Impactos das negociações da Área de Livre Comércio das Américas sobre o Setor Agroindustrial no Brasil Rita de Cássia Milagres Teixeira Vieira* Antônio Jorge de Oliveira** Antonio Salazar Pessôa Brandão*** André Cau**** Resumo: Os impactos da criação da Área de Livre comércio no setor agroindutrial são analisados utilizando-se o modelo GTAP (Global Trade Analisys Project). Três cenários foram simulados levando em consideração distorções ao comércio causadas pelas tarifas. Foram desmembradas do modelo algumas cadeias agropecuárias com a finalidade de verificar o impacto sobre as mesmas na formação da Área de livre Comércio das Américas (ALCA). As cadeias do açúcar, sucos e couros foram as que mais se beneficiaram da eliminação de tarifas. Os resultados demonstram a necessidade do desenvolvimento de estratégias que configurem ao Brasil maior poder de barganha no âmbito das negociações da ALCA Palavras Chave: GTAP, ALCA, Agronegócio 1. Caracterização e Justificativa As negociações do Brasil no âmbito da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), poderão definir rumos importantes para a economia do país nos próximos anos. A agropecuária está no centro das discussões e a expectativa é que se obtenham avanços no processo de liberalização agrícola no contexto regional. A existência de práticas protecionistas que distorcem o mercado agrícola regional, bem como de subsídios às exportações, barreiras tarifárias e não tarifárias que impedem o acesso aos mercados e medidas de apoio interno e garantia de renda, indicam a necessidade de amplas negociações com vistas ao controle dessas práticas, evitando que estas distorçam a competitividade dos sistemas agrícolas. A competitividade da agropecuária brasileira no contexto regional, embora apresente grande capacidade de expansão de área para produção, requer aprofundamento do processo de liberalização dos mercados agropecuários regionais para que o país possa de fato utilizar seu potencial exportador nesta área. A Alca representa parcela considerável das negociações mundiais. De um comércio agrícola mundial de aproximadamente US$ 905 bilhões em 2002, as exportações de produtos agrícolas da Alca estão próximas dos US$ 124 bilhões (FAO, 2003), representando 28 % das exportações totais mundiais. Considerando as Américas, 4 (quatro) países destacam como os maiores exportadores agrícolas, EUA, Canadá, Brasil e Argentina. Na América do Norte está o maior exportador agrícola. Segundo dados da FAO, os EUA exportaram US$ 56 bilhões em 2002, um pouco mais do que o total exportado pela América Latina (US$ 53 bilhões). O Canadá também está situado entre os maiores exportadores agrícolas do mundo chegando a US$ 16 bilhões no mesmo ano. O Brasil exportou US$ 17 bilhões e a Argentina US$ 11 bilhões no mesmo ano. * Pesquisadora da Secretaria de Gestão e Estratégia da Embrapa. Pq EB Final W3 Norte – 70770-901 Brasília (DF). Email: [email protected] ** Pesquisador da Secretaria de Gestão e Estratégia da Embrapa. Email: [email protected] *** Professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Rua São Francisco Xavier, 524, 8 andar, Bloco B, Sala 8003. Maracanã - 20550-150 Rio de Janeiro (RJ). Email: [email protected] **** Técnico da Secretaria de Gestão e Estratégia da Embrapa. Email: [email protected] No setor agrícola, os países da Alca importam menos do que exportam, acumulando na região superávit na balança comercial de aproximadamente US$ 38 bilhões em 2002. O maior importador isolado é o EUA com US$ 45 bilhões de gastos com importação agrícola em 2002 (FAO, 2003). Observa-se grande assimetria entre os países da Alca no que se refere às políticas agrícolas adotadas. Sessenta por cento das exportações brasileiras para o mercado norte-americano são afetadas por medidas restritivas. Embora os EUA apresentem tarifa média de 5,2%, importantes produtos agropecuários estão sujeitos a picos tarifários, alguns da ordem de 200 a 300% ad valorem (ou seu equivalente), como o fumo, que apresenta uma tarifa de 350% para o que exceder a pequena quota destinada ao Brasil, o açúcar, com uma tarifa de 236%, ou ainda o suco de laranja, que está submetido a uma tarifa que pode chegar a 44,7% (BRASIL, 2001). De Negri et al. (2003) mostram que as tarifas específicas têm efeitos restritivos ao comércio mais relevantes do que as tarifas em geral considerando os itens tarifários nos Estados Unidos e Canadá sujeitos às mesmas. Segundo Jank (2002), num universo de mais de 10 mil tarifas, os EUA contam com 747 posições tarifárias acima de 15%, 272 posições acima de 25% e 129 posições acima de 35%, hoje a maior. Subsídios, quotas, tarifas extremamente elevadas, escaladas e picos tarifários mantêm o crescimento do comércio agrícola próximo de sua tendência histórica, isto é, em cerca da metade do nível de crescimento do comércio global. Há ainda que considerar os acordos preferenciais, uma vez que a Alca é formada pelo cruzamento das regras e preferências de cinco acordos regionais preexistentes nas Américas: Nafta, Mercosul, Comunidade Andina, Mercado Comum Centro Americano e Comunidade do Caribe. Essa situação tem preocupado as autoridades e a sociedade brasileira no sentido de se adotar um firme posicionamento nas negociações comerciais. O assunto é extremamente complexo, a sociedade organizada e particularmente os negociadores ainda carecem de um suporte mais efetivo por parte das entidades privadas e do mundo acadêmico. Negociações exigem bons modelos para mostrar oportunidades e ameaças do país e de seus parceiros. O detalhamento na análise destas questões é algo necessário para direcionar ações a serem desenvolvidas visando à garantia da competitividade e da sustentabilidade do produto brasileiro. A agropecuária brasileira tem apresentado excelente desempenho, respondendo por 33,8% do PIB, 23% das exportações, o que corresponde a um volume de US$ 