Gastrites Milena R. Macitelli Residente de 4° ano – Disciplina de Gastroenterologia Pediátrica – Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo História A primeira grande descoberta no campo das doenças gástricas foi a descrição de câncer gástrico pelos Persas em 1000 DC. No mesmo período, descrições de doenças gástricas não-neoplásicas, principalmente gastrite, eram subjetivas debido às limitações da época. A inflamação da mucosa gástrica foi nomeada pela primeira vez como "gastrite" pelo médico alemão George Ernst Stahl em 1728. Rugge et al, 2003 Imre Laszlo Szabo et Al(2013). Diagnosis of Gastritis – Review from Early Pathological Evaluation to Present Day Management, Current Topics in Gastritis - 2012, Prof. Gyula Mozsik (Ed.), ISBN: 978-953-51-0907-5,. Introdução Os primeiros trabalhos sobre gastrite foram realizados em material de necrópsia e, posteriormente, em material obtido no ato cirúrgico. O resultado dessas observações foi sempre contestado, em razão do tipo de material analisado. • Primeiros • prejudicados pelo fenômeno de autólise Demais - provinham de pacientes com afecções gástricas de diferentes etiologias. Na década de 1940 foi introduzida a biopsia per oral, e depois, a endoscopia com biopsia dirigida ==> Inúmeras pesquisas e conclusões foram contestadas ou aceitas com restrição. Principal motivo de controvérsias = falta de correlação entre os achados endoscópicos X achados histopatólogicos X manifestações clínicas. Como não se conheciam o agente etiológico ou história natural, alguns consideravam o achado da mucosa gástrica como normal ou como processo natural do envelhecimento. Tratado de Clinica Medica. Antonio Carlos Lopes. 1a. ed. Volume 1. 2006. Introdução É necessária a compreensão de todos os fatos => uso progressivo do termo gastrite e o mistério criado ao seu redor provocaram a descaracterização da doença como entidade nosológica. Utilização abusiva pelos patologistas dos termos: gastrite aguda, gastrite crônica e gastrite superficial, extrapolados para conceitos clínicos => interpretações equivocadas quanto ao menor ou maior grau de gravidade e quanto a evolução da doença. Tratado de Clinica Medica. Antonio Carlos Lopes. 1a. ed. Volume 1. 2006. Introdução Gastrite faz parte do conjunto de doenças pépticas e é uma patologia de relevância importante por diversos motivos. A doença, juntamente com a úlcera péptica, possui uma elevada morbidade e normalmente é passível de tratamento. Além disto algumas formas de gastrite crônica e grave podem destruir elementos da mucosa gástrica, resultando em gastrite atrófica e metaplasia intestinal, que podem ser pré-neoplásicas. Assim como outras doenças na infância, pode acarretar em prejuízos a longo prazo. Apesar de gastrite e úlcera péptica serem entidades clínicas estudadas separadamente, muitas vezes fazem parte de uma doença de continuidade Gastrite leve ou gastropatia até formas graves com ulceração da mucosa gástrica. H. pylori é a principal causa de gastrite e úlcera péptica e representa a ilustração clássica do princípio de lesão por continuidade. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Secreções gástricas O estômago secreta: • Água • Ácido • Bicarbonato • Outros elet. - Cl-, Na+ e K+ • Mucinas Figure 25-3 Secretory influences and hormones involved in the synthesis and secretion of hydrochloric acid by parietal cells. CCK, cholecystokinin; CNS, central nervous system. • • Enzimas que são ativadas no pH ácido (pepsinas e lipase) Fator intrínseco de células parietais Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Produção de HCL Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Definição Gastrite é um processo benigno decorrente da quebra da barreira mucosa ==> alterações macro e microscópicas da mucosa gástrica, associadas a uma resposta inflamatória. A mucosa gástrica possui células que produzem ácidos e enzimas (que auxiliam na quebra do alimento e digestão) e muco (que protege a mucosa do ácido). O desequilíbrio entre as forças defensivas e agressivas da barreira mucosa ==> formação de lesões. Quando a mucosa gástrica está inflamada, produz menos ácido, enzimas Hunt e muco. RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. Mecanismos de defesa Pré-epiteliais: Elevadas concentrações de glicoproteina da mucosa (muco) e bicarbonato, formando uma camada surfactante (hidrófoba) ==> BARREIRA MUCOSA - proteção contra fatores agressivos na cavidade gástrica. • Muco: secretado pelas células mucosas superficiais e é uma glicoproteina que recobre a superfície epitelial como um gel grosso, servindo como uma camada de agua imóvel e lentificando a difusão retrógrada dos íons de hidrogênio em torno de 4X. •O bicarbonato (íons) secretado pelas células mucosas superficiais, neutraliza os ácidos, mantendo normalmente um gradiente de pH de 1 para 2 no lúmen e de 6 para 7 na superfície epitelial. Importância deste gradiente = dependência de pH para atividade péptica Pepsina é inativada em pH 5 e irreversivelmente inativada em pH 7. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Mecanismos de defesa Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Mecanismos de defesa Epiteliais: junções firmes entre as células, trocas iônicas intracelulares e capacidade de regeneração epitelial. •A regeneração da mucosa ocorre com a recuperação de áreas descobertas, pela migração de células mucosas da superfície ao longo da membrana basal, de regiões mais profundas para substituir as células danificadas, logo após a lesão. • A divisão e a regeneração celulares ocorrem depois de alguns dias, para produzir novas células epiteliais de células-tronco. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Mecanismos de defesa Pós-epiteliais: fluxo sangüíneo e síntese de prostaglandinas. • Fluxo sangüíneo mucoso distribui oxigênio, nutrientes e bicarbonato e remove o acido retrodifundido. Se o fluxo sangüíneo for reduzido em mais de 50%, a mucosa se torna mais vulnerável à lesão. • As prostaglandinas produzidas localmente têm um papel importante na defesa pois inibem a secreção ácida, estimulam a secreção de muco e bicarbonato e aumentam o fluxo sangüíneo e a renovação celular. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Anatomia da mucosa gástrica "Anatomia endoscópica" O corpo gástrico é caracterizado por pregueado mucoso espesso, que estende-se distalmente até a incisura na pequena curvatura. Fundo - mucosa semelhante a do corpo. Antro - final do pregueado mucoso até o piloro. Apesar de diferentes locais anatômicos corresponderem a diferentes zonas histológicas, existem áreas de transição mucosa de transição: antro-corpo (na incisura) e região da cárdia Rudolph CD, Rudolph AM, Hostetter MK, Lister G, Siegel NJ, eds. Rudolph’s Pediatrics, 21st ed. Stamford, CT: McGraw-Hill; 2002 Manifestações clínicas • Muito variável. Depende: • Etiologia • Gravidade e extensão da lesão • Na ausência de ulceração, a gastrite crônica associada a infecção por H. pylori é improvável que seja a causa da dor abdominal recorrente em crianças. • Alguns estudos recentes têm demonstrado a associação de dor abdominal crônica e gastrite por H. pylori. • Crianças mais novas com distúrbios pépticos podem apresentar vômitos, irritabilidade, inapetência e ocasionalmente perda de peso. • Crianças > 10 anos apresentam sintomas mais parecidos aos dos adultos: dor epigástrica, náuseas, vômitos, sensação de plenitude gástrica, anemia e perda de peso. • Sintomas de franca obstrução gástrica são incomuns em crianças. Nijevitch A.A.et Al.: Helicobacter pylori and gastrointestinal symptoms in school children in Russia. J Gastroenterol Hepatol 2004; 19:490-496. Diagnóstico É puramente histológico, feito apenas através da avaliação de biópsias do estômago, e não através de achados endoscópicos (podem ser variáveis). Gastrite muitas vezes é diagnosticada através de biópsias da mucosa gástrica que aparentemente está normal à macroscopia. Gastrite não é diagnosticada clinicamente ou radiologicamente. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 EDA e biópsia A partir do momento que a endoscopia for indicada, é importante que o endoscopista se esforce para maximizar o potencial diagnóstico do procedimento. Achados endoscópicos e histológicos devem ser interpretados apenas em combinação com historia clinica, achados do exame físico. Patologista experiente com conhecimento especifico em doenças gastrointestinais - pilar central de todo o processo. Em Pediatria frequentemente há uma tendência de dar-se o diagnóstico de gastrite baseado no infiltrado celular, que está marginalmente aumentado e muitas vezes pode ser explicada por uma infecção viral recente. O endoscopista/gastroenterologista deve revisar a histologia e o caso com o patologista ==> Correlação entre achado histopatológico e sintomas do paciente. Inflamação crônica não-específica é um achado comum e, normalmente, de pouca importância no manejo dos pacientes - embora a exclusão de outras causas possa ser útil. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 EDA e biópsia Ha alguns padrões de normalidade de infiltrado celular na mucosa gástrica de crianças, baseados em biopsias "normais" em estudos retrospectivos anteriores. Algumas drogas podem causar alterações endoscópicas e histopatológicas importantes: • Compostos de bismuto • Antibióticos • AINE • Ferro oral • Corticoesteróides • Agentes orais/inalatórios quimioterápicos Drogas devem ser suspensas pelo menos 2 semanas antes do procedimento evitar que achados endoscópicos sejam mascarados Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Achados endoscópicos O endoscopista deve documentar o que é VISTO. Jargōes "ite" devem ser evitados - gastrite pode ser desde eritema a ulceração da mucosa. Se a mucosa estiver vermelha, deve ser documentada como avermelhada ou eritematosa (leve, moderada, intensa ou hemorrágica) e não como antrite ou gastrite, pois a inflamação pode não estar presente. Nodularidade antral => pode indicar gastrite por H. pylori (passada ou atual). Os nódulos podem durar meses a anos após a erradicação do H. pylori e a resolução da gastrite e inflamação podem não estar presentes na biopsia. Erosões - lesão da mucosa que não penetra a muscular da mucosa. Ulceras - estendem a muscular e a submucosa. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Achados endoscópicos Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Achados endoscópicos Lesões podem ser descritas como superficiais ou profundas usando algumas evidencias: Erosões - normalmente são múltiplas e tem bases esbranquiçadas e cada uma é delimitada por um anel de eritema Quando uma erosão sangrou recentemente, sua base pode ser preta. Úlceras - lesões mais profundas e quando profundas podem ter bordas laminadas. Hemorragia - aparência da mucosa vermelha brilhante em placas ou petéquias discretas. Embora alguns endoscopistas digam "hemorragia da submucosa", a endoscopia não vê além da muscular da mucosa. Portanto o termo hemorragia subepitelial é mais adequado. Outros termos para hemorragia subepitelial - gastrite aguda, gastrite hemorrágica e erosão hemorrágica. Se o pregueado gástrico for largo = pregueado espesso e não edemaciado ou hipertrófico (restringem a achados histológicos). Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Achados endoscopicos Quando as erosões ou ulceras são vistas, deve ser caracterizado : • local anatômico do estômago ou duodeno • tamanho, forma, quantidade • profundidade (superficial ou profunda) • natureza da borda (elevada ou laminada) • Presença de vasos ou coágulos • Sangramento ativo • Nódulos ou pseudopólipos podem ocorrer em doenças como: Gastrite eosinofilica, gastrite por CMV, gastrite, Doença de Crohn. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Amostras de biópsia Apesar do antro ser o local de maior incidência de anormalidades histológicas de diversas doenças em criancas, as biópsias devem ser obtidas de diferentes zonas topográficas do estômago. O número e localização da biópsia depende da doença suspeitada e dos achados endoscópicos. Mesmo quando a mucosa aparenta ser normal, biópsias devem ser obtidas (Cardia = suspeita de infecção por H. pylori, DRGE ou linfoma MALT). Tamanho das biópsias é importante: Bebes acima de 2-3 meses: canal de biopsia de 2.8mm é adequado Crianças a partir de 5-6 anos de idade: fórceps "jumbo" oferecem 2 a 3 X mais mucosa. Em alguns casos, ressecção endoscópica da mucosa ou biópsias cirúrgicas podem ser indicadas - doenças infiltrativas (câncer, linfomas, leiomioma/leiomiossarcomas ou polipose gástrica). Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Abordagem histológica Há muitas maneiras de abordar e descrever histologicamente ou classificar a gastrite. A quantidade de classificações para uma mesma doença demonstra claramente as controvérsias existentes na literatura. A conturbada nomenclatura de várias classificações dificultou a compreensão da doença durante diversos anos. Classificação de Sidney é aceita em adultos, porém tem pequena aplicabilidade em crianças. Portanto, gastroenterologistas pediátricos devem focar em boa amostra de biópsia e analisar os achados histológicos com patologista experiente no TGI. Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Abordagem histológica * Inflamação * É típico descrever o tipo de célula presente e sua distribuição na mucosa "Agudo" ou "ativo" = presença de neutrófilos "Crônico" = presença de células arredondadas (linfócitos, monócitos, células plasmáticas). Crônico-ativo = combinação de processo crônico com alguns neutrófilos. Não há definição precisa de gastrite crônica: o número "normal" de células nucleares é desconhecido. Uma definição de inflamação crônica em adultos aceita: presença de alguns linfocitos, células plasmáticas e/ou monócitos por CGA não é aceito em crianças. Em crianças, alguns números aceitos estão disponíveis "retrospectivamente normais". Resultado = cels/mm Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Abordagem histológica * Inflamação * A presença de qualquer quantidade de neutrófilos é anormal, indicando inflamação aguda ou ativa. A presença de folículos linfóides é altamente sugestivo de infecção por H. pylori em crianças. Se folículos linfóides e inflamação estiverem presentes sem H. pylori, é provável que o microorganismo tenha sido eliminado. Na infecção por H. pylori, folículos linfóides podem estar ausentes se o tamanho ou número de biópsias forem insuficientes. Em associação ao infiltrado celular, deve-se descrever: Estensão ou profundidade: superficial, profunda ou panmucosal e difusa ou focal. