers preparou o teste de correlação para verificar possíveis sinais de
multicolinearidade (tabela 5). Conforme se observa na tabela 5, há vários relacionamentos
estatísticos significativos. Entretanto, nenhum dos relacionamentos foi grande o suficiente
para garantir preocupação com a multicolinearidade (BROUTHERS, 2002).
Tabela 5 - Matriz de Corrrelação para Escolha do Modo de Entrada
Fonte: Brouthers (2002, p. 212)
62
Os resultados da análise de regressão logística ao examinarem a escolha do modo
estão presentes na tabela 6. A regressão logística foi significativa (p<0,01) e explicada pelos
76,19% dos modos de entrada selecionados, substancialmente maior que a taxa de escolha de
57%, comparando-se com os resultados apresentados por Hennart (1997).
A regressão logística proporcionou suporte para um conjunto de hipóteses formuladas
por Brouthers (2002). A primeira hipótese (H1) sobre custo de transação foi confirmada, pois
as firmas perceberam que níveis mais elevados de custos de transação tendiam a usar modos
próprios de entrada. Em relação ao contexto institucional, a hipótese 3 (H3) também foi
confirmada, pois as firmas que entram em mercados caracterizados por restrições legais mais
elevadas tendem a usar modos de joint venture. Finalmente uma das hipóteses de contexto
cultural foi confirmada (H4), isto é firmas que percebiam níveis elevados de risco de
investimento tendiam a usar modos de entrada por joint venture.
Tabela 6 - Regressão Logística: escolha do modo de entrada
Fonte: Brouthers (2002, p. 213)
63
Na tabela 7 o desempenho do modo financeiro aparece como significativo (p<0,0291,
2
r = 0,16) relacionado ao ajuste de modo de entrada (p<0,01), potencial de mercado (p<0,10)
e tipo de modo (p<0,10). Especialmente, o autor destaca que as firmas relataram desempenho
de modo mais elevada quando utilizaram o modo de entrada previsto pelo modelo expandido
de custo de transação, quando entraram em mercados com maior potencial de mercado e
quando utilizaram modos próprios.
Tabela 7 - Análise de Regressão
Fonte: Brouthers (2002, p. 214)
Nas conclusões e avaliações das limitações do estudo, Brouthers (2002) sustenta que a
pergunta se o modo de entrada utilizado pela firma afeta seu desempenho permanece sem
resposta, pois apesar de um grande volume de estudos de modo de entrada, a maioria
investiga somente os custos de transação relativos às variáveis. Além disso, os estudos tendem
a examinar os critérios usados para selecionar o modo de entrada, mas ignoram suas
implicações no desempenho da firma.
Em relação às contribuições deste estudo de Brouthers (2002), estas se referem à
prática de gestão. A primeira é a sinalização de um modelo que amplia o escopo da teoria de
64
custos de transação na seleção do modo de entrada, levando em conta variáveis de contexto
institucional e cultural, buscando-se equilibrar a eficiência em custos de transação com
critérios de valor agregado, principalmente de contextos culturais.
Brouthers et al. (2003) publicam um artigo destacando vantagens da adoção de um
modelo expandido de custos de transação na decisão do modo de entrada. Reforçam as
implicações para o desempenho e salientam que empresas que adotam este modelo proposto
têm desempenho melhor do que outras que usam outros modos de entrada.
Na descrição da metodologia adotada, Brouthers et al. (2003) afirmam que a amostra
consiste de empresas de diferentes bases de dados que realizam negócios com a comunidade
européia. Duas variáveis dependentes foram utilizadas no estudo. A primeira variável
dependente é a relação entre teoria de custos de transação e modos de entrada por joint
venture ou subsidiárias próprias, inspirado em estudos anteriores de Hennart e Larimo (1998),
Padmanabhan e Cho (1996) e Hennart (1991). A segunda variável dependente refere-se a
desempenho, tratada na perspectiva de medidas de percepção do desempenho da firma.
Brouthers et al. (2003) reforçam que uma das questões centrais da teoria de custos de
transação é a especificidade de ativos têm impacto na eficiência nos custos de transação em
estruturas alternativas de governança (WILLIAMSON, 1991). Na sequência, Brouthers et al.
(2003) apresentam os resultados de decisão de modo de entrada, com uso de variáveis e nãovariáveis de custos de transação. As variáveis de custos de transação foram significativas em
termos de especificidade de ativos e incerteza econômica (p< 0,05) como previsores de modo
de entrada. Variáveis não relacionadas a custos de transação como tamanho da firma,
experiência e restrições legais foram significativas (p< 0,05) no modo de escolha previsto.
Na discussão sobre os resultados obtidos consta que as firmas que realizaram decisão
do modo de entrada por um modelo expandido de custos de transação ficaram muito mais
satisfeitas com o desempenho. Trata-se, então, de um modelo normativo, em que a seleção
dos modos de entrada gera impactos na satisfação da firma. Entretanto, Brouthers et al. (2003)
constatam que o estudo tem algumas limitações. Uma delas é o fato de a coleta de dados sobre
modo de entrada ter sido realizada após a decisão pelo modo, o que pode gerar suspeita
quanto à precisão das respostas e às ações gerenciais que modularam tais decisões, refletindose numa percepção ajustada. Além disso, as variáveis contêm erros na mensuração como, por
65
exemplo, em valores dos coeficientes alfa de variáveis abrangendo diversos itens para cada
firma. Apesar de tais limitações, o estudo fornece contribuições tanto para literaturas de modo
de entrada quanto de teoria de custos de transação, pois amplia o que tradicionalmente se
conhece por modelos baseados em teoria de custos de transação no modo de entrada, saindo
de uma condição meramente descritiva para uma base mais normativa. Certamente, a
incorporação de variáveis de custos de transação em decisões de modo de entrada pode
auxiliar a gestão na seleção de modos de entrada com melhor desempenho no mercado
internacional.
Brouthers e Hennart (2007) realizam um artigo sobre observações na pesquisa sobre
modo de entrada internacional, especialmente em relação à maneira como ocorre a expansão
das firmas pode se tornar uma decisão crítica em termos gerenciais. Trata-se de uma ampla
revisão da literatura, que serve de base para artigos que Brouthers e Hennart (2007)
escreveram posteriormente. Logo no início, afirmam que à medida em que as forças da
globalização impulsionam as empresas para expandirem internacionalmente surge a
preocupação em se estabelecer as fronteiras da firma. A pesquisa sobre modo de entrada lida
com esta questão ao explorar a forma de operação que as firmas utilizam para entrar em
mercados estrangeiros. Especificamente Brouthers e Hennart (2007) analisam se as firmas
entram em mercados estrangeiros por meio de contratos (com distribuidores, fornecedores de
recursos, licenciados e franqueados) ou pela extensão da firma no exterior, estabelecendo
subsidiárias para vendas ou fabricação de mercadorias e se estas empresas deveriam
compartilhar a propriedade dessas subsidiárias como, por exemplo, joint venture (JV), ou
decidem preservar a propriedade total de suas subsidiárias (WOS).
Na sequência do artigo, Brouthers e Hennart (2007) declaram que em um primeiro
momento pretendem fazer uma apresentação geral do estado da pesquisa. Em seguida,
recomendam maneiras para identificar oportunidades, as quais são importantes na decisão
estratégica. Por fim, situam os resultados de uma investigação em artigos publicados em
periódicos acadêmicos que lidam com a escolha entre contratos e decisão por controle total ou
controle compartilhado na decisão de modo de entrada.
Na apresentação geral do estado da pesquisa sobre decisão de modo de entrada na
internacionalização, Brouthers e Hennart (2007) afirmam que a discussão se norteia pela
decisão entre WOS e JVs. Alguns artigos investigaram a escolha entre contratos de
66
distribuição em detrimento a subsidiárias para vendas, contratos de licenciamento em
contraposição a subsidiárias para produção, contratos de franquia em oposição a controle total
das subsidiárias. No total, identificaram-se 16 tipos de modos de entrada que haviam sido
mencionados em estudos anteriores. Brouthers e Hennart (2007) fazem a distinção entre nível
de propriedade (JV versus WOS) e o modo de estabelecimento das atividades (investimentos
greenfield - investimentos em recursos para a construção da estrutura necessária para a
operação – em contraposição a aquisições).
Na descrição da literatura sobre visão baseada em recursos (RBV), que inclui as
teorias com base em conhecimento e capacidade organizacional, discute-se que as firmas
desenvolvem recursos únicos possíveis de serem explorados em mercados internacionais ou
que utilizam mercados internacionais como fonte para adquirir ou desenvolver novas
vantagens baseadas em recursos. Além disso, Brouthers e Hennart (2007) comentam que as
firmas desenvolvem vantagens baseadas em recursos ao desenvolverem ou adquirirem um
conjunto de recursos específicos para firma e capacidades o que é algo valioso, raro e difícil
de ser copiado, pois não há substitutos disponíveis.
Brouthers e Hennart (2007) retomam também a questão do paradigma eclético
desenvolvida por Dunning (1993) que consiste da combinação dos aspectos relativos à
propriedade, localização e internacionalização (OLI), o qual é muito referido em estudos de
decisão de modo de entrada. Não se trata propriamente de uma teoria, mas a proposta de
Dunning (1993) aproxima conceitos de pesquisas anteriores que indicaram a influência da
decisão do modo de entrada. Os três componentes da formulação de Dunning (1993) são as
vantagens decorrentes de propriedade ou especificidade da firma, localização e também
aquelas decorrentes do processo de internacionalização. Originalmente desenvolvida antes de
muitas teorias populares, a proposta de Dunning (1993) pode ser interpretada como uma
ferramenta que combina insights de teorias baseadas em recursos (especificidade da firma),
aspectos institucionais (localização) e os custos de transação (internacionalização).
Na sequência do artigo, Brouthers e Hennart (2007) ressaltam que uma questão pouco
abordada por estudos sobre modo de entrada é o motivo que leva à decisão de entrar em
mercados internacionais. Teoricamente, teorias estritamente concentradas em recursos (RBV)
e institucionais tendem a avaliar como diferentes motivos para a entrada afetam as decisões.
Por exemplo, firmas podem fazer muitas decisões diferentes se eles estão entrando em um
67
mercado a fim de explorar os recursos existentes em contraposição a entradas utilizadas para
adquirir novos conhecimentos ou recursos. De maneira semelhante, ambientes institucionais
podem ter impactos diferenciados nas firmas que pretendem seguir uma estratégia global, o
que se distingue daquelas que dão encaminhamento às próprias estratégias internas. Grande
parte dos estudos não especifica se a entrada é realizada com vistas à ampliação de mercados,
busca de recursos, globalização ou finalidades próprias, e a falta de atenção a estas questões
relativas a estratégias pode auxiliar a explicar os resultados discrepantes de estudos sobre
modos de entrada, particularmente as diferenças significativas, além da sinalização de
variáveis-chave, tais como, especificidades de ativos e reconhecimento do grau de incerteza.
Brouthers e Hennart (2007) comentam também estudos voltados a investigar o impacto de
estratégias de negócios no modo de entrada. Em termos de negócios, as firmas escolhem em
quais mercados querem entrar para atrair novos consumidores e em quais mercados buscam
recursos. Esclarecem também que as pesquisas dedicadas ao estudo de motivos estratégicos
para entrada no mercado internacional sugerem que além de influências racionais em teoria de
custos de transação, aspectos baseados em recursos e/ou institucionais influenciam de modo
significativo o modo de entrada. O motivo para a entrada pode influenciar também as
estruturas organizacionais que as firmas adotam em mercados internacionais.
Brouthers (2013) realiza a retrospectiva de seu artigo original (BROUTHERS, 2002)
retomando os fundamentos que nortearam seu estudo. Inicia destacando sua preocupação na
época da elaboração do estudo com a expansão do conhecimento em duas áreas específicas: a
ligação entre escolha de modo de entrada e desempenho, além de destacar a influência de
outros fatores, em especial as diferenças entre países na adoção da decisão do modo de
entrada no modelo tradicional de teoria de custos de transação. Ressalta que poucos estudos
estabeleceram a relação entre teoria de modo de entrada e desempenho da subsidiária
(BROUTHERS, 2013). Brouthers (2013) salienta que fazer a ligação entre modelos de
decisão gerencial para mensurar resultados de desempenho é algo muito importante porque
auxilia a determinar quais modelos direcionam para os resultados desejados. Em relação a
aspectos culturais, faz-se menção às observações de Shenkar (2012) sobre distância cultural,
quanto às dificuldades que a firma enfrenta ao fazer suas operações em mercados
internacionais quando se depara com nuances de diferenças entre os países. Ainda sobre as
diferenças entre os países, Brouthers (2013) retoma aspectos da teoria do neoinstitucionalismo, na visão de North (1990) e de Scott (1995) e a partir desta teoria observa
como os países diferem e como o aspecto institucional influencia a decisão do modo de
68
entrada. Na sequência do artigo, Brouthers (2013) descreve as contribuições que fizera pelo
fato de apontar para as consequências no desempenho das empresas pela decisão de modo de
entrada, sendo que estudos anteriores a 2002 priorizavam os antecedentes da escolha do modo.