30 bilhões em 2003 e empregando cerca de 37% da população economicamente ativa. As importações estão estimadas em torno de US$ 6,6 bilhões de dólares enquanto o saldo do setor está estimado em US$ 27,04 bilhões de dólares (BRASIL, 2003). Tais números denotam a importância econômica e social do agronegócio brasileiro, cujo crescimento depende da abertura de novos mercados. O ideal para a maioria dos produtos do agronegócio brasileiro seria a eliminação completa de todas as barreiras e subsídios agrícolas. Sabe-se, contudo, das dificuldades em atingir este objetivo sem negociações agrícolas e estratégias que maximizem os ganhos de comércio para o setor. A Alca, se faz basicamente por meio de eliminação de todas as tarifas alfandegárias no comércio intrabloco, sendo que os países podem colocar uma quantidade de produtos, em geral, 15% em lista de exceção à zona de livre comércio por se tratar de setores sensíveis às suas respectivas economias. O desafio que se coloca é conhecer ex-ante a sensibilidade das tarifas de cada país negociador. A análise de negociações requer a utilização de instrumental que permita a visualização de efeitos inter-setoriais, bem como das respostas dos países que concorrem com o Brasil no mercado internacional de produtos agroindustriais. Modelos como o GTAP (Global Trade Analysis Project), constituem-se em ferramentas fundamentais para o tratamento da questão. 2 A Embrapa ciente da necessidade de subsidiar as negociações, adquiriu esse software, e através de uma equipe composta por técnicos da empresa e por um consultor externo, pretende simular diferentes situações no mercado e dimensionar seus possíveis impactos na economia brasileira e em especial para a agropecuária. Foram realizadas, nesse trabalho, algumas simulações, visando antecipar possíveis mudanças no comércio internacional. Espera-se com o presente, indicar efeitos da liberalização de comércio, bem como seus impactos na economia, com o objetivo de subsidiar as negociações do Brasil com o resto do mundo. 2. Objetivos Objetivo Geral: Analisar o comércio exterior de produtos agropecuários brasileiros visando subsidiar as negociações do Brasil no âmbito da Alca. Pretende-se simular, possíveis cenários para a constituição da Alca e analisar seus impactos na economia brasileira e de seus principais concorrentes. Objetivos Específicos: 1) Elaborar simulações que reflitam caminhos factíveis para a redução das barreiras ao comércio de produtos agropecuários considerando a formação da Alca. 2) Avaliar os impactos da eliminação de tarifas nos países membros da Alca, sobre a economia brasileira e países concorrentes. 3) Analisar o impacto de eliminação de tarifas em cadeias como óleos, açúcar, sucos, carne e couro. 4) Estimar o ganho decorrente de aumento de produtividade da terra no Brasil ao mesmo tempo em que são eliminadas as tarifas dos países membros da Alca. 3. Metodologia O Global Trade Analysis Project - GTAP, é um modelo de equilíbrio geral que tem sido amplamente utilizado por diversos países e instituições como a Australian Industry Comission, USDA, Banco Mundial, Agriculture Canada, UNCTAD, Australian Bureau of Agricultural Research, entre outras, para estudo e simulações de impacto de políticas no comércio exterior e no mercado interno. O modelo em questão teve origem nas Universidades de Purdue, nos Estados Unidos, e de Manash, na Austrália. Suas características técnicas encontram-se detalhadas em Hertel et al. (1997) e em mais de 500 artigos técnicos publicados em diversas revistas científicas internacionais. Sua origem vem do sucesso dos modelos ORANI da Austrália, bem documentados por Powell & Lawson (1990), Kenderes & Stizelecki (1991), Powell & Snape (1992) e Dee (1994). O modelo segue a mesma trajetória usada para análise da rodada Uruguai em 1996, quando vários autores analisaram os impactos de políticas no mercado internacional. O grande avanço do GTAP ocorreu a partir desta Rodada. Na realidade, sua implementação constituiu uma verdadeira revolução no uso de modelos para análise de mercado internacional. Uma vasta lista de artigos técnico-científicos pode ser acessada no endereço eletrônico: www.gtap.org. 3 O grande mérito do GTAP é ter sua fundamentação em uma base de dados de inúmeros países ou regiões administrada pela Universidade de Purdue. Dimaraman & McDougall (2002) atualizaram a documentação da base de dados do GTAP em sua versão 5. O Economic Research Service (ERS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos vem há muitos anos fazendo uso do modelo econométrico de simulação do setor agrícola. Anualmente são apresentados estudos com projeções e análise de políticas em um Outlook Report. No Brasil alguns estudos foram iniciados utilizando o GTAP. Brandão et al. (1996), Pereira (2001), Cypriano et al (2002), Ferreira Filho (2003) entre outros, fizeram explorações do modelo as quais fornecem subsídios para estudos mais aprofundados. A base de dados do GTAP é regularmente revista. Esta inclui 65 países e 57 produtos (versão 5). Parceria globalizada e transparência dão credibilidade ao modelo. Os dados são coletados a partir da UNCTAD, por meio do projeto TRAINS, e de fontes adicionais para países não cobertos pelo TRAINS. Essas tarifas são ponderadas em função do valor das importações para se obter as médias tarifárias nos setores englobados. A natureza do GTAP deriva da listagem exaustiva de relações de identidades que descrevem a economia. Assim, são considerados dados de fluxos de comércio externo, estrutura das tarifas de importação, subsídios, matrizes de insumo-produto, entre outros, das regiões envolvidas. São essas informações pautadas em dados empíricos que asseguram a consistência das identidades contábeis. Também são essas identidades que permitem verificar se a solução de equilíbrio geral é ou não satisfeita. O sistema de equações do GTAP