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Abordagem histológica *Atrofia e metaplasia intestinal* Atrofia gástrica ("gastrite atrófica") é uma importante consequência de gastrite. É considerada uma lesão pré-neoplásica quando um certo tipo de metaplasia intestinal desenvolve-se na mucosa atrófica. Apesar de a infecção por H. pylori ser, de longe, a principal causa de gastrite atrófica, pode ser resultado de qualquer processo crônico, grave à mucosa gástrica (ex.: gastrite varioliforme e em doenças auto-imunes com acometimento gástrico). Atrofia típica: perda glandular, ausência de regeneração e presença de fibrose, com ou sem metaplasia. É amplamente aceito que a metaplasia intestinal por si só constitui uma forma de gastrite atrófica, mesmo que a perda glandular não seja tão evidente. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Abordagem histológica *Atrofia e metaplasia intestinal* Gastrite atrófica é uma lesão desigual e pode não ser vista por erro de amostragem (se não há material suficiente, coletado de locais múltiplos). ATENÇÃO ao interpretar "gastrite atrófica" e "metaplasia intestinal" mesmo para alguns especialistas, a perda glandular pode ser subjetiva. Quando há inflamação ativa, células inflamatórias e edema podem "puxar" as glândulas para baixo, dando aparência de atrofia - pseudoatrofia Estudos no Japão e Colômbia mostraram que 10% das crianças infectadas por H. pylori apresentavam atrofia. Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Causas A classificação de gastrite de acordo com a causa subjacente, pode ser útil para entender a historia natural da lesão. No passado classificava-se como erosiva e não erosiva. Atualmente apenas de acordo com a etiologia. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite por H. pylori H. pylori, juntamente com o Streptococcus mutans, agente da cárie dentária, são considerados os patógenos mais comuns das infecções crônicas no ser humano e o agente microbiano mais importante do trato digestório alto. Infeccao por H. pylori é a principal causa de gastrite no mundo. A maioria das pessoas com gastrite por H. pylori é assintomática, a não ser que desenvolvam doença ulcerosa, adenocarcinoma ou linfoma. Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. Practice Guidelines. 2010. H. pylori - Características É uma bactéria espiralada, Gram -, em forma de bastonete, com 3-5 mcm de comprimento e 0,5 a 1 mcm de largura. Tem potente atividade ureásica, sugerindo a presença dessa enzima pré-formada. No geral, o ser humano é o único reservatório natural da bactéria, mas estudos apontam achados de colônias em gatos domésticos. H. pylori é adaptado para colonizar apenas a mucosa gastrica, sendo raramente observado em áreas de metaplasia intestinal quando é observado em outros sitios, como esôfago e duodeno, está localizado nas áreas de metaplasia gastrica ou em áreas de mucosa gástrica ectópica. Em crianças e adultos, normalmente localiza-se na mucosa antral, mas pode estar presente no corpo e cárdia. Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. H. pylori - Características • Ao chegar ao estômago, a bactéria hidrolisa a uréia, por meio da urease, produzindo amônia e CO2. • A amônia funciona como um tampão para os íons de Hidrogênio, criando um ambiente com pH ótimo - permitindo sua sobrevivência. • Com a ajuda dos flagelos, que proporcionam uma locomoção helicoidal, a bactéria penetra na barreira mucosa, atinge as proximidades do epitelio gástrico e adere-se às células epiteliais, por meio das adesinas. • Então, localiza-se no muco, em contato direto com as células epiteliais ou mesmo dentro dos espaços intracelulares (onde há alta concentração de substâncias nutritivas, pH alto e baixo nível de O2 => favorece a reprodução e a atividade Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. H. pylori - Epidemiologia O H. pylori tem distribuição universal, apresentando prevalência global > 50%. Nos países em desenvolvimento, observa-se taxas mais altas de prevalência e a contaminação ocorre em idades mais precoces - condições favoráveis a disseminação da bactéria, como saneamento precário. Fatores de risco: baixa condição sócio-econômica, falta de higiene, situações de promiscuidade e famílias populosas vivendo na mesma casa. A incidência e