A Etnomatemática no contexto escolar. “A Matemática é a marca da civilização humana e sua pluralidade.” Ubiratan D’Ambrósio A Etnomatemática é um programa de pesquisa em história e filosofia da Matemática, com importantes implicações pedagógicas e que busca compreender o fazer e o saber matemático desenvolvido a partir de diversas culturas. Aliás, engloba as ciências da epistemologia, da história, da sociologia e da cognição. Segundo Ubiratan D’Ambrósio, “A Etnomatemática tem seu comportamento alimentado pela aquisição de conhecimento, de fazer(es) e de saber(es) que lhes permitem sobreviver através de maneiras, de técnicas, de artes, de explicar, de entender e de conviver com a realidade natural e sociocultural na qual ele, homem, está inserido”. Durante muitos anos, os povos de todas as partes do mundo se deparavam com problemas do dia a dia e, com intuito de sanar essas dificuldades, desenvolveram métodos próprios de contar, de medir, de comparar e de quantificar. Essas características dependiam dos meios em que eles viviam e das culturas aplicadas em cada região. Pensando no contexto escolar, a Etnomatemática pode ser explorada para auxiliar o trabalho docente e fazer com que os alunos possam compreender as diversas “matemáticas” utilizadas em toda parte do mundo, valorizando a diversidade cultural e o desenvolvimento intelectual e criativo de cada povo. A seguir, veremos como alguns povos utilizavam a Matemática para solucionar diversas situações do cotidiano. Os Maias eram exímios “marcadores de tempo”, para marcar o tempo eles usavam dois calendários distintos, um religioso (o tzolkin), com 260 dias e outro civil (o haab), com 365 dias. Além dos dois calendários, eles também criaram um sistema numérico que envolvia grifos e pontos, desta forma obtiveram uma maior precisão em suas marcas temporais, conseguindo assim fazer uso do que hoje chamamos de números decimais. Outra civilização também notável, em termos matemáticos, foi a civilização Inca. Os Incas criaram uma forma de expressar seus números através de pequenos nós posicionados no comprimento de cordas e estas, por fim, amarradas em uma espécie de varal. Este sistema foi chamado pelos Incas de urdidura. Com este varal os Incas podiam fazer todas as operações básicas. Analisando como estes povos faziam seus cálculos conseguimos compreende-los melhor e principalmente, descobrimos novos usos de matemática. Desta forma, o estudo da etnomatemática proporciona ao educador uma ferramenta para compreender melhor cada sociedade e\ou cada pessoa para assim podermos cumprir com nosso trabalho de proporcionar a criança uma compreensão do abstrato. Bibliografia: D´AMBROSIO, U. - “Etnomatemática : Um Programa” – Educação Matemática em Revista SBEM (1993) nº 1, 5 – 11 SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL – “Etnomatemática” – Edição Especial - Duetto Editorial – São Paulo – 2º edição BUENO, M. A. T. – “CÓDIGO E ARTE: A ETNOMATEMÁTICA DOS INCAS” - Depto. de Matemática - UNESP Rio Claro – Professores CERP Professores: Dênis Monteiro (Matemática) e José Augusto Coelho (Matemática Financeira)