CONTEE - Campanha São Paulo - novembro de 2009 Wilson Cesar Ribeiro Campos Coordenador Técnico - DIESAT PESQUISA: CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DOS TRABALHADORES NO ENSINO PRIVADO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DIESAT Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho Fundado em 1980 com o objetivo de assessorar o movimento sindical nas questões Saúde & Trabalho É mantido através da filiação de sindicatos Intersindical - Sindicatos de várias atividades econômicas Todas as Centrais Sindicais estão representadas no Diesat através de Sindicatos filiados Desenvolve Pesquisas, Estudos, Atividades de Formação, Publicações e Documentação Importante papel na afirmação da saúde do trabalhador no Brasil 30 ANOS A PESQUISA NO RS... Parceria com a FETEE-SUL e Sindicatos Filiados no RS METODOLOGIA E AMOSTRA Reuniões com representantes sindicais Com o objetivo de compreender a extensão e significado da demanda apresentada pelas Fetee-Sul e suas organizações filiadas, os técnicos do Diesat realizaram diversas reuniões preparatórias com representantes de todas as organizações envolvidas. Estas reuniões serviram para compreender a demanda e as expectativas envolvidas, bem como o enfoque e as etapas necessárias para execução da pesquisa. Foi constituído um grupo de acompanhamento da pesquisa com membros de todas as entidades envolvidas. Investigação com uso de entrevistas presenciais. Nesta etapa, das cidades em que encontramos instituições de ensino privado, foram escolhidas 23 cidades, distribuídas em 9 regiões do estado, procurando manter um equilíbrio entre instituições de ensino básico e de ensino superior e entre participantes do sexo feminino e masculino. Em cada cidade, foram escolhidas algumas instituições de onde seriam convidados os docentes, técnicos e auxiliares de ensino. Nas datas de visita à cidade, os trabalhadores eram contatados, sendo o aceite para participação voluntário. Estimamos um mínimo de pessoas para a entrevista em cada instituição, sendo que foi atingindo um total de 230 entrevistados nesta etapa. QUESTIONÁRIO Investigação com uso de questionário Professores Para execução desta etapa, foram enviados questionários específicos, auto-explicativo e de fácil compreensão, por meio eletrônico a todos os associados Sinpro/RS, Sinpro/Caxias, e Sinpro/Noroeste. Total de questionários enviados: 23.478 . O total de respostas foi de 1680, representando 7,16% dos questionários enviados. Os retornos aos questionários, em curto espaço de tempo e considerando o período de final de ano e férias escolares foi considerado muito bom. Técnicos e Auxiliares de Ensino A aplicação de questionário junto aos técnicos e auxiliares de ensino se deu através de formulário impresso específico, auto-explicativo e de fácil compreensão. Para esta etapa a participação dos dirigentes sindicais nas diversas regiões foi fundamental para a aplicação dos questionários em diversas instituições de ensino privado. Foram respondidos 2.800 questionários apresentando a seguinte distribuição, representando 14,57% do universo de 19.217 trabalhadores. QUESTIONÁRIOS Total Geral Professores: 1680 Auxiliares de Ensino: 2800 Base total: 42695 Total respostas ao questionário: 4.480 Amostra geral: 10,50% Composição da amostra é representativa se considerarmos as informações existentes (último Censo do MEC, levantamentos anteriores dos sindicatos e outras pesquisas) – gênero, faixa etária, tempo de profissão... O TRABALHO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO PRIVADO... TRABALHO EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO OIT considera o trabalho em instituições de ensino uma atividade de risco para a saúde; Impacto para a saúde mental e emocional dos trabalhadores no ensino Síndrome de Burnout “Mal-estar docente” LER/DORT atingindo técnicos administrativos e docentes Dor Voz... Pesquisas recentes apontam para o impacto de aspectos do trabalho para a saúde dos trabalhadores de ensino; No entanto, a visão dos trabalhadores no ensino privado sobre a relação entre trabalho e saúde ainda é pouco estudada. TAREFAS Professores % Tarefas Fora Horário Trabalho 9% 21% Sempre/Frequentemente 70% As vezes Raramente/Nunca A situação de trabalho é agravada pelo fato de 70% dos professores sempre ou freqüentemente realizarem tarefas docentes