inclui 2 tipos diferentes de equações. O primeiro contém equações contábeis, as quais asseguram que as receitas e despesas de cada agente da economia estão equilibradas. O segundo, consiste de um sistema de equações comportamentais baseadas na teoria microeconômica, isto é, especificam o comportamento de otimização de cada agente da economia tais como: produtor, consumidor, governo e outros. No modelo, os fatores primários são de propriedade dos indivíduos (ou unidades familiares), e estes recebem renda pela sua utilização na produção de mercadorias e serviços para o consumo final (das famílias, do governo e das firmas). Vendem, também, bens de investimento para satisfazer à demanda de poupança das famílias. O equilíbrio poderá ser atingido pela exportação e importação de produtos e fatores, inserindo a região resto do mundo. Ocorrem importações com fluxos monetários que saem do governo, das famílias ou das firmas para o resto do mundo. Em sentido contrário, aparecem as exportações das firmas para o resto do mundo com fluxo financeiro do Resto do mundo para as firmas. Todos os agentes pagam impostos e poupam. As unidades familiares maximizam a utilidade da renda que recebem através da escolha de cestas de consumo, o que depende de suas preferências, da própria renda de que dispõem e dos preços. As firmas maximizam lucro utilizando fatores de produção, insumos e os métodos de produção disponíveis. A interdependência das decisões descrita é representada na teoria de equilíbrio geral por um sistema de funções de oferta e demanda. A hipótese básica é que, no mercado, os preços se ajustam até que as demandas e ofertas se igualem. Admite-se combinação ótima de fatores primários pela firma, independente dos preços dos insumos intermediários. A função CES (Constant Elasticity of Substitution) pressupõe elasticidade de substituição constante entre os fatores de produção e entre os insumos domésticos e importados. Além disso, pressupõe-se que não há substituição entre fatores primários e insumos. Os insumos importados são diferenciados por origem e também são discriminados bens importados dos bens domésticos. O valor adicionado é também obtido por uma função de produção com elasticidade de substituição constante, que, por sua vez, é combinada (substituição zero) com o insumo agregado para gerar o produto. 4 O fator terra é empregado apenas na atividade agrícola e é imperfeitamente móvel entre os setores. Os fatores trabalho e capital são empregados em todos os setores, sendo considerados perfeitamente móveis dentro de uma região, em particular. Na análise do comportamento dos indivíduos, verifica-se que o consumo regional é governado por uma função de utilidade agregada que depende do consumo privado, despesas do governo e da poupança. Assim, na renda regional, a divisão entre essas três categorias é determinada por uma função de utilidade Cobb-Douglas. Isto é, as parcelas de renda regionais apropriadas por cada uma das categorias permanecem fixas. Uma vez determinada a renda destinada ao governo, sua alocação entre as mercadorias segue um processo Cobb-Douglas. A demanda do governo segue uma estrutura similar à demanda das firmas por insumos, onde produtos domésticos e importados de fontes distintas são diferenciados por um conjunto de parâmetros Armington. Para a demanda das unidades familiares privadas utiliza-se a função CDE (Constant Diference of Elasticties), escolhida porque é mais geral do que a CES e permite calibrar as funções de demanda, considerando os dados sobre elasticidade de preços e de renda. As participações das despesas por produto variam com os níveis de renda. No presente modelo optou-se por restringir a entrada de capitais na economia. Isso é feito considerando Rodelta igual a zero. 4. Estratégia de Ação 4.1 Agregações do modelo No presente trabalho foi utilizada a base global de dados do GTAP, disponível na versão 5. Como um dos objetos de estudo é mensurar quais seriam os efeitos de uma possível liberalização comercial, decidiu-se agregar os 65 países e regiões constantes no Gtap em 10 regiões (ou países) importantes na análise da Alca. Esses foram caracterizados como Estados Unidos, México, Canadá, Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Resto da América Latina (América Central, Caribe, Colômbia, Peru, Venezuela, Resto do Pacto Andino, Resto da América do Sul), União Européia ( Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, United Kingtom, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Netherland, Portugal, Espanha e Suécia), , e Resto do Mundo (China e Japão Hong Kong, Korea, Taiwan, Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Vietnã, Bangladeste, Índia, Sri Lanka, Resto do Sul da Ásia, Australia, Nova Zelândia, Suiça, Resto da EFTA, Hungria, Polônia, Resto da Associação da Europa Central, Turquia, Resto do Meio East, Marrocos, Resto do Norte da África, Botswana, Resto do Sacu, Malawi, Moçambique, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabwe, Outros da África do Sul, Uganda, Resto da Sub África Sahara, Países da Antiga União Soviética, Resto do Mundo), conforme descrito na Tabela 1. Tabela 1. Agregação regional adotada nas simulações. 