Também salienta suas contribuições em alinhar a análise da teoria de custos de transação com
a teoria institucional e o contexto cultural.
Ainda sobre a questão da escolha do modo de entrada e a teoria institucional,
Brouthers (2013) comenta que estudos realizados em 2010 ampliaram a definição de distância
institucional e sugeriram novos meios para mensurar tais dimensões. Berry et al. (2010)
desenvolveram diversas mensurações de distância institucional, assim como recomendaram
novos métodos para calcular essa distância. Ao incluírem tais itens ao modelo de custos de
transação no modo de entrada observaram que as medidas de distância e o método estavam
diretamente ligados ao tipo de escolha do modo de entrada. Dow e Ferencikova (2010)
adotaram o critério de mensuração em cinco itens para distância institucional e o adicionaram
ao modelo de custos de transação.
Houve estudos que se dedicaram a ampliar o conhecimento com base na teoria
econômica de custos de transação sem levar em consideração a teoria institucional. De acordo
com Brouthers (2013), Hennart (2009) sugere no estudo com base na teoria econômica de
custos de transação que os ativos locais e os ativos específicos da firma sejam considerados;
defende-se que os estudos sobre decisão de modo de entrada precisam levar em conta o a
firma do mercado em que se pretende atuar, uma vez que esta firma exerce o controle dos
ativos locais e, neste contexto, tem impacto nos custos de transação. Meyer et al. (2009)
investigam a decisão do modo de entrada associada à visão baseada em recursos (RBV),
porém falham em integrar a RBV com os conceitos da teoria de custos de transação. Como
sugestão de pesquisas futuras, Brouthers (2013) sugere como pesquisas futuras a adoção
dessas teorias de forma a explicar como as firmas resolvem os conflitos ao fazerem escolha do
modo de entrada, pois muitos estudos são necessários ainda para analisar como outros fatores
auxiliam a melhorar os modelos de teoria econômica de custos de transação para explicar e
prever modos de entrada com alto desempenho.
69
3.2.1. Modo de entrada internacional: as vantagens dos métodos multiníveis
segundo Arregle et al. (2006)
Arregle et al. (2006) defendem que a seleção adequada do modo de entrada em
mercados internacionais é uma questão crítica na pesquisa em negócios internacionais;
especialmente porque o investimento estrangeiro direto (FDI) parece ser um fenômeno
multinível: explicações para isso provêm das variáveis no nível de FDI, variáveis do nível da
matriz e da interação entre ambas. Entretanto, Arregle et al. (2006) atentam para o fato de
muitos estudos mesclarem ou tornarem imprecisos os níveis de análise. Em geral as
descobertas de tais estudos resultam de regressões logísticas; implicitamente apresentam os
modelos conceptuais multiníveis com variáveis mensuradas em níveis muito distintos (matriz
e FDI) e ignoram a dimensão multinível dos métodos de análise de dados. Tal omissão têm
consequências na compreensão dos determinantes na decisão de modo de entrada assim como
a validade de evidências empíricas apresentadas na literatura sobre modo de entrada. O
objetivo da pesquisa de Arregle et al. (2006) está em explicar e mensurar dimensões da
questão de pesquisa, explicando e ilustrando como uma análise multinível pode tratar deste
problema e comparar este procedimento com um método estatístico não-linear (regressão
logística) para explicar a joint venture internacional (IJV) versus modo de entrada por
subsidiárias próprias (WOS). Desta forma, é possível ilustrar a relevância e poder de métodos
multiníveis para pesquisas futuras em decisão de modo de entrada.
Como metodologia, Arregle et al. (2006) testaram um modelo integrando custos de
transação, teoria institucional, organização em variáveis de para explicar a escolha IJV em
contraposição a WOS na decisão de entrada em um mercado estrangeiro. O modelo inclui
variáveis de nível da matriz, ou variáveis nível-2, mensurando o tamanho da matriz e suas
vendas, capacidade em Pesquisa e Desenvolvimento e Marketing. Conta-se para a lógica
dominante da matriz, definindo-se o uso de WOS sobre IJV como decisão prioritária e queda
de WOS anterior ou IJV, como proporção de WOS ou IJV anterior que havia sido finalizado.
Entre as variáveis nível-1, de FDI, incluíram-se variáveis de condição do país anfitrião e
experiência anterior com WOS e IJV na ocasião da entrada. A variável “experiência de outras
firmas” com o uso de WOS no país-anfitrião e indústria foi adicionada para acessar os efeitos
miméticos. As variáveis nível-1 foram mensuradas na época da criação de FDI.
70
3.2.2. Estratégias de escolha de modo de entrada e decisões na expansão em
mercados internacionais na visão de Chen e Mujtaba (2007)
Pesquisas anteriores sobre estratégias de modo de entrada identificaram diversos
fatores que influenciam as decisões estratégicas da empresa para seleção de entrada em
mercados internacionais. As decisões envolvidas na expansão externa são complexas, sendo
necessária a observação de diversos fatores. O estudo proposto por Chen e Mujtaba (2007)
investigam os fatores que compreendem as decisões de multinacionais e sintetizam
abordagens relacionadas ou não com a teoria econômica de custos de transação (TCE) como
base conceitual para desenvolver um arcabouço teórico capaz de analisar as descobertas de
estudos anteriores sobre o efeito de estruturas de governança na escolha de modos de entrada
em mercados externos e pela exploração de fatores-chave que venham a influenciar a escolha
dos modos de entrada internacionais.
Chen e Mujtaba (2007) determinam três grupos de fatores baseados em perspectivas
relacionadas e não-relacionadas com a teoria econômica de custos de transação (TCE),
identificadas como: fatores específicos da firma, fatores específicos do país e fatores
específicos de mercado. Fatores específicos da firma referem-se ao conceito de custos de
transação, nos quais a transferência de ativos especializados entre as firmas é impossibilitada
pelas quedas de mercado. Ativos específicos da firma e competências constituem vantagens
de propriedade. Os ativos se refletem no tamanho da empresa e da experiência como
multinacional e as competências são mensuradas pela habilidade de a empresa desenvolver
produtos diferenciados (DUNNING, 1988). Chen e Mujtaba (2007) afirmam que com base
nos achados da literatura, o estudo tem por foco os três elementos primários dos fatores
específicos da firma, a saber: especificidade de ativos, experiência internacional e tamanho da
firma. Fatores específicos do país abrangem considerações quanto a aspectos econômicos
específicos do país, assim como outros de natureza legal, política, institucional e cultural, o
que leva grande parte dos estudos em levá-los em conta no estudo empírico da decisão de
modo de entrada (DELIOS; BEAMISH, 1999). De acordo com as observações de Chen e
Mujtaba (2007), estudos anteriores apontaram fatores específicos do país como sendo
influências significativas na decisão de investimentos externos por parte da firma. Embora os
aspectos que constituem fatores específicos de país tenham sido interpretados de diversas
formas, aceitam-se amplamente as preocupações com a habilidade de uma firma estrangeira
em gerenciar as operações locais de sua subsidiária (KOGUT; SINGH, 1988). As variáveis
71
proxy de fatores específicos de país a serem utilizadas por Chen e Mujtaba (2007) são riscopaís, restrições governamentais e distância cultural. Fatores específicos de mercado têm sido
observados quanto à influência no investimento e decisões gerenciais das empresas como
determinantes dos modos de entrada no exterior (BLUMENTRITT; NIGH, 2002). Pesquisas
anteriores sugerem que em mercados com crescimento elevado, as empresas tendem a preferir
modos de entrada totalmente próprios de forma a obter economias de escala, o que as leva a
reduzir custo por unidades e estabelecer sua atuação de longo prazo no mercado
(AGGARWAL; RAMASWAMI, 1992). Em mercados com baixo crescimento, as firmas
podem achar que modos menos integrados proporcionam melhores oportunidades pelo fato de
não aumentarem a capacidade no mercado e, dessa forma, não exercerem impacto nas
estratégias de preços competitivos. Tais modos podem providenciar melhores retornos de
investimento pela minimização do comprometimento de recursos, com base em menores
expectativas de retorno, ou pela redução da troca de custos com a saída do mercado se as
vendas do produto ou os serviços estiverem baixos (BROUTHERS, 2002).
Chen e Mujtaba (2007) estabelecem as seguintes hipóteses de pesquisa, nomeadas de
H1 a H9:
H1: Há uma relação positiva entre a especificidade do ativo e a preferência por uma
multinacional para modos de entrada com controle elevado de formas de governança em
mercados externos;
H2: Há uma relação positiva entre a experiência internacional e a preferência por uma
multinacional para modo de entrada com controle elevado de formas de governança em
mercados externos;
H3: Há uma relação positiva entre o tamanho da firma e a preferência por uma multinacional
para modo de entrada com controle elevado de formas de governança em mercados externos;
H4: Há uma relação negativa entre o risco-país e a preferência de uma multinacional para
modo de entrada com controle elevado de formas de governança em mercados externos.
H5: Há uma relação negativa entre restrições governamentais e a preferência por uma
multinacional para modo de entrada com controle elevado de formas de governança em
mercados externos;
H6: Há uma relação positiva entre a distância cultural e a preferência por uma multinacional
para modo de entrada com controle elevado de formas de governança em mercados externos;
72
H7: Há uma relação positiva entre o potencial de mercado e a preferência por uma
multinacional para modo de entrada com controle elevado de formas de governança em
mercados externos;
H8: Há uma relação positiva entre a incerteza de demanda e a preferência por uma
multinacional para modo de entrada com controle elevado de formas de governança em
mercados externos;
H9: Há uma relação negativa entre a intensidade da concorrência e a preferência por uma
multinacional para modo de entrada com controle elevado de formas de governança em
mercados externos.
Na descrição dos procedimentos metodológicos, Chen e Mujtaba (2007) utilizaram um
questionário estruturado desenvolvido pelos pesquisadores para a coleta de dados da amostra.
A população do estudo consiste de um grande número de empresas dos EUA com operações
em outros países. A coleta de dados foi obtida por questionários enviados por e-mail em três
fases. Em linhas gerais, 229 questionários representam 33,83%, uma cifra considerável
envolvendo entrevistas com CEOs ou presidentes de empresas de pequeno, médio e grande
porte dos EUA. Chen e Mujtaba (2007) afirmam que adotaram análise de correlação entre os
itens para os testes de confiabilidade de alfa de Cronbach, a fim de averiguar o grau de
consistência entre as várias medidas de cada constructo.
Os resultados dos testes das hipóteses na correlação dos nove constructos revelam que
há correlações fortes entre as variáveis independentes. Entretanto métodos estatísticos de
estudos anteriores sobre estratégias de modo de entrada suportam a escolha dos
procedimentos de análise desses dados. Em especial, grande parte dos estudos anteriores
sobre estratégias de modo de entrada em mercados externos favorecem técnicas de regressão
logística binomial e multinomial como ferramentas de análise de dados para acessar a
influência das variáveis independentes na probabilidade de escolha entre modos de entrada
distintos. No estudo de Chen e Mujtaba (2007), o modelo de correlação de Pearson indica que
todas as variáveis estão relacionadas umas com as outaras com relativa força nas correlações.
Como resultado, o modelo de regressão ordinal não fornece informações por causa das fortes
relações entre as variáveis independentes.
O teste das hipóteses de H1 a H9 foi realizado pela correlação não-paramétrica de
Spearman e a ANOVA foi utilizada para comparar os resultados significativos de variáveis
73
independentes entre os graus de controle de grupos de modo de entrada. Por fim, uma análise
discriminante foi capaz de estabelecer as diferenças entre baixo, médio e alto grau de controle
no modo de entrada.
Na conclusão do artigo, Chen e Mujtaba (2007) afirmam que conforme previsto pelos
estudos teóricos, a presença de fatores era significativa no que está relacionado à decisão de
escolha do modo de entrada em operações internacionais. Com base em entrevistas com
empresas dos EUA, CEO’s e presidentes, o estudo fornece apoio para as relações
estabelecidas nas hipóteses sugerindo que fatores relacionados com TCE e com o modelo
expandido de TCE exerceram um papel importante na decisão de modo de entrada das
empresas. Muitos estudos adotaram a expansão do modelo de TCE para avaliar o impacto dos
determinantes na escolha do modo de entrada. Como consequência, a extensão do modelo de
TCE pareceu ser o modelo determinante na decisão de escolha do modo de entrada. Em
relação aos fatores relacionados a TCE na determinação da decisão do modo de entrada, o
principal objetivo do estudo de Chen e Mujtaba (2007) era investigar os fatores utilizados
para desenvolver o modelo conceitual para teste das hipóteses com o intuito de explicar como
as empresas de origem dos EUA entram e operam em mercados estrangeiros, bem como
fornecem orientações para a tomada de decisão.
