O ensino de língua inglesa para crianças
Débora Leffa Dimer1
Adriana Soares2
Resumo: No presente artigo, iremos analisar como ocorre o aprendizado de uma língua estrangeira,
no caso, a Língua Inglesa, durante a infância. Analisando aspectos importantes que devem ser
considerados quando uma criança é exposta a um novo idioma. Além disso, aspectos como a idade
ideal, vantagens e desvantagens do ensino do inglês na educação infantil e hipóteses como a do
“período crítico” também serão discutidas nesse artigo. Ao final, o artigo trará uma reflexão sobre o
que é importante analisar diante das discussões feitas aqui.
Palavras-chave: Período Crítico. Conhecimentos. Vantagens. Desvantagens.
Abstract: In this essay, we will analyze how the learning of a foreign language occurs, in this case,
the English Language, during the childhood. Analyzing some important aspects that should be
considered when a child is exposed to a new language. Besides this, aspects as ideal age,
advantages and disadvantages to teaching of English in early childhood education and hypotheses as
“ critical period” also will be discussed in this article. In the end, this article will reflect about what is
important to analyze in front of the discussions done here.
Keywords: Critical period. Knowledge. Advantages. Disadvantages.
Introdução
Com o passar dos tempos, fica cada vez mais fácil observar o aumento da busca
pelo ensino de inglês, e isso tem ocorrido também em larga escala no que diz
respeito ao ensino de inglês para crianças. O avanço do mercado de trabalho e a
preocupação por parte dos pais em relação ao desemprego e a uma boa
qualificação profissional dos filhos têm levado muitas pessoas a procurarem escolas
de idiomas para seus filhos. O período de escolha de uma escolinha de educação
infantil (creche) é de grande responsabilidade para os pais, que a cada dia procuram
profissionais qualificados e principalmente escolas que ofereçam língua inglesa
como parte da formação da criança. Além disso, a busca por escolas de idiomas
também vem crescendo bastante no Brasil nos últimos anos.
Tem ficado mais fácil notar o interesse que muitos pais tem tido em relação ao
aprendizado do inglês de seus filhos, ou seja, parece que há certa conscientização
que vem crescendo por parte das pessoas a respeito do aprendizado de uma língua
estrangeira, principalmente do inglês, considerado no mundo inteiro como uma
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Acadêmica do curso de Letras – Licenciatura Plena – Faculdade Cenecista de Osório – FACOS.
Professora orientadora.
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língua universal e que assim como o conhecimento de informática, na busca de um
emprego, é componente básico e essencial para ao currículo. Muitos pais possuem
essa consciência, mas não em tão larga escala. Por outro lado, alguns pais
possuem uma consciência que chega a se referir a pagar estudos futuros para seus
filhos, quando isso se faz possível, no exterior.
A idade ideal para o aprendizado de uma língua estrangeira
Pesquisas na área da neurociência divulgam que a idade ideal para a aquisição da
linguagem ocorre nos primeiros dez anos de vida, isso porque, segundo teóricos
como Penfield e Roberts (1967), nesse período o cérebro apresenta seu ponto mais
alto de plasticidade, já na puberdade o cérebro não teria as mesmas capacidades,
seriam perdidas gradativamente. A disponibilidade cerebral obtida na infância,
segundo alguns estudos, nunca mais será obtida. Além disso, até os dez anos de
vida, o número de sinapses (conexões neurais) do cérebro humano permanece
estável (vai aumentando gradativamente), já na adolescência, a proporção de
sinapses é invertida, o que também sugere menos facilidade para a aquisição da
linguagem depois dos primeiros dez anos de vida.
A hipótese do período crítico
Segundo Magaly Ferrari, a hipótese do período crítico sugere que:
Há um período específico e limitado para a aquisição da linguagem, e que
há duas versões para essa abordagem, A primeira assume postura radical
frente ao problema: após a puberdade, a aprendizagem da língua materna
não poderá ocorrer. A outra versão propõe que a aprendizagem será mais
difícil de acontecer ou ocorrerá de maneira incompleta após a puberdade.
(FERRARI, 2002, p. 111)
A primeira postura é uma visão realmente agravada sobre a hipótese do período
crítico, já que dizer que o indivíduo não aprenderá a língua materna na puberdade é
um tanto, como a autora mesmo cita; radical. Mesmo assim, essa versão é
considerável, analisando não só o aprendizado de uma língua materna, mas
também o aprendizado de uma língua estrangeira. Estudos e pesquisas feitas nos
Estados Unidos em relação à aprendizagem de uma língua estrangeira emitem
resultados que revelam que indivíduos entre 3 e 15 anos, expostos a uma segunda
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língua, demonstram mais competência no uso dela. Já indivíduos entre 17 e 39 anos
demonstram um nível menor de compreensão do idioma a que foram expostos como
segunda língua.
Resultados como esses são fáceis de ser considerados, já que é realmente notável
a maior facilidade de aprendizado quando se é criança. Basta observar uma criança
durante uma aula de inglês e um adulto. A criança vai mostrar maiores progressos
no que diz respeito à pronúncia, compreensão e narração de histórias. Crianças
expostas a uma língua estrangeira também falam mais rápido que do que um adulto,
elas possuem maior controle fonológico.
