Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite L. Carlos Pinheiro Machado Fº, Maria J. Hötzel, Shirley Kuhnen, Luciana Honorato LETA – Laboratório de Etologia Aplicada e Bem-estar Animal, Dep. de Zootecnia e Des. Rural, CCA/UFSC. E-mail: [email protected] www.cca.ufsc.br/leta 1. Introdução “Qualidade” é um conceito subjetivo. “Boa” qualidade para uns pode ser insuficiente para outros. Mesmo medidas objetivas sobre qualidade, como contagem de células somáticas (CCS) e contagem total de bactérias (CTB), podem ter uma interpretação subjetiva, até mesmo na lei. Por exemplo, no Brasil até antes da Normativa 51/2002 o leite poderia ter até 1 milhão de células somáticas por ml, agora o limite está em 450 mil (MAPA, 2002). A decisão sobre critérios de qualidade também é subjetiva e dependente dos interesses de quem a formula. A IN 51 tem como critério exclusivo a qualidade sanitária e microbiológica do leite. Claro que qualidade sanitária do leite é muito importante para todos, mas sem dúvida interessa mais à indústria. Até porquê até a presente data todos bebemos leite com até 1 milhão de CCS/ml, quando muito! Então, a qualidade pode ter outras abordagens, em função de outros parâmetros e valores, que podem incluir muitos outros parâmetros, como o bem-estar das vacas leiteiras, por além do leite em si. É o que pretendemos discutir nesse texto. Sustentamos que a qualidade de algum alimento, e do leite em particular, deve se basear em três parâmetros: higiene e saúde (livre de patógenos e contaminantes, boa aparência, cor, viscosidade); valor biológico do produto (nutrientes esperados e existentes no alimento, constituição química); aspectos éticos (“custo ético” de produção: impacto ambiental, social, cultural, bem-estar). É certo que o bem-estar da vaca leiteira em produção tem também efeito direto na qualidade sanitária e biológica do leite. Vacas com mastite tem desconforto permanente (Fitzpatrick et al. 1998) e o leite terá maiores teores de CCS e CTB (Ruegg, 2006). O estresse crônico (p. ex., calor) pode levar a um menor teor de antioxidantes no leite, o que reduz sua qualidade biológica. Da mesma maneira, um leite saudável e com alto valor biológico é pressuposto para um leite com qualidade ética. Não seria nada ético oferecer um leite contaminado ou sem os nutrientes esperados, Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br para a população. Portanto, esses parâmetros se inter-penetram, e são melhor compreendidos quando abordados em conjunto. A separação se faz para efeito didático da exposição. 2. Bem-estar da vaca leiteira e valor biológico do leite: O leite é uma mistura complexa e heterogênea constituído por gorduras, proteínas e outros elementos sólidos suspensos em água. A alimentação dos animais tem influência direta sobre o conteúdo e a composição de constituintes que possuem efeitos benéficos a saúde humana, tais como ácidos graxos insaturados, micronutrientes solúveis em gordura e vitaminas lipossolúveis, especialmente carotenóides, vitaminas A e E (Martin et al, 2004). Os ácidos graxos linoléicos (CLA) são os ácidos graxos de maior interesse no leite. Os CLA são constituídos por uma mistura de isômeros do ácido linoléico (C18:2) com ligações duplas conjugadas. Os isômeros cis 9, trans 11, trans 10 e cis 2 estão entre os CLA majoritários com atividades biológicas conhecidas, sendo o primeiro o de maior ocorrência (80%) (Parodi, 2003). É sabido que a produção de leite a base de pasto resulta em um alimento com maior conteúdo de CLA quando comparado ao leite de vacas alimentadas com TMR (total mixed ratio) (Kay et al., 2004; Khanal et al., 2005; Khanal et al., 2008; Fanti et al., 2008), embora diferenças de composição dos CLAs presentes num e noutro leite, não tenham sido detectadas (Khanal et al., 2008). O interesse por um leite com alto teor de CLA se deve as suas reconhecidas propriedades anticarcinogênicas, antidiabéticas, antiadipogênicas e antiaterogênicas (Banni et al., 2003; Pariza, 1999). Tem-se também demonstrado que CLA possui efeitos benéficos sobre a formação de células sanguíneas, na resposta imune e sobre a saúde do sistema cardiovascular (Terpstra et al., 2002; Watkins & Seifert, 2000; Hu & Willett, 2002). Na Figura 1 estão mostradas as porcentagens de CLA em função do teor de gordura do leite de vacas mantidas por um período no pasto em relação a alimentação com outra dieta (TMR) (Khanal et al., 2008). Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br Figura 1- Variação da porcentagem de CLA do leite de vacas em função da alimentação. Cada linha representa uma vaca. A seta para baixo indica a entrada das vacas no pasto e a seta para cima a saída. As vacas foram alimentadas com TMR nos períodos em que não estavam no pasto (extraído de Khanal et al., 2008) Através da análise sensorial verificou-se que o público consumidor não é capaz de distinguir o leite produzido a base de pasto do convencional, não existindo diferenças de aceitação entre os produtos (Khanal et al., 2008). Contudo, não são apenas os produtos da oxidação dos ácidos linoléicos os responsáveis pelas características sensoriais do leite, existindo outros compostos importantes, tais como terpenos, ácidos fenólicos e nitrogênios heterocíclicos (Bendall, 2001). De forma similar, vacas criadas a pasto produzem um leite rico em carotenóides quando comparado àquele oriundo de animais alimentados com concentrados ou silagem de milho (Havemose et al., 2004; Martin et al., 2004). Os carotenóides são pigmentos vegetais que conferem coloração amarela ao leite e seus derivados, apresentando influência direta sobre as suas características sensoriais. O interesse por esses pigmentos está também baseado nos efeitos benéficos que os mesmos exercem sobre a saúde humana. Apesar de serem reconhecidos como moléculas precursoras da vitamina A, tem-se demonstrado que tais compostos possuem muitas outras atividades biológicas, tais como antioxidante, na diferenciação celular e na indução da comunicação célula a célula (Russel, Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br 1998). O teor de carotenóides no leite pode variar com a raça, o estado fisiológico, o nível de produção e o estado sanitário, mas certamente a pastagem é o fator mais significativo para as diferenças observadas. A dieta a base de pasto além de exercer influência direta sobre a qualidade do leite (valor biológico), produzindo um alimento rico em CLA, antioxidantes e precursores da vitamina A, também acarreta em efeitos benéficos à saúde dos animais. Dietas ricas em antioxidantes acabam por neutralizar os radicais livres e seus efeitos negativos sobre a saúde do animal (Frankel, 2005). O período após o parto e a própria produção de leite são situações fisiológicas onde os animais estão mais suscetíveis ao estresse oxidativo (Lohrke et al., 2005) que se caracteriza por ser um desequilíbrio entre a formação de radicais livres durante o metabolismo normal e a capacidade antioxidante endógena (Miller & Brezeinska-Slebodizinska, 1993; Weiss, 1998; Vázquez-Añón et al., 2008). Essa situação é bastante prejudicial para o animal uma vez que o quadro de estresse oxidativo está associado ao aparecimento de muitas desordens patológicas, como pneumonia, sepse e mastite (Basu & Eriksson, 2001; Lauritzen et al., 2003; Lykkesfeldt & Svendsen, 2007). A própria vitamina A têm influência sobre a manutenção da integridade funcional do tecido epitelial mamário, estando também envolvida na resposta imune celular (Krishnan et al., 1974). Foi verificado, por exemplo, a correlação entre a concentração de vitamina A no sangue de vacas em lactação e a incidência e a severidade de infecção na glândula mamária em quadros de mastite (Chew et al., 1982). 3. Bem-estar da vaca leiteira e qualidade sanitária do leite: Situações que causem dor, desconforto e doenças reduzem marcadamente o bem-estar dos animais; portanto, o conceito de qualidade do produto de origem animal, com relação ao modo de produção, deve incorporar a prevenção dessas situações e, mais do que isso, envolver os conceitos de saúde e bem-estar animal. A mastite, por exemplo, é uma condição muito dolorosa (Broom & Fraser, 2007). Na mastite também tem-se observado uma diminuição nos níveis de antioxidantes no leite associado a um aumento de radicais livres (peróxido de hidrogênio e radicais hidroxilas) bem como de moléculas induzidas por processos inflamatórios como o óxido nítrico (Weiss et al., 2004; Hamed et al., 2008; Atakisi et al., 2010). Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br Vários estudos indicam que a laminite também aumenta a sensibilidade à dor (Rushen et al., 2007; Rutherford et al., 2009). Sob as condições de desconforto permanente causados pela mastite, laminite ou outras enfermidades, os animais passam menos tempo se alimentando e ruminando (Almeida et al, 2008), o que leva a distúrbios metabólicos. A baixa qualidade do leite, nesses casos, se dá por conta da mudança na composição lipídica, sobretudo com o aumento de ácidos graxos livres, o que deteriora as propriedades sensoriais como sabor e odor do leite (Hanus et al, 2008). Pelo mesmo processo, a restrição alimentar, o balanço energético negativo e o estresse calórico também alteram a qualidade do leite. Muitos fatores ligados ao sistema de produção afetam a qualidade sanitária do leite. Animais estabulados têm uma microbiota nos tetos maior do que em animais a campo, assim como na ordenha manual a carga é maior do que na ordenha mecânica. O aumento no uso de concentrado na dieta tem sido associado com maior defecação e dificuldade de manter a limpeza das vacas (Ward et al, 2002). Assim, ao observarmos as condições ambientais, a rotina de manejo e o aspecto dos animais, podemos