5 REGIÕES PAÍSES Estados Unidos México Canadá Brasil Argentina Uruguai Chile Resto da América Latina: América Central, Caribe, Colômbia, Peru, Venezuela, Resto do Pacto Andino, Resto da América do Sul União Européia: Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Reino Unido, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia Outros países: China, Japão, Hong Kong, Korea, Taiwan, Indonesia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Vietnam, Bangladesh, India, Sri Lanka, Resto do Sul da Ásia, Australia, Nova Zelândia, Suíça, Resto do EFTA, Hungria, Polônia, Resto da Europa Central, Turquia, Resto do Oriente Médio, Marrocos, Resto do Norte da África, Botswana, Resto do SACU (Namíbia, RSA), Malawi, Moçambique, Tanzânia, Zimbabue, Outros do Sul da África, Uganda, Resto da África do Sub-Saara, Países da Antiga União Soviética, Resto do Mundo 1.USA 2.MEX 3.CAN 4. BRA 5. ARG 6. URY 7.CHL 8. RAL 9.UE 10. R OW Os setores, que inicialmente totalizavam 57 foram agregados em 5: Agricultura (arroz em casca, trigo, cereais, hortaliças, frutas, castanhas, oleaginosas, cana-de-açúcar, beterraba, plantas fibrosas, grandes culturas, bovinos, ovinos, caprinos, equinos, produtos animais, leite bruto), Outros produtos primários (lã, florestas, pesca, carvão, óleo, gás, minerais), Manufaturados agrícolas (carne bovina, caprina, ovina, equina, produtos de carne, lácteos, arroz beneficiado, açúcar, produtos alimentícios, bebidas e tabaco, têxteis, acessórios de vestuário, produtos de couro, produtos de madeira,), Manufaturados (produtos de papel, publicações, petróleo, produtos de carvão, produtos químicos – borracha e plástico, produtos minerais, metais ferrosos, metais, produtos de metal, motor de veículos e componentes manufaturados) e Serviços (Eletricidade, distribuição e produção de gás, água, construção, transporte, comércio, transporte aéreo, comunicação, serviços financeiros, seguros, serviços de negócios, recreação, administração pública, defesa, saúde, educação, moradia), como ilustra a Tabela 2. Tabela 2. Agregação setorial adotada nas simulações. 6 Setores 1. AGRICULTURA Produtos Arroz em casca, trigo, cereais, hortaliças, frutas, castanhas, oleaginosas, cana-de-açúcar, beterraba, plantas fibrosas, grandes culturas, bovinos, ovinos, caprinos, equinos, produtos animais, leite bruto. Lã, florestas, pesca, carvão, óleo, gás, minerais. Carne bovina, caprina, ovina, equina, produtos de carne, lácteos, arroz beneficiado, açúcar, produtos alimentícios, bebidas e tabaco, têxteis, acessórios de vestuário, produtos de couro, produtos de madeira. Produtos de papel, publicações, petróleo, produtos de carvão, produtos químicos – borracha e plástico, produtos minerais, metais ferrosos, metais, produtos de metal, motor de veículos e componentes, manufaturados. Eletricidade, distribuição e produção de gás, água, construção, transporte, comércio, transporte aéreo, comunicação, serviços financeiros, seguros, serviços de negócios, recreação, administração pública, defesa, saúde, educação e moradia. 2. OUTROS PRIMÁRIOS 3. MANUFATURADOS AGRÍCOLAS 4. MANUFATURADOS 5. SERVIÇOS Outras agregações foram elaboradas no sentido de avaliar produtos específicos. Os mesmos foram retirados da agregação inicial. Foram feitas simulações considerando-se 3 (três) Cenários que envolvem diferentes situações quanto à eliminação das tarifas, subsídios à exportação e subsídios à produção. 4.2. Cenários analisados Com as agregações anteriormente especificadas, foram elaborados 3 cenários. No Cenário 1 houve simulação da criação de Área de Livre Comércio com eliminação total das tarifas entre os países membros da Alca. No Cenário 2 houve uma desagregação setorial maior, com imposição de tarifa zero ao comércio entre os países membros e avaliação do impacto em cadeias específicas como açúcar, óleos, sucos, carne e couro. No Cenário 3 além de ser zerada a tarifa para os países membros, considerou-se um crescimento de 10% na produtividade da terra no Brasil. 5. Resultados e discussão: 7 Após as simulações, utilizando-se do modelo e os cenários especificados chegou-se aos seguintes resultados: 5.1 Cenário 1: Eliminação de tarifas de importação nos países membros da Alca. Na tabela 3 é simulada a área de livre comércio, com eliminação total das tarifas de importação para todos os países participantes da Alca. Esse cenário é extremo em função das tarifas hoje existentes nos países membros, como os EUA, e a eliminação dessas tarifas poderia trazer sérias conseqüências internas. Após a eliminação dessas tarifas, os indicadores de crescimento econômico e de bem estar como balança comercial, variação na quantidade exportada, variação na quantidade importada, crescimento na produção, impacto sobre os preços de fatores e do produto, e variação equivalente, foram avaliados. Tabela 3. Eliminação de tarifas e seus impactos na Economia dos principais países membros VARIAÇÃO BAL. COM (milhões $) - total Agricultura Outros Primarios Manuf. Agicolas Manufaturados Serviços USA MEX 233,910 -1032,800 -214,390 2697,860 2486,530 -3703,290 -65,200 -505,310 -145,630 -674,770 1547,580 -287,070 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços 5,35 -0,79 20,20 1,39 -1,36 25,35 -0,98 9,51 3,07 -1,88 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços 16,44 0,35 7,38 1,18 1,00 33,54 9,77 18,73 1,00 1,16 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços -0,03 -0,19 0,55 0,07 -0,04 -1,16 -0,15 -0,10 1,18 -0,16 Terra Maõ-Obra não especializada. Maõ-Obra especializada Capital Recursos Naturais 0,12 0,31 0,30 0,31 -1,05 -6,11 0,33 0,49 0,56 -0,68 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços 0,14 -0,02 0,04 0,19 0,26 -1,18 0,20 -1,13 0,06 0,37 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços 0,63 -0,13 -0,30 -0,23 -0,26 0,19 -0,09 0,04 0,05 -0,15 0,14 -0,02 0,04 0,19 0,26 4669,610 0,23 -1,18 0,20 -1,13 0,06 0,37 60,960 -0,17 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços VAR. EQUIVAL (milhões $) VARIAÇÃO GDP (%) URY CHL RAL UE ROW BALANÇA COMERCIAL (milhões de $) 739,600 -132,750 430,460 2,980 202,850 421,220 -88,090 -30,650 -30,560 -82,910 -87,740 -12,360 1224,490 -1117,030 -863,670 205,650 -477,680 690,180 2527,900 29,110 -179,490 -44,200 -1057,940 -188,760 CAN BRA ARG 152,660 9,960 -107,370 537,990 -146,730 -141,200 400,530 -165,820 352,030 5803,580 -4394,610 -1194,640 -592,540 473,350 406,950 -2217,640 -3538,030 4282,810 -1169,640 433,880 -43,770 -6100,100 208,390 4331,960 -2,90 -5,60 24,63 51,81 -12,93 6,07 2,40 24,12 13,02 -3,16 6,48 1,58 56,97 