3.2.3. Escolha de modo por investimento direto estrangeiro (FDI): modos de
entrada em economias de transição, segundo Dikova e Witteloostuijn (2007)
Neste estudo de Dikova e Witteloostuijn (2007) estabelecem-se as relações entre
literatura sobre investimento estrangeiro direto (FDI), especificamente pesquisas sobre
escolha por modo de como efetivamente realizar a entrada (escolha entre aquisição ou
investimento direto) e estudos sobre decisão de modo de entrada (por subsidiárias próprias ou
por modo compartilhado de propriedade). Dikova e Witteloostuijn (2007) demonstram em
sua pesquisa que a intensidade tecnológica da matriz, assim como suas estratégias
internacionais e experiência determinam a escolha do modo de entrada e a forma de
investimento a ser adotada. Dikova e Witteloostuijn (2007) se apoiam na teoria de Williamson
(2000) sobre a nova economia institucional para investigar a influência do aspecto
institucional na escolha de investimento das empresas multinacionais. Uma das conclusões já
sinalizadas na parte introdutória do artigo é que o grau de adiantamento da postura
74
institucional do país anfitrião é moderador no efeito tanto da intensidade tecnológica quanto
na estratégia internacional e decisão de investimento no modo de entrada.
A pesquisa de Dikova e Witteloostuijn (2007) no que diz respeito ao grau de avanço
institucional se estrutura no fato de o estudo se concentrar exclusivamente no efeito de
aspectos formais e regulatórios na forma de investimento das empresas multinacionais (MNE)
e na decisão do modo de entrada, uma vez que tais forças regulatórias têm frequentemente
como alvo o comportamento econômico e presente em muitos estudos da literatura de
negócios internacionais (BROUTHERS, 2002). Além disso, os processos regulatórios em
economias de transição são decididos em grande parte pela força de influência na tomada de
decisão de uma MNE como modo de entrada e forma de investimento. Estas forças
regulatórias incluem leis e regulamentações em geral, assim como configurações de ordem
política e social. Neste sentido, as instituições regulatórias fornecem as “regras do jogo” no
país anfitrião e a estruturas que as firmas devem ter para atuarem.
Conforme elucidado por Dikova e Witteloostuijn (2007), a teoria econômica de custos
de transação (TCE) fornece explicações de como o ambiente institucional pode exercer
impacto no investimento direto estrangeiro (FDI). Estudos com base na TCE consideram mais
arriscadas as entradas de investimento direto do que entradas por meio de aquisições. Isto se
deve ao fato de o lançamento de uma aquisição significar a compra de uma empresa existente
com um time de gestores familiarizados com a indústria e com as condições do mercado local,
o que reduz a incerteza sobre o futuro da subsidiária. Assim, uma aquisição em geral
pressupõe uma taxa de retorno mais segura embora mais baixa. Por outro lado, investimentos
diretos surgem de brechas; uma vez que representam uma combinação de ativos que não
foram ainda provados como de sucesso em um determinado mercado no exterior.
Tendo em vista as observações acerca da diminuição de risco com a opção de
aquisições, Dikova e Witteloostuijn (2007) estabelecem as primeiras hipóteses de pesquisa
(H1 e H2), a saber:
H1: Maior avanço institucional está associado positivamente com a possibilidade de se
realizarem aquisições.
H2: Maior avanço institucional está associado positivamente com a possibilidade de
subsidiárias com propriedade compartilhada.
75
O segundo constructo da pesquisa de Dikova e Witteloostuijn (2007) é a intensidade
tecnológica e o avanço institucional e para tanto determina, a seguinte hipótese (H3):
H3: Maior avanço institucional tem efeito positivo moderador na tendência de MNEs com
intensa tecnologia a investirem em subsidiárias.
Outra questão abordada por Dikova e Witteloostuijn (2007) refere-se a pesquisas sobre
modo de FDI é a escolha de um modo de entrada no exterior com subsidiárias próprias ou
com propriedade compartilhada. Segundo estes autores, muitos estudos chegaram à conclusão
sobre a opção por subsidiárias próprias ou pelo compartilhamento na propriedade em função
de como as matrizes estavam em termos de avanço tecnológico, sendo aquelas com algo grau
de propriedade de tecnologia avançada tendendo a transferir tecnologia na entrada no
mercado internacional para ganhar vantagem competitiva do que firmas que preferiam optar
por subsidiárias totalmente próprias. Relacionada a este tópico, apresenta-se a quarta hipótese
(H4):
H4: Maior avanço institucional tem um efeito moderador positivo na tendência de MNEs com
intensa tecnologia a estabelecerem subsidiárias com propriedade compartilhada.
O terceiro e último constructo da pesquisa de Dikova e Witteloostuijn (2007) diz
respeito à estratégia internacional e avanço institucional. De acordo com os autores, as MNEs
seguem estratégicas multidomésticas para terem sua presença sustentável em um mercado
local. A primeira preocupação é a responsabilidade adequada em relação às preferências do
consumidor. Em geral, as aquisições tornam-se um investimento atraente quando se fornecem
marcas locais, conhecimento do mercado, canais de distribuição e relacionamentos em rede
tanto com o negócio do país anfitrião quanto com as autoridades governamentais. A escolha
do modo de investimento implica custos e tempo gasto na integração e adaptação. Em
aquisições, tipicamente preferidas por MNEs multidomésticas, trazem ativos previamente
decorrentes de negócios com custos de transação no mercado de controle corporativo. Custos
de transação de aquisições estrangeiras em economias de transição podem ser significativos
como mercados para controle corporativo, porém muito imperfeitos, uma vez que necessitam
da busca de alvos adequados, análise da viabilidade econômica, além de precisarem negociar
com gestores, proprietários e autoridades governamentais (MEYER; ESTRIN, 2001). Neste
76
contexto, Dikova e Witteloostuijn (2007) formulam a quinta e sexta hipóteses de pesquisa (H5
e H6):
H5: Maior avanço institucional tem efeito moderador positivo na tendência de MNEs
multidomésticas a formalizarem aquisições.
H6: Maior avanço institucional tem efeito moderador positivo na tendência de MNEs
multidomésticas a formalizarem subsidiárias com propriedade compartilhada.
3.2.4. O impacto do risco-país e a distância cultural na decisão de modo de
entrada, na discussão de Quer et al. (2007)
Quer et al. (2007) partem da constatação de que diferentes abordagens podem ser
adotadas como justificativa de uma influência positiva ou negativa do risco-país e da distância
cultural no nível de comprometimento dos recursos assumidos em cada decisão de entrada em
um novo país. Pretende-se, no estudo em questão, provar como a influência destas duas
dimensões associadas podem efetivamente influenciar a escolha do modo de entrada. Com
base em uma abordagem de contingência, da teoria econômica de custos de transação (TCE),
perspectivas de dependência de recursos, teoria de poder de barganha e perspectivas de
capacidades organizacionais, estabeleceram-se um conjunto de hipóteses testadas em uma
amostra de 471 entradas de empresas espanholas no período de 1999 a 2004. As descobertas
indicam que tanto a dimensão risco-país quanto a de distância cultural vão na mesma direção,
à medida em que quanto maior for o risco do país-anfitrião e maior a distância cultural há uma
redução significativa nas estratégias de entrada com níveis elevados de comprometimento.
As hipóteses formuladas por Quer et al. (2007) relativas ao risco do país-anfitrião são
foram denominadas de H1a e H1b, a saber:
H1a: Se o risco do país-anfitrião for maior, isso irá reduzir a possibilidade de se utilizar
estratégias de entrada que impliquem níveis elevados de comprometimento dos recursos;
H1b: Se o risco do país-anfitrião for maior, isso aumentará o uso de estratégias de entrada que
impliquem níveis elevados de comprometimento de recursos.
Já as hipóteses referentes à distância cultural (H2a e H2b) são:
77
H2a: Se a distância cultural entre o país de origem e os países-anfitriões forem maiores, isso
reduzirá a possibilidade de se utilizar estratégias de entrada que impliquem níveis elevados de
comprometimento de recursos;
H2b: Se a distância cultural entre o país de origem e os países-anfitriões forem maiores, isso
aumentará a possibilidade de se utilizar estratégias de entrada que impliquem níveis elevados
de comprometimento de recursos.
Quanto à metodologia, Quer et al. (2007) obtiveram os dados para a pesquisa empírica
na revisão de notícias publicadas no El Exportador, uma revista mensal, editada pelo Instituto
Español de Comercio Exterior (ICEX) , no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2004.
471 estratégias de entrada foram implantadas por 263 empresas durante os seis anos do
período analisado.
A variável dependente é o grau de comprometimento contendo as
categorias de contratos, modo de entrada compartilhado com investimento estrangeiro direto
(FDI) e modo de entrada próprio com FDI, as variáveis independentes são risco-país e
distância cultural e as variáveis de controle são o tamanho da firma e as características da
indústria.
Os resultados da pesquisa indicam que tanto o risco do país-anfitrião quanto a
distância cultural vão na mesma direção, isto é, quanto maior forem o risco do país-anfitrião e
a distância cultural, menor a possibilidade de se utilizarem estratégias de entrada com alto
nível de comprometimento dos recursos. Entretanto, o estudo de Quer et al. (2007) apresenta
algumas limitações o fato de a pesquisa estar baseada em dados secundários, o que certamente
influencia a mensuração das diferentes variáveis. Portanto, seria necessária a coleta de dados
primários tanto de países das matrizes como os das subsidiárias para ter acesso à percepção de
incerteza dos gestores quando enfrentam mudanças no ambiente de negócios. Porém, o estudo
oferece contribuições tanto para o meio acadêmico quanto para o empresarial no sentido de
evidenciar que risco-país e distância cultural estão interligados e afetam as decisões de
estratégias de entrada.
78
3.2.5. Modo de governança por cooperação: uma abordagem ampliada dos custos
de transação, segundo Kuittinen et al. (2009)
Kuittinen et al. (2009) propõem-se a analisar o modo de governança por cooperação e
os fatores possíveis que afetam a escolha entre joint venture e acordos contratuais. Embora a
teoria econômica de custos de transação (TCE) forneça respaldos substanciais para investigar
os motivos de tal decisão, esta teoria apenas se concentra nos custos de transação estáticos
relacionados aos dois modos. Isto levou à discussão sobre custos dinâmicos de governança e
possíveis benefícios relacionados ao modo de governança. O objetivo do estudo de Kuittinen
et al. (2009) é mostrar como um modelo expandido se difere da TCE ao determinar o modo
de governança adequado. Kuittinen et al. (2009) estabelecem quatro fatores relacionados à
natureza da cooperação ao constrastar as duas abordagens. Seu estudo compreende a coleta de
dados empíricos sobre cooperação nas informações e comunicações tecnológicas a fim de dar
suporte a tais argumentos. Os dados obtidos por análise de regressão logística sugerem que a
governança dinâmica e a perspectiva por benefícios se constituem em insights valiosos a
serem incorporados na abordagem estática tradicional de custos de transação quando ocorre o
momento da decisão do tipo de aliança a ser adotada.
Na revisão teórica de Kuittinen et al. (2009), logo no início, destacam que as últimas
décadas presenciaram um crescimento significativo de cooperação entre firmas. As empresas
simplesmente não conseguem sozinhas reunir todo o conhecimento necessário para pesquisa
e desenvolvimento; buscam parceiros para complementar este conhecimento a fim de usufruir
rapidamente das tecnologias disponíveis.
O modo de governança das alianças estratégicas pode ser dividido em duas categorias
básicas diferenciadas pela presença ou não de capital próprio (BROUTHERS; HENNART,
2007). Uma aliança de capital diz respeito a todo acordo na transação em que os parceiros
compartilham ou realizam troca de capital, incluindo acordos nos quais os parceiros criam um
novo patrimônio, assim como um parceiro recebe juros de capital em relação ao outro. A
segunda categoria envolve alianças de contrato que abrangem um grupo relativamente grande
de parceiros que não compartilham o capital, como ocorre em contratos conjugados de
desenvolvimento ou licenciamento. Trata-se da categoria de alianças não-patrimoniais.
79
A teoria econômica de custos de transação (TCE) tradicionalmente dominou a
discussão sobre estruturas de aliança de governos. De acordo com o pressuposto de que atores
econômicos são amplamente racionais e potencialmente oportunistas, a teoria de custos de
transação explica como algumas condições desfavoráveis à transação podem elevar os custos
na negociação e levar a um contrato incompleto, o que certamente gera problemas.
Kuittinen et al. (2009) retomam os argumentos do artigo de Teece et al. (1997) que
propõem uma interpretação mais dinâmica para as escolhas da firma ao focalizar nos fatores
cruciais para o desenvolvimento da empresa a longo prazo. Trata-se de um estudo que
introduz o conceito de capacidades dinâmicas, que consiste na habilidade da firma em
integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas em contextos de ajustes
rápidos a mudanças. A ideia básica é a utilização de uma base de conhecimento interna da
firma, recursos, rotinas e habilidade para alcançar congruência com as rápidas mudanças
externas no ambiente de negócios.