encontrar evidências que nos permitem inferir tanto sobre a qualidade de vida das vacas quanto a qualidade de seus produtos e, com base nessas evidências, planejarmos ações que promovam a saúde e bem-estar. Uma medida preventiva, por exemplo, é monitorar o estado nutricional dos animais através do escore de condição corporal (ECC). O risco de doenças metabólicas e mastite é associado a vacas muito magras ou obesas, portanto, o ECC é um indicador válido de bem-estar animal; o ECC ideal é 3,0 – 3,25, numa escala de 5 pontos, na época de parição (Roche et al, 2009). Outra medida prática é monitorar a aparência de limpeza das vacas, o que nos indica o nível de higiene do ambiente e está diretamente relacionado à ocorrência de mastites. Vacas com úberes e pernas sujas apresentam maior ocorrência de mastites (Ward et al., 2002) e CCS maior do que vacas limpas (Reneau et al., 2005). Da mesma forma, a presença de patógenos causadores de mastite é maior nas amostras de leite obtido de vacas com úberes sujos quando comparados com úberes limpos (Schreiner and Ruegg, 2003). Portanto, um escore de higiene do úbere deve ser usado, rotineiramente, como uma medida de controle de qualidade (Ruegg, 2006). Vacas sujas indicam um ambiente que, além de aumentar o risco de mastites, são desconfortáveis e afetam diretamente o bem-estar. Em ambientes confortáveis, Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br vacas leiteiras podem passar até 12 horas deitadas e, se relacionarmos a ordem de prioridade de comportamentos, o tempo para ficar deitada tem prioridade sobre o tempo comendo (Munksgaard et al, 2005). Porém, elas passam menos tempo deitadas quando submetidas a locais úmidos (Reich et al, 2010) e quando são privadas de deitar exibem comportamentos como balançar a cabeça, bater os pés e reposicionar o corpo, sinais que indicam desconforto (Cooper et al, 2007). Além da questão de higiene, é preocupante a presença de resíduos de antibióticos em leite produzido no Brasil, decorrente de tratamentos para mastite, que por sua vez está relacionada com a falta de higiene, cirando-se um círculo vicioso. A detecção de resíduos antimicrobianos depende das técnicas laboratoriais utilizadas e da metodologia de amostragens, por isso há uma grande diferença de resultados em diferentes estudos, com freqüências variando de 1% a 70% (Albuquerque et al, 1996; Porto et al, 2002; Nero et al, 2007) de amostras contaminadas. Além de uma questão relevante de saúde pública, o consumo de doses subterapêuticas de antibióticos induz à resistência crônica de microrganismos e inibe a multiplicação da microbiota natural, interferindo na qualidade do leite e derivados. 4. Bem-estar da vaca leiteira e aspectos éticos: Três principais questões capturam a essência da discussão em torno do bemestar de animais criados para fins zootécnicos: as experiências subjetivas, aspectos relacionados à adaptação ao ambiente e o estado biológico dos animais (por exemplo, Broom & Fraser, 2007; Rollin, 1995; Fraser et al., 1997; Lund & Rocklinsberg, 2001; Hötzel, 2005; Duncan, 2006; Dawkins, 2006). Fome, dor, ansiedade, medo, são algumas das emoções que resultam de estressores do ambiente. Na prática zootécnica, fatores ambientais que limitam a expressão dos comportamentos dos animais e geram emoções negativas geralmente também prejudicam a saúde, produtividade, reprodução e longevidade dos animais. Assim, práticas voltadas a melhorar o bem-estar dos animais também favorecem indicadores zootécnicos como produtividade e saúde. Alguns pontos críticos para o bem-estar na criação de bovinos leiteiros são a saúde reprodutiva, digestiva e do aparelho mamário e locomotor. Por exemplo, em Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br sistemas intensivos confinados o risco de uma vaca desenvolver mastite e laminite durante a lactação é entre 21 a 32 %, respectivamente, enquanto a de apresentar retenção de placenta ou metrite é de aproximadamente 15% (Gröhn et al., 2003). Embora o alojamento e forma de alimentação, dois importantes fatores predisponentes dessas condições, serem diferentes na criação confinada ou a base de pasto, poucos trabalhos tem sido desenvolvidos no sentido de avaliar esses problemas nos diferentes sistemas de criação (por exemplo, Lorenzon, 2004; Honorato, 2006; Sato, 2005). Outro grave problema é a mortalidade de bezerros, e alguns problemas sociais (Jensen & Budde, 2006) e nutricionais (De Paula Vieira et al., 2008), relacionados à criação de bezerras até o desaleitamento. Normalmente as bezerras leiteiras de reposição são alimentadas com um volume de leite equivalente a 10% do seu peso vivo, o que equivale a aproximadamente metade do seu consumo voluntário (Appleby et al., 2001). Mesmo quando as bezerras tem acesso a ração inicial, o consumo no primeiro mês não é suficiente para compensar a restrição nutricional (Jasper & Weary, 2002; von Keyserlingk et al., 2006). Associado ao baixo ganho de peso, uma série de comportamentos indicam que há um importante comprometimento do bem-estar desses animais (De Paula Vieira et al., 2008). Na rotina da criação de bovinos leiteiros alguns procedimentos causam a dor e desconforto, como o amochamento de bezerros, contribuem para o empobrecimento do bem-estar (Weary et al., 2006). Outra questão relevante para o bem-estar e produtividade de vacas leiteiras é a qualidade das interações entre os animais e os humanos que os manejam (Rushen et al., 1999; Hemsworth & Coleman, 1998; Boissy et al., 1995). O comportamento dos animais amedrontados, que tendem a evitar o tratador, reforça o comportamento aversivo no manejador, em um processo de retro-alimentação indesejável. O medo de seres humanos também pode ter implicações práticas para a produtividade em vacas leiteiras comerciais (Rushen et al., 1999; Hötzel et al., 2005). Por exemplo, estima-se que 20% da variação do rendimento de leite em vacas é explicada pelo medo dessas em relação às pessoas que as tratam (Breuer et al., 2000), o que indica a ocorrência de estresse nos animais. Em um trabalho desenvolvido no Brasil, estimou-se uma perda de produção de leite em até 1 kg por ordenha em vacas tratadas aversivamente pelo ordenhador (Rosa, 2002). Leite Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br residual é um dos principais fatores predisponentes de mastite, e nas situações acima citadas tem-se um círculo viciosos de tratamento aversivo, que causa medo à vaca, o que afeta seu bem-estar; o leite residual causado pelo medo e a consequente inibição da ação da ocitocina pela descarga de adrenalina na corrente sanguínea; a mastite provocada pelo leite residual que causa mais desconforto à vaca e um leite de menor qualidade, especialmente se a mastite se mantiver em níveis sub-clínicos. A relação entre animais e seus manejadores é influenciada por vários fatores relacionados ao sistema de criação, destacando-se a forma de alimentação e alojamento, o tipo de mão-de-obra, características culturais e socioeconômicas dos trabalhadores, e características dos animais como o genótipo, longevidade e a composição e o tamanho do rebanho. Por exemplo, agricultores que utilizam homeopatia parecem ter um tratamento mais amigável com seus animais (Honorato, 2006), e isso provavelmente está associado com as condições gerais de criação e a forma com que o agricultor percebe o animal. Pelo acima exposto, é evidente que as questões de bem-estar na bovinocultura de leite, por serem principalmente relacionadas ao alojamento, alimentação e seleção genética e relação humano-animal, são fortemente influenciadas pelo sistema de criação. Nas unidades de criação a pasto os maiores problemas podem estar relacionados à variação sazonal na oferta de alimento, ausência de abrigo para os extremos climáticos, doenças decorrentes da malnutrição, a utilização de genótipos inadequados, deficiências na distribuição de água e doenças parasitárias. Já naquelas onde a produção é à base de grãos, os maiores problemas podem ser aqueles relacionados à doenças metabólicas, à saúde do aparelho reprodutor e do locomotor, e problemas comportamentais causados pela inadequação das instalações. Como comentado anteriormente, a alimentação à base de pastagem fresca fornece à vaca leiteira uma dieta rica em antioxidantes e precursores da vitamina A, fundamentais nos processos de prevenção do estresse oxidativo (Lohrke et al., 2005). Também a presença de vitamina A na dieta de vacas lactantes tem efeito positivo sobre a menor incidência e severidade de infecção na glândula mamária em quadros de mastite (Chew et al., 1982). Em relação à criação de bezerros e doenças do aparelho mamário, os problemas podem estar presentes em ambos sistemas, mas ligados a motivos Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br diferentes, como deficiências de higiene nas propriedades mais descapitalizadas, e a alta produtividade e inadequação das instalações naquelas mais capitalizadas. É fundamental chamar a atenção ao fato de que, ao avaliar o sistema de criação em relação ao bem-estar animal, nunca se deve comparar sistemas diferentes em condições diferentes. O correto é discutir o potencial de cada sistema para oferecer as melhores condições e bem-estar, levando em conta as condições ambientais da região, especialmente as climáticas. Mais importante, é imprescindível considerar que, uma vez que a motivação humana em relação ao bem-estar dos animais é de natureza ética, é incoerente discutir o impacto das decisões tomadas em relação ao bem-estar dos animais sem relacionar as implicações sociais, econômicas, energéticas e ambientais do sistema de produção. Dentre as conseqüências da industrialização da agricultura que vem ocorrendo desde a metade do século passado, destaca-se