fora de seu horário de trabalho, muitas vezes em prejuízo de seu horário de lazer e descanso. É importante destacar que 74% exercem mais de 8hs por semana de atividades docentes (preparação, correção, atividades extraclasse) sem remuneração adicional. TÉCNICOS DE ENSINO Exerce tarefas que estão além da sua função? Sempre Frequentemente Às vezes 4% Raramente 13% 23% 542 19% Não Respondeu 9% 109 238 654 Nunca 363 894 32% 54% dos Técnicos exerce tarefas além de sua função Saúde Mental e Trabalho Assédio Moral Humilhação e constrangimento no trabalho Um dos mais sérios e crescentes problemas de saúde relacionados ao trabalho, o assédio moral pode ser definido como qualquer conduta abusiva [gesto, palavra, comportamento, atitude...] que atente, por sua repetição, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho. Nas entrevistas este foi tema presente e fortemente apontado por docentes e técnicos como um dos fatores que causam sofrimento mental, emocional e desgaste físico no trabalho. Aqui relacionamos os dados de Humilhação e Constrangimento freqüente no trabalho e Pressão excessiva no trabalho. PROFESSORES Assédio Moral Humilhação e constrangimento no trabalho Caracterização de Assédio Moral (humilhação e constrangimento constantes/com repetição) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Colegas professores Chefes imediatos Chefes superiores Presente Demais funcionários Ausente Alunos Pais de Alunos PROFESSORES PRESSÃO EXCESSIVA NO TRABALHO Merece destaque o alto índice de docentes que se sentem pressionados excessivamente no trabalho por: chefes superiores (35%), chefes imediatos (32%), alunos (27%), colegas professores (14%) e pais de alunos (14%). TÉCNICOS DE ENSINO Assédio Moral no Trabalho 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Presente Ausente TÉCNICOS DE ENSINO Sente-se pressionado excessivamente 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Raram/Nunca Às vezes Sempre/Freq VIOLÊNCIA NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO Professores Técnicos 3% 17% Sim Não 83% Sim Não 97% Técnicos de ensino: 3% - em função da variedade de funções. Este índice é preocupante pois representa um fator que vem se somar em um processo de desgaste físico e mental, de ruptura de relações no trabalho e de um mal estar do trabalho docente que formam um conjunto complexo. Em um contexto de trabalho que agrava a saúde dos professores, situações de violência tendem a dificultar ainda mais este quadro. PROFESSORES E TÉCNICOS DE ENSINO CAUSAS? Excesso de tarefas Excesso de Tarefas extraclasse - professores Atividades docentes sem remuneração Diminuição de horas para lazer e descanso Assédio Moral no trabalho Atividades além de sua função - técnicos Humilhação e Constrangimento Pressão excessiva Perseguições Violência na escola Renda maior? Medo de perder o emprego... Todas as atividades são assim hoje? “Qualquer trabalho é melhor do que nenhum trabalho” (Bill Clinton) X Trabalho Decente / Digno “Saúde não se troca por dinheiro” A SAÚDE... E O TRABALHO. Professores e Técnicos Administrativos PROBLEMAS DE SAÚDE FÍSICA OU MENTAL RELACIONADO AO TRABALHO Professores Técnicos 25% 45% 55% 75% Sim Não Sim Não Técnicos: trabalhando – em atividade PRECISOU SE AUSENTAR AO MENOS 1 DIA DE TRABALHO POR CONTA DESTES PROBLEMAS DE SAÚDE RELACIONADOS AO TRABALHO? Professores Técnicos 28% 38% 62% 72% Sim Não Sim Não NOS ÚLTIMOS 6 MESES PRECISOU SE AFASTAR DO TRABALHO POR MAIS DE 15 DIAS, DEVIDO ESTES PROBLEMAS DE SAÚDE? Professores e Técnicos 6% Sim Não 94% DOR... E TRABALHO JÁ TRABALHOU COM ALGUM TIPO DE DOR? Professores Técnicos 15% 24% 76% 85% Sim Não Sim Não SENTIU DORES NO CORPO APÓS UM DIA DE TRABALHO NAS ÚLTIMAS DUAS SEMANAS? Professores 29% Técnicos 45% 55% 71% Sim Não Sim Não NOS ÚLTIMOS DOIS MESES VEM SENTINDO DORES FREQUENTES ? Professores 9% 15% 19% 24% 16% Técnicos 10% 17% 16% 11% 22% 6% 5% 13% 17% Cabeça Braços Cabeça Braços Mãos Pernas e pés Mãos Pernas e pés Ombros Costas Ombros Costas Nenhuma Nenhuma VOZ... E TRABALHO. VOZ: NOS ÚLTIMOS SEIS MESES APRESENTOU PROBLEMAS DE ROUQUIDÃO OU PERDA DE VOZ? 100% 90% 80% 70% 60% Não Sim 50% 40% 30% 20% 49 10% 17 0% Professores Técnicos TRABALHO... E BURNOUT CANSAÇO OU ESGOTAMENTO FREQUENTES NOS ÚLTIMOS SEIS MESES... 