A finalidade do estudo de Kuittinen et al. (2009) é analisar o modo de governança por
cooperação a partir de duas perspectivas: teoria econômica dos custos de transação e
governança dinâmica expandida pela relação custo/benefício. Em relação às hipóteses de
pesquisa foram testadas em dados empíricos de 1918 alianças formadas por 12 das maiores
empresas de tecnologia da comunicação e informação no período de 1999-2002. As hipóteses
de Kuittinen et al. (2009) estabelecem-se a paritr da decisão entre aliança de capital e aliança
sem capital em termos dos problemas criados pelos custos estáticos de transação por um lado
e custos dinâmicos de transação de outro, assim como oportunidades geradas pelos benefícios
de governança. Constituem hipóteses de Kuittinen et al. (2009), a saber:
H1: Cooperação em pesquisa e desenvolvimento é governada pelas alianças de capital do que
por formas sem capital.
H2a: Quando os parceiros têm ativos simétricos é menos provável que um modo de capital
seja escolhido para governar a aliança.
H2b: Quando os parceiros têm ativos simétricos, é mais provável que um modo de capital seja
escolhido para governar a aliança.
H3a: Quando os parceiros da aliança têm maior confiança entre si, estão mais propensos a
escolher um modo de governança sem capital.
80
H3b: Quando os parceiros da aliança têm mais confiança entre si, estão mais propensos a
escolher um modo de governança por capital.
H4: Quanto maior o nível de independência antecipada dentro de uma aliança, é mais
provável que se escolha um modo de governança baseado em capital.
Os dados foram extraídos das alianças anunciadas por doze das maiores empresas
globais de tecnologia da comunicação e informação publicadas em suas páginas de internet no
período de 1999 a 2002. A amostra consiste de empresas europeias e norte-americanas. A
amostra final inclui Alcatel, Cisco Systems, Ericsson, IBM, Intel, Lucent Technologies,
Microsoft, Motorola, Nokia, Nortel Networks, Sun Microsystems e Texas Instruments.
Kuittinen et al. (2009) analisaram 1918 divulgações de imprensa a fim de testar as hipóteses
referentes a escolha por acordos de capital e sem capital . Destes anúncios apenas 10% (185)
foram alianças de capital e os 90% remanescentes (1733) não incluíram transferências de
capital. Cerca de 92% (1765) referiam-se a cooperação bilateral, isto é, envolvendo apenas
uma empresa parceira. Os 8% restantes (153) incluiam alianças entre dois a cinco parceiros.
A tabela 8 apresenta as variáveis independentes do artigo de Kuittinen et al. (2009) e a
tabela 9 contém a matriz de correlação de todas as variáveis.
Tabela 8 - Variáveis independentes
Fonte: Kuittinen et al. (2009, p. 315)
81
Tabela 9 - Estatística descritiva e correlações
Fonte: Kuittinen et al. (2009, p. 316)
A tabela 10 fornece os resultados da regressão logística. Kuittinen et al. (2009)
reforçam o interesse em investigar se há ou não aliança de capital no modo preferido de
governança. Portanto, a variável dependente, capital, foi codificada se era uma joint venture
ou investimento minoritário se a forma de governança só se baseava no contrato. Os
coeficientes positivos indicam uma grande probabilidade de aliança de capital e os
coeficientes negativos referem-se à preferência por cooperação contratual (aliança sem
capital).
Tabela 10 - Resultados de regressão logística
Fonte: Kuittinen et al. (2009, p. 317)
82
Nos testes das hipóteses Kuittinen et al. (2009) chegaram aos seguintes resultados: na
hipótese 1, relativa à finalidade de pesquisa e desenvolvimento da aliança, de acordo com a
teoria de custos de transação e a perspectiva baseada em capacidades, quando a aliança é
orientada por pesquisa e desenvolvimento é mais provável haver a aliança de capital. Isto é o
que consta dos dados da regressão logística, a variável independente finalidade em pesquisa
em desenvolvimento é estatísticamente significativa. Por outro lado, as hipóteses 2a e 2b,
sobre similaridade de ativos, a hipótese 2b com base em preocupações com apropriação foi
rejeitada, ao passo que a hipótese 2 a refletiu tanto perspectivas estáticas quanto dinâmicas e
revelou que a similaridade de ativos iria diminuir a probabilidade de uma aliança de capital, a
qual fora parcialmente confirmada pelo mesmo setor primário, que teve uma relação negativa
com a aliança de capital. As hipóteses 3a e 3b dizem respeito ao grau de confiança entre as
empresas parceiras. As variáveis testadas para o efeito de alianças prévias, alianças bilaterais
e alianças dométicas foram incluídas ao modelo a fim de se observar o impacto da confiança
no modo de governança. Isto se aplica apenas em alianças prévias. Não fazia diferença no
caso de aliança bilateral ou multilateral, nem se fosse doméstica ou internacional, segundo
Kuittinen et al. (2009). Portanto, a cooperação prévia teve efeito positivo nas alianças de
capital, com base nas perspectivas dinâmicas da hipótese 3b, a qual foi confirmada no modelo
de regressão logística.
Na discussão dos resultados da pesquisa, Kuittinen et al. (2009) apresentam as
limitações de seu estudo. Em linhas gerais, o tamanho da amostra foi considerado
relativamente pequeno e concentrado apenas em um tipo de indústria. Além disso, o fato de se
focalizar apenas grandes empresas industriais. Acrescente-se a isto o fato de o estudo ter
tomado como base fontes secundárias de informação, o que pode deixar sem explicação as
razões para se estabelecer os tipos de aliança. Levando-se em conta os resultados analisados,
Kuittinen et al. (2009) apresentam as conclusões do estudo. Primeiramente destacam que o
objetivo principal da pesquisa era investigar a estrutura de governança por cooperação pelas
perspectivas da teoria econômica de custos de transação e abordagem expandida baseada em
capacidades. Tendo em vista os resultados da pesquisa, Kuittinen et al. (2009) destacam que,
de acordo com a teoria econômica de custos de transação, quando os parceiros em cooperação
são similares, há diminuição nos riscos de contrato e se exige governança hierárquica. Já pela
abordagem baseada em capacidades, o aprendizado é mais fácil quando há semelhança na
capacidade das empresas parceiras. Entretanto, se os parceiros da aliança já tiveram
83
cooperação anteriormente, é provável que escolham uma aliança de capital para governar esta
nova cooperação. O mesmo se aplica quando os parceiros da aliança dependam um do outro.
As descobertas do estudo sugerem que um modelo estruturado na relação custo/benefício de
uma governança expandida pode complementar a explicação básica da teoria econômica de
custos de transação nas decisões internacionais de escolha de modo de entrada das empresas.
Embora Kuittinen et al. (2009) reconheçam que os dados obtidos não deram conta de explicar
a complexidade da escolha de governança, o estudo fornece contribuições para o
entendimento das decisões organizacionais. Em estudos futuros, Kuittinen et al. (2009)
acreditam que mensurações mais elaboradas do modelo proposto possam incluir custos
dinâmicos de governança e benefícios complementares da perspectiva estática de custos de
transação quando a estrutura de aliança de governança é avaliada com escrutínio.
3.2.6. Orientação estratégica e escolha do modo de entrada no mercado
internacional, segundo Liang et al. (2009)
Liang et al. (2009) avaliam as perspectivas estratégicas e custos de transação na
maneira como as empresas estabelecem suas decisões de modo de entrada em negócios
internacionais. Em um estudo com uma amostra de 332 entradas de mercado realizadas por 62
empresas de origem dos EUA durante um período de seis anos, Liang et al. (2009) formulam
suas hipóteses articulando níveis estratégicos das empresas com a escolha do modo de entrada.
As descobertas indicam que as empresas analisadas formulam situações específicas para
optarem por modos de entrada próprios (OBE) ou por joint venture.
Em termos de metodologia, Liang et al. (2009) apresentam os coeficientes
significativos, coeficientes de correlação e desvios-padrão associados às variáveis do estudo.
Fez-se uso de regressão logística para analisar como ocorrem as relações entre orientação
estratégica e escolha de modo de entrada.
Na proposta de Liang et al. (2009), três perspectivas teóricas são adotadas, ou seja,
custos de transação, capacidade estratégica e percepção estratégica, com o objetivo de se
defender que as orientações estratégicas das empresas influenciam a decisão do modo de
entrada em negócios internacionais. De uma maneira geral os resultados fornecidos
84
confirmam tais perspectivas. Duas realidades de atuação são propostas por Liang et al. (2009):
empresas que atuam como “prospectoras” (prospectors) e outras que atuam como “defensoras”
(defensors). As prospectoras tendem a optar por decisão de entrada por meios próprios
(ownership-based entry mode – OBE). As defensoras, por outro lado, optam por joint venture.
3.2.7. Um modelo geral de TCE de instituições de negócios internacionais: falha
do mercado e reciprocidade na visão de Chen. et al. (2010)
Neste estudo, Chen et al. (2010) propõem um modelo geral baseado na teoria
econômica de custos de transação (TCE) em instituições de negócios internacionais, no qual
as transações internacionais podem ser conduzidas em níveis múltiplos de mercado (por
exemplo, por resultado, por ativos, e a relação entre comprador e vendedor se dá de ambas as
formas (A vende para B e B vende para A). A literatura revela problemas ao lidar com este
assunto. Embora a falha do mercado é a força-motriz subjacente ao aumento das empresas
multinacionais (MNEs), a maioria dos pesquisadores tem se concentrado na discussão da
falha de um único mercado sem investigar a presença de mercados substitutos para transações
entre fronteiras. Como contribuição, Chen et al. (2010) sugerem um modelo geral de TCE
para integrar todos os modelos institucionais existentes como licenciamento, outsourcing,
aquisições, e joint ventures. O estudo proposto por Chen et al. (2010) indica que a escolha de
uma instituição ideal para negócios internacionais é o que predomina na seleção dos mercados
mais eficientes para conduzir as transações entre fronteiras. Observa-se que em acordos
bilaterais, a força da reciprocidade resolve o problema de quedas no mercado. Trata-se de
uma abordagem que promete direções futuras de pesquisa especialmente em considerar
contextos institucionais e capacitações da firma.
O eixo da discussão proposta por Chen et al. (2010) está na ideia de cooperação entre
indústria e desenvolvedor, o que é amplamente detectado na indústria de semicondutores, na
qual os circuitos integrados desenvolvidos por uma firma são em geral fabricados por outra.
85
3.2.8. Motivos que levam firmas fornecem mercadorias para o mercado externo
usando combinação de meios de entrada, na visão de Pyo (2010)
Pyo (2010) propõe-se a explicar por que as empresas fornecem mercadorias para
mercados estrangeiros utilizando uma combinação de dois modos de entrada, o investimento
estrangeiro direto (FDI) e exportação. Essencialmente, a análise envolve dois fatores, custos
de transação e economias de escala, cujos impactos são diferentes no modo de entrada
internacional. Os resultados empíricos da pesquisa demonstram que uma firma pode escolher
a exportação como modo de entrada, a fim de satisfazer o aumento de demanda a curto prazo.
Entretanto, a longo prazo, a empresa pode expandir sua capacidade de produção local por
meio de FDI. Do momento em que as empresas conseguem atingir economias de escala
minimamente satisfatórias é mais provável alcançar meios para aumentar a capacidade para
atender aumento de demanda local.
Com base em estudos anteriores de modos de entrada em mercados internacionais,
Pyo (2010) observa que os custos de transação esperados têm uma relação positiva com FDI e
uma relação negativa com exportação. Se custos de transação e economias de escala são
razões importantes pelas quais a empresa escolhe se implantar em determinado país, espera-se
que tais custos de transação e economias de escala continuem a serem fatores importantes
para atender a produção e a exportação de produtos. Como metodologia, Pyo (2010) analisa a
produção de automóveis de passeio no período de 1995 a 2004, para avaliar a relação entre
custos de transação e economias de escala na produção externa. Constituem variáveis
dependentes do estudo a alocação entre FDI e exportação e variáveis independentes os custos
de transação e economias de escala. As variáveis de controle são o tamanho do mercado do
país-anfitrião (host country) e a diferença de custo de produção entre os países.
Na análise dos resultados, Pyo (2010) afirma que os custos de transação e as
economias de escala apresentam influência estatística significativa na produção estrangeira
para exportação. Entretanto, os resultados revelaram que os custos de transação têm impacto
negativo nas proporções de produção estrangeiras, contrariando uma das hipóteses formuladas
para o estudo. Isto se revela no coeficiente de efeitos fixos em situações em que as empresas
alteram os modos de entrada de exportação para FDI. As empresas não conseguem expandir a
sua capacidade de produção para o exterior em um curto período de tempo, especialmente
86
quando precisam ampliar significativamente os investimentos a fim de aumentar tal
capacidade. Neste caso, a empresa pode escolher a exportação como modo de entrada a fim de
satisfazer interesses locais a curto prazo, mesmo com diminuição da produção com fins a
exportação. A longo prazo, a empresa amplia a capacidade de produção, resultando em um
aumento de produção no exterior.
