A espiritualidade no limite da ciência: da interculturalidade em situação póscolonial ao transe como método
Jacques Gauthier1
Quando pisamos a grama da terra,
estamos conscientes de que somos feitos de ar, de luz do sol,
minerais e águas;
que somos filhos da terra e do céu,
ligados a todos os outros seres, sejam animados ou inanimados.
Esta é a prática do não-eu.
THICH NHAT HANH: Cultivando a Mente de Amor, p. 57.
RESUMO
A partir da vigilância amorosa necessária em pesquisas interculturais, o autor investiga os
caminhos da integração da orientação espiritual da ciência dos seus parceiros de pesquisa
nas próprias epistemologia e metodologia científicas. Por transdução paradoxal, ele percorre
quatro momentos: o momento dialógico de conscientização das singularidades, que
cria a desterritorialização dos saberes; o momento da complexidade aberta, que
dá espaço e tempo à suplementariedade das agonias onde se tecem identidades
fluentes, múltiplas e provisórias; o momento da vacuidade amorosa, onde
assistimos às desidentificações e às fugas da intuição rumo a uma espiritualidade
transcultural; enfim, o momento da conspiração do brincar, onde o transe aparece
como método, prática concreta da criação poética de si. Pelo uso e abuso do
referencial bergsoniano em diálogo com práticas xamânicas, afrodescendentes e
budistas, os sociopoetas estão convidados a criarem, alem de confetos, intuicetos.
Palavras-chave: espiritualidade, epistemologia, sociopoética.
RESUME
La spiritualité dans les limites de la science: de l´interculturalité en situation postcoloniale à la transe comme méthode
A partir de la vigilance amoureuse nécessaire dans les recherches interculturelles, l´auteur
examine les chemins de l´intégration de l´orientation spirituelle de la science de ses
partenaires de recherche dans l´épistémologie et la méthodologie scientifique ellesmêmes. Par transduction paradoxale, il parcourt quatre moments : le moment dialogique de
conscientisation des singularités, qui crée la déterritorialisation des savoirs ; le moment de
la complexité ouverte, qui donne espace et temps à la supplémentarité des agonies où se
tissent des identités fluides, multiples et provisoires ; le moment de la vacuité amoureuse,
où nous assistons aux désidentifications et aux fuites de l´intuition pour une spiritualité
transculturelle ; enfin, le moment de la conspiration du jeu, où la transe apparaît comme
méthode, pratique concrète de la création poétique de soi. Par l´us et abus de la référence à
Bergson en dialogue avec des pratiques chamaniques, afrodescendantes et bouddhistes, les
sociopoètes sont invités à créer, en plus des confects, des intuicepts.
Mots-clés: spiritualité, épistémologie, sociopoétique.
1
Doutor em filosofia, professor de Filosofia e de Estudos culturais no Centro Universitário Jorge Amado
(UNIJORGE, Salvador, Bahia). Contato: [email protected]
RESUMEN
La espiritualidad dentro de los límites de la ciencia: la situación intercultural en la postcolonial, el trance como un método
Da vigilancia amorosa necesaria en la investigación intercultural, el autor investiga las
formas de integrar la orientación espiritual de la ciencia de sus socios de investigación en
sus propias epistemología y metodología científicas. Por transducción paradójico, atraviesa
cuatro períodos: el momento dialógico de concientización de las singularidades, lo que
crea la destierritorialización del conocimiento; el momento de la complejidad abierta que
da espacio y tiempo a la suplementariedad de las agonías donde se tejen las identidades
fluidas, múltiples y provisionales; el momento de la vacuidad amorosa, donde vimos las
desidentificaciones y las fugas de la intuición hacia una espiritualidad transcultural; por
último, el momento de la conspiración del jugar, donde el trance aparece como método,
práctica concreta de la creación poética de sí. Para el uso y abuso del marco bergsoniana en
el diálogo con las prácticas chamánicas, afroamericanos y budistas, los sociopoetas están
invitados a crear, además los confetos, intuicetos.
Palabras-clave: espiritualidad, epistemología, sociopoética.
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