a forte monopolização da atividade agrícola, concentração da produção e da propriedade, com uma redução no número de propriedades e um favorecimento das formas de produção dependentes de capital e insumos não renováveis. Na criação animal, essa concentração de grande número de animais em uma dada região tem produzido em alguns casos excessos, superando a capacidade do ambiente de reciclar os nutrientes. A concentração animal frequentemente implica também no uso excessivo de água, outro tema que chega tarde à discussão da ética na produção animal (Machado Filho et al., 2007). A produção a base de pasto, em sistemas rotativos bem manejados, representa uma alternativa de produção de leite a baixo custo (Lorenzon, 2004), capaz de responder aos questionamentos relacionados à produção de ruminantes na área ambiental e social (Steinfeld, 2006; Machado Filho et al., 2007). Para ajudar a reverter o processo de concentração e confinamento, é necessário desenvolver tecnologias apropriadas para a produção a baixo custo e de baixo impacto ambiental em pequenas e médias propriedades, e promover a criação de oportunidades de colocação dos produtos em mercados diferenciados. A produção de leite em um sistema que respeite princípios ecológicos e considere questões sociais e o bemestar animal, pode favorecer o pequeno e médio agricultor através da obtenção de um preço diferenciado para o seu produto, e representar uma oportunidade de crescimento sustentável para a indústria. O consumidor urbano brasileiro Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br rapidamente começa a adotar padrões de consumo já presentes em outros países, procurando produtos que atendam à sua demanda por produtos que identifica como mais saudáveis e condizentes com a sua ética em relação a questões ambientais e do bem-estar dos animais (Broom, 1999; Fraser, 2006) o que pode ser verificado na oferta de produtos orgânicos, agroecológicos e outros, em feiras especializadas e grande supermercados (Machado Filho, 2000; Hötzel, 2005). 5. Leite com qualidade ética: O trabalho, negócio, estudo ou pesquisa de qualquer pessoa não está livre de julgamento pela sociedade. Afinal, tudo que é produzido tem a finalidade de ser vendido às pessoas que compõe a sociedade. Logo, essas mesmas pessoas tem o direito de demandar aspectos de qualidade. As mudanças se dão sempre de “fora para dentro” e quando as contradições se aguçam a tal ponto que há uma ruptura. São os cientistas da Etologia Aplicada que tem pesquisado as questões do bemestar dos animais zootécnicos. Entretanto, as preocupações com o tema tem raiz no livro de Ruth Harrisson, “Animal Machines”, de 1964 (Harrisson, 1964), que tiveram a primeira conseqüência prática na criação animal, com as cinco liberdades propostas no ano seguinte pelo Comitê Brambell (Brambell, 1965). A sociedade atual tem demandado alimentos de qualidade e baixo custo. E em muitos casos as pessoas estão dispostas a pagar um pouco mais por um produto que tenha sido produzido dentro de padrões éticos e com maior qualidade biológica. Em diferentes partes do mundo tem havido boicotes a certos tipos de produto animal ou vegetal pela forma como foi obtido. Talvez o exemplo mais expressivo tenha sido o uso de casaco de pele de foca, antes um símbolo de riqueza, charme, poder. Hoje rejeitado por grande parte das pessoas. Isso após ampla campanha de ativistas pró-“direitos dos animais”, denunciando a forma como os filhotes de foca eram abatidos: a pauladas para não danificar a pele. Assim um leite com qualidade ética, é aquele produzido por vacas saudáveis e “felizes” (com bem-estar), e num ambiente limpo; cuja alimentação seja à base de pasto, de forma a otimizar a utilização dos recursos endógenos e da energia solar na produção; esse tipo de sistema produtivo tem impacto ambiental mínimo, a alimentação dos animais não compete com humanos (grãos) e o custo de produção Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br é reduzido, garantindo maior rentabilidade ao produtor e um leite de qualidade ao consumidor sem onerar seu orçamento. Não por acaso o leite assim produzido também é mais saudável aos humanos, e vacas assim criadas tem melhor sistema imunológico e menor incidência de doenças da criação (laminite, mastite, metrite, cetose, febre do leite). 6. Conclusão: Pelo exposto pensamos que devemos propor que se façam esforços de pesquisa, de políticas públicas, de participação pró-ativa do setor privado, das organizações da Agricultura Familiar e demais trabalhadores rurais, inclusive os sem-terra, no sentido de produzir um leite com qualidade ética. Onde os produtores de leite e suas famílias tenham uma atividade prazerosa e remunerada de maneira digna; nossos recursos naturais, florestas, águas, espécies silvestres, possam ser protegidos para as futuras gerações; que se produza um leite de “vaca feliz”; que o poder público possa se orgulhar de políticas bem-sucedidas e de uma certificação de origem de territórios do leite ético; e finalmente que o setor privado possa oferecer ao público um produto saudável, de alta qualidade biológica, e que traga junto um sabor de cidadania e civilidade. 