3.2.9. O impacto da distância agregada e diversidade cultural existente nos
padrões de expansão internacional na visão de Hutzschenreuter et al. (2011)
Segundo Hutzschenreuter et al. (2011), pesquisas sobre estratégias internacionais
identificaram uma variedade de padrões de expansão de empresas multinacionais
(multinational enterprises – MNE). Algumas MNEs parecem expandir internacionalmente na
mesma proporção, ao passo que outras têm expansão rápida em um determinado período e
tendem a apresentar um crescimento mais lento, sendo este caso um padrão nos moldes da
teoria de Penrose (1959). Hutzschenreuter et al. (2011) observaram dois determinantes para
esses padrões divergentes. Em um primeiro momento, alegam que os níveis elevados de
distância cultural durante um período podem afetar negativamente a expansão internacional
em função de custos com ajustes dinâmicos. Depois, sugerem que o gerenciamento de uma
rede de subsidiárias operantes em contextos locais, com alta diversidade, aumenta a
complexidade da governança interna e em relação ao ambiente.
Em relação ao significado da perspectiva de abordagem de Penrose para analisar a
expansão internacional, Hutzchenreuter et al. (2011) defendem que Penrose (1959) propõe
que a experiência de gerenciamento de uma firma determina em grande parte os serviços que
possam derivar dos recursos da firma. No contexto de uma entrada no exterior, os gestores
devem fornecer serviços de empreendimento que permitam combinar a base de recursos da
MNE com recursos do ambiente-anfitrião. Além disso, as MNEs com contextos locais
diversificados devem ter serviços disponíveis para lidar com complexidades de diferentes
tipos. O desafio reside em construir expertise gerencial de modo a sustentar arranjos e
rearranjos de coordenação em contextos múltiplos. O ponto crítico está no uso de serviços
empreendedores dos gestores existentes para sustentar o processo de expansão internacional
87
ao mesmo tempo em que se reduzem os serviços para outros propósitos, inclusive a absorção
de talento gerencial da firma para prover crescimento doméstico.
Penrose (1959) afirma que é possível obter diversificação diretamente relacionada a
áreas existentes de operação de maneira rápida pela simples réplica da base atual de
conhecimento da firma. Em outras palavras, um fornecimento eficaz dos recursos gerenciais e
serviços atrelados podem dar suporte a situações de diversificação. Por outro lado, tanto a
diversificação de produtos não relacionados quanto diversificação geográfica aumentam a
necessidade de recursos gerenciais e também limita os serviços essenciais que possam derivar
de tais recursos, em virtude do fato de a alocação lucrativa depender de arranjos prévios com
complementação de recursos locais. Fornecer serviços em uma variedade de contextos locais
é semelhante a oferecer serviços em muitos segmentos da indústria no contexto de
diversificação de produtos, no sentido de que a base de conhecimento em que a firma
estabelece a combinação de recursos pode se exaurir rapidamente. Dispor de operações em
mercados com alta variedade de distância pode implicar maior complexidade organizacional
interna. Isto quer dizer que não há apenas a exigência de alterações no padrão das práticas,
mas também recorrer a custos com ajustes dinâmicos nos vários contextos locais, pois a
necessidade se torna algo interno.
Assim, na esfera de expansão internacional, questões relativas ao tempo e escopo
ficam fortemente interligadas; na medida em que as MNEs se engajam e conseguem
promover rápida diversificação geográfica em contextos com alto nível de distância durante
um período, o chamado “efeito Penrose” parece ser maior no período seguinte. O efeito
Penrose não deveria ser interpretado como algo relacionado à ineficácia ou insuficiência de
um programa de expansão internacional e, sim, como um resultado previsível das distâncias
elevadas, uma vez que os recursos gerenciais tornam-se críticos para arranjos no exterior e
esgotam-se em pouco tempo também.
Após a exposição dos argumentos que levam Hutzchenreuter et al. (2011) a se
inspirarem no modelo proposto por Penrose (1959), expõem-se as seguintes hipóteses de
pesquisa:
H1: Quanto mais elevada for a distância cultural associada à expansão internacional de uma
MNE, em um primeiro momento, haverá redução da taxa de expansão internacional no
período subsequente;
88
H2: Quanto mais elevada for a rede de diversidade cultural existente de empresas subsidiárias
multinacionais, haverá, na sequência, redução da taxa de expansão internacional.
Em termos de metodologia, as hipóteses formuladas por Hutzchenreuter et al. (2011)
foram testadas na base longitudinal de dados do percurso de expansão de MNEs de origem
alemã. A atividade de expansão internacional de MNEs alemãs é considerável. Analisaram-se
dados de 91 empresas alemãs no período de 1985 a 2004. Entretanto, os períodos de tempo
variam entre as firmas (mínimo de cinco anos e máximo de 25 anos), o que caracteriza uma
amostra com irregularidades na proporção. Para as 91 empresas constantes, os dados
apresentam informações completas de cada MNE, tais como, portfolio anual de subsidiárias e
alterações no portfolio dentro de um mesmo período de tempo.
Quanto à determinação de variáveis dependentes e independentes de pesquisa, as
hipóteses referem-se ao impacto das características da expansão internacional de uma MNE
(distância cultural agregada) assim como características da rede interna (diversidade cultural
existente) em um primeiro momento, havendo proporcionalmente uma movimentação discreta
de investimentos no período subsequente. Hutzchenreuter et al. (2011) estabelecem como
variável dependente a proporção da expansão internacional no segundo período. Já as
variáveis independentes são a distância cultural agregada e a diversidade cultural existente.
Para medir essas variáveis, Hutzchenreuter et al. (2011) basearam-se na fórmula proposta por
Kogut e Singh (1988). De acordo com esta fórmula, a distância entre dois países pode ser
computada como a média das distâncias entre os países para cada dimensão cultural relevante
enquanto se controla a variância em cada dimensão. Este procedimento pressupõe uma
quantificação de dimensões culturais.
Na análise dos resultados, Hutzchenreuter et al. (2011) afirmam que a expansão
internacional é um processo intenso no uso de recursos e tempo. Os resultados da pesquisa
sugerem que as MNEs sofreram mais com distância cultural agregada em um período e uma
redução na expansão internacional no período seguinte. Tais resultados se equiparam aos de
pesquisas anteriores como os de Orser et al. (2000). Também a diversidade cultural
caracteriza que o portfolio de contextos locais em que uma MNE opera tem efeito negativo na
sua expansão subsequente.
89
4. ANÁLISE
Conforme descrito anteriormente, na consulta às bases de dados ISI Web of Science e
UMI-ProQuest obteve-se o acesso aos artigos selecionados para esta dissertação. Uma vez
que esta pesquisa toma como referência o artigo de Brouthers (2002, optou-se pela escolha de
artigos relacionados a custos de transação e a influência de aspectos institucionais e culturais
no modo de entrada em negócios internacionais no período de 2002 a 2012, a fim de
investigar a intensidade da pesquisa referente a esses assuntos e se diferentes autores
apresentaram estudos semelhantes ao de Brouthers (2002). Inicialmente, 86 artigos foram
selecionados; destes, 30 foram considerados válidos para a realização de uma análise de
conteúdo com vistas futuras à elaboração de meta-análise. Os demais artigos foram
desprezados por não estarem estruturados em abordagens quantitativas.
Após a leitura de todos os artigos, observa-se um dilema para a realização da metaanálise. O primeiro problema observado é a diversificação dos estudos realizados, isto é, não
apenas na escolha dos métodos estatísticos, mas também na definição das variáveis. De
acordo com Borenstein et al. (2009), o objetivo da meta-análise é ampliar a base de estudos
de algum modo, expandindo a questão, analisando-se o padrão das respostas. A habilidade de
combinar dados de diferentes estudos para estabelecer o efeito comum é uma função
importante da meta-análise. Também a especificidade das hipóteses dos estudos dificulta a
realização de uma análise comparativa. Todo este processo torna mais complexa avaliar os
procedimentos para codificação dos estudos e organizar os dados de modo que se adequem à
meta-análise. Conforme Wilson (COOPER et al., 2009, p. 159-176), ao apresentar a
codificação sistemática, afirma que um protocolo bem desenhado descreve as características
dos estudos e será capaz de captar as descobertas pertinentes para a comparação na metaanálise. A codificação desses estudos é um desafio para o pesquisador e requer a adoção de
critérios apropriados. Na definição dos critérios é importante destacar que as perguntas de
pesquisa devem apontar para uma relação empírica específica com as descobertas. Isto quer
dizer que há uma relação entre as descobertas dos estudos incluídos na meta-análise. Além
disso, especificar as características definidoras dos estudos escolhidos pressupõe especificar
tanto a natureza de uma variável independente quanto de uma ou mais variáveis. O nível de
detalhamento necessário varia conforme a meta-análise.
90
O quadro 4 apresenta, em ordem alfabética por autor, a síntese dos 30 artigos
selecionados quanto a tamanho da amostra, modelos estatísticos utilizados, variáveis
escolhidas e resultados da pesquisa. A disposição das informações dos artigos nesse formato
possibilita a visualização no conjunto dos modelos estatísticos e das variáveis presentes, para
encontrar dados comuns ou próximos que venham a ser retomados com vistas futuras a
trabalhos de análise sistemática.
AMOSTRA
149 exportadores da Turquia
1164 corporações
1804 FDIs (nível 1) de 271
firmas (nível 2) com 1252 FDI
em IJV e 552 WOS.
940 subsidiárias japonesas de
indústria de eletrônicos
AUTOR
ALTINTAS et al. (2010)
ANDERSEN (2011)
ARREGLE et al. (2006)
BELDERBOS (2006)
Estatística descritiva e variáveis
dependentes
Matriz de correlação
Método multinível não-linear de
Bernoulli
Estatística Descritiva
Regressão Logística
Matriz de Correlação
Regressão em dois estágios de
mínimos quadrados
Estatística descritiva e análise
de correlação
Modelos Estatísticos
Intercorrelação de constructos
Quadro 4 - Síntese da amostra, metodologia e resultados dos artigos selecionados
Características da matriz
Características da subsidiária
Características do país
Custos de transação, teoria
institucional e aprendizado das
organizações.
Estudo estruturado em variáveis
de Nível 1 e de Nível 2
Variáveis
Confiança
Organização
Grau de Internacionalização
Institucionalização
Risco de performance
Risco de diminuição
Potencial de elevação
Tamanho organizacional
Reservas de capital
Multinacionalidade
Inovação
Principais Achados
Internacionalização pode
contribuir para
institucionalização do setor
industrial doméstico.
A rede de corporações
multinacionais que operam em
diferentes ambientes nacionais
pode proporcionar às
corporações flexibilidades no
rearranjo de atividades e
utilização de conhecimento
diverso no desenvolvimento de
oportunidades globais.
Resultados têm muitas
implicações para pesquisa em
negócios internacionais e o
método de Bernoulli e os dados
de FDI revelam as vantagens do
método.
Os resultados demonstram que
há evidências de que o modo de
entrada afeta a capacidade das
subsidiárias em se ajustar a
mudanças ambientais no país.
Joint ventures se caracterizam
pelo nível mais reduzido de
flexibilidade operacional e se
ajustar a novas oportunidades
do mercado.
91
109 questionários
871 indústrias dos EUA
135 multinacionais de médio e
grande porte
Cont. Quadro 4
BENER e GLAISTER (2010)
BERRY et al. (2010)
BOUQUET et al. (2009)
Análise Fatorial
Estatística Descritiva
Regressão OLS
Método Euclidiano
Método Mahanobilis
Matriz de correlação
Estatística descritiva
Regressão Logística
Análise fatorial
Correlação de Spearman entre
determinantes de expectativas
de desempenho e mensuração
de desempenho
ANOVA entre os determinantes
de desempenho de JV e fatores
de desempenho
Performance de joint venture
internacional (IJV)
Controle de IJV pelas matrizes
Autonomia para gestão de IJV
Confiança entre as empresas de
IJV
Cultura Nacional e diferenças
de empresas de IJV
Cultura corporativa
Distância cultural
Distância política
Distância geográfica
Distância financeira
Distância administrativa
Distância de conhecimento
Verificação Global (Global
scanning)
Comunicação internacional
Discussões de Globalização
Atenção Internacional
Desempenho da MNE
Tamanho da MNE
Postura Estratégica Global
Diversificação
Atenção internacional tem três
componentes: verificação
(scanning), elemento de
comunicação e elemento de
discussão.
Atenção internacional tem
impacto no desempenho.
Ganhos de desempenho pela
atenção internacional resultam
das práticas dos executivos que
interagem com influências
cognitivas.
Resultados demonstram que a
distância pode afetar de maneira
diferenciada as decisões de FDI
da firma.
Resultados previsíveis positivos
na relação entre expectativas de
desempenho e controle
dominante IJV, autonomia
garantida para gestão de IJV e
confiança entre as firmas.
92
237 questionários
Questionários aplicados em 450
empresas gregas e 419 empresas
holandesas.