3,53 -4,18 0,26 0,12 -0,83 -0,28 0,73 -0,23 0,08 -1,94 -0,10 0,77 27,45 5,66 34,58 9,99 7,01 26,34 9,58 14,84 8,26 2,05 27,24 -1,40 30,11 7,22 3,47 -0,67 -0,11 -0,14 -0,14 -0,34 -0,99 -0,04 -0,32 -0,18 -0,38 0,21 -0,12 3,93 3,11 -1,18 1,14 -0,75 2,61 0,19 -0,52 1,46 -0,63 5,86 -4,17 -0,57 0,04 0,02 -0,23 -0,12 0,04 -0,05 0,03 -0,35 0,02 0,03 6,55 5,85 5,24 5,32 5,48 8,67 1,95 1,52 1,73 -2,33 11,19 2,22 1,76 2,24 -2,30 -0,15 -0,36 -0,35 -0,34 -0,18 -0,66 -0,36 -0,35 -0,36 -0,15 4,50 4,57 2,91 1,43 4,09 2,25 0,15 0,57 -0,57 1,00 2,93 -0,05 0,24 -0,27 1,08 -0,32 -0,30 -0,31 -0,32 -0,33 -0,41 -0,29 -0,33 -0,32 -0,34 1,37 0,20 1,15 0,34 -0,11 1,80 2,03 0,73 -0,02 -0,15 0,69 -0,03 0,14 -0,09 -0,13 0,01 -0,27 -0,27 -0,27 -0,15 -0,01 -0,26 -0,23 -0,24 -0,14 4,50 4,57 2,91 1,43 4,09 126,070 3,11 2,25 0,15 0,57 -0,57 1,00 -51,180 -0,06 2,93 -0,05 0,24 -0,27 1,08 1145,040 0,14 -0,32 -0,30 -0,31 -0,32 -0,33 -2486,300 -0,35 -0,41 -0,29 -0,33 -0,32 -0,34 -4368,520 -0,37 VAR QUANT EXPORT (qxw) % 9,52 6,90 -2,08 2,55 -0,20 -4,42 20,80 6,85 -0,85 37,81 0,57 105,91 -1,12 -0,12 -18,11 VAR QUANT IMPORT (qiw) % 11,28 5,21 24,50 1,45 0,47 18,00 24,23 15,15 45,22 20,90 -0,04 29,69 0,68 0,10 10,83 CRESC.PROD (qo) em % 0,50 0,85 -1,15 -0,43 -0,03 -0,73 0,71 -0,64 -1,00 -0,56 0,38 2,43 -0,02 -0,08 -0,48 PREÇO FATORES (pm) % 3,20 4,45 -0,76 0,59 -0,02 6,13 0,59 -0,02 6,15 0,65 -0,02 6,11 -1,90 0,18 1,03 PREÇO PRODUTOS (pm) % 0,63 0,25 4,17 -0,31 -0,10 4,83 0,07 -0,52 4,65 -0,72 -0,06 3,09 0,24 -0,07 5,60 PREÇO IMPORTADOS (piw) % 2,26 0,26 0,95 0,60 -0,19 -0,19 1,35 -0,07 0,09 0,41 0,06 -0,30 -0,13 -0,16 -0,10 PREÇO EXPORTADOS (pxw)% 0,63 0,25 4,17 -0,31 -0,10 4,83 0,07 -0,52 4,65 -0,72 -0,06 3,09 0,24 -0,07 5,60 2170,560 -352,610 2007,110 0,01 -0,29 5,03 Com relação à balança comercial, observa-se que, a eliminação das tarifas entre os países membros geraria ganhos para o Brasil na agricultura (superávit de US$202,85 milhões) e em manufaturados agrícolas (US$1,224,49 bilhões). Observa-se, no entanto, perdas para outros primários, manufaturados e serviços. Os EUA, por outro lado, apresentam-se deficitários na 8 agricultura e em Outros Primários, com ganhos expressivos nos manufaturados agrícolas e não agrícolas. Para a Argentina há perdas na balança comercial em todos os segmentos da economia, com exceção de manufaturados. No caso do Canadá há superávit para a agricultura e manufaturados. Para os demais setores observou-se redução na balança comercial. Após o choque, há aumento nas quantidades exportadas pelo Brasil em todos os setores com exceção ao de serviços. As quantidades importadas também cresceram. Para os Estados Unidos também houve acréscimo nas quantidades importadas em todos os setores. A quantidade exportada desse país aumenta no setor agrícola, manufaturados agrícolas e manufaturados. Para outros primários e serviços a quantidade exportada diminui. Os preços de produtos de importação no Brasil aumentaram em todos os setores com exceção ao de serviços O preço de exportação também aumentou com exceção de outros primários e manufaturados. A formação de uma área de livre comércio geraria aumentos na produção agropecuária e manufaturados agrícolas no Brasil. Nos EUA e Argentina observa-se queda de produção no setor agropecuário. Com a eliminação das tarifas houve variação positiva no PIB para a Argentina e Estados Unidos. Para o Brasil praticamente não houve variação. No caso do Canadá essa variação foi negativa Os preços de mercado de produtos agrícolas apresentam-se maiores em todos os países membros da Alca com exceção do México. Para o Brasil, em outros primários e manufaturados, houve redução nos preços de mercado. Para os EUA, somente nos preços de outros primários é que haveria pequena redução. Preços dos fatores de produção no Brasil e EUA ficaram maiores para terra, trabalho e capital. A variação equivalente é positiva para Estados Unidos, Brasil, Argentina, México, Uruguai e Resto da América Latina, o que significa que há melhoria de bem-estar para esses países. Dentre os países membros analisados o Canadá e Chile apresentaram variação equivalente negativa o que significa queda de bem-estar após o choque. Para países fora do bloco como EU e ROW (resto do mundo) há uma piora em termos de bem estar. Ainda com relação aos países não membros, verifica-se que a liberalização da tarifa coloca a UE e ROW em piores condições com relação à balança comercial. Com relação à quantidade exportada de produtos agrícolas enquanto México, Brasil, Canadá, RAL e Estados Unidos se beneficiam, enquanto Uruguai, Argentina e Resto do mundo tem suas quantidades reduzidas. O crescimento da produção da agricultura é reduzido no México, Argentina, EUA e ROW. Os preços de mercado da agricultura são menores para o México, UE e ROW. Observa-se ainda que o mundo ganha 0,87% nas quantidades exportadas (US$ 56 bilhões). Há também ganho de bem estar para o mundo; a variação equivalente aumenta em US$ 2,9 bilhões. 5.2 Cenário 2: Simulação da Zona de Livre Comércio das Américas, e seus efeitos em algumas cadeias produtivas. Nesse cenário foram avaliados os impactos da formação da Alca nas cadeias produtivas de óleos, açúcar, sucos, carne e couro. Os resultados dessa simulação são mostrados na tabela 4. 