7. Referências: ALBUQUERQUE, L.M.B., MELO, V.M.M., MARTINS, S.C.S. Investigações sobre a presença de resíduos de antibióticos em leite comercializado em Fortaleza-CEBrasil. Higene Alimentar, São Paulo, v.10, n.41, p.29-32, 1996. ALMEIDA, P.E.; WEBER, P.S.D.; BURTON, J.L.; ZANELLA, A.J. Depressed DHEA and increased sickness response behaviors in lame dairy cows with inflammatory foot lesions. Domestic Animal Endocrinology v.34, p.89–99, 2008. APPLEBY, M.C., WEARY, D.M., CHUA, B. Performance and feeding behaviour of calves on ad libitum milk from artificial teats. Applied Animal Behaviour Science, v. 74, n. 3, p. 191-201, 2001. ATAKISI, O., ORAL, H., ATAKISI, E., MERHAN, O., PANCARCI, S. M., OZCAN, A., MARASLI, S., POLAT, B., COLAK, A., KAYA, S. Subclinical mastitis causes alterations in nitric oxide, total oxidant and antioxidant capacity in cow Milk. Research in Veterinary Science, .v 89, p.10–13, 2010. BANNI, S., HEYS, C.S.D., WAHLE, K.W.J. Conjugated linoleic acid as anticancernutrients: studies in vivo and cellular mechanisms. In: Advances in Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br Conjugated Linoleic Acid Research, ed. Sebedio, J., Christie, W.W., Adolf, R., vol. 2, Champaign, IL, AOCS Press, p. 267–281, 2003. BASU, S., ERIKSSON, M. Retinol palmitate counteracts oxidative injury during experimental septic shock. Annals of the Academy of Medicine, Singapore, v. 30, p. 265–269, 2001. BENDALL, J. G. Aroma compounds of fresh milk from New Zealand cows fed different diets. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 49, p. 4825–4832, 2001. BOISSY, A. Fear and fearfullness in animals. The Quaterly Review of Biology, v. 70, n. 2, p. 165-191, 1995. BREUER, K., HEMSWORTH, P., BARNETT, J. Behavioural response to humans and the productivity of commercial dairy cows. Applied Animal Behaviour Science, v.66, n.4, p.273-288, 2000. BROOM, D.M. Welfare and how it is affected by regulation. In: Regulation of Animal Production in Europe, ed. Kunish, M., Ekkel, H. Darmstadt: K.T.B.L. p.51-57. 1999. BROOM, D.M. & FRASER, A.F. Domestic animal behaviour and welfare. 4th ed. CAB International, 2007. CHEW, B.P., HOLLEN, L.L., HILLERS, J.K., HERLUGSON, M.L. Relationship between Vitamin A and beta-carotene in blood plasma and milk and mastitis in Holsteins. Journal of Dairy Science, v. 65, p. 2111–2118, 1982. COOPER, M. D., D. R. ARNEY, AND C. J. C. PHILLIPS. Two- or four-hour lying deprivation on the behavior of lactating dairy cows. J. Dairy Sci. 90:1149-1158, 2007. DAWKINS, M. S. A user’s guide to animal welfare science. TRENDS in Ecology and Evolution, v.21, n. 2, p. 77-82, 2006. DE PAULA VIEIRA, A., GUESDON, V., DE PASSILLE, A.M., VON KEYSERLINGK, M.A.G., WEARY, D.M. Behavioural indicators of hunger in dairy calves. Applied Animal Behaviour Science, v. 109, p. 180–189, 2008. DUNCAN, I.J.H. The changing concept of animal sentience. Applied Animal Behaviour Science, v. 100, n. p. 11–19, 2006. FANTI, M.G.N., ALMEIDA, K.E., RODRIGUES, A.M., SILVA, R.C., FLORENCE, A.C.R., GIOIELLI, L.A., OLIVEIRA, M.N. Contribuição ao estudo das características físico-químicas e da fração lipídica do leite orgânico. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 28, p. 259-265, 2008. FITZPATRICK, J.L.; YOUNG, F.J.; ECKERSALL, D.; LOGUE, D.N.; KNIGHT, C.J.; NOLAN, A. Recognising and controlling pain and inflammation in mastitis. Proceedings of the British Mastitis Conference 1998, Axient/Institute for Animal Health, Milk Development Council/Novartis Animal Health, p. 36-44, 1998. FRANKEL, E. N. Antioxidants.In: Lipid Oxidation, ed. Frankel, E. N. Bridgwater, UK, The Oily Press, 2 ed., p. 209–258, 2005. FRASER, D. Animal welfare assurance programs in food production: a framework for assessing the options. Animal Welfare, v. 15, p. 93-104, 2006. Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br FRASER, D., WEARY, D.M., PAJOR, E.A., MILLIGAN, B.N. A scientific conception of animal welfare that reflects ethical concerns. Animal Welfare, v. 6, n. 3, p. 187205, 1997. GRÖHN, Y.T., RAJALA-SCHULTZ, P.J., ALLORE, H.G., DELORENZO, M.A., HERTL, J.A., GALLIGAN, D.T. Optimizing replacement of dairy cows: modeling the effects of diseases. Preventive Veterinary Medicine, v. 61, n. p. 27-43, 2003. HAMED, H., FEKI, A.E., GARGOURI, A. Total and differential bulk cow milk somatic cell counts and their relation with antioxidant factors. Comptes Rendus Biologies, v. 331, p. 144–151, 2008. HANUŠ, O.; VEGRICHT, J.; FRELICH, J.; MACEK, A.; BJELKA, M.; LOUDA, F.; JANŮ, L. Analysis of raw cow milk quality according to free fatty acid contents in the Czech Republic. Czech J. Anim. Sci., 53, (1): 17–30, 2008. HAVEMOSE, M.S., WEISBJERG, M.R.W., BREDIE, L.P., NIELSEN, J.H. Influence of feeding different types of roughage on the oxidative stability of milk. International Dairy Journal, v. 14, p. 563–570, 2004. HEMSWORTH, P.H., COLEMAN, G.J. Human–Livestock Interactions: The Stockperson and the Productivity and Welfare of Intensively Farmed Animals, 1™ ed. CAB International, Wallingford, UK, 1998. HONORATO, L. A. A interação humano-animal e o uso de homeopatia em bovinos de leite. Florianópolis, 2006, 117f. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Universidade Federal de Santa Catarina. HÖTZEL, M. J. Bem-Estar de Animais Zootécnicos: Aspectos éticos, Científicos e Regulatórios 2005 (Monografia). Universidade Federal de Santa Catarina. 57 pp. HÖTZEL, M. J.; MACHADO Fº, L. C. P.; YUNES, M. C.; SILVEIRA, M. C. A. C. Influência de um Ordenhador Aversivo sobre a Produção Leiteira de Vacas da Raça Holandesa. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 4, p. 1278-1284, 2005. HU, F.B., WILLETT, W.H. Optimal diets for the prevention of coronary heart disease. Journal of the American Medical Association, v. 288, p. 2569–2578, 2002. JASPER, J., WEARY, D.M. Effects of ad libitum milk intake on dairy calves. Journal of Dairy Science, v. 85, n. 11, p. 3054-3058, 2002. JENSEN, M.B., BUDDE, M. The Effects of Milk Feeding Method and Group Size on Feeding Behavior and Cross-Sucking in Group-Housed Dairy Calves. Journal of Dairy Science, v. 89, n. 12, p. 4778-4783, 2006. KAY, J.K., MACKLE, T.R., AULDIST, M.J., THOMPSON, N.A., BAUMAN, D.E. Endogenous synthesis of cis-9, trans-11 conjugated linoleic acid in dairy cows fed pasture. J Journal of Dairy Science, v. 87, p. 369–378. 2004. KHANAL, R.C., DHIMAN, T.R., BOMAN, R.L. Changes in fatty acid composition of milk from lactating dairy cows during transition to and from pasture. Livestock Science, v. 114, p. 164–175, 2008. KHANAL, R.C., DHIMAN, T.R., URE, A.L., MCMAHON, D.J., BOMAN, R.L. Consumer acceptability of conjugated linoleic acid-enriched milk and cheddar cheese from cows grazing on pasture. Journal of Dairy Science, v. 88, p. 1837– 1847, 2005. Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br KRISHNAN, S., BHUYAN, U.N., TALWAR, G.P., RAMALINGASWAMI, V. Effects of vitamin A and protein calorie undernutrition on immune responses. Immunology, v. 27, p. 383, 1974. LAURITZEN, B., LYKKESFELDT, J., FRIIS, C. Evaluation of a single dose versus divided dose regimen of danofloxacin in treatment of Actinobacillus pleuropneumoniae infection in pigs. Research in Veterinary Science, v. 74, p. 271–277, 2003. LOHRKE, B., VIERGUTZ, T., KANITZ, W., LOSAND, B., WEISS, D.G., SIMKO, M. Short communication: Hydroperoxides in circulating lipids from dairy cows: Implications for bioactivity of endogenous- oxidized lipids. Journal of Dairy Science, v. 88, p.1708–1710, 2005. LORENZON, J. Impactos sociais, econômicos e produtivos das tecnologias de produção de leite preconizadas para o Oeste de Santa Catarina: estudo de caso. Florianópolis, 2004, 124f. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Universidade Federal de Santa Catarina. LUND, V., RöCKLINSBERG, H. Outlining a conception of animal welfare for organic farming systems. Journal of Agricultural & Environmental Ethics, v. 14, n. 4, p. 391-424, 2001. LYKKESFELDT, J., SVENDSEN, O. Oxidants and antioxidants in disease: oxidative stress in farm animals. Veterinary Journal, v. 173, p. 502–511, 2007. MACHADO Fº, L. C. P.; Bridi, A. M.; HöTZEL, M. J. Ética na Produção Animal. In: Ana Maria Bridi, Nilva Nicolao Fonseca, Caio AbÈrcio da Silva, João Waine Pinheiro. (Org.). A Zootecnia Frente a Novos Desafios. Londrina: UEL, 2007, p. 3-16. MACHADO FILHO, L. C. P. Bem-estar de suÌnos e qualidade da carne: uma vis„o brasileira. In: CONFER NCIA INTERNACIONAL VIRTUAL SOBRE QUALIDADE DE CARNE SUÕNA, 1., 2000, ConcÛrdia. Anais... Concórdia: CNPSA/EMRAPA, 2000. CD-ROM, 7 p. MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 51 DE 18 DE SETEMBRO DE 2002. Disponível em http://www.extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/consultarLegislacao.do MARTIN, B., FEDELE, V., FERLAY, A., GROLIER, P., ROCK, E., GRUFFAT, D., CHILLIARD., Y. Effects of grass-based diets on the content of micronutrients and fatty acids in bovine and caprine dairy products. Grassland Science in Europe, v. 9, p. 876–886, 2004. MILLER, J. K., BREZEINSKA-SLEBODIZINSKA, E. Oxidative stress, antioxidants and animal function. Journal of Dairy Science, v. 76, p. 2812–2823, 1993. MUNKSGAARD, L., M. B. JENSEN, L. J. PEDERSEN, S. W. HANSEN, AND L. MATTHEWS. Quantifying behavioural priorities - effects of time constraints on behaviour of dairy cows, Bos taurus. App. Anim. Behav. Sci. 92:3-14, 2005. NERO, L.A.; MATTOS, M.R. DE; BELOTI, V.; BARROS, M.A.F.; DE MELO FRANCO, B.D.G. Resíduos de antibióticos em leite cru de quatro regiões leiteiras no Brasil. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 27(2): 391-393, abr.-jun. 2007. Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br PARIZA, M.W. The biological activities of conjugated linoleic acid. In: Advances in Conjugated Linoleic Acid Research, ed. Yurawecz, M.P., Mossoba, M.M., Kramer, J.K.G., Pariza, M.W., Nelson, G.J., vol. I., Champaign, IL, AOCS Press, p.12–20, 1999. PARODI, P., 2003. Conjugated linoleic acid in food. In: Advances in Conjugated Linoleic Acid Research, ed. Sebedio, J., Christie, W.W., Adolf, R. vol. 2. Champaign, IL, AOCS Press, p.101–121. 2003. REICH, L. J., D. M. WEARY, D. M. VEIRA, AND M. A. G. VON KEYSERLINGK. Effects of sawdust bedding dry matter of lying behavior of dairy cows: A dosedependent response. J. Dairy Sci. 93:1561-1565, 2010. RENEAU, J.K., A.J. SEYKORA, B.J. HEINS, M.I. ENDRES, R.J. FARNSWORTH AND R.F. BEY. Association between hygiene scores and somatic cell scores in dairy cattle. JAVMA.227: 1297-1301, 2005. ROCHE, J.R.; FRIGGENS, N.C.; KAY, J.K.; FISHER, M.W.; STANFFORDS, K.J.; BERRY D.P. Body condition score and its association with dairy cow productivity, health and welfare. Journal Dairy Science, vol 92, issue 12, 5769 – 5801, 2009. ROLLIN, B. E. Farm animal welfare: social, bioethical, and research issues. Ames: Iowa State University Press. 1995. 168 p. ROSA, M. S. Interação entre retireiros e vacas leiteiras na ordenha. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. 2002. 52 p. RUEGG, P.L. The role of hygiene in efficient milking. WCDS Advances in Dairy Tecnology. 18: 285- 293, 2006. RUSHEN, J., POMBOURCQ, E., DE PASSILLÉ, A.M. Validation of two measures of lameness in dairy cows. Applied Animal Behaviour Science. 106, 173–177, 2007. RUSHEN, J., TAYLOR, A.A., DE PASSILLE, A.M. Domestic animals' fear of humans and its effect on their welfare. Applied Animal Behaviour Science, v. 65, n. 3, p. 285-303, 1999. RUSSEL, R.M. Physiological and clinical significance of carotenoids. International Journal of Vitamin and Nutrition Research, v. 68, p. 349–353, 1998. RUTHERFORD, K.M.D.; LANGFORD, F.M.; JACK, M.C.; SHERWOOD, L.; LAWRENCE, A.B.; HASKELL, M.J. Lameness prevalence and risk factors in organic and non-organic dairy herds in the United Kingdom. The Veterinary Journal 180, 95–105, 2009. SATO, K., BARTLETT, P.C., R.J. ERSKINE, R.J., KANEENE J.B. A comparison of production and management between Wisconsin organic and conventional dairy herds. Livestock Production Science, v. 93, p. 105–115, 2005. SCHREINER, D.A., AND P.L. RUEGG. Relationship between udder and leg hygiene scores and subclinical mastitis. J. Dairy Sci. 86: 3460-3465, 2003. STEINFELD, H.; GERBER, P.; WASSENAAR, P.; CASTEL, V.; ROSALES, M.; DE HAAN, D. Livestock long Shadows: environmental issues and options. FAO, Rome, 407 p. 2006. Disponível em: http://www.cbql.com.br Machado Filho, L.C., Hötzel, M.J., Kuhnen, S., Honorato, L. Bem-estar de vacas leiteiras e qualidade do leite. IV Congresso Brasileiro da Qualidade do Leite. Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis, SC, 2010. Disponível em: http://www.cbql.com.br TERPSTRA, A.H.M., BEYNEN, A.C., EVERTS, H., KOCSIS, S., KATAN, M.B., ZOCK, L. The decrease in body fat in mice fed conjugated linoleic acid is due to increases in energy expenditure and energy loss in the excreta. Journal of Nutrition, v. 132, p. 940–945, 2002. VÁZQUEZ-AÑÓN, M., JENKINS, T. Effects of feeding oxidized fat with or without dietary antioxidants on nutrient digestibility, microbial nitrogen, and fatty acid metabolism. Journal of Dairy Science, v. 90, p. 4361–4367, 2007. VON KEYSERLINGK, M. A. G., WOLF, F. M., HÖTZEL, M. J., WEARY, D. M. Effects of continuous versus periodic milk availability on behavior and performance of dairy calves. Journal of Dairy Science, v. 89, p. 2126 - 2131, 2006. WARD, W.R., J.W. HUGHES, W.B. FAULL, P.J. CRIPPS, J.P. SUTHERLAND AND J.E. SUTHERST. Observational study of temperature, moisture, pH and bacteria in straw bedding, and fecal consistency, cleanliness and mastitis in cows in four dairy herds. Vet. Rec. 151:199-206, 2002. WATKINS, B.A., SEIFERT, M.F. Conjugated linoleic acid and bone biology. Journal of the American College of Nutrition, v. 19, p. 478S–486S, 2000. WEARY, D.M., NIEL, L., FLOWER, F.C., FRASER, D. Identifying and preventing pain in animals. Applied Animal Behaviour Science, v. 100, n. 1-2, p. 64-76, 2006. WEISS, W. P. Requirements of fat-soluble vitamins for dairy cows: A review. Journal of Dairy Science, v. 81, p. 2493–2501, 1998. WEISS, W.P., HOGAN, J.S., SMITH, K.L. Changes in vitamin C concentrations in plasma and milk from dairy cows after an intramammary infusion of Escherichia coli. Journal of Dairy Science, v. 87, p. 32–37, 2004. Disponível em: http://www.cbql.com.br