BROUTHERS e NAKOS
(2004)
213 questionários
BROUTHERS et al. (2003)
Cont. Quadro 4
BROUTHERS (2002)
Matriz de correlação
Regressão Logística
Regressão OLS
Matriz de correlação
Regressão OLS
Teste-T
Matriz de Correlação
Regressão Logística
Análise de Regressão
Desempenho
Modo de entrada
Especificidade de ativos
Incerteza econômica
Incerteza comportamental
Restrições Legais
Tipo de Indústria
Experiência
Tamanho da firma
TCT
Modo de entrada
Tamanho da firma
Controle interno
Especificidade de ativos
Incerteza ambiental
Nacionalidade
Percepção do ambiente legal
Tipo de indústria
Controle interno
Tamanho da Firma
Modo de entrada
Experiência internacional
Custos de Transação
Potencial do Mercado
Especificidade de ativos
Risco de investimento
Restrições Legais
Setor da Indústria
Resultados indicam a adoção de
TCT na decisão de modo de
entrada em SME internacionais.
SMEs que entram em mercados
com incerteza ambiental tendem
a preferir modos de entrada sem
investimentos diretos, a fim de
reduzir riscos.
Empresas holandesas preferem
modos sem investimento em
comparação a empresas gregas.
Resultados demonstram que
firmas que percebem custos
elevados de transação tendem a
optar por modo de escolha
próprio. Firmas que entram em
mercados com elevadas
restrições legais tendem a optar
por JV. Firmas que percebem
níveis elevados de risco de
investimento optam por JV.
Os resultados revelam que
empresas que optaram por um
modelo expandido de custos de
transação ficaram mais
satisfeitas com o desempenho
do que outras que não fizeram
esta opção.
93
25 empresas industriais
2451 entradas de 646 firmas
730 aquisições internacionais
(CBA)
Cont. Quadro 4
BUVIK e ANDERSEN(2002)
CHANG et al.(2012)
CHARI e CHANG (2009)
Análise de regressão
Estatística descritiva e
correlações
Análise de regressão de Tobit
Análise de regressão logística
Estatística descritiva e matriz de
correlação
Coeficiente de interação
Escala Likert de 1-7
Matriz de correlação
Análise de regressão
Análise discriminante
Modo de entrada
Distância cultural
Qualidade de governança
Intensidade da propaganda
Intensidade de P&D
Experiência
Número de funcionários
Intensidade de exportação
Indústria
Restrições legais
Firma local diferente da
indústria
Intensidade em pesquisa e
desenvolvimento da indústria
local
Distância cultural
Tamanho da firma local
Rigidez nos contratos
empregatícios
Risco-país
Nível de atividade de CBA no
país-anfitrião
Custos de transação
Especificidade de ativos
Coordenação vertical
Os resultados indicam que o
compartilhamento de capital nas
aquisições internacionais é uma
decisão complexa influenciada
por muitos fatores incluindo
custos de valoração devido a
assimetria de informações entre
firmas locais e estrangeiras,
problemas na integração de
gerentes locais em países com
distância cultural, custo de
separação de ativos desejados e
não desejados, custo de
comprometimento de recursos
em situações de incerteza.
Os achados indicam que o
padrão de desempenho de
governança varia de acordo com
os relacionamentos entre firmas
domésticas e internacionais.
Os resultados do estudo
apontam para a dúvida se níveis
elevados de distância cultural
estão associados pela escolha
por JV ou WOS. Também
apresenta a perspectiva da TCE
com a visão institucional.
94
101 Joint Ventures e 168
subsidiárias próprias
526 firmas
819 firmas
CHENG (2008)
CHIAO et al. (2010)
229 questionários
CHEN (2008)
Cont. Quadro 4
CHEN e MUJTABA (2007)
Análise de correlação
Regressão logística
Matriz de correlação
Regressão logística
Análise discriminante e
ANOVA
Estatística descritiva e matriz de
correlação
Testes de Robustez
Matriz de correlação
Coeficientes de correlação e
ANOVA teste-F
Correlações com funções
discriminantes
Ativos específicos da firma
Ativos complementares
Experiência internacional
Capacidade da firma em P&D
Especificidade de ativos
Experiência no exterior
Intervenção do governo
Capacidade de flexibilidade
Intensidade em P&D da matriz
Intensidade da indústria
Intensidade de propaganda da
Matriz
Conhecimento da indústria
Concentração da indústria
Especificidade de ativos
Tamanho da firma
Experiência internacional
Risco-país
Distância cultural
Potencial de mercado
Incerteza de demanda
Resultados demonstram que há
fortes evidências indicando que
matrizes japonesas selecionam
sistema de propriedade total
para evitar fazer aquisições nos
EUA, mas não usam
propriedade parcial para
influenciar na estratégia de
entrada.
Os resultados do estudo indicam
que a intervenção dos governos
e as barreiras entre os mercados
do país de origem e do país de
entrada podem ser a chave para
a escolha de um modo de
entrada baseado em
propriedade, uma vez que as
empresas ficam sensíveis à
intervenção de governos.
Resultados indicam que as
firmas com ativos específicos da
firma tendem a entrar em
mercados estrangeiros com
subsidiárias próprias. Firmas
com alta capacidade de P&D
com controle de propriedade
protegem melhor a propriedade
de tecnologia de competidores
locais.
Resultados demonstram que
fatores relacionados a um
modelo expandido de custos de
transação têm um papel
significativo na decisão do
modo de entrada.
95
DIKOVA e
WITTELOOSTUIJN (2007)
Cont. Quadro 4
DEMIRBAG (2010)
208 questionários aplicados
com gerentes de quatro
empresas holandesas
522 firmas turcas de FDI
Análise de Cluster
Matriz de correlação
Regressão Logística
Regressão logística binária
Matriz de correlação
Modo de entrada
Experiência em aquisição
Experiência em investimentos
Greenfield
Experiência internacional
Experiência regional
Concentração do mercado
anfitrião
Crescimento do mercado
anfitrião
Investimento
Subsidiária de produção
Incentivos de investimento
Intensidade da propaganda
Indústria de alta tecnologia
Indústria de baixa tecnologia
Intensidade tecnológica
Estratégia internacional
Avanço institucional
Restrições políticas
Conhecimento
Competitividade global
Densidade da subsidiária
Intensidade de P&D
Tamanho da subsidiária
Grupo de subsidiárias
Os resultados mostram que
determinantes específicos de
custos de transação e aspectos
institucionais influenciam a
dispersão geográfica das
subsidiárias estrangeiras
multinacionais turcas. O nível
de restrições políticas, o nível
de infraestrutura de
conhecimento, densidade da
subsidiária, intensidade da
indústria de P&D e tamanhão da
subsidiária tiveram impacto na
escolha de localização das
multinacionais turcas.
Os resultados da pesquisa
mostram que a experiência em
aquisição ou experiência em
investimentos greenfield tem
relacionamento positivo com a
tendência a realizar aquisição e
investimentos greenfield. Os
resultados para subsidiárias de
produção revelam
relacionamento positivo com a
tendência a realizar
investimentos greenfield.
Experiência regional tem
influência positiva na tendência
a entrada por modo
compartilhado, ao passo que
experiência internacional tende
a indicar opção por subsidiárias
próprias.
96
Análise dos dados de 91 MNEs
com atividade na Alemanha
Dados de doze das maiores
empresas de tecnologia em
comunicação, especificamente
1918 boletins de imprensa
publicados no período de 19992002
KUITTINEN et al. (2009)
287 respondentes de
subsidiárias
HUTZCHENREUTHER et al.
(2011)
Cont. Quadro 4
HARZING (2002)
Matriz de correlação
Regressão logística
Matriz de correlação
Regressão de Tobit
Análise de cluster
Matriz de correlação
Regressão logística
Aquisição versus Greenfield
Intensidade de P&D
Diversificação
Experiência internacional
Distância cultural
Estratégia
Controle
Presença de expatriados
Responsabilidade local
Expansão internacional
Distância cultural agregada
(Hofstede)
Distância cultural agregada
(GLOBE)
Diversidade de produto
Aquisições
Propriedade total
Lucratividade
Tamanho
Estrutura de capital
Finalidade em P&D
Indústria primária
Setor primário
Diferença de tamanho
Aliança prévia
Aliança bilateral
Aliança doméstica
Interdependência recíproca
Interdependência sequencial
Na análise dos resultados,
Hutzchenreuter et al. (2011)
afirmam que a expansão
internacional é um processo que
consome tempo e recursos. As
MNEs tiveram de enfrentar a
distância cultural agregada em
um determinado período e
reduziram a expansão
internacional no período
seguinte.
Resultados mostram que as
alianças formadas por finalidade
de P&D constituem
relativamente alianças de
investimento. Os ativos dos
parceiros na aliança são
semelhantes. De acordo com a
TCE quando a cooperação dos
parceiros é semelhantes, os
problemas de risco em contratos
diminuem e aí a governança
hierárquica não é necessária
Os resultados indicam que a
variável estratégia da MNC tem
influência na decisão de modo
de entrada. Aquisições são mais
realizadas por multidomésticas
e investimentos greenfield mais
realizados por empresas globais.
97
4803 CBAs de 18 países no
período de 1990-2006.
130 observações sobre
automóveis de passageiros de
unidades internacionais do setor
automobilístico no período de
dez anos (1995-2004)
PYO (2010)
332 entradas em mercados
internacionais feitas por 62
firmas com base de atuação nos
EUA
MALHORTA et al. (2009)
Cont. Quadro 4
LIANG et al. (2009)
Análise de regressão
Regressão OLS
Matriz de correlação
Análise de Regressão
Matriz de correlação
Regressão Logística
Análise combinatória não linear
Alocação entre FDI e
Exportação
Custos de Transação
Economias de escala
Tamanho do mercado e país
anfitrião
Competição doméstica nos
investimentos
Diferença de custos de produção
entre os países
Modo de investimento
Modo de controle total de
propriedade
Tamanho da firma
Desempenho da firma
Distância cultural
PIB do país anfitrião
Crescimento do país anfitrião
Experiência internacional
Crescimento em vendas
Estratégia de negócios
Número de CBAs
Distância cultural
Distância administrativa
Distância geográfica
Distância econômica
Potencial de Mercado
Resultados demonstram que
distância cultural ou geográfica
não são suficientes para explicar
o modo de entrada; é preciso
levar em consideração as
distâncias econômicas e
administrativas. A distância
entre as influências do país de
origem e do país-alvo interfere
no comportamento de aquisição
de firmas em países com
economias emergentes.
De acordo com os resultados
empíricos, os custos de
transação e economias de escala
têm influência estatística
significativa nos dados de
produção estrangeira para
exportação. Os resultados
também revelam, por outro
lado, que os custos de transação
têm impacto negativo nos dados
de produção estrangeira.
O estudo adota como base três
perspectivas (custos de
transação, capacidade
estratégica, cognição
estratégica) para defender que
as orientações de estratégias de
negócios influenciam as
escolhas no modo de entrada.
Os resultados confirmam estas
perspectivas.
98
RHEE (2008)
Cont. Quadro 4
QUER et al. (2007)
200 questionários enviados para
firmas coreanas com operações
de FDI no exterior
471 entradas de empresas
espanholas no período de 1999
a 2004
Matriz de correlação
Análise binomial
Regressão OLS
Matriz de correlação
Teste de multicolinearidade
Regressão logística
Modo de entrada
Desempenho financeiro
Desempenho não financeiro
Vantagens competitivas em
tecnologia
Redes sociais
Capacidade de absorção
indústria
Tamanho da firma
Idade da firma
Similaridade psíquica
Risco-país
Distância cultural
Nível de comprometimento
Tamanho da firma
Indústria
Os resultados mostram que a
variável relacionada ao risco do
país-alvo se torna
estatisticamente significativo e
apresenta um sinal negativo. Os
altos valores desta variável
indicam a existência de
restrições crescentes em que os
países envolvidos apresentam
níveis elevados de risco. No que
se refere à distância cultural,
também há estatística
significativa, com sinal positivo.
A distância cultural aumenta
para empresas espanholas em
países-alvo não situados na
Europa ou na América Latina.
Os resultados empíricos do
estudo revelam que a escolha do
modo de entrada pode ser
previsto pelas tradicionais
abordagens de teoria de custos
de transação. Entretanto, os
resultados também indicam que
há perspectivas adicionais que
auxiliam a prever novas
decisões do modo de entrada.
Rhee (2011) afirma que o
estudo contém limitações, um
avez que a amostra se restringe
a apenas entradas de empresas
coreanas. Para replicar o estudo
seria preciso adotar um contexto
diferente.