9 Tabela 4. Eliminação de tarifas e impactos na Economia dos principais países da ALCA. VARIAÇÃO BAL. COM (milhões $) Agricultura Oleos Açucar Sucos Carne Couro Outros Primarios Manufaturados Serviços USA 222,530 -1540,940 258,530 -894,250 -412,410 2842,650 -273,550 -313,930 4186,660 -3630,230 MEX 12,070 -113,220 -18,330 58,420 454,320 -1153,860 36,230 -97,860 1182,830 -336,460 Agricultura Oleos Açucar Sucos Carne Couro Outros Primarios Manufaturados Serviços 4,14 9,93 53,54 13,86 36,99 19,22 -0,89 2,33 -1,34 24,25 72,01 42,98 46,55 20,25 9,65 -0,68 2,37 -2,20 Agricultura Oleos Açucar Sucos Carne Couro Outros Primarios Manufaturados Serviços 17,30 4,56 76,12 13,89 7,92 3,56 0,33 1,64 0,99 22,93 12,63 10,59 27,77 75,32 5,06 9,70 1,07 1,36 Agricultura Oleos Açucar Sucos Carne Couro Outros Primarios Manufaturados Serviços -0,09 2,08 -16,47 -0,03 2,02 1,33 -0,11 0,14 -0,04 -1,22 1,76 2,90 2,66 -5,00 1,80 -0,12 0,82 -0,16 Terra Maõ-Obra não especializada. Maõ-Obra especializada Capital Recursos Naturais -0,01 0,31 0,30 0,30 -0,52 -6,39 0,37 0,57 0,66 -0,39 Agricultura Oleos Açucar Sucos Carne Couro Outros Primarios Manufaturados Serviços 0,09 -0,08 -2,39 -0,08 0,02 -0,14 0,09 0,18 0,26 -1,23 -9,49 -0,77 -2,14 -1,38 -1,21 0,34 0,07 0,46 0,25 -0,58 0,51 -0,50 -0,39 -0,30 0,03 -0,23 -0,26 0,02 0,09 -0,08 -2,39 -0,08 0,02 -0,14 0,09 0,18 0,26 4641,330 0,23 0,10 0,12 -0,73 -0,07 -0,04 -0,20 0,02 0,05 -0,15 -1,38 -1,23 -9,49 -0,77 -2,14 -1,38 -1,21 0,34 0,07 0,46 390,960 -0,07 Agricultura Oleos Açucar Sucos Carne Couro Outros Primarios Manufaturados Serviços PREÇO EXPORTADOS (pxw) % Agricultura Oleos Açucar Sucos Carne Couro Outros Primarios Manufaturados Serviços VAR. EQUIVAL (milhões $) VARIAÇÃO GDP (%) CAN -47,390 408,790 36,840 99,270 614,880 -939,910 -51,630 -34,220 -120,110 -61,300 BRA 693,400 235,800 -39,180 192,380 48,720 -116,910 1332,940 -36,460 -723,860 -200,040 ARG 384,300 -159,820 -270,130 25,770 -13,760 48,420 21,220 -37,880 1787,320 -1016,840 VAR QUANT EXPORT (qxw) % 9,65 6,97 -3,69 0,37 11,76 -9,98 11,30 115,42 43,22 18,05 34,22 4,19 5,11 22,65 5,71 69,75 -2,50 13,56 2,56 -0,08 -2,54 36,73 0,17 94,25 -1,16 -0,13 -17,47 VAR QUANT IMPORT (qiw) % 10,43 5,05 24,30 11,94 11,25 27,15 8,01 2,74 60,90 20,10 16,34 34,91 23,52 119,16 33,97 52,00 2,98 63,60 1,53 0,38 16,01 21,83 0,10 31,38 0,79 0,15 10,41 CRESC.PROD (qo) em % 0,25 0,39 -1,55 -0,52 1,56 -4,31 2,08 50,45 1,21 0,13 3,91 -0,28 0,11 -5,76 0,01 13,25 -2,85 0,40 -0,38 0,04 -0,73 -0,45 0,04 1,37 -0,02 -0,04 -0,49 PREÇO FATORES (pm) % 1,67 0,32 1,27 0,62 0,00 5,84 0,61 -0,01 5,79 0,63 0,01 5,86 -1,67 0,47 0,72 PREÇO PRODUTOS (pm) % 0,49 -0,06 4,29 0,18 -0,42 4,28 0,16 -0,03 5,13 -0,03 -0,98 4,88 0,29 -1,25 4,93 -0,33 -0,53 3,87 -0,22 0,01 4,61 -0,55 -0,09 3,29 0,25 -0,07 5,37 PREÇO IMPORTADOS (piw) % 2,14 0,14 0,61 0,73 -0,13 -0,70 -0,44 -0,08 0,13 1,63 -0,12 -0,06 2,80 0,04 0,49 1,73 -0,21 -0,32 0,69 -0,09 0,00 0,44 0,05 -0,24 -0,14 -0,16 -0,11 0,29 -1,25 4,93 0,49 -0,06 4,29 0,18 -0,42 4,28 0,16 -0,03 5,13 -0,03 -0,98 4,88 0,29 -1,25 4,93 -0,33 -0,53 3,87 -0,22 0,01 4,61 -0,55 -0,09 3,29 0,25 -0,07 5,37 2269,610 53,090 1977,510 0,00 -0,26 4,83 URY 4,000 -21,960 1,270 -17,070 -14,920 49,170 19,130 -23,450 200,780 -188,950 CHL 142,310 22,760 -9,860 -25,380 251,340 7,830 16,300 -119,920 136,540 -137,300 RAL 486,900 479,690 -187,780 644,140 214,910 -329,420 536,530 -24,900 127,000 -973,270 UE -682,360 288,310 105,550 6,490 -426,430 -260,960 -224,730 409,320 -4918,490 4338,600 ROW -1215,750 89,800 140,630 -164,230 -797,410 -240,850 -1353,440 317,160 -3413,490 4206,080 -1,24 23,40 3,85 18,69 7,16 23,91 -1,07 45,75 -13,00 6,98 24,93 1,38 12,98 48,51 105,63 2,41 17,17 -3,03 10,99 5,35 32,20 13,57 12,92 108,21 0,18 24,08 -3,18 0,13 0,70 0,16 -0,92 -0,53 -1,11 0,21 -0,36 0,74 -0,49 0,76 -4,79 -2,10 -2,10 -3,35 0,16 -0,34 0,75 23,54 14,86 45,81 30,75 55,20 26,32 11,91 13,38 6,95 24,35 3,43 16,26 17,91 13,88 9,61 10,58 9,49 2,05 21,52 11,82 11,84 18,17 21,65 31,70 3,43 10,52 3,04 -0,43 -0,71 -0,19 -0,07 -0,07 -0,22 -0,14 -0,15 -0,34 -0,65 -0,79 -0,48 -0,18 -0,31 -0,50 -0,11 -0,19 -0,35 -0,66 2,77 -6,20 -0,78 2,00 10,08 -1,01 5,61 -1,31 0,71 -0,43 -3,79 3,16 0,38 5,70 -0,56 1,09 -0,52 0,91 -2,90 9,57 1,14 -1,34 13,94 -0,13 0,36 -0,45 0,08 0,28 0,03 -0,17 -0,09 -0,63 0,05 -0,15 0,04 -0,01 0,45 -0,40 -0,22 -0,17 -1,62 0,06 -0,07 0,03 3,16 5,93 5,37 5,41 0,04 5,31 1,83 1,48 1,70 -1,42 5,87 1,95 1,64 1,93 1,02 -0,04 -0,36 -0,34 -0,34 0,04 -0,46 -0,35 -0,34 -0,35 0,05 3,80 2,11 4,17 3,61 3,96 0,24 3,80 1,80 4,12 1,60 -1,71 1,02 0,38 0,82 -0,77 0,26 -0,35 0,96 1,70 -1,62 0,82 -0,52 0,82 -0,73 0,49 -0,30 0,79 -0,30 -0,30 -0,31 -0,30 -0,31 -0,32 -0,25 -0,32 -0,33 -0,35 -0,25 -0,32 -0,30 -0,34 -0,32 -0,24 -0,31 -0,33 1,26 2,70 0,44 2,46 0,93 1,21 0,39 0,38 -0,12 3,96 3,80 2,11 4,17 3,61 3,96 0,24 3,80 1,80 4,12 99,150 3,03 1,56 2,09 1,66 0,80 3,14 -0,16 2,06 0,00 -0,15 0,82 1,60 -1,71 1,02 0,38 0,82 -0,77 0,26 -0,35 0,96 -47,470 -0,16 0,54 0,75 0,14 -0,05 0,14 -0,26 0,29 -0,07 -0,13 0,82 1,70 -1,62 0,82 -0,52 0,82 -0,73 0,49 -0,30 0,79 849,710 -0,13 -0,06 0,14 -0,18 -0,26 -0,23 -0,29 -0,21 -0,27 -0,15 -0,31 -0,30 -0,30 -0,31 -0,30 -0,31 -0,32 -0,25 -0,32 -0,33 -2399,730 -0,34 -0,04 0,31 -0,11 -0,23 -0,22 -0,27 -0,21 -0,24 -0,14 -0,34 -0,35 -0,25 -0,32 -0,30 -0,34 -0,32 -0,24 -0,31 -0,33 -3375,690 -0,34 A eliminação das tarifas coloca o Brasil em posição superior no que se refere à balança comercial para outros produtos da agricultura. Há aumento na balança comercial para o açúcar, sucos e couro e esta apresenta redução para óleos, carne, outros primários, manufaturados e serviços. Isso pode ser explicado pela tarifas altas encontradas nesse país. Para os Estados Unidos, 10 há um efeito negativo na balança comercial para a agricultura, açúcar, sucos, couro, outros primários e serviços. A tarifa dos Estados Unidos para açúcar é elevada em 53%. No Brasil essa tarifa é de 19%. Os EUA têm ganhos em óleos, carne, e manufaturados. Argentina apresenta ganho discreto em açúcar, carne, couro e manufaturados. Para a UE e ROW há redução na balança comercial e queda na balança para sucos, carne, couro e manufaturados. Observa-se variação positiva na quantidade exportada no Brasil em todas as cadeias consideradas. As quantidades importadas também apresentam acréscimos após o choque. Em relação aos Estados Unidos, são observados aumentos nas quantidades importadas e exportadas de todos os produtos considerados. Aumentos expressivos são observados na