SISTEMA AERÓBIO E ANAERÓBIO
TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA
Profº Carlos André Barros de Souza
Quando grandes quantidades de energia são liberadas durante o exercício, a
energia utilizada para o calor é bastante para aumentar a temperatura corporal.
A energia adquirida através dos alimentos precisa ser transformada em um
composto chamado trifosfato de adenosina (ATP) antes que possa ser
aproveitada pelo organismo.
Diferentes atividades físicas, dependendo da duração e da intensidade, ativam
sistemas específicos de transferência de energia. Existem três sistemas de
transferência de energia (Mcardle et al, 2003).
1. SISTEMA ATP-CP (do fosfagênio) ou Anaeróbio Alático
Esse sistema representa a fonte de energia disponível mais rápida do ATP
para ser usado pelo músculo, porque esse processo de geração de energia
requer poucas reações químicas, não requer oxigênio e o ATP e o PC estão
armazenados e disponíveis no músculo. As reservas de fosfagênio nos
músculos ativos são esgotadas provavelmente após 10 segundos de exercício
extenuante, como EX.: uma série de 10 repetições com carga de 70% a 90%
da força máxima em qualquer aparelho de musculação.
2. GLICÓLISE ANAERÓBIA OU SISTEMA ANAERÓBIO LÁTICO
À medida que o exercício explosivo progride para 60 segundos de duração e
que ocorre uma ligeira redução no rendimento de potência, a maior parte da
energia ainda terá origem nas vias metabólicas. Entretanto, essas reações
metabólicas envolvem também o sistema de energia em curto prazo da
glicólise, com o subseqüente acúmulo de lactato. (Mcardle et al, 2003).
Esse sistema metabólico gera o ATP para necessidades energéticas
intermediárias, tendo como exemplo atividades tipo: pique 200-400 m, natação
de 100 m. O denominador comum dessas atividades é a sustentação de
esforço de alta intensidade e não ultrapassam os dois minutos.
O sistema de ácido lático, ou glicose anaeróbia, não requer oxigênio; gera
como subproduto o ácido lático, que causa fadiga muscular; usa somente
carboidratos; e libera aproximadamente duas vezes mais ATP do que o
sistema fosfagênio (Manual do profissional de fitness Aquático, AEA, Shape,
2001).
3. SISTEMA AERÓBIO OU OXIDATIVO
À medida que a intensidade do exercício diminui e a duração é prolongada
para 2 a 4 minutos, a dependência da energia proeminente dos fosfagênios
intramusculares e da glicólise anaeróbica diminui e a produção aeróbia de ATP
torna-se cada vez mais importante. (Mcardle et al, 2003).
Exemplos de exercícios que utilizam o sistema aeróbio podem incluir:
hidroginástica de 40-60 minutos, corridas longas de 5000 m, natação mais que
1500 m, ciclismo acima de 10 km e triathlon.
CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE ENERGIA (AFAA, 1995)
FIBRAS MUSCULARES E SUAS RELAÇÕES COM O SISTEMA AERÓBIO E
ANAERÓBIO
Existem dois tipos distintos de fibras musculares nos seres humanos. Uma fibra
de contração rápida, ou tipo II, possui duas subdivisões primárias, tipo IIa e tipo
IIb, cada cada uma delas possuindo uma alta velocidade de contração e uma
alta capacidade para a produção anaeróbia de ATP na glicólise. A fibra tipo IIa
possui também uma capacidade aeróbia ligeiramente mais alta. As fibras tipo II
tornam-se ativas durante as atividades com mudança de ritmo e com paradas e
arranques, como basquete, futebol e hóquei sobre o gelo.
O segundo tipo de fibra, a fibra muscular de contração lenta, ou tipo I, gera
energia principalmente através das vias aeróbias. Esta fibra possui uma
velocidade de contração relativamente lenta em comparação com sua
congênere de contração rápida. Sua capacidade de geração aeróbia de ATP
está intimamente relacionada às numerosas grande mitocôndrias e altos níveis
das enzimas necessárias para o metabolismo aeróbio, particularmente o
catabolismo dos ácidos graxos (Mcardle et al, 2003).
BARREIRA NA POTÊNCIA AERÓBIA
Acredita-se que, nas provas atléticas em que a potência aeróbia predomina, o
principal fator limitante seja o potencial oxidante muscular e o conteúdo
mitocondrial (Souza Jr., Pereira, 2005 apud Gollnick et al., 1985). Estudos
demonstraram que a atividade da enzima succinato desidrogenase elava-se
até a oitava semana de treinamento com exercício prolongado, com carga
mantida constante, mas se estabiliza posteriormente. Esse resultado é redução
progressiva na supercompensação de substratos gastos em razão dos
processos de ajustes decorrentes do treinamento físico orientado pelos
princípios da especialização e sobrecarga.
BARREIRA NA POTÊNCIA ANAERÓBIA
A barreira de velocidade pode ocorrer quando no processo de treinamento
dessa capacidade física nenhuma exigência nova e maior é possível de ser
imposta ao organismo do corredor de velocidade. Obtém-se, nesse caso,
estabilização da velocidade de movimentos em provas atléticas dependentes
da capacidade anaeróbica (Souza Jr., Pereira, 2005). Zatsiorsky (1995) chama
atenção nesse caso para “Lei de Acomodação” como fator responsável pelo
surgimento desse problema, afirmando que essa é uma lei geral da Biologia e,
portanto, aplicável a todos seres vivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COOPERATIVA DO FITNESS. Nutrição - Produção de energia (como
conseguimos a energia para exercitarmos). Disponível em:
<http://www.cdof.com.br/nutri2.htm >. Acesso em: 18 mar 2011
FLECK, S. J; KRAEMER, W. J. Fundamento do treinamento de força
muscular. 3 ed, Artmed, 2006.
GUEDES, D. P. Saiba tudo sobre musculação. Rio de Janeiro: Editora
Shape. 2006
MCARDLE, W. D; KATCH, F. LKATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia,
nutrição e desempenho humano. 5 Ed. Guanabara koogan. 2003.
PEREIRA, B; SOUZA JUNIOR, T. P. Compreendendo a barreira do
treinamento físico: aspectos metabólicos e fisiológicos. Ed. Phorte. 2005.
TEIXEIRA, C. V. L; GUEDES JUNIOR, D. P. Musculação perguntas e
respostas: as 50 dúvidas mais freqüentes nas academias. Phorte editora,
2010.
VIANNA, J. M. Fisiologia do Exercício - Sistemas Energéticos. Disponível
em <http://www.saudeemmovimento.com.br/>. Acesso em: 18 mar 2011.
ZATSIORSKY, V. M. Science and Practice of Strength Training. Human
Kinetics. 1995.
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