99
Amostra de 167 empresas com
diferentes tipos de modos de
entrada ou não
XU et al. (2011)
Fonte: Elaboração própria (2013)
4229 empresas alemãs com
atividade internacional
Dados de pesquisas sobre 133
aquisições realizadas por
empresas finlandesas, as quais
foram enviadas por e-mail nos
períodos 1993-1996, 19972000, 2001-2004
SCHWENS e KABST (2009)
Cont. Quadro 4
SARALA e VAARA (2010)
Regressão logística
Estatística descritiva
Matriz de correlação
Regressão logística
Regressão linear
Análise fatorial
Matriz de correlação
Análise de regressão
Especificidade de ativos
Experiência internacional prévia
Redes de contatos
internacionais
Tamanho da firma
Empresas familiares
Motivo de acesso ao mercado
internacional
Motivo de acesso ao know-how
Vendas
Indústria
Risco-país
Distância cultural
Transferência de conhecimento
Tamanho
Indústria
Lapso de tempo
Esforço de integração
operacional
Autonomia
Diferenças culturais nacionais
Diferenças culturais
organizacionais
Convergência cultural
organizacional
SARALA e VAARA (2010)
afirmam que há ainda
dificuldade em se compreender
o papel das diferenças culturais
e das variáveis de integração
cultural na transferência de
conhecimento nas aquisições
internacionais. Nos achados da
pesquisa as aquisições
internacionais de empresas de
países culturalmente distantes
não necessariamente tiveram
implicações negativas, mas
houve resultados positivos em
termos de aumento na
transferência de conhecimento.
Resultados indicam uma
associação negativa entre
especificidade de ativos e
internacionalização recente,
porque a entrada recente em
mercados internacionais pode
expor a firma a certos desafios
devido aos seus recursos
limitados.
Resultados revelam que riscopaís e distância cultural têm
impacto na decisão de modo de
entrada. Com aumento do riscopaís, as empresas preferem
modos de entrada não baseados
em propriedade.
100
101
A nuvem de palavras, apresentada na figura 4 com os dados da coluna “modelos
estatísticos” do Quadro 4, apresenta integralmente a frequência com a qual esses modelos são
descritos, sendo as expressões com maior destaque, aquelas com maior incidência de uso nos
artigos selecionados.
Figura 4 - Nuvem de palavras com frequência dos modelos estatísticos
Fonte: Elaboração Própria (2013)
Em relação à incidência dos modelos estatísticos, a tabela 11 contém a frequência dos
modelos estatísticos, apresentada em ordem decrescente de número de ocorrências nos
artigos, o que na nuvem de palavras da figura 4 corresponde às palavras expostas com maior
tamanho e destaque:
Tabela 11 - Modelos Estatísticos e número de ocorrências nos artigos
Modelos Estatísticos
Número de ocorrências nos artigos
Matriz de Correlação
20
Regressão Logística
13
Estatística Descritiva
9
Análise de Regressão
5
Regressão OLS
5
Análise Fatorial
3
ANOVA
3
Fonte: Elaboração própria (2013)
102
A figura 5 refere-se à nuvem de palavras resultante da coluna “Variáveis” do quadro 4
e contém a frequência com a qual essas variáveis são descritas.
Figura 5 - Nuvem de palavras das variáveis dos artigos selecionados
Fonte: Elaboração Própria (2013)
A partir da disposição das palavras da figura 5, com expressões com maior
visibilidade e realce, observa-se na tabela 12 a visualização da frequência das variáveis
predominantes na seleção de artigos para esta dissertação, com suas ocorrências apresentadas
em ordem decrescente.
Tabela 12 - Variáveis e número de ocorrências nos artigos
Variáveis
Número de ocorrências nos artigos
Distância Cultural
10
Especificidade de Ativos
7
Tamanho da Firma
7
Modo de Entrada
6
Experiência internacional
6
Experiência
4
Risco-País
4
Fonte: Elaboração própria (2013)
103
A fim de viabilizar a comparação dos estudos, é preciso agrupar variáveis e modelos
comuns presentes nos artigos para se estabelecer parâmetros para a realização de meta-análise.
No caso dos artigos selecionados para esta dissertação, nota-se que há o uso frequente de
matriz de correlação. Entretanto, conforme já mencionado anteriormente, os estudos se
diferem no tamanho da amostra e nos procedimentos para sua realização. Nesse sentido, uma
nova seleção se faz necessária, dada a diversidade de modelos estatísticos utilizados e maior
quantidade de variáveis em muitos dos artigos. Dos 30 artigos, 21 deles foram escolhidos por
terem, como modelo estatístico predominante, a matriz de correlação e variáveis comuns.
Em geral, as matrizes de correlação dos artigos selecionados apresentam ora a
correlação de Pearson, Kendall e Spearman (CHOK, 2008). Correlação é uma análise
bivariada que mede a força de associação entre duas variáveis. Em estatística, o valor do
coeficiente de correlação varia entre +1 e -1. Quando o valor do coeficiente de correlação
chega em torno de 0, a relação entre as duas variáveis será mais fraca. A correlação de
Pearson é usada em estatística para mostrar a relação linear entre variáveis. A correlação de
Kendall é um teste não paramétrico em que não ocorrem os pressupostos das distribuições
como ocorre na correlação de Pearson. A correlação de Spearman, por sua vez, é um teste não
paramétrico utilizado para medir o grau de associação entre duas variáveis. O rank de
Spearman não assume quaisquer dos pressupostos de distribuição.
O quadro 5 contém a seleção dos 21 artigos apresentando as variáveis “candidatas”
para estudos futuros, isto é, escolheram-se variáveis comuns a todos eles e descartaram-se
aquelas que eram restritas a alguns dos textos apenas. Em todos esses artigos há matriz de
correlação como modelo estatístico. Para fins de meta-análise, pensa-se em se concentrar nos
dados das matrizes de correlação e respectivas variáveis comuns para se estabelecer a
comparação dos resultados das pesquisas dos estudos.
Quadro 5 - Seleção de artigos a partir das variáveis e modelos estatísticos para estudos futuros
AUTOR(ES)
VARIÁVEIS “CANDIDATAS” PARA ESTUDOS FUTUROS
ALTINTAS et al. (2010)
Institucionalização
Grau de internacionalização
Confiança
ANDERSEN (2011)
Risco de desempenho
Multinacionalidade
Tamanho da organização
BERRY et al. (2010)
Modo de entrada
Distância cultural
Distância econômica
Distância financeira
Distância política
Distância administrativa
Distância demográfica
Distância de conhecimento
Experiência internacional
Distância Política
BROUTHERS (2002)
Tamanho da firma
Experiência internacional
Teoria de Custos de Transação
Especificidade de ativos
Risco de investimentos
Restrições Legais
BROUTHERS et al. (2003)
Modo de entrada
Desempenho
Incerteza econômica
Tamanho da firma
Restrições legais
Incerteza comportamental
Incerteza ambiental
Experiência internacional
BROUTHERS e NAKOS (2004)
Modo de entrada
Especificidade de ativos
Tamanho da firma
Incerteza em relação ao ambiente
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
MODELO ESTATÍSTICO
104
KUITTINEN et al. (2009)
HUTZCHENREUTER et al. (2011)
HARZING (2002)
DIKOVA e WITTELOOSTUIJN (2007)
CHIAO et al. (2008)
CHENG (2008)
CHEN e MUJTABA (2007)
CHARI e CHANG (2009)
CHANG et al. (2012)
Cont. Quadro 5
BUVIK e ANDERSEN (2002)
Custos de Transação
Especificidade de ativos
Internacionalização
Modo de entrada
Distância Cultural
Alta Qualidade de Governança
Baixa qualidade de governança
Experiência internacional
Experiência Local
Experiência internacional
Distância Cultural
Risco-país
Especificidade de ativos
Experiência internacional
Restrições Governamentais
Risco-país
Distância Cultural
Modo de entrada
Alta intervenção do governo
Modo de entrada
Especificidade de ativos
Ativos complementares
Experiência internacional
Modo de entrada
Experiência na aquisição
Experiência em Greenfield
Experiência internacional
Relação entre investimentos
Avanço Institucional
Experiência internacional
Distância Cultural
Distância Cultural agregada
Diversidade Cultural Expandida
Aliança de investimentos
Aliança prévia
Aliança doméstica
Aliança bilateral
Matriz de Correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
Matriz de correlação
105
Fonte: Elaboração própria (2013)
SCHWENS e KABST (2009)
SARALA e VAARA (2010)
RHEE (2008)
MALHORTA et al. (2009)
Cont. Quadro 5
LIANG et al. (2009)
Modo de Investimento
Modo de Propriedade Total
Distância Cultural
Desempenho
Experiência internacional
Distância cultural
Distância administrativa
Distância geográfica
Distância Econômica
Modo de entrada
Performance financeira
Performance não-financeira
Tamanho da firma
Diferenças culturais nacionais
Diferenças culturais organizacionais
Transferência de conhecimento
Especificidade de ativos
Experiência internacional anterior
Tamanho da firma
Matriz de Correlação
Matriz de Correlação
Matriz de Correlação
Matriz de Correlação
Matriz de Correlação
106
107
A nuvem de palavras, apresentada na figura 6, contendo os dados da coluna
“variáveis ‘candidatas’ para estudos futuros ” do Quadro 5, apresenta a frequência com a qual
esses modelos são descritos, sendo as expressões com maior destaque, aquelas com maior
incidência de uso nos estudos analisados para esta dissertação.
Figura 6 - Nuvem de palavras das Variáveis “candidatas” para estudos futuros
Fonte: Elaboração Própria (2013)
O destaque das palavras da figura 6 corresponde à maior incidência das variáveis
“candidatas” para estudos futuros, dispostas em ordem decrescente, conforme se observa na
tabela 13:
Tabela 13 - Variáveis “candidatas” para estudos futuros e número de ocorrências nos artigos
Variáveis “candidatas” para estudos futuros
Experiência Internacional
Modo de Entrada
Distância Cultural
Especificidade de Ativos
Tamanho da Firma
Número de Ocorrências
8
8
7
5
4
Fonte: Elaboração própria (2013)
A partir dos dados desta proposta de arranjo para a elaboração de um estudo metaanalítico, é necessário eliminar variáveis que não sejam comuns e se concentrar naquelas
relacionadas à proposta da pesquisa, no caso, dados que efetivamente contribuam para
averiguar aspectos institucionais, culturais ou de custos de transação na decisão de modo de
entrada. Além disso, procedimentos complementares se fazem necessários para a preparação
deste processo; resgatar nos artigos selecionados os resultados gerados e como estes se
108
articulam com a pesquisa que se pretende conduzir. Com esse intuito, tomam-se por
referência eixos temáticos em que se podem incluir grupos de artigos e estabelecer caminhos
complementares para a pesquisa. Neste sentido, apresenta-se a seguir alguns desses caminhos
complementares, discutindo-se inicialmente a teoria de custos de transação associada a outros
fatores, a institucionalização associada à confiança e a relação entre distância cultural e
modos de entrada por subsidiárias de propriedade total (WOS) ou por joint venture (JV).
4.1. Teoria de custos de transação associada a outros fatores
O estudo de Chen e Mujtava (2007) toma como ponto de partida a TCT para investigar
a decisão de modo de entrada a partir de um conjunto de fatores, como: fatores específicos da
firma, fatores específicos do país, fatores específicos de mercado e variáveis relacionadas
como:
especificidade
de
ativos,
experiência
internacional,
risco-país,
restrições
governamentais, distância cultural, potencial de mercado e incerteza de demanda. O resultado
do teste das hipóteses mostra forte correlação entre as variáveis independentes. No uso de
correlação não paramétrica de Spearman e ANOVA buscou-se comparar os resultados
significativos de variáveis independentes entre os graus de controle de agrupamento no modo
de entrada. Depois, análise discriminante múltipla foi utilizada para determinar como as
variáveis independentes podiam discriminar entre baixo, médio e alto grau de controle no
modo de entrada. Os coeficientes de correlação e os resultados de função da ANOVA foram
significativos (p<0,001). Observa-se aqui a adoção da TCT já na perspectiva de uma proposta
ampliada, associada a outros fatores como especificidade de ativos, distância cultural,
restrições governamentais, o que corresponde à perspectiva de Brouthers (2002) discutida no
capítulo 4 desta dissertação.
4.2. Institucionalização associada à confiança e decisão de modo de entrada
por subsidiárias próprias (WOS) ou joint venture (JV)
Altintas et al. (2009) investigaram o efeito moderador da internacionalização no
relacionamento entre forças do mercado e institucionalização. O estudo foi conduzido com
149 exportadores turcos. Duas hipóteses foram formuladas e confirmadas: conforme previsto,
as forças do mercado (confiança e organização) tiveram efeito estatístico significativo na
109
institucionalização. A internacionalização somente afeta a institucionalização quando efeitos
de interação são levados em conta. O estudo reforça a relação entre confiança na perspectiva
interna do setor doméstico industrial, por um lado, e de outro a organização de um setor
industrial doméstico e de outro a institucionalização do mercado. Isto significa que havendo a
confiança entre as firmas, a institucionalização de um setor doméstico é mais eficaz.