quantidade importada de açúcar. Apenas para outros primários e serviços há pequeno decréscimo na quantidade exportada. Observa-se que para o açúcar o Canadá apresenta uma variação bastante expressiva na quantidade exportada, com grandes aumentos também na sua produção interna. Chile e RAL aumentam muito a quantidade exportada de couro. Observa-se aumento na produção agrícola do Brasil para os produtos como açúcar, sucos, carne, couro, enquanto que para os Estados Unidos há decréscimo de produção em açúcar e sucos, sendo que os demais produtos considerados aqui tem sua produção aumentada Os preços dos produtos no Brasil são reduzidos para sucos, couro, enquanto óleos e carnes o aumento em geral é pouco significativo. Preços de fatores de produção apresentam-se aviltados para terra, mão de obra e capital no Brasil e Estados Unidos. Esse último tem pequena variação negativa no preço da terra. Preço de produtos importados no Brasil aumentou à exceção do açúcar. Os produtos exportados que apresentaram maior aumento foram sucos e couro. Neste cenário, observa-se efeito negativo em termos de bem-estar para Chile, EU e ROW, enquanto para todos os demais países analisados há melhoria de bem-estar. 5.3 Cenário 3: Eliminação total das tarifas de importação e aumento de 10% na produtividade da terra no Brasil. A tabela 5 mostra o impacto do acréscimo de 10% na produtividade da terra ao mesmo tempo em que são eliminadas as tarifas entre os países membros. Nesse cenário são comparadas as mudanças ocorridas no Cenário 1 após alteração na produtividade da terra no Brasil. Tabela 5. Impacto do aumento de 10% da produtividade da terra aliado à eliminação de tarifas entre países membros da ALCA. VARIAÇÃO BAL. COM (milhões $) Agricultura Outros Primarios USA 257,840 -1211,640 -225,900 MEX -67,300 -531,950 -144,210 CAN -134,290 368,990 -80,450 BRA 697,360 1178,110 -53,230 11 ARG 419,370 -187,610 -89,520 URY 2,800 -39,830 -12,220 CHL 150,450 -4,350 -107,740 RAL 398,620 -232,280 353,130 UE -575,570 186,610 393,210 ROW -1149,290 186,900 2,670 VARIAÇÃO Manuf. Agicolas Manufaturados Serviços VAR. EQUIVAL (milhões $) VARIAÇÃO GDP (%) USA 2605,960 2751,750 -3662,330 4714,040 0,23 MEX -682,020 1575,690 -284,810 60,140 -0,18 CAN -1129,490 736,380 -29,720 -360,300 -0,30 BRA 1611,980 -1526,400 -513,110 3445,990 0,36 ARG -878,250 2632,130 -1057,380 1973,530 5,00 URY 206,810 34,820 -186,780 121,730 3,02 CHL 537,390 -135,220 -139,630 -58,680 -0,09 RAL 5810,390 -4358,730 -1173,880 1114,320 0,11 UE -2326,620 -3244,640 4415,860 -2327,080 -0,36 ROW -6275,500 464,770 4471,870 -4245,880 -0,38 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços 5,06 -0,76 20,09 1,43 -1,35 24,61 -0,98 9,47 3,11 -1,85 6,38 -0,18 6,82 0,60 -0,08 24,65 1,78 23,93 35,04 -3,14 -3,69 -4,52 -0,84 106,92 -18,12 -4,71 -4,53 24,86 52,77 -12,81 5,29 2,42 24,15 13,16 -3,12 6,01 1,59 57,03 3,63 -4,09 -0,17 0,14 -0,87 -0,26 0,76 -0,63 0,10 -1,99 -0,08 0,80 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços 17,07 0,36 7,43 1,18 1,00 33,60 9,75 18,73 1,01 1,15 5,32 0,49 15,16 -0,04 0,08 4,60 1,47 23,30 21,83 1,82 25,99 18,02 45,81 29,50 10,83 30,41 5,78 34,79 9,92 6,93 26,77 9,63 14,88 8,21 2,04 27,32 -1,35 30,14 7,18 3,43 -0,38 -0,10 -0,13 -0,14 -0,34 -0,85 -0,04 -0,30 -0,18 -0,38 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços -0,13 -0,18 0,54 0,08 -0,04 -1,22 -0,14 -0,10 1,20 -0,16 0,70 -0,02 -0,65 0,40 -0,08 2,16 -0,81 1,35 -0,91 -0,05 -1,34 -0,68 -1,00 2,55 -0,49 -0,12 0,01 4,00 3,36 -1,18 1,00 -0,72 2,62 0,27 -0,52 1,36 -0,61 5,87 -4,11 -0,56 -0,09 0,03 -0,24 -0,10 0,04 -0,09 0,04 -0,36 0,02 0,03 Terra Maõ-Obra não especializada. Maõ-Obra especializada Capital Recursos Naturais -0,46 0,31 0,30 0,30 -1,01 -6,46 0,32 0,48 0,55 -0,62 3,60 -0,03 -0,03 -0,03 0,19 -22,63 1,31 1,30 1,40 -3,39 -1,86 6,12 6,16 6,11 1,22 4,97 5,77 5,21 5,28 5,35 7,79 1,92 1,51 1,72 -2,21 10,53 2,19 1,74 2,22 -2,19 -0,80 -0,37 -0,35 -0,35 -0,16 -0,90 -0,37 -0,35 -0,36 -0,10 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços 0,06 -0,01 0,02 0,19 0,26 -1,27 0,21 -1,16 0,06 0,36 0,17 -0,09 -0,55 -0,07 -0,08 -2,52 -0,12 -0,46 -0,33 0,84 3,90 4,87 4,58 3,11 5,60 4,13 4,36 2,76 1,42 4,05 2,08 0,16 0,52 -0,57 0,99 2,78 -0,04 0,19 -0,28 1,06 -0,37 -0,29 -0,33 -0,33 -0,34 -0,46 -0,28 -0,36 -0,33 -0,35 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços 0,33 -0,11 -0,34 -0,23 -0,26 0,07 -0,06 0,01 0,05 -0,15 0,13 -0,18 -0,10 0,06 -0,16 2,09 0,61 1,30 0,41 -0,14 0,19 -0,12 -0,11 -0,19 -0,10 -0,02 0,22 0,97 0,42 -0,12 1,48 2,06 0,67 0,01 -0,15 0,52 -0,02 0,09 -0,07 -0,13 -0,21 -0,26 -0,29 -0,28 -0,15 -0,14 -0,25 -0,26 -0,25 -0,14 Agricultura Outros Primarios Manuf. Agricolas Manufaturados Serviços 0,06 -0,01 0,02 0,19 0,26 -1,27 0,21 -1,16 0,06 0,36 0,17 -0,09 -0,55 -0,07 -0,08 -2,52 -0,12 -0,46 -0,33 0,84 3,90 4,87 4,58 3,11 5,60 4,13 4,36 2,76 1,42 4,05 2,08 0,16 0,52 -0,57 0,99 2,78 -0,04 0,19 -0,28 1,06 -0,37 -0,29 -0,33 -0,33 -0,34 -0,46 -0,28 -0,36 -0,33 -0,35 O acréscimo de 10% na produtividade da terra no Brasil aliada à eliminação de tarifas quando comparado ao Cenário 1, proporciona ao Brasil ganhos adicionais de US$ 975 milhões na agricultura, apesar da balança comercial apresentar perdas de US$ 42 milhões. Observam-se perdas em outros primários, manufaturados e serviços que superam os ganhos na agricultura, pecuária e manufaturados agrícolas. Os EUA, por outro lado, apresentam perdas na agricultura, outros primários e manufaturados agrícolas após o choque. Para a Argentina há perdas na balança comercial em todos os segmentos da economia, com exceção ao de manufaturados. Para o Canadá há um efeito negativo na Balança comercial na agricultura e nos manufaturados agrícolas. Há variação positiva nas quantidades exportadas pelo Brasil na agricultura e em manufaturados agrícolas. Nesses dois setores houve redução de importação. Nos