prevalência variam muito dentro e entre os países. Prevalencia no Brasil: • 6 a 8 anos: 30% • 10 a 19 anos: 78% • Adultos: 82% Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. H. pylori - Patogenicidade Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Gastrite por H. pylori Infecção aguda Em adultos e crianças infectadas, o H. pylori induz infiltrado neutrofílico agudo, seguido de gastrite crônica, geralmente assintomática, sem úlceras, que permanece presente na duração da infecção. A infecção aguda pode causar dor epigástrica, náusea, vômitos, halitose e cefaleia. Conseqüência precoce da infecção aguda - aumento da secreção ácida gástrica, seguido de acloridria em aproximadamente 1 semana, e que pode durar 6 semanas ou mais. A diminuição da secreção ácida gástrica parece estar relacionada ao tempo e ao grau de inflamação da mucosa gástrica. Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. Gastrite por H. pylori Infecção crônica Alguns estudos mostram que a infecção aguda por H. pylori em crianças tendem a desapareceer espontaneamente (oposto aos adultos). A gastrite crônica é diagnosticada com maior frequência que a aguda. Localização: predomínio da gastrite antral, que acarreta maior risco de úlcera péptica duodenoal. Um menor número de pacientes pode desenvolver gastrite atrófica com metaplasia intestinal, que representa risco posterior de desenvolvimento de úlcera e adenocarcinomas gástricos. Os trabalhos mostram prevalência muito variada de gastrite atrófica (4 a 72%), dependendo da metodologia utilizada e população avaliada. A gastrite crônica assintomática não é a indicação para erradicação da bactéria para a maioria dos consensos, mas a gastrite atrófica é considerada indicação relativa. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. Gastrite por H. pylori Diagnóstico EDA com biópsia para estudo histopatológico A EDA com biópsia é indicada para avaliação da criança com suspeita de doença péptica gastroduodenal - possibilita tanto pesquisa de H. pylori como o diagnóstico de doenças gastroduodenais A pesquisa de H. pylori pelo estudo histopatológico é um método de alta sensibilidade e especificidade. A bactéria pode ser evidenciada pela coloração hematoxilina-eosina, mas nos casos de baixa densidade bacteriana = Giemsa modificado, Genta ou imuno-histoquimica. A EDA com bóopsia e avaliação histopatológica tem sido considerada, por muitos autores, como o padrão-ouro para a pesquisa do H. pylori. Desvantagem: alto custo e necessidade de sedação ou anestesia geral. Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Figure 27-2 (A) Diffuse antral nodularity seen on endoscopy in a teenager with epigastric pain. Histologic examination demonstrated H. pylori infection with chronic active pangastritis. The patient responded well to anti–H. pylori therapy. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Gastrite por H. pylori Diagnóstico EDA com biópsia para estudo histopatológico Como a distribuição do H. pylori não ocorre de maneira homogênea na mucosa, recomenda-se a retirada de pelo menos 4 fragmentos: 2 do corpo e 2 do antro. As amostras do antro, local onde a bactéria geralmente é encontrada em maior densidade e freqüência, devem ser retiradas da região pré-pilórica, 2 a 3 cm do piloro (uma na grande e outra na pequena curvatura). Para evitar resultados falso-negativos, recomenda-se realizar o teste para pesquisa de H. pylori no mínimo 2 semanas após a interrupção de IBP e 4 semanas após a interrupção dos antibióticos ou tratamento para erradicação do H. pylori. Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. Gastrite por H. pylori Diagnóstico Cultura A cultura do material da biópsia gástrica, possibilita o diagnóstico da infecção, o estudo da sensibilidade da bactéria aos antimicrobianos, a escolha correta das medicações a serem utilizadas e a presença de fatores de virulência. Vantagem: permitir realização do antibiograma - útil nos casos de fracasso terapêutico. Sensibilidade: 77 a 100% Para obter-se o sucesso no isolamento da bactéria, deve-se avaliar pelo menos 2 fragmentos (1 de corpo e 1 de antro) Desvantagem: Alto custo. Deve ser reservado aos grupos de pesquisa e na suspeita de resistência às drogas. Bittencourt PFS et al. Gastroduodenal peptic ulcer and Helicobacter pylori infection in childrens and adolescents. Jornal de Padiatria. 2006. Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. Gastrite por H. pylori Diagnóstico Teste da urease A urease pré-formada e presente no material da biópsia gástrica hidrolisa a uréia contida no reativo, produzindo amônia e alcalinizando o meio. A alcalinização é percebida por um indicador de pH, que altera a cor da solução de amarelo para cor-de-rosa ou vermelho. Positivo: se o gel ficar vermelho na leitura realizada 24 horas após o exame. Mudanças de cor mais tardias podem resultar falso-positivos. A eficácia do teste depende do número de tecidos testados, dos sítios das biópsias, da carga bacteriana, da presença de Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. sangramento e do uso prévio antibióticos ou IBP. Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. Gastrite por H. pylori Diagnóstico Novas técnicas diagnósticas • Endoscopia com magnificação - boa sensibilidade e especificiade • Endoscopia com luz branca e autofluorescência - utilizada para identificar áreas de mucosa gástrica normal (como na gastrite atrófica), auxiliando na escolha do local a ser biopsiado. • Espectroscopia infravermelha de Raman - técnica vibracional espectroscopica, quando adaptada a endoscopia, detectou a presença de H. pylori com Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. sensibilidade e especificidade torno decâncer 80%. Bergholt MS et al. In vivoem diagnosis of gastric using PracticeGuidelines. ranam endoscopy2010. and ant colony optimization techniques. International Journal of Cancer 2010; 128(11):2673-80 Gastrite por H. pylori Tratamento Indicações de tratamento conforme consensos e diretrizes • Consenso Brasileiro: • Úlcera duodenal, ativa ou cicatrizada • Linfoma MALT de baixo grau • Pós-cirurgia para CA gástrico avançado, em pacientes submetidos a gastrectomia parcial • • Gastrite histologia intensa Outras situações: • • • Pacientes de risco para úlcera/complicações que utilizam AINEs Paciente com história prévia de úlcera ou HDA que deverão usar AINE inibidores específicos ou não da COX2. indivíduos de risco para CA gástrico Coelho LGV et al. II Consenso Brasileiro sobre Helicobacter pylori . Arq Gastroenterol 2005. Gastrite por H. pylori Tratamento Indicações de tratamento conforme consensos e diretrizes • WGO • • Úlcera gástrica e/ou duodenal passada ou presente, com ou sem complicações Apos resseccao de Ca gástrico • Linfoma MALT • Gastrite atrófica • Dispepsia • Pacientes de primeiro grau com Ca gástrico • Desejo do paciente Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. Gastrite por H. pylori Tratamento Gastroenterologista e nutrição em pediatria. Elisa Carvalho. Ed. Manole. 1ªed. 2012. • Objetivo: avaliar se o uso concomitante de probioticos poderia ser melhor a taxa de erradicação de H. pylori e diminuir os efeitos colaterais em criancas. • Metodos: Entre Jul 2008 e Jul 2011 todos pacientes com Gastrite por H. pylori diagnosticado clinico, laboratorial ou endoscopicamente, foram avaliados. Pacientes alérgicos a qualquer tipo de droga, os ja submetidos a tratameno para H. pylori e aqueles que receberam anticioticos, IBP ou probioticos antes de 4 semanas da avaliação, foram excluídos. • Grupo A: OMP + Amoxicilina + Claritromicina • Grupo B: OMP + Amoxicilina + Claritromicina + Probiotico ( Probinul) • Resultado: 68 infecções por H. pylori histopatologicamente provadas (32 meninos e 36 meninas) foram incluídos no estudo. • todos os pacientes, de ambps gripos, usaram pelo menos 90% da terapia. Nenhum paciente foi perdido no seguimento. • Apos 4 semanas de terapia, 56/68 (82,3%) dos pacientes foram negaticos atravas do teste respiratório de ureia. HP foi erradicado em 26(76,4%) do grupo A e em 30 (88,2%) do grupo B. • Conclusao: A adicao de probioticos a terapia tríplice, foi mais eficaz na erradicaçãode HP.. Gastrite por H. pylori Prognóstico • Gastrite crônica associada a infecção por H. pylori normalmente é bem manejada com terapia medicamentosa. • Resoluçao da infecção pela bactéria geralmente é alcançada de 80 a 95% dos casos. • Ocasionalmente pode progredir para úlceras, necessitando de tempo maior de tratamento. Hunt RH et al. Helicobacter pylori nos países em desenvolvimento. WHO. PracticeGuidelines. 2010. Doença inflamatória intestinal A Doença de Crohn é a causa mais frequente de doença granulomatosa no estômago. Apesar de o envolvimento gastroduodenal ser comum, raramente a doença é limitada ao estômago e normalmente acomete porções mais distais do intestino. Anormalidades macroscópicas e/ou histológicas estão presentes no esôfago, estômago ou duodeno em até 80% das crianças com Doença de Crohn. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite eosinofílica Gastrite eosinofílica (GE) faz parte das Doenças Eosinofílicas Gastrointestinais (EEo, gastrite, gastroenterite e colite). ==> Presença de sintomas, infiltrado eosinofílico proeminente e exclusão de outras causas do infiltrado. Doenças como Crohn, infecção por parasita ou infecções agudas/crônicas (ex: H. pylori) podem estar acompanhadas de eosinofilia na mucosa, porém geralmente o infiltrado é bem mais acentuado nas doenças alérgicas. Alguns pacientes tem histórico de asma, sensibilidade a alimentos, eczema, alergias sazonais e atopia. Geralmente são secundárias a reações mistas IgE e não-IgE mediadas => aumento de IL-5, IL-3 e fator estimulador de colônia de granulócitos (todas citocinas proinflamatorias). A eosinofilia pode ser mucosa (mais comum), muscular ou serosa. Podem ocorrer em combinação. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite eosinofílica Os sintomas dependem da gravidade e extensão do envolvimento. Em lactentes e crianças menores - failure to thrive ou recusa alimentar. Anemia devido sangramento oculto e hipoalbuminemia ocorrem com freqüência. Se há envolvimento apenas da mucosa - sintomas semelhantes a outros tipos de gastrite e podem ocorrer sintomas de obstrução gástrica. Quando muscular e serosa estão envolvidas - dores abdominais e ascite podem estar presentes. GE geralmente está associada a alérgeno específico e na infância os antígenos mais comuns: proteína do leite de vaca, soja, ovo e trigo. A relação temporal entre a ingestão de certo alimento e sintomas característicos, é fundamental para estabelecer o diagnóstico irritabilidade, dor abdominal e vômitos - após 1 a 2 horas da ingestão do alimento. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite eosinofílica Achados endoscópicos: Quando presentes não são espeficifos: friabilidade e eritema, erosões, pregueado mucoso espesso e lesões nodulares da mucosa ou pseudopólipos (especialmente no antro). A mucosa, em alguns casos, pode ser macroscopicamente normal. Achados histológicos: infiltrado eosinofilico na lâmina própria. Ocasionalmente linfócitos, células plasmáticas e neutrófilos podem estar presentes. Tratamento: exclusão do possível alérgeno, antagonista de receptor leucotrieno - Montelucaste, corticoesteróides sistêmicos, azatioprina e dieta elementar. É difícil a aplicação de esteróide tópico na mucosa gástrica. Preparações com Cromoglicato são dificilmente eficazes. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 • • Estudo confirmou que na população dos EUA, a quantificação de eosinofilos gástricos < 38 eosinofilos/mm2. Gastrite eosinofilica: > 127 eosinofilos/mm2 ou 30 eosinofilos/CGA. Jackson WC et al. Eosinofilic gastritis: An uncommon cause of epigastric pain. 2012.. AINEs São as drogas mais prescritas no mundo. Apesar de serem indicadas como primeiro tratamento de diversas doenças, seu uso é limitado deivido aos efeitos adversos sobre o TGI. Podem resultar danos a mucosa - desde alteração da mucosa => processos ulcerosos. A ação tópica dos AINEs causa hemorragia aguda e erosão 15 a 30 minutos após a ingestão, primeiramente no antro - lesões precoces são normalemte assintomáticas e não tem significância clínica. A presença sistêmica dos AINEs compromete a integridade da mucosa e pode ocasionar ulceração grave da mucosa. Em crianças menores, a ulceração da incisura gástrica, associada a sangramento GI alto – típico da lesão por AINEs. O sangramento pode ocorrer após apenas 1 ou 2 doses da medicação ou com uso crônico. Achados histológicos: hiperplasia epitelial, depleção de mucina, núcleos alargados, ectasia vascular e edema.. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 AINEs Com menos freqüência AINEs causam gastrite reacional Maior preocupação: Uso prolongado de AINEs. Naproxeno - o mais utilizado na pratica reumatopediatria. Em 1993, Mulberg AE et al., avaliaram que das crianças com artrite reumatóide juvenil que receberam AINEs por mais de 2 meses, 75% apresentou evidência endoscópica de gastropatia, erosão antral e ulceração. • Destes, 64% apresentava anemia ou dor abdominal. Pacientes com fatores de risco elevado para ulceração gastroduodenal grave e complicações de AINEs: história de úlcera, uso concomitante de aspirina ou outro AINEs ou CE, comorbidade, uso de anticoagulantes e infecção por H. pylori. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Sexo masc, 35 anos, com dispepsia crônica e pirose pouco responsivas a tratamento com IBP e metroclopramida. Após EDA demonstrar gastrite antral erosiva admitiu fazer uso diário de 15-20 cp/dia Ibuprofeno e ocasionalmente AAS 20 cp/dia. Endoscopic images Copyright © Atlanta South Gastroenterology, P.C. Gastrite não-específica Um número significante de crianças apresenta gastrite crônica, sem nenhuma causa definida. Nestes casos a inflamação é crônica, o infiltrado linfoplasmocitario é mais focal do que difuso e geralmente superficial. Parece ser mais prevalente no antro do que no corpo. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite celíaca Mais de 95% dos indivíduos com Doença Celíaca tem HLA DQ2 positivo. Apesar dos sintomas poderem aparecer na infância, achados mais típicos ocorrerão posteriormente. Apesar da macroscopia geralmente ser normal, a gastrite linfocítica pode estar presente - caracterizado pela localização intraepitelial do infiltrado linfocítico. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite Linfocítica Apesar da gastrite linfocítica ser um tipo de gastrite mais do que causa é um achado histológico comum. Pode ser vista em algumas doenças Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite por CMV Infecção por CMV ocorre com maior freqüência em indivíduos imunocomprometidos, como ex: AIDS, transplante de órgão sólido ou medula óssea. Em crianças imunocompetentes, a infecção por CMV normalmente está associada a Doença de Menetrier. A infecção tende a ocorrer no fundo e corpo gástrico - espessamento de parede, ulceração, hemorragia e perfuração. Achados histológicos: Inflamação aguda e crônica com edema, necrose e inclusão citomegalica em células endoteliais e epiteliais,bem como nas bases das ulceras e a mucosa adjacente as ulceras. CMV normalmente afeta porções mais profundas da mucosa e a inflamação ativa pode ser focal ou panmucosal. Diagnóstico é maior quando faz-se cultura do vírus em biopsia da mucosa. Detecção pela imunohistoquimica. Tratamento com Ganciclovir pode ser eficaz em pacientes imunossuprimidos, porem recorrência ocorre com freqüência em 1 a 2 meses. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Doença granulomatosa crônica É uma deficiência imune rara, ocorre mais em meninos - envolvimento granulomatoso da perede gástrica. Pode cursar com sintomas GI altos. Gastroenterite grave e lesões aftosas orais podem ocorrer - importante diferenciar Doença de Crohn. Não há achados endoscópicos típicos normalmente mucosa antral esta pálida e espessada. Achados histológicos: inflamação focal, crônica ativa do antro com granulomas ou células gigantes multinucleares. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Outras gastrites granulomatosas Raramente - processos primários. Geralmente são decorrentes de alguma patologia: infecções, corpo estranho, doenças imuno-mediadas, carcinoma, linfomas e infecção por H. pylori. Na maioria dos casos a aparência morfológica do granuloma não fornece claras evidencias da causa. Em países desenvolvidos, a gastrite granulomatosa - com exceção da secundaria a Doenca de Crohn - é rara. O diagnóstico diferencial inclui tuberculose, histiocitose, reação a corpo estranho, dentre outras doenças. Gastrite granulomatosa idiopática isolada é uma reação crônica granulomatosa limitada ao estômago - condição rara e deve ser diagnóstico de exclusão. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite de Henoch-Schönlein A púrpura de Henoch-Schönlein também conhecida como púrpura anafilactóide ou púrpura reumática, é a vasculite mais freqüente em crianças e adolescentes. É uma doença multisistêmica e pode acometer vasos de pequeno e médio calibres. Pode ocorrer em qualquer idade - pico de incidência: 4 a 6 anos. Pode envolver pele, TGI, rins e articulações. Sintomas GI: cólica periumbilical, dor epigástrica, náusea, vômitos e sangramento GI. • Mais raramente: hematoma intramural, intussuscepção, infarto intestinal, perfuração intestinal, pancreatite, apendicite e colecistite. Achados endoscópicos no estômago: mucosa com eritema ou hemorragia, edema de mucosa com erosões ou úlceras. Biópsias da mucosa gástrica geralmente são muito superficiais para demonstrar alterações histológicas típicas - porém pode ser visto vasculite semelhante à da pele. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite induzida por exercício Condição é bem conhecida em atletas corredores de longas distâncias - normalmente cursa com anemia com ou sem sintomas GI. Sintomas ocorrem após exercício físico - cólica abdominal, dor epigástrica, náusea, RGE e vômitos. Cursa com lesão mucosa igualmente em antro, corpo e fundo gástrico. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite associada a Doenças auto-imunes Anemia perniciosa – o estômago é o primeiro órgão afetado Tireoidite auto-imune Vitiligo - gastrite atrófica auto-imune foi descrita em 15% dos adultos com vitiligo. Lupus eritematoso Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011 Gastrite Varioliforme Crônica Conhecida também como gastrite erosiva crônica Doença rara, de etiologia desconhecida e associada a denso infiltrado linfocitário. Documentada em poucas crianças combinação variável de sintomas GI, anemia, enteropatia perdedora de proteínas e IgE sérico elevado. Achados endoscópicos: pregueado mucoso espessado e inúmeros nódulos proeminentes no fundo e corpo proximal do estômago. Wyllie - Pediatric Gastrointestinal and Liver Disease, 4th Edition - 2011