Berry et al. (2010) propuseram-se a realizar uma abordagem envolvendo a
conceitualização e análise da influência da distância transnacional. Com base em teorias
institucionais de autores como Jackson e Degg (2008) e Pajunen (2008), Berry et al. (2010)
identificaram nove dimensões de distância: econômica, financeira, política, administrativa,
cultural, demográfica, de conhecimento, de conectividade e geográfica. Além disso, Berry et
al. (2010) desenvolveram indicadores empíricos para cada dimensão de distância. A diferença
entre as dimensões de distância, entre elas a cultural, política, administrativa e geográfica
indica como a distância pode afetar diretamente a decisão de investimentos da firma no
exterior. Berry et al. (2010) afirmam que a distância transnacional afeta decisões pelos
governos ao estabelecer tipos diferentes de relacionamentos econômicos, financeiros ou
políticos nos países. Também pode acarretar conflitos potenciais em termos de distância
transnacional no decorrer do tempo. Na comparação da proposta de Berry et al. (2010) com o
estudo de Altintas et al. (2009), já se constata uma ampliação da ideia de institucionalização:
no primeiro caso, a institucionalização na relação com dimensões diversificadas de distância;
no segundo caso, o impacto da confiança entre as firmas.
Brouthers (2002), no que tange à institucionalização, afirma com base nos resultados
obtidos no uso de regressão logística, que firmas que entram em mercados com muita
restrição legal, tendem a adotar modos de entrada por joint venture. Especificamente, em
relação a joint ventures, cabe resgatar os resultados obtidos nos estudos de Bener e Glaister
(2010) que também chegam a confirmar o papel da confiança entre firmas para atender suas
expectativas de desempenho. Pela utilização análise de correlação de Spearman entre
determinantes de desempenho associado a joint ventures e medidas de desempenho, há
correlações positivas do controle de JV da matriz e o atendimento às suas expectativas de
desempenho. Este controle dominante da matriz é correlacionado de maneira significativa
com fatores de lucratividade e eficiência (p<0,01). Também há um efeito significativo do
nível de confiança (p<0,01) entre firmas parceiras com vistas à lucratividade e eficiência no
110
desempenho. Quanto maior o nível de confiança entre as firmas parceiras, maior a expectativa
quanto aos fatores associados à lucratividade e eficiência no desempenho.
4.3. Distância cultural e modos de entrada por subsidiárias próprias (WOS) ou
por Joint Venture (JV)
Chang et al. (2012) sustentam que diferenças fundamentais nas normas e valores entre
país de origem da multinacional e país anfitrião frequentemente geral dificuldades
operacionais e aumento dos esforços necessários para a entrada em um país estrangeiro. Neste
estudo há a proposta de se explicar o paradoxo no efeito da qualidade de governança do país
anfitrião, isto é, quais instituições públicas e políticas são criadas pelos governos como base
estrutural para relações econômicas, legais e sociais. Para chegar ao resultado das influências
de diferentes fatores na decisão de modo de entrada, Chang et al. (2012) mostram pelo
resultado que o coeficiente da variável de distância cultural é de 0,45 (p<0,001), indicando a
influência positiva no modo de entrada (preferência por WOS). Em relação à qualidade de
governança, o estudo indica o efeito contingencial de qualidade de confiança e o coeficiente
da interação entre qualidade de governança elevada e distância cultural é de 0,76 (levando à
preferência por JV). Isto mostra o efeito de qualidade de governança elevada na distância
cultural, isto é, ao entrar em países culturalmente distantes em que a qualidade de governança
é boa, as MNEs tendem a optar por JVs como modo de entrada. De maneira equivalente,
quando há a interação entre baixa qualidade de governança e distância cultural (0,79), há a
propensão em escolher WOSs como decisão de modo de entrada.
111
5. CONCLUSÃO
Shaver (2013) proporciona uma discussão acerca da necessidade ou não de se
realizarem mais estudos sobre modo de entrada. Em função das características específicas de
seus argumentos sobre a avaliação geral da intensificação de produção científica sobre modos
de entrada, opta-se aqui por retomar parte do debate proposto por Shaver (2013), para então se
estabelecer a relação com as observações inerentes a esta dissertação de mestrado.
Shaver (2013) inicia o artigo afirmando que questões de modo de entrada são
consideradas centrais para estudiosos da área de negócios internacionais; tal interesse tem
fundamento, uma vez que o foco da área de negócios internacionais tem sido o estudo de
empresas que realizam operações em mais de um país. Além da importância de se
compreender o modo de entrada, investigar as diferenças entre os modos de entrada também
se faz pertinente conforme já sinalizado por Anderson e Gatignon (1986); Hennart (2009);
Martin e Salomon (2003), além do próprio artigo de Brouthers (2002). Entretanto, a produção
geral de pesquisa neste campo, ao mesmo tempo em que houve progressos, tem avançado
poucos passos em termos de transformações, em vez de oferecer contribuições efetivamente
substanciais para a área. Em virtude de tais problemas, Shaver (2013) oferece um conjunto de
recomendações para que os estudos sobre modo de entrada sejam estruturados de uma melhor
maneira.
Uma das críticas de Shaver (2013) refere-se à tendência de pesquisas que
maximizem de forma desproporcional explicações para a decisão de modo de entrada, ao que
ele ironicamente denomina de “entrar no jogo do R2” (SHAVER, 2013, p. 24). Embora
Shaver (2013) reconheça a importância em se tentar aumentar o poder das explicações, há
riscos envolvidos; o primeiro é o fato de se tratar de fenômenos complexos em que há
centenas de fatores que afetam os resultados. Nesse sentido insistir no R2 torna-se uma tarefa
infindável, porque sempre haverá algo faltando nas explicações. Além disso, na busca por
fatores adicionais, deixa-se de questionar aquilo que verdadeiramente se sabe, a partir da
escolha de novos relacionamentos em que se passa a acreditar.
112
Outro problema levantado por Shaver (2013) diz respeito à precisão conceitual em
assuntos como decisão de modo de entrada: tenta-se descrever o que efetivamente as
empresas fazem, ou tenta-se descrever o que as empresas deveriam fazer para ter sucesso? No
que concerne à habilidade em se fazer previsões, Shaver (2013) cita Masten (1993), o qual
afirma que uma teoria faz um bom trabalho em prever um comportamento, como, por
exemplo, a escolha específica de um modo de entrada, mas “revela pouco do custo em falhar
na escolha do correto arranjo organizacional e pode se constituir em um guia fraco se uma
teoria em particular parece oferecer “receitas” para as decisões de negócios.” (MASTEN,
1993, p. 119). Neste ponto, Shaver (2013) destaca que um dos grandes problemas é deixar-se
levar por interpretações mal conduzidas ou por acreditar que as ferramentas estatísticas, mais
do que o entendimento conceitual, sejam as soluções para tudo.
Shaver (2013) ressalta que muitas das decisões de modo de entrada são
interdependentes. Os fatores que afetam tais decisões são manifestações de capacidades
internas e externas do ambiente. A interdependência do modo de entrada pode fornecer uma
explicação por que determinadas teorias atuais têm limites em seu poder de explanação,
especialmente porque grande parte dos artigos apoia-se em efeitos estatísticos significativos.
Uma vez que os modos de entrada são interdependentes, de acordo com Shaver (2013) seria
recomendável esperar achados de pesquisa significativos não necessariamente estatísticos e
com tamanhos de efeito menores.
Estabelecendo-se comparação das inquietações de Shaver (2013) referentes à intensa
produção acadêmica voltada às escolhas do modo de entrada e os problemas de interpretação
ou de análise envolvidos com a visão apresentada dos artigos nesta dissertação, chega-se às
seguintes sinalizações:
1. Os artigos estruturados em meta-análise referentes à área de negócios
internacionais não apresentam uma posição efetivamente conclusiva sobre qual
fator efetivamente predomina na decisão de modo de entrada;
2. Artigos como o de Rhee (2008), embora constatem a decisão de modo de entrada
por teoria de custos de transação, declaram que permanece uma dúvida, uma vez
que a amostra é pequena e se restringe a um pequeno número de empresas;
3. Artigos resultantes de amostra expressiva e sofisticação nos modelos estatísticos,
embora consigam provar as hipóteses do estudo de maneira adequada, também não
113
conseguem definir e estabelecer modelos generalizantes de padrões de escolha do
modo de entrada, o que indica que se trata de um processo complexo, com
incertezas quanto aos riscos envolvidos, grau de confiança entre as partes,
conhecimento compartilhado, distância cultural entre país de origem e país
anfitrião.
Daí talvez o surgimento de uma dúvida quanto à dificuldade em se determinar se a
escolha do modo de entrada se faz pelo predomínio de fatores relativos à teoria de custos de
transação, aspectos institucionais ou referentes à cultura. Pode ser um arranjo entre esses
fatores, como na visão de Brouthers (2002), do predomínio de uma dessas tendências em
outros tipos de combinações, ou ainda uma relação entre nível de confiança e escolha do
modo de entrada e aí, no cerne da confiança, variabilidade na crença em relação aos riscos de
investimento, articulações de modo de propriedade compartilhado, falta de sintonia em
virtude de padrões culturais, instabilidade em relação à postura dos governos. Pelo
desenvolvimento desta análise de conteúdo com vistas à elaboração futura de revisão
sistemática, vislumbra-se um conjunto de opções de frentes de pesquisa, a partir do binômio
confiança e escolha do modo de entrada.
5.1. Limitações da pesquisa
Uma das limitações da pesquisa é a vasta diversificação dos artigos quanto à escolha
de variáveis dependentes, discrepâncias no tamanho da amostra – há estudos com amostra
reduzida, outros com amostra muito grande – e adoção de grande diversificação nos modelos
estatísticos adotados para comprovação das hipóteses dos estudos. Conforme mencionado
anteriormente, 86 artigos foram escolhidos referentes a assuntos relacionados a aspectos
institucionais ou culturais ou relativos à teoria de custos de transação na decisão de modo de
entrada. Destes, 30 foram selecionados por apresentarem abordagem quantitativa. Dentre
estes, 21 contêm matrizes de correlação como modelo estatístico adotado. Havendo esta
redução significativa no número de artigos selecionados com vistas à preparação da base para
um estudo futuro de meta-análise, os resultados comparados podem indicar o que há de
comum em uma amostra reduzida, sendo difícil transpor para modelos teóricos mais amplos e
de maior abrangência.
114
Acrescente-se também o fato de que há poucos estudos meta-analíticos na área de
negócios internacionais, principalmente relacionados ao escopo do estudo desta dissertação.
Ainda assim, os artigos meta-analíticos sobre teoria de custos de transação, decisão de modo
de entrada, influências culturais, embora tenham contribuído significativamente para a
exemplificação da metodologia de meta-análise para a discussão de tais assuntos, também
apresentam as limitações deste tipo de estudo.
Além disso, observa-se que a realização de meta-análise não conta apenas com o
levantamento das informações e dos dados presentes nos artigos; é necessário ter acesso a
tabelas-fonte dos autores dos artigos, para se resgatar o percurso da análise e gerar dados no
âmbito da meta-análise. Isto dificulta a realização efetiva de uma meta-análise em uma
dissertação de mestrado, visto que envolve todo um trabalho de contato com os autores
desses artigos, divulgar a proposta de meta-análise a ser desenvolvida e justificar a
necessidade de dados armazenados que serviram de referência para seus estudos, para
agrupá-los, compará-los de maneira a identificar os tamanhos de efeito.
5.2. Trabalhos Futuros
A partir do que se pode observar no conjunto dos 86 artigos selecionados para esta
dissertação de mestrado, 21 apresentam variáveis “candidatas” à comparação e matrizes de
correlação, podendo se estabelecer o ponto de partida para a realização de um estudo metaanalítico. Resta saber se nos resultados gerados nesta proposta efetivamente irão demonstrar o
que predomina na decisão do modo de entrada: aspectos institucionais, culturais ou de custos
de transação. Ainda na metodologia de meta-análise, como alternativa, pode-se retomar os
estudos de Zhao et al. (2004), Geyskens et al. (2006) ou Tihanyi et al. (2005) no intuito de
replicar a análise proposta por estes autores atualizando-as com publicações posteriores a
2004. Seria uma alternativa para reconstituir cada passo de uma dessas análises para entender
por que foram adotados certos arranjos meta-analíticos.
Ainda na proposta do uso de metodologia de meta-análise, sinaliza-se como
possibilidade para a sequência deste estudo a análise de situações em que, no processo de
115
internacionalização, se valoriza mais a confiança estabelecida entre as partes, deixando em
segundo plano os custos de transação. Apesar de os estudos de Yiu e Makino (2002) e de
Verbeke e Greidanus (2009), em contextos específicos, destacarem a questão da confiança, há
ainda pouca produção acadêmica a respeito. Também é possível propor um estudo voltado à
influência de aspectos institucionais na decisão de modo de entrada em países como o Brasil,
cujos governos estabelecem regulamentações específicas para a operação de empresas
estrangeiras no país. No caso de questões referentes à distância cultural, em que a China surge
como exemplo desta situação (XU et al., 2011; CHANG et al., 2012), vislumbra-se a opção
de desenvolver estudos incluindo aspectos institucionais além daqueles relativos à cultura.
Independentemente da adoção de metodologia de meta-análise para desenvolvimento
de pesquisas em negócios internacionais, conforme se pôde observar no conjunto dos artigos
selecionados para esta dissertação, os estudos sinalizam frentes para investigações futuras, a
partir de opções diversificadas de associações de fatores envolvidos na decisão de modo de
entrada em negócios internacionais.
116
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