demais setores as quantidades importadas aumentam. Para os Estados Unidos, aumentam as quantidades importadas em todos os setores, enquanto a quantidade exportada é reduzida no setor agrícola e no de manufaturados agrícolas. Os preços de produtos de importação e de exportação no Brasil são reduzidos na agricultura e em manufaturados agrícolas e aumentam em todos os demais setores. A produção agropecuária e de manufaturados agrícolas no Brasil apresenta acréscimos. Nos EUA observa-se queda de produção no setor agropecuário e em manufaturados agrícolas. Argentina reduz a produção na agricultura e em serviços. Com a redução das tarifas e aumento de produtividade da terra no Brasil houve variação positiva no PIB. Para os EUA não houve variação enquanto nos demais países analisados houve queda no PIB. 12 Os preços de mercado de produtos agrícolas e de manufaturados agrícolas apresentam-se menores no Brasil, e em todos os países aqui analisados (EUA, México, Argentina, Uruguai, Chile, resto da América Latina, UE, e resto do mundo). Preços dos fatores de produção no Brasil foram reduzidos para terra no Brasil e nos demais países. Houve acréscimo na variação equivalente no Brasil, EUA, UE e no resto do Mundo. Para os demais países, houve redução na variação equivalente após o aumento de produtividade da terra no Brasil aliada a ao choque nas tarifas. 6. Conclusão A análise quantitativa dos efeitos das negociações da Área de Livre comércio das Américas no presente estudo foi importante para identificar a extensão e profundidade das reduções nos níveis de proteção concedidos pelos países membros e as possibilidades dos produtores domésticos tirarem proveito destas reduções. Observa-se nas simulações realizadas que é evidente o ganho para o Brasil no que concerne à balança comercial para a agricultura e manufaturados agrícolas quando se eliminam as tarifas entre os países membros. Enquanto existem perdas para os Estados Unidos na balança comercial para a agricultura e em outros primários. Além disso, neste país a balança comercial apresenta uma variação positiva para manufaturados agrícolas e não agrícolas. O Brasil apresenta ganhos para açúcar, sucos e couro, e redução na balança comercial para as cadeias de óleos, carnes, outros primários e manufaturados. Observa-se que a produção aumenta para os produtos açúcar, sucos, carne e couro. Para os EUA há, redução na produção de açúcar e sucos. Desta forma, a simulação de aumento na produtividade proporcionou ainda mais ganhos adicionais na balança comercial. O maior impacto negativo para os USA foi em relação ao açúcar, daí a insistência deste em negociar a ALCA sem esse produto. Impactos positivos significativos foram observados para a carne em relação a este país ao zerar as tarifas. Houve grande melhoria na balança comercial. Considerando o Mercosul, os efeitos sobre o fluxo de comércio foram significativos e positivos para açúcar, sucos, carne e couro tanto para o Brasil, como para a Argentina e o Uruguai. O cenário de eliminação de tarifas favoreceu também o indicador de bem-estar desses países. A variação equivalente foi positiva para os países do Mercosul. Portanto, conclui-se que há vantagens para os países do Mercosul com a criação dessa área de livre comércio. Existe a necessidade do estabelecimento de estratégias que permitam negociações objetivando acordos mais favoráveis. 7. Referências Bibliográficas BRANDÃO, A.S.P.; LOPES, M.R., PEREIRA, L.V. Uma análise quantitativa dos impactos do Mercosul sobre o Brasil. IN: BRANDÃO, A.S.P.; PEREIRA, L.V. (Eds.) Mercosul: Perspectivas da Integração. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996. 13 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 2001. Disponível em <www.desenvolvimento.gov.br> BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 2003. Disponível em <www.desenvolvimento.gov.br> CYPRIANO, L.A.; TEIXEIRA, E.C.; PINTO, W.J. Impactos da alca e do Mercoeuro no setor agroindustrial dos países do Mercosul. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 40, 2002, Passo Fundo, 20p. 1 CD-ROM. DE NEGRI, J.A.; ARBACHE, J.S.; SILVA, M.L.F. A formação da ALCA e seu impacto no potencial exportador brasileiro para os mercados dos Estados Unidos e do Canadá. 2003, 43p. (no prelo) DEE, P. General Equilibrium Models and Policy Advice in Australia. IN: IFAC - WORKSHOP ON COMPUTING IN ECONOMICS AND FINANCE, 1, 1994, Amsterdam. DIMARANAN, B.V., MCDOUGALL, R. A. Global Trade, Assistance and Production. 1.ed. Purdue: Center for Global Trade Analysis, 2002. FIGUEIREDO, A.M.R.; FERREIRA, A.V.; TEIXEIRA, E.C. Impactos da Integração Econômica nas Commodities da Economia Brasileira e da União Européia. Revista Brasileira de Economia, Rio de Janeiro, v.55, n.1, p.77-106, 2001. HERTEL, W.T. Global Trade Analysis: Modeling and Applications. 1.ed. Cambridge: University Press, 1997. 403p. JANK, M.S. O Agribusiness Brasileiro e as Negociações Internacionais. Revista de Política Agrícola, Brasília, v. 9, n.3, p.15-25, 2002. JANK, M.S.; NASSAR, A. M. Alca e Agricultura nas Relações Brasil-Estados Unidos. Revista Política Externa, Brasília, 2001, 14p. KENDERES, M.; STREZELECKI, A. Listing the 1986-87 ORANI Database. Industry Comission Research Memorandum, Belcommen, n. OA-569, 1991. PEREIRA, L.V. Análise do potencial de relações econômicas entre o Mercosul e o Grupo Andino. IN: BAUMANN, R. (org). Mercosul – Avanços e desafios da integração. Brasília: IPEA/CEPAL, 2001. p. 233-294 POWELL, A.A.; LAWSON, T. A decade of Applied General Equilibrium Modelling for Policy Work. In: BERGMAN, L.; JORGENSON, D.; ZALAI, E. General Equilibrium Modelling and Economics Policy Analysis. Cambridge: Blackwell, 1990. POWELL, A.A.; SNAPE, R. The Contribution of Applied General Equilibrium Analysis to Policy Reform in Australia. Melborne: Monash University, 1992. (Impact Project Paper, G-98). 14 15