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% Não Sim 78 52 30% 20% 10% 0% Professores Técnicos COM QUE FREQUÊNCIA SENTE QUE NÃO DARÁ CONTA DAS COISAS QUE TEM PARA FAZER? 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 21 45 37 36 42 15 Professores Sempre/Frequentemente Técnicos Às vezes Raramente/nunca FREQUÊNCIA QUE SENTE-SE IRRITADO(A), DE MAU HUMOR OU IMPACIENTE. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 20 43 39 37 41 16 Professores Sempre/Frequentemente Técnicos Às vezes Raramente/nunca PROFESSORES SÍNDROME DE BURNOUT 47% dos professores afirmam se sentir constantemente esgotado e sob pressão mais do que o habitual, 78% quando considerado os últimos seis meses. 41% dos professores alegam sentir irritação freqüentemente. freqüentemente na situação em que não irão dar conta das tarefas e atividades. TRABALHO... E SAÚDE MENTAL. Condições de saúde Apresenta algum destes problemas relacionados a questões emocionais ou mentais? Síndrome do pânico 3% Outro 2% Não 17% Ansiedade 32% Depressão 11% Estresse 35% TÉCNICOS DE ENSINO Apresenta algum destes problemas relacionados a questões emocionais ou mentais ? 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 Total Porcentagem Não Depressão Estresse Ansiedade Sindrome do pânico Outro 1240 204 820 922 47 92 37.29% 6.14% 24.66% 27.73% 1.41% 2.77% SOLUÇÃO... OU MAIS PROBLEMAS? FAZ TRATAMENTO COM MEDICAMENTOS OU OUTROS PROCEDIMENTOS? 100% 90% 80% 70% 60% Não Sim 50% 40% 30% 49 30 20% 10% 0% Professores Técnicos USA MEDICAMENTOS? 40 38 35 30 25 20 21 17 16 15 12 10 7 5 0 Professores Estimulantes Técnicos Calmantes Sono Problemas com sono CONCLUINDO... RELEMBRANDO... A respeito das manifestações físicas de problemas de saúde temos como principais: Dores Crônicas; Problemas de sono; Rouquidão e perda de voz; Problemas alérgicos; Tendinite e problemas de articulação; Enxaquecas; Gastrites; Obesidade; Hipertensão RELEMBRANDO... Problemas emocionais e de saúde mental (Técnicos entre parênteses): Ansiedade: 32% (28%) Estresse: 35% (25%) Depressão: 11% (6%) Síndrome do Pânico: 3% (1,4%) Outros: 2 % (2,6%) Nenhum: 17% (37%) “Explicações” individualizantes: Dificuldades financeiras graves: 33% (34%) Perda de parentes ou separação: 16% (16%) Situação violenta: 3% (3%) Violência na escola: 3% (17%) CONCLUSÕES Trabalhadores no ensino privado constantemente enfrentam pressão excessiva e o assédio moral no local de trabalho. Utilização de medicamentos aparece de forma preocupante. O uso de medicamentos estimulantes, antidepressivos, calmantes ou tranqüilizantes aponta para a utilização de medicamentos para manter o professor(a) e o técnico(a) em atividade, para suportar o cotidiano de trabalho desgastante. Síndrome de Burnout 47% dos professores afirmam se sentir constantemente esgotado e sob pressão mais do que o habitual, 78% quando considerado os últimos seis meses. 41% dos professores alegam sentir irritação freqüentemente. freqüentemente na situação em que não irão dar conta das tarefas e atividades. CONCLUSÕES Os principais fatores prejudiciais à saúde dos trabalhadores no ensino privado apontam diretamente para a organização do trabalho e as relações no local de trabalho. Fatores como jornada de trabalho, excesso de atividades, pressão de chefias e colegas de trabalho, assédio moral no trabalho, relação com chefias, colegas, pais e alunos, estão entre os principais geradores de agravos à saúde física e mental dos trabalhadores no ensino privado. CONCLUSÕES Problemas sérios na relação entre trabalho e saúde dos professores e técnicos administrativos. O trabalho está prejudicando sua saúde dos trabalhadores no ensino: no ritmo e na forma como está a organização do trabalho nas instituições de ensino privado. Os trabalhadores no ensino privado do RS estão adoecendo em razão do trabalho e ainda tem que manter-se no trabalho, mesmo adoecidos(as). Saúde não se troca por dinheiro. Trabalhador no ensino privado precisa lutar por sua saúde e melhores condições de trabalho. Wilson Campos Coordenador Técnico do DIESAT [email protected] Tel: (11) 3399-5673 / 2985-5673 Nova Sede: Rua Mario Amaral, 210 – Paraíso 04002-020 – São Paulo / SP Filie-se ao DIESAT – 30 anos em defesa da Saúde PESQUISA: CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DOS TRABALHADORES NO ENSINO PRIVADO DO RIO GRANDE DO SUL E... qual o diagnóstico da Saúde dos professores e técnicos de ensino no Brasil?