O outro lado da moeda
O ensino de Língua Inglesa na educação infantil requer cuidado, dedicação e
atenção. Muitos podem pensar que dar aula para crianças é tarefa “fácil”, já que as
coisas que são ensinadas para essas crianças também são mais “fáceis”, do que o
que é ensinado para um adulto. No entanto, não é exatamente assim que isso
ocorre. A escassez de material de língua inglesa, em algumas realidades, torna essa
tarefa ainda mais desafiadora. Para prender a atenção de uma criança de 3 anos,
por exemplo, falando um outro idioma, não é algo assim tão fácil. É necessário
envolver o lúdico, cantar, brincar, dançar, se fantasiar...
Nem sempre todo e qualquer tipo de profissional consegue dar conta desta
atividade. Um fator importante, que deve ser levado em consideração na hora de
expor a criança a uma língua estrangeira, é averiguar quais são as metodologias da
escola em relação à prática da língua estrangeira. Alguns “erros” cometidos em sala
de aula, durante uma aula de inglês, por exemplo, podem, ao invés de capacitar
ainda mais a criança, e desenvolvê-la nessa idade tão benéfica para o aprendizado
de uma segunda língua, acabar confundindo o estudante. Boa pronúncia e domínio
do inglês, utilização em larga escala da Língua inglesa durante as aulas, não
misturar os dois códigos linguísticos em uma mesma frase, criatividade e domínio de
turma são fatores essenciais durante uma boa aula de inglês. A cada dia formam-se
novos profissionais, mas fica cada vez mais visível que muitas vezes um aluno sai
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com grande conhecimento gramatical da língua, que adquiriu durante a educação
superior, mas não possui conhecimentos didáticos essenciais para lidar com as
crianças. Assim como existem profissionais que têm grande potencial para lidar com
o lúdico, mas não dominam os conhecimentos de inglês. Um bom aprendizado
quando criança resulta em um adulto com um excelente inglês no futuro. No entanto,
se a criança ouve algo errado, persistirá no erro, o que não é nada bom. Por isso, é
de extrema importância que os pais e responsáveis atentem para esses fatores
citados. Caso contrário, o período tão indicado, para o aprendizado de uma língua
estrangeira, poderá ser desperdiçado. Muitos pais possuem a noção de quão
importante é colocar seu filhos nas aulas de inglês, mesmo não tendo o
conhecimento do idioma, no entanto, devem estar sempre investigando como anda o
aprendizado do filho (a). É claro que não existem escolas e profissionais “perfeitos”,
mas existem excelentes profissionais.
Meu filho está aprendendo?
O aprendizado da criança, assim como diz Brow, não deve ser embasado em
conceitos gramaticais:
Com as crianças não podemos nos prender ao ensino de gramática, às
regras e às repetições, pois os pequenos aprendizes não têm maturidade
cognitiva para a aprendizagem de normas e conceitos abstratos. (BROW,
1994, p.129).
É de extrema importância, que o aprendizado da criança, assim como sugere o
autor, seja feito através de técnicas variadas, onde o educador mantém uma postura
animada, e utiliza-se de técnicas através de brincadeiras, músicas e danças que
estimulem a criança, fazendo tudo isso através de repetições e fazendo o aluno
reconhecer o idioma aprendido durante as aulas e não decorando. Muitas vezes,
isso se torna difícil de compreender para alguns pais, que não possuem determinado
conhecimento sobre o idioma. É necessário que os pais entendam que o
aprendizado das crianças ocorre de forma espontânea, e que em determinado
momento a criança não irá “lembrar” que azul é “blue” em inglês, se for submetida
há uma situação na qual seja forçada a dizer o nome da cor em inglês. No entanto,
em outra situação, através do reconhecimento, poderá apontar para uma camiseta
que o pai está vestindo e mencionar que a camiseta do papai é “blue”. A tarefa de
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fazer com que os pais entendam esse processo também não é fácil muitas vezes,
mas é necessário que eles o compreendam, para que dessa maneira também
possam influenciar positivamente seus filhos em casa.
Considerações finais
Durante as discussões realizadas no presente artigo, é possível refletir e concluir
que existem muitas vantagens em relação ao ensino de uma língua estrangeira na
infância, vantagens essas que são comprovadas cientificamente. No entanto
também ficou claro que existem aspectos realmente relevantes, que devem ser
considerados, para que não existam também um grande número de desvantagens
em relação a esse período de aprendizagem na infância.
Visto que a procura por escola de idiomas e creches que disponibilizem em seu
currículo o ensino de língua inglesa tem aumentado a cada dia, faz se necessária a
especialização de profissionais capacitados nessa área, e escolas que atendam não
só a necessidade das crianças, mas também dos pais, que preocupados com o
aprendizado dos filhos devem estar sempre bem informados, para que também
possam contribuir para o crescimento da criança. Mesmo com alguns problemas que
o ensino para crianças enfrenta e pode enfrentar, é indispensável, que quando
possível, a criança venha a ser exposta a uma língua estrangeira, já que é um
período no qual realmente podem-se encontrar excelentes resultados, não tanto a
curto prazo, mas a longo prazo, ou seja, o aprendizado quando criança irá refletir em
um ótimo desempenho dessa criança na vida adulta.
Referências
BROWN, H.D. Teaching by principles – An interactive approach to language
pedagogy. USA: Prentice Hall, 1994.
FERRARI, Magaly. Teoria da idade crítica no aprendizado de línguas estrangeiras.
Letras de hoje. Porto Alegre. v.37, n.2, Junho/2002.
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PENFIELD, W; ROBERTS; L. Speech and brain mechanisms. New York:
Atheneum, 1959.
SARMENTO, Simone; MULLER, Vera. O ensino de Inglês como língua
estrangeira. Estudo e reflexões. APIRS. Porto Alegre, 2004. Ensino de Inglês na
Educação